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CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS

Profa. Ma. Andreia Cittadin


Prof. Esp. Manoel Vilsonei Menegali

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1 PRINCIPAIS
CLASSIFICAÇÕES DE CUSTOS

As principais classificações de custos estão relacionadas aos produtos fabricados ou


à quantidade produzida. Veja quais são essas classificações no Quadro 1 a seguir.

Quadro 1 – Principais classificações de custos

Classificação Categorias

Quanto à identificação Diretos Indiretos

Quanto ao volume produzido Variáveis Fixos

Fonte: adaptado de Wernke (2005).

1.1 CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO AOS PRODUTOS FABRICADOS

Ao analisar os gastos de uma empresa industrial, comercial ou prestadora de servi-


ços, é possível observar que há custos que são específicos de determinados pro-
dutos ou serviços e outros que são comuns a mais de um produto fabricado ou aos
diversos serviços prestados.

Nesse tipo de análise, os custos são avaliados e classificados de acordo com a rela-
ção que apresentam com os produtos fabricados ou serviços realizados e são cate-
gorizados em: Direto e Indireto.

O Quadro 2 apresenta as definições desses dois tipos de custos.

Quadro 2 – Definições das classificações de custos

Classificação quanto à
Definições
identificação ao produto

São identificados diretamente e visivelmente no produto. São apropriados


aos produtos sem necessitar de critérios de rateio.
Custos Diretos
Exemplos: matéria-prima, embalagens, salário do operário da fábrica e
outros.

São os custos relacionados com a fabricação do produto, porém não


proporcionam condições para serem identificados facilmente na unidade
Custos Indiretos produzida, necessitam de critérios de rateio.

Exemplos: aluguel da fábrica e salário do supervisor industrial.

Fonte: adaptado de Bruni (2019) e Souza (2011).

Nota-se que os Custos Diretos são aqueles que podemos identificar, tanto em quan-
tidade física quanto em valor monetário, a cada produto fabricado. Por exemplo, po-
demos citar que, na fabricação de uma peça de vestuário, como uma camisa, a

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matéria-prima (tecido) consumida; os demais componentes como linhas, botões; as
embalagens e etiquetas; a mão de obra, se for possível mensurar a cada camisa pro-
duzida; são classificados como Custos Diretos.

Por outro lado, os Custos Indiretos são aqueles que, para serem identificados a cada
produto, precisam passar por uma estimativa de consumo a fim de, posteriormente,
serem distribuídos aos produtos fabricados.

Suponhamos que, em uma indústria de vestuário que fabrica camisas, calças e casa-
cos, há gastos de fabricação comuns, que devem ser absorvidos pelos três produtos,
tais como: o valor correspondente ao aluguel, vigilância e seguro da fábrica, manu-
tenção e depreciação de máquinas, as quais são utilizadas para a fabricação de mais
de um produto, entre outros.

A Figura 1 apresenta o fluxo de alocação dos custos diretos e indiretos.

Figura 1 – Fluxo de alocação dos custos

Fonte: adaptado de Souza (2011).

EXEMPLO 1

Para facilitar o entendimento da classificação dos custos em Diretos e Indiretos, vamos


retomar o exemplo da fábrica de móveis, que tem a finalidade de produzir e comercializar
móveis sob medida para hotéis e pousadas. Sua especialidade é a produção de três tipos
de produtos: beliches, camas de solteiro e armários.

Visando garantir a padronização e qualidade dos produtos, o proprietário criou uma


ficha técnica para cada um desses móveis, na qual estão listados os materiais que são
necessários para a produção de cada item e as respectivas quantidades. Com base nessa
ficha técnica, é possível identificar e mensurar os custos de maneira direta por meio de uma
medida objetiva do seu consumo ou utilização. Observe, a seguir, como é fácil identificar
o consumo de cada custo direto pelos produtos fabricados, por meio das fichas técnicas:

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FICHA TÉCNICA – BELICHE
DESCRIÇÃO UNIDADE DE MEDIDA QUANTIDADE VALOR UNIT VALOR TOTAL
Madeira m³ 7 R$ 400,00 R$ 2.800,00
Tinta seladora L 24 R$ 10,00 R$ 240,00
Lixa Rl 2 R$ 20,00 R$ 40,00
Cola Kg 2 R$ 12,00 R$ 24,00
Parafusos estruturais Pç 950 R$ 0,20 R$ 190,00
Parafusos 3,5 x 3,5 mm Pç 3.000 R$ 0,05 R$ 150,00
Thinner L 10 R$ 10,00 R$ 100,00
MOD HORAS 325 R$ 30,50 R$ 9.912,50
Total para fabricação de 50 unidades de beliches R$ 13.456,50
Total CD por Unidade R$ 269,13

