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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Matias-Pereira, José
Manual de metodologia da pesquisa científica / José Matias-Pereira. – 4. ed. - [3. Rempr.]. – São
Paulo: Atlas, 2019.

Bibliografia.
ISBN 978-85-97-00881-4

1. Pesquisa 2. Pesquisa – metodologia I. Título.

07-5979 CDD-001.42

Índices para catálogo sistemático:

1. Metodologia da pesquisa 001.42


2. Pesquisa : Metodologia 001.42
Para a minha mulher Valdelice e
minhas netas Gabriella e Maria Luisa,
que iluminam a minha vida.
Material
Suplementar

Para acessar o material suplementar entre em contato conosco


através do e-mail (gendigital@grupogen.com.br).
Sumário

Ícones organizadores
Prefácio à 4a edição
Prefácio à 3a edição
Prefácio à 2a edição
Prefácio à 1a edição
Apresentação

Tema 1 Histórico das concepções de ciência e dos seus métodos


1.1 Introdução à metodologia científica
1.2 Elaboração e desenvolvimento do projeto de pesquisa
1.3 Concepções científicas
1.4 Conhecimento científico e especulativo
1.5 O que é ciência?
1.6 A ciência na linha da renovação metodológica
1.7 As peculiaridades da pesquisa científica
1.8 Progresso científico e as contribuições de Thomas Kuhn para
a ciência
1.9 A visão de Karl Popper sobre a lógica da pesquisa científica
1.10 A relevância do debate entre Thomas Kuhn e Karl Popper
para a evolução da ciência do século XX

Tema 2 Metodologias de pesquisa científica


2.1 Método, metodologia e técnicas de investigação científica
2.2 Teoria e técnicas de investigação
2.3 Métodos de pesquisa
2.4 Métodos de abordagem científica: dedutivo, indutivo,
hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico
2.5 Meios técnicos para investigação
2.6 A relevância do método da observação para a investigação
2.7 Os métodos de abordagem autoritário e lógico-racional
2.8 Considerações relevantes sobre os métodos de pesquisa
científica
2.9 Lógica e fundamentos da pesquisa científica
2.10 Processo de elaboração teórica

Tema 3 Definição do foco do estudo científico


3.1 O esforço para definir o foco da pesquisa científica
3.2 Projeto de pesquisa: em busca de antecipar o futuro
3.3 Desenvolvimento do projeto
3.4 Tópicos relevantes na estruturação de um projeto de
pesquisa
3.5 Investigação e formulação do tema
3.6 Tipos de projeto de pesquisa
3.7 A importância da neutralidade do pesquisador
3.8 Função social da pesquisa
3.9 Identificando o problema
3.10 Linguagem científica
3.11 Levantamento bibliográfico

Tema 4 Estrutura de um trabalho de pesquisa científica


4.1 Estrutura e detalhamento das etapas de uma pesquisa
científica
4.1.1 Definição do tema
4.1.2 Formulação do problema da pesquisa (hipóteses ou
proposições)
4.1.3 Justificativa do estudo
4.1.4 Definição dos objetivos – geral e específicos
4.1.5 Revisão da literatura
4.1.6 Método da pesquisa
4.1.7 Coleta de dados
4.1.8 Tabulação e apresentação dos dados
4.1.9 Análise e discussão dos resultados
4.1.10 Conclusão da análise e dos resultados obtidos
4.1.11 Redação e apresentação do trabalho científico
4.2 Métodos científicos
4.2.1 Recomendações relevantes sobre a produção do texto
4.2.2 Tipos e exemplos de citação
4.2.3 Quadro-síntese: formas de citação dos autores no
texto da pesquisa
4.2.4 Notas de rodapé

Tema 5 Técnicas para elaboração de relatórios de pesquisa


científica
5 Estrutura física do relatório de pesquisa
5.1 Detalhamento da estrutura dos trabalhos acadêmicos:
monografia, dissertação ou tese
5.1.1 Elementos pré-textuais
5.1.1.1 Capa
5.1.1.1.1 Lombada
5.1.1.2 Folha de rosto
5.1.1.3 Verso da folha de rosto (ficha catalográfica)
5.1.1.4 Errata (opcional)
5.1.1.5 Dedicatória (opcional)
5.1.1.6 Agradecimentos (opcional)
5.1.1.7 Epígrafe (opcional)
5.1.1.8 Resumo na língua vernácula (obrigatório)
5.1.1.9 Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
5.1.1.10 Lista de ilustrações
5.1.1.11 Lista de tabelas
5.1.1.12 Sumário
5.1.2 Elementos textuais
5.1.2.1 Introdução
5.1.2.2 Revisão da literatura
5.1.2.3 Metodologia
5.1.2.4 Resultados (análise e discussão)
5.1.2.5 Conclusão
5.1.3 Elementos pós-textuais
5.1.3.1 Referências
5.1.3.2 Glossário
5.1.3.3 Apêndice
5.1.3.4 Anexos
5.1.3.5 Índice
Anexos
Anexo A – Distinções entre projeto de estudo e plano de pesquisa
Anexo B – Esquema clássico de apresentação de projeto de pesquisa
Anexo C – Estratégia de pesquisa: o estudo de caso
Anexo D – Elaboração de artigos científicos: recomendações básicas
Anexo E – Recomendações básicas para evitar o plágio
Anexo F – O projeto de pesquisa é essencial para o sucesso da
investigação científica?
Anexo G – Síntese dos instrumentos: entrevista, questionário e
formulário
Anexo H – Disposição dos elementos do trabalho científico
Anexo I – Disposição dos elementos do trabalho científico

Referências
Ícones organizadores
Prefácio à 4a Edição

“Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias


científicas são derivadas de maneira vigorosa da obtenção dos
dados da experiência adquiridos por observação e experimento.
A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar etc.
Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não
têm lugar na ciência. A ciência é objetiva. O conhecimento
científico é conhecimento confiável porque é conhecimento
provado objetivamente.” (Alan F. Chalmers. O que é ciência
afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993)

Uma palavrinha inicial

A quarta edição do Manual de metodologia da pesquisa


científica – revista e atualizada – é motivada, em especial, pelas
contínuas mudanças no campo da educação, pelas alterações das
normas promovidas pela ABNT,1 e pela nossa preocupação em tornar
o livro mais didático, para facilitar a aprendizagem da disciplina. É
válido ressaltar que este livro é o resultado da experiência acumulada
nas últimas três décadas no campo teórico e prático como
pesquisador, orientador e professor das disciplinas de Metodologia
Científica e de Seminários de Pesquisa nos cursos de graduação,
especialização, mestrado e doutorado em Administração e Ciências
Contábeis na Universidade de Brasília.

“Metodologia científica pode ser definida como o estudo dos métodos ou dos
instrumentos necessários para elaborar um estudo científico. A utilização
adequada desse elenco de técnicas e processos que integram a metodologia
científica permite ao pesquisador obter melhor desempenho e qualidade na
produção científica” (MATIAS-PEREIRA, 2019).

Assim, este “Manual” destina-se a auxiliar na elaboração de todos


os tipos de trabalhos acadêmicos e, de forma específica, as
monografias de conclusão de curso (TCC) e de especialização,
dissertação de mestrado e tese de doutorado. Prevalece aqui a nossa
preocupação em abordar e discutir os aspectos mais relevantes sobre
o conhecimento da metodologia e das técnicas de investigação, desde
a escolha do tema, o planejamento da investigação, o
desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação de dados, a
análise dos resultados, a elaboração das conclusões, até a divulgação
de resultados.

“A pesquisa pode ser entendida como o conjunto de procedimentos e técnicas


ordenados de forma sistemática pelas ciências – ou seja, o método científico –
na busca de descobrir, investigar e encontrar soluções para os problemas
propostos pelos pesquisadores” (MATIAS-PEREIRA, 2012a).

As três edições anteriores deste livro esgotaram-se num prazo


razoavelmente curto, o que evidencia a sua boa aceitação pelos
nossos leitores. Nesse sentido, aproveitamos para agradecer a todos
aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para seu êxito,
especialmente os nossos alunos de graduação, mestrado e doutorado
em Ciências Contábeis e Administração.
A metodologia da pesquisa – como disciplina que está a serviço da
Ciência – é o estudo dos métodos, da forma e das técnicas necessárias
para a construção de uma pesquisa científica. O conhecimento dos
métodos, portanto, é essencial na elaboração do trabalho científico.
Assim, o nosso objetivo principal, ao promover o aperfeiçoamento e a
atualização deste livro, é torná-lo um instrumento cada vez mais
prático e funcional para os pesquisadores que estão elaborando
trabalhos técnico-científicos. Recordo, por fim, que este “Manual”
está direcionado para os alunos e pesquisadores da área de Ciências
Sociais, com destaque para a Administração, Contabilidade,
Economia, Ciência Política, Sociologia e Direito.
Procure tirar o melhor proveito dos seus esforços.
Tenha uma boa leitura!!!

Brasília, inverno de 2016.


José Matias-Pereira

1 Com as alterações e atualizações das normas de informação e documentação, o


“Manual” traz uma compilação das principais normas da ABNT, em especial a NBR
14724:2011 (Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação) e a
NBR 15287:2011 (Informação e documentação – Projeto de pesquisa – Apresentação).
Prefácio à 3a Edição

“Os nossos sonhos e esperanças não têm necessariamente de


comandar as nossas conclusões. Na procura da verdade, o nosso
melhor plano pode ser o de começar por criticar as crenças que
mais prezamos. É possível que este pareça a alguns um plano
perverso. Mas não o parecerá àqueles que querem descobrir a
verdade e não têm receio dela.” (Karl Popper. Conjecturas e
refutações, 2006, p. 22)

Uma palavrinha inicial

A terceira edição do Manual de metodologia da pesquisa


científica – revista e atualizada – é motivada, em especial, pelas
contínuas mudanças no campo da educação e pelas alterações de
duas importantes normas promovidas pela ABNT em 2011,1 além da
nossa preocupação em tornar o livro mais didático, com vista a
permitir a aprendizagem mais fácil da disciplina. Assim, este livro é o
resultado da experiência acumulada nas últimas três décadas no
campo teórico e prático como pesquisador, orientador e professor das
disciplinas de Metodologia Científica e de Seminários de Pesquisa nos
cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado em
Administração e Ciências Contábeis na Universidade de Brasília.
Ressalto que este “Manual” destina-se a auxiliar na elaboração de
todos os tipos de trabalhos acadêmicos e, de forma específica, as
monografias de conclusão de curso (TCC) e de especialização,
dissertação de mestrado e tese de doutorado. Aqui reiteramos a nossa
preocupação em abordar e discutir os aspectos mais relevantes sobre
o conhecimento da metodologia e das técnicas de investigação, desde
a escolha do tema, o planejamento da investigação, o
desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação de dados, a
análise dos resultados, a elaboração das conclusões, até a divulgação
de resultados.

“A pesquisa pode ser entendida como o conjunto de procedimentos e técnicas


ordenados de forma sistemática pelas ciências – ou seja, o método científico –
na busca de descobrir, investigar e encontrar soluções para os problemas
propostos pelos pesquisadores” (MATIAS-PEREIRA, 2010a).

É importante destacar que as edições anteriores deste livro


esgotaram-se num prazo bastante curto, o que evidencia a sua boa
aceitação pelos nossos leitores. Nesse sentido, aproveitamos para
agradecer a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram
para seu êxito, especialmente os nossos alunos de graduação,
mestrado e doutorado em Ciências Contábeis e Administração.
A metodologia da pesquisa – como disciplina que está a serviço da
Ciência – é o estudo dos métodos, da forma e das técnicas necessárias
para a construção de uma pesquisa científica. O conhecimento dos
métodos, portanto, é essencial na elaboração do trabalho científico.
Assim, o nosso objetivo principal, ao promover o aperfeiçoamento e a
atualização deste livro, é torná-lo um instrumento cada vez mais
prático e funcional para os pesquisadores que estão elaborando
trabalhos técnico-científicos. Recordo, por fim, que este “Manual”
está direcionado para os alunos e pesquisadores da área de Ciências
Sociais, com destaque para a Administração, Contabilidade,
Economia, Ciência Política, Sociologia e Direito.
Procure tirar o melhor proveito dos seus esforços.
Tenha uma boa leitura!!!

Brasília, verão de 2012.


José Matias-Pereira

1 Com as alterações e atualizações das normas de informação e documentação, o


“Manual” traz uma compilação das principais normas da ABNT, em especial a NBR
14724:2011 (Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação), e a
NBR 15287:2011 (Informação e documentação – Projeto de pesquisa – Apresentação).
Prefácio à 2a Edição

“A produção do conhecimento humano, em todas as áreas e


segmentos da sociedade, tem como suporte a metodologia da
pesquisa científica.” (MATIAS-PEREIRA, 2001)

Uma palavrinha inicial

Nesta 2a edição do Manual de metodologia da pesquisa


científica reiteramos a nossa preocupação em abordar e discutir os
aspectos mais relevantes sobre o conhecimento da metodologia e das
técnicas de investigação, desde a escolha do tema, o planejamento da
investigação, o desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação
de dados, a análise dos resultados, a elaboração das conclusões, até a
divulgação de resultados.

Procurar respostas às questões que foram propostas para a realização da


pesquisa é o grande desafio do pesquisador. Na essência das suas inquietações
está a necessidade de conhecer a verdade na área objeto da pesquisa
(MATIAS-

-PEREIRA, 2007).
Recordo que este “Manual” está direcionado para os alunos e
pesquisadores da área de Ciências Sociais, com destaque para a
Administração, Economia e Ciências Contábeis.
Procure tirar o melhor proveito dos seus esforços.
Tenha uma boa leitura!!!

Brasília, verão de 2010.


José Matias-Pereira
Prefácio à 1a Edição

“É essencial que a elaboração de trabalhos acadêmicos seja vista


pelo aluno como uma tarefa prática e prazerosa.” (UMBERTO
ECO, 1995)

Uma palavrinha inicial

Vamos abordar neste Manual de metodologia da pesquisa


científica as questões mais relevantes sobre o conhecimento da
metodologia e das técnicas de investigação, desde a escolha do tema,
o planejamento da investigação, o desenvolvimento metodológico, a
coleta e a tabulação de dados, a análise dos resultados, a elaboração
das conclusões, até a divulgação de resultados.

A disciplina de Metodologia da Pesquisa está orientada para apresentar os


principais conceitos da metodologia da pesquisa, suas etapas e instruções
para auxiliar na produção de uma monografia, dissertação ou tese de
doutorado de boa qualidade. Ressaltamos, assim, que a função da disciplina é
ajudar o pesquisador a refletir e instigar um novo olhar sobre o mundo que irá
investigar. Sua plataforma de partida será motivada por uma inquietação
científica, estimulada pela curiosidade e pela criatividade (MATIAS-PEREIRA,
2007).
Este “Manual” está direcionado para os alunos e pesquisadores de
Ciências Sociais, com destaque para as áreas de Administração,
Economia e Ciências Contábeis.
Tenha uma boa leitura!!!

Brasília, primavera de 2007.


José Matias-Pereira
Apresentação

A disciplina Metodologia da Pesquisa aborda questões sobre o co-­


nhecimento da metodologia e das técnicas de investigação em Ciên-­
cias Sociais, com destaque para as áreas de Administração, Economia,
Ciências Contábeis, Ciência Política, Sociologia e Direito.
Vamos discutir e avaliar as bases metodológicas dos trabalhos de
pesquisa que serão submetidos às bancas de avaliações com ênfase no
formato e nos componentes essenciais da pesquisa científica.
Nesse esforço, conforme será evidenciado em sua forma e conteú-­
do, a disciplina busca apresentar os principais conceitos da metodo-­
logia da pesquisa, suas etapas e instruções para auxiliar na produção
de uma monografia, dissertação de mestrado ou tese de doutorado.
Metodologia científica é entendida, neste livro, como um conjun-­
to de procedimentos, técnicas e etapas ordenadamente dispostas – ou
seja, o método científico – que o pesquisador deve superar na investi-­
gação de um fenômeno.
Nas fases envolvidas no processo da pesquisa estão incluídos
desde a escolha do tema, o planejamento da investigação, o
desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação de dados, a
análise dos resultados, a elaboração das conclusões, até a divulgação
de resultados.
A disciplina de Metodologia da Pesquisa está orientada para per-­
mitir que o pesquisador alcance o seu propósito de forma adequada.
A sua função é ajudar o pesquisador a refletir e instigar um novo
olhar sobre o mundo que irá investigar. Sua plataforma de partida
será motivada por uma inquietação científica, estimulada pela curio-­
sidade e pela criatividade. É essencial que a elaboração de trabalhos
acadêmicos seja vista pelo aluno como uma tarefa prática e prazero-­
sa (ECO, 2010).
O objetivo geral consiste em oferecer embasamento metodológi­co
para a realização de trabalho científico, bem como reconhecer essa
atividade como fonte de geração de novos conhecimentos.
A disciplina, essencial na formação dos alunos, é composta por
cin­co temas:
Tema 1 –Histórico das concepções de ciência e dos seus métodos.
Tema 2 –Metodologias de pesquisa científica.
Tema 3 –Definição do foco do estudo científico.
Tema 4 –Estrutura de um trabalho de pesquisa científica.
Tema 5 –Técnicas para elaboração de relatórios de pesquisa
científica.
Tenha um bom percurso!
Tema 1
Histórico das concepções de ciência e
dos seus métodos

Uma palavrinha inicial

O Tema 1 trata sobre a importância da metodologia científica para


a elaboração de pesquisas, as fases envolvidas nesse processo e os
tipos de trabalhos de conclusão de graduação e pós-graduação.
Também serão abordadas as concepções de ciência, seus conceitos e
interpretações, além de discorrer sobre os diferentes métodos.

Ao fim deste estudo, você deverá:

• compreender o que é metodologia científica;


• distinguir os tipos de trabalhos científicos;
• relatar as fases e a forma de avaliação de uma pesquisa;
• diferenciar as concepções de ciência;
• conceituar conhecimento científico e especulativo.
1.1 Introdução à metodologia científica

O trabalho acadêmico científico, que representa a síntese do


esforço do pesquisador, é um requisito parcial para a obtenção de
títulos. A ideia dos trabalhos científicos surgiu a partir da necessidade
imposta pela competitividade no campo de trabalho, que exige do
homem reflexão, capacidade de expor suas ideias e, principalmente,
habilidade para compor suas propostas ou mesmo seus projetos
vinculados ao seu cotidiano comunitário e profissional.
É essencial, no debate sobre metodologia da pesquisa, explicitar
de forma sucinta alguns conceitos relevantes que serão utilizados ao
longo deste Manual. O termo pesquisar pode ser entendido, num
sentido amplo, como a maneira de buscar respostas para as questões
propostas pelo pesquisador. Por sua vez, a pesquisa científica é a
concretização de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida
de acordo com as normas da metodologia estabelecidas pela ciência.

O método, para Matias-Pereira (2019), é um conjunto de


técnicas, regras e procedimentos que devem ser adotados na
realização de uma pesquisa científica. Dessa forma, a
definição do método está relacionada à natureza da pesquisa
que será desenvolvida.

No tocante às suas finalidades a pesquisa pode ser pura ou


aplicada. Na pesquisa pura ou básica visa à satisfação do desejo de
adquirir conhecimentos, sem que para isso exista uma aplicação
prática prevista. Na pesquisa aplicada, por sua vez, os conhecimentos
adquiridos são utilizados para aplicação prática e voltados para a
solução de problemas concretos da vida moderna. São bastante
utilizadas nos campos de conhecimento da administração e da
contabilidade.
A pesquisa pode ser classificada quanto à área da ciência em
pesquisa teórica, metodológica, empírica e prática. Quanto à natureza
em trabalho científico original e de resumo de assunto. Quanto aos
objetivos em pesquisa exploratória, descritiva e explicativa. Quanto
aos procedimentos em pesquisa de campo e pesquisa de fonte de
papel. Quanto ao objeto em pesquisa bibliográfica, de laboratório e
de campo. Quanto à forma de abordagem em pesquisa quantitativa e
qualitativa.
A pesquisa científica se apresenta como uma atividade orientada
para a busca de solução de problemas por meio da utilização de
métodos científicos. A pesquisa científica, portanto, pode ser aceita
como um elenco de procedimentos sistemáticos e de técnicas
baseadas no raciocínio lógico, com o propósito de encontrar soluções
para os problemas propostos pelo pesquisador, por meio do emprego
de métodos científicos.
Assim, nos propomos a analisar e debater com vocês
pesquisadores, ao longo deste Manual, as questões centrais que
dizem respeito à metodologia da pesquisa científica.

