Você está na página 1de 40

Oficina de Processo

Tributário
Professora: Bianca Tito
Ementa:

- Súmulas Vinculantes em matéria


tributária;

- Casos Especiais de Repercussão Geral;

- Casos contribuinte versus Fisco;


Atividade avaliativa 1
(20 pontos) 10/04/24
Cronograma de
atividades do Atividade avaliativa 2
(25 pontos) 08/05/24
semestre
Atividade avaliativa 3
(25 pontos) 05/06/24

2023.2 Atividade avaliativa 4


(30 pontos) 26/06/24
Sobre as nossas atividades:
➩ A atividade 1 consistirá em um debate, realizado em sala, de modo individual (avaliação de
cada um separadamente), mas a ocorrer de forma coletiva, isto é, com a participação de todos;

➩ Serão trazidos casos do dia a dia que envolvem questionamentos de matéria tributária e esses
serão discutidos por nós – tanto de forma a buscar o argumento jurídico mais adequado, mas
também no intuito de construir uma visão crítica sobre a aplicação da norma tributária no Brasil;

➩ A segunda parte da oficina será composta pela elaboração de peças, a serem cobradas nas
demais atividades (atividades 2, 3 e 4). Todas elas serão compostas nesse formato e serão
avaliadas com base na indicação da peça correta, fundamentação e pedidos apresentados. Quanto
a elas, serão todas realizadas em sala e com consulta apenas a lei seca (Vade Mecum), exceto a
atividade 4, última da disciplina, que também permitirá consulta aos slides. A atividade 2 (primeira
peça) será individual e as atividades 3 e 4 poderão ser realizadas em dupla.
Ações judiciais em defesa do contribuinte
4 são as ações mais utilizadas no processo tributário:

1) Ação declaratória (da inexistência, existência ou modo de ser) de relação


jurídico- tributária;

2) Ação anulatória de crédito tributário;

3) Ação de repetição de indébito (ação de restituição);

➩ Essas 3 são as mais comuns e, apesar das diferenças, bastante parecidas (são as
principais ações tributárias e dialogam entre si)

4) Mandado de segurança: ação também cabível em matéria tributária, continua


sendo muito usada

*(ATÉ HOJE, É A PEÇA QUE MAIS CAIU NA SEGUNDA FASE EM TRIBUTÁRIO


NA OAB!)
Súmulas
em
matéria
tributária
SÚMULAS VINCULANTES DO STF

Súmula Vinculante 12: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no
art. 206, IV, da Constituição Federal”

“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...)

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;”

OU SEJA: Não é admitida a cobrança de taxa pela prestação de serviço que a CF/88 determina como
DEVER DO ESTADO e direito de TODOS, tais como saúde e segurança, os quais deverão ser prestados
de forma gratuita, não podendo dar ensejo à instituição e cobrança de taxas = EXEMPLO DISSO É A
SÚMULA VINCULANTE 12!

• As taxas pressupõem atuação administrativa do Estado diretamente relacionada ao contribuinte e


indicada pelo legislador como fato gerador da obrigação tributária = 2 são os fatos geradores das taxas:

(1) O exercício regular do poder de polícia;

(2) A utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte
ou posto à sua disposição;

OBSERVAÇÃO: No caso desta última, chamada “taxa de serviço público”, não basta meramente que
seja um serviço público para autorizar a sua instituição, é fundamental que seja ele específico e divisível
= Ausentes esses atributos, não há competência tributária para se instituir taxa remuneratória da
prestação de serviço público;
Súmula Vinculante 19: “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art.
145, II, da Constituição Federal”

“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os


seguintes tributos: (...)

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,


de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição”

- Taxa de coleta de lixo: Essa é paga aos municípios pelo serviço de coletar o lixo que
depositamos em nossas portas = taxa de coleta de lixo individual. Saiu de férias? Não
importará, a lei permite a cobrança pela utilização potencial. Isto é, independe de ser ou não
utilizado, pois o serviço foi colocado à disposição do cidadão;

➪ MAS não pode cobrar a taxa pela coleta de lixo em locais onde o serviço não é prestado;

OBS IMPORTANTE: Não confundir taxa de coleta de lixo domiciliar (individual), que é
constitucional, conforme entendimento do STF e estabelecido pela Súmula Vinculante nº 19, com a
“taxa” de limpeza pública, essa última não é taxa, não podendo ser remunerada por meio desta,
pois refere-se a limpeza dos logradouros públicos, atrelada a atividades de varrição, lavagem,
capinação, desentupimento de bueiros. Não consigo saber quem irá passar na rua hoje, podendo
ou não ser alguém que more naquela cidade. Ou seja, não dá para ser cobrada taxa por esse
serviço = serviço “uti universi”;
Já a taxa de coleta de lixo domiciliar (individual), por se tratar de serviço público específico e divisível, foi julgada
constitucional pelo STF, nos termos da Súmula Vinculante nº 19.

➩ Ou seja, a taxa de coleta de lixo é CONSTITUCIONAL, ela não viola a Constituição – essa, de acordo com o
STF, pode ser cobrada, pois é um serviço “uti singuli” (serviço de fruição individual, divisível, passível de
identificação do seu usuário, quem e quanto usou).

• Proveniente de imóveis: SABE DE ONDE O LIXO VEM, então os proprietários desses são os usuários do
serviço e, logo, pagarão por isso.