FICHA TÉCNICA – CAMA DE SOLTEIRO


DESCRIÇÃO UNIDADE DE MEDIDA QUANTIDADE VALOR UNIT VALOR TOTAL
Madeira m³ 2,5 R$ 400,00 R$ 1.000,00
Tinta seladora L 7 R$ 10,00 R$ 70,00
Lixa Rl 1 R$ 20,00 R$ 20,00
Cola Kg 1 R$ 12,00 R$ 12,00
Parafusos estruturais Pç 200 R$ 0,20 R$ 40,00
Parafusos 3,5 x 3,5 mm Pç 1.500 R$ 0,05 R$ 75,00
Thinner L 3 R$ 10,00 R$ 30,00
MOD HORAS 155 R$ 30,50 R$ 4.727,50
Total para fabricação de 50 unidades de camas de solteiro R$ 5.974,50
Total CD por Unidade R$ 119,49

FICHA TÉCNICA – ARMÁRIO


DESCRIÇÃO UNIDADE DE MEDIDA QUANTIDADE VALOR UNIT VALOR TOTAL
Placas de MDF 0,40 Ch 10 R$ 190,00 R$ 1.900,00
Placas de MDF 0,30 Ch 6 R$ 140,00 R$ 840,00
Aglomerado 0,40 Ch 5 R$ 100,00 R$ 500,00
Aglomerado 0,40 Ch 4 R$ 100,00 R$ 400,00
Aglomerado 0,30 Ch 1 R$ 100,00 R$ 100,00
Placas de MDF 0,63 Ch 8 R$ 70,00 R$ 560,00
Dobradiças 1 1/2" Pç 180 R$ 1,00 R$ 180,00
Fechadura Pç 60 R$ 4,00 R$ 240,00
Suporte de prateleira Pç 240 R$ 0,10 R$ 24,00
Parafusos 7 x 50 Pç 360 R$ 0,15 R$ 54,00
Prego 12 x 12 Kg 0,5 R$ 20,00 R$ 10,00
Cabideiro Pç 30 R$ 4,00 R$ 120,00
MOD HORAS 90 R$ 30,50 R$ 2.745,00
Total para fabricação de 30 unidades de armários R$ 7.673,00
Total CD por Unidade R$ 255,77

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Nota-se que é possível identificar quanto cada tipo de produto acabado consumiu de
matéria-prima e demais materiais para ser fabricado, tanto em quantidade como em
termos monetários. Esse tipo de gasto é denominado de Custo Direto, pois é passível
de ser mensurado com precisão.

Vale ressaltar que, no Exemplo 1, os valores da mão de obra do projetista e dos dois
ajudantes de produção também foram classificados como custos diretos, uma vez
que foi possível cronometrar o tempo de trabalho dedicado a cada unidade de produ-
to fabricado. Logo, esse tipo de gasto é denominado de mão de obra direta (MOD).

ATENÇÃO

Alguns custos, como a mão de obra e a energia elétrica, podem ser classificados como
Custos Diretos, apesar de não incorporarem fisicamente os produtos, porém é necessário
ter uma medida precisa do seu consumo ou utilização, como, por exemplo, tempo de mão
de obra dispendido para a fabricação de cada produto e consumo de quilowatts por hora,
por exemplo (MARTINS, 2018).

Além dos custos diretos, nessa fábrica, existem outros tipos de gastos que são co-
muns aos três móveis e precisam passar por um critério de rateio para serem aloca-
dos a cada produto fabricado.

Vamos levar em consideração apenas os gastos de produção (custos), cujos três


produtos passam pelas mesmas máquinas e equipamentos para serem fabricados
e há um supervisor de produção que gerencia todo o processo de produção. Dessa
forma, os valores correspondentes ao salário e encargos do supervisor de produção
são denominados de mão de obra indireta (MOI).

A seguir, são apresentados os Custos Indiretos de Fabricação (CIF) referentes a um


mês de produção.

