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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS

Renato de Pretto
Direito Tributário
Aula 3

ROTEIRO DE AULA

Continuação:
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS – CF 88
- Adoção da teoria pentapartida ou pentapartite ou quinquipartite ou quinquipartida (STF, RE 146.733):
1) Impostos (art. 145, I) – U, E, DF e M;
2) Taxas (art. 145, II) - U, E, DF e M;
3) Contribuição de Melhoria (art. 145, III) - U, E, DF e M;
4) Empréstimos Compulsórios (art. 148) – só U;
5) Contribuições Especiais (art. 149 e art. 149-A):
5) Contribuições Especiais (arts. 149 e 149-A, CF):
5.1) Sociais:
- Gerais – só U;
- De seguridade social (*) – regra: U;
5.2) de intervenção no domínio econômico (CIDE)– só U;
5.3) de interesse de categorias profissionais/econômicas – só U;
5.4) CIP/COSIP (art. 149-A, CF) – só M e DF.

3. CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS ou CONTRIBUIÇÕES


CORPORATIVAS ou CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS
(i) Contribuições ou “Anuidades” aos Conselhos de fiscalização profissional:
- Entidades de natureza autárquica federal (ex.: CRM, CREA);

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(...)
- Inadimplência de anuidade em conselho profissional e suspensão das atividades:

No RE 647.885 (Órgão julgador: Tribunal Pleno, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Julgamento: 27/04/2020, Publicação:
19/05/2020), foi declarada a inconstitucionalidade dos artigos 34, inciso XXIII, e 37, parágrafo 2º, Estatuto da Advocacia
(Lei 8.906/1994), que previam a sanção, e fixada a seguinte tese para fins de repercussão geral (Tema 732):

"É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do exercício laboral de seus inscritos
por inadimplência de anuidades, pois a medida consiste em sanção política em matéria tributária".

Obs.: A OAB pode realizar a cobrança da anuidade por meio de ação de execução.

(ii) Contribuições do Sistema “S” (art. 240, CF) – SESI, SESC, SENAI, SENAC.
Existe controvérsia na doutrina quanto às contribuições ao Sistema “S” serem contribuição corporativa ou contribuição
social geral. Contudo, dependem de lei ordinária e observam o princípio da anterioridade do exercício financeiro e
nonagesimal.

CF, Art. 240. “Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a
folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema
sindical.”

4. CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (EC 39/02)


(i) Tributo finalístico: a finalidade ou destinação da CIP/COSIP é o custeio de iluminação pública.

(ii) Competência: Municípios e Distrito Federal (*);

CF, Art. 149-A. “Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o
custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.”
(Artigo acrescentado conforme determinado na Emenda Constitucional nº 39, de 19.12.2002, DOU 20.12.2002)

- Criação diante da inconstitucionalidade da taxa de iluminação pública:


O art. 149-A foi inserido na Constituição pela EC 39/02 após a declaração de inconstitucionalidade de taxas de iluminação
pública instituídas pelos municípios - o STF entendeu não ser serviço público específico e divisível, mas sim uti universi.

Súmula nº 670, STF. “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.”

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CONVOLAÇÃO NA
Súmula Vinculante nº 41, STF. “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.”

- Constitucionalidade da CIP e de suas alíquotas progressivas:

A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia
elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um
imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação
individualizada de um serviço ao contribuinte.
[STF, RE 573.675, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 25-3-2009, P, DJE de 22-5-2009, Tema 44.]

(iii) contribuintes: consumidores de energia elétrica (STF, RE 573.675);

(iv) Base de cálculo: possibilidade sobre o próprio valor da conta de energia elétrica.
O valor da fatura de energia elétrica pode ser a base de cálculo CIP/COSIP.

- Progressividade viável (reforço dos princípios da igualdade e capacidade contributiva);

- Ausência de vedação à sua exigência no art. 155, § 3º, CF:

CF, Art. 155, § 3º. “À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro
imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,
combustíveis e minerais do País.”

Não é possível a cobrança de nenhum outro imposto sobre as operações de energia elétrica que não o ICMS, o imposto
de importação e o imposto de exportação. Como a CIP/COSIP se trata de contribuição, ela pode ser cobrada.

(v) Cobrança para investimento em melhorias e ampliação da rede de iluminação pública:


O STF entendeu pela constitucionalidade da cobrança da CIP/COSIP para investimentos, melhorias e ampliações das redes
de energia elétrica.

Em 15/09/2020, foi publicado o trânsito em julgado do acórdão de mérito proferido no RE nº 666.404, relativo ao Tema
696 do STF, para ciência e providências cabíveis.
Firmou- se a seguinte tese:
"É constitucional a aplicação dos recursos arrecadados por meio de contribuição para o custeio da iluminação pública na
expansão e aprimoramento da rede."

