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VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA:

Implicações Ecossistêmicas e Sociais


de 25 a 29 de outubro de 2016
Goiânia (GO)/UFG

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE


EM FEIRA DE SANTANA (BA)

ROBSON ARGOLOS DOS SANTOS1


DANIEL LIMA MARTINS2
ROSANGELA LEAL SANTOS3

Resumo: O estudo da meteorologia caracteriza o estado médio da atmosfera para


determinação das condições geográficas, buscando estratégias para avaliação de
fenômenos naturais. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o clima em Feira de Santana
(BA), e para isso contou com dados disponibilizados pelo INMET e os cálculos do balanço
hídrico climático, índice hídrico, índice de aridez e índice de umidade, e auxílio das chaves
de classificação de Thornthwaite. O balanço hídrico mostrou que o município apresenta uma
ETP de 1323 mm ano-1, ETR de 684 mm ano-1, DEF de 639 mm ano-1 e EXC igual a zero. O
tipo climático segundo Thornthwaite é o C1w2A’a’, clima Sub-úmido seco com largo excesso
de verão, megatérmico e com concentração de evapotranspiração potencial no verão igual a
33%. O município de Feira de Santana apresenta uma alta ETP, influenciada pelas altas
temperaturas. O clima caracterizado foi em um período de 16 anos e por falta de mais
dados, é necessário reformular a pesquisa com dados de no mínimo 30 anos.
Palavras-chaves: Clima, semiárido, agropecuária, solo-agua-atmosfera.

Resumen: El estudio de la meteorología caracteriza el estado medio de la atmósfera para


determinar las condiciones geográficas, em busca de estrategias para la evaluación de los
fenómenos naturales. El objetivo de este estudio fue caracterizar el clima en Feira de
Santana (BA) y para eso fueron utilizados datos proporcionados por el INMET y los cálculos
del balance hídrico climático, índice hídrico, índice de aridez y humedad y el apoyo de las
llaves de la clasificación de Thornthwaite. El balance hídrico mostró que el municipio tiene
una ETP 1323 mm año-1, ETR 684 mm año-1, DEF 639 mm año-1 y EXC igual a cero. El tipo
de clima segundo Thornthwaite es C1w2A’a’, clima sub-húmedo seco ancho con exceso de
verano, megatermico y con concentración de evapotranspiración potencial en la
concentración en verano igual a 33%. La ciudad de Feira de Santana presenta una alta ETP,

1 Acadêmico do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Feira de Santana.


argolo.agro@gmail.com
2 Acadêmico do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Feira de Santana.

danielmartinsagro@gmail.com
3 Docente do Departamento e Tecnologias da Universidade Estadual de Feira de Santana.

rosangela.leal.uefs@gmail.com

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influenciada por las altas temperaturas. El clima caracterizado fue en un período de 16 años
y por la falta de más datos hay la necesidad de reformular los datos de la investigación, al
menos para 30 años.
Palabras-Claves: Clima, semiárido, agroganadería, suelo-água-atmósfera

1 – Introdução

A crescente demanda de água, em conjunto com as barreiras impostas pelo déficit e


pelo excesso desta, aumenta progressivamente a necessidade de realizar um planejamento
racional para o uso da água aumentando a eficiência do seu uso (HORIKOSHI e FISCH,
2007; SANTOS et al., 2010). Para isso sabemos da grande importância dos estudos
climatológicos que nos permitirão classificar uma região de acordo com a sua
disponibilidade hídrica.
A climatologia nos fornece inúmeras possibilidades de aplicação, pois segundo Mota
el al. (2013), o conjunto de fenômenos meteorológicos caracterizam o estado médio da
atmosfera para determinadas condições geográficas. Além disso, a busca por estratégias
para as avaliações dos fenômenos atmosféricos adversos, produção agropecuária e
interação da bioclimatologia com a biodiversidade (fauna e flora) dependem fortemente dos
efeitos do clima.
A cidade de Feira de Santana-BA e região, localizada no semiárido baiano, é
conhecida pela sua produção agrícola e pecuária, principalmente pela produção dos grãos
feijão e milho, além da pecuária extensiva de corte. Por esse motivo é de suma importância
o entendimento das condições climáticas da região, pois tal produção depende dos fatores
climáticos, necessitando de uma melhor gestão e manuseio dos seus recursos hídricos
naturais.
As condições climáticas e hidrológicas de determinada região são os principais
parâmetros na estimativa das disponibilidades hídricas desse território. Estão nos estudos
hidroclimatológicos as premissas básicas que nortearão o desenvolvimento dos trabalhos na
definição do modelo de planejamento e gestão dos recursos hídricos a ser implementado,
(MEDEIROS et al., 2013).
Mesmo com toda a importância com relação à disponibilidade hídrica, existem
poucas pesquisas sobre balanço hídrico do solo, sendo a maioria com irrigação. O balanço
hídrico quase sempre é utilizado como base e permite uma primeira avaliação, na escala
macro, da disponibilidade hídrica no solo ao longo do tempo. Sendo assim, como unidade
de gerenciamento, permite classificar o clima de uma região, realizar o zoneamento