Pesquisador é o indivíduo responsável por iniciar, desenvolver


ou praticar a arte da experimentação ativa, ou seja, cabe a ele
criar ou produzir um experimento para verificar se a
regularidade ou veracidade constatada é compatível com o
que se busca demonstrar.
Buscando uma melhor conscientização, encontramos em Martins
(2000), as seguintes considerações:

• artigo: escrito que trata de determinado assunto destinado a


uma publicação, geralmente com caráter periódico;
• monografia: documento que descreve um estudo minucioso
sobre tema relativamente restrito. Frequentemente é solicitado
como “Trabalho de Formatura” ou “Trabalho de Final de
Curso” (são trabalhos realizados em níveis de graduação e
especialização);
• dissertação: documento que descreve um trabalho de
pesquisa que demonstre sólidos conhecimentos sobre a área de
estudos a que se dedica. Geralmente, é defendido perante uma
comissão para obtenção do título de mestre;
• tese: documento que descreve um trabalho original de
pesquisa que demonstre avanço na área de estudo a que se
dedica. Geralmente, é defendido perante uma comissão para
obtenção do título de doutor.

Monografia, do grego monos, que significa “única”, e


graphein, que quer dizer “escrita”, é um trabalho científico,
com enfoque num tema específico, apresentado ao final do
curso de graduação (TCC), especialização, mestrado e
doutorado. O depósito e a defesa da monografia são
exigências básicas para as instituições de ensino superior
conferirem ao seu autor o grau de bacharel, mestre ou doutor
numa área específica de conhecimento.

Merece destaque, no que se refere aos trabalhos acadêmicos, a


definição de proposta pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT NBR 14724:2011):

• trabalho de conclusão de curso de graduação, trabalho de


graduação interdisciplinar, trabalho de conclusão de curso de
especialização e/ou aperfeiçoamento: documento que
apresenta o resultado de estudo, devendo expressar
conhecimento do assunto escolhido, que deve ser
obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo
independente, curso, programa, e outros ministrados. Deve ser
feito sob a coordenação de um orientador;
• dissertação: documento que apresenta o resultado de um
trabalho experimental ou exposição de um estudo científico
retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua
extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar
informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura
existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do
candidato. É feito sob a coordenação de um orientador
(doutor), visando à obtenção do título de mestre;

• tese: documento que apresenta o resultado de um trabalho


experimental ou exposição de um estudo científico de tema
único e bem delimitado; deve ser elaborado com base em
investigação original, constituindo-se em real contribuição
para a especialidade em questão; é feito sob a coordenação de
um orientador (doutor) e visa à obtenção do título de doutor,
ou similar.
A monografia, num contexto geral, “é o tratamento escrito de um
tema específico que resulte de investigação científica com o escopo de
apresentar uma contribuição relevante ou original e pessoal à
ciência” (SALOMON, 2004).
A palavra monografia vem do
grego monos (um só) e graphein
(escrever).

Num âmbito mais específico, o termo monografia está associado


aos trabalhos de final de curso, desenvolvidos em níveis de graduação
e especialização (pós-graduação lato sensu), e representa um
documento escrito sobre determinado tema, consolidando os
resultados da investigação científica realizada e obedecendo a
métodos e técnicas. A monografia também é identificada por Eco
(2010) como uma complementação de estudos e de resgate de temas
de interesse particular, ou mesmo que objetive uma oportunidade
profissional futura.

A monografia, para Matias-Pereira (2019), é um documento


consistente escrito sobre determinado tema, apoiado num
conjunto de técnicas, regras e procedimentos adequados. O
principal objetivo da monografia é sistematizar informações,
análises e interpretações científicas que empurrem a linha do
conhecimento científico um pouco adiante.

Para Eco (2010), a monografia é uma abordagem de um só tema, como tal se


opondo a “uma história de”, a um manual, a uma enciclopédia. Para o autor,
uma tese monográfica é preferível a uma tese panorâmica. Assim, quanto
mais se restringe o campo, melhor e com mais segurança se trabalha.

“O processo de elaboração de
trabalhos científicos apresenta-se
como algo diferenciado na nossa
vida acadêmica. Quando realizados
com qualidade, irão refletir de
forma benéfica na nossa trajetória
profissional e pessoal” (MATIAS-
PEREIRA, 2001).

Os termos “dissertação” e “tese” se aplicam ao trabalho de final de


curso de pós-graduação stricto sensu, para obtenção dos títulos de
mestre e doutor, respectivamente. As diferenças de conteúdo desses
trabalhos em relação à complexidade e profundidade dos temas
desenvolvidos dependerão dos objetivos para sua elaboração.
No caso da tese, o aspecto da originalidade é uma questão
fundamental a ser perseguida. Para diversos autores, como, por
exemplo, Trujillo Ferrari (1974); Bunge (1975); Andrade (2004);
Matias-Pereira (2010a) e Eco (2010), essa originalidade configura-se
não apenas em novas descobertas, mas também em qualquer
inovação no enfoque do assunto ou na sistematização do
conhecimento:

pode-se utilizar a ocasião da tese (mesmo se o resto do curso


universitário foi decepcionante ou frustrante) para recuperar o
sentido positivo e progressivo do estudo, entendido não como
coleta de noções, mas como elaboração crítica de uma
experiência, aquisição de uma capacidade (útil para o futuro) de
identificar os problemas, encará--los como método e expô-los
segundo certas técnicas de comunicação (ECO, p. XIV, 2010 –
Introdução).

A pesquisa científica pode ser aceita como a realização efetiva de uma


investigação planejada e desenvolvida de acordo com as normas consagradas
pela metodologia científica. A elaboração de uma monografia de curso de
graduação, de pós-graduação lato sensu, de dissertação de mestrado ou de
tese de doutorado (pós-graduação stricto sensu) vai exigir de
cada aluno uma dedicação especial.

Além dos aspectos formais da obra, como formatação de margens,


notas de rodapé, bibliografia etc., o trabalho de pesquisa sempre será
avaliado pela consistência do seu conteúdo. Essa é uma tarefa
instigante e complexa.
Dispor de um roteiro para a produção de conhecimento com apoio
de metodologia científica é essencial, e com ele podemos permitir que
você possa entender adequadamente as regras de produção científica.
A avaliação de um trabalho científico, propriamente dito, passa
pela sua qualidade política e por sua qualidade formal. A primeira
refere-se fundamentalmente aos conteúdos, aos fins e à consistência
do trabalho científico. A segunda refere-se aos meios e formas usados
na produção do trabalho.
Por ocasião da avaliação, devem ser considerados o domínio de
técnicas de coleta e interpretação de dados, o manuseio de fontes de
informação, o domínio do referencial teórico e a qualidade da
apresentação escrita ou oral, os quais devem estar em consonância
com as formalidades e rituais exigidos pela academia (MATIAS-
PEREIRA, 2010a).

Pense na importância da pesquisa


científica para o desenvolvimento
científico e tecnológico no Brasil.
Por fim, reiteramos que os alunos, sejam de graduação,
especialização, mestrado ou doutorado, necessitam estar conscientes
de que a síntese do seu esforço estará contida no seu trabalho
científico, razão pela qual devem dar especial atenção às disciplinas
de Metodologia da Pesquisa e Seminários de Pesquisa (doutorado).
Dessa forma estarão aptos, ao final do curso, para elaborar uma
pesquisa de boa qualidade.

1.2 Elaboração e desenvolvimento do projeto de


pesquisa

A elaboração de um projeto de pesquisa, seja uma monografia,


dissertação ou tese, necessita – para que seus resultados sejam
satisfatórios – basear-se num planejamento cuidadoso, alicerçado em
reflexões conceituais sólidas e em conhecimentos já existentes.
Nesse sentido, sustenta Kurtz (1978, 1981) que as pseudociências
são matérias que:
• não utilizam métodos experimentais rigorosos em suas
investigações;
• carecem de uma armação conceitual contrastável;
• afirmam ter alcançado resultados positivos, embora suas
provas sejam altamente questionáveis e suas generalizações
não tenham sido corroboradas por investigadores imparciais.
Observa-se após essas considerações que pesquisar é um trabalho
que envolve um planejamento adequado. O sucesso de uma pesquisa
dependerá do ritual a ser seguido, do seu envolvimento com a
pesquisa e de sua habilidade em escolher o caminho para atingir os
objetivos da pesquisa.

Como ocorre no processo de planejamento e execução de


qualquer projeto, a pesquisa é um trabalho em processo não
totalmente contro lável ou previsível.

A pesquisa, ao longo do seu percurso, irá exigir, em função das


circunstâncias, ser reavaliada. Isso implica dizer que, além das
normas e regras, é preciso ter criatividade e capacidade de reflexão.
Vale lembrar que a abordagem interdisciplinar nas áreas de
Administração e Contabilidade atua como suporte da sua construção
cognitiva. Nesse sentido, a Administração e a Contabilidade estão
envolvidas e interagem com diversas ciências humanas, em particular
com as ciências da organização (que estudam temas ligados à
Administração, à Ciência Política, à Sociologia, às Ciências
Ambientais, ao Direito, à Psicologia Comportamental e à Matemática
Aplicada) e a Economia.

Veja os ensaios de Imre Lakatos,


identificado como um dos mais
importantes filósofos da ciência do
século XX, que estão reunidos no
livro História da ciência e suas
reconstruções racionais (1998).
Uma de suas preocupações é a
questão da demarcação entre
ciência e pseudociência, o que não
considera um mero problema de
filosofia social de salão, mas de vital
relevância social e política.

Registre-se que a Administração e a Contabilidade são áreas


interdisciplinares e, nesse sentido, as fontes de informação para as
pesquisas nessas áreas podem ser obtidas de outras escolas do
conhecimento. Essas fontes poderão ser utilizadas quando o
pesquisador estiver elaborando sua revisão da literatura/pesquisa
bibliográfica para identificar as referências que irão fundamentar
teoricamente sua pesquisa.

1.3 Concepções científicas

É perceptível que os filósofos, quando tentam compreender o


método científico, buscam desenvolver diversas concepções da
racionalidade científica e interpretam a história da ciência em
conformidade com essas concepções. Dessa forma, diferentes
filosofias da ciência são responsáveis em produzir reconstruções
racionais diferenciadas para a história da ciência.

A busca pelo conhecimento não é uma preocupação nova


para a humanidade. Nesse sentido, assinala Aristóteles
(1990:3): “Todos os homens têm sua gênese afim ao
conhecer”.
Nesse contexto histórico veja os estudos seminais de René
Descartes. Aceito como o fundador da filosofia dos novos tempos,
Descartes foi o primeiro grande construtor de um sistema filosófico
que foi seguido por Spinoza e Leibniz, Locke e Berkeley, Hume e
Kant. Sua obra mais importante é Discurso do método, onde explica,
entre outras coisas, que não se deve considerar nada como
verdadeiro. Descartes (1968) afasta-se e contrapõe-se aos processos
indutivos, criando o método dedutivo. Para o autor é possível chegar
à certeza por meio da razão, princípio absoluto do conhecimento
humano. No seu estudo postula quatro regras: a da evidência; a da
análise; a da síntese; e a da enumeração.

Distinção entre o método indutivo e o dedutivo

O método indutivo tem como ponto de partida as observações


particulares para fazer generalizações. O método dedutivo, por sua
vez, tem início nas observações gerais, e a partir dessas
generalizações chega-se às conclusões particulares. É relevante
destacar que Salmon (1979, 1993, 1999) apresenta algumas
características que diferenciam os métodos indutivos dos métodos
dedutivos.

Quadro 1.1 Distinção entre os métodos: indutivo e o dedutivo.

DEDUTIVO INDUTIVO

Se todas as premissas são verdadeiras, a


Se todas as premissas são verdadeiras, a
conclusão é provavelmente verdadeira, mas não
conclusão deve ser verdadeira.
necessariamente verdadeira.

Toda a informação ou conteúdo fatual da A conclusão encerra informação que não estava,
conclusão já estava, pelo menos nem implicitamente, nas premissas.
implicitamente, nas premissas.
Fonte: Salmon (1979, 1993, 1999).

Observa-se que a característica principal do método da indução é


a argumentação, enquanto a do método da dedução é a observação.
Recorde-se que nada impede que uma pesquisa utilize os dois
métodos de maneira simultânea, ou seja, essa opção irá depender da
maneira como a pesquisa foi concebida.

Concepções de ciência

Chaui (2005) sustenta que historicamente as principais


concepções de ciência ou de ideais de cientificidade são três:
• o racionalista, cujo modelo de objetividade é a matemática;
• o empirista, que tem como referência o modelo de
objetividade da medicina grega e da história natural do século
XVII;
• o construtivista, cujo modelo de objetividade advém da ideia
de razão como conhecimento aproximativo.
Para a concepção racionalista – que se estende dos gregos até o
final do século XVII –, a ciência é um conhecimento racional dedutivo
e demonstrativo como a matemática. Portanto, capaz de provar a
verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem
deixar qualquer dúvida possível.
Nesse sentido, para Chaui (2005), uma ciência é a unidade
sistemática de axiomas, postulados e definições que determinam a
natureza e as propriedades de seu objeto, e de demonstrações que
provam as relações de causalidade que regem o objeto investigado.
Para essa corrente de pensamento, o objeto científico é uma
representação intelectual universal, necessária e verdadeira das
coisas representadas e
corresponde à própria
realidade, porque esta é
racional e inteligível em si
mesma.
As experiências
científicas são realizadas
apenas para verificar e
confirmar as
demonstrações teóricas e
não para produzir o
conhecimento do objeto,
pois este é conhecido
exclusivamente pelo
pensamento. O objeto
científico é matemático
porque a realidade possui uma estrutura matemática.
A concepção empirista – que vai da medicina grega e Aristóteles
até o final do século XIX – afirma que a ciência é uma interpretação
dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem
estabelecer induções. Ao serem completadas, oferecem a definição do
objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento.
A teoria científica resulta das observações e dos experimentos, de
modo que a experiência não tem simplesmente o papel de verificar e
confirmar conceitos, mas tem a função de produzi-los. Eis por que,
nesta concepção, sempre houve grande cuidado para estabelecer
métodos experimentais rigorosos, pois deles dependia a formulação
da teoria e a definição da objetividade investigada.
Essas duas concepções de cientificidade possuíam o mesmo
pressuposto, embora o realizassem de maneiras diferentes. Ambas
consideravam
que a teoria
científica era uma
explicação, bem
como uma
representação
verdadeira da
própria
realidade, tal
como esta é em si
mesma. A ciência
era uma espécie
de raio X da
realidade. A
concepção
racionalista era
hipotético-
dedutiva, isto é, definia o objeto e suas leis, e disso deduzia
propriedades, efeitos posteriores, previsões.
A concepção empirista era hipotético-indutiva, isto é, apresentava
suposições sobre o objeto, realizava observações e experimentos, e
chegava à definição dos fatos, as suas leis, suas propriedades, seus
efeitos posteriores e previsões.
A concepção construtivista – iniciada no século passado –
considera a ciência uma construção de modelos explicativos para a
realidade e não uma representação da própria realidade. O cientista
combina dois procedimentos – um vindo do racionalismo e outro, do
empirismo – e a eles acrescenta um terceiro, vindo da ideia de
conhecimento aproximativo e corrigível (CHAUI, 2005).
Como o
racionalista, o
cientista
construtivista
exige que o
método lhe
permita e lhe
garanta
estabelecer
axiomas,
postulados,
definições e
deduções sobre o
objeto científico.
Como o empirista,
o construtivista exige que a experimentação guie e modifique
axiomas, postulados, definições e demonstrações.
No entanto, porque considera o objeto uma construção lógico-
inte-lectual e uma construção experimental feita em laboratório, o
cientista não espera que seu trabalho apresente a realidade em si
mesma, mas ofereça estruturas e modelos de funcionamento da
realidade, explicando os fenômenos observados.

Qual sua opinião em


relação às
concepções de
ciência citadas?
Não espera, portanto, apresentar uma verdade absoluta e, sim,
uma verdade aproximada que pode ser corrigida, modificada,
abandonada por outra mais adequada aos fenômenos.
As exigências de seu ideal de cientificidade são (CHAUI, 2005):

• que haja coerência (isto é, que não haja contradições) entre os


princípios que orientam a teoria;
• que os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenômenos)
sejam construídos com base na observação e na
experimentação;
• que os resultados obtidos possam não só alterar os modelos
construídos, mas também alterar os próprios princípios da
teoria, corrigindo-a.

Teoria e investigação
empírica são
elementos
contrapostos?

1.4 Conhecimento científico e especulativo

Uma das maneiras para se conhecer uma sociedade é pela forma


especulativa, o denominado conhecimento vulgar, e refere-se a um
senso comum, corrente e espontâneo de conhecer. É o que se adquire
no trato direto com os homens e as coisas.
Caracteriza-se por ser superficial, sensitivo, subjetivo, não
sistemático. Superficial, porque se conforma com o aparente;
sensitivo, pois faz referência a vivências e emoções da vida diária;
subjetivo, tendo em vista que a organização das experiências e do
conhecimento não é de modo sistemático, tanto na forma de adquirir
como em sua validação. Esses conhecimentos podem ser verdadeiros
ou não.
Outra maneira de conhecer a realidade é mediante o
conhecimento científico e o uso de técnicas de investigação baseadas
em dados. O saber científico é obtido mediante um conhecimento
racional. Assim, as afirmações que não podem ser provadas e testadas
por meio de métodos científicos não entram no âmbito da ciência.

“O conhecimento é o resultado do esforço do indivíduo para


compreender o que ocorre no mundo em que vive. Esse
conhecer, que permite a transformação e a remodelagem do
ambiente em que o indivíduo vive, tem como beneficiário
final a sociedade. O conhecimento ao ser apropriado e
utilizado no mundo contribui para abrir janelas para o
surgimento de novos conhecimentos” (MATIAS-PEREIRA,
2019).

Para Bunge (1975), o método científico é a teoria da investigação.


A pesquisa, para o autor, atinge seus objetivos, de forma científica,
quando cumpre ou se propõe a cumprir as seguintes etapas:
descobrimento do problema; colocação precisa do problema; procura
de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema; tentativa
de solução do problema com auxílio dos meios identificados;
invenção de novas ideias; obtenção de uma solução; investigação das
consequências da solução obtida; prova (comprovação) da solução;
correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados
na obtenção da solução incorreta.
“Método é um procedimento regular, explícito e passível de
ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou
conceitual” (BUNGE, 1975, p. 19).

Observa-se, portanto, que entre as diferentes formas de explicar


os fatos e fenômenos que envolvem o mundo em que vivemos está a
ciência. A ciência é uma forma de conhecimento, e a essência da
atividade da ciência é a pesquisa, visto que é por meio dela que
buscamos conhecer e compreender melhor o mundo.
Para uma melhor compreensão do tema conhecimento, veja o
Quadro 1.2, a seguir, no qual se apresenta uma síntese das
características dos diferentes tipos de conhecimento: popular,
filosófico, teológico e científico.

Quadro 1.2 Tipos de conhecimento.

Conhecimento popular Conhecimento científico

Valorativo
Reflexivo Real (factual)
Assistemático Contingente
Subjetivo Sistemático
Verificável Verificável
Falível Falível Aproximadamente exato
Inexato

Conhecimento filosófico Conhecimento teológico

Valorativo Valorativo
Racional Sistemático Inspiracional
Não verificável Sistemático
Infalível Não verificável
Exato Infalível
Exato
Fonte: Trujillo Ferrari (1982), com adaptações.

A diferença entre a forma especulativa e a científica está no


nível de consistência do conhecimento e nos instrumentos
utilizados. Ambos configuram-se métodos.

Teoria e investigação empírica não são elementos contrapostos. A


teoria que não se baseia na realidade fatalmente será utópica; já a
investigação sem a teoria não apresenta nenhum significado. É por
meio da constatação empírica que se obtém o conhecimento teórico,
por meio da comparação e comprovação de hipóteses.
A teoria orienta a investigação, enquanto sinaliza os fatos
significativos que serão estudados, e direciona a formulação de
perguntas. Indica áreas não exploradas do conhecimento, daquilo que
ainda não foi observado, alguma lacuna no conhecimento e a
necessidade de constatações adicionais.
A teoria tem a função de explicar o
significado dos fatos e as relações
que existem entre eles. Assim,
quando um pesquisador parte de
uma ideia ampla e abstrata e atinge
um conhecimento lógico e racional,
pode-se afirmar que se chegou a
uma teoria (MATIAS-PEREIRA,
2007).

A partir da investigação, torna-se possível chegar à aceitação,


reformulação ou rejeição de uma teoria. A verificação empírica,
realizada somente mediante investigação, é o que confirma,
reformula ou refuta uma teoria pela constatação do ajustamento
entre os resultados e os pressupostos teóricos.
Teoria é um conjunto de hipóteses coerentemente interligadas,
tendo por finalidade explicar, elucidar, interpretar ou unificar um
dado domínio do conhecimento. Em relação à experimentação,
conforme sustenta Popper (1975), não existem observações puras,
visto que elas estão impregnadas e acompanhadas pelas teorias e são
orientadas pelos problemas.
As teorias evidenciam a realidade de algo que é contrastado
empiricamente. Quando se passa de uma visão geral e abstrata a um
conhecimento lógico e racional, chega-se à teoria. A teoria explica os
fatos e as relações existentes entre eles.

A teoria e a investigação empírica são elementos


complementares. A ausência de um deles pode levar a um
conhecimento utópico. Assim, a teoria explica algo que pode
ser constatado empiricamente (GONZÁLEZ RÍO, 1997).