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(FCC - 2022 / MPE-PE / Promotor de Justiça) À luz da disciplina constitucional dos princípios gerais do poder de tributar:
A) Estados, Municípios e Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do
serviço de iluminação pública, facultada sua cobrança na fatura de consumo de energia elétrica.
B) Somente a União poderá instituir contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos
servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da
base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
C) A União, mediante medida provisória, poderá instituir empréstimos compulsórios para atender a despesas
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.
D) Compete exclusivamente aos Estados Federados instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas.
E) Quando houver déficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor
dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário mínimo.
Gabarito: E

Art. 149, § 1º-A, CF. “Quando houver déficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá
incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo.”

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS


(Considerações Gerais)

As limitações constitucionais ao poder de tributar são o gênero que possui como espécies os princípios constitucionais
tributários e as imunidades tributárias.

A limitação constitucional ao poder de tributar que exige regulamentação infraconstitucional é realizada por meio de lei
complementar.

SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO (arts. 145/162, CF)


* CF na área tributária (“a Constituição não criou tributo”):
1- discriminou competências tributárias;
2- classificou os tributos em espécies e subespécies;
3- traçou a regra-matriz das várias espécies e subespécies tributárias;
4- apontou as limitações ao “poder de tributar”;
5- delimitou a repartição de receitas tributárias (arts. 157/162, CF).

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

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(i) Formas de exteriorização das limitações constitucionais ao poder de tributar: princípios e imunidades;
(ii) Art. 146, II, CF: necessidade de lei complementar para regulá-las (*);

CF, Art. 146. “Cabe à lei complementar:


I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre (...).

CF, Art. 146-A. “Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir
desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

Em suma: a lei complementar deve ser utilizada em caso de:


- Conflito de competência em matéria tributária que envolva entes federados;
- Regulamentação das limitações constitucionais ao poder de tributar;
- Normas gerais em matéria de legislação tributária; e
- Prevenção de desequilíbrios da concorrência (PDC).

- Imunidades e lindes em lei complementar:


STF: (...) a reserva de lei complementar aplicada à regulamentação da imunidade tributária, prevista no art. 195, § 7º, da
Constituição Federal (CF), limita-se à definição de contrapartidas a serem observadas para garantir a finalidade
beneficente dos serviços prestados pelas entidades de assistência social, o que não impede seja o procedimento de
habilitação dessas entidades positivado em lei ordinária. (...) Portanto, não se pode conceber que o regime jurídico das
entidades beneficentes fique sujeito a flutuações legislativas erráticas, não raramente influenciadas por pressões
arrecadatórias de ocasião. É inadmissível que tema tão sensível venha a ser regulado por medida provisória. (...) Aspectos
meramente procedimentais referentes à certificação, à fiscalização e ao controle administrativo continuam passíveis de
definição em lei ordinária. A lei complementar é forma somente exigível para a definição do modo beneficente de atuação
das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF, especialmente quanto às contrapartidas a
serem observadas por elas.
ADI 2028/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento em 23.2 e 2.3.2017.
ADI 2036/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento em 23.2 e 2.3.2017.

- Regulamentação, por exemplo, da imunidade do art. 195, § 7º, da CF na Lei Complementar nº 187, de 16 de dezembro
de 2021, haja vista a exigência do art. 146, inciso II, da CF.

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(iii) Rol não exaustivo do art. 150, CF (expressão “sem prejuízo de outras garantias” no art. 150, caput, da CF1): o art. 150
da CF trata principalmente das limitações constitucionais ao poder de tributar, sendo um rol exemplificativo.

(iv) Basicamente nos arts. 145, § 1º2 e 150/152, CF3.

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CF, Art. 150. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:”
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CF, Art. 145, § 1º. “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados
os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”
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CF, Art. 150. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão
de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos;
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº
3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros
e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham,
salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de
15.10.2013)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III,
c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

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(v) Limitações Gerais (art. 150, CF – compreendem todos os entes federados) e Limitações Específicas (União – art. 151,
CF – e Estados/DF/Municípios – art. 152, CF):

- Limitações gerais ao poder de tributar: aplicáveis a todos os entes federados (art. 150 da CF);

- Limitações específicas ao poder de tributar: não se aplicam a todos os entes federados - as limitações previstas no art.
151 se destinam à União, ao passo que as limitações previstas no art. 152 da CF se destinam aos Estados, Distrito Federal
e Municípios.

(vi) Correlação possível com as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, I e IV, CF4) – STF, ADI 939;

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere
ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação
ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente
ao bem imóvel.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados
com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e
serviços.
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §
2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou
contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso
não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)”
CF, Art. 151. “É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os
proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.”
CF, Art. 152. “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de
qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.”
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CF, Art. 60, § 4º. “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;

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(vii) Resguardo da segurança (art. 150, I e III, CF), da justiça tributária (arts. 145, § 1º e 150, II e IV, CF), da liberdade (art.
150, VI, “b” e “d”, CF) e da federação (arts. 150, V, VI, “a”, 151 e 152, CF).