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agroclimático e ambiental, o período de disponibilidade e necessidade hídrica no solo, além


de favorecer ao planejamento integrado dos recursos hídricos (LIMA & SANTOS, 2009).
Thornthwaite e Mather (1955) desenvolveram um método para determinar o fluxo
hídrico de uma localidade de modo rápido e simples, sem carecer de medidas diretas das
condições do solo chamado de balanço hídrico climatológico (BHC). Para este há a
necessidade de definir a precipitação total (P), o armazenamento máximo no solo
(capacidade de água disponível – CAD) e a evapotranspiração potencial (ETP). Com esses
parâmetros pode-se, calcular o BHC estimando o total de água retida no solo (ARM), a
evapotranspiração real (ETR) e o déficit (DEF) ou excedente (EXC) hídrico do local
selecionado. Com todos esses componentes, a contabilização de água de uma determinada
camada do solo permite definir os períodos secos (deficiência hídrica) e úmidos (excedente
hídrico) de um determinado local (REICHARDT, 1990).
A partir dos cálculos do Balanço Hídrico, torna-se simples fazer a classificação
climática de uma área estudada, pois os dados necessários são justamente variáveis
determinadas na resolução e aplicação do balanço hídrico. Segundo Cunha & Martins
(2009), a classificação objetiva definir os limites geográficos dos diferentes tipos de clima
que ocorrem no mundo por meio da descrição e mapeamento das regiões climáticas,
necessitando identificá-las e classificá-las em diferentes tipos.
A classificação climática tem como base os dados meteorológicos médios mensais
padronizados por um período de 30 anos recomendado pela Organização Meteorológica
Mundial (OMM), denominando-se, portanto, Normal Climatológica (INMET, 2003). Dessa
forma, a elaboração da Normal Climatológica se torna uma ferramenta de classificação
climática por um período de tempo para determinada localidade, podendo servir como base
de planejamento territorial bem como para o zoneamento econômico-ecológico de
determinada região.
O presente trabalho teve como principal objetivo calcular o balanço hídrico e realizar
a classificação climática pelo método de Thornthwaite (1948) para o município de Feira de
Santana – BA.

2 - Matérias e Métodos

O estudo foi realizado no município de Feira de Santana, localizada no estado da


Bahia, que, apesar de estar a apenas 90 km do litoral, situa-se numa zona intermediária
entre o clima úmido do litoral e o semiárido do interior (Figura 01-A). O índice pluviométrico

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médio anual de 850 mm, possui dois períodos chuvosos distintos: o primeiro no outono-
inverno e o segundo no final da primavera (Figura 02-B).

A B

Figura 01- Localização do município de Feira de Santana (A); Gráfica Termo-Hídrico do município de
Feira de Santana (B).

Os dados climáticos foram disponibilizados pela Estação Climatológica pertencente


ao IV Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) localizada no Campus da
Universidade Estadual de Feira de Santana, no município em estudo.
De posse dos dados de temperatura, calculou-se o a evapotranspiração potencial
(ETP) a partir do modelo proposto por Thornthwaite (1948). Após o cálculo da ETP e
aquisição dos dados de precipitação (P) realizou-se o balanço hídrico seguindo a
metodologia de THORNTHWAITE & MATTER (1955). Na realização do balanço hídrico
utilizou a seria temporal de 16 anos (2000-20015) e a capacidade de água disponível de 100
mm. Finalizando a etapa dos cálculos do balanço hídrico, fez-se elaborações de gráficos
para permitir uma melhor visualização do comportamento da água no solo e o
armazenamento, enfocando o excesso, déficit hídrica.
A classificação climática foi determinado a partir do método proposto por
Thornthwaite (1948). Utilizando dados do excesso e déficit hídrica anual, derivada do
balanço hídrico. Determinou para cada período o índice de hídrico (Ih), que é a relação entre
excesso de água pela evapotranspiração potencial expressa em porcentagem (CUNHA &
MARTINS, 2009), equação 01.

