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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL

PRECARIZAÇÃO
E
DESEMPREGO

Maceió – AL

2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL

PRECARIZAÇÃO
E
DESEMPREGO

Trabalho apresentado, ao curso de serviço Social


como requisito parcial para a obtenção da nota na
disciplina de Desenvolvimento Capitalista e
Questão Social.

Professor: Angélica Bezerra.


Equipe: Kethilly Santos, Brenda Gomes, Isabela
Rosa, Mirian, Hadassa, Gleyciane,

Maceió – AL

2022
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INTRODUÇÃO

O trabalho é um elemento importante na construção da identidade do sujeito,


sendo estruturante tanto para a sociedade quanto para o indivíduo, no entanto, o
trabalho é prejudicial, seja pela exposição a riscos físicos, químicos ou psicológicos,
privação de material, e a própria posição socioeconômica desfavorecida, provenientes
de baixa renda um salário insatisfatório, ou seja, fonte de experiências de sofrimento.

Na fase da globalização, o capital tem desempregado cada vez mais o trabalho


estável, substituindo por trabalhos precarizados, que se encontra em enorme
expansão, principalmente no mundo industrial. Os capitalistas estabelecem contratos
precários, tendo riscos e responsabilidades, com redução de salários e de empregos.
Assim, não é mais o padrão da sociedade pleno emprego e sim de desempregados
em condições precárias de trabalho, emprego e vida, até mesmo em países de grande
escala de desenvolvimento econômico e social.

A precarização empregatícia provoca a desestabilização quanto na segmentação


do mercado de trabalho ocasionando desigualdade social. E as consequências disso
vão muito além, conforme isso agrava, acontecem termos de ação e intervenção
individual ou coletiva com respeito à liberdade. As formas flexíveis de emprego, em
grande parte, são inseguras e mal pagas. Em vez de contribuírem na melhoria familiar
e financeira, é provocado graves problemas, ou seja, o proletário vai ter a grande
ilusão do poder de compra com pressuposto de que ainda tenha emprego. A
flexibilização do emprego significa que: Além de transferir responsabilidades e riscos
para o trabalhador, significa transferir junto para o Estado. Para entender de forma
clara, se um indivíduo sem um emprego estável, pode não conseguir assumir
responsabilidades pelo agravamento de doenças, perigo de ficar sem habitação,
cumprimento das exigências para receber pensão por aposentadoria e entre outras, o
apelo desses indivíduos vai para o Estado sendo uma espécie de “salvador”.

Ademais a própria precarização ergue junto com a flexibilização que se altera


com a regulamentação do mercado de trabalho e garantia dos direitos, leva a
eliminação de condições de trabalho favoráveis, e ainda mais, intensificou a
superexploração de trabalhadores. O trabalho precário assume diversas dimensões:
Inserção de trabalho, informalidade (exército de reserva), desregulação e flexibilização
da legislação trabalhistas, no desemprego, na intensificação do trabalho.

Contudo, a precarização tem um movimento de estruturação do trabalho e do


emprego, com o crescimento do desemprego e a ampliação do exército de reserva em
relação a especialidades dos empregos disponíveis. O aumento do número de
trabalhadores em situações de emprego precário e em más condições leva a
expansão de trabalhadores alienados de seus direito e sujeitos a condições de
trabalhos instáveis e insatisfatórias, por fim, os indivíduos (proletário) levam uma vida
indigna.

“Precarização e Desemprego” sendo abordado com o autor István Mészáros e


Ricardo Antunes.
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A CRISE ESTRUTURAL E A PRODUÇÃO DESTRUTIVA DO


CAPITAL PARA MÉSZÁROS.