As limitações constitucionais ao poder de tributar compreendem alguns valores:


1) Segurança jurídica (art. 150, I e III, CF);
2) Capacidade contributiva (arts. 145, § 1º, CF);
3) Igualdade tributária (arts. 150, II e IV, CF)
4) Vedação ao tributo com efeito confiscatório (art. 150, IV, CF).
5) Liberdade; e
6) Forma federativa de Estado.

Legalidade Tributária
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA
(i) Previsão:
CF, Art. 150. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”

(ii) Conteúdo do princípio da legalidade – art. 97, CTN (*)


- Rol taxativo: o STF entende que o rol do art. 97 do CTN é taxativo.

CTN, Art. 97. “Somente a lei pode estabelecer:


I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e
do seu sujeito passivo;
IV - a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela
definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.”

Obs.: A alíquota e a base de cálculo são os elementos quantitativos do tributo e precisam de previsão legal.

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;


III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.”

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- Exemplo: necessidade de lei para instituição ou majoração de taxa: o aumento de uma taxa depende de lei - logo, o
ato de tribunal não pode aumentar uma taxa.

LEGALIDADE TRIBUTÁRIA e TAXAS JUDICIÁRIAS.


De acordo com a orientação jurisprudencial do STF, a instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça
afronta o princípio da reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias (STF, ADI
1.709, rel. min. Maurício Corrêa, j. 10-2-2000, P, DJ de 31-3-2000).

Obs.: Por ser um rol taxativo, não depende de lei tudo o que não está previsto no rol do art. 97 do CTN.

Exemplos:
- Prazo para pagamento ou vencimento do tributo? Desnecessidade de lei para regulamentá-lo, pois não se encontra o
art. 97 do CTN (STF, RE 195.218 e RE 182.971) (exemplo: a data de pagamento do tributo pode ser estabelecida por meio
de decreto do prefeito);

- Obrigações tributárias acessórias? Desnecessidade de lei para instituí-las, pois não está no rol do art. 97 do CTN (basta
“legislação tributária” – art. 96 c/c art. 113, § 2º, ambos do CTN5).

(iii) Correção monetária e dispensa de lei:


A correção monetária é a atualização da moeda diante do fenômeno inflacionário. Por esse motivo, sua incidência não
depende de lei.

CTN, Art. 97, § 2º. “Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do
valor monetário da respectiva base de cálculo.”

- Correção monetária e índices próprios pelos Estados:

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CTN, Art. 96. “A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as
normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”
CTN, Art. 113. “A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária
e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no
interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade
pecuniária.”

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- Possibilidade (art. 24, I, CF6); exemplo: UFESP;
- Índices federais como limite: o STF entende que os entes federados podem fixar índices próprios de correção monetária
desde que não superem os índices federais.

JURISPRUDÊNCIA:
Em 26/09/2019, foi publicado o acórdão de repercussão geral reconhecida e mérito julgado no ARE 1.216.078 relativo ao
Tema 1062 do STF, com fixação da seguinte tese:
“Os estados-membros e o Distrito Federal podem legislar sobre índices de correção monetária e taxas de juros de mora
incidentes sobre seus créditos fiscais, limitando-se, porém, aos percentuais estabelecidos pela União para os mesmos
fins.”

Súmula nº 160, STJ. “É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial
de correção monetária.”

E para os Municípios?
- Acompanhar julgamento do Tema nº 1217 – Fisco - Municípios - Correção - Juros – STF, RE 1.346.152: Possibilidade de
os municípios fixarem índices de correção monetária e taxas de juros de mora para seus créditos tributários em percentual
superior ao estabelecido pela União para os mesmos fins.

Aos municípios se aplica o mesmo entendimento fixado em relação aos Estados: os municípios podem fixar índices
próprios de correção monetária desde que não superem os aplicados aos tributos federais.

Contudo, está pendente de julgamento no STF a possibilidade dos municípios possuírem índices próprios de correção
monetária de taxas e juros.

Obs.: o STF entende pela possibilidade dos Estados e o DF possuírem índices próprios de correção monetária de taxas e
juros (art. 24, I, CF).

(FGV – 2022/TJ-SC/Juiz de Direito) O Estado Alfa, por meio de lei ordinária estadual, fixou a taxa dos juros de mora
incidentes sobre seus créditos tributários não pagos no vencimento, em valor inferior àquela aplicada por legislação
federal para os créditos tributários da União.
Diante desse cenário, o Estado Alfa:
A) não poderia tratar do tema por lei ordinária, sendo exigível lei complementar estadual;

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CF, Art. 24. “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;”

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B) não poderia por lei local aplicar taxas de juros de mora diferentes daquelas previstas para os mesmos fins na União;
C) não poderia ter contrariado a fixação da taxa de juros de mora expressamente prevista no Código Tributário Nacional;
D) poderia fixar tal taxa de juros de mora diferenciada por lei ordinária estadual;
E) poderia fixar tal taxa de juros, desde que com autorização do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ).
Gabarito: D.