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(01)

A seguir determinou-se o índice de aridez (Ia), que expressa a déficit hídrica em


porcentagem em relação a evapotranspiração potencial, variando de 0 a 100. Segundo
MIRANDA & SANTOS (2008) quando o índice de aridez atinge valor 0, isso indica que não
há déficit hídrica, porém quando o Ia atinge o valor de 100, isso quer dizer que a déficit é
igual a evapotranspiração potencial, estando em condições de extrema aridez. O índice de
aridez é determinado pela equação 02.

(02)
Finalizado os cálculos do Ih e do Ia estimou-se o índice umidade (Iu) que relaciona
os dois índices acima e é responsável por determinar o tipo climático local (CUNHA &
MARINS, 2009), obtendo o primeiro indicativo da fórmula climática representado por uma
letra alfabética maiúscula, com ou sem um algarismo subscrito. O índice umidade
representa toda uma condição climática durante o ano, abrangendo períodos úmidos e
secos (THORTHWAITE, 1948). Segundo esse mesmo autor, se ocorrer uma situação em
que a deficiência hídrica não ultrapassa 60% dos excedentes hídricos no período úmido,
então não ocorrerá uma seca, ou seja, o índice umidade terá que ser igual a zero (Iu=0).
Este índice foi posteriormente utilizado para a classificação climática do local estudado,
equação 03.

(03)
Segundo MIRANDA & SANTOS (2008), a segunda letra da fórmula, que pode ser
maiúscula ou minúscula com ou sem subscrito, mostrando o subtipo climático e
diferenciando o período de umidade e aridez que correr durante o ano em função da
distribuição intra-anual da pluviosidade.
Para determinação da terceira letra da fórmula climática é necessário o índice de
eficiência térmica, este índice corresponde ao valor numérico da evapotranspiração
potencial, sendo a função direta da temperatura e do fotoperíodo. É apresentada por uma
letra maiúscula com apóstrofo e, com ou sem, um algoritmo subscrito.

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Na determinação da quarta letra da fórmula leva-se em consideração a


porcentagem da evapotranspiração potencial que ocorrer nos meses do verão,
fornecendo o subtipo climático. É indicada por uma letra minúscula com apostrofo e,
com ou sem, um algarismo subscrito. Esta variação estacional de ETP (verão) é que
estabelece as estações de crescimento e desenvolvimento das culturas, sendo daí,
importante relacionar a condição energética do verão contra outros períodos do ano
(MIRANDA & SANTOS, 2008).
Os índices estabelecido acima é então comparado a chave de classificação de
Thornthwaite

Tabela 01: Chave inical da classificação climática segundo Thornthwaite, baseado nos índices de
umidade.
Tipos Climáticos Índice de Umidade (Iu)
A - Super-úmido 100 ≤ Iu
B4 - Úmido 80 ≤ Iu < 100
B3 - Úmido 60 ≤ Iu< 80
B2 - Úmido 40 ≤ Iu < 60
B1 - Úmido 20 ≤ Iu < 40
C2 - Sub-úmidp 00 ≤ Iu < 20
C1 - Sub-úmido seco -33,33 ≤ Iu <00
D - Semi-árido -66,7 ≤ Iu < -33,33
E - Árido -100 ≤ Iu < -66,7
FONTE: Ometto (1981)

Tabela 02: Segundo chave da classificação climático segundo Thornthwaite, baseados nos índices
de aridez e umidade.
Climas úmidos Índice de Aridez Clima secos Índice de umidade
(A, B4, B3, B2, B1 e C2) (Ia) (C1, D e E) (Iu)
r – pequena ou 0 – 16,7 d – pequeno ou 0 - 10
nenhuma deficiência nenhum excesso de
de água água
s – moderada 16,7 – 33,33 s – moderado excesso 10 - 20
deficiência no verão de inverno
w – moderada 16,7 – 33,33 w – moderado 10 - 20
deficiência no inverno excesso de verão
s2 – grande deficiência > 33,33 s2 – largo excesso de 20
no verão inverno
w2 – grande > 33,33 w2 – largo excesso de 20
deficiência no inverno verão
FONTE: Ometto (1981)