Assim: Taxa de Coleta de Lixo (CONSTITUCIONAL) X Limpeza Pública (não é taxa)

- É tributo intimamente ligado à atividade do Estado: a hipótese de incidência desta espécie tributária está
atrelada a uma contraprestação do Estado e é paga pelo contribuinte que usufrui de tal atividade estatal;

- Pode ser instituída por meio de lei ordinária;

- É indispensável que algum serviço seja dado para que ela possa ser cobrada, vez que são devidas como
contraprestação direta por serviço prestado pelo Estado aos cidadãos;

- Deve ter o seu valor condizente com tal serviço

➩ Portanto, no caso das taxas, há a vinculação com alguma ação estatal;


• Isso se dá pelo fato de serem as taxas um tributo que é cobrado em razão de determinadas
atividades estatais, as quais configuram o seu fato gerador = LOGO, O MONTANTE
DEVIDO DEVE ESTAR RELACIONADO A ISSO E NÃO A UMA REVELAÇÃO DE
RIQUEZA DO CONTRIBUINTE (IMPOSTOS) OU QUALQUER OUTRO CRITÉRIO QUE
NÃO INDIQUE UMA MEDIDA DO CUSTO DA ATIVIDADE;

Súmula Vinculante 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais


elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra”

- As taxas não podem ter fato gerador e nem base de cálculo própria de impostos (art.
145, §2º CF e Art. 77 CTN, p.ú.) = tal proibição se justifica uma vez que busca impedir que
sejam criados impostos disfarçados de taxas, vez que não corresponderiam a valores
cobrados em função do serviço prestado ou do exercício do poder de polícia (como deve se
dar com as taxas!);

- Ou seja, se já é cobrado um imposto sobre uma determinada base de cálculo, o fisco


não pode, sobre essa mesma base, cobrar uma taxa;

- PORÉM: Súmula Vinculante 29: o STF entende que a BC das taxas poderá ter um ou mais
elementos da base de cálculo dos impostos, desde que essa identidade NÃO SEJA
INTEGRAL. Assim, pode até usar uma parte, desde que não sejam exatamente os mesmos
critérios – a vedação é impedindo que sejam idênticos;
Súmula Vinculante 41: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”

➩ Isso dada a impossibilidade de determinar exatamente os beneficiários da iluminação


pública, pois não é divisível (requisito constitucional para as taxas), não havendo, portanto, como
identificar os seus usuários;

ASSIM, POR QUE O SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO NÃO PODE SER COBRADO MEDIANTE TAXA?

• Sobre a iluminação: o que temos hoje = não fazer confusão = é a chamada CIP/COSIP
(trazida pela EC 39/2002) ➩ a cobrança em caso de iluminação pública se dá por meio desta
contribuição e não das taxas!

Contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP): art. 149-A CF

- É contribuição instituída pelos municípios e pelo DF para o custeio do serviço de iluminação


pública (a arrecadação do tributo é vinculada ao custeio do serviço de iluminação pública, é
para isso que serve);

- Foi a EC 39/2002 a responsável por acrescentar o art. 149-A no texto constitucional (*e ele foi
alterado pela reforma tributária), prevendo a criação da Contribuição para o custeio do
serviço de iluminação pública (COSIP), que pode ser realizada pelos M e o DF. Vejamos:
“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio, a expansão e a melhoria do serviço de iluminação pública e de
sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos, observado
o disposto no art. 150, I e III. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de


consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)”

ATENÇÃO: O art. 149-A continua a autorizar a criação da CIP/COSIP pelos municípios e o DF,
conforme já ocorria desde 2003. Portanto, a alteração trazida pela Reforma Tributária e a inovação
em nosso ordenamento jurídico, que desta decorre, diz respeito a possibilidade de que a receita
proveniente do pagamento deste tributo seja utilizada também para expansão e melhoria do
serviço de iluminação pública, bem como aos sistemas de monitoramento para segurança e
preservação de logradouros públicos – pois antes da EC 132/2023 a CIP/COSIP se referia apenas
ao custeio de tal serviço.

➩ Quanto a CIP/COSIP, esse é o tributo correto por meio do qual tal serviço (a iluminação pública) é
remunerado. Assim, o que devemos entender é que isso não se dará através de taxas e, assim, se
qualquer um dos entes criar uma taxa que tenha como finalidade cobrar por esse serviço (a iluminação
pública), essa cobrança será inconstitucional, eis que falta no caso os requisitos de ser específico e
divisível, os quais, como vimos, são exigidos constitucionalmente.
➩ CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

• Estão na CF/88 (artigos 149 e 149-A)

• As contribuições especiais são uma espécie tributária (juntamente com as taxas, impostos,
ECOM e a contribuição de melhoria). E essa espécie também sofre um desdobramento,
havendo as suas subespécies, sendo uma delas a COSIP;

• São qualificadas pela destinação que possuem ➩ São espécies tributárias caracterizadas
pelo fato de terem a destinação das suas receitas pré-determinada e finalidade
específica. Ou seja, no caso das contribuições, podemos observar que elas possuem
destinação específica e, assim, a sua hipótese de incidência está pautada no fato descrito
em lei e no benefício a que se quer alcançar, diferenciando-as dos impostos;

• Em suma: o seu critério de identificação baseia-se na finalidade da criação do tributo,


sendo necessária a vinculação da receita que deu causa a sua criação;

Ex: As contribuições previdenciárias se destinam a custear os benefícios concedidos pelo


INSS;

- A finalidade desta espécie tributária não é a arrecadação fiscal, e sim a intervenção


econômica e social a que se destina;
- Outra característica que diferencia este tributo dos demais, é que este apenas pode ser
criado com a intenção de custear uma atividade estatal específica;