(iv) Atualização da base de cálculo (dispensa lei) x aumento da base de cálculo (necessidade de lei):

LEGALIDADE TRIBUTÁRIA.
Na esteira da orientação do STF, “é inconstitucional a majoração do IPTU sem edição de lei em sentido formal, vedada
a atualização, por ato do Executivo, em percentual superior aos índices oficiais” (RE 648.245, rel. min. Gilmar Mendes,
j. 1º-8-2013, P, DJE de 24-2-2014, com repercussão geral).

O STF considera a atualização constitucional quando o índice oficial de correção monetária é observado pelos entes.

STF, Tema nº 1085 (RE 1258934) – Tese fixada:


“A inconstitucionalidade de majoração excessiva de taxa tributária fixada em ato infralegal a partir de delegação legislativa
defeituosa não conduz à invalidade do tributo nem impede que o Poder Executivo atualize os valores previamente fixados
em lei de acordo com percentual não superior aos índices oficiais de correção monetária”.

(v) Medida Provisória (art. 62, § 2º, CF): possibilidade em matéria tributária, salvo se matéria tributária reservada à lei
complementar (art. 62, § 1º, III, CF)*.

Art. 62, § 2º, CF. “Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153,
I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada.”

- É cabível a edição de medida em matéria tributária, salvo nos casos em que a matéria é reservada à lei complementar.

Exemplo: art. 146, I a III, CF; 146-A, CF; empréstimos compulsórios (art. 148 da CF).

CF, Art. 62, § 1º. “É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
(...)
III - reservada a lei complementar;

(vi) Lei ≠ “legislação tributária” (art. 96, CTN)

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A expressão “legislação tributária” é mais ampla e compreende leis, tratados e convenções internacionais, decretos e
normas complementares “que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”.

CTN, Art. 96. “A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os
decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.”

Obs: Legalidade tributária = lei.

(vii) Aparentes exceções ou “legalidade flexível” ou mitigações ou atenuações ou exceções (posição minoritária quanto
a esse último sinônimo – “exceções”) ao Princípio da Legalidade Tributária:
- Alterações que se seguem apenas para as ALÍQUOTAS (e não para a base de cálculo);
(a) art. 153, § 1º, CF: II, IE, IPI e IOF – impostos extrafiscais;
(b) Art. 155, § 4º, IV, c, CF: ICMS-combustíveis monofásico;

- ICMS, como regra, é plurifásico: incidência na produção, indústria e comércio;


(c) Art. 177, § 4º, I, b, CF: CIDE-combustíveis.

CF, Art. 153, § 1º. “É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as
alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”

O art. 153, §1º da CF permite que ato do Poder Executivo estabeleça as alíquotas dos impostos extrafiscais (imposto de
importação, exportação, IPI e IOF) dentro das alíquotas mínimas e máximas fixadas em lei.

Obs.: Os impostos extrafiscais são utilizados para estimular ou desestimular a economia.

CF, Art. 177, § 4º, I, b. “A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de
importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá
atender aos seguintes requisitos:
I - a alíquota da contribuição poderá ser:
(...)
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b;”

CF, Art. 155, § 4º, IV, c. “Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:
(...)

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IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII,
g, observando-se o seguinte:
(...)
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.
- Não recepção dos arts. 21, 26 e 65 do CTN7: ato do Poder Executivo não pode alterar base de cálculo do II, IE e IOF,
respectivamente.

(viii) Lei delegada (art. 68, CF8): pode ser utilizada em matéria tributária, salvo se a matéria for reservada à lei
complementar (art. 68, § 1º, CF);

(ix) Decreto ou regulamento delegado: impossibilidade (STF);


Exemplo: lei genérica estadual que autorizava benefício fiscal e deixa a definição da incidência a cargo do Poder Executivo
- é inconstitucional porque o princípio da legalidade tributária exige a regulamentação específica pelo Poder Legislativo.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI PARAENSE N. 6.489/2002. AUTORIZAÇÃO


LEGISLATIVA PARA O PODER EXECUTIVO CONCEDER, POR REGULAMENTO, OS BENEFÍCIOS FISCAIS DA REMISSÃO E DA
ANISTIA. PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DA RESERVA ABSOLUTA DE LEI FORMAL. ART. 150, § 6º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1. A adoção do processo legislativo decorrente do art. 150, § 6º,
da Constituição Federal, tende a coibir o uso desses institutos de desoneração tributária como moeda de barganha para
a obtenção de vantagem pessoal pela autoridade pública, pois a fixação, pelo mesmo Poder instituidor do tributo, de
requisitos objetivos para a concessão do benefício tende a mitigar arbítrio do Chefe do Poder Executivo, garantindo que
qualquer pessoa física ou jurídica enquadrada nas hipóteses legalmente previstas usufrua da benesse tributária,
homenageando-se aos princípios constitucionais da impessoalidade, da legalidade e da moralidade administrativas (art.
37, caput, da Constituição da República). 2. A autorização para a concessão de remissão e anistia, a ser feita “na forma

7
CTN, Art. 21. “O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo
do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.”
CTN, Art. 26. “O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do
imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.”
CTN, Art. 65. “O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do
imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária.”
8
CF, Art. 68. “As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.”