Quadro 3 – Custos Indiretos de Fabricação (CIF)

Descrição Valor (R$)


Mão de obra indireta (supervisor de produção) 3.225,00
Energia elétrica 697,00
Água 120,00

Manutenção das máquinas e equipamentos 1.290,00

Depreciação das máquinas e equipamentos 1.875,00

Equipamento de Proteção Individual (EPI) 98,00

Alvará de funcionamento 175,00

Aluguel do galpão fabril 450,00

CIF TOTAL R$ 9.930,00

Total da quantidade produzida 130 unidades


CIF por unidade produzida R$ 76,38

Fonte: elaborado pelos autores.

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Observe que os gastos elencados na categoria Custos Indiretos de Fabricação são
aqueles comuns a todos os produtos fabricados no período, e que, para serem dis-
tribuídos a cada tipo de móvel produzido, precisam passar por um critério de rateio.
Nesse caso, foi definida a quantidade produzida, que totalizou 130 unidades, distribu-
ídas da seguinte maneira: 50 unidades de beliches; 50 unidades de camas de solteiro;
e 30 unidades de armários. Assim, se dividirmos o valor total de CIF do período – que
foi de R$ 9.930,00 – chegaríamos ao CIF unitário por produto equivalente a R$ 76,38.

ATENÇÃO

Nesse caso, a energia elétrica consumida durante um mês de produção foi classificada
como um CIF, pois, nesse processo produtivo, não há uma forma de medição do consumo
desse recurso em cada unidade de item fabricado.

De acordo com Martins (2018, p. 38), “Cada vez que é necessário utilizar qualquer
critério ou fator de rateio para a alocação ou cada vez que há o uso de estimativas e
não de medição direta, fica o custo incluído como indireto”.

1.2 CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO À QUANTIDADE PRODUZIDA

Outra forma utilizada para categorizar e analisar os gastos é efetuar sua classificação
tomando como base o volume de produção, ou seja, é preciso observar se os custos
sofrem alteração de acordo com a quantidade produzida. Nesse tipo de análise, os
custos são classificados em: Custo Variável (CV) e Custo Fixo (CF). O Quadro 4 apre-
senta as definições desses custos.

Quadro 4 – Definição de custos variáveis e custos fixos

Classificação em relação ao volume de produção Definições

Estão diretamente relacionados com o volume de


Custos Variáveis produção, ou seja, se modificam de acordo com
a quantidade produzida.

Ocorrem na empresa independentemente da


quantidade fabricada e tendem a permanecer
Custos Fixos
constantes, mesmo que o nível de produção
aumente ou diminua durante o período.

Fonte: adaptado de Bruni (2019) e Souza (2011).

Os custos variáveis são aqueles que se modificam (aumentam ou diminuem) conforme


a oscilação do volume de produtos fabricados ou de serviços prestados. Tomemos
como exemplo de custos variáveis os materiais diretamente empregados na fabrica-
ção do produto beliche na fábrica de móveis (Exemplo 1), tais como: madeira, tinta,
parafuso e outros.

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Quadro 5 – Materiais para fabricação de beliche

DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS DIRETOS VALOR TOTAL (RS)


Madeira 2.800,00
Tinta seladora 240,00
Lixa 40,00

Cola 24,00

Parafusos estruturais 190,00

Parafusos 3,5 x 3,5 mm 150,00

Thinner 100,00

Total para fabricação de 50 unidades de beliches R$ 3.544,00

Total por unidade R$ 70,88


Total CV com aumento de produção para 60 unidades de beliches R$ 4.252,80
Total CV com diminuição de produção para 30 unidades de beliches R$ 2.126,40

Fonte: elaborado pelos autores.

É possível verificar que, para produção de 50 unidades, os custos variáveis com ma-
teriais totalizaram R$ 3.544,00. Imaginemos que essa produção aumente para 60 uni-
dades: o valor total dos materiais diretos consumidos irá aumentar na mesma propor-
ção, totalizando R$ 4.252,80 de custos variáveis. Considere, ainda, uma diminuição
da produção de 50 para 30 unidades fabricadas. Nesse caso, os custos variáveis de
materiais também sofrerão redução de consumo equivalente a R$ 2.126,40.