Tabela 03: Terceira chave de classificação cimática segundo Thornthwaite, baseado no índice
térmico (ETP anual)
Tipo climático Índice térmico (ETP anual)
A’ - megatérmico ≥ 1.140
B’4 - mesotérmico 997 – 1.140

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B’3 - mesotérmico 855 - 997


B’2 - mesotérmico 712 - 855
B’1 - mesotérmico 570 - 712
C’2 - microtérmico 427 - 570
C’1 - microtérmico 285 - 427
D’ - tundra 142 - 285
E’ – gelo perpétuo < 142
FONTE: Ometto (1981)

Tabela 04: Quarta chave de classificação climática segundo Thornthwaite, baseado na relação entre
a ETP de verão e anual.
Subtipo climático Concentração da ETP no verão (%)
a' < 48%
b'4 48 – 51,9
b'3 51,9 – 5673
b'2 56,3 – 61,6
b'1 61,6 – 68,0
c’2 68,0 – 76,3
c'1 76,3 – 88,00
d' > 88,00
FONTE: Ometto (1981)

3 - Resultados e Discussão

Segundo Miranda e Santos (2008) a precipitação pluviométrica é um dos


principais dados para entrada no cálculo do balanço hídrico, e para tal, necessita de um
certo rigor de sua medida para determinar se este será ou não condizente com a
realidade, devendo sua variabilidade interanual ser leva em conta, situação que não
ocorre na maioria dos casos.
Na Tabela 05 está disponível os resultados do balanço hídrico climático. Se
observa que a média anual das chuvas em Feira de Santana (BA), no período de
estudo, é de 684 mm ano-1 com distribuição irregular ao longo do ano. O mês de Junho
(83 mm) apresento maior precipitação mensal, enquanto que outubro (31 mm) registra a
menor precipitação. Os meses de maio a agosto apresentam a maior porcentagem de
chuvas (40%), evidenciando o período chuvoso da região, seguindo de janeiro a abril
com 35% e setembro a dezembro com 25%. Kousky (1980) notou que o máximo de
chuvas no leste do Nordeste, de Maio a Julho, está possivelmente associado à máxima
convergência dos alísios com a brisa terrestre, a qual deve ser mais forte durante as
estações de outono e inverno quando o contraste de temperatura entre a terra e o mar é
maior.
O município de Feira de Santana apresenta uma déficit hídrica anual de 639 mm e
sem nenhum excesso (Figura 02). Os meses que apresentam as piores situações de

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deficiência encontram-se nas extremidades do ano, período onde concentra-se as altas


temperaturas e baixas precipitações, de forma contraria os meses entre Maio a Julho
apresentam baixa deficiência hídrica, meses em que é realizado o plantio do feijão e do
milho, principais cultivos agrícolas da região.

Tabela 05: Resultado da elaboração do Balanço Hídrico Climatológico para Feira de Santana, BA,
conforme metodologia proposta por Thornthwaite & Mather, (1955). Feira de Santana, BA, 2000-
2015.
Mês T ETP P (P-ETP) NAc(L) ARM ALT ETR DEF EXC
ºC mm mm mm mm mm mm mm mm mm
Jan 25 126 74 -52 0 0 0 74 52 0
Fev 25 118 65 -53 0 0 0 65 53 0
Mar 25 127 35 -92 0 0 0 35 92 0
Abr 24 103 63 -40 0 0 0 63 40 0
Mai 23 85 79 -6 0 0 0 79 6 0
Jun 23 84 83 -1 0 0 0 83 1 0
Jul 22 77 72 -5 0 0 0 72 5 0
Ago 22 80 44 -36 0 0 0 44 36 0
Set 24 96 33 -63 0 0 0 33 63 0
Out 25 121 31 -90 0 0 0 31 90 0
Nov 26 143 63 -80 0 0 0 63 80 0
Dez 27 163 41 -122 0 0 0 41 122 0
TOTAL - 1323 684 -639 0 0 0 684 639 0
T-Temperatura do ar; ETP-Evapotranspiração Potencial; P-Precipitação; NAc-Negativa Acumulada;
ARM-Armazenamento; ALT-Alteração; ETR-Evapotranspiração Real; DEF-Deficiência Hídrica; ECX-
Excedente Hídrico.