- Esta espécie tributária foi introduzida em nosso ordenamento jurídico pela Constituição
Federal de 1988;

- Em regra, é de competência privativa da União, porém uma de suas exceções é a


COSIP, situação na qual outro ente poderá institui-la, no caso os Municípios e o DF:

• DF, M = CIP/COSIP: cobrada na conta de energia elétrica – iluminação pública. Será


instituída pelos Municípios e pelo DF (art. 149-A);

- Como vimos, é a contribuição instituída pelos municípios e pelo DF para o custeio do


serviço de iluminação pública, sua expansão, melhorias e sistemas de monitoramento (ou
seja, a arrecadação do tributo é vinculada ao custeio destes serviços). Essa contribuição
poderá (é facultativo) ser cobrada na fatura de consumo de energia elétrica, nos termos
do art. 149-A CF/88;

- Ainda, é preciso que seja observado o princípio da anterioridade tributária (anual e


nonagesimal), o qual, com base no art. 150, III, “b” e “c”, deve ser obedecido pelas
contribuições = ou seja, a COSIP respeita ambas as anterioridades;
➩ AINDA, VEJAMOS UM POUCO SOBRE AS TAXAS:

- Como acabamos de ver, as taxas são uma entre as cinco espécies tributárias, elas são
tributo intimamente ligado à atividade do Estado, de maneira que a sua hipótese de
incidência está atrelada a uma contraprestação do Estado e é paga pelo contribuinte que
usufrui de tal atividade estatal;

- Por exemplo: alvará – é uma taxa – paga quem usufrui desta;

- Sua competência é COMUM, significando que TODOS os entes possuem competência para
criá-la = A taxa será devida ao ente que presta o serviço em questão, o que significa
que elas poderão ser federais; municipais ou estaduais;

- Pode ser instituída por meio de lei ordinária;

- Podemos falar na existência de uma dupla vinculação no que se refere as taxas, pois o
fato gerador delas é vinculado à atividade estatal e também, necessariamente, o produto
da arrecadação terá de ser vinculado à atividade que justifica a instituição do tributo;

- Assim, o princípio informador das taxas é o da RETRIBUTIVIDADE = isso pois o valor


pago pelos contribuintes a título de taxas deverá refletir o custo da atuação estatal;
Existem duas espécies de taxas:

a) de polícia (fiscalização): Art. 78 CTN. Só paga por serviço EFETIVO (utilizado) –


tem que ser fiscalização efetiva, só há pagamento se o Estado prestou de fato.
Trata-se da fiscalização que o poder público pode fazer;

Ex: são as taxas de fiscalização, taxa de alvará;

Poder de polícia = Pode ser entendido como a atividade da administração pública


que visa atender ao interesse público. É um poder que fiscaliza e limita condutas e
direitos individuais (conceito do CTN, art. 78);

CUIDADO: esse exercício do poder de polícia deve ser regular, ou seja, ele precisa
ser desempenhado dentro dos limites da lei, com observância do processo legal e
sem abuso ou desvio de poder;

OBS IMPORTANTE: A TAXA DE POLÍCIA NÃO SE REFERE A POLÍCIA CIVIL, A


SEGURANÇA PÚBLICA É UM SERVIÇO PÚBLICO AO QUAL TODOS TEM
DIREITO, RAZÃO PELA QUAL NÃO PODE SER REMUNERADA POR MEIO DE
TAXAS, MAS SIM ATRAVÉS DE IMPOSTOS - exemplo disso é o que vimos nas
súmulas vinculantes 12 e 41;
b) de serviço público (taxa de utilidade pública): Art. 79 CTN. Só será paga se
observados os requisitos: 1) ser divisível, quantificável; 2) específico; 3) utilização
efetiva OU potencial pelo contribuinte;

Especifico = possível identificar exatamente qual o serviço prestado;


Divisível = possibilitar a individualização de maneira a quantificar o serviço utilizado;

Ou seja, no que se refere a essa taxa, os entes federados podem cria-la para
remunerar o serviço público, SÓ QUE NÃO É QUALQUER SERVIÇO PÚBLICO! Ele
deve ser específico e divisível, e deve ainda ser efetivo ou potencial, prestado ao
contribuinte ou posto a sua disposição;

CTN: específico são serviços que podem ser destacados em unidades autônomas de
intervenção, de utilidade ou de necessidades públicas, e são divisíveis quando
suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um de seus usuários;

IMPORTANTE: tomar cuidado ao falar de serviço potencial – pois potencial é a


UTILIZAÇÃO, já o serviço, esse deve estar em efetivo funcionamento.
➪ STF: a segurança pública é serviço público uti universi = indivisível = sendo
incompatível com a imposição de taxa, devendo, portanto, ser mantida por
meio dos recursos provenientes de impostos;

Da mesma maneira, o STF também entendeu pela inconstitucionalidade da


instituição da taxa de iluminação pública, tendo em vista a impossibilidade
desta atender ao requisito da divisibilidade, logo, esse serviço não pode ser
remunerado mediante taxa = se refere a serviço uti universi;

• Uti universi: são os serviços que a administração presta para atender a


coletividade como um todo. Abrangem toda a população e seus usuários
são indetermináveis. Ex: taxa de segurança pública e de iluminação ➪
inconstitucionais ➪ tais serviços não podem ser cobrados a título de taxa
➪ beneficiam a todos ➪ SE COBRAR SERVIÇO UTI UNIVERSI A
TÍTULO DE TAXA É INCONSTITUCIONAL! Geralmente, esses serviços
são custeados pelos impostos;
Súmula Vinculante 21: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”;