A crise estrutural do capital que experimentamos hoje é segundo Mészáros


(2000) a mais severa da história da humanidade. É neste sentido que a crise estrutural
impõe novas alternativas para a classe trabalhadora, que é sobreviver. Para continuar
expandindo e acumulando, o capital exerce o seu domínio através da exploração da
força de trabalho, tratando o homem como simples mercadoria. Essa condição de
tornar-se mercadoria desenvolve neles insegurança no trabalho, pois a qualquer
momento, dependendo das necessidades do capital, podem ser expulsos do processo
de produção, passando à condição de desempregados e, assim, aumentando a
pauperização. Com isso, uma forma de diminuir os efeitos da crise do capital e garantir
sua expansão é intensificar o sobretrabalho. A expansão do capital que se torna
mundial é vista como indestrutível e natural, como se o sistema capitalista fosse o
único possível e insubstituível para a história da humanidade.

É nesse cenário, marcado pela reestruturação produtiva a partir da crise do


capital, que as ideias neoliberais são adotadas no decorrer do processo, como uma
forma de atenuar os efeitos da crise através de medidas de restrições de intervenção
do Estado, estabelecendo novas relações produtivas ou, por sua vez, trabalhos
precários, terceirizados ou flexíveis. Porém, essas medidas não são capazes de
resolver a crise do capital que perdura até hoje, pois a crise do capital desde a década
de 70 tornou-se estrutural não havendo uma solução de imediato.

Hoje com as transformações no mundo do trabalho, o desemprego tornou-se


crônico, pois alcançou uma escala mundial, atingindo jovens, adultos, mulheres e até
mesmo os que estão inseridos no mercado de trabalho, gerando a insegurança de a
qualquer momento serem substituídos pela máquina ou simplesmente serem
despedidos através da "limpeza" nos cortes de custos da empresa. É nesse momento
que o capital impulsiona o destino da classe trabalhadora de forma embrutecedora,
ora empregando-a, ora expulsando-a do processo produtivo. Esta lógica do sistema
capitalista é a que nutre a ordem capitalista. Por essa razão é que Mészáros diz que o
desemprego crônico é a forma mais explosiva do capital. Segundo Mészáros, o
desemprego em massa é a “mais grave das doenças sociais” e vem assumindo
“proporções crônicas, sem que a tendência a piorar tenha algum fim à vista”. Conclui-
se que o desemprego agrava-se com a crise estrutural do capital, ocasionando o
aumento de outros problemas sociais e econômicos, como a pobreza, a violência, a
redução do padrão de vida dos trabalhadores, a flexibilização do trabalho e, com ela, a
intensificação da precarização da força de trabalho que buscam a todo custo uma
maior exploração do trabalho.

A PRODUÇÃO DESTRUTIVA DO CAPITAL

Após as grandes limitações que foram impostas na sociedade por conta da


necessidade de expansão do capital, no século XX, o mesmo capital tentou "superar
as limitações sistêmicas do capital" o que foi malsucedida, pois: "Tudo o que aquelas
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tentativas conseguiram foi somente a "hibridização" do sistema do capital, comparado


à sua forma econômica clássica". O capital é forçado a controlar as limitações
impostas, o que gera uma instabilidade sobre a empregabilidade. Ele se torna
destrutivo a partir da reestruturação produtiva para que assim os objetivos sejam
alcançados e então nesse novo estádio em que o capital se expande de forma
destrutiva é necessário a taxa de uso decrescente do capital pois este altera a relação
entre produção e consumo.

O desenvolvimento do sistema do capital se apoia no uso decrescente do capital,


produção que é centrado no complexo militar/industrial, pois são mais lucrativo que o
consumo seja rápido na mesma proporção da produção, e então com todo o processo
de destruição, grandes quantidades de recursos materiais e humanos são dissipados.
Segundo Mészáro, as consequências desse novo processo faz com que o "capitalismo
avançado" imponha à humanidade o pior tipo de existência imediatista que é
"totalmente destituída de qualquer justificativa em relação com as limitações das
forças produtivas e das potencialidades da humanidade acumuladas no curso da
história". O capital então coloca para a humanidade um novo tipo de existência onde a
sua adequação é subordinada aos ditames do capital. Mészáros diz, "o sistema como
um todo é absolutamente dissipador, e tem de continuar a sê-lo em proporções
sempre crescentes".

