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Princípios de

Epistemologia
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS E HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA
PROF. DR. GERSON TENÓRIO DOS SANTOS
Definição de epistemologia

 Estabelece os objetos de cada ciência, determinando-lhes suas


características, fixando-lhes as relações e os princípios comuns, as
leis de desenvolvimento e o método particular;
 enquanto a gnosiologia estuda o conhecimento em suas formas
universais e em seu funcionamento interior, sendo assim um estudo
a priori, a epistemologia analisa o conhecimento a posteriori, na
diversidade da ciência e seus objetos;
 é uma parte da gnosiologia, pois estuda o conhecimento científico
em seu sentido estrito;
 Interessa-se não pelo conteúdo, mas pela estrutura formal do
conhecimento científico, indagando sobre a natureza,
legitimidade, valor dos modos particulares de conhecimento,
como as leis, hipóteses, teorias, etc.
Conceito

 Imagem mental por meio da qual se representa um objeto real ou imaginário;


 O conceito substitui a coisa ao nível da inteligência;
 O conceito é simbolizado pelo termo ou palavra no nível da expressão
linguística;
 Um conceito pode ser representado por várias palavras(ex.: homem, ser
humano);
 e uma palavra pode ter vários conceitos (ex. símbolo, que são conceitos
diferentes na Psicologia Analítica e na Psicologia Cognitiva)
 A compreensão do conceito é o conjunto das propriedades características
que são específicas do objeto pensado; já a extensão é o conjunto dos seres e
dos objetos que realizam determinada compreensão. Quanto mais limitada for
a compreensão de um conceito, mais ampla será a sua extensão e vice-versa
(por ex. o conceito de ‘brasileiro’ é mais limitado que o de ‘paulista’, por isso a
extensão daquele é maior que o deste)
Juízo

 É um ato mental por meio do qual se afirma ou se nega algo,


unindo-se ou separando-se dois conceitos por meio de um verbo.
 A proposição é a enunciação verbal do juízo. Ela vincula um sujeito
e um predicado por meio de um verbo (ex.: Todos os homens são
mortais).
 Quando há vários períodos compostos (por subordinação ou
coordenação) há o encandeamento de várias proposições.
Raciocínio

 É a ordenação de juízos e conceitos;


 Consiste em obter um novo conhecimento a partir de um antigo;
 Possui uma fase antecedente (o conhecimento antigo) e uma fase
consequente (o novo conhecimento).
 Tradicionalmente, a lógica e a ciência trabalham com dois tipos fundamentais
de raciocínio: a dedução e a indução. Na dedução, o antecedente é sempre
constituído de verdades universais previamente aceitas e delas decorrerá de
maneira lógica a conclusão do consequente. Já na indução, o antecedente
constitui-se de casos particulares, fatos da realidade e o consequente de uma
afirmação mais geral.
 Mais recentemente a ciência tem aceito outra forma de raciocínio advinda da
semiótica de Peirce: a abdução, por meio do qual se lançam hipóteses sobre a
verdade de um juízo (ex. Muitos alunos da UNIMES frequentam o Vazquez.
Provavelmente, os jovens que estão do lado de fora tomando cerveja sejam
alunos da UNIMES).
Leis científicas

 São capazes de descrever uma série de fenômenos, são


comprováveis por meio da observação dos fatos e da
experimentação, são capazes de predizer – seja por predição
completa ou estatística – acontecimentos futuros;
 a lei na ciência natural se refere sempre ao caráter de necessidade
de se comprovar empiricamente a regularidade que ocorre em um
grupo de fatos, comprovação esta que realizada geralmente por
indução, pela “passagem do fenômeno à lei”;
 Para Gewandsznadjer (1998), “pode-se dizer que as leis são
hipóteses gerais que foram testadas e receberam apoio
experimental e que pretendem descrever relações ou
regularidades encontradas em certos grupos de fenômeno” (ex.: a
lei da queda livre de Galileu, a lei da conservação da matéria,
etc.)
Teorias científicas

 Seu significado original é contemplação, uma visão inteligível ou uma


contemplação racional;
 Designa uma construção intelectual que aparece como resultado do trabalho
filosófico ou científico (ou ambos);
 Há várias acepções de teoria: descrição da realidade, verdadeira explicação
dos fatos, um tipo de simbolismo, etc.
 Para Gewandsznadjer (1998), “uma teoria é formada por uma reunião de leis,
hipóteses, conceitos e definições interligadas e coerentes. As teorias têm um
caráter explicativa ainda mis geral que as leis”. Ex.: a teoria da evolução, que
explica a adaptação individual, a formação de novas espécies, a sequencia
de fósseis, a semelhança entre espécies aparentadas e vale para todos os
seres vivos. Outro exemplo é a mecânica de Newton, que explica o movimento
dos planetas em torno do sol, ou qualquer outra estrela, formação das marés,
quedas dos corpos, órbitas de satélites e foguetes espaciais, etc.
 A teoria é sempre conjectural, sendo passível de correção e aperfeiçoamento
Hipótese científica