1.5 O que é ciência?

A definição de ciência não é uma tarefa fácil. A preocupação de


como definir ou conceituar ciência permeia grande parte do roteiro
bibliográfico no campo das ciências.
Ciência – de acordo com o dicionário Aurélio – é definida como o
conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado
objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a
experiência dos fatos e um método próprio.
Segundo argumenta Freire-Maia (1998), raramente os filósofos da
ciência se propõem a definir ciência. Existem, segundo o autor, três
motivos para essa recusa: o primeiro reside no fato de toda definição
ser incompleta (sempre há algo que foi excluído ou algo que poderia
ter sido incluído); o segundo, na própria complexidade do tema; e o
terceiro decorre justamente na falta de acordo entre as definições.
Pode-se afirmar que a ciência, em princípio, busca compreender a
realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e
necessárias entre os fenômenos, o que permite prever os
acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza.
Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de
conhecimento sistemático, preciso e objetivo (MATIAS-PEREIRA,
2019).

Apesar do rigor do método científico, não é conveniente


pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo,
pois ela avança em contínuo processo de investigação que
supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou
quando são inventados novos instrumentos.

A ciência, como um todo, é um conhecimento organizado. Cada


ciência particular é, em seu setor, a totalidade dos conhecimentos
ordenados e relacionados uns com os outros, segundo critérios
coerentes e geralmente aceitos. Ela pressupõe regularidade na
natureza, isto é, relação recíproca e invariável dos elementos que
participam dos fenômenos (lógica, causalidade ou determinismo,
probabilidade). Por isso, toda ciência se compõe de conhecimentos
fundamentados (o que não significa que sejam imutáveis) e que
permitem previsões.
Registre-se que o rigor científico nega, na sua essência, as
crendices, a magia, as superstições antigas e atuais.
Ciência tem estrutura. Por isso, ela se distingue
essencialmente de mera soma de informações, amontoado de
fatos, mesmo que sejam ordenados. A estrutura decorre da
uniformidade da natureza.

A história da ciência pode ser entendida como a sobrevivência da


teoria mais apta em condições rigorosas de teste. Esse caráter
provisório do conhecimento científico não deve ser visto como motivo
para desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. As
leis e as teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos
graus de confirmação e verificação, podendo dessa forma sofrer
aperfeiçoamentos ou serem ultrapassadas.

A ciência é um modo de compreender e analisar o mundo


empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca
do conhecimento científico através do uso da consciência
crítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial do
superficial e o principal do secundário (CERVO; BERVIAN,
2007).

Por sua vez, sustenta Oliveira (2002, p. 47), ao abordar o tema


ciência, que “trata-se do estudo, com critérios metodológicos, das
relações existentes entre causa e efeito de um fenômeno qualquer no
qual o estudioso se propõe a demonstrar a verdade dos fatos e suas
aplicações práticas. É uma forma de conhecimento sistemático, dos
fenômenos da natureza, dos fenômenos sociais, dos fenômenos
biológicos, matemáticos, físicos e químicos, para se chegar a um
conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis
por meio da pesquisa e dos testes”.
A ciência, para Wallace (1976), é uma maneira de gerar
enunciado acerca de acontecimentos do mundo, da experiência
humana e de contrastar sua verdade. Contudo, a ciência é um dos
meios para evidenciar a verdade. O referido autor menciona métodos
capazes de gerar esses resultados: o autoritário, o místico, o lógico-
racional e o científico.
Podemos argumentar que a ciência é o conhecimento das coisas
por suas causas, ou seja, a investigação da realidade com a finalidade
de identificar a essência das coisas e dos fenômenos e as leis que os
regem em benefício do homem.

1.6 A ciência na linha da renovação metodológica

Na linha de renovação metodológica, Feyerabend (1988a) afirma


que em ciência “tudo vale”. Para ele, na verdade, não existe uma
entidade monolítica chamada “ciência”, sendo impossível uma “teoria
da ciência” ou mesmo um “método científico”. O único princípio que
não inibe o progresso é: tudo vale.

[...] É claro que a ideia de um método estático ou de uma teoria


estática da racionalidade funda-se em uma concepção demasiado
ingênua do homem e de sua circunstância social. Os que tomam
do rico manancial da história, sem a preocupação de empobrecê-
lo para agradar a seus baixos instintos, a seu anseio de segurança
intelectual (que se manifesta como desejo de clareza, precisão,
‘objetividade’, ‘verdade’), esses veem claro que só há um
princípio que pode ser defendido em todos os estágios do
desenvolvimento humano. É o princípio: tudo vale
(FEYERABEND, 1988a, p. 27).

Assim, fazer ciência não é necessariamente aproximar-se da


verdade. A ciência não é a simples prática da verdade, mas aquilo que
um grupo estabelecido entende e partilha como a melhor maneira de
resolver e elucidar temas de investigação científica. Como elucida
Feyerabend, “a ciência é uma das muitas formas de pensamento
desenvolvida pelo homem e não necessariamente a melhor” (1977, p.
15), já que “[...] a ciência é apenas um dos muitos instrumentos
inventados pelo homem para fazer face à circunstância. Não é o
único, não é infalível” (1977, p. 337), porém “[...] a ciência continua
a reinar soberana [...] porque não se dispõe a tolerar ideologias
diferentes” (1977, p. 453).

“Para o desenvolvimento da ciência, deve-se adotar uma


postura mais liberal em termos de posicionamento frente a
novas ideias” (FEYERABEND, 1977, p. 337). Para melhor
compreendermos a natureza ao nosso redor, devemos
recorrer a todas as ideias e métodos, porque “[...] em todos
os tempos, o homem enfrentou as circunstâncias de olhos
abertos, com inteligência viva; [...] realizou descobertas
incríveis; e sempre ‘há ensinamentos a colher em suas ideias’” (FEYERABEND,
1977, p. 462-463).

Feyerabend (1977), ao criticar a concepção tradicional da


metodologia científica, nega a existência de um único método
científico, adotando uma postura relativista, afirmando que cada
conhecimento particular deve ser analisado por suas próprias regras e
não por quaisquer padrões externos que a legitimem.
Isso implica a liberdade do pesquisador frente à experiência,
liberdade essa que está sendo restringida pela tradição em seus
aspectos sociais e culturais, pelo próprio temperamento individual e
subjetivo de cada pesquisador, pelos formalismos e pela linguagem
empregados, pelo conjunto das crenças metafísicas e, inclusive, por
motivos estéticos. Veja a esse respeito o livro de Feyerabend (1989),
A ciência, aos cientistas!

Você acha possível


diferenciar ciência e
conhecimento?

A ciência como conceito amplo pode ser entendido como sendo a


aproximação máxima e permanente de uma realidade. O caráter
momentâneo conferido à realidade é exatamente o elemento que
impulsiona ao aprofundamento permanente, o qual busca a
confirmação, a comprovação e/ou manutenção da verdade já
estabelecida (FEYERABEND, 1989).
Nesse sentido, a ciência não é fonte de certezas, ou seja, ela
admite a possibilidade de erro e a necessidade de perpétua disposição
de rever as ideias. Por ser uma construção humana, a ciência traz no
seu bojo os acertos e os fracassos próprios do ser humano. Observa-se
que a realidade está sempre em transformação, o que torna
impossível congelá-la num modelo único. Ressalte-se, também, que o
homem se configura como uma contínua fonte de geração de
novidades.

“No nosso esforço para compreender a realidade, nossa


situação lembra a de um homem tentando compreender o
mecanismo de um relógio fechado. Ele vê o mostrador e os
ponteiros em movimento, ouve o seu tique-taque, mas não
tem meio algum de abrir a caixa. Se for engenhoso poderá
formar a ideia de um mecanismo responsável por tudo o que
observa exteriormente, mas não poderá nunca ter a certeza
absoluta de que o mecanismo que imagina seja o único capaz de explicar suas
observações dos movimentos exteriores” (EINSTEIN; INFELD, 2008).1
A ciência, para Wallace (1976), é uma maneira de gerar
enunciado acerca de acontecimentos do mundo, da experiência
humana e de contrastar sua verdade. Contudo, a ciência é um dos
meios para evidenciar a verdade. O referido autor menciona métodos
capazes de gerar esses resultados: o autoritário, o místico, o lógico-
racional e o científico.

1.7 As peculiaridades da pesquisa científica

A pesquisa científica é a atividade criadora complexa e que, por


isso, não se enquadra em moldes rígidos. Tem por finalidade
descrever, elucidar, explicar, prever e condicionar os processos de seu
âmbito.

A atividade científica busca alcançar conhecimento objetivo e


coletivo, sem influência de preconceitos ou tendências
pessoais. Os frutos de tais esforços são cumulativos na
sucessão das gerações, por isso o conhecimento científico é
cada vez mais extenso e mais exato. Veja, por exemplo, as
contribuições dos estudos de Johannes Kepler, astrônomo
alemão (1571-1630). Kepler desenvolveu um preciso e
sistemático estudo sobre a órbita de Marte e enunciou leis que ficaram
conhecidas como as Leis de Kepler, das quais Newton depreendeu as leis de
atração universal.

Os enunciados científicos distanciam-se dos não científicos porque


têm a possibilidade de serem confirmados positivamente pela
experiência. Assim, haverá sempre em algum lugar, na relação entre o
sujeito e o mundo, a presença do fato, enquanto forma positiva de
confirmar um enunciado. Esse tipo de resposta corresponde à posição
positivista e neopositivista.

1.8 Progresso científico e as contribuições de Thomas


Kuhn para a ciência

Thomas Kuhn destaca-se como um dos teóricos proeminentes do


século XX, que enfatizou as rupturas na história da ciência. Seu
instigante livro The structure of scientific revolutions (A estrutura
das revoluções científicas), publicado em 1962, representou um
marco de referência para filósofos e historiadores da ciência. A obra
de Kuhn tem um foco mais direcionado para as práticas das
comunidades científicas, do que especificamente para os
fundamentos lógicos de suas teorias.

Thomas Samuel Kuhn


(1922-1996) – físico americano cujo
trabalho incidiu sobre a história e a
filosofia da ciência.

As principais correntes de pensamento, relativas ao estudo do


método científico a atraírem a atenção dos estudiosos no
século XX, foram aquelas propostas por Karl Popper (1961) e
Thomas Kuhn (1962).

As concepções de Kuhn (2003) sobre como as ciências evoluem


vêm sendo discutidas desde o início da década de 1960, a partir da
publicação do seu livro, A estrutura das revoluções científicas, em
1962. Na sua obra, o autor apresenta sua concepção sobre o
desenvolvimento da ciência e expõe os principais conceitos de sua
teoria: ciência normal, paradigma e revolução científica. Descreve o
paradigma como uma realização científica que se torna modelo para
as demais pesquisas daquela área; a ciência normal, como o período
em que tal paradigma permanece vigente na ciência e no qual são
realizados estudos para aperfeiçoamento desse paradigma; e a
revolução científica, como o momento de crise no qual o paradigma
vigente é substituído por um novo paradigma mais eficiente.
No seu estudo, Kuhn (1962) discute como as ciências naturais –
especialmente a Física, ciência na qual busca a maioria dos exemplos
descritos no texto – alcança o progresso científico. Argumenta o autor
que os períodos de acumulação gradativa de conhecimento pela
comunidade científica, o qual denomina de “ciência normal”, são
interrompidos ou intercalados por períodos da chamada ciência
extraordinária, quando os “paradigmas” científicos são questionados
e revistos por meio das “revoluções científicas”. Assim, a ciência
avança tanto de forma acumulativa, nos períodos de ciência normal,
quanto aos saltos, quando ocorrem as revoluções científicas.
Nesse sentido, as contribuições de Thomas Kuhn para a ciência no
século XX representam um marco importante para o desenvolvimento
científico, na medida em que se opõe a uma concepção de ciência
explicativa.
Para isso, Kuhn busca desenvolver as suas teorias
epistemológicas por meio de um contato mais estreito com a história
das ciências. Para esse pensador, as explicações tradicionais da
ciência, o indutivismo e o falsificacionismo não resistem à evidência
histórica.
A palavra epistemologia é
composta de dois termos gregos:
episteme, que significa ciência, e
logia, vinda de logos, significando
conhecimento. Epistemologia é o
conhecimento filosófico sobre as
ciências.

Os principais pontos abordados por Kuhn (1962), na sua obra


Estrutura das revoluções científicas, são: ciência normal e
paradigma; metáfora do quebra-cabeça; períodos de crise e
períodos pré-paradigmáticos; revolução científica; progresso
da ciência; vantagens da ciência normal; e a ciência não é
cumulativa.

A base da teoria de Kuhn (2003) reside na ênfase dada ao caráter


revolucionário do próprio progresso científico. Para o autor, o
progresso científico ocorre em forma de saltos e nunca de forma
contínua. A maneira como vislumbra o progresso científico implica a
abordagem de alguns conceitos fundamentais, como “paradigma”,
“ciência normal”, “anomalia” e “revolução”.
O período que antecede a formação da ciência tende a ser
caracterizada por uma instabilidade e uma desorganização que só se
estrutura mediante a adoção de um paradigma.

Dessa forma, o paradigma deve ser entendido como uma estrutura mental
assumida que serve para classificar o real antes do estudo ou investigação
mais profunda, o que comporta elementos de natureza metodológico-
científica, mas também metafísica, psicológica etc.
Nesse período, os cientistas procuram avançar dentro dos
problemas que o paradigma assumido permite detectar. Quando
fazem isso, encontram obstáculos ou anomalias que, em muitos casos,
o paradigma não consegue resolver. Quando essas anomalias
ultrapassam o controle, instala-se uma crise que só será resolvida
pelo surgimento de um novo paradigma.
Ocorre nessa fase o que denominamos de revolução científica,
quando ocorre uma mudança na forma de observar o real e criam-se
novos paradigmas. Para Kuhn, a adoção de um novo paradigma, em
nível individual, é uma espécie de “conversão” que envolve todo um
possível conjunto de razões. Com a adoção de um novo paradigma
tem início um período de ciência normal até que uma nova crise volte
a se instalar.

1.9 A visão de Karl Popper sobre a lógica da pesquisa


científica

O estudo seminal A lógica da pesquisa científica de Karl


Raimund Popper (1961, 2007)2 foi publicado em 1933, em alemão. A
obra é dividida em duas partes: a primeira parte se caracteriza como
uma introdução à lógica científica e trata do problema da indução, da
demarcação e da falseabilidade; e na segunda parte o autor
desenvolve vários temas que denomina de “componentes estruturais
de uma teoria da experiência”. Nesse trabalho – reconhecido como
uma das obras mais relevantes relacionadas à metodologia e ao
conhecimento científico – o autor contribui de forma decisiva ao
problema da indução, que desafia os filósofos pelo menos desde o
século XVII.
A ciência, para Popper (2007), tem como alvo a incessante
procura de teorias verdadeiras, embora nunca possamos ter a certeza
de que uma determinada teoria é verdadeira. Para ser mais preciso: o
objetivo da ciência seria o de desenvolver teorias que estejam mais
próximas da verdade do que outras, ou seja, que correspondam
melhor aos fatos. Para o autor, o problema é que, mesmo que nos
deparemos com uma teoria verdadeira, estaremos, por via de regra,
meramente a conjecturar, pois nos é impossível saber se ela é
verdadeira.

O método hipotético-dedutivo coloca em posições


antagônicas as escolas do racionalismo e a escola do
empirismo no que se refere à forma de se alcançar o
conhecimento. Observa-se que ambas as escolas procuram
atingir o mesmo objetivo; porém, enquanto os racionalistas
buscam se apoiar na razão e na intuição concebida aos
homens, os empiristas têm como ponto de partida a
experiência dos sentidos, a verdade da natureza. Registre-se que é no contexto
desse debate que foram lançadas as bases do método hipotético-dedutivo, a
partir dos estudos de Sir Karl Raymund Popper (1961). O método hipotético-
dedutivo, para o autor, é o único realmente científico, por não se basear em
especulações, mas sim na tentativa de eliminação de erros.

Uma das tarefas das ciências é a explicação. A prática da


explicação de muitos métodos e tipos diferentes, ao longo da história,
foram tidos como aceitáveis, mas todos eles têm algo em comum:
consistem todos de uma dedução lógica; uma dedução cuja conclusão
é o explicandum – uma asserção da coisa a ser explicada e de um
conjunto de premissas – o explicans – constituído por leis e condições
específicas (POPPER, 2006).3
As teorias científicas são hipóteses a partir das quais se podem
deduzir enunciados comprováveis mediante a observação; se as
observações experimentais adequadas revelam como falsos esses
enunciados, a hipótese é refutada. Se uma hipótese supera o esforço
de demonstrar sua falseabilidade, pode ser aceita, ao menos em
caráter provisório. Nenhuma teoria científica, entretanto, pode ser
estabelecida de forma definitiva (POPPER, 2007).

Recorde-se que na concepção tradicional de ciência, o ponto


de partida do cientista são os dados empíricos, observáveis.
Esses dados da observação, acumulados, são transformados
em hipóteses que, uma vez verificadas, tornam-se leis
científicas. O procedimento lógico que norteia a ciência é a
indução, que parte de dados singulares para chegar ao
universal. O critério de demarcação usado para definir o que é
ou não ciência é a verificação. O problema da indução consiste no fato de que,
por mais dados singulares que o cientista acumule, não há uma garantia
lógica de que o enunciado universal daí inferido seja verdadeiro.

O critério de demarcação da ciência, sustenta Popper (2007), não


é a verificação, mas sim o falseamento. O que caracteriza o
procedimento do cientista é uma tomada de decisão, em termos
metodológicos, de não proteger do falseamento nenhum enunciado
científico. Para o autor a ciência só pode ser definida por meio de
regras metodológicas.
Ao partir da premissa da falibilidade humana, todos nós podemos
errar, e frequentemente o fazemos, quer individual, quer
coletivamente. Para o autor, a verdade objetiva e absoluta jamais
pode ser atingida, pois o nosso conhecimento só pode ser finito, ao
passo que a nossa ignorância tem, necessariamente, de ser infinita.
Isso não significa, contudo, que devemos desistir de tentar conhecer o
mundo que nos cerca. Devemos, pelo contrário, buscar a verdade,
ainda que na maioria das vezes possamos falhar por uma larga
margem. Nesse sentido, o importante é que devemos ter humildade
quanto às nossas limitações intelectuais e, diante disso, sermos
capazes de aprender com os nossos próprios erros, por meio de uma
crítica – e autocrítica – racional. Apenas dessa forma a ciência e o
conhecimento progridem (POPPER, 2006).

1.10 A relevância do debate entre Thomas Kuhn e Karl


Popper para a evolução da ciência do século XX

É possível argumentar que Thomas Kuhn (1962, 1974, 1979,


2003) e Karl Popper (1961, 1975, 1998, 2006, 2007) foram dois dos
mais destacados pensadores da ciência do século XX. A contribuição
que ambos deram ao pensamento científico é inegável. Mais do que
isso, foram responsáveis por fomentar um prolongado debate em
torno de suas respectivas ideias.

Karl Raimund Popper


(1902-1994) foi um filósofo da
ciência. Austríaco, naturalizado
britânico, é considerado por muitos
como o filósofo mais influente do
século XX a tematizar a ciência.
Popper critica a filosofia do positivismo lógico desenvolvida pelo
Círculo de Viena. O Círculo de Viena (tendo como seus maiores
representantes Ludwig Wittgenstein, Rudolf Carnap e Moritz Schlick)
defendia o princípio do verificacionismo. Qualquer hipótese, para
ser científica, tinha de ser considerada “verificável” (FREIRE-MAIA,
1998, p. 83).
Assim, na medida em que não concordava com essa concepção,
(Popper 1962) propôs o que chamou de “falseabilidade” ou
“falibilismo”. O falseacionismo se aproxima mais de um método no
qual toda proposição, para ser científica, deve ser falseável. Esse
procedimento é a principal característica da filosofia da ciência
popperina. Para Popper, a ciência se desenvolve a partir de revoluções
constantes, renovando-se permanentemente.

O falseacionismo não pressupõe uma verdade primeira, mas


um enunciado seguido de uma contraprova ou de sua
“falseação”. A ideia é a de que a ciência ou o conhecimento
científico se desenvolve a partir da busca e da tentativa de
encontrar lacunas para falsear uma teoria.

Thomas Kuhn, por sua vez, numa posição contrária à de Karl


Popper, afirma que a ciência se desenvolve a partir de revoluções
científicas que ocorrem em intervalos específicos (geralmente
grandes) de tempo.

Alguns dos representantes dessas


revoluções científicas: Nicolau
Copérnico, Galileu Galilei, Isaac
Newton, Charles Darwin e Albert
Einstein.

A ciência, para Kuhn (2003), segue certo tipo de dogmatismo


nesses intervalos, pois se comportará e se desenvolverá de acordo
com o paradigma vigente. Esse paradigma engloba um conjunto de
valores, teorias e métodos que irão influenciar e servir de “modelo”
para uma ou várias comunidades científicas.