Por sua vez, o aluguel fabril é um custo fixo e totalizou, no exemplo da fábrica de mó-
veis (Exemplo 1), R$ 2.450,00. Independentemente do volume de produção, seu valor
mensal permanecerá o mesmo.

Para melhorar o entendimento, a Figura 2 mostra o comportamento dos custos fixos


e variáveis em relação à quantidade produzida.

Figura 2 – Comportamento dos custos fixos e variáveis

Fonte: Bruni (2019, p. 10).

Nota-se que o comportamento dos custos fixos, como o aluguel, independe da quan-
tidade produzida, permanece constante, não deixando de existir caso não haja produ-

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ção. Por outro lado, o comportamento dos custos variáveis é diferente, como os ma-
teriais diretos, pois, conforme ocorre o aumento do volume de unidades fabricadas,
eles aumentam na mesma proporção e o inverso também acontece, isto é, quando há
diminuição do volume de itens fabricados, os custos variáveis diminuem.

ATENÇÃO

Quando for efetuar a classificação dos custos em variáveis e fixos, você deve analisar
a relação que esses gastos possuem com a quantidade produzida e não a oscilação de
valores monetários que pode ocorrer de um mês para outro.

Um exemplo clássico de classificação equivocada de custos que são fixos em vari-


áveis são, por exemplo, os custos com manutenção, materiais de limpeza e equipa-
mentos de proteção individual. Esses gastos de produção podem apresentar diferen-
tes valores de consumo ao longo dos meses, diferentemente do custo com aluguel,
que tem seu valor igual (repetitivo) todos os meses até o reajuste, mas continuam com
características de custos fixos. Isso porque, se não houver a possibilidade de vincular
esses aumentos ou diminuições de valores com a quantidade produzida, esse tipo de
custo deve ser classificado como fixo.

Outro ponto que você deverá observar é que, geralmente, os custos que são clas-
sificados em diretos, quanto a sua identificação aos produtos fabricados e serviços
prestados, são classificados como variáveis quando observamos a sua relação com
o volume de produção. Do mesmo modo, os que são categorizados como indiretos
tendem a ser classificados como fixos. Mas atenção: existem exceções!

REFLITA
E agora?

O custo da mão de obra direta é fixo e variável?

A resposta é: depende!

Observe que a legislação trabalhista nacional garante o direito de o funcionário re-


ceber o valor correspondente a 220 horas mensais, mesmo trabalhando por menos
horas, desde que fique à disposição da empresa pelo tempo exigido legalmente no
contratual. Essa situação representa, para as empresas, um gasto fixo com a folha
de pagamento (MARTINS, 2018). Partindo dessa premissa, a mão de obra direta
poderá ser classificada como custo fixo quando a empresa operar dentro de certa
capacidade produtiva sem alterar o número de funcionários contratados em relação
à oscilação do volume de produção, bem como não exceder as 220 horas mensais e
não haver a possibilidade de calcular o tempo realmente utilizado para fabricação de
determinado produto.

Os valores que correspondem aos custos de mão de obra direta (MOD) terão o tra-
tamento do custo variável somente quando for calculado o tempo realmente utilizado

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no processo de produção. Dessa forma, deixam de ser classificados como mão de
obra direta o tempo ocioso ou usado em outras funções. Essa diferença deverá ser
considera como custos indiretos de fabricação (CIF) e distribuída por meio de critérios
de rateio (MARTINS, 2018).

Para Martins (2018, p. 122), “o custo de Mão de Obra Direta varia com a produção,
enquanto a Folha relativa ao pessoal da própria produção é fixa”.

Acompanhe o Exemplo 2 para melhor compreensão do comportamento dos custos


em relação ao volume de produção.

EXEMPLO 2

Novamente, vamos retomar o exemplo da fábrica de móveis sob medida, que produz
três tipos de produtos diferentes: beliches, camas de solteiro e armários. Como custos
variáveis, temos os materiais diretos, uma vez que, conforme a oscilação da quantidade
produzida, correrá a variação desses gastos e MOD. Observe, no quadro a seguir, o reflexo
nos valores de custos variáveis totais e unitários, com a simulação de aumento e diminuição
da quantidade produzida.