Súmula Vinculante 28: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de


admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário”;

Sobre essas duas súmulas:

Nas ações declaratória e anulatória, que ainda estudaremos, é possível pedir o depósito
judicial com a finalidade de suspender a exigibilidade do C.T. ➪ Inserir nos pedidos

Lembrar de não confundir a Lei de Execução fiscal! (art. 38)

PORÉM, É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA, EM QUALQUER AÇÃO DECLARATÓRIA,


DO DEPÓSITO PRÉVIO PARA A ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO. Sim, eu posso depositar
para suspender a exigibilidade, mas aí é uma OPÇÃO minha! Mas não pode ser OBRIGADO a
depositar meramente para que a ação tramite ➪ Súmula vinculante 28!!!

➩ acerca disso, estamos falando do DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL: (ele é


hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário)

• Consiste em direito subjetivo do contribuinte, não podendo ser obstado pelo Fisco. É
um ato voluntário do sujeito passivo, como forma de suspender a exigibilidade do crédito;
Nesse sentido, o depósito deve ser do valor que a Fazenda Pública entende por devido (inclusive
juros e multas). É FEITO PARA PERMITIR A DISCUSSÃO ACERCA DE SUA EXIGIBILIDADE. Por
conta disso, normalmente é feito no âmbito judicial (na ação anulatória ou declaratória), embora
possa também ser utilizado na via administrativa;

Exemplo: o contribuinte entende dever mil reais, mas o Fisco está exigindo dois mil reais dele, então
deverá depositar dois mil reais e discutir o valor correto (pois o depósito deve se dar no valor que o
fisco entende devido)

- Trata-se de uma FACULDADE DO CONTRIBUINTE! NÃO é condição de admissibilidade da


ação, mas apenas um meio para suspender a exigibilidade desse crédito, sendo esse o seu
efeito, nos termos do art. 151, II do CTN;

❊ OBS: o art. 38 da lei 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) condiciona a existência do depósito
para a propositura de Ação Anulatória, MAS O STF JÁ SE MANIFESTOU PELA
INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DESTE COMO CONDIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE
DE AÇÃO;

Ou seja, na lei de execução fiscal, em seu art. 38, há uma confusão do legislador: de acordo com
esse, se quiser ajuizar uma anulatória, terá que garantir o juízo. Esse artigo diz que sim, mas nós
precisamos ler isso de acordo com princípio da inafastabilidade do poder judiciário;

Como vimos, ainda, mesmo sentido, o STF também se posicionou quanto à obrigação de depósito na
esfera administrativa (súmula vinculante 21) e, igualmente, concluiu por sua inconstitucionalidade.
Ou seja, na esfera administrativa também será inconstitucional a exigência do depósito como
condição de admissibilidade;
Assim, o que nós podemos entender é que, embora não seja condição de admissibilidade, ele é feito no
intuito de suspender a exigibilidade do crédito tributário (pois de sua realização decorre
automaticamente a suspensão da exigibilidade do C.T.) = mas isso só ocorrerá se ele for INTEGRAL
E EM DINHEIRO!

➩ Súmula 112 STF: “O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for
integral e em dinheiro”;

Ao final da demanda judicial, caso o contribuinte obtenha êxito, a quantia depositada no início deverá ser
liberada em seu favor. Mas caso seja vencido, então o depósito que realizou será convertido em renda do
ente federativo litigante;

Súmula Vinculante 48: “Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS
por ocasião do desembaraço aduaneiro”

O ICMS é imposto que incide “sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a
prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior”

A partir disso, podemos perceber que o ICMS apresenta materialidades de natureza distinta, permitindo
a cobrança sobre operações relativas à circulação de mercadorias, de um lado, e da prestação de
determinados serviços (de transporte e de comunicação), do outro;

Com isso, podemos compreender: a importação de produtos ou serviços no exterior (não importa se não é
contribuinte habitual ou não do imposto, deverá recolher – TODOS que importam devem pagar o ICMS)
DIFERENTE DA EXPORTAÇÃO, em que o ICMS não incide.
Trata-se de caso de IMPORTAÇÃO = o ICMS terá incidência sobre a entrada de bem ou mercadoria importados
do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto. Nesse caso, a
receita proveniente do ICMS cabe ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do
destinatário da mercadoria, bem ou serviço.

Exceções à cobrança: ingressos temporários e trânsito aduaneiro ➩ isso pois NÃO implicam importação
➩ a mercadoria apenas transita pelo território brasileiro, não sendo incorporada à economia nacional
(não ocorre propriamente importação).

Súmula Vinculante 50: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade”

Ou seja, a norma legal que altera a data de pagamento do tributo não respeita o princípio da anterioridade
tributária (e nem mesmo o da legalidade tributária) – essa é a compreensão do STF!

Súmula 669: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio
da anterioridade” = é simplesmente mudar a data de vencimento do tributo!

Súmula Vinculante 52: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal,
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades
foram constituídas”
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;”

POR QUE EXISTE UMA IMUNIDADE COMO ESSA?

Essa imunidade se encontra em plena consonância com a ideia de Estado Democrático de Direito e do
pluralismo político. Ainda, especificamente no caso dos partidos políticos, ela decorre da imprescindibilidade de
que esses tenham autonomia, impedindo qualquer forma de imposição fiscal que impeça a liberdade de
manifestação que lhes é inerente.