Então, como é perceptível, o capital monta estratégias para remediar as crises


que são intrínsecas a ele, e o complexo militar-industrial vira um instrumento do
processo da crescente acumulação. A atuação do Estado favorece também os
objetivos do capital, pois o desperdício encontra sua automática justificativa e
legitimação no apelo da ideologia do "interesse nacional" e da "segurança nacional"
com a ação combinada dos poderes legislativo, judiciário e executivo.

Para Mészáros, a partir da produção destrutiva, a questão do desemprego foi


alterada para pior, pois ele não está mais limitado a um "exército de reserva", já que
foi assumido um caráter crônico, reconhecido como "desemprego estrutural". Sendo
assim, vemos que a produção destrutiva do capital manipula as relações de trabalho
em meio à expansão cada vez mais intensa do desemprego em massa.

O DESEMPREGO CRÔNICO NA PERSPECTIVA DE ISTVÁN


MÉSZÁROS.

Para Mészáros, vivemos a problemática do desemprego em todo o mundo, o que


leva a preocupação em até alguns capitalistas, pois o desemprego já alcançou a
totalidade dos trabalhadores, sendo eles, qualificados ou não.

O autor afirma que a precarização do trabalho está camuflada com a falsa ideia
da flexibilização do trabalho, que serve para esconder os sérios problemas gerados
pela acumulação do capital. Assim, chegamos ao limite das contradições geradas pelo
sistema do capital.

A flexibilização do trabalho é uma das consequências geradas pelo processo


produtivo. Sendo uma estratégia do capital que visa diminuir os custos e assegurar
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assim uma maior produtividade, explorando ainda mais os trabalhadores,


precarizando-os ainda mais. Como o próprio mészáros afirma “A verdadeira
preocupação das personificações do capital é promover a flexibilidade do trabalho e
combater todas as formas possíveis do mercado rígidos do trabalho”. E essas
transformações no processo de trabalho são o retorno da mais valia absoluta, que se
materializa com a exploração total do trabalho.

Foram várias as alternativas de enfrentamento do desemprego. No entanto, todas


estão distantes, pois a busca incessante de riquezas é uma das contradições do
capital. Estamos na fase em que o capital expulsa uma quantidade maior de
trabalhadores e só deixa a memória favorecida. Assim, não há solução para o
desemprego crônico, pois é a natureza do capital explorar os trabalhadores.

Pensamento de Ricardo Antunes


De acordo com o pensamento de Ricardo Antunes, para entender a
precarização do trabalho, temos como base o capitalismo contemporâneo, pois ele
acredita que o que ocorre nos dias de hoje, são novas formas de apresentar o
conceito entre o capital e o trabalho, muitas das vezes se tratando de uma exploração
“mascarada”, mas sempre ali presente, pois o trabalho continua sendo visto para o
meio de produção na sociedade capitalista, o centro no processo de produção e
reprodução da vida humana, trazendo consigo os antagonismos de outras épocas
existentes e Antunes diz que com esse pensamento a busca por emprego só cresce,
fazendo o trabalhador deixar de se identificar com seu trabalho, principalmente em
tempos de desemprego estrutural.

Com esse desemprego estrutural a terceirização vem à tona em escala global,


o trabalhador a cada dia que se passa perde ainda mais seus direitos, como o
descanso semanal, ferias, decimo, pois o trabalho passa a ser entendido como um
custo, e tudo que é relacionado a custo, os capitais querem cortar, eliminando o
trabalho vivo aonde for possível. A todo o momento, cortam o direito dos
trabalhadores, e se não aceitarem a redução de direitos e de salário, são eliminados,
tratando os trabalhadores como objetos, os dispensando quando não necessitam e os
chamando quando precisam, causando assim uma instabilidade no mundo do trabalho
e isso causa um descontentamento das escalas ampliadas das classes trabalhadoras
que tende a buscar um novo modo de vida. A lógica destrutiva do capital não é futuro
para a humanidade e se nós continuarmos prisioneiros dessa lógica, a destruição da
classe trabalhadora se dará em uma proporção maior, e essa mudança só ocorre onde
há luta, resistência, ação e a tentativa de organização dos trabalhadores.