CUSTOS CUSTOS AUMENTO CUSTOS CUSTOS DIMINUIÇÃO CUSTOS CUSTOS


PRODUÇÃO
PRODUTOS VARIÁVEIS VARIÁVEIS DE VARIÁVEIS VARIÁVEIS DE VARIÁVEIS VARIÁVEIS
(Un)
TOTAIS UNITÁRIOS PRODUÇÃO TOTAIS UNITÁRIOS PRODUÇÃO TOTAIS UNITÁRIOS

BELICHES 50 R$ 13.456,50 R$ 269,13 60 R$ 16.147,80 R$ 269,13 30 R$ 8.073,90 R$ 269,13

CAMAS DE
50 R$ 5.974,50 R$ 119,49 60 R$ 7.169,40 R$ 119,49 30 R$ 3.584,70 R$ 119,49
SOLTEIRO

ARMÁRIOS 30 R$ 7.673,00 R$ 255,77 50 R$ 12.788,33 R$ 255,77 15 R$ 3.836,50 R$ 255,77

Podemos observar que o comportamento dos custos variáveis totais passa por mo-
dificações de acordo com o aumento e diminuição da quantidade produzida. No en-
tanto os valores referentes aos custos variáveis unitários permanecem os mesmos,
independentemente da quantidade produzia.

Assim, podemos afirmar que, em uma análise de custos variáveis


unitários, estes apresentam um comportamento fixo.

Assim, podemos afirmar que, em uma análise de custos variáveis unitários, estes
apresentam um comportamento fixo.

Analisemos, neste momento, o comportamento dos custos fixos da fábrica de móveis


sob medida que totalizaram, no período, R$ 9.930,00, resultando em um custo fixo
unitário de R$ 76,38 para cada unidade de produto fabricado, considerando a produ-
ção total de 130 unidades de móveis. Verifique como os custos fixos se comportam
com a simulação do aumento de produção para 170 unidades e diminuição do volu-
me de produção para 75 unidades.

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CUSTO AUMENTO CUSTO DIMINUIÇÃO CUSTOS CUSTO
PRODUÇÃO CUSTOS CUSTOS
PRODUTOS FIXO DE FIXO DE FIXOS FIXO
TOTAL FIXOS TOTAIS FIXOS TOTAIS
UNITÁRIO PRODUÇÃO UNITÁRIO PRODUÇÃO TOTAIS UNITÁRIO

BELICHES,
CAMAS DE
130 R$ 9.930,00 R$ 76,38 170 R$ 9.930,00 R$ 58,41 75 R$ 9.930,00 R$ 132,40
SOLTEIRO E
ARMÁRIOS

É possível verificar que os custos fixos totais permanecem inalterados, apesar de


ocorrer oscilação no volume de produção. Porém, em uma análise de custos fixos uni-
tários, o seu comportamento é variável, diminuindo o valor conforme aumenta a quan-
tidade produzida e aumentando de valor com a diminuição do volume de produção.

Portanto pode-se afirmar que, em uma análise de custos fixos


unitários, estes apresentam um comportamento variável.

Na gestão dos negócios, quanto melhor for o aproveitamento da capacidade produ-


tiva da empresa, ou seja, produzir mais com os mesmos fatores produtivos, menores
serão os custos unitários dos produtos, uma vez que os custos fixos totais serão dilu-
ídos pela quantidade total produzida. Isso se chama economia de escala.

LEITURA COMPLEMENTAR

Em estudo realizado por Lopes, Reis e Yamaguchi (2007), foram comparadas duas
metodologias de apuração de custos aplicados à produção de pecuária leiteira. Acesse aqui!
Fonte: LOPES, Patrick Fernandes; REIS, Ricardo Pereira; YAMAGUCHI, Luiz Carlos Takao. Custos e escala de produção
na pecuária leiteira: estudo nos principais estados produtores do Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 45,
n. 3, p. 567-590, 2007.

A Figura 3 representa graficamente o comportamento dos custos fixos e variáveis


totais e unitários em relação ao volume de produção.

Figura 3 – Comportamento dos custos fixos e variáveis totais e unitários

Fonte: Bruni (2019, p. 10).

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1.3 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE CUSTOS

Ao analisarmos os gastos classificados como despesas, ou seja, aqueles que incor-


rem nas áreas administrativa e comercial das empresas, podemos classificá-los em
relação ao volume de vendas. Assim, as despesas também se classificam em fixas
e variáveis. As fixas são aquelas que, independentemente do volume de venda, não
se alteram, como, por exemplo: aluguel e seguro do escritório, salários e encargos
da área administrativa, gastos com telefone, entre outros; enquanto que as despesas
variáveis são caracterizadas por sofrerem alterações proporcionalmente ao volume de
vendas (e não ao volume de produção).