Acerca das instituições de educação: alcança ensino fundamental, ensino médio, técnico e universitário, bem
como pré-escolas, escolas de idioma, esportes, etc. (se voltadas à educação, estarão abrangidas por essa
imunidade, pois ela acolhe não só o ensino didático, mas demais formas de educação e
transmissão de conhecimento) ➪ isso indica que estão inclusas a educação curricular e
também extracurricular, como museus, bibliotecas públicas e centros de pesquisa, por exemplo.

E AS FACULDADES PARTICULARES?
Sobre elas, se houver lucro, ele não poderá ser distribuído com os mantenedores (o resultado positivo deve
ser totalmente reinvestido na própria instituição). Sendo assim, a expressão constitucional “sem fins
lucrativos” não significa a proibição de lucros. NÃO ESTÁ PROIBINDO O LUCRO, MAS A SUA
DISTRIBUIÇÃO. Portanto, uma faculdade particular poderá sim ser imune (se beneficiar desta imunidade), desde
que reinvista o seu lucro no propósito institucional (sabemos que isso não é muito comum, mas temos alguns
exemplos, como o Mackenzie e a PUC, que são faculdades particulares que, por fazer isso, possuem imunidade).

Ainda, no caso dessa imunidade tributária, é aplicada a seguinte lógica: no que se refere ao aluguel de seus
imóveis, não haverá perda desta imunidade desde que os rendimentos provenientes de tal aluguel sejam
utilizados nas atividades essenciais dessas entidades.

É ISSO O QUE NOS DIZ TAMBÉM A SÚMULA 724 STF: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da
Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades”. =
NOTAMOS SER IGUAL A SÚMULA VINCULANTE 52.

OBS: Importante: vale destacar que com a Reforma Tributária, o art. 150, VI, ‘b’ sofreu modificação, alterando a
previsão constitucional quanto a imunidade religiosa. Com a nova redação passou a ser previsto que:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI – instituir impostos sobre: b) entidades religiosas e templos
de qualquer culto, inclusive suas organizações assistenciais e beneficentes; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)”
SÚMULAS DO STF

Súmula 67: “É inconstitucional a cobrança do tributo que houver sido criado ou aumentado no
mesmo exercício financeiro”

Aqui estamos tratando acerca da ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA, que se refere a um dos


princípios tributários que rege nosso Sistema Tributário. Ele se encontra disposto no art. 150, III,
“b” e “c” da CF/88. De acordo com esse:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III – cobrar tributos

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”

A partir desse artigo, nós podemos perceber que:

A anterioridade, no texto da CF, diz respeito a dois verbos: INSTITUIR E AUMENTAR. Isso
significa que esse princípio só vale para esses casos.
➪ Por exemplo, se o ISS for majorado em 10 de janeiro de 2022, somente poderá ser exigido em 1º de
janeiro de 2023, pois é esse o próximo exercício financeiro! Agora, se ele foi majorado em dezembro de
2022, não poderá ser exigido em janeiro de 2023, mesmo sendo esse o próximo exercício financeiro, pois
ainda não transcorrem os 90 dias da data da publicação da lei que majorou o tributo. Assim, só poderá ser
cobrado em março de 2023, quando 90 dias da data da publicação.

- Podemos perceber que a anterioridade se dá de duas formas: ela pode ser ANUAL ou DE EXERCÍCIO
(alínea b) ou NONAGESIMAL, NOVENTENA (alínea c)

- Anterioridade anual: art. 150, III, “b” CF/88: De acordo com essa, a lei que cria ou aumenta o tributo irá
passar a ter incidência no primeiro dia do exercício seguinte ao da criação ou aumento do tributo. Ou
seja, no dia 1º de janeiro do ano seguinte!

- Anterioridade nonagesimal ou noventena: art. 150, III, “c” CF/88: De acordo com essa, a lei que cria ou
aumenta o tributo irá passar a ter incidência no nonagésimo primeiro (91º) dia, a contar da data de sua
criação ou aumento. Ou seja: tributo criado no dia X, só depois de decorridos 90 dias é que ele poderá
ter incidência (no 91º dia após sua criação).

Anual e noventena: observar ambas e aplicar a que for mais benéfica ao contribuinte = observá-las
simultaneamente. Isso significa que devemos APLICAR CUMULATIVAMENTE
essas anterioridades quando na detecção da data da incidência da lei que criou ou
majorou o tributo! Ou seja: deverá ser observado no caso prático para então
sabermos qual delas será aplicada e, logo, a data de incidência!
VEJAMOS AGORA A COMBINAÇÃO DE ALGUMAS SÚMULAS:

Sumúla 82: São inconstitucionais o imposto de cessão e a taxa sobre inscrição de promessa
de venda de imóvel, substitutivos do imposto de transmissão, por incidirem sobre ato que não
transfere o domínio.

Súmula 112: O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo
da abertura da sucessão.

Súmula 113: O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na
data da avaliação.

ESSAS DUAS SÚMULAS (112 e 113) SÃO IMPORTANTES PARA O CÁLCULO SOBRE O
QUE DEVERÁ SER PAGO AO FISCO PELO CONTRIBUINTE. AMBAS DEVEM SER
OBSERVADAS POIS SÃO MOMENTOS DISTINTOS QUE SE REFEREM!