Faça uma síntese dos assuntos estudados.

1
EINSTEIN, A.; INFELD, L. A evolução da física. Trad. Giasone Rebuá. Rio de Janeiro:
Zahar, 2008.
2
POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 2007.
3
POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Coimbra: Almedina, 2006.
Tema 2
Metodologias de pesquisa científica

Uma palavrinha inicial

No presente tema, estudaremos o método científico como é


conhecido atualmente; método que surgiu na Idade Moderna, no
século XVII. O Renascimento científico não constituiu uma simples
evolução do pensamento científico, mas uma verdadeira ruptura que
supõe nova concepção de saber. Assim, torna-se necessário, com o
intuito de uma melhor compreensão dos assuntos tratados, o
estabelecimento de alguns conceitos dos termos utilizados neste livro,
em especial o método, a metodologia e as técnicas de investigação.

Ao fim deste estudo, você deverá:

• compreender o que é método e metodologia;


• conceituar os tipos de conhecimento;
• analisar as técnicas de investigação científica;
• classificar os diferentes métodos de pesquisa.
2.1 Método, metodologia e técnicas de investigação
científica

É perceptível que o contexto científico é variável, pois decorre do


fato de receber interferência do ambiente tanto local quanto global.
Essas influências podem ser recebidas e entendidas de diversas
maneiras em um mesmo evento e por um mesmo observador. As
revoluções científicas que passaram por enfoques distintos em função
do debate aprofundado e prolongado entre Thomas Kuhn e Karl
Popper, conforme abordado no Tema 1, é a melhor explicação para
essa afirmação.
O que é o método científico? Essa é uma pergunta complexa e
contenciosa, já que o campo de investigação conhecido como filosofia
da ciência está comprometido em iluminar a natureza do método
científico.
É oportuno nesse debate, no rol dos autores que tratam do tema,
destacar os conceitos convergentes formulados por Galliano (1986),
Trujillo Ferrari (1982), Lakatos e Marconi (2003), e Matias-Pereira
(2010a). Galliano (1986) define método como o conjunto de etapas,
ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da
verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim.
Para Trujillo Ferrari (1982) método é o procedimento racional
arbitrário de como atingir determinados resultados. Para o autor, na
ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam
de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a
forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para
alcançar um objetivo preestabelecido. Método, para Lakatos e
Marconi (2003), é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais
que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo –
conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Por
sua vez, Matias-Pereira (2010a) define método como o roteiro ou os
procedimentos e técnicas utilizados para se alcançar um objetivo.
Deve-se ressaltar que não existe um método científico único. Dos
inúmeros métodos da ciência, por exemplo, alguns envolvem lógica,
tirando conclusões ou deduções a partir de hipóteses, ou decidindo as
implicações lógicas de relações causais em termos de condições
necessárias ou suficientes. Desses diferentes métodos da ciência se
observa que alguns são métodos empíricos, como os de projetar
experiências controladas, projetar instrumentos para usar na coleta
de dados ou fazer observações.
Para fazer ciência é essencial a utilização de métodos rigorosos,
pois é dessa forma que se atinge um tipo de conhecimento
sistemático, preciso e objetivo. Dessa forma, o método científico pode
ser entendido como percurso para alcançar um fim ou pelo qual se
atinge um objetivo, ou seja, é o caminho realizado pelo cientista
quando focado na produção de conhecimentos.
O método pode ser aceito como a sequência de operações
realizadas pelo intelecto para atingir certo resultado; trajeto
intelectual; modo sistemático, ordenado, de pensar e investigar; e
conjunto de procedimentos que permitem alcançar a verdade
científica. Os métodos fundamentais são: a dedução e a indução.
Para Popper (1961, 2007), o homem carrega preconceitos na
observação da realidade – não há observação pura. A realidade
depende dos interesses do observador e de seu ponto de vista; enfim,
de suas próprias ideias.
O princípio de explicação da ciência clássica, que ainda reina em
nossos dias, baseia seu postulado de objetividade na eliminação do
observador da observação, do sujeito do conhecimento científico.
O termo método é utilizado quando se pretende converter a
simples especulação ideológica, filosófica ou literária sobre a
sociedade em intentos de compreensão ou explicação
científica. Ou seja, trata-se do critério para obtenção do
conhecimento científico, que é a própria lógica da
investigação científica (GARCÍA FERRANDO et al., 2000).

O método pode ser aceito como um conjunto de procedimentos,


regras e técnicas que devem ser adotados na realização de uma
pesquisa científica. Dessa forma, a definição do método está
relacionada à natureza da pesquisa que será desenvolvida. Assim, o
método aplicado em uma investigação pode ser indutivo (das
observações à teoria) ou dedutivo (da teoria às observações). O
método científico empregado nas ciências sociais é empírico.
O conceito de técnica, para Galliano (1986), é o modo mais hábil,
mais seguro e mais perfeito de fazer algum tipo de atividade, arte ou
ofício.

A metodologia é o emprego do conjunto dos métodos,


procedimentos e técnicas que cada ciência em particular põe
em ação para alcançar os seus objetivos. A colaboração entre
demonstração lógica e experimentação, a interação entre
ciência pura e tecnologia, é uma característica do espírito
científico contemporâneo.

Nele, a observação e a experimentação têm um papel essencial e


combinam-se à abstração e à generalização, com o objetivo de
descrever, compreender e explicar a realidade social.
A metodologia é a lógica do procedimento científico e tem um
caráter normativo, que se diferencia claramente da teoria
(substantiva). Mas os instrumentos e procedimentos usados na
investigação sociológica devem satisfazer aos critérios metodológicos,
pressupondo, logicamente, uma teoria substantiva. Por isso, na
prática da investigação, é muito difícil separar teoria e método. É
inegável que uma investigação desprovida de premissas teóricas não
é só infrutífera, mas impossível.

Metodologia é o estudo dos


métodos. A sua finalidade é ajudar
o pesquisador a compreender em
termos mais amplos possíveis o
processo de investigação científica.

A metodologia, para Bruyne et al. (1977, p. 29), é a lógica dos


procedimentos científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento,
não se reduz portanto a uma metrologia ou tecnologia da medida dos
fatos científicos. O autor sustenta que, para ser fiel a suas promessas,
uma metodologia deve abordar as ciências sob o ângulo do produto
delas – como resultado em forma de conhecimento científico – mas
também como processo – como gênese desse próprio conhecimento.
Ao tratar do tema, Kaplan (1999, p. 25) afirma:

[...] entenderei por metodologia o interesse por princípios e


técnicas suficientemente gerais para se tornarem comuns a todas
as ciências ou a uma significativa parte delas. Alternativamente,
são princípios filosóficos ou lógicos suficientemente específicos a
ponto de poderem estar particularmente relacionados com a
ciência, distinguida de outros afazeres humanos. Assim, os
métodos incluem procedimentos como os da formação de
conceitos e de hipóteses, os da observação e da medida, da
realização de experimentos, construção de modelos e de teorias,
da elaboração de explicações e da predição.

A metodologia é o conjunto dos métodos que cada ciência


particular põe em ação. A colaboração entre demonstração
lógica e experimentação, a interação entre ciência pura e
tecnologia, é uma característica do espírito científico
contemporâneo.

Recorde-se que a lógica é a ciência positiva dos signos, das


formas e do processo do conhecimento. A metodologia, por
sua vez, é o estudo dos diversos processos e técnicas que
disciplinam a pesquisa do real.

Logo, o conhecimento pode ser classificado como vulgar ou


científico.

Conhecimento é o
conjunto das
relações conscientes
entre as ideias e os
respectivos objetos
(sejam eles
concretos ou
abstratos),
formuladas mediante juízos
subordinados à lógica. Você
consegue citar exemplos de um
conhecimento vulgar e um
científico?

• O conhecimento vulgar é individual, compõe-se de percepções,


imagens e recordações. É através dos sentidos que nos
colocamos em contato com o mundo físico; do conhecimento
vulgar assim adquirido é que, por elaboração mental, torna-se
possível alcançar o conhecimento científico.
• O conhecimento científico é realizado por meio de
investigação metódica, escrupulosa e rigorosa e suprime tudo
o que há de individual e particular no conhecimento vulgar;
recolhe os elementos comuns a uns tantos intelectos e que
poderiam ser comuns a todos. É fato objetivo e sociológico;
conhecimento coletivo, obra humana, social. Resulta de
constatar fatos e raciocinar sobre os mesmos, visando à
descoberta de relações invariáveis entre eles (leis da
natureza).

O conhecimento “vulgar” desconhece a causa (motivo, razão


etc.) do fenômeno, o qual é observado em todas as ciências.
Exemplo: observamos que o leite ao ferver transborda do
recipiente; por esse motivo, ao praticar essa ação, ficamos
alertas para não derramá-lo. Conhecimento “científico” é
quando seguimos um caminho certo de raciocínio, quando
temos o conhecimento das verdadeiras causas do fenômeno.
Voltando ao exemplo do leite, usando o conhecimento científico, podemos
afirmar que o leite ferve por causa da lei da dilatação dos corpos (Lei da
Física). Disponível em:

<http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=49&item=4>.
2.2 Teoria e técnicas de investigação

Sabe-se que o conjunto das relações entre os elementos de um


todo é a estrutura. Por sua vez, conceito é a síntese das características
comuns a diversas ideias, estruturada de modo igual em todas as
mentes. O processo de formação de um conceito chama-se
conceituação. Em qualquer ciência, a unidade estrutural é o conceito.
Uma teoria científica, por sua vez, pode ser aceita como um
elenco unificado de princípios, conhecimento e métodos para explicar
o comportamento de algum conjunto específico de fenômenos
empíricos. Dessa forma, as teorias científicas procuram entender o
mundo das experiências observadas e sensoriais. Em síntese, buscam
explicar como o mundo natural funciona.

Teoria é o conjunto completo e logicamente estruturado das


leis referentes a um setor de conhecimento. É uma tentativa
de unificar conhecimentos esparsos; nasce vaga e vai se
consolidando gradativamente à medida que encontra apoio
cada vez mais amplo em fatos científicos.

Em linguagem vulgar, teoria é algo duvidoso, desprovido de


fundamento sólido. Em ciência experimental, é algo muito sólido por
ser alicerçada em fatos da natureza. Todavia, toda teoria é perecível;
nenhuma teoria é definitiva.

O que devemos fazer quando uma


teoria é invalidada?
O teste definitivo da teoria é seu confronto com a realidade
objetiva, que pode confirmar a teoria ou invalidá-la, seja parte ou
toda ela. Quando uma teoria falha no confronto com os fenômenos
observados, é a teoria que cede; os fatos simples persistem, mas os
fatos compostos precisam ser expurgados das falhas que a teoria
moribunda lhes confere. Inicia-se assim a busca de uma nova teoria
mais satisfatória. Os critérios de valor de uma teoria são:
simplicidade, utilidade, alcance e fecundidade.

Técnicas de investigação são os procedimentos específicos por


meio dos quais o pesquisador reúne e ordena os dados antes
de submetê-los a operações lógicas ou estatísticas. As
técnicas se referem aos elementos do método científico e não
devem ser confundidas com o método em si. São exemplos
de técnicas: realização de entrevista, aplicação de
questionários, análise documental, entre outros.

Apesar de o ponto de vista tradicional distinguir teoria,


metodologia e técnicas de investigação, no processo científico de
explicar e predizer fenômenos sociais, os três elementos estão
intimamente ligados entre si.

2.3 Métodos de pesquisa


O método pode ser entendido como o roteiro, os procedimentos e
as técnicas utilizados para se alcançar um fim ou pelo qual se atinge
um objetivo. O método científico é o conjunto de procedimentos e
técnicas utilizados de forma regular, passível de ser repetido, para
alcançar um objetivo material ou conceitual e compreender o
processo de investigação. Ou seja, é o roteiro apoiado em
procedimentos lógicos para se alcançar uma verdade científica, ou
seja, o conjunto de procedimentos que ordenam o pensamento e
esclarecem acerca dos meios adequados para chegar-se ao
conhecimento.
Os métodos científicos, conforme o esquema apresentado a seguir,
podem ser de abordagem ou de meios técnicos:
2.4 Métodos de abordagem científica: dedutivo,
indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e
fenomenológico

No desenvolvimento de uma pesquisa, assinala Matias-Pereira


(2010a), é comum o pesquisador utilizar-se de mais de um método
científico, com destaque para os métodos experimental, observacional
comparativo, estatístico, clínico, monográfico e fenomenológico.
Nesse sentido, explicita o autor o seu entendimento sobre cada
um deles: o método experimental está apoiado em experiências
desenvolvidas em laboratórios, estufas ou campo, ou seja, é aplicado
em ciências naturais; o método observacional é a técnica de coleta de
dados que busca obter as informações por meio dos sentidos,
enfocando aspectos da realidade (é aplicado no campo das ciências
sociais, em particular na psicologia); o método comparativo necessita
de um ou mais pontos comuns para tornar possível promover a
comparação entre os fatos ou fenômenos; o método estatístico apoia-
se em princípios matemáticos e trabalha com níveis de confiança de
que os dados correspondem aos fatos, com uma probabilidade de erro
estabelecida; o método clínico possui relação entre pesquisador e
pesquisado; o método monográfico tem como objetivo estudar um
assunto em profundidade, com distintos focos de análise; o método
fenomenológico (que não é dedutivo nem indutivo) possui como foco
a descrição direta da experiência assim como ela é.
Nessa discussão faz-se necessário reiterar, além da relevância do
conceito de método, os métodos de abordagens da pesquisa
científica. Para diversos autores, como, por exemplo, Triviños (1992),
Blanché (1985), Lakatos e Marconi (2003), Gil (2008) e Matias-
Pereira (2010a), método é um elenco de processos ou operações
mentais, ou seja, a linha de raciocínio, que precisam ser empregados
na pesquisa. Para esses autores, os principais métodos de abordagem
que fornecem as bases lógicas à investigação são os seguintes:
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Nesse sentido, entendemos oportuno destacar, a seguir, de forma
objetiva, a relevância dos fundadores dessas escolas de pensamento,
bem como as suas principais contribuições para a pesquisa científica.
• O método indutivo foi proposto pelos empiristas Francis Bacon
(1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke
(1632-1704), George Berkeley (1685-1753), David Hume
(1711-1776) e Burke (1729-1797). Esse método considera que
o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando
em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo, a
generalização deriva de observações de casos da realidade
concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
generalizações. Assim, o método indutivo reali-za-se em três
etapas: observação dos fenômenos, descoberta da relação
entre eles e generalização da relação.

A ciência moderna tem sua origem no início do século XVII.


Coube a Francis Bacon (1561-1626) formular o método
científico, baseado na indução e na dedução. Ele foi um dos
primeiros teóricos a distinguir o conhecimento científico e
outros tipos de conhecimento. Ao sustentar que
“conhecimento é poder”, defendeu o método científico e o
uso do conhecimento para aumentar os bens do homem.

Thomas Hobbes (1588-1679) também se destaca entre os


grandes pensadores da fase inicial da ciência moderna.
Fundador do moderno materialismo (influenciado por
Galileu), Hobbes destaca-se como o primeiro filósofo a propor
uma teoria totalmente mecanicista da natureza.
As premissas de um argumento indutivo correto, conforme
argumentam Cervo e Bervian (2007), é que sustentam ou
atribuem certa verossimilhança à sua conclusão. Assim,
quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se pode
dizer é que a sua conclusão é, provavelmente, verdadeira.

• O método dedutivo – proposto pelos racionalistas René


Descartes (1596-1650), Baruch Spinoza (1632-1677),
Gottfried Leibniz (1646-1716) – pressupõe que só a razão é
capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. Para esses autores
o homem (sujeito) adquire o conhecimento (objeto) pela
razão, pois os fatos, por si sós, não são fonte de todos os
conhecimentos. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de
explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma
cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do
geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o
silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas,
retirar uma terceira logicamente decorrente das duas
primeiras, denominada de conclusão.
• O método hipotético-dedutivo, proposto por Popper (1961),
consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: “quando os
conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o
problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no
problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das
hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão
ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as
consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método
dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no
método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se
evidências empíricas para derrubá-la (GIL, 2008)”.
• O método dialético tem como base a dialética proposta por
Hegel (1770-1831), na qual as contradições se transcendem
dando origem a novas contradições que passam a requerer
solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante
da realidade, ou seja, nele os fatos não podem ser
considerados fora de um contexto social, político, econômico,
entre outros. Trata-se de um método utilizado em pesquisa
qualitativa.

Registre-se que a filosofia de Hegel (1968) está centrada na


dialética da ideia. Na construção de sua teoria, Hegel apoia-se nos
pensamentos de Heráclito, Aristóteles, Descartes, Kant, Spinoza,
Fichte e Schelling. Tem como ponto de partida a Tese – Ser, pura
potencialidade, o qual deve se manifestar na realidade por meio da
Antítese – Não--Ser. Na contradição entre tese e antítese surge a
Síntese – Vir-a-Ser.
Esse raciocínio é aplicado tanto à aquisição de conhecimento quanto
à explicação dos processos históricos e políticos. Para o autor, a
verdadeira ciência do pensamento coincide com a ciência do ser.
Destacam-se entre as principais obras de Hegel a Fenomenologia
do Espírito, publicada em 1807; Ciência da Lógica (três livros),
publicados entre 1812 e 1816, que darão suporte para a estruturação
do método dialético; Enciclopédia das Ciências Filosóficas, em
1817; Princípios da Filosofia do Direito, em 1821.
A dialética, na sua essência, é a arte de discutir, ou seja, a arte do
diálogo (cf. Platão, Sofística, 253c). Para Blanché (1985) o termo –
dialética – evolui ao longo do tempo, adquirindo um sentido mais
preciso, designando uma discussão de algum modo
institucionalizada, organi-zando-se habitualmente em presença de
um público que acompanha o debate – como uma espécie de
concurso entre dois interlocutores que defendem duas teses
contraditórias. A dialética eleva-se, então, ao nível de uma arte, arte
de triunfar sobre o adversário, de refutar as suas afirmações ou de o
convencer.

• O método fenomenológico – proposto por Husserl –, não é


dedutivo nem indutivo. Tem como preocupação a descrição
direta da experiência tal como ela é. A realidade é construída
socialmente e entendida como o compreendido, o
interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única:
existem tantas quantas forem as suas interpretações e
comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante
no processo de construção do conhecimento (TRIVIÑOS,
1992). Empregado em pesquisa qualitativa.

2.5 Meios técnicos para investigação

Os métodos científicos, conforme sustentam diversos autores,


como, por exemplo, Blanché (1985), Triviños (1992), Lakatos e
Marconi (2003), Gil (2009) e Matias-Pereira (2010a), podem ser
divididos em dois grupos: métodos que proporcionam as bases lógicas
da investigação: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e
fenomenológico; e métodos que indicam os meios técnicos da
investigação: experimental, observacional, comparativo, estatístico,
clínico e monográfico.
Com vista a uma maior compreensão do assunto, promovemos, a
seguir, uma síntese desses meios técnicos:
• o método experimental consiste em submeter o objeto de
estudo à influência de certas variáveis, em condições
controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os
resultados que a variável produz no objeto;
• no método observacional apenas observa-se o que já
aconteceu. É um dos métodos mais utilizados (bem como é um
dos mais primitivos). É um dos métodos mais modernos, pois
possibilita o mais alto grau de precisão nas pesquisas sociais. É
em grande parte utilizado associado a outros métodos;
• o método comparativo procede pela investigação dos
indivíduos, classes e fenômenos ou fatos, com vista em
ressaltar as diferenças ou semelhanças entre eles. Esse método
possibilita o estudo comparativo de grandes grupamentos
sociais, separados pelo espaço e pelo tempo. Por sua vez, é
percebido, em geral, como um método superficial;
• o método estatístico fundamenta-se na aplicação da teoria
estatística e da probabilidade. As conclusões não podem ser
tidas como absolutas, mas dotadas de boa probabilidade de
serem verdadeiras. Esse método permite determinar a
probabilidade de acerto de determinada conclusão, bem como
a margem de erro;
• o método monográfico parte do princípio de que o estudo de
um caso em profundidade pode ser considerado representativo
de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes.

2.6 A relevância do método da observação para a


investigação

O método da observação, conforme assinalam Richardson et. al.


(1999, p. 259-261), é utilizado normalmente por outros métodos
científicos de forma agregada, tendo em vista que a observação é a
base de toda investigação no campo social, tornando-se, assim,
imprescindível em qualquer processo de pesquisa científica. Para o
autor o método da observação tanto pode conjugar-se a outras
técnicas de coleta de dados como pode ser empregada de forma
independente e/ou exclusiva.
No debate sobre o método da observação e suas subdivisões,
assinala Vasconcelos (1977, p. 21) que a observação pode ser:

• observação simples, na qual procura-se entender as


regularidades, relação que os fenômenos guardam entre si,
independente de ordem ou sistema. É a observação do leigo,
que ordinariamente, costuma fazer em qualquer situação;
• observação sistemática ou controlada, na qual o cientista
ordena e sistematiza a observação, colocando de um lado o
que é constante e de outro o que é variável para entender o
que se passa no domínio dos fatos. Quando os sentidos não
dão conta, lança mão de instrumentos e meios capazes de
aumentar seu poder de percepção, no caso, um sistema de
atividades para compreender os fatos.

