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Platão era o que chamamos de inatista. Ele acreditava que o conhecimento era inato ao ser humano (já
nascia com ele), mas de uma forma ainda embaçada, esquecida. O ser humano, por meio do processo
de educação, desenvolveria e redescobriria esse conhecimento escondido em sua memória. Descartes
teceu uma defesa parecida: o conhecimento humano era inato, habitando o plano racional, o qual
qualquer humano minimamente saudável e bem formado em suas faculdades mentais pode e consegue
alcançar. É necessária, para o filósofo, uma espécie de treino das faculdades mentais para se alcançar tal
conhecimento.
Sendo assim, a epistemologia o campo filosófico que pergunta como é possível que o ser humano
obtenha conhecimento, e o racionalismo parte da tese de que todo e qualquer conhecimento que se
julgue correto deve partir apenas do raciocínio puro. O racionalismo; por sua vez, como corrente
filosófica atribuiu particular confiança à razão humana, ao passo que acredita que dela se deriva todo o
conhecimento. Saber de onde vinha o conhecimento era uma preocupação da Filosofia. A tentativa de
responder a essa questão resulta no aparecimento de pelo menos duas correntes filosóficas: A doutrina
do racionalismo alega que tudo o que existe tem uma causa inteligível, ainda que essa causa não possa
ser provada empiricamente. Ou seja, somente o pensamento por meio da razão é capaz de atingir a
verdade absoluta. O Racionalismo baseia-se no princípio de que a razão é a principal fonte de
conhecimentos e que essa é inata aos humanos. Assim, o raciocínio lógico seria construído através da
dedução de ideias, tal como os conhecimentos de Matemática, por exemplo.
Surgida essa forma de conhecido no século XVII, o racionalismo ficou definido como uma doutrina em
oposição ao empirismo, atribuindo à razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e estabelecer a
verdade considerando a razão como independente da experiência sensível, posto ser ela inata, imutável
e igual em todos os homens, rejeitando toda e qualquer intervenção dos sentimentos e das emoções,
sendo que no domínio do conhecimento a única autoridade é a razão. O racionalismo privilegia a razão,
como operação mental, discursivo e lógico e qual extrai conclusões de uma proposição verdadeira, falsa
ou provável, rejeitava princípios dogmáticos e parte com princípios da dúvida. Segundo Descartes o bom
senso ou a razão é o que existe de mais distribuído no mundo, por que cada um se julga tão bem dotado
dele que mesmo aqueles que são mais difíceis de se contentar com qualquer outra coisa não costumam
desejar possuí-lo mais do que já tem, assim, a diversidade de opiniões não provem do fato de uns serem
mais racionais do que outros, mas somente do fato de conduzirmos nossos pensamentos por vias
diversas e de não considerarmos as mesmas coisas. Para Descartes, que quando jovem havia estudado
em colégio Jesuíta, a Escolástica estava menos comprometida com o conhecimento e mais com a
tentativa de harmonizar fé (herdada da mentalidade platônica) e razão (herdara do aristotelismo). Não
havia grande espaço para a dúvida; prevalecendo invariavelmente o argumento de autoridade. E é
justamente aí que Descartes empreendeu o seu maior e melhor combate ao longo de sua vida,
duvidando de todas as certezas que tivera até então.
Para além do cogito, Descartes examinou se haveria, por ventura, no espírito outras ideias claras e
distintas e chegou a três suposições:
1. As que parecem ter nascido com a pessoa (inatas).
2. As que aparecem de fora – do mundo exterior (adventícias).
3. As feitas e inventadas por mim mesmo (factícias).
O cogito, dessa maneira, não se dá a ideias inventadas e por influencias externas, mas são ideias já pré-
estabelecidas, inatas e verdadeiras. Pois se encontram no espírito humano como fundamento e
apreensão das coisas exteriores – proveniente da própria razão. A dúvida cartesiana não é um
movimento cético – mas um movimento que participa a possibilidade real do conhecimento e da
verdade das coisas.