- Suponhamos que uma pessoa X morreu em 2014, e naquela época a lei determinava que
era devido 3% de ITCMD e os seus bens estavam avaliados em 100 mil reais;

- Faleceu ➪ sucessão ➪ abertura de inventário (prazo vai decorrendo);

- Em 2017: ocorre a avaliação dos bens ➪ MAS nesse momento há uma NOVA LEI
aumentando para 5% a alíquota do ITCMD, bem como os bens já valem 300 mil reais;
2018: fechamento do inventário, processo em seus trâmites finais: nova alteração modificando a lei e
determinando que o contribuinte deve recolher 6% em ITCM e a avaliação dos bens foi também elevada;

MAS E AGORA? CONSIDERANDO QUE O ITCM SÓ SERÁ RECOLHIDO EM 2018, QUAL A LEI QUE SERÁ
APLICADA (2014? 2017? 2018?)? QUAL A ALÍQUOTA QUE IREI UTILIZAR? E BASE DE CÁCULO?

Sobre a alíquota: regra é que seja sempre a lei vigente à época da ocorrência do fato gerador, nos termos
do art. 144 CTN, ainda que posteriormente revogada ou modificada.

Logo, quando ocorre o fato gerador do ITCMD? No momento em que a pessoa falece (há a abertura da
sucessão), PORTANTO, UTILIZADA A LEI DE 2014 E APLICADA A ALÍQUOTA DE 3% QUE ERA A LEI
VIGENTE A ÉPOCA DA ABERTURA DA SUCESSÃO

➪ ESSA RESPOSTA ESTÁ NA SÚMULA 112 DO STF

E sobre a base de cálculo? Qual delas será utilizada no cálculo? É o valor do momento em que a pessoa
falece? Ou o da posterior avaliação dos bens? Ou ainda o valor agora, atual, quando haverá o recolhimento?

A resposta está na SÚMULA 113 DO STF, segundo a qual nós temos que recolher o ITCM SOBRE O
VALOR DA ÉPOCA DA AVALIAÇÃO DOS BENS – quanto valiam os bens no momento em
que eles foram avaliados (em nosso exemplo, é aquele valor de 2017 – 300 mil reais).
A partir disso, podemos ver que o cálculo será a aplicação de uma alíquota de 3% sob
uma base de cálculo de 300 mil reais.
SÚMULA 114: O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do
cálculo.

➪ só recolhe o ITCM após a homologação do cálculo, pois não há como recolher esse imposto antes
disso, eis que é somente depois da homologação que se saberá exatamente quais são os bens a serem
transmitidos (isso pois embora possa ter muitos bens, por exemplo, pode ser também que haja muitas contas
a serem pagas e isso será feito com os bens deixados pelo falecido ➪ nesse sentido a determinação da
SÚMULA 114 STF!

Logo, notamos que, quanto ao critério material, o comportamento humano suscetível de tributação
pelo ITCMD é a transmissão causa mortis e a doação de quaisquer bens e direitos.

Pago no momento do registro, no caso de bens imóveis (observar o que dispõe o Código Civil de 2002, de
acordo com o qual, se for imóvel, paga no momento do registro, mas se for móvel, paga no momento da
tradição, conforme art. 1.267 CC/02).

SÚMULA 115: Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homologação do juiz,
não incide o imposto de transmissão causa mortis.

Significa que só vai recolher o ITCMD referente aos valores que realmente foram transmitidos, então
não inclui na base de cálculo desse imposto o quanto foi pago de honorários aos advogados.

Base de cálculo = É VALOR DE BENS TRANSMITIDOS

NÃO É INCLUÍDO O QUANTO FOI PAGO DE ADVOGADOS!


SÚMULA 331: É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por morte presumida. ➪
MESMO SE A MORTE FOR PRESUMIDA, TAMBÉM HAVERÁ A COBRANÇA DESSE IMPOSTO!

Como sabemos, a morte presumida é instrumento jurídico que permite a constatação do término da existência da pessoa
natural em vista da grande possibilidade de seu falecimento, bem como da necessidade de produção dos efeitos civis
que decorrem desse fato. Entre seus efeitos, um deles é a abertura da sucessão;

IMPORTANTE: O ITCMD INDICE TANTO SOB BENS IMÓVEIS, COMO TAMBÉM OS MÓVEIS (diferentemente do
ITBI, que só há incidência em relação aos bens IMÓVEIS).

Súmula 657: “A imunidade prevista no art. 150, VI, ‘d’, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos”

SÃO APENAS ESSES!

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

D) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão”

Embora para a confecção de um livro, jornal ou periódico sejam necessários outros


insumos, além do papel, o constituinte apenas imunizou este.
Papel = insumo = ÚNICO QUE A IMUNIDADE ATINGE (papel para impressão, papel
fotográfico, papel telefoto e demais tipos de papel).

Portanto, isso significa que a tinta utilizada na impressão, por exemplo, possui tributação
normal, a mesma coisa se dá com as chapas que são utilizadas para a impressão de
jornais, aparelhos impressores, etc, que também não têm imunidade. ELA É APENAS
PARA O PAPEL

Efeitos: afasta ICMS, IPI, II: são esses os impostos que a norma alcança. Já aqueles que
se referem as pessoas deverão sim ser pagos, pois nesta a imunidade é objetiva e não
subjetiva.