2.7 Os métodos de abordagem autoritário e lógico-


racional

No método autoritário, busca-se o conhecimento e a sua


comprovação por meio de referências a reconhecidos produtores de
conhecimento como profetas, oráculos, anciães etc.
O método místico está parcialmente relacionado com o autoritário
na medida em que ambos podem solicitar o conhecimento desses
produtores. Enquanto o primeiro depende da posição social do
produtor do conhecimento, o segundo é influenciado pelo “estado de
graça” pessoal do consumidor do conhecimento.

Por sua vez, no método lógico-racional o juízo sobre as


proposições aceitas como verdadeiras baseia-se no procedimento pelo
qual estas são produzidas e no enquadramento desse procedimento
nas regras da lógica formal.

O conhecimento científico tem como objetivo buscar a verdade e adquirir


conhecimentos gerais e sistemáticos sobre a realidade social. Por sua vez, não
pode partir do zero ou de um vazio absoluto; pelo contrário, se desenvolve
apoiando-se no senso comum.
2.8 Considerações relevantes sobre os métodos de
pesquisa científica

Observa-se que cada um dos métodos de abordagem assinalados


neste livro resulta na obtenção de uma verdade objetiva. Nenhuma
dessas verdades garante que o conhecimento produzido é mais exato
ou importante do que os outros. O que difere é o grau de confiança
nessa verdade.
Para Bunge (1975), o que caracteriza uma ciência é seu método.
Para esse autor, onde não existe método científico não existe ciência.
O método científico é um modo de resolver problemas seguindo uma
forma de atuação que consiste, essencialmente, em observar,
classificar, demonstrar e interpretar fenômenos de uma maneira que
possibilite a predição e a explicação de questões significativas.

Método científico é a trajetória percorrida pelo pesquisador


no esforço da produção de conhecimentos. Por sua vez, a
característica universal e necessária inerente ao método
científico, o que o torna essencial, não significa que ele
precisa ser o mesmo para todas as áreas da ciência.
Registre-se, entretanto, que o método científico não deve ser
entendido como um meio infalível, nem deve ser visto como
autossuficiente. Nunca se pode ter absoluta certeza sobre um
conhecimento científico, pois os acontecimentos são sempre
provisórios, bem como requerem um conhecimento prévio sobre o
qual irá se apoiar.
A aplicação do método científico, conforme argumenta Bunge
(1975), deve seguir uma sequência lógica, composta dos seguintes
fatores: elaborar perguntas bem formuladas e que possam ter campo
para pesquisa; arbitrar conjunturas ou hipóteses fundadas e
contrastáveis com a experiência, para que se possa responder às
perguntas; derivar consequências lógicas dessas conjunturas; arbitrar
técnicas para submeter as hipóteses à verificação; submeter essa
verificação às mesmas técnicas para comprovar sua relevância e
credibilidade; concluir as verificações, interpretando os seus
resultados; estimar a veracidade das hipóteses e a fidedignidade das
técnicas; e, por fim, determinar os domínios nos quais são válidas
essas hipóteses e técnicas, formulando novos problemas que surgiram
com a investigação.

A finalidade de todos esses procedimentos é obter uma série


de generalizações teóricas, dispostas de forma lógica,
ordenadas e suscetíveis à verificação empírica. Esse objetivo e
a forma de alcançá-lo traduzem as dimensões da ciência:
teórica e empírica.

Com o objetivo de permitir uma melhor compreensão do assunto


tratado, apresenta-se, a seguir, uma síntese das questões
apresentadas:

Para que pesquisar?

• resolver problemas sociais;


• criar conhecimentos (formular novas teorias);
• testar teorias existentes.

Para que pesquisar em Administração, Contabilidade,


Economia, Ciência Política, Sociologia e Direito?

• gerar conhecimento sobre o processo de planejamento,


organização, acompanhamento e controle que ocorre em
organizações;
• aumentar a eficiência e a eficácia das organizações;
• melhorar a qualidade de vida no trabalho;
• produzir/disponibilizar produtos e serviços com maior valor
agregado para a empresa e consumidores;
• promover o desenvolvimento social.

Elementos gerais do método científico (PEASE; BULL,


1996):

• meta: objetivo do estudo;


• modelo: abstração da realidade estudada;
• dados: observações realizadas;
• avaliação: processo de decisão sobre o modelo;
• revisão: mudança no modelo.

Características do método científico:


• observação;
• formulação de um problema;
• informações referenciais;
• hipóteses/pressupostos;
• predição;
• experimentação;
• análise;
• síntese.

2.9 Lógica e fundamentos da pesquisa científica

“A pesquisa científica pode ser aceita como uma atividade


intelectual racional, apoiada num método consistente, que busca
encontrar soluções adequadas às necessidades do homem.”
(MATIAS-PEREIRA, 2007)

O homem enquanto animal sente necessidades, busca respostas, é


capaz de atividades instintivas e rotineiras, age no nível prático.
Enquanto ser racional, capaz de pensar, o homem transforma
necessidades sentidas em problemas, questionamentos que pedem
soluções. Levantar problemas e para eles gerar soluções é o que se
chama de atividade intelectual e se encontra no nível teórico.
Ação teórica e ação prática são indissociáveis no homem, da
mesma forma que sua animalidade e racionalidade. Pesquisar é o
exercício intencional da pura atividade intelectual, visando melhorar
as condições práticas de existência.
A atividade intelectual característica da pesquisa visa à construção
do conhecimento e desenvolve-se por etapas, que se constituem em
um método, em um caminho facilitado do processo.

Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento humano


pode ser classificado em dois tipos: conhecimento tácito e
conhecimento explícito. O conhecimento tácito corresponde a
conhecimento pessoal embutido em experiência individual e
envolve fatores intangíveis como crenças pessoais,
perspectivas e o sistema de valores, ou seja, é um
componente crítico do comportamento humano. Por sua vez,
o conhecimento explícito é definido por aqueles autores como o
conhecimento que pode ser articulado em linguagem formal, o que inclui
sentenças gramaticais, expressões matemáticas, especificações e manuais.
Registre-se que as fases da construção do conhecimento estão
contidas em três momentos:

• 1o momento: pré-projeto, projeto e planejamento da pesquisa;


• 2o momento: coleta de dados e redação do texto;
• 3o momento: apresentação gráfica: a datilografia/digitação.

2.10 Processo de elaboração teórica

O conhecimento científico é um processo dinâmico interativo


entre a realidade e os modelos ou teorias que a explicam. O
conhecido “Círculo de Wallace” ilustra bem esse processo, pois, para
Wallace (1976), o conhecimento científico é circular, ou seja, todos os
elementos que o compõem estão interconectados. Esses elementos
são:

• os componentes básicos da informação (teorias, hipóteses,


observações, decisões para aceitar ou rejeitar hipóteses e
generalizações empíricas);
• os controles metodológicos (processos que permitem a
construção dos elementos básicos da lógica na pesquisa
científica);
• a transformação da informação em conhecimento científico
(dada por meio da interação entre os componentes da
informação e da utilização dos controles metodológicos).

Wallace (1976) ainda destaca a importância da observação


empírica como forma científica de alcançar conhecimento, mas
acredita que a teoria representa o ponto de partida como também o
objetivo da investigação social. Com isso, cada parte do processo é
objeto de muitos trabalhos e investigações, porque todas as
atividades têm como finalidade melhorar a compreensão, explicação
ou predição da realidade social.

O círculo proposto por Wallace indica a relação existente


entre os componentes essenciais da ciência: a teoria e a
investigação empírica. O importante nessa percepção de
círculo é visualizarmos a formação do conhecimento científico
como um processo contínuo.

É perceptível no meio acadêmico a intensidade do debate que


envolve a discussão do processo de elaboração teórica, a partir de
uma perspectiva ideal, desenvolvido por aqueles que analisam a
lógica de investigação científica. Nesse contexto, destaca-se o modelo
de Wallace, que considera a atividade científica como um processo
dinâmico e interativo entre a realidade e os modelos teóricos que a
explicam.

O esquema de Wallace – “el círculo de Wallace” – é um


modelo que expressa a realidade entre elementos que são
percebidos pela teoria, sendo considerada mais uma
reprodução da realidade. No entanto, o inconveniente do
modelo é o alto grau de abstração no que se refere às
contingências das práticas científicas.

Para Wallace (1976), tanto o ponto de partida como o objetivo é


representado pela teoria, pois cada parte do processo é objeto de
muitos trabalhos e investigações, mas todas as atividades têm como
propósito a melhoria da compreensão, explicação ou predição da
realidade social. A teoria e a investigação empírica são os dois
componentes essenciais da ciência. O modelo de Wallace indica a
relação entre ambos.

Faça uma síntese dos assuntos estudados.


Tema 3
Definição do foco do estudo científico

Uma palavrinha inicial

Neste Tema 3, discutiremos sobre o esforço para definição do foco


de uma pesquisa científica, sua importância e métodos de elaboração.
Ao fim deste estudo, você deverá:

• conseguir definir o foco da pesquisa;


• compreender a sua relevância enquanto pesquisador;
• distinguir os tópicos relevantes na estruturação de um
projeto;
• descrever o desenvolvimento do projeto de pesquisa
científica.

3.1 O esforço para definir o foco da pesquisa científica


A pesquisa científica deve ser entendida como um procedimento
racional e sistemático (MATIAS-PEREIRA, 2001, 2010a). Para que a
pesquisa seja concretizada torna-se essencial a utilização de métodos
e caminhos técnicos, escolhidos entre os chamados procedimentos
científicos. Dessa forma, a ciência é feita com seriedade, rigor,
cuidado e parâmetros que possam garantir segurança e legitimidade
às informações descobertas. Para Booth, Colomb e Williams (2000, p.
7), pesquisar é “reunir informações necessárias para encontrar
resposta para uma pergunta e assim chegar à solução de um
problema”.
Para Ander-Egg (1978), a pesquisa científica pode ser aceita como
um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que
permita descobrir fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer
campo do conhecimento. O resultado dessa busca reflexiva é
conhecer verdades parciais.

Pesquisar é o esforço desenvolvido pelo investigador para


coletar informações e dados essenciais a fim de responder a
uma pergunta motivadora, e dessa forma alcançar os
objetivos da pesquisa (MATIAS-PEREIRA, 2007).

O processo de pesquisa está apoiado, em especial, na


sistematização dos procedimentos, revestida de um tratamento
metodológico comumente denominado de científico. O ato de
pesquisa presume um cuidadoso processo de planejamento. Nesse
contexto, para efetivar esse planejamento, é necessário que se
estabeleça como etapa inicial a elaboração do “projeto de pesquisa”.
Assim, cabe dizer que planejar é antecipar o futuro. Nesse sentido, o
projeto funciona como um instrumento de planejamento, numa
ferramenta que delineia procedimentos e ações que se desenrolarão
no decorrer da pesquisa.
Severino (2008), por sua vez, destaca as principais funções de um
projeto de pesquisa:

• definir e planejar os passos que serão seguidos pelo


pesquisador, auxiliando-o na tarefa de trabalho disciplinado e
sistemático;
• cumprir uma exigência formal da realização de uma pesquisa;
• auxiliar no processo de orientação, fornecendo visão global do
desenvolvimento do trabalho;
• subsidiar os trabalhos de avaliação da banca examinadora, nos
exames de qualificação;
• subsidiar os pedidos de bolsa de estudos ou financiamentos de
agências de pesquisa;
• fundamentar o processo de seleção em programas de pós-
graduação, principalmente doutorado.

Um projeto de pesquisa é responsável por delinear um


caminho a ser trilhado ao longo da investigação e, dessa
forma, esclarecer o próprio investigador sobre os rumos do
estudo. Sabendo onde pretende chegar e como fará isso para
lograr sucesso, certamente o pesquisador não se desviará da
sua trajetória.
Deslandes (2003) sustenta que, ao elaborar-se um projeto
científico, desenvolvem-se de forma simultânea as seguintes
dimensões:

• técnica: trata das regras reconhecidas como científicas para


construção de um projeto, ou seja, como definir um objetivo,
como abordá-lo e como escolher os instrumentos mais
adequados para a investigação;
• ideológica: está diretamente relacionada com as escolhas
pessoais do pesquisador;
• científica: procura articular as duas dimensões anteriores,
permitindo que a realidade social seja reconstruída enquanto
objeto do conhecimento, por meio de um processo de
categorização que une o teórico e o empírico.
O planejamento da pesquisa efetiva-se com a elaboração de
um projeto – documento que busca antecipar o futuro –,
delineando as ações que serão realizadas ao longo do
processo de pesquisa. O projeto, nesse sentido, se apresenta
como um roteiro para balizar as atividades de todos os
envolvidos na investigação, em especial, o pesquisador,
orientador e avaliadores.

Cuidado! Os termos plano, planejamento, pesquisa e projeto


costumam provocar uma confusão de significados. Assim, os
estudantes costumam confundir e definir o termo “projeto” com o
mesmo significado de “pesquisa”. Confunde-se, também, o projeto
com o plano de trabalho. Recorde-se que este último é apenas um
roteiro preliminar, no qual se indicam as ideias principais que serão
abordadas na pesquisa (MATIAS-PEREIRA, 2010a).
Mas por que fazer um projeto de pesquisa científica? O debate
sobre a relevância do projeto de pesquisa, para Matias-Pereira
(2010a), vai além de ser uma etapa obrigatória, na busca de definir
os procedimentos da pesquisa. Nesse esforço é essencial que se
discuta a sua função social. A esse respeito, veja o Anexo F deste
livro: O projeto de pesquisa é essencial para o sucesso da
investigação científica?

Lembre-se que uma monografia, dissertação ou tese não deve


se parecer com um projeto. Sua composição e redação têm
outro formato e estrutura lógica específica. Na verdade, o
plano inicia o trabalho que requer planejamento e projeto
para, ao final, ser concluído com a dissertação ou tese.
Eco (2010), ao referir-se ao projeto como algo que é realizado de
forma superficial, destacou que “parece que o projeto não passa de
uma formalidade burocrática do cotidiano do pesquisador e,
portanto, de menor relevância”. Nesse sentido, sustenta o autor que
um dos objetivos da obra (projeto de pesquisa) é mostrar que se
“pode preparar uma tese ‘digna’ mesmo que se esteja em situação
difícil”.

3.2 Projeto de pesquisa: em busca de antecipar o futuro

O projeto de pesquisa – como documento que busca


antecipar o futuro – tem por finalidade sinalizar e dar uma
estrutura metodológica nas fases operacionais de um
trabalho de pesquisa científica. Por meio dele, o pesquisador
irá definir os caminhos que deverão ser percorridos para
atingir os seus objetivos. O projeto é o documento básico que
irá permitir que a comunidade científica possa avaliar a sua
consistência. Além de buscar a sua aprovação, o projeto tem como propósito
obter apoio e/ou financiamento para sua realização (MATIAS-PEREIRA, 2007).

Um projeto deve trazer elementos que contemplem respostas às


seguintes questões:

• O que será pesquisado? O que se vai fazer?

• Por que se deseja fazer a pesquisa?


• Para que se deseja fazer a pesquisa?
• Como será realizada a pesquisa?
• Quais recursos serão necessários para sua execução?
• Quanto vai custar, quanto tempo vai levar para executá-la
e quem serão os responsáveis pela sua execução?

O pesquisador deve lembrar que a estrutura para elaboração de


um projeto de pesquisa não tem uma fórmula única, bem como não
existem normas rígidas para sua elaboração. Nesse esforço, o
pesquisador mostrará o que pretende fazer; que diferença a pesquisa
trará para a área a qual pertence, para a universidade, para o país e
para o mundo; como está planejada a execução; quanto tempo levará
para a sua execução e quais as pessoas e os investimentos necessários
à viabilização da pesquisa proposta (BARROS; LEHFELD, 2000).

3.3 Desenvolvimento do projeto

O projeto é uma etapa vital do processo de elaboração, execução e


apresentação da pesquisa. Por isso, deve ser planejada com o máximo
rigor, com intuito de evitar que o pesquisador, em determinado
momento do trabalho, se depare com uma elevada quantidade de
dados e estudos que foram selecionados, sem saber como utilizá-los
de forma adequada.
O projeto de pesquisa pode ser aceito como um plano do trabalho,
no qual buscamos, ao longo de sua realização, responder a diversas
perguntas, tais como: o que iremos fazer, como, quando, onde, entre
outras indagações. O esforço do pesquisador para desenvolver um
roteiro que permita responder cientificamente a essas perguntas
constitui a essência de um projeto de pesquisa.
Na formulação de um projeto de pesquisa torna-se essencial
atender a alguns requisitos básicos. Embora não haja regra rígida
sobre a sua formatação, em geral, um projeto de pesquisa deve
contemplar os seguintes itens:

• definição do tema;
• formulação do problema;
• construção de hipóteses;
• definição de metodologia com a identificação do tipo de
pesquisa, tipo de amostragem, coleta e levantamento de
dados, análise e interpretação de resultados, entre outros
procedimentos;
• previsão de recursos (financeiros, físicos, humanos e
materiais);
• cronograma de execução, prevendo todas as fases da pesquisa.

A realização de uma pesquisa científica é resultado das


seguintes ações: preparação da pesquisa, fases da pesquisa,
execução da pesquisa e relatório. A estruturação de um
projeto de pesquisa é uma ação típica da etapa de preparação
(MARCONI; LAKATOS, 2005).

Para alguns autores, como, por exemplo, Barros e Lehfeld (2001),


é aconselhável iniciar a elaboração do projeto de pesquisa após a
definição do problema. Para tanto, um estudo exploratório deverá ser
efetivado, observando os elementos que evidenciam seu surgimento.
Assim, no período do estudo exploratório, a preocupação estará
centrada na formulação e delimitação do problema. Contudo, será
durante a elaboração do projeto de pesquisa que se poderá avaliar a
viabilidade de investigação do problema formulado.

Argumenta Matias-Pereira (2007) que, para se proceder a uma


elaboração adequada de um projeto, é essencial que se defina o
problema de forma bastante precisa. Somente após uma definição
clara do problema é que se torna possível estabelecer os rumos, fases
e procedimentos que se deseja realizar com a pesquisa. Nesse sentido,
o autor ressalta que nem todos os problemas que se pretende
pesquisar são “problemas científicos”.
É preciso, nessa fase, atentar para a relevância do objeto da
pesquisa. Para Vergara (1997, p. 31):

A relevância do estudo é a resposta que o autor do projeto dá à


seguinte indagação do leitor: em que o estudo é importante para
a área na qual você está atuando, ou para a área na qual busca
formação acadêmica, ou para a sociedade em geral?

3.4 Tópicos relevantes na estruturação de um projeto de


pesquisa

É por meio da definição de um problema que se evidencia a área


de interesse a ser investigada, bem como se apontam os caminhos de
aprofundamento do tema. Sua formulação deve ser em forma de
pergunta, clara e precisa, devendo ser delimitada em uma dimensão
variável.

“A hipótese é uma proposição antecipatória à comprovação


de uma realidade existencial. É uma espécie de pressuposição
que antecede a constatação dos fatos. Por isso se diz também
que as hipóteses de trabalho são formulações provisórias do
que se procura conhecer e, em consequência, são supostas
respostas para o problema ou assunto da pesquisa” (TRUJILLO
FERRARI, 1982, p. 181).

Sendero – palavra em espanhol que significa “caminho estreito”.


Tendo como propósito encontrar respostas para as inquietações
que motivaram a realização da pesquisa, o pesquisador estabelece um
sendero para balizar o que se almeja atingir ao final da investigação.
Esse caminho é o que definimos por “objetivos”, que podem ter uma
ação mais abrangente ou específica.
Vale ressaltar que os “objetivos específicos” estabelecem os
diferentes níveis intermediários que deverão ser atingidos ao longo
da realização da pesquisa. A soma dos objetivos específicos dará o
resultado geral esperado, ou seja, o objetivo geral.
Por sua vez, na metodologia ficam definidas quais as opções
tomadas e a leitura operacional que o pesquisador fez do quadro
teórico, com a apresentação do detalhamento de todas as etapas e
procedimentos que serão necessários para a realização da pesquisa.
Nessa fase, definem-se a amostragem, a coleta e o levantamentos de
dados, além de se esclarecer como os dados encontrados serão
organizados, analisados e interpretados.
O item “recursos” geralmente só aparece em pesquisas em que se
pleiteia, para sua realização, financiamento junto a agências de
fomento à pesquisa ou congêneres.

Entre as agências de fomento à


pesquisa podemos citar o Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência
e Tecnologia (http://www.ibict.br/).