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prevista em regulamento” (art. 25 da Lei n. 6. 489/2002), configura delegação ao Chefe do Poder Executivo em tema
inafastável do Poder Legislativo. 3. Ação julgada procedente. (STF, ADI nº 3462-6).

- Flexibilização da posição inicial pelo STF desde que exista o desenho mínimo na lei no caso de delegação legislativa:

Ao remeter a disciplina do parcelamento às regras atinentes à moratória, a lei complementar exigiu que a legislação
definidora do instituto promovesse a especificação mínima das condições e dos requisitos para sua outorga em favor do
contribuinte. Em matéria de delegação legislativa, a jurisprudência da Corte tem acompanhado um movimento de
maior flexibilização do Princípio da Legalidade, desde que o legislador estabeleça um desenho mínimo que evite o
arbítrio. O grau de indeterminação com que operou a Lei estadual 11.453/2000, ao meramente autorizar o Poder
Executivo a conceder o parcelamento, provocou a degradação da reserva legal, consagrada pelo art. 150, I, da CF. Isso
porque a remessa ao ato infralegal não pode resultar em desapoderamento do legislador no trato de elementos essenciais
da obrigação tributária. Para o respeito do princípio da legalidade, seria essencial que a lei (em sentido estrito), além de
prescrever o tributo a que se aplica (IPVA) e a categoria de contribuintes afetados pela medida legislativa (inadimplentes),
também definisse o prazo de duração da medida, com indicação do número de prestações, com seus vencimentos, e as
garantias que o contribuinte deva oferecer, conforme determina o art. 153 do CTN.
[STF, ADI 2.304, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-4-2018, P, DJE de 3-5-2018.]

O STF admite a flexibilização do princípio da legalidade tributária e permite que a complementação ou a regulamentação
seja realizada pelo Poder Executivo quando a lei desenhar seus contornos mínimos.

Tema 829 - Validade da exigência da taxa para expedição da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), baseada na Lei
6.994/1982, que estabeleceu limites máximos para a ART.
(Relator: MIN. DIAS TOFFOLI, Leading Case: RE 838284)
“Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa
em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio
conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.”

(x) Princípio da transparência fiscal ou transparência da carga tributária ou transparência dos impostos (art. 150, § 5º,
CF; regulamentado pela Lei nº 12.741/12);

- Reforço no art. 6º, III, do Código de Defesa do Consumidor9 (Lei nº 8.078/90);

9
CDC, Art. 6º, III. “”

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CF, Art. 150, § 5º. “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que
incidam sobre mercadorias e serviços.”

(xi) Concessão de benefícios ou incentivos fiscais: lei específica indispensável (art. 150, § 6º, CF);

- Procura-se evitar o “contrabando legislativo”.

CF, Art. 150, § 6º. “Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou
remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual
ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição,
sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g.”

O art. 150, §6º, da CF evita que um benefício fiscal seja inserido em projeto de lei sem que ele tenha pertinência com o
objeto do projeto.

Igualdade Tributária
IGUALDADE EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

(i) Previsão (*):


CF, Art. 150. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
(...)
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica
dos rendimentos, títulos ou direitos;”

O princípio da igualdade/isonomia em matéria tributária proíbe discriminações arbitrárias e busca o mesmo tratamento
aos contribuintes de situações equivalentes.

(ii) Finalidade:
- Vedação a diferenciações arbitrárias, a “privilégios odiosos”;

- Exemplo: inconstitucionalidade de lei estadual que concedeu, indevidamente, isenção aos membros do Ministério
Público de custas e emolumentos (STF, ADI 3260/RN) (*);

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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 271 DA LEI ORGÂNICA E ESTATUTO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE --- LEI COMPLEMENTAR N. 141/96. ISENÇÃO CONCEDIDA AOS
MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO, INCLUSIVE OS INATIVOS, DO PAGAMENTO DE CUSTAS JUDICIAIS, NOTARIAIS,
CARTORÁRIAS E QUAISQUER TAXAS OU EMOLUMENTOS. QUEBRA DA IGUALDADE DE TRATAMENTO AOS
CONTRIBUINTES. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 150, INCISO II, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. A lei complementar
estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e
quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no artigo 150, inciso II, da Constituição do Brasil. (STF, ADI 3260).

- STF invalida leis de SE e do CE que isentam servidores estaduais de taxa de concurso público (maio/2022)
Para a maioria do colegiado, as normas criam privilégio incompatível com a ordem constitucional. O Plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de leis dos Estados de Sergipe e do Ceará que concediam isenção
do pagamento de taxa de inscrição em concursos a servidores públicos estaduais. Na sessão virtual concluída em 13/5, o
colegiado, por maioria, julgou procedentes as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 3918 (SE) e 5818 (CE),
ajuizadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=487249&ori=1

(CESPE / CEBRASPE - 2020 / MPE-CE / Promotor de Justiça) Considerando as limitações constitucionais ao poder de
tributar, analise o enunciado:
É vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, salvo se a distinção
se der em razão da sua ocupação profissional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Gabarito: Errado.