Ela protege bens/coisas, como livros, papéis e jornais, não abrangendo as pessoas, como
o dono de editora ou livraria, por exemplo, que, por isso, deverá pagar normalmente o IR
sobre seus rendimentos;

IMPORTANTE: O STF decidiu que os encartes com exclusiva finalidade comercial (a


pura e simples distribuição de encartes de propaganda de terceiros por jornais e
periódicos) não estão abrangidos por essa imunidade, visto que não se destinam à cultura
e à educação. No entanto, a presença de propaganda no corpo da própria publicação
(de forma inseparável) não impede a imunidade, pois na medida em que ajuda a custear o
preço da publicação, diminuindo-lhe o valor, facilita o acesso à cultura;
➩ E CONTEÚDO DESSE LIVRO? INTERFERE DE ALGUMA FORMA NA IMUNIDADE?

Há diversas discussões em torno da extensão e alcance de tal imunidade. Em


primeiro lugar, deve-se ter claro que o conteúdo específico dos livros, jornais e
periódicos não são balizadores da incidência da norma. O critério é meramente
formal: tratando-se de um dos bens enumerados na alínea, a imunidade deve ter
lugar. A análise material do bem como condição para a fruição da imunidade poderia
dar margem à imposição de censura sobre um ou outro conteúdo e, por essa razão,
deve-se conferir ao dispositivo o alcance mais amplo possível (PISCITELLI, 2021, p.
166).

➩ E O LIVRO DIGITAL? EM QUE NÃO HÁ O USO DO PAPEL PARA A SUA PRODUÇÃO, COMO
FICA EM TAIS CASOS?

Posteriormente uma longa discussão pelo STF, em março de 2017 foi decidido que sim, esses também
são atingidos por essa imunidade tributária. Isso com o intuito de não ser feita discriminação, digital,
eletrônico, e-book, todos eles a possuem, inclusos os suportes que auxiliam na leitura, pois
relacionam-se ao livro digital.

➪ Sobre esses suportes de leitura, importante sabermos: Estão enquadrados no conceito de suporte
abrangido pela norma imunizante, PORÉM esse entendimento não é aplicável aos aparelhos
multifuncionais, como tablets, smartphones e notebooks – isso pois esses vão muito além de
meros suportes para a leitura (equipamentos de suporte), exercendo outras funções que não
apenas essa;
Súmula 323: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.”

Súmula 544: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.

CUIDADO: Lembrar de fazer distinção entre isenção e imunidade (ser retirada a qualquer tempo x não ser retirada).

• A isenção é concedida através de LEI, é desta que ela decorre, dependendo de uma LEI ESPECÍFICA (art. 176 CTN
prevê isso) – de acordo com esse, sempre deve haver lei que especifique as condições e os requisitos exigidos para a
sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.

• A lei que concede a isenção deve ser interpretada LITERALMENTE, isso com base no CTN (art. 111) e também conforme o
STJ = há uma determinação pela interpretação literal das normas legais que disponham sobre isenção.

• Conforme previsão do art. 178 CTN, a lei que concede a isenção pode ser revogada a qualquer tempo, salvo se tiver sido
concedida por prazo certo e sob determinadas condições – É ISSO O QUE A SÚMULA 544 CORROBORA!

• Quando a isenção for concedida por prazo certo e em observância a determinadas condições, ela é conhecida como
ISENÇÃO ONEROSA. Ela foi disposta pelo legislador infraconstitucional dessa forma (não poder ser revogada a qualquer
tempo) tendo em vista a máxima da SEGURANÇA JURÍDICA e do DIREITO ADQUIRIDO para aqueles que estão
cumprindo os requisitos.

Isenção por prazo certo: caracteriza-se por vigorar por determinado prazo estabelecido em lei, de
forma que os seus efeitos cessarão tão logo se esgote o prazo referido. Vale lembrar que, como
vimos, o art. 178 CTN estabelece que a isenção a prazo certo e onerosa não pode ser revogada
durante a sua vigência. Significa dizer que, se a lei for revogada, deverá ser respeitado o direito
adquirido de quem já estava no gozo do benefício.
“Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições,
pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art.
104.”

O art. 104 dispõe sobre a vigência da legislação tributária e determina:

“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua
publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:

I - que instituem ou majoram tais impostos;

II - que definem novas hipóteses de incidência;

III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao
contribuinte, e observado o disposto no artigo 178”

A lei concede a isenção para que determinada pessoa ou situação não esteja obrigada a pagar o tributo. Ela
pode ser concedida de modo restrito para uma certa região do território da entidade tributante, em razão de
condições que lhe forem peculiares (é o que dispõe o art. 176, parágrafo único).

“Art. 176. (...) Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região
do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.”
SÚMULAS DO STJ

Súmula 112: “O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em
dinheiro”

SÃO AQUELAS HIPÓTESES QUE JÁ DISCUTIMOS, HAVENDO UMA AÇÃO NA QUAL UM DOS PEDIDOS
REFERE-SE AO DEPÓSITO, ENTÃO, SE FOR REALIZADO, DEVERÁ OCORRER INTEGRALMENTE AO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO DISCUTIDO (VALOR ENTENDIDO PELO FISCO) E DEVERÁ OCORRER EM DINHEIRO!