Assim, devem ser selecionados todos os recursos (físicos,


materiais, financeiros e humanos) necessários para a realização da
pesquisa.
Pelo cronograma pode-se organizar o tempo necessário para
realização de cada uma das etapas propostas no projeto. Nesse item
devem ser discriminados todas as ações e procedimentos, prevendo-
se o período de execução, com sua duração e as respectivas datas de
realização. Sugere-se utilizá-lo como base nas informações previstas
no tópico “metodologia” e prever o tempo de execução e as datas.
Cabe ressaltar que o projeto deverá possuir certa flexibilidade,
demonstrando capacidade de adaptação às possíveis mudanças
existentes no desenrolar do trabalho, principalmente devido a
situações frente às dificuldades muito frequentes na fase de coleta de
dados, o que pode influenciar na continuidade da subvenção
financeira do projeto, quando este for o caso (BARROS; LEHFELD,
2001).

3.5 Investigação e formulação do tema

Uma investigação tem início com a seleção do tema de estudo. As


quatro fontes principais de temas de investigação são:

• primeiro – considerando que toda investigação requer, em


grau maior ou menor, dinheiro, tempo e recursos humanos,
são na realidade as entidades que contribuem com tais
recursos que estabelecem o tópico a ser investigado;
• segundo – outra fonte original de temas para investigar é a
própria comunidade científica;
• terceiro – a fonte é o próprio pesquisador. Seus interesses e sua
imaginação são, em muitos casos, origem de tópicos que
habitualmente são muito frutíferos;
• quarto – outra fonte relevante de investigação é a sociedade,
ou seja, os grupos sociais que a compõem.

Não é recomendável eleger temas que, em princípio, pareçam relevantes na


época da pesquisa. É sabido que determinadas questões surgem e podem
desaparecer de acordo com as circunstâncias do momento. Dessa forma, o
pesquisador, a priori, não pode saber com certeza se uma
investigação terminará ou não em uma teoria e, muito
menos, se esta terá uma aplicação imediata (MATIAS-PEREIRA,
2007).

A seleção de um tópico para a investigação exige que o


pesquisador conheça quais são as condições que deve ter uma
investigação para chegar ao problema e verifique a validade de seu
valor científico. As questões mais importantes são as seguintes:

• se a investigação deve ser de caráter sociológico, é necessário


que o tema escolhido possa ser estudado por meio de
procedimentos científicos; isto é, que sejam contrastados os
resultados da investigação e verificados com a realidade;
• o problema para investigar não deve ser vago nem genérico,
mas em resumo deve ser formulado de um modo preciso;
• as ciências positivas buscam estabelecer generalizações e
regularidades baseadas na observação dos fatos;
• o tema escolhido deve representar alguma novidade. Não são
aceitáveis investigações sobre fenômenos já conhecidos e
estudados se eles não supõem algum foco ou ponto de vista
novo que pode significar um avanço com respeito ao
conhecido.

Para definir um tema objeto de pesquisa é importante que o


pesquisador faça as seguintes perguntas:

• Este problema é realmente importante?


• Esta investigação se apresenta como algo diferenciado?
• O resultado da pesquisa, além de interessante, terá alguma
utilidade imediata?

É a partir desta
inquietação que
surge a indagação:
qual é o propósito
de uma pesquisa?

Para formular um problema de pesquisa devemos adotar as


seguintes providências:

• revisar todas as investigações que foram realizadas sobre o


tema;
• falar com pessoas que investigaram o mesmo tema ou o
dominam bem;
• observar globalmente o campo social a investigar.

Fica evidenciado, assim, que os motivos de ordem teórico-prática,


que justificam a realização de uma pesquisa, devem estar claramente
fundamentados no projeto de pesquisa, além da escolha da utilização
de uma determinada metodologia de investigação.
Essas motivações, entretanto, não podem ser fundamentadas
apenas sob a luz da teoria e de sua prática, discutindo-as somente
como meros mecanismos de um conhecimento sem outras
implicações.

3.6 Tipos de projeto de pesquisa

Escolhido o problema da pesquisa, que deve estar formulado de


forma clara e concisa, identificado o tipo de informação que é
necessária e definido como o investigador deverá conduzir a
pesquisa, tem início o processo de definição do tipo de pesquisa que
será realizado. De forma sucinta, são os seguintes:

• Estudos exploratórios: nessa modalidade de estudo busca-se


descobrir se existe ou não um fenômeno. Um estudo
exploratório deveria ser considerado, sempre, como o primeiro
passo na investigação. É utilizado quando o pesquisador quer
investigar tópicos onde existe pouco conhecimento. Deveria
ser simples, mas muito completo. Às vezes, o objetivo da
investigação é o próprio método de investigação.
• Estudos descritivos: esses estudos buscam examinar um
fenômeno para descrevê-lo de forma integral ou diferenciá-lo
de outro. Uma parcela das pesquisas que são realizadas na
área das ciências sociais são “descritivas”.
• Estudos preditivos: esses estudos buscam uma maneira eficaz
de se pôr à prova as hipóteses, bem como a possibilidade de
exercer controle ou, no máximo, modificar o curso dos
acontecimentos.
• Estudos explicativos: como o próprio nome define, esses
estudos tentam explicar uma relação de causa-efeito entre dois
ou mais fenômenos.
• Estudos de ação: são estudos direcionados a resolver um
problema de tipo social, político, de mercado etc. É a aplicação
das realizações da sociologia científica para a solução de
problemas concretos nos setores sociais mais diversos.

3.7 A importância da neutralidade do pesquisador

Na busca de fazer ciência é fundamental ter em mente a ideia da


neutralidade do pesquisador. Ao se investigar e pesquisar os fatos e os
fenômenos, o investigador não deve interferir, mas deixar que a
“verdade” surja naturalmente.
A importância do papel do pesquisador se solidifica no decorrer
das etapas do processo de investigação. Isso se dá a cada passo: desde
a escolha do tema, a definição da forma de problematizá-lo, os
instrumentos e métodos a serem utilizados, até a seleção dos autores
e dos documentos que servirão como arcabouço teórico e a
linguagem a ser adotada na elaboração final do relatório. Como se
trata de um trabalho artesanal, no final da pesquisa é possível
vislumbrar a beleza ou não no rosto do pesquisador.

3.8 Função social da pesquisa

A função social da pesquisa está implícita na própria visão de


mundo e de ciência do pesquisador. A motivação íntima é um dos
motores da prática científica. Essa motivação, em muitos casos, dará
conta dos caminhos escolhidos como curso investigativo.
Por exemplo, voltando à taxionomia apresentada anteriormente,
Barros e Lehfeld (2000) oferecem algumas pistas, argumentando
sobre as diferenças entre a pesquisa pura e aplicada. Dizem eles:
“enquanto na pesquisa teórica o pesquisador está voltado para
satisfazer uma necessidade intelectual de conhecer e compreender
determinados fenômenos, na pesquisa aplicada ele busca orientação
prática à solução imediata de problemas concretos do cotidiano” (p.
78).

Taxionomia é “um vocabulário


controlado de uma determinada
área do conhecimento e, acima de
tudo, um instrumento ou elemento
de estrutura que permite alocar,
recuperar e comunicar informações
dentro de um sistema, de maneira
lógica”. Disponível em:
<http://terraforum.com.br>.

Sob outro prisma, o ideário da Escola de Frankfurt, ao defender


a teoria crítica em contraposição à teoria tradicional, também
defende o pressuposto de que o sujeito do conhecimento é um sujeito
histórico. Assim, um teórico crítico de posse dessa crença buscará
intervir nesse processo histórico, no intuito de atingir a emancipação
da sociedade. Já o pensamento tradicional parte da premissa de que a
relação sujei-to-teoria e objeto, uma vez que são dissociados entre si,
não sofreria nenhum tipo de variação social, como se um não pudesse
influenciar o outro (ALVES MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2003).

Escola de Frankfurt é o nome dado


a um grupo de filósofos e cientistas
sociais de tendências marxistas que
se reuniam a partir do final dos
anos 20. A Escola de Frankfurt se
associa diretamente à chamada
Teoria Crítica da Sociedade.
Em que pesem as inúmeras divergências sobre a questão das
teorias e seus paradigmas, pode-se afirmar que o pesquisador – e
tudo que dele provém – tende a ocupar um lugar substantivo no
processo investigativo. Outro exemplo ilustrativo pode-se obter com a
posição da Escola de Edimburgo. “Para eles, a aceitação de uma
teoria seria determinada pelo ‘status’ do cientista ou do grupo que a
propõe, pelo prestígio da revista que a publica, pelos interesses em
jogo na comunidade científica, pelas lutas de poder, entre outros
fatores históricos, culturais, sociais e pessoais” (ALVES-MAZZOTTI;
GEWANDSZNAJDER, 2003, p. 114).

3.9 Identificando o problema

“Toda longa caminhada começa com um primeiro passo.”


(Provérbio chinês)
A definição do problema da pesquisa, conforme observado, é um
momento especial no trabalho do pesquisador. A esse respeito,
argumenta Rudio (2001, p. 94) que “formular o problema consiste
em dizer, de maneiras explícitas, claras, compreensíveis e
operacionais, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que
pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas
características”. Para esse autor, a formulação do problema deve
possuir ainda as seguintes qualidades:

• enunciar uma questão, cujo melhor modo de solução seja uma


pesquisa;
• apresentar uma questão que possa ser resolvida por meio de
processos científicos;
• ser factível, em relação tanto à competência do pesquisador
quanto à disponibilidade de recursos.
Considerando que o problema é uma questão a ser investigada, o
resultado a ser atingido é o objetivo do pesquisador. O objetivo final,
se alcançado, dá resposta ao problema. Marconi e Lakatos (2005, p.
221) afirmam que o objetivo geral

está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-


se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos,
quer das ideias estudadas. Vincula-se diretamente à própria
significação da tese proposta pelo projeto.

Na delimitação da pesquisa, Marconi e Lakatos (2005, p. 164)


afirmam que

delimitar uma pesquisa é estabelecer limites para a investigação,


e a pesquisa pode ser limitada em relação:

• ao assunto – selecionando um tópico, a fim de impedir que se


tor ne ou muito extenso ou muito complexo;
• à extensão – porque nem sempre se pode abranger todo o
âmbito onde o fato se desenrola;
• a uma série de fatores (meios humanos, econômicos e de
exiguidade de prazo) – que podem restringir seu campo de
ação.

Deve-se ressaltar que nem sempre existe a necessidade de


delimitação, visto que o tema tratado e os seus objetivos podem
estabelecer os limites. Nesse sentido, sustenta Ander-Egg (1978) que
existem três níveis de limites quanto: ao objeto ao campo de
investigação, e ao nível de investigação.

Conclusões e recomendações
Victoriano e Garcia (1996, p. 44), ao tratarem da conclusão e
recomendações – fase final do relatório de pesquisa –, sustentam que:

se a introdução propicia ao leitor uma visão global do assunto e


o desenvolvimento analisa exaustivamente os dados, a conclusão
é que apresentará a visão sintética do assunto. Ela é decorrente
da introdução e do desenvolvimento, expressando os elementos
de comprovação ou rejeição da hipótese. Deve ser breve, clara e
objetiva, demonstrando o ponto de vista do autor.

Scaletsky e Oliveira (2002, p. 35), por sua vez, argumentam que:

não existe uma regra rígida sobre conclusão, que é o momento


da síntese, onde se responde às questões levantadas e indicam-se
caminhos e possibilidades para futuros trabalhos. A conclusão,
não necessariamente, deverá refazer todo o caminho trilhado,
sob pena de torná-la enfadonha. Pode ser mais ensaística,
levantando os aspectos mais relevantes das descobertas feitas, ou
mais crítica.

3.10 Linguagem científica

A primeira preocupação do pesquisador deve ser com a linguagem


que irá utilizar na redação do trabalho. Registre-se que a linguagem
adotada na elaboração de uma monografia, dissertação e tese de
doutorado é a científica, que se respalda na análise e interpretação de
dados.
A linguagem utilizada no trabalho científico é a vertente culta,
não se admitindo o descaso para com as regras formais vigentes.
Além disso, a linguagem escrita é diferente da falada, por mais
elegante que esta possa se apresentar.
É importante assinalar que a linguagem é referencial, ou seja,
o foco de interesse deve estar centrado no objeto em estudo
ou em análise. Assim, o texto deve ser redigido com o verbo
na terceira pessoa, não se utilizando de considerações
subjetivas, de modo a aproximar o leitor do centro de
interesse e não do autor do trabalho (CYRANKA; SOUZA,
2000).

No que se refere à redação de texto científico, torna-se relevante


que o pesquisador leve em consideração as seguintes recomendações:

• evitar períodos longos, variando a extensão das frases;


• evitar períodos excessivamente reduzidos que prejudiquem a
apresentação da ideia;
• evitar parágrafos com apenas uma frase;
• usar tom impessoal na redação. Não utilizar a primeira pessoa
do singular;
• eliminar termos ou palavras supérfluas e adjetivações
redundantes;
• utilizar verbos ativos, em vez de passivos;
• definir com precisão os termos, palavras-chave, conceitos e
teorias;
• abster-se do uso de aumentativos, superlativos e diminutivos;
• controlar as frases de efeito ou usos de modismos verbais;
• preocupar-se com generalizações inconsistentes;
• resistir ao subjetivismo e à opinião pessoal;
• dar importância à revisão do trabalho.
É importante lembrar que tudo o que não for texto seu deve vir
entre aspas, acompanhado da devida referência no sistema autor-
data-pá-gina. Além disso, mesmo que não se trate de citações literais,
é bom que, ao longo do texto, sejam feitas referências aos autores de
onde foram retiradas as ideias ou informações que estão sendo
apresentadas. Caso esses cuidados não sejam tomados, o trabalho
será considerado um plágio.

3.11 Levantamento bibliográfico


No levantamento bibliográfico devem constar, prioritariamente,
livros, teses, monografias e artigos de periódicos científicos
encontrados nas bibliotecas universitárias.
Artigos de jornais ou revistas direcionados ao público leigo
também podem ser incluídos, mas deve-se ter clareza de sua
limitação como fonte de discussão teórica ou mesmo como fonte
fidedigna de informação. O levantamento bibliográfico feito nas
bibliotecas pode ser complementado por pesquisa na Internet.
Caso a pesquisa não seja apenas bibliográfica, deve ser feita uma
descrição de como serão coletados os dados da realidade empírica
específica, ou seja, como será realizada a pesquisa de campo.

Recomendações úteis na realização da pesquisa

Algumas recomendações devem ser levadas em consideração no


processo de realização da pesquisa, com o objetivo de evitar
problemas éticos:

• informar e pedir autorização ao entrevistado para gravar a


entrevista;
• não utilizar fotos, marcas ou identificar o nome da instituição
pesquisada, exceto se autorizado;
• não divulgar o nome dos participantes da pesquisa, exceto se
autorizado;
• as informações devem ser utilizadas de forma específica para
os fins da pesquisa;
• evitar situações constrangedoras para o entrevistado;
• ouvir de maneira atenta, sem discriminar pessoas ou opiniões;
• não induzir o pesquisado à resposta desejada;
• citar as fontes das informações tanto no texto (citações) como
no seu final (referências);
• proceder às análises de maneira isenta;
• não utilizar os dados da pesquisa para discriminar instituições
ou pessoas;
• evitar o plágio, consciente ou inconsciente (veja a esse respeito
o Anexo E).

Podemos observar, por fim, que a realização de uma pesquisa


científica exige do pesquisador um perfil diferenciado. Para Matias-
Pereira (2007), um bom pesquisador necessita possuir um caráter
diferenciado, pois além de dominar o assunto, precisa ter
curiosidade, criatividade, integridade intelectual e sensibilidade
social. Precisa, também, ter atitude, disciplina, perseverança,
humildade, paciência, dedicação e confiança na experiência.

Faça uma síntese dos assuntos estudados.


Tema 4
Estrutura de um trabalho de pesquisa
científica

Uma palavrinha inicial

Este capítulo, no qual abordaremos a estrutura e o detalhamento


das etapas de uma pesquisa, tem por fim propiciar ao pesquisador
orientações básicas para a elaboração de uma investigação científica.
As etapas e as orientações que serão feitas a seguir se apresentam
como um roteiro à elaboração da pesquisa. Não é uma imposição.
Visam atuar como suporte à criatividade, bem como contribuir para a
superação de entraves à elaboração da pesquisa.
A realização de uma pesquisa com rigor científico pressupõe a
escolha de um tema, a definição de um problema a ser investigado, a
elaboração de um plano de trabalho e, após a execução operacional
desse plano, que se escreva um relatório final, o qual deverá ser
estruturado de forma adequada.

Pretendemos, assim, que, ao concluir o tema, você seja capaz de:


• identificar a importância da estrutura das etapas de
uma pesquisa;
• conhecer detalhadamente os processos de execução de
uma pesquisa.

4.1 Estrutura e detalhamento das etapas de uma


pesquisa científica

A pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico de busca de


respostas para problemas ainda não solucionados. Na Figura 4.1,
destacamos as fases mais relevantes na elaboração de uma pesquisa.
Figura 4.1 Etapas relevantes na elaboração de uma pesquisa.
Pode-se argumentar, portanto, que o planejamento – entendido
como um instrumento para antecipar o futuro – e a execução de uma
pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende
etapas que podem ser detalhadas da seguinte forma:
4.1.1 Definição do tema
4.1.2 Formulação do problema da pesquisa (hipóteses ou
proposições)
4.1.3 Justificativa do estudo
4.1.4 Definição dos objetivos – geral e específicos
4.1.5 Revisão da literatura
4.1.6 Método de pesquisa
4.1.7 Coleta de dados
4.1.8 Tabulação e apresentação dos dados
4.1.9 Análise e discussão dos resultados
4.1.10 Conclusão da análise e dos resultados obtidos
4.1.11 Redação e apresentação do trabalho científico

4.1.1 Definição do tema

Nesta etapa, busca-


se responder à
pergunta: o que
pretendo estudar?

Nesta etapa, o pesquisador deve escolher um tema para sua


pesquisa. Trata-se de um esforço importante e sensível, visto que uma
escolha adequada do tema será um fator decisivo para o sucesso da
pesquisa. É importante, também, que o pesquisador evite escolher um
tema de pesquisa que seja muito amplo ou restrito demais. Assim,
optar por um tema significa que o pesquisador irá focar uma parcela
delimitada de um assunto, estabelecendo limites ou restrições para o
desenvolvimento da pesquisa pretendida.
Na definição do tema é importante que o pesquisador leve em
consideração os seguintes aspectos:
• escolha um tema que seja do seu interesse profissional e
pessoal, e que possa contribuir para o avanço das ciências
sociais, em especial em administração, economia e
contabilidade;
• escolha um tema adequado, tanto à sua formação quanto ao
tempo, recursos e energia que poderá dedicar a essa pesquisa;
• escolha um tema cujas informações, dados e estudos possam
ser acessados sem dificuldades. É importante que o material
bibliográfico pertinente seja suficiente, facilmente identificável
e disponível.

O tema de uma pesquisa deve possuir relevância científica e


social. Além de possuir áreas novas passíveis de ser
exploradas, o mesmo deve ser factível de ser realizado pelo
pesquisador, tendo como propósito beneficiar a sociedade, a
ciência e a academia (MATIAS--PEREIRA, 2007).

Vamos supor que o tema de interesse do pesquisador seja, por


exemplo, “Finanças públicas”. Trata-se de um tema muito amplo.
Nesse sentido, deve-se procurar reduzir o foco do projeto. Assim,
recortando o tema, teremos “Finanças públicas: a política
orçamentária no Brasil”.
Lembre-se: a definição de um assunto que se deseja provar ou
desenvolver deve ser algo factível de pesquisar.

A definição do tema pode surgir com base na sua observação


do cotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa,
em contato e relacionamento com especialistas, no feedback
de pesquisas já realizadas e em estudo da literatura
especializada (BARROS; LEHFELD, 2001).

O pesquisador deve
fazer uma reflexão
profunda, nesta
fase, sobre a sua
vocação,
disponibilidade,
qualificação e
objetivos
profissionais/pessoais para realizar
de forma adequada a pesquisa.

É recomendável que a definição do tema de uma pesquisa em um


programa ou curso de pós-graduação seja realizada com o orientador
do aluno. Lembre-se que o tema deve estar relacionado à linha de
pesquisa do orientador ou à linha de pesquisa a qual o aluno está
vinculado. O tema deve ser definido preferencialmente em função da
sua relevância e atualidade. Procure pesquisar numa área onde você
tenha domínio e sinta-se confortável. Lembre-se que é essencial,
numa pesquisa, ter acesso a dados e informações.
Para isso, um bom começo é conhecer o que outros pesquisadores
já fizeram, visitando nas websites de universidades, institutos de
pesquisa e bibliotecas onde seja possível encontrar monografias,
dissertações etc. Tais trabalhos podem servir como fonte de
inspiração, além de familiarizar o aluno com os aspectos formais,
teóricos e metodológicos do trabalho científico.