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Figura 02: Deficiência (DEF) e excedente (EXC) hídrico do Balanço Hídrico Climatológico,
evidenciando todos os meses secos.

O municio é caracterizado por uma alta evapotranspiração real (1323 mm),


influenciada diretamente pelas temperaturas altas da região, sendo o principal dado no
cálculo da evapotranspiração de Thornthwaite (1948). A evapotranspiração real (684 mm)
coincide com a quantia de pluviosidade (684), ou seja, a quantidade de entrada de água no
sistema, é igual quantidade de água que sai dele.
Verifica-se ainda, de acordo com a figura 03, que o mês de junho a
evapotranspiração potencial, praticamente, coincide com evapotranspiração real indicando
que a evaporação máxima para o período, nas condições climatológicas observadas, foi
atingido, caracterizado pela quantidade de água disponibilizada no solo pelos elevados
volumes de chuvas e baixa temperaturas (Tabela 05). Esta observação é importante na
determinação do clima de uma região, a qual não deve ser levando em consideração
apenas os valores de precipitação, mas também o da temperatura (AZEVEDO & SILVA,
2000), ou seja, é necessário realizar o estudo termo hídrico de uma determinada região
através do balanço hídrico (ROLIN & SENTELHAS, 1999).
Já nos outros meses do ano a evapotranspiração real é inferior a potencial, o que
pode ser explicado pela elevada temperatura e baixa disponibilidade de água durante esse
período, resultante de uma maior necessidade de água pela atmosfera (JESUS, 2015).

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Figura 03: Variação dos dados mensais meteorológicos de precipitação (P), evapotranspiração
potencial (ETP) e Evapotranspiração real (ETR).

A partir dos cálculos dos índices de aridez, hídrico e de umidade (tabela 06) e com o
auxílios das tabela 01 (índice de umidade, tabela 02 (índice de aridez e umidade), tabela 03
(índice térmico), tabela 04 (ETPs de verão e anual) e tabela 05 (BHC de Feira de Santana),
foi possível classificar o clima do municípios de Feira de Santana (BA)

Tabela 06: Índices: hídrico (Ih), de aridez (Ia) e de umidade (Iu), térmico, relação entre a
evapotranspiração potencial no verão (ETPv) e a evapotranspiração potencial (ETPa) total anual.
Ih (%) Iu (%) Ia (%) It (ETP anual) ETPv/ETPa (%)
0 -29 48 1323 28
- C1 w2 A’ a'

Utilizando-se a primeira chave, em função do Iu igual a -29%, obteve-se a letra C1


(Tabela 01 e 06), caracterizando o clima Sub-úmido seco. Em seguida, através da segunda
chave, e baseando-se no Ia a 48%, obteve-se a letra w2 (Tabela 02 e 06), apresentando
largo excesso de verão. Com o auxílio da terceira chave, em função do It (ETP anual) de
1323 mm, obteve-se a letra A’ (Tabela 03 e 06), indicando clima megatérmico. Finalmente,
através da quarta chave, em função da relação da evapotranspiração de verão (ETPv) igual
a 371 mm, pelo evapotranspiração anual, de 1323 mm, obteve-se a letra a’.
Para o município de Feira de Santana (BA), em um período de análise de 16 anos
(2000 a 2015) , o clima segundo Thornthwaite foi caracterizado como sendo C1w2A’a’, clima

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Sub-úmido seco com largo excesso de verão, megatérmico e com concentração de


evapotranspiração potencial no verão igual a 33%.

4 – Conclusão

O município apresenta altas temperaturas, tendo como consequências uma maior


evapotranspiração potencial (ETP), concentrando-se principalmente no início e no fim do
ano, épocas de poucas chuvas e alta déficit hídrica no solo.
A previa classificação climática para o município fico descrito como C1w2A’a’,
chamando atenção para o período pequeno de estudo, devido a falta de dados, carecendo
de uma reformulação com dados de no mínimo 30 anos.

5 - Referências

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