O STF entendeu pela constitucionalidade da isenção de taxa de concurso público para desempregados, pois ela observa
o princípio da capacidade contributiva. Por outro lado, entendeu pela inconstitucionalidade da lei de isenção de IPTU a
servidores estaduais e também de outra lei que concedeu isenção de ICMS para aquisição de automóveis por oficiais de
justiça.

Obs.: O STF e o STJ possuem jurisprudência no sentido de que o Poder Judiciário não pode conceder isenção a situações
não descritas em lei sob pena de violar o princípio da igualdade (art. 18 do CTN).

Exemplo: isenção para produtores da região norte e nordeste visando o desenvolvimento da região).

- Outros Precedentes do STF:


- Isenção de taxa de inscrição em concurso público para desempregado (STF, ADI 2672): constitucionalidade (o
desempregado não possui capacidade contributiva, motivo pelo qual é possível a concessão da isenção);

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- Inconstitucionalidade de lei municipal que concedeu isenção de IPTU em razão da qualidade de servidor estadual do
contribuinte (STF, AGRAG 157.871-9);

- Inconstitucionalidade de lei estadual que concedeu isenção de ICMS à operação de aquisição de automóveis por oficiais
de justiça estaduais (STF, ADI 4.276, Rel. Min. Luiz Fux).

Não é possível ao Judiciário estender isenção (ex.: alíquota do IPI diferenciada para os produtores de açúcar localizados
nos Estados das regiões norte e nordeste) a contribuintes não contemplados pela lei, a título de isonomia, visto que a
concessão de tal benesse é ato discricionário, no qual o Poder Executivo implementa suas políticas fiscais, sociais e
econômicas (STF, RE 344.331-PR); confira ainda: arts. 108, § 2º e 111, II, ambos do CTN;

- No entanto, confira a ADO 30 do STF:

(...) 2. A isenção do IPI de que trata o art. 1º, IV, da Lei nº 8.989/95 foi estabelecida como uma forma de realizar políticas
públicas de natureza constitucional, consistentes no fortalecimento do processo de inclusão social das pessoas
beneficiadas, na facilitação da locomoção dessas pessoas e na melhoria das condições para que elas exerçam suas
atividades, busquem atendimento para suas necessidades e alcancem autonomia e independência. (...) 4. O poder
público, ao deixar de incluir as pessoas com deficiência auditiva no rol daquele dispositivo, promoveu políticas públicas
de modo incompleto, ofendendo, além da não discriminação, a dignidade da pessoa humana e outros direitos
constitucionalmente reconhecidos como essenciais, como os direitos à mobilidade pessoal com a máxima
independência possível, à acessibilidade e à inclusão social. Tal omissão constitui violação da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada conforme o art. 5, § 3º, da CF/88. Necessidade do controle jurisdicional.
(...) 6. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão julgada procedente, declarando-se a inconstitucionalidade por
omissão da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, determinando-se a aplicação de seu art. 1º, inciso IV, com a redação
dada pela Lei nº 10.690/03, às pessoas com deficiência auditiva, enquanto perdurar a omissão legislativa. Fica
estabelecido o prazo de 18 (dezoito) meses, a contar da data da publicação do acórdão, para que o Congresso Nacional
adote as medidas legislativas necessárias a suprir a omissão.
(STF, ADO 30, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG
05-10-2020 PUBLIC 06-10-2020).

JURISPRUDÊNCIA - STF
Simples Nacional: vedação e isonomia.

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O art. 17, V, da LC 123/0610 impede o enquadramento no Simples Nacional do microempreendedor ou empresário de
pequeno porte que possua dívidas fiscais junto aos entes federados e INSS. O STF analisou a questão e entendeu por sua
constitucionalidade por não violar o princípio da isonomia.

É constitucional a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006 (“Art. 17. Não poderão recolher os impostos e
contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: ... V - que possua débito
com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja
exigibilidade não esteja suspensa”). Sublinhou-se que a Corte já teria afirmado não haver ofensa ao princípio da isonomia
tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprimisse tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno
porte de capacidade contributiva distinta, ao afastar do Simples Nacional as pessoas jurídicas cujos sócios teriam condição
de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. A Corte, ainda, teria reconhecido a possibilidade de se
estabelecerem exclusões do regime simplificado com base em critérios subjetivos. Dessa forma, reputou-se não haver
óbice a que o legislador infraconstitucional criasse restrições de ordem subjetiva a uma proteção constitucionalmente
prevista. (...) Dessa perspectiva, a norma em discussão não violaria o princípio da isonomia, mas o confirmaria, pois o
adimplente e o inadimplente não estariam na mesma situação jurídica (STF, RE 627543/RS, rel. Min. Dias Toffoli,
30.10.2013) (Informativo 726, Plenário, Repercussão Geral).

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA


(i) Previsão:
O art. 150, III, da CF protege a segurança jurídica na tributação.