São exemplos deste tipo de despesa as comissões dos vendedores e os fretes sobre
venda, pois quanto maior o volume de vendas, maior serão esses gastos, sendo que
o inverso também ocorre (MARTINS, 2018).

ATENÇÃO

A classificação de uma despesa como fixa não está vinculada à repetição de valores mensais
em certos gastos, pois uma despesa pode ocorrer em determinado período e em outro não.

Por exemplo, podemos citar as despesas com propaganda e publicidade, que podem gerar
gasto em determinados meses do ano e em outros não apresentaram movimentação.

Essa classificação em fixo ou variável é definida em função do volume de atividades


(vendas). Assim, da mesma forma que os custos precisam apresentar uma relação direta
como o volume de produção para serem classificados como variáveis, as despesas também
precisam apresentar uma relação direta com o volume de vendas para serem variáveis.

Os custos ou despesas ainda podem ser classificados como semivariáveis ou semifi-


xos. No Quadro 6 tem-se a descrição dessa classificação.

Quadro 6 – Gastos semivariáveis e semifixos

Gastos Definições

São os gastos classificados como fixos que passam por alterações sob forma de degraus,
Semivariáveis ou seja, são constantes até determinando volume de atividade e, a partir de uma modifica-
ção nesse volume, eles sofrem uma oscilação e, posteriormente, continuam constantes.

São os gastos que variam em função da quantidade produzida ou vendida, mas não exata-
mente nas mesmas proporções. Um exemplo de custos semifixos é a energia elétrica, pois
Semifixos
até determinado nível de consumo o seu valor permanece constante e o que ultrapassar é
considerado como variável.

Fonte: adaptado de Leone (2010) e Santos (2005).

Nota-se que os custos semivariáveis se mantêm constantes até certo volume de


unidades fabricadas. À medida que for ultrapassado esse limite, os custos tendem a

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aumentar. Por exemplo, para a produção de 5.000 peças de determinado produto, o
aluguel de uma única máquina é suficiente, entretanto para aumentar a produção para
7.500 peças é preciso alugar mais uma máquina.

Os semifixos são aqueles que têm uma parcela fixa e outra variável, ou seja, até de-
terminado momento permanecem fixos e depois passam a ser variáveis conforme o
consumo.

Figura 4 – Custos semivariáveis e custos semifixos

Fonte: Bruni (2019, p. 10).

CONCLUSÃO
Estudamos a classificação dos custos, que pode ser dividida em categorias, obser-
vando a identificação dos custos com os produtos e serviços fabricados e presta-
dos, subdividindo-se em diretos e indiretos; ou em relação ao volume de produção,
a qual categoriza os custos em variáveis e fixos. Além disso, existem outros tipos
de classificação utilizadas pela gestão de custos, nas quais os custos de produção
podem ser classificados em semifixos e semivariáveis; e as despesas em fixas e va-
riáveis, porém, nessa última relação, deve-se observar a oscilação das despesas em
função da quantidade vendida.

Buscou-se evidenciar que a correta classificação dos gastos é fundamental para o


adequado gerenciamento dos custos, pois oportuniza aplicação da análise de custos,
volume e lucro, que contempla indicadores como margem de contribuição, ponto
de equilíbrio e margem de segurança, os quais serão abordados mais adiante, além
de outras informações pertinentes à gestão de custos que subsidiam o processo de
tomada de decisão.

REFERÊNCIAS
BRUNI, Adriano Leal. Gestão de custos e formação de preço. 7. ed. Rio de Janeiro:
Atlas, 2019. (Finanças na prática).

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LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 11. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2018.

SANTOS, Joel José dos. Análise de custos: remodelado com ênfase para sistema de
custeio marginal, relatórios e estudos de casos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 231 p.

SOUZA, Alceu. Gestão de custos aplicações operacionais e estratégicas: exer-


cícios resolvidos e propostos com utilização do Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

WERNKE, Rodney. Análise de custos e preços de venda: ênfase em aplicações e


casos nacionais. São Paulo: Saraiva, 2005. 201 p.

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