Súmula 135: “O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes”

➪ AQUI ESTAMOS FALANDO DE MAIS UMA SITUAÇÃO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, NESSE CASO A
IMUNIDADE MUSICAL:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou


literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem
como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013);
• Essa imunidade foi trazida pela EC 75/13 (originária da “PEC da música”). Ela é objetiva, pois recai sob objetos, que
são os fonogramas (reprodução de voz) e videofonogramas (reprodução de voz e imagem);

• Antes de 2013, os fonogramas e videofonogramas recebiam os custos tributários normalmente, e a partir de então
passaram a ser imunes;

• Fonograma = é registro exclusivamente sonoro = toda gravação de som;

• Videofonograma = há a fixação de imagem e som em suporte material = exemplo são as gravações de imagens e
sons em DVD de show;

• Suportes materiais = eles também são objeto de exoneração de impostos, com base nessa imunidade, como
CD, DVD, que são utilizados na produção de tais obras (sobre isso, os suportes DEVEM CONTER fonogramas
e/ou videofonogramas) ;

• Deve ter musical, MÚSICA CANTADA/VOZ, ou a norma não irá abranger – por isso alguns a chamam de imunidade
musical;

• O seu objetivo é desonerar impostos sobre a obra artística musical brasileira – é BRASILEIRA – deve estar sendo
gravada no BRASIL. É uma forma de tentar conter a pirataria - o crime contra a propriedade material;

• Também há o objetivo de difundir a cultura;

• Quem for cantor, deve ser brasileiro ou, sendo estrangeiro, a música que canta deve ser de autor
brasileiro – uma obra brasileira;
Conforme vimos ao final desse dispositivo, há uma ressalva, sendo assim: “salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser”

Mas o que isso significa?

A produção e posterior comercialização dos fonogramas e videofonogramas passa por 3 diferentes


etapas, sendo elas:

1) Etapa de produção ➪ estúdio ➪ gravação;


2) Etapa de industrialização ➪ indústria ➪ replicação da matriz;
3) Etapa de comercialização ➪ comércio ➪ distribuição e venda;

A CONSTITUIÇÃO ESTABELECE QUE ESSA IMUNIDADE NÃO ATINGE A SEGUNDA ETAPA!

Ao passo que as outras duas, etapas 1 e 3, possuem a imunidade tributária musical.

Sendo assim, na etapa 2, de industrialização, haverá a incidência do IPI, enquanto que as outras
duas:

1) Etapa de produção ➪ imune ao ISS

2) Etapa de comercialização ➪ (distribuir e vender esse produto) imune ao ICMS


Súmula 166: “Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para
outro estabelecimento do mesmo contribuinte”

• É sob a operação de circulação de mercadorias e não o mero circular destas – para haver
incidência exige operação jurídica - troca de titularidade;

• A prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal (se ficar apenas em um


único município não incide, pois será hipótese de ISS = logo não é todo e qualquer serviço de
transporte, mas apenas aqueles interestaduais e intermunicipais);

- STF: O SIMPLES DESLOCAMENTO DE COISAS DE UM ESTABELECIMENTO PARA OUTRO,


SEM TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE, NÃO GERA A INCIDÊNCIA DO ICMS (não gera
direito à cobrança desse imposto)

- ➩ deve haver o envolvimento de ato mercantil e isso não se dá nos atos de simples
movimentação de um estabelecimento para outro;

- Logo: a não-incidência do imposto deriva da inexistência de operação ou negócio mercantil, havendo


mero deslocamento;

- Vemos, então, que para a ocorrência do fato oponível (considerado ocorrido o FG e gerando a
incidência desse imposto = sua cobrança) faz-se imprescindível a CIRCULAÇÃO JURÍDICA
da mercadoria com a TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE;
Cabe destacar que não importará se esse deslocamento físico é intermunicipal ou interestadual
(passa por estados distintos), pois se referir-se a deslocamento de mercadorias entre
estabelecimentos de uma MESMA empresa, NÃO será devido o imposto;

Exemplo: o deslocamento de mercadorias feito por Pessoa Jurídica de sua matriz para uma de
suas filiais ➪ não irá gerar a incidência do ICMS em tais casos;

Súmula 360: “O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a
lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo”

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,


acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo
dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de


qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

Ex: deixou de pagar o tributo, mas antes do fiscal “bater na porta”, vai e quita o tributo e os juros,
isso te livrará da multa e excluirá a penalidade!

- Ainda, de acordo com esse art, se não sabe o montante devido, pode pedir ao fisco um
arbitramento e terá o benefício da denúncia espontânea se depositar a quantia arbitrada (afasta
a penalidade).
➪ isso pois não foi realmente espontâneo! Portanto, se o pagamento ocorrer após o início da
fiscalização, então restará descaracterizada a denúncia espontânea e, logo, exigível a multa de
mora, como resultado da responsabilidade do sujeito passivo pelo débito.

➪ NO CASO DO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO NÃO HÁ ESSE BENEFÍCIO PORQUE


TODOS OS ATOS SÃO PRATICADOS PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE, POR ISSO NÃO HÁ O
QUE SE FALAR EM UMA DENÚNCIA ESPONTÂNEA.

Neste, o fisco apenas irá chancelar tal apuração quando entender que essa se deu de modo
correto. Assim, a administração pode concordar (homologa expressa ou tacitamente) ou discordar
dessa atividade, podendo, nesse último caso, havendo eventual erro/diferença, realizar o
lançamento de ofício.

• O objetivo de sua existência é incentivar os devedores a cumprirem a legislação tributária, ainda


que fazendo isso “fora do tempo certo”;

• Se refere, portanto, a uma possibilidade que o sujeito passivo em atraso com suas obrigações
tributárias tem para “reparar” a sua infração;

➪ Acerca das multas que são afastadas pela denúncia espontânea: é entendimento
consolidado na jurisprudência do STJ que TODAS AS MULTAS SERÃO AFASTADAS
POR OCASIÃO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA INFRAÇÃO, de modo que resta
ao sujeito passivo o dever de pagar, apenas, o tributo e os juros respectivos.

Você também pode gostar