CF, Art. 150, III, a. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;”

Cuidado:
- Irretroatividade tributária: relevância da entrada em vigor da lei;

- Anterioridade tributária: relevância da publicação da lei;

Exemplo: a lei tributária com período de “vacatio legis” só alcança os fatos geradores após sua entrada em vigor.

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LC 123/06, Art. 17. “Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa
de pequeno porte: (...) V. que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal,
Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa;”

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(ii) Retroatividade tributária infraconstitucional - Arts. 106 e 144, § 1º, CTN. (*)
A retroatividade da lei tributária é tratada nos arts. 106 e 144, §1º, do CTN - esses artigos são compatíveis com a
Constituição Federal.

(ii.1)
CTN, Art. 106. “A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos
dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado :
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

Obs.: art. 106, II, “a”, CTN - infração tributária (multa).

● Inciso I – lei interpretativa;


- “Interpretação autêntica” (lei posterior interpretativa declara o conteúdo de lei pretérita);

- Caracterização da interpretação autêntica apenas se a lei for de “conteúdo declaratório”; se de conteúdo constitutivo
(exemplo: mudança da jurisprudência), não pode retroagir.

Por vezes, uma lei pode se intitular como interpretativa para que possa retroagir.
Exemplo: não é possível a retroatividade de uma lei com conteúdo constitutivo que pretende a revisão de jurisprudência.

- Art. 4º, LC nº 118/05. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º,
o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.

Tese de Repercussão Geral:


● É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005, de modo que, para os tributos sujeitos a
homologação, o novo prazo de 5 anos para a repetição ou compensação de indébito aplica-se tão somente às ações
ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005.
[Tese definida no RE 566.621, rel. min. Ellen Gracie, P, j. 4-8-2011, DJE 195 de 11-10-2011, Tema 4]

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● Inciso II - ato não definitivamente julgado por meio do qual tenha sido imposta penalidade (in dubio pro infrator -
retroatividade da lei tributária penalizadora mais benéfica): julgamento administrativo ou judicial (até o momento
anterior ao pagamento);

O art. 106, II, do CTN é aplicado quando o ato relacionado a multa tributária não tiver sido definitivamente julgado.

Exemplo: o contribuinte que questiona uma multa administrativamente ou judicialmente, pode ser beneficiado por uma
lei que estabeleça penalidade mais branda se ela surge antes da questão ser julgada definitivamente.

O STJ entende que em âmbito judicial o ato é definitivamente julgado em caso de adjudicação, arrematação ou remição
(pagamento). Assim, é possível que o contribuinte seja beneficiado quando discute a multa judicialmente e a lei mais
branda é anterior à adjudicação, arrematação ou remição.

STJ:
Tributário. Redução de Multa. Lei Estadual 9.399/96. Art. 106, II, "c", do CTN. Retroatividade. 1. O artigo 106, II, "c", do
CTN, admite que lei posterior por ser mais benéfica se aplique a fatos pretéritos, desde que o ato não esteja
definitivamente julgado. 2. Tem-se entendido, para fins de interpretação dessa condição, que só se considera como
encerrada a Execução Fiscal após a arrematação, adjudicação e remição, sendo irrelevante a existência ou não de
Embargos à Execução, procedentes ou não (STJ, REsp nº 191.530).

Cuidado: Como regra, uma lei que reduz/diminui o tributo não possui retroatividade (art. 144, caput, CF); exceção:
explícita disposição em contrário*.

CTN, Art. 144. “O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então
vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.”

(ii.2) LEI TRIBUTÁRIA PROCEDIMENTAL OU FORMAL


A lei tributária formal ou procedimental é aquela que trata de fiscalização, investigação, garantias ou privilégios atribuídos
ao crédito tributário e podem abarcar fatos geradores que já ocorreram.

- CTN, Art. 144, § 1º. “Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação,
tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das
autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o
efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.”

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O STF e STJ entendem pela possibilidade de retroatividade da lei que instituiu a possibilidade de fiscalização das
movimentações bancárias de contribuintes sem autorização judicial.

SIGILO BANCÁRIO e APLICAÇÃO RETROATIVA DA LC 105/2001.


Conforme orientação jurisprudencial do STJ em REsp Repetitivo (REsp 1134665/SP – Tema 275), “a quebra do sigilo
bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei
8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no
artigo 144, § 1º, do CTN”.

Fornecimento de informações financeiras ao fisco sem autorização judicial:


O art. 6º da LC 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, porque realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por
meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo
da esfera bancária para a fiscal. Por sua vez, a Lei 10.174/2001 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das
leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, § 1º, do CTN.
(STF, tese firmada no julgamento do RE 601314).

- Decisões definitivas sobre questões tributárias perdem eficácia com decisão contrária do STF sem a necessidade de
ação rescisória: 08/02/2023

De acordo com o recente julgamento do STF, é possível a cobrança de tributo declarado constitucional ainda que o
contribuinte possua decisão judicial transitada em julgado (independentemente de ação rescisória).