4.1.2 Formulação do problema da pesquisa (hipóteses ou


proposições)

Na definição e delimitação do problema da pesquisa é necessário


que o pesquisador explicite de forma consistente o problema que se
pretende responder com a pesquisa, bem como sua delimitação
espacial e temporal. Procure explicitar o significado dos principais
termos envolvidos pelo problema, sobretudo quando podem vir a
assumir significados distintos em função do contexto em que são
estudados ou do quadro de referência adotado.
Para Matias-Pereira (2010a), é necessário que se defina de forma
bastante clara o problema, visto que ele se apresenta como um item
fundamental na elaboração de um projeto de pesquisa científica.
Após essa providência, podem-se estabelecer as ações, etapas e
procedimentos possíveis e desejáveis da pesquisa. É preciso estar
atento, visto que nem todos os problemas que são levantados podem
ser aceitos como “problemas científicos”.
Nesse sentido, o problema de pesquisa pode ser compreendido
como a questão central que o estudo busca responder. Isso deve estar
muito claro, porque irá fundamentar toda a estrutura do trabalho.
Seja qual for o modelo de ciência que se trabalhe, a escolha do
problema de pesquisa é um momento crucial da atividade científica
pois sinaliza o que é importante se estudar. Ele é um dos elementos
que, mais fortemente, moldam a trajetória das descobertas do campo
científico. Um problema científico tem a forma de uma questão, de
uma pergunta. Mas é uma questão de tipo especial. É uma pergunta
formulada de tal maneira que orientará a investigação científica e
cuja solução representará uma ampliação de nossos conhecimentos
sobre o tema que lhe deu origem.
Lembre-se que a pesquisa científica depende da formulação
adequada do problema, visto que tem como objetivo solucioná-lo.
Nesse sentido, torna-se relevante que o pesquisador avalie com
profundidade o problema a que pretende responder na pesquisa.
Verifique a relevância e atualidade do tema, bem como as razões que
justificam o esforço de buscar uma solução para o problema.

Recomendações para a formulação do problema da


pesquisa

São inúmeras as recomendações que existem no âmbito da


literatura de metodologia científica que tratam da formulação do
problema de pesquisa. Para diversos autores, como por exemplo Gil
(2009) e Matias-Pereira (2010a), as recomendações não devem ser
rígidas, pois devem ser observadas como parâmetros para facilitar a
formulação de problemas. Vejam algumas dessas recomendações:

• o problema deve ser formulado como pergunta, para facilitar a


identificação do que se deseja pesquisar;
• o problema tem de ter dimensão viável, deve ser restrito para
permitir a sua viabilidade;
• o problema deve ter clareza. Os termos adotados devem ser
definidos para esclarecer os significados com que estão sendo
usados na pesquisa;
• o problema deve ser preciso. Além de definir os termos, é
necessário que sua aplicação esteja delimitada.
O problema é uma questão que a pesquisa pretende responder.
Todo o processo de pesquisa irá girar em torno de sua solução. Assim,
a pesquisa fundamentada e construída metodologicamente
objetivando a resolução ou o esclarecimento de um problema. O
problema é o ponto de partida da pesquisa. Da sua formulação
dependerá o desenvolvimento de sua pesquisa. A percepção de um
problema é que leva ao raciocínio e gera a pesquisa. É nesse processo
que você deve formular hipóteses, ou seja, soluções possíveis para o
problema identificado.

Na acepção científica, “problema é


qualquer questão não resolvida e
que é objeto de discussão, em
qualquer domínio do
conhecimento” (GIL, 2009). Para
Kerlinger (1979), “é uma questão
que mostra uma situação
necessitada de discussão,
investigação, decisão ou solução”.

Na mesma linha, sustenta Matias-Pereira (2010a, p. 64)


que a formulação de um problema tem relação com as
indagações:

• Como são?
• Quais as suas causas?
• Quais as suas consequências?
Para Rudio (2003), são diversos os fatores que determinam a
escolha de um problema de pesquisa. Nesse sentido, argumenta
Matias-Pereira (2010a) que, entre os fatores que devem ser levados
em consideração pelo pesquisador na escolha de um problema de
pesquisa, destaca-se a sua relevância social.

O pesquisador, nesse momento, deve se fazer as seguintes


perguntas:

• o problema é original?
• o problema é relevante?
• ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?
• tenho possibilidades reais para executar tal pesquisa?
• existem recursos financeiros que viabilizarão a execução do
projeto?
• terei tempo suficiente para investigar tal questão?

O problema indica o rumo que o pesquisador pretende dar à


pesquisa (MATIAS-PEREIRA, 2010a). Dessa forma, devem ser
consideradas na escolha do foco:

• a relevância do problema: o problema será relevante em


termos científicos quando propiciar conhecimentos novos à
área de estudo e, em termos práticos, quando referir-se aos
benefícios que sua solução trará para a humanidade, país, área
de conhecimento etc.;
• a oportunidade de pesquisa: você escolhe determinado
problema considerando a possibilidade de obter prestígio ou
financiamento.
Processo de formulação das hipóteses

As suposições propostas como respostas plausíveis (e provisórias)


para o problema de pesquisa são as hipóteses. As hipóteses são
provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o
desenvolvimento da pesquisa. Um mesmo problema pode ter
muitas hipóteses, ou seja, soluções possíveis para a sua resolução.
A(s) hipótese(s) irá(ão) orientar o planejamento dos procedimentos
metodológicos necessários à execução da sua pesquisa. O processo de
pesquisa estará voltado para a procura de evidências que comprovem,
sustentem ou refutem a afirmativa feita na hipótese. A hipótese
define até onde você quer chegar e, por isso, será a diretriz de todo o
processo de investigação. A hipótese é sempre uma afirmação, uma
resposta possível ao problema proposto.
As hipóteses podem estar explícitas ou implícitas na pesquisa.
Dessa forma, quando analisados os instrumentos adotados para a
coleta de dados, é possível reconhecer as hipóteses subjacentes
(implícitas) que conduziram a pesquisa (GIL, 2009).
Para Luna (1997), a formulação de hipóteses é quase inevitável
para quem realiza pesquisas. Geralmente, com base em análises do
conhecimento disponível, o pesquisador acaba “apostando” naquilo
que pode surgir como resultado de sua pesquisa. Uma vez formulado
o problema, é proposta uma resposta provável e provisória
(hipótese), que seria o que ele acha plausível como solução do
problema.
Muitos autores já determinaram as características ou critérios
necessários para a validade das hipóteses. Kerlinger (1973, p. 28-35)
Marconi e Lakatos (2005, p. 130-143) e Matias-Pereira (2010a, p. 64-
67) listaram inúmeras características já indicadas na literatura. São
elas:

• consistência lógica: o enunciado das hipóteses não pode ter


contradições e deve ter compatibilidade com o corpo de
conhecimentos científicos;
• verificabilidade: devem ser passíveis de verificação;
• simplicidade: devem ser parcimoniosas, evitando enunciados
complexos;
• relevância: devem ter poder preditivo e/ou explicativo;
• apoio teórico: devem ser baseadas em teoria para termaior
probabilidade de apresentar genuína contribuição ao conhecimento científico;
• especificidade: devem indicar as operações e previsões a que elas devem ser
expostas;
• plausibilidade e clareza: devem propor algo admissível e que o enunciado
possibilite o seu entendimento;
• profundidade, fertilidade e originalidade: devem especificar os mecanismos
aos quais obedecem para alcançar níveis mais profundos da realidade,
favorecer o maior número de deduções e expressar uma solução nova para o
problema.

O problema, sendo uma dificuldade sentida, compreendida e


definida, necessita de uma resposta “provável, suposta e provisória”,
que é a hipótese. Para Marconi e Lakatos (2005, p. 128-134), a
principal resposta é denominada de hipótese básica, a qual pode ser
complementada por outras, denominadas hipóteses secundárias.

Hipótese básica

É a afirmação escolhida pelo pesquisador como a principal


resposta ao problema proposto. A hipótese básica pode adquirir
diferentes formas, tais como:

• afirma, em dada situação, a presença ou ausência de certos


fenômenos;
• refere-se à natureza ou a características de dados fenômenos,
em uma situação específica;
• aponta a existência ou não de determinadas relações entre
fenômenos;
• prevê variação concomitante, direta ou inversa, entre
fenômenos etc.

Hipóteses secundárias

São afirmações complementares, significam outras possibilidades


de resposta para o problema. Dessa forma, podem:
• abarcar em detalhes o que a hipótese básica afirma em geral;
• englobar aspectos não especificados na hipótese básica;
• indicar relações deduzidas da primeira;
• decompor em pormenores a afirmação geral;
• apontar outras relações possíveis de serem encontradas etc.

O processo de formulação de hipóteses é de natureza criativa e


requer experiência na área. Gil (2009) analisou a literatura referente
à descoberta científica e concluiu que na formulação de hipóteses
podem-se usar as seguintes fontes:

• observação;
• resultados de outras pesquisas;
• teorias;
• intuição.

4.1.3 Justificativa do estudo

Nesta etapa, procure refletir sobre o porquê da realização da


pesquisa, procurando identificar as razões da preferência pelo tema
escolhido e sua importância em relação a outros temas.
Na elaboração da justificativa da pesquisa é importante levar em
consideração, entre outras, as seguintes indagações:

O tema escolhido é relevante? Por quê?


Quais os motivos pessoais e profissionais que levaram você a escolher este
tema?
Quais os pontos positivos que você percebe na abordagem proposta?
A pesquisa irá contribuir para elevar o nível do conhecimento da ciência no
campo estudado?
• Que vantagens e benefícios você pressupõe que sua pesquisa
irá proporcionar? O estudo será útil para estimular a
realização de novas pesquisas?
• A pesquisa irá contribuir para testar as teorias utilizadas e/ou
para testar a teoria que está sendo elaborada?

Lembre-se: a justificativa deverá convencer quem for ler o projeto


da importância e da relevância da pesquisa proposta.

4.1.4 Definição dos objetivos – geral e específicos

É essencial definir de forma clara o objetivo principal da pesquisa,


bem como os seus objetivos secundários. A soma dos objetivos
secundários consolida o objetivo principal da pesquisa. É
recomendável que em sua redação sejam utilizados verbos de ação,
como identificar, verificar, descrever e analisar.

Objetivo geral

O objetivo geral reflete uma visão global e abrangente do tema.


Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e
eventos, quer das ideias estudadas. Vincula-se diretamente à própria
significação da tese proposta pelo projeto. Deve iniciar com um verbo
de ação, ou seja:

• quando a pesquisa tem o objetivo de conhecer, usam-se:


apontar, citar, classificar, conhecer, definir, descrever,
identificar, reconhecer, relatar;
quando a pesquisa tem o objetivo de compreender, usam-

se:
compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar,
diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafirmar;
• quando a pesquisa tem o objetivo de aplicar, usam-se:
desenvolver, empregar, estruturar, operar, organizar, praticar,
selecionar, traçar, otimizar, melhorar;
• quando a pesquisa tem o objetivo de analisar, usam-se:
comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar,
investigar, provar, ensaiar, medir, testar, monitorar,
experimentar;
• quando a pesquisa tem o objetivo de sintetizar, usam-se:
compor, construir, documentar, especificar, esquematizar,
formular, produzir, propor, reunir, sintetizar;
• quando a pesquisa tem o objetivo de avaliar, usam-se:

argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar,


medir, selecionar.

Lembre-se: os enunciados dos objetivos devem começar com


um verbo no infinitivo, e este verbo deve indicar uma ação
passível de mensuração.

Objetivos específicos
Os objetivos específicos possuem um caráter mais específico e
concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de
um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo em situações
particulares. Os objetivos específicos, num sentido amplo, podem ser
entendidos como os capítulos mais relevantes da pesquisa.
Nesse sentido, podemos eleger, por exemplo, como objetivo geral:
“Desenvolver um modelo científico de gestão de recursos humanos,
para ser utilizado como referencial básico a fim de facilitar o processo
de modernização dos bancos em cursos de treinamento, em
instituições bancárias, visando à melhoria e otimização da
organização do trabalho e usabilidade do sistema à aprendizagem.”
Com base no objetivo geral exemplificado, temos como objetivos
específicos:

a) formular, a partir de um estudo analítico, um referencial teó-


rico-prático sobre as características estruturais, funcionais,
operacionais e a forma de atuar do banco delta na área de
gestão de recursos humanos;
b) desenvolver uma metodologia aplicada à forma de operação
de uma gerência de recursos humanos em cursos de
treinamento em uma instituição bancária.

Diante desse cenário, procure refletir sobre a consistência


científica do objeto da sua pesquisa. Lembre-se de que os objetivos
devem estar coerentes com a justificativa e o problema proposto para
a sua pesquisa.

4.1.5 Revisão da literatura

A revisão da literatura é um elemento essencial no processo de


elaboração de monografias, dissertações e teses. A revisão da
literatura deve referenciar os estudos anteriormente publicados,
buscando posicionar-se sobre a evolução do assunto; restringir a
revisão da literatura às contribuições mais significativas relacionadas
ao tema da pesquisa, bem como preocupar-se em fazer a citação dos
autores – no texto e/ou em notas – e, de forma obrigatória, nas
referências bibliográficas.

A revisão da literatura diz respeito à fundamentação teórica


que será adotada para tratar do tema e do problema da
pesquisa. Por meio da análise da literatura publicada, é
possível traçar um quadro teórico e conceitual que dará
sustentação ao desenvolvimento da pesquisa.

A revisão da literatura resultará do processo de levantamento e


análise do que já foi publicado sobre o tema e o problema de
pesquisa escolhidos. Permitirá, ainda, um mapeamento de quem já
escreveu e o que já foi escrito sobre o tema e/ou problema da
pesquisa.
A revisão da literatura contribuirá para:

• obter informações sobre a situação atual do tema ou problema


pesquisado;
• conhecer publicações existentes sobre o tema e os aspectos que
já foram abordados;
• verificar as opiniões similares e diferentes a respeito do tema;
• conhecer aspectos relacionados ao tema ou ao problema de
pesquisa.
Lembre-se: o pesquisador deve analisar de forma objetiva os
estudos, dados e informações que tratam do problema da pesquisa,
em especial as questões técnico-científicas assinaladas no projeto. A
revisão irá contribuir, também, para evitar a duplicação de pesquisas
sobre o mesmo enfoque.
Pesquisa bibliográfica é aquela desenvolvida a partir de material
já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos científicos,
teses e dissertações, manuais, normas técnicas, revisões, trabalhos de
congressos, abstracts, índices e bibliografias, meios audiovisuais.
Inclui também outras formas de publicação, tais como: relatórios
técnicos, científicos, leis, contratos, pareceres, entre outros.

Nas ciências humanas, a pesquisa


bibliográfica constitui o
instrumento por excelência do
pesquisador. Como resumo do
assunto, que se materializa na
tomada de apontamentos ou notas,
essa investigação constitui, quase
sempre, o primeiro passo de
qualquer pesquisa científica.
É perceptível que a pesquisa bibliográfica não costuma oferecer
dados inéditos, como a pesquisa de campo ou de laboratório. Isso,
entretanto, não compromete a possibilidade de originalidade dos
raciocínios que possam ser desenvolvidos a partir do conceito de
“inédito que não se restringe à realidade nova”. Pode também
significar “pensamento novo” a respeito de “realidade velha”
(SANTOS, 2004, p. 92).

4.1.6 Método da pesquisa

Nesta fase da pesquisa, o pesquisador necessita definir claramente


onde e como ela será realizada. Nesse sentido, conforme Pizzolatti e
Rocha (2004), uma pergunta de pesquisa pode ser abrangente,
possuir ineditismo, potencialidades para conceber uma pesquisa
inovadora. Muitas dessas pesquisas, entretanto, na prática, não
conseguem avançar ou não chegam aos resultados esperados na
etapa inicial. Isso decorre, em boa parcela, do descuido na opção pelo
método. Nesse sentido, a escolha adequada pelo método na condução
da pesquisa em que o pesquisador está envolvido apresenta-se
essencial na elaboração de um bom trabalho, sendo que sua
importância não se finda de imediato (PIZZOLATTI; ROCHA, 2004).
Destacam Pizzolatti e Rocha (2004, p. 64) que:

apesar da dificuldade na opção por um método na pesquisa, tal


tarefa é fundamental na construção e condução da pesquisa e
revela as qualidades do pesquisador em definir seus objetivos,
traçar meios para atin-gi-los e avaliar os dados alcançados. O
trabalho científico sem clareza no método tem, por sua vez,
poucas chances de superar os questionamentos iniciais e
continuamente exigem maiores cuidados que impeçam o
desvirtuamento da proposta original da pesquisa. A base
metodológica constitui-se, assim, preocupação que deve
dispensar melhor empenho por parte daqueles que iniciam na
pesquisa, sobretudo das implicações resultantes da opção
epistemológica implícita ao método. De fato, a escolha pelo
método adianta parte das inquietações do pesquisador e trazem
à tona os encaminhamentos principais da análise teórica do
autor.

Assim, a opção por um método permite que o pesquisador defina


as estratégias de intervenção empírica e teórica que desenvolverá no
estudo. Isso se revela, por exemplo, numa pesquisa descritiva, que
tem como propósito observar e descrever um fenômeno, apoiando-se
em métodos de análise estatística descritiva ou numa pesquisa
explicativa, que busca explicar os fenômenos que são analisados.
Métodos e técnicas de pesquisa: principais tipos de estudo

O método de pesquisa, num sentido amplo, pode ser entendido


como a forma escolhida pelo pesquisador para verificar a veracidade
dos fatos e explicar de maneira consistente os fenômenos
examinados. Do ponto de vista macro, existem dois grandes métodos:
quantitativo e qualitativo. Registre-se que esses métodos se
diferenciam pela maneira de abordagem do problema, razão pela
qual o método necessita estar compatível com o tipo de estudo que o
pesquisador pretende desenvolver. É oportuno alertar que é a
natureza do problema ou o seu nível de profundidade que vai
determinar a escolha do método.
No campo do debate sobre a relevância e as motivações para a
realização de pesquisa quantitativa ou de pesquisa qualitativa existem
duas importantes correntes paradigmáticas, responsáveis por balizar
a pesquisa científca ao longo da história, notadamente a partir do
final do século XIX. São as escolas de pensamento realista/objetivista,
orientadas para a pesquisa quantitativa, e a escola
idealista/subjetivista, direcionada para a pesquisa qualitativa.
Registre-se que são essas escolas que sustentam os conceitos e as
definições metodológicas da pesquisa em ciências humanas nos
últimos tempos.

O método quantitativo, conforme o próprio nome sugere,


tem como principal característica a utilização da
quantificação, seja nas modalidades de coleta de informações
ou no tratamento das mesmas. Isso é realizado por meio de
técnicas estatísticas, desde as mais simples – como, por
exemplo, percentual, média, desvio-padrão – até as mais
complexas, como coeficiente de correlação, análise de
regressão, análises multivariadas, entre outras.
No método qualitativo a pesquisa é descritiva, ou seja, as
informações obtidas não podem ser quantificáveis. Por sua
vez, os dados obtidos são analisados de forma indutiva. Nesse
sentido, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.

Observa-se que a metodologia científica, no que se refere aos tipos


de estudo, apresenta uma significativa quantidade de maneiras de
realizar a pesquisa. Tendo como referência as pesquisas no campo das
ciências sociais, como, por exemplo, administração, contabilidade,
economia, direito, entre outras, destacaremos sucintamente as
principais formas no que se refere aos métodos e técnicas de
pesquisa. Recorde-se que, dependendo do objeto de pesquisa, é
possível numa mesma pesquisa ser combinadas duas ou mais
modalidades.