 Etimologicamente quer dizer o que está posto sob alguma coisa com
vistas a sua fundamentação;
 Na linguagem científica, equivale a uma suposição verossímil que
depois é comprovável ou denegável pelos fatos, sendo, assim, uma
hipótese verdadeira ou falsa;
 Não deve apenas ser passível de testes. As hipóteses devem também
ser compatíveis com pelo menos uma parte do conhecimento
científico;
 Os conceitos usados para definir os fenômenos precisam receber uma
definição mais precisa, usualmente chamada de definição
operacional Ex. Há uma tendência genética à obesidade (obesidade
é um conceito vago, mas torna-se operacional se for estabelecido que
uma pessoa obesa está 20% acima de seu peso).
 Nesta perspectiva, a hipótese pode ser compreendida como uma
relação hipotética entre duas variáveis (“Se A, então B”).
MÉTODO

 Uma série de regras para tentar resolver um problema;


 O método científico consiste em testar criticamente e selecionar as
melhores hipóteses e teorias para a solução de um problema;
 Uma das características principais do método científico é tentar
resolver problemas por meio de hipóteses que possam ser testadas
através de observações ou experiências.
Paradigma

 Devemos este conceito a Thomas Kuhn, que em seu livro de 1963, A


estrutura das revoluções científicas, diz que “com tal termo quero
indicar conquistas científicas universalmente reconhecidas, as quais,
por certo período, fornecem um modelo de problemas e soluções
aceitáveis para aqueles que praticam certo campo de investigações”
(apud REALE; ANTISERI, 2006, P. 162).
 Quando o cientista trabalha dentro do paradigma, ele pratica a
ciência normal, pois não coloca em discussão os assuntos de fundo do
paradigma;
 Quando o paradigma entra em crise, pondo em dúvida os dogmas
então vigentes, inicia-se o período da ciência extraordinária.
 Quando o velho paradigma é substituído por um novo, ocorre uma
revolução científica (por. ex.: a substituição do geocentrismo pelo
heliocentrismo).
Crise e mudança de Paradigma
 Khun compara as mudanças no modo de observar um
fenômeno durante as revoluções científicas a mudanças de
Gestalt: “O que eram patos no mundo do cientista antes da
revolução passam a ser coelhos depois dele’” (Khun apud
Gewandsznadjer, 1998, p. 27).
Concepções de ciência

 A concepção racionalista (dos gregos até o séc. XVII) - a ciência é um


conhecimento racional dedutivo e demonstrativo, como a matemática,
portanto, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus
enunciados e resultados, sem deixar qualquer dúvida possível.
 A concepção empirista (da medicina grega e Aristóteles até o final do séc. XX)
- ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e
experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem
completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de
funcionamento. A teoria científica resulta das observações e dos experimentos,
de modo que a experiência não tem simplesmente o papel de verificar e
confirmar conceitos, mas tem a função de produzi-los.
 Ambas as concepções, embora partam de lugares diferentes, consideram a
teoria científica uma representação verdadeira da realidade. A concepção
racionalista era hipotético-dedutiva: definia o objeto e suas leis e disso deduzia
propriedade, efeitos posteriores, previsões. A concepção empirista era
hipotético-indutiva: apresentava suposições sobre o objeto, realizava
observações e experimentos e chegava à definição dos fatos, às suas leis, suas
propriedades, seus efeitos posteriores e previsões.
Concepções de ciência

 A concepção construtivista (iniciada no século XX) - considera a


ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade
e não uma representação da própria realidade. O cientista
combina dois procedimentos – um, vindo do racionalismo, e outro,
vindo do empirismo – e a eles acrescenta um terceiro, vindo da
ideia de conhecimento aproximativo e corrigível.
 São três as exigências de seu ideal de cientificidade:
 1. que haja coerência (isto é, que não haja contradições) entre os princípios
que orientam a teoria;
 2. que os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenômenos) sejam
construídos com base na observação e na experimentação;
 3. que os resultados obtidos possam não só alterar os modelos construídos,
mas também alterar os próprios princípios da teoria, corrigindo-a.
Classificação das ciências
 A moderna classificação das ciências foi proposta no século XIX
por filósofos franceses e alemães com base em três critérios: tipo de
objeto estuado, tipo de método e tipo de resultado obtido. Disso
resultou a classificação que seu usa até hoje:
 Ciências matemáticas ou lógico-matemáticas (aritmética, geometria,
álgebra, trigonometria, lógica, física pura, astronomia pura, etc.);
 Ciências naturais (física, química, biologia, geologia, astronomia,
geografia física, paleontologia, etc.);
 Ciências humanas ou sociais (psicologia, sociologia, antropologia,
geografia humana, economia, linguística, psicanálise, arqueologia,
história, etc.);
 Ciências aplicadas (todas as ciências que conduzem à invenção de
tecnologias para intervir na Natureza, na vida humana e nas
sociedades, como por exemplo, direito, engenharia, medicina,
arquitetura, informática, etc.).
Referências

 ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências


naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo:
Pioneira, 1998.
 CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
 REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: de Freud à atualidade. São
Paulo: Paulus, 2006, v. 7.
 SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo:
Cortez, 1996.
 VITA, W. Curso de filosofia. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1964.

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