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (8), que os efeitos de uma decisão definitiva sobre tributos
recolhidos de forma continuada perde seus efeitos no momento em que a Corte se pronunciar em sentido contrário. Por
maioria de votos, ficou definido que a perda de efeitos é imediata, sem a necessidade de ação rescisória.
Em dois recursos extraordinários - RE 955227 (Tema 885) e RE 949297 (Tema 881), de relatoria dos ministros Luís Roberto
Barroso e Edson Fachin, respectivamente, o colegiado, por maioria, também considerou que, como a situação é
semelhante à criação de novo tributo, deve ser observada a irretroatividade, a anterioridade anual e a noventena ou,
no caso das contribuições para a seguridade social, a anterioridade de 90 dias.
Os recursos foram apresentados pela União contra decisões que, na década de 1990, consideraram inconstitucional a lei
que instituiu a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e deram a duas empresas o direito de não recolhê-la. A
União alegava que, apesar da decisão contrária, a cobrança poderia ser retomada desde 2007, quando o STF declarou a
constitucionalidade da norma (ADI 15).
O julgamento foi iniciado na semana passada, e já havia maioria no sentido da perda de efeitos das decisões definitivas
sobre matéria tributária contrárias a entendimento, mesmo que posterior, do STF. Nesse ponto, o Plenário foi unânime.
Eficácia

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Em relação ao marco temporal, prevaleceu o entendimento do ministro Barroso de que, a partir da fixação da posição do
STF em ação direta de inconstitucionalidade ou em recurso extraordinário com repercussão geral, cessam os efeitos da
decisão anterior. Seguiram essa corrente os ministros Gilmar Mendes, André Mendonça, Alexandre de Moraes, e as
ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber (presidente).
O ministro Edson Fachin, que defendia a cessação dos efeitos a partir da publicação da ata desse julgamento, ficou
vencido, juntamente com os ministros Ricardo Lewandowski, Nunes Marques, Luiz Fux e Dias Toffoli, que retificou o seu
voto quanto ao marco temporal.

- Teses aos Temas 881 e 885:


1. As decisões do STF em controle incidental de constitucionalidade, anteriores à instituição do regime de repercussão
geral, não impactam automaticamente a coisa julgada que se tenha formado, mesmo nas relações jurídicas tributárias de
trato sucessivo.
2. Já as decisões proferidas em ação direta ou em sede de repercussão geral interrompem automaticamente os efeitos
temporais das decisões transitadas em julgado nas referidas relações, respeitadas a irretroatividade, a anterioridade anual
e a noventena ou a anterioridade nonagesimal, conforme a natureza do tributo.

Anterioridade Tributária Anual


PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA
1. Art. 150, III, “b”, CF (anterioridade de exercício financeiro);
2. Art. 150, III, “c”, CF (anterioridade mínima/nonagesimal);
3. Art. 195, § 6º, CF (anterioridade especial - aplicada apenas às contribuições de seguridade social).

1. De exercício financeiro ou comum ou anual ou geral


(i) Previsão: art. 150, III, b, CF* c/c art. 165, § 9º, I, CF c/c art. 34, Lei nº 4.320/64 – exercício financeiro = ano civil;
- Não se confunde com o já abolido princípio da anualidade (EC 1/69), o qual exigia que o tributo tivesse prévia autorização
na lei orçamentária anual;

- Relevância da publicação neste princípio da anterioridade; relevância da vigência no princípio da irretroatividade.

CF, Art. 150. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

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O art. 34 da Lei 4.320/64 define que o exercício financeiro compreende o ano civil (período de 01/01 a 31/12). Por esse
motivo, o princípio da anterioridade tributária do exercício financeiro também é chamado de anterioridade tributária
anual/comum/geral/genérica.

Lei 4.320/64, Art. 34. “O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.”

Obs.: O princípio da anterioridade não se confunde com o revogado princípio da anualidade tributária (necessidade de
prévia autorização do tributo) na lei orçamentária anual

(ii) É cláusula pétrea: vincula-se ao art. 60, § 4º, IV, CF11 (STF, ADI 939) - esse princípio se relaciona com os direitos e
garantias individuais do contribuinte.

STF:
A EC 3, de 17-3-1993, que, no art. 2º, autorizou a União a instituir o IPMF, incidiu em vício de inconstitucionalidade, ao
dispor, no § 2º desse dispositivo, que, quanto a tal tributo, não se aplica "o art. 150, III, b e VI", da Constituição, porque,
desse modo, violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): o princípio da anterioridade,
que é garantia individual do contribuinte (art. 5º, § 2º, art. 60, § 4º, IV, e art. 150, III, b, da Constituição). [ADI 939, rel.
min. Sydney Sanches, j. 15-12-1993, P, DJ de 18-3-1994.]

Obs.: A inconstitucionalidade do IPMF declarada pelo STF se refere a exigência do tributo no mesmo exercício financeiro
de sua criação, de forma que sua cobrança é possível nos anos seguintes.

Súmula nº 239, STF. “Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada
em relação aos posteriores.”

11
CF, Art. 60, § 4º. “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV - os direitos e garantias individuais.”

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