• Empírico-analítica. Nessa abordagem ocorre a utilização em


comum de técnicas de coleta, tratamento e análise de dados
quantitativos. Possui como característica privilegiar os estudos
práticos, visto que suas propostas possuem caráter técnico,
restaurador, incrementalista e forte preocupação com a relação
causal entre variáveis. O processo de validação da prova
científica é feito por meio de testes dos instrumentos, graus de
significância e sistematização das definições operacionais.
• Fenomenológico-hermenêutica. Essa abordagem emprega
técnicas não quantitativas, e tem como foco preferencial
estudos teóricos e análise de documentos e textos. Nesse
sentido, observa-se que suas propostas são críticas e
geralmente têm marcado interesse de “conscientização” dos
indivíduos envolvidos na pesquisa e manifestam interesse por
práticas alternativas. Buscam relação entre o fenômeno e a
essência, o todo e as partes, o objeto e o contexto. O processo
de validação da prova científica é procurada no processo
lógico da interpretação e na capacidade de reflexão do
pesquisador sobre o fenômeno, objeto de seu estudo.
• Fenomenológico. Essa abordagem – cujos estudos seminais
foram desenvolvidos por Edmundo Husserl (1859-1938) – que
tem como objeto de estudo o fenômeno, relaciona-se à
intuição intelectual e à descrição do intuito. Assim, a
abordagem consiste numa visão intelectual do objeto,
baseando-se em uma intuição. Esse método propõe uma
reflexão exaustiva e contínua sobre a importância, validade e
finalidade dos processos adotados.
• Semiótico. Essa abordagem estuda os sinais e seus
significados. O método está vinculado à importância e precisão
dos símbolos.
• Dedutivo. Esse método é definido como um conjunto de
proposições particulares contidas em verdades universais,
parte da premissa antecedente (valor universal) e chega ao
consequente (conhecimento particular). Registre-se que a
aplicação desse método exige o uso de recursos lógico-
discursivos, sendo usado dentro de contextos de justificação.
Essa abordagem tem por critério de verdade a coerência,
consistência e a não contradição.
• Indutivo. Esse método parte do particular e coloca a
generalização como um produto posterior do trabalho de
coleta de dados particulares.
Redutivo. É o método que permite conhecer, descobrir,
• descrever e predizer os fenômenos que ocorrem na realidade.
Essa abordagem admite compreensivamente os procedimentos
indutivos, dedutivos e cronológicos.
• Comparativo. Método científico controlado que examina os
vários casos, fenômenos ou coisas análogas de séries, para
descobrir o que é comum, ou seja, as regularidades, princípios
ou leis que são válidas e significativas.
• Hermenêutico. Nessa abordagem busca-se o conhecimento por
meio do círculo: compreensão/interpretação/nova
compreensão.
• Crítico-dialético. Esse método tem como referencial teórico o
materialismo histórico. Está baseado na concepção dinâmica
da realidade e das relações dialéticas entre sujeito e objeto,
entre conhecimento e ação, entre teoria e prática. O método
privilegia experiências, práticas, processos históricos,
discussões filosóficas ou análises contextualizadas.
• Observacional. Esse método constitui procedimento empírico
de natureza sensorial. É oportuno ressaltar, entretanto, que
não deve ser confundido com a observação da rotina diária.
• Experimental. É o método em que variáveis são manipuladas
de maneira preestabelecida e “seus” efeitos, suficientemente
controlados. Essa abordagem preocupa-se em descobrir
relações causais, sendo precedido de planejamentos
experimentais ou delineamentos de experimentos.
• Clínico. Método utilizado em ciências humanas e, também, nas
ciências médicas, sendo empregadas técnicas de entrevista,
história de vida, aconselhamento, psicodiagnósticos, entre
outros.
• Quase experimental. Método empregado nas investigações em
que as condições não possibilitam completo controle sobre
todas as variáveis intervenientes.
• Bibliográfico. Abordagem utilizada para conhecer as
contribuições científicas sobre determinado assunto, tendo por
objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as
contribuições teóricas já existentes sobre determinado assunto.
• Documental. Tem por finalidade reunir, classificar e distribuir
os documentos de todo gênero dos diferentes domínios da
atividade humana.
• Laboratório. Esse método ocorre, em geral, em ambiente
fechado. Essa abordagem apresenta no mínimo três
exigências: instrumentação, objetivos e manipulação dos
instrumentos.
• Descritivo. Método que cuida da descrição das características
de determinada população ou fenômeno, bem como o
estabelecimento de relações entre variáveis e fatos.

Classificação das pesquisas

Podemos classificar as pesquisas de várias formas. As formas


clássicas de classificação serão apresentadas a seguir (SILVA;
MENEZES, 2005).
Quanto à natureza, podemos classificar as pesquisas em básica e
aplicada:

• pesquisa básica: tem como propósito gerar conhecimentos


novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática
prevista. Envolve verdades e interesses universais;
• pesquisa aplicada: tem como objetivo gerar conhecimentos
para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas
específicos. Envolve verdades e interesses locais.

Quanto à forma de abordagem do problema podemos classificar


as pesquisas em quantitativa e qualitativa:

• pesquisa quantitativa: sob este enfoque tudo pode ser


mensurado numericamente, ou seja, pode ser traduzido em
números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-
las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas
(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão,
coeficiente de correlação, análise de regressão etc.);
• pesquisa qualitativa: parte do entendimento de que existe
uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,
um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em
números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.
Não requerem o uso de métodos e técnicas estatísticas. O
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os
pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos principais de
abordagem.

O debate sobre os métodos de pesquisa quantitativa e


qualitativa

A discussão sobre as vantagens e desvantagens dos métodos de


pesquisa quantitativa e qualitativa, notadamente nas pesquisas
desenvolvidos na área das ciências sociais aplicadas não é uma
discussão nova. Na verdade ela tem início desde a fundação das
ciências sociais. Deve-se ressaltar que existem diferenças marcantes
na forma de conceber a pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa.
Entretanto, em que pesem as diferenças nessas abordagens, elas não
podem ser vistas como excludentes. No mundo contemporâneo fica
cada vez mais evidente que as duas abordagens – quantitativa e
qualitativa – são complementares, ou seja, mesmo com problemas e
tópicos diferentes, mas igualmente importantes.
É oportuno ressaltar que a literatura recente mostra que o
emprego dessas duas abordagens na pesquisa de um mesmo
problema, em geral, tende a apresentar um resultado mais
consistente. O método qualitativo, destaca Oliveira (2000), sempre
foi considerado como método exploratório e auxiliar na pesquisa
científica. Esse contexto, para o autor, está se modificando, na
medida em que o novo paradigma da ciência coloca o método
qualitativo dentro de outra base de concepção teórica na mensuração,
processamento e análise de dados científicos, atribuindo-lhe valor
fundamental no desenvolvimento e consolidação da ciência em
diferentes áreas.
Nessa mesma direção, ressalta Chizzotti (2003, p. 221), que a
pesquisa qualitativa recobre, hoje, um campo transdisciplinar,
envolvendo as ciências humanas e sociais, assumindo tradições ou
multiparadigmas de análise, derivadas do positivismo, da
fenomenologia, da hermenêutica, do marxismo, da teoria crítica e do
construtivismo, e adotando multimétodos de investigação para o
estudo de um fenômeno situado no local em que ocorre e, enfim,
procurando tanto encontrar o sentido desse fenômeno quanto
interpretar os significados que as pessoas dão a eles. O termo
qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que
constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os
significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma
atenção sensível e, após esse tirocínio, o autor interpreta e traduz em
um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência
científicas, os significados patentes ou ocultos do seu objeto de
pesquisa.
Sustenta Goldenberg (1999), que a pesquisa qualitativa não se
preocupa com representatividade numérica, mas sim com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social e de uma
organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem
qualitativa se opõem ao pressuposto que defende um modelo único
de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua
especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os
pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao
estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer
julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças
contaminem a pesquisa.

Objetivos e procedimentos técnicos da pesquisa

Do ponto de vista de seus objetivos, Gil (2009) assinala que a


pesquisa pode ser:

• pesquisa exploratória: visa proporcionar maior familiaridade


com o problema com intuito de torná-lo explícito ou de
construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com
o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Assume, em geral, as formas de pesquisas
bibliográficas e estudos de caso;
pesquisa descritiva: visa descrever as características de
• determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de
relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação
sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento;
• pesquisa explicativa: visa identificar os fatores que
determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
Assim, aprofunda o conhecimento da realidade porque explica
a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas ciências
naturais, requer o uso do método experimental e, nas ciências
sociais, requer o uso do método observacional. Assume, em
geral, as formas de pesquisa experimental e pesquisa ex post
facto.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos (GIL, 2009), a


pesquisa pode ser:

• pesquisa bibliográfica: quando elaborada a partir de material


já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de
periódicos e atualmente com material disponibilizado na
Internet;
• pesquisa documental: quando elaborada a partir de materiais
que não receberam tratamento analítico;
• pesquisa experimental: quando se determina um objeto de
estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de in-
fluenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação
dos efeitos que a variável produz no objeto;
• levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação
direta das pessoas, cujo comportamento se deseja conhecer;
• estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita
o seu amplo e detalhado conhecimento;
• pesquisa ex post facto: quando o “experimento” se realiza
depois dos fatos;
• pesquisa-ação: quando concebida e realizada em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo;
• pesquisa participante: quando se desenvolve a partir da
interação entre pesquisadores e membros das situações
investigadas.

Para uma melhor compreensão deste tema, veja a seguir a Figura


4.2, que trata da natureza, objetivos e procedimentos da pesquisa
científica.
Figura 4.2 Natureza, objetivos e procedimentos da pesquisa
científica.

4.1.7 Coleta de dados

A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos


objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser
investigado. Os instrumentos de coleta de dados tradicionais são a
observação – quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados de
determinados aspectos da realidade – e a entrevista, que é a obtenção
de informações de um entrevistado sobre determinado assunto ou
problema. A entrevista pode ser: padronizada ou estruturada, a qual
se caracteriza por possuir roteiro previamente estabelecido;
despadronizada ou não estruturada, quando não existe rigidez de
roteiro. Veja a esse respeito o Anexo G, síntese dos instrumentos:
entrevista, questionário e formulário.

Questionário: é uma série ordenada de perguntas que devem


ser respondidas por escrito pelo informante. O questionário
deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado
de instruções. Essas instruções devem esclarecer o propósito
de sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do
informante e facilitar o preenchimento.

Qual a importância
de definir seu
instrumento para
coleta de dados?

As perguntas do questionário podem ser abertas, por exemplo:


“qual é a sua opinião?”; fechadas, em que a resposta está restrita a
duas escolhas, como “sim” ou “não”; de múltipla escolha, em que há
uma série de respostas possíveis. Veja a esse respeito os trabalhos de
YOUNG, Pauline. Métodos científicos de investigación social,
México: Instituto de Investigaciones Sociales de la Universidad del
México, 1960; e LUNDBERG, George A. Técnica de la investigación
social, México: Fondo de Cultura Económica, 1949.
Formulário: é uma coleção de questões anotadas por um
entrevistador numa situação face a face com o informante.

O instrumento de coleta de dados escolhido deverá proporcionar


uma interação efetiva entre você, o informante e a pesquisa que está
sendo realizada. Para facilitar o processo de tabulação de dados por
meio de suportes computacionais, as questões e suas respostas devem
ser previamente codificadas.
A coleta de dados estará relacionada com o problema, a hipótese
ou os pressupostos da pesquisa e tem por fim obter elementos para
que os objetivos propostos na pesquisa possam ser alcançados.
Nesse estágio, o pesquisador escolhe também as possíveis formas
de tabulação e apresentação de dados, bem como os meios (métodos
estatísticos, instrumentos manuais ou computacionais) que serão
usados para facilitar a interpretação e análise dos dados.

Definições e características das tarefas na coleta de dados

Na etapa “recolhimento de dados” se tem início a pesquisa de


campo. O êxito do pesquisador, nesse processo, dependerá de sua
determinação e paciência. Nesse sentido, assinalamos, a seguir,
algumas definições e características dessas tarefas:

• população e amostra (se for o caso): trata-se de informações


que envolvem o universo a ser estudado, extensão da amostra
e a forma como será selecionada;
• coleta de dados: trata-se da descrição das técnicas que serão
empregadas para a coleta de dados. Modelos de questionários,
testes ou escalas deverão ser incluídos (se for o caso). Caso a
pesquisa envolva técnicas de entrevista ou de observação,
devem ser incluídos nesta parte da pesquisa os roteiros a
serem seguidos;
• análise dos dados: trata-se da descrição dos procedimentos a
serem adotados na tabulação e análise dos dados. Isso vale
para as análises quantitativas (exemplos: testes de hipótese,
testes de correlação) e para as análises qualitativas (exemplos:
análise de conteúdo, análise de discurso).

População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de


indivíduos que possuem as mesmas características definidas
para um determinado estudo. Amostra é parte da população
ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou
plano. A amostra pode ser probabilística ou não
probabilística.

Amostra também é percebida


como um subconjunto de
elementos pertencentes a uma
população. A informação recolhida
para uma amostra é depois
generalizada a toda a população.
Nem sempre as amostras refletem a
estrutura da população de onde
foram retiradas ou são
representativas, podendo levar
nesses casos a inferências erradas
ou ao enviesamento dos
resultados.

As amostras não probabilísticas podem ser: amostras acidentais,


que são as compostas por acaso, por pessoas escolhidas
aleatoriamente; amostras por quotas, que são as compostas por
diversos elementos constantes da população/universo, na mesma
proporção, e amostras intencionais, que são aquelas em que são
escolhidos sujeitos que representem o “bom julgamento” da
população/universo.
As amostras probabilísticas são compostas por sorteio e podem
ser: amostras casuais simples, que são as em que cada elemento da
população tem oportunidade igual de ser incluído na amostra;
amostras casuais estratificadas são as em que cada estrato, definido
previamente, estará representado na amostra e amostras por
agrupamento, que é a reunião de amostras representativas de uma
população.
Para definição das amostras, recomenda-se a aplicação de
técnicas estatísticas. Barbetta (1999) fornece uma abordagem muito
didática referente à delimitação de amostras e ao emprego da
estatística em pesquisas.

4.1.8 Tabulação e apresentação dos dados

Nesta etapa, procure utilizar os recursos manuais ou


computacionais para organizar os dados obtidos na pesquisa de
campo. Atualmente, com o advento da informática, é natural que
você escolha os recursos computacionais para dar suporte à
elaboração de índices e cálculos estatísticos, como tabelas, quadros e
gráficos.

4.1.9 Análise e discussão dos resultados

Nesta fase, ocorrerá a interpretação e análise dos dados que você


tabulou e organizou na etapa anterior. A análise deve ser feita para
atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados
e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou
os pressupostos da pesquisa.

4.1.10 Conclusão da análise e dos resultados obtidos

Nesta etapa o pesquisador deve expor objetivamente os resultados


obtidos com a pesquisa. Trata-se da recapitulação sintética dos
resultados da pesquisa, ressaltando o alcance e as consequências de
suas atribuições. A conclusão deve estar apoiada em dados
comprovados.
Procure explicitar de forma clara se os objetivos foram atingidos,
se a(s) hipótese(s) ou os pressupostos foram confirmados ou
rejeitados. Lembre-se de destacar na conclusão a contribuição da sua
pesquisa para o meio acadêmico ou para o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia.

A Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT) é o órgão
responsável pela normalização
técnica no Brasil, fornecendo a base
necessária ao desenvolvimento
tecnológico brasileiro. É uma
entidade privada, sem fins
lucrativos, e foi fundada em 1940.
4.1.11 Redação e apresentação do trabalho científico

O pesquisador, nesta fase, deve redigir de forma consistente o seu


relatório de pesquisa, ou seja, sua monografia, dissertação ou tese.
Azevedo (1998) argumenta que o texto deverá ser escrito de modo
apurado, isto é, gramaticalmente correto, fraseologicamente claro,
terminologicamente preciso e estilisticamente agradável. Normas de
documentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) deverão ser consultadas visando à padronização das
indicações bibliográficas e a apresentação gráfica do texto. Normas e
orientações do próprio curso de pós-graduação em Administração e
Contabilidade também deverão ser consultadas.

4.2 Métodos científicos

É sabido que a pesquisa científica depende de um conjunto de


procedimentos intelectuais e técnicos. Esses procedimentos são os
métodos científicos, os quais irão viabilizar a execução dos seus
objetivos. Deve-se entender o método científico como o conjunto de
processos ou operações mentais que devem ser empregadas na
investigação. É, portanto, a linha de raciocínio adotada no processo
de pesquisa.
Os métodos que sustentam as bases lógicas da investigação são:
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e
fenomenológico (GIL, 2009; MARCONI e LAKATOS, 2005; MATIAS-
PEREIRA, 2010a). Descrevemos, a seguir, em que bases lógicas os
referidos métodos estão apoiados.
O método dedutivo, proposto pelos racionalistas Descartes
(1968), Baruch Spinoza (1632-1677) e Gottfried Wihelm Leibniz
(1646-1716), pressupõe que só a razão é capaz de levar ao
conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de
explicar o conteúdo das premissas por intermédio de uma cadeia de
raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o
particular, a fim de se chegar a uma conclusão. Para isso, utiliza-se o
silogismo, que consiste na construção lógica criada a partir de duas
premissas, com o intuito de retirar uma terceira decorrente das duas
primeiras, denominada de conclusão (MATIAS-PEREIRA, 2010a).
Assim, o método dedutivo está apoiado no método lógico, que
pressupõe a existência de verdades gerais já afirmadas, as quais
sirvam de base (premissas) para se atingir, por meio dele, uma
conclusão, ou seja, alcançar novos conhecimentos.
A estrutura básica do método dedutivo pode ser visualizada no
exemplo abaixo:
Deve-se ressaltar que, na dedução, se as premissas são
verdadeiras, a conclusão será sempre verdadeira.

Regras básicas do método de Descartes (1596-1650)

O método de René Descartes (1968) é definido como um elenco


de regras que, devidamente observadas, levariam ao conhecimento
verdadeiro. Impossibilitado de tomar o falso pelo verdadeiro, só
restaria ao seguidor do método a ampliação do conhecimento sem
nenhum esforço mental inútil.
As regras básicas do método de Descartes (1968) são:

i. Regra da evidência: jamais aceitar alguma coisa como


verdadeira, se isto não for evidente; caso a coisa não se
apresente clara e distintamente ao espírito sem deixar margem
de dúvida, não pode ser considerada como verdadeira. Esta
não é uma regra conclusiva, entretanto, é uma regra exclusiva;
caso a proposição não atenda à condição de verdade evidente,
deve ser imediatamente excluída.
ii. Regra da análise: uma dificuldade, de maneira geral, é um
conjunto de pequenos problemas; a análise da questão procura
separar detalhadamente todas as partes do problema em maior
número possível, entender as particularidades de cada uma e
sua função como componente do todo. Agindo desse modo, se
eliminam as complicações supérfluas e torna-se mais simples o
problema, ordenando sua solução em torno da resolução das
dificuldades encontradas em cada uma das partes.
iii. Regra da síntese: a partir do desmembramento de uma
dificuldade em pequenos problemas e da solução dos
problemas em partes, devem-se conduzir os pensamentos por
ordem, começando pelos objetos mais simples e fáceis de se
conhecer e aos poucos ir rejuntando as partes e elevando o
grau de complexidade das questões.
iv. Regra da enumeração: fazer sempre enumerações tão
completas e revisões tão gerais que se fique certo de não
omitir nenhuma. A enumeração controla a análise, enquanto a
revisão controla a síntese.
Registre-se que, tendo como ponto de partida a intuição, desenca-
deia-se o processo dedutivo para comprovar e explicar uma tese.
Assim, o problema é repartido por meio da análise e os dados
analisados são recompostos através da síntese. O controle do
processo é feito por meio da enumeração, que garante o rigor
científico da comprovação.
O método indutivo, proposto pelos autores empiristas Bacon,
Hobbes, Locke e Hume, é aquele em que o conhecimento é
fundamentado na experiência, não levando em conta princípios
preestabelecidos. No raciocínio indutivo, a generalização deriva de
observações de casos da realidade concreta. As constatações
particulares levam à elaboração de generalizações (GIL, 2009;
MARCONI e LAKATOS, 2005; MATIAS--PEREIRA, 2010a). Veja um
clássico exemplo de raciocínio indutivo:
Paulo é mortal.
Pedro é mortal.
José é mortal.
[...]
João é mortal.
Ora, Paulo, Pedro e José ... e João são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais.
O método hipotético-dedutivo foi proposto por Popper (1968).
Esse método tem por fundamento a crença de que surge o problema
quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são
insuficientes para a explicação de um fenômeno. Para tentar explicar
as dificuldades expressas no problema são formuladas conjecturas ou
hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que
deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as
consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto o método dedutivo
procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-
dedutivo, ao contrário, “procuram-se evidências empíricas para
derrubá-la” (GIL, 2009).
O método dialético está baseado na dialética proposta por Hegel
(1968), na qual as contradições se transcendem dando origem a
novas contradições que passam a requerer solução. É um método de
interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os
fatos não podem ser considerados fora de um contexto social,
político, econômico etc. Esse método é empregado, normalmente, em
pesquisas qualitativas (GIL, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2005).
O método fenomenológico foi formulado por Husserl (1958).
Esse método não é dedutivo nem indutivo, pois se preocupa com a
descrição direta da experiência tal como ela é. A realidade é
construída socialmente e entendida como o compreendido, o
interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única, existem
tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O
sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de
construção do conhecimento (GIL, 2009; TRIVIÑOS, 1992). Esse
método é empregado, com mais frequência, em pesquisas
qualitativas.

4.2.1 Recomendações relevantes sobre a produção do texto

• texto deve ter começo, meio e fim;


• faça um texto introdutório explicando o objetivo da revisão de
literatura;
• revisão de literatura não é fazer colagem de citações
bibliográficas;
• faça uma abertura e um fecho para os tópicos tratados;
• preencha as lacunas com considerações próprias;
• crie elos entre as citações.

4.2.2 Tipos e exemplos de citação

Citação é a menção de uma informação extraída de outra


fonte (ABNT, 2002, p. 1).

Os tipos de citações que podem ser utilizadas no texto, segundo a


NBR 10520:2002, são:

Para Mamede (2001), “a citação,


na verdade, é apenas o momento
final de um encontro anterior, onde
o pesquisador encontra a fonte,
onde aquele que lê encontra o texto
daquele que é lido”.

• citação direta: transcrição textual de parte da obra do autor


consultado;
• citação indireta: transcrição livre do texto do autor
consultado;
• citação de citação: citação direta ou indireta de um texto em
que