Aqueles proletários desempregados expulsos do processo produtivo e do


mercado de trabalho pela reestruturação do capital, estão arrumando uma nova forma
de sobreviver, pois a crise não tende ao fim do trabalho, mas sim a comoção de novas
formas dele, mesmo que mais cruéis e injustos. Existem três grupos de proletariados,
o dos estáveis e com garantia, os excluídos do mercado de trabalho e os
trabalhadores instáveis (que fazem parte da maior massa). Para Ricardo, a crise atual
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do trabalho é uma crise de transformação, e não de eliminação, conduzindo ao invés


de um final definitivo, conduz na verdade um novo começo, pois o desemprego
estrutural obriga os indivíduos sociais a procurarem novas formas de assalariamento.

Embora o Brasil tenha alcançado a posição de oitava maior economia do mundo


é correto afirmar que a má distribuição e as consequências que o capitalismo acarreta
afetam a classe mais frágil, os trabalhadores. A condução atual não tem se dado de
maneira positiva para os indivíduos acentuando a questão da pobreza, desemprego e
precarização. Levando em referência 1993, em que a taxa de indigência chegou a
20% e a pobreza a 40% não se evoluiu em pró dos proletários de maneira significativa
atualmente, mesmo com o acumulo de riqueza aumentando cada vez mais.

A expansão da Mundialização Econômica significa também a mundialização da


pobreza em uma escala insustentável para o capitalismo. A tecnologia submete os
trabalhadores a uma precarização do trabalho de maneira global. O resultado é que
empresas privatizam, reduzem direitos e ampliam trabalho morto reduzindo trabalho
vivo.

Os direitos conquistados após intensas lutas sociais passam a ser substituídos


por trabalhos informais do qual se abstém de direitos trabalhistas. O que anteriormente
era uma exceção, hoje é algo comum. Há um processo extenso das perdas para o
meio proletariado, levando em consideração que o cidadão passa a ser visto como um
custo, sendo eliminados com a introdução de maquinarias como também ao não
aceitarem a opressão do meio capitalista, dizimando quaisquer que sejam os
benefícios conquistados.

 ''A tecnologia não é para o bem-estar social, ela é para dar lucro às
corporações. '' (ANTUNES, Ricardo)

A frase afirma que a tecnologia gera uma automatização da produção, com isso o
desenvolvimento da tecnologia leva a exclusão da mão de obra humana causando um
alavanque no desemprego em uma lógica perversa do capitalismo.

De acordo com o G1, a taxa do desemprego no Brasil deve ficar entre as maiores
do mundo já que o Brasil aparece com a 9ª pior estimativa de desemprego no ano
(13,7%), bem acima do que foi previsto para o ano em estimativa global(7,7%). Em
comparativa com demais países comparáveis com o Brasil, ainda assim eles ainda
estão em uma perspectiva melhores.

 Pesquisas apontam que as maiores taxas foram na Bahia (15,5%),


Pernambuco (13,6%) e em Sergipe (12,7%) sendo considerado a piores taxas
de desemprego, o cenário atual tem dificultado a inserção consistente dos
cidadãos no mercado de trabalho de maneira apropriada.

Compreendemos então o avanço tecnológico precariza a vida humana. Visto que o


indivíduo submete-se a maneiras desumanas para ter direito a subsistência, aceitando
meios de trabalhos baseados na escravidão moderna ou no empreendedorismo que
faz a alusão de prosperidade individual.
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Referências
MÉSZÁROS, Itsván. Desemprego e precarização: Um grande desafio para a
esquerda. (artigo)

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2003.

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