Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEMONSTRAÇÕES: A ARTE E
ELEGÂNCIA MATEMÁTICA NA
GEOMETRIA DA ESCOLA
Daniela Mendes
Abel Lozano
Fabio Menezes
Marcele Câmara
Priscila Petito
Distribuição Gratuita
APOIO:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Faculdade de Formação de Professores - FFP
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado Do Rio de Janeiro – FAPERJ
AUTORES:
Daniela Mendes Vieira da Silva
Abel Rodolfo Garcia Lozano
Fabio Menezes
Marcele Câmara de Souza
Priscila Cardoso Petito
CAPA:
Abel Rodolfo Garcia Lozano
Marcele Câmara de Souza
PREFÁCIO:
Ion Moutinho
Este livro é parte do desenvolvimento colaborativo dos projetos de pesquisa em Aprendizagem e Ensino de
Matemática (GPAEM-FFP) e de Matemática Discreta, Estruturas Algébricas e Sistemas Dinâmicos, ambos da
Faculdade de Formação de Professores da UERJ e ligado à iniciativa apoiada pela Faperj, do projeto
Instrumentalização do Laboratório de Aprendizagem de Matemática e Física do Colégio Estadual Walter Orlandine
e sua replicação em malas itinerantes sustentáveis.
EDITORA EXECUTIVA
Flavia de Oliveira Barreto
EDITORA ASSISTENTE
Shirley de Souza Gomes Carreira
COMISSÃO EDITORIAL
Tatiana Galieta, Ricardo Tadeu Santori, Vania Finholdt Leite, Cátia Antônia da Silva, João
Marçal Bodê de Moraes, Norma Sueli Rosa Lima, Daniela Mendes Vieira da Silva, Abel Garcia
Lozano.
O pulo do gato.................................................................................................................. 78
Expandindo ...................................................................................................................... 84
Respostas………………………..………………………………………………….……103
Querido leitor, querida leitora, queride leitore, este livro foi pensado para você que
se interessa ou que, por circunstâncias da vida (por exemplo, uma prova chegando),
decidiu enveredar pelo intrigante universo das demonstrações matemáticas. Criamos
aqui um companheiro que irá lhe contar seus bastidores, explicar as intencionalidades
de seus criadores, de forma amigável e bem-humorada, para lhe auxiliar nesta
temática. Nossa intenção é auxiliar o entendimento deste universo, tanto para aqueles
que têm na Matemática sua atividade fim, quanto para quem a tem como um meio.
Adiantamos que aqui você não irá encontrar passos “pulados” em uma
demonstração – porque seria “fácil” ver –, ou meias palavras na explicação de um
determinado passo em uma prova. Tudo aqui será explicado em bom português
traduzindo o matematiquês, passo a passo. Também privilegiamos, em nosso texto,
o uso de, ao menos, dois suportes semióticos, para facilitar a compreensão dos
objetos matemáticos abordados, o fazemos inspirados na Teoria dos Registros de
Representação Semiótica de Duval1.
Por exemplo, ponto e reta são conceitos primitivos da geometria e dizemos que
por dois pontos passa uma única reta, ou que duas retas têm um único ponto em
comum, mas não definimos o que é ponto e o que é reta – aqui é um exemplo de
como as ressignificações são essenciais para entendermos o desenvolvimento da
matemática enquanto ciência, visto que antes do século XIX tais conceitos (ponto e
reta) eram vistos como definições. Veja que essa mudança de rigor foi vantajosa, pois
permite a cada pessoa que for fazer uso da geometria, interpretar o ponto e a reta do
modo que lhe convenha. Deste modo, um ponto para um físico pode ser uma partícula
e a reta sua trajetória e, para um biólogo, o ponto pode ser usado para se referir a um
local específico ou uma estrutura bem definida em um organismo ou tecido, e uma
reta pode se referir a uma trajetória seguida por um organismo durante um movimento
ou migração.
para provar toda e qualquer afirmação que a gente faz em Matemática, temos que
usar outras confirmações que, por sua vez, teríamos que provar. Esse processo não
teria fim, caindo no caso do ciclo. Para evitar isso, em algum momento, tomamos
alguma afirmação como sendo verdadeira sem a necessidade de prová-la, aquela
que está dentro de um consenso de experimentações óbvias. Tais afirmações são os
axiomas. São as hipóteses iniciais nas quais a ciência Matemática se baseia para
deduzir outros fatos matemáticos e iniciar uma construção logicamente estruturada
de enunciados de verdades matemáticas.
Claro que nem tudo pode ser tomado como axioma, ou criaríamos algo caótico,
mas esse é assunto para outro livro. O mais importante aqui é que os axiomas são
obtidos a partir da observação direta do objeto matemático em pesquisa, lembrando
que os objetos de pesquisa da Matemática podem ser muito abstratos como, por
exemplo, os números inteiros ou os polinômios. Apesar dessa abstração, a
objetividade dos axiomas permanece intacta. Contudo, é essencial destacar que este
livro não tem o objetivo de discutir com profundidade as ideias filosóficas subjacentes.
P(x) = (x−1)(x−2)(x−3)…(x−100000000000000000)
E veja a afirmação: “P(x) ela se anula para todos os números naturais”. Uma
pessoa poderia, então, testar inúmeras vezes a afirmação e até tentar com um
programa de computador, porém, se escolher números naturais para os testes em
que a função se anula (o que é bem provável pois 100000000000000000 é um
número muito grande), concluiria erradamente que a afirmação é verdadeira.
Sabemos isso porque na escolha de valores de x de 100000000000000001 em
diante, P(x) não se anula – pode testar, se quiser. Assim, na Matemática de hoje, a
prova analítica é imprescindível.
Boa leitura!
Teorema de Pitágoras
4 Os números figurados dos pitagóricos eram compostos por uma multiplicidade de pontos que não se
limitavam a entidades matemáticas abstratas, mas sim evocavam elementos discretos reais: pequenas
pedras organizadas em configurações específicas. Para conhecer melhor essa história,
recomendamos a leitura do livro “Tópicos de História da Matemática” de autoria de Tatiana Roque e
João Bosco Pitombeira, páginas 54 a 58, da Coleção PROFMAT. A própria professora Tatiana Roque
fala sobre isso no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=cjfX1w3rctQ. Vale muito a pena assistir!
Mas o que é uma prova em Matemática? O coletivo Gertiano [1] nos traz na página
43, no livro “Reflexões sobre o conhecimento científico”, publicado em 2019, uma
ponderação a respeito.
no triângulo retângulo que quisermos. E isso pode ser feito de maneira processual,
sem decoreba, o que é mais importante.
Vamos iniciar aqui com um triângulo ABC, retângulo em A (Figura 1.1A ou Figura
1.1B). Convidamos você a decidir qual dessas duas figuras correspondem ao texto.
Consegue justificar sua escolha?
Agora, vamos traçar a altura deste triângulo ABC, partindo de A, QUE É RETO. A
partir daí, temos dois novos triângulos, ABD e ADC. Vamos marcar também, em
vermelho e azul, os ângulos agudos congruentes destes dois triângulos, e vamos
manter em verde os ângulos retos envolvidos. Seguimos te convidando a decidir, e
justificar, qual dessas duas figuras é correspondente ao que está descrito (Figura 1.2A
ou Figura 1.2B).
Estes triângulos ABD e ADC são semelhantes a ABC, pelo caso AA (ângulo-
ângulo). Vamos colocá-los juntos, e com os lados homólogos na mesma posição,
como na Figura 1.3A ou Figura 1.3B, de acordo com a sua análise a respeito de qual
se adequa ao texto proposto. Este é o ponto alto desta demonstração.
Ah! Você conseguiu perceber, ao longo da nossa conversa, que as figuras que
retratam o que descrevemos são sempre as produzidas a partir de [2]?
Agora, tendo em mente que a = m+n e que queremos chegar a a² = b²+c², vamos
direto aos lados homólogos que nos interessam:
Queremos também uma adição de b²+c² que seja igual a a², vamos então somar
I e II:
b²+c² = an+am
b²+c² = a(n+m)
b²+c² = a.a
a² = b²+c².
CQD6.
6 CQD é uma abreviação que vem do francês e é usada no fim de algumas demonstrações
matemáticas para indicar que o objetivo da prova foi alcançado com sucesso. Essa abreviação
representa a pronúncia das três últimas letras da expressão francesa "Ce qu'il fallait démontrer", que
significa "O que se queria demonstrar". Em resumo, quando você vê "CQD" no final de uma
demonstração, é uma forma informal de dizer que a prova foi concluída com êxito. Há outras opções
com a mesma finalidade, como usar o símbolo “ ∎“, por exemplo. Neste texto, seguiremos usando
CQD.
Repare que, por construção dos quadrados – que são polígonos que tem 4 lados
com a mesma medida e 4 ângulos retos –, o ângulo OLP é reto, assim como o ângulo
KLQ. Dessa construção, podemos perceber que os ângulos OLQ = α e KLP = β têm
a mesma medida. Ou seja: α = β.
E ainda, por construção, que o lado LQ do triângulo marrom ΔOLQ tem a mesma
medida do que o lado KL do triângulo verde ΔKLP; e o lado OL do triângulo marrom
ΔOLQ tem a mesma medida do que o lado LP do triângulo verde ΔKLP.
Obs.: Repare ainda que o termo congruência foi incluído no vocabulário depois
para evitar problemas com os conceitos primitivos de igualdade.
Até aqui vimos que os triângulos ΔKLP e ΔOLQ têm a mesma área!
Agora repare no uso de outro resultado conhecido por Euclides para o próximo
passo da demonstração! Ela é descrita como Proposição I-38: “Os triângulos que
estão sobre bases iguais e nas mesmas paralelas são iguais entre si”.
Esse resultado conhecido nos permite olhar o desenho agora assim, deslizando
os pontos P e Q (Figura 1.6):
Isto significa que, a partir daquela proposição, podemos concluir que os triângulos
verde e marrom têm a mesma área! Mais ainda, veja que cada um deles é metade de
um quadrilátero! E isto significa que:
Só falta agora provar que a área do retângulo que falta do quadrado maior tem a
mesma medida da área do quadrado menor! Vamos lá!
Esta construção dinâmica, que culmina com a Figura 1.10, está disponibilizada no
link [5], aproveite!
Terminamos esse capítulo deixando mais uma dica: Iniciamos nosso raciocínio a
partir de axiomas e conceitos primitivos, os quais utilizamos para derivar resultados e
realizar construções. Esses resultados, por sua vez, desempenham um papel
fundamental ao serem empregados na demonstração de teoremas ou na realização
de construções adicionais. À medida que avançamos, tanto os resultados quanto os
teoremas estabelecidos tornam-se verdades matemáticas consolidadas, disponíveis
para embasar futuras demonstrações ou construções. De fato, ao utilizar uma
sequência lógica que se baseia nos axiomas e conceitos iniciais, somos capazes de
alcançar uma notável economia de argumentação no desenvolvimento de nossas
demonstrações matemáticas (#ficaadica).
[1] https://editoraappris.com.br/produto/reflexoes-sobre-o-conhecimento-
cientifico/?gclid=Cj0KCQjw2qKmBhCfARIsAFy8buI-
KLlutw1mKyyi9umJgopD_XPX9s5Q4VGunx8Y4A56C0u-rJ6hoi0aAnqkEALw_wcB
[2] https://www.geogebra.org/classic/zrtrcyyb
[4] https://www.geogebra.org/classic/umjkdhct
[5] https://www.geogebra.org/m/v4xaz8a6
Deduzindo a Lei dos Senos, vamos descobrir juntos o porquê e vamos também
entender propriedades fundamentais para esse resultado. Faremos isso na
perspectiva de Duval [1], ou seja, vamos utilizar dois suportes semióticos, são eles a
linguagem algébrica e a representação figural, pois a coordenação de representações
de um objeto matemático pode facilitar a aquisição do seu conceito. Ademais,
construir conhecimento, a partir do que se sabe, se constitui, como alerta Ausubel [2],
em aprendizagem significativa.
Agora estamos prontos para o pulo do gato, ou como diz o professor Mathias [4]
"The jump of the cat". O primeiro pertence a um triângulo retângulo, o que nos permite
calcular facilmente o seu seno com base em conhecimentos anteriores. O segundo
ângulo está em um triângulo não retângulo, o que torna a determinação do seu seno
mais complexa.
Veja na Figura 2.4 que D e B são ângulos inscritos do arco AC. O ponto alto
desta demonstração está aqui.
Note que o seno de D = b/2r. A Figura 2.5 explicita os argumentos que levam a
esta conclusão.
Como D e B são congruentes (vide Figura 2.4), temos sen B= b/2r. Reorganizando
esta igualdade, chega ao fim de nossa demonstração. Assim, temos:
2r = b/sen B
CQD.
[1] https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/1708
[2]https://novaescola.org.br/conteudo/262/david-ausubel-e-a-aprendizagem-
significativa
[3] https://www.geogebra.org/classic/nzksk4qe
[4] https://www.youtube.com/channel/UCpfbMSODDM5zWABUN4sgZew
Além disso, Duval [2] nos alerta que, ao construirmos um conceito, devemos
utilizar ao menos duas representações semióticas do mesmo objeto matemático, para
evitar a confusão entre objeto e representação. Tal confusão se constitui em um
obstáculo epistemológico. Já usamos esta estratégia ao longo do texto, lembra?
A Lei dos cossenos é uma relação trigonométrica muito usada em triângulos para
calcular o comprimento de um lado quando conhecemos os outros dois lados e o
ângulo entre eles. Essa lei estabelece que o quadrado de um lado do triângulo é igual
à soma dos quadrados dos outros dois lados, menos o dobro do produto desses lados
pelo cosseno do ângulo entre eles. Perceba que usamos a Lei dos Cossenos para
triângulos quaisquer mas, para chegarmos à ela, vamos usar triângulos retângulos,
que têm muitas propriedades conhecidas com as quais podemos trabalhar.
triângulos com a lei em foco), e onde desejamos chegar (a² = b²+c²-2bc.cos â). O
nosso ponto de chegada já dá a dica que iremos usar produtos notáveis, Teorema de
Pitágoras e cosseno. Com isto em mente, vamos começar a nossa caminhada. Em
tempo, esta demonstração está disponível em Geometria Dinâmica em [3].
Vamos a BAH:
Vamos reunir o que temos. Até agora temos c² = h²+m² (I) e a² = h²+n² (II). A lei
buscada é a² = b²+c²-2bc.cos â.
Nossa lei começa com a², então vamos usar (II) para chegar à lei buscada:
a² = h²+n²
a² = c²-m²+n²
a² = c²-m²+(b-m)²
a² = c²-m²+b²-2bm+m²
a² = c²+b²-2bm
a² = c²+b²-2bc. cos â
CQD.
A mesma explicação pode ser aplicada aos outros ângulos internos do triângulo
ABC que mencionamos anteriormente, e encontraremos igualdades análogas.
[1] https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/1708
[2]https://novaescola.org.br/conteudo/262/david-ausubel-e-a-aprendizagem-
significativa
[3] https://www.geogebra.org/classic/kuvbnpyh
7 https://lemffpuerj.blogspot.com/
Mas vamos ao tema deste capítulo. Usando semelhança de triângulos, o fato que
ângulos opostos pelo vértice são iguais e que o ângulo inscrito é igual à metade da
medida do seu arco, faremos a demonstração, com o apoio do GeoGebra (construção
interativa disponível em [1]), do primeiro caso da potência de um ponto.
Reescrevendo esta igualdade para deixar mais claro esse ponto de vista, temos:
BC/PE = DP/PC.
Com o que leu até aqui, você já é capaz de notar que uma demonstração não é
uma iluminação divina. Quem a faz sempre tem intencionalidades bem delineadas
e, muitas vezes, escondidas sob um "é fácil ver que" e muitas linhas de raciocínio
suprimidas. É bem verdade que isso deveria ser usado para não cansar o leitor diante
de uma demonstração longa e/ou com passos repetidos. Mas acaba por estigmatizar
aquele que não foi capaz de ver tão imediatamente assim. Desta forma, estabelecer
uma descrição didática e minuciosa faz parte do processo de tornar a demonstração
acessível, distante daquela velha ideia de que a Matemática é para “poucos
iluminados”. Estamos em uma direção contrária a isso, por motivos óbvios.
Observe que, ao lidarmos com uma circunferência, pontos localizados sobre ela e
cordas que a atravessam, nossos conhecimentos sobre as propriedades dos ângulos
inscritos serão extremamente úteis.
Veja que os ângulos α e β estão inscritos sob o mesmo arco BE, como mostrado
na Figura 4.3.
Temos, também, conforme a Figura 4.4, os ângulos EPC e BPD (ambos em verde)
são opostos pelo vértice. O que nos mostra que os triângulos PBD e PEC são
semelhantes, pelo caso AA (ângulo- ângulo).
CQD.
[1] https://www.geogebra.org/m/xh5a8sn8
Quando estamos demonstrando, temos uma tese, que é o que queremos provar,
o fim do caminho. Neste caso, a tese é: DC.BC = FC.EC.
Note que nunca começamos a partir da tese, porque ela é o FIM do caminho, o
ponto de chegada.
passo que será tomado, como se estivéssemos numa conversa amigável, buscando
clareza em todo o raciocínio apresentado.
Mas por que seguimos esse caminho? Vamos analisar os triângulos BFC e EDC.
É importante notar que eles compartilham o ângulo ECB em comum. Agora, nosso
próximo passo é buscar o segundo ângulo que também seja comum entre eles. Com
base no caso de semelhança de triângulos conhecido como AA (ângulo-ângulo), ao
estabelecermos que esses dois triângulos têm os dois ângulos em comum, podemos
afirmar que BFC e EDC são triângulos semelhantes. Isso nos permite avançar em
nossa demonstração.
BC/EC = FC/DC
É importante estabelecer esta relação olhando para lados que são opostos aos
ângulos de mesma medida em cada um dos dois triângulos, ou seja, para os lados
homólogos. Assim, BC e EC são homólogos, assim como FC e DE. Na Figura 5.5,
essa igualdade fica mais clara ao mostramos esses triângulos semelhantes (BFC e
EDC) separados. Desta maneira, é possível perceber mais nitidamente quais lados
são homólogos.
DC.BC = FC.EC
CQD.
[1] https://www.geogebra.org/m/tps2wgye#material/urzrskbd
Sem perder tempo, vamos agora iniciar nossa discussão do caso restante de
potência de ponto.
INTENCIONALIDADES
2. Nos interessam os lados PC, PA e PB. Sendo assim, vamos ficar atentos aos
triângulos PBC e APC.
Agora que estabelecemos aquilo que sabemos até aqui nos pontos de 1 a 4,
estamos prontos para iniciar nossa demonstração! Avante com confiança! Vamos
prosseguir com o raciocínio e apresentar cada etapa de forma clara e lógica
Vamos agora direcionar nossa atenção para o triângulo PBC, conforme destacado na
Figura 6.3, e também para o triângulo APC, como mostrado na Figura 6.4. Esses
triângulos serão relevantes para o desenvolvimento da estratégia.
2. Eles têm um segundo ângulo congruente. Veja que o ângulo CAP é inscrito no
arco CB e o ângulo BCP é semi-inscrito do mesmo arco. Aqui vale relembrar
que um ângulo inscrito8 em um arco capaz e um semi-inscrito9 no mesmo arco
têm mesma medida. Essa é uma das sacadas de mestre aqui. Assim, os
ângulos CAP e BCP têm medidas iguais. Para rever o assunto, recomendamos
o resumo em [3]. A Figura 6.6 evidencia os dois ângulos congruentes
mencionados.
8 Um ângulo inscrito relativo a uma circunferência é um ângulo cujo vértice está localizado na própria
circunferência, e seus lados são secantes à circunferência, ou seja, eles interceptam a circunferência
em dois pontos diferentes. A medida desse ângulo é igual à metade da medida do ângulo central que
intercepta o mesmo arco correspondente na circunferência. Em outras palavras, o ângulo inscrito é a
metade do ângulo formado pelo arco correspondente na circunferência.
9 Um ângulo semi-inscrito, também conhecido como ângulo de segmento, é um ângulo cujo vértice
está na própria circunferência, e um dos lados é tangente à circunferência, enquanto o outro lado é
secante. A medida desse ângulo é igual à metade da medida do arco interceptado pelo lado secante
do ângulo.
PC/PB = PA/PC
PC² = PA.PB
CQD.
[1] https://www.geogebra.org/m/rda4kxhh
[2]https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/1708
[3]http://www.uel.br/projetos/matessencial/basico/geometria/circulos.html#sec06
Teorema de Ceva
Nesta parte do texto, foi realizado um diálogo com o Chat GPT [1], uma inteligência
artificial (IA) amplamente discutida na atualidade. O bate-papo foi, no mínimo,
surpreendente. E você, caro leitor ou leitora, já utilizou essa ferramenta?
ENUNCIANDO
Então, sem mais delongas, vamos ao enunciado do Teorema de Ceva (Figura 7.2).
TRAÇANDO CAMINHOS
Descrevendo o que vemos na Figura 7.4, temos um triângulo, e nele, três cevianas
AX, BY e CZ que se interceptam no ponto P.
Lembra que comentamos que é importante ter em mente que a IA nem sempre
responde de forma correta? Leia na Figura 7.5 o que o ChatGPT responde sobre esta
questão. Inclusive há a interpretação errada do Teorema de Ceva.
1. Vamos ficar de olho nos segmentos que nos interessam. São eles BX, XC, CY,
YA, AZ e ZB, já que fazem parte da tese que queremos mostrar.
Agora que já sabemos de onde estamos partindo, que é da hipótese, temos uma
ideia do caminho que vamos trilhar e sabemos também aonde queremos chegar, que
é na Tese. Vamos à nossa demonstração a partir disso!
Com isto em mente, já podemos nos direcionar para o próximo passo, que é a
conclusão de que os triângulos BXP e CXP têm a mesma altura h. Aqui estamos de
interessados nos lados BX e CX.
Na Figura 7.9 vemos que ABX e ACX compartilham a mesma altura (H) em relação
aos lados BX e CX. Aqui também estamos novamente interessados nos lados
BX e CX.
Vamos agora buscar áreas iguais envolvendo os segmentos que nos interessam,
já que estamos tratando de áreas. Para isso, observe a Figura 7.10.
Da Figura 7.10, vamos perceber que (ABP) = (ABX)-(BXP) e que (ACP) = (ACX)-
(CXP).
Reescrevendo:
temos:
CQD.
BX/XC·CY/YA·AZ/ZB = 1,
[1]https://idec.org.br/dicas-e-direitos/chat-gpt-o-que-e-inteligencia-artificial-e-como-
ela-
funciona?utm_campaign=DSA_|_Target_+35&utm_adgroup=DSA_|_Dicas_e_Direit
os&creative=227410698171&keyword=&gclid=Cj0KCQiA6fafBhC1ARIsAIJjL8lUxQ6
yAD4yrhits0DAOp5KcCXBJDymIwr88u5ig74OqhNp9Ro04-8aAvCAEALw_wcB
[2]https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/15481016022012Geometria_Euc
liadiana_Plana_Aula_9.pdf
[3] https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/1708
[4] https://www.geogebra.org/classic/ypbyt9de
A autoria e os links das imagens usadas neste capítulo estarão disponíveis nas
próprias figuras, bastando clicar sobre elas para ter acesso a esse conteúdo.
É esta a ideia que vai permitir que encontremos as fórmulas dos volumes de
pirâmides, cilindros, cones e da esfera partindo do volume do paralelepípedo e dos
prismas em geral, que é dado pela área da sua base multiplicada pela sua altura.
Vamos ver uma sequência de imagens ilustrando esta ideia nas Figuras 8.6 e 8.7,
extraídas de aplicativo no GeoGebra [V] de autoria do Prof. Jairo Chaves.
Esta justificativa da Figura 8.8 é muito comum e está incorreta. As três pirâmides
não têm o mesmo volume porque têm a mesma base e mesma altura....assim
simplesmente. E nessa resposta, a IA ainda afirma que as bases são metade das
faces laterais do prisma triangular.
Que informações conhecemos? Que temos um prisma triangular com bases ABC
e DEF, como na Figura 8.6. Podemos dividi-lo em três pirâmides ABCD (em
vermelho), DEFC (verde) e EDBC (azul) como na Figura 8.7.
As bases das pirâmides em vermelho e em verde são iguais, porque são as duas
bases do prisma. A altura destas pirâmides é a mesma porque é a altura do prisma.
Sendo assim, podemos concluir que as pirâmides ABCD (vermelho) e DEFC (verde
têm o mesmo volume, pelo Princípio de Cavalieri.
Nenhuma base de EDBC (azul) é base do prisma, então não podemos compará-
la pura e simplesmente com as outras duas. Mas podemos olhar para a base DEB.
Usamos, para comparar ABCD (vermelho) com a outra pirâmide em verde, a base
ABC. Mas ABCD também pode ser observada na perspectiva de que ABD é a base.
Sendo assim, a área da base ABD é a mesma da base DEB, da pirâmide azul
(metade da área da face lateral do prisma). Quanto à altura, o quarto vértice, ligado à
base, nos dois casos, é o vértice C. E, como as bases ABD e DEB estão inseridas no
mesmo plano, a altura de C relativa a este plano é sempre igual. Logo, as pirâmides
ABCD (vermelho) e EDBC (azul) têm o mesmo volume, já que têm a mesma área da
base e mesma altura. Sendo assim, as três pirâmides têm o mesmo volume (lembra
que já sabíamos que que as pirâmides em vermelho e em verde têm o mesmo
volume?).
CQD.
pirâmide e um cone com mesma área da base, como na Figura 8.10. Estas figuras
possuem a mesma altura. Basta concluirmos que eles têm secções horizontais de
mesma área para usarmos o Princípio de Cavalieri e descobrirmos o volume.
Imagine, como na imagem da Figura 8.10, que usamos um plano paralelo ao plano
das bases para obter uma secção do cone e uma da pirâmide. Assim, obtemos um
novo cone e uma nova pirâmide, onde a nova altura é h. Considere que altura das
figuras originais era H. Desta maneira, há uma razão k entre h e H, onde k = h/H.
Seguindo a mesma razão, temos k = r/R, se considerarmos os raios dos dois círculos
dos cones que queremos comparar.
Consideremos um cilindro e uma esfera de raio R, sendo que o cilindro tem altura
2R e raio da base R. Consideremos também dois cones congruentes, cujas bases
coincidem com as bases do cilindro. O sólido compreendido entre os cones e a face
lateral do cilindro é a anticlepsidra. Observe o passo a passo da construção da
anticlepsidra nas Figuras 8.12, 8.13 e 8.14. Inicialmente, mostramos o cilindro e a
esfera, depois os cones inseridos no cilindro e, finalmente, a anticlepsidra, que é o
sólido obtido se removermos os cones do cilindro.
Vamos olhar mais de perto os cones que usamos (Figura 8.15). Chamaremos
AB=h. Note que AC = R (já que a altura do cilindro é 2R, por hipótese) e DC = R (pela
hipótese de que o raio da base do cilindro é R). Como ABE e ACD são semelhantes
pelo caso AA (ângulo-ângulo) e, além disso, isósceles, temos que BE = h.
R2 = d2+rc2
CQD.
Bom, para tal, precisamos fazer o volume do cilindro e retirar dele o volume dos
dois cones. Utilizaremos os elementos na Figura 8.18 para discutir a construção da
expressão que buscamos.
O volume do cilindro é calculado pelo produto da área da base pela altura, ou seja,
π R2 . 2R = 2 π R3.
Cada cone tem volume igual a um terço da área da base vezes a altura. Isto é,
1/3(π R2 . R) = 1/3(π R3). Como são dois cones iguais, temos que seus volumes
somados são 2/3(π R3).
[1] https://chat.openai.com/
[2] https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/1708
[3] https://www.geogebra.org/m/uyr8axdj
[4] https://www.geogebra.org/m/wc5e26dh
[5] https://www.geogebra.org/m/xvqrtanu
Com o objetivo claro, estamos prontos para avançar em direção à nossa meta,
seguindo um passo a passo cuidadosamente planejado, a fim de alcançar o nosso
propósito com sucesso.
PREPARANDO O TERRENO
O que buscamos é uma igualdade que nos ajude a isolar o que queremos entender
melhor: a soma das áreas das bases das pirâmides que estamos estudando. Isso é
especialmente importante porque essa equação se encaixa perfeitamente com a
superfície da esfera, o que nos dá uma conexão fundamental para nossa análise.
Colocando r/3 em evidência, para isolarmos a soma das áreas das pirâmides,
teremos:
O PULO DO GATO
4 π r2 = AP1+AP2+....+APn
Logo, a área da superfície da esfera é 4 π r2, já que é igual à soma das áreas das
pirâmides.
CQD.
APLICAÇÃO INTERATIVA
[1] https://www.geogebra.org/m/pgdtvfuy
Seno de 30º é ½
Na escola, aprendemos que o seno de 30º é 1/2. Fazemos tabelas, até cantamos,
mas raramente questionamos por que é assim. Neste capítulo, vamos entender o
motivo por trás disso, já que na Matemática só consideramos algo verdadeiro após
provarmos. Vamos explicar tudo de forma tranquila, para entendermos bem o que
está acontecendo e discutindo as intencionalidades.
DISCUTINDO INTENCIONALIDADES
Temos nossa tese, nosso objetivo final: demonstrar que o seno de 30º é igual a
1/2.
Mas lembre-se que não se parte da tese, porque ela é o ponto de chegada da
nossa demonstração.
2. Todos os ângulos internos de um triângulo equilátero são iguais a 60º e seus lados
são iguais.
4. Uma ceviana que liga um dos vértices ao ponto médio do seu lado oposto, em um
triângulo equilátero, é, ao mesmo tempo, altura, mediana, mediatriz e bissetriz.
Note que nosso objetivo é demonstrar que o seno de 30º é igual a 1/2. Para
alcançar isso, consideremos um triângulo equilátero genérico e tracemos uma
ceviana ligando um de seus vértices ao ponto médio do lado oposto. Isso nos levará
a dois triângulos retângulos congruentes, onde um dos lados é precisamente a
metade do lado do triângulo equilátero. Esse já é um sólido ponto de partida. A partir
daqui, seguimos adiante. E veja que estamos partindo da hipótese.
Agora nós vamos partir em busca do nosso triângulo retângulo que tem um lado l
e um lado l/2. Para isso vamos construir uma ceviana.
Traçaremos uma ceviana partindo do vértice C até o ponto médio do lado oposto,
dividindo-o em dois segmentos de medida l/2. Esta ceviana é, ao mesmo tempo,
mediana e bissetriz, como já observamos em nossas reflexões. A Figura 10.2 mostra
a ceviana descrita.
Essa ceviana, como bissetriz, divide o ângulo C = 60º em dois ângulos iguais de
30º, como mostra a mesma Figura 10.2. Ela também divide o triângulo equilátero ABC
em dois triângulos retângulos congruentes ACH e BCH.
Vamos agora focar nossa atenção no triângulo retângulo ACH, embora possamos
escolher também o triângulo BCH, uma vez que ACH e BCH são congruentes. A
Figura 10.3 ilustra isso.
Observe que, em ACH, temos que AH mede l e AC mede l/2, como ressalta a
Figura 10.3.
CQD.
EXPANDINDO
Sim, usar este tipo de aplicativo no GeoGebra ajuda muito. E você já encontra
muitos deles prontos para usar. E, a partir da experiência, pode criar os seus para
conseguir abordar e explorar exatamente o que pretende.
Quer saber o que o ChatGPT acha disso? Veja o que a IA escreveu na Figura 10.5
sobre isso.
[1] https://www.geogebra.org/m/tps2wgye#material/fjadfddz
[2] https://chat.openai.com/
No dia 12/06 cada professor deve se reunir com o coordenador nos horários
abaixo:
Maria tem razão. Então, como lidar com o problema? Que condições devem que
ser impostas à lista de horários de cada professor para garantir a solução do
problema?
Por exemplo,
Observe que, nos exemplos dados, não tem sentido que um professor apresente
uma lista sem opções de horário, assim como não tem sentido usar uma impressora
quebrada, ou planejar decolagens de uma companhia que não tenha voos no
aeroporto em questão. Desta forma, para nosso modelo, iremos excluir o ∅ dos
nossos conjuntos possíveis. Por isso, daqui em diante, consideramos P*(X) = P(X) -
{∅}.
A partir daqui, usaremos apenas a palavra família para nos referirmos a uma
família finita de subconjuntos não vazios.
No nosso exemplo, a Tabela 11.3 define a aplicação s. Veja que a cada professor
(i) do conjunto de professores L (ou índices) foi associado um elemento do conjunto
de horários (X) que está na lista de preferências do professor (F(i)) e a professores
diferentes são atribuídos horários diferentes (a função é injetiva).
10 Chama-se k-upla ordenada pois tem k elementos e a ordem importa, pois o primeiro que aparece
Maria já nos apontou que nem sempre isto é possível, agora começa o trabalho
de conjecturar. A primeira coisa que salta à vista, depois da observação da Maria, é
que o número de horários total contido nas listas fornecidas pelos professores deve
ser maior, ou pelo menos igual, ao número de professores. Isto porque, segundo o
Princípio das Casas dos Pombos, se o conjunto de horários tem menos elementos
que o conjunto de professores, necessariamente, dois professores teriam que
compartilhar o mesmo horário, o que não condiz com as condições do problema.
Partimos para nossa primeira tentativa de enunciar o teorema. Para facilitar nossa
escrita, denotaremos por UF ao conjunto F1∪F2∪F3∪F4∪...∪Fk e por |F| o número de
elementos de L, ou seja, k.
No contexto do nosso exemplo, isto quer dizer que não podemos disponibilizar
menos horários do que a quantidade de professores. Depois de várias tentativas
frustradas, começamos a duvidar e chegamos ao seguinte contraexemplo.
Exemplo 11.1:
enunciado em 1637, demorou mais de 300 anos para ser provado por Andrew Wiles,
em 1995. A Geometria Hiperbólica emergiu por volta de 1840 como parte dos esforços
para abordar a tentativa de provar o quinto postulado, que está presente nos
"Elementos" de Euclides, escritos aproximadamente no ano 300 a.C.. O próprio
Euclides acreditava que o postulado poderia ser um teorema e não um postulado.
Voltando ao nosso caso, o que nos diz o contraexemplo? Νos diz que não somente
F deve cumprir a condição, mas qualquer subfamília de F (isto inclui a própria família
F), entendendo aqui por subfamília qualquer escolha de subconjunto não vazio de
índices e os respectivos conjuntos associados. Se a subfamília for diferente de F,
diremos que é uma subfamília própria. Assim, partimos para a segunda tentativa:
Se |F| = 1 a prova é evidente, pois temos um único conjunto não vazio e basta
escolher um elemento qualquer. Suponhamos que, se |F|≤k, a afirmação é verdadeira
11 No segundo princípio da indução, usa-se o fato de que a hipótese é verdadeira para todos os
números anteriores ao atual e não somente ao imediatamente anterior, como no primeiro princípio da
indução.
e provemos para F = |k+1|. Devemos agora, de alguma forma, dividir12 L para usar a
hipótese de indução. Como fazer isso?
Exemplo 11.2:
X = I5, L= I4, F = {F1,F2,F3,F4}, onde F’1 = {1}, F’2 = {1,3} , F’3 = {3}, F’4 = {1,4}. Mas
veja que |F’1∪F’2∪F’3| = 2. Logo, as hipóteses do teorema não estão satisfeitas.
Claro que poderíamos ter escolhido x5 = 5 e tudo funcionaria bem, mas isso é
apenas um exemplo onde podemos visualizar os elementos. Em geral, temos que
pensar em como descrever a diferença entre uma escolha e outra, perguntar-nos se
existe sempre um elemento de Fk+1 que não está em nenhum outro conjunto da
família. (A resposta a esta última pergunta é: não necessariamente).
Uma família G qualquer é dita crítica se |UG| = |G|. Agora estamos em condições
de testar a segunda ideia.
12 Veja que, ao dividir L, obtemos dois conjuntos que tem menos de k+1 elementos. Assim, podemos
|UG|>|G| pois |G| não é crítica. Logo, |UG-{xk+1}| ≥ |G|. Desta forma, as condições do
teorema continuam sendo garantidas e podemos aplicar a hipótese de indução. Se
existe uma subfamília crítica G de F, procedemos assim: como G é subfamília própria
então |G|<k+1 e podemos usar a hipótese de indução, obtendo um SRD para G que
denominaremos por S. Observe que S = UG pois |UG| = |G| = |S|.
Agora formamos a família F’ como segue: para cada i ∈ {1,2,3, …,k}, F’i ∈ F’ se e
somente se Fi ∉ F, onde F’i = Fi – UG. Em outras palavras, tiramos de F todos os
conjuntos já usados e, do restante, retiramos os elementos que já são representantes
de algum conjunto, pois já não podem mais ser usados. Neste momento, devemos
verificar que o que ficou satisfaz as hipóteses do teorema.
Veja que F’i ≠ ∅, pois a família obtida ao adicionar Fi a G é também uma subfamília
de F. Logo satisfaz as hipóteses do teorema.
E, como |UG| = |G|, necessariamente tem que existir um elemento de Fi que não
está em UG.
Se denominamos por G’ a família formada por todos os Fi tais que F’i ∈ F’, então a
junção de G com G’ é também uma subfamília de F. Como |UG| = |G|, então tem que
existir |G’| elementos de UG’ que não estão em G. E ainda, como |G’| = |F’|,
concluímos que F’ satisfaz as hipóteses de indução, logo, possui um SRD, o que
conclui a prova.
Veja que F1 = {1,2}, F2 = {1,3}, F3 = {2,3} constituem uma subfamília crítica, pois
U({F1,F2,F3}) = {1,2,3}. Logo, |U({F1,F2,F3})| = |{1,2,3}| = 3. Assim, escolhemos G =
{F1,F2,F3} com representantes 1 para F1, 2 para F2 e 3 para F3. Desta maneira, F’ é
formado por F’4 = F4 – UG = {4} e por F’5 = F5 – UG = {5}. Sendo assim, o
representante de F4 é 4 e o representante de F5 é 5.
Seguindo a ideia do exemplo, podemos mostrar que, se existe uma subfamília que
não satisfaz as condições do teorema então não existe SRD ou, de outra forma, se
existe SRD então toda subfamília satisfaz condições do teorema. Deixamos como
exercício a prova desta afirmação.
Paul Erdös costumava falar sobre O Livro, obra na qual Deus mantinha as
demonstrações perfeitas de teoremas matemáticos, seguindo a máxima de
G.H. Hardy de que não há lugar permanente para matemática feia. Erdös
também dizia você pode não acreditar em Deus, mas, como matemático,
deve crer n’O livro [...]. (Aignier; Ziegler, 2017, p.3)13
13 AIGNIER, M. e ZIEGLER, G.M. Paul Erdös: as mais belas demonstrações matemáticas. Primeira
edição, 2017.
Nesse contexto, a melhor solução para João talvez seja postar a lista da Tabela
11.1 e informar aos professores que eles têm a opção de trocar os horários com seus
colegas, caso desejem. No entanto, caso não consigam realizar as trocas, devem
comparecer nos horários marcados originalmente.
Outro aspecto que o exemplo nos revela é que nem sempre a Matemática nos
oferece uma solução viável para um problema específico, contrariando a ideia de sua
completa exatidão. Ao escolher esse exemplo, partimos de um problema 'real' para
ilustrar que, em última instância, toda a Matemática é resultado da observação do
mundo que nos cerca. Os axiomas, que são o ponto de partida da Matemática, são
obtidos dessa forma.
Com base nisso, podemos citar a Geometria Hiperbólica, desenvolvida por János
Bolyai (1802-1860) e Nicolai Lobachevsky (1792-1856), como exemplo. Essa
geometria só foi aplicada em 1905, com a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.
Outro caso é o Pequeno Teorema de Fermat (1640), que encontrou aplicação
somente na criptografia RSA (1978), desenvolvida por Ron Rivest, Adi Shamir e
Leonard Adleman.
Na introdução deste livro, nos comprometemos a explicar tudo que fosse possível
de ser explicado, sem deixar lacunas. Então, cumprindo essa promessa, vamos
explicar o que representa a figura que aparece na capa, é claro!
Para poder entender, devemos primeiro conhecer alguns conceitos, mesmo que
de forma muito superficial.
GRAFOS BIPARTIDOS
Figura 12.1
Estão destacadas em verde, na Figura 12.1, as ligações com o horário que foi
finalmente atribuído, segundo a Tabela 11.3.
Como seu nome indica, o dodecaedro é um sólido com 12 lados. Mas existe uma
representação do dodecaedro no plano como apresentado na Figura 12.2.
Figura 12.2
Na Figura 12.2, observe como a décima segunda fase é delimitada pelas arestas
mais espessas, as quais constituem o pentágono externo. Podemos visualizar essa
situação como se colocássemos uma lanterna acima da estrutura esquelética do
dodecaedro e nos certificássemos de que as sombras projetadas pelas arestas não
A FIGURA DA CAPA
Claro que vamos perder informação de ambos, mas a figura é mais artística que
conceitual. Vejamos a figura assim elaborada:
Figura 12.3
Respostas
Como diria o pensador profundo, é 42, para tudo. Quem leu o Guia do Mochileiro
das Galáxias sabe ;). Experimente colocar a pergunta “Qual é o segredo da vida, do
universo e tudo mais” no Google e veja o que aparece.
E para quem teve a curiosidade aguçada ainda mais neste finalzinho, O "Guia do
Mochileiro das Galáxias" é uma famosa série de livros de ficção científica escrita pelo
talentoso autor britânico, Douglas Adams. Esta série é apreciada por seu humor
inteligente, sátira social e abordagem original de questões filosóficas e existenciais.
E você percebeu como essa referência se encaixa perfeitamente aqui em nosso
texto? Assim como os personagens do livro embarcam em aventuras cósmicas
extraordinárias, aqui exploramos conceitos e informações fascinantes, tal qual a
incrível jornada dos mochileiros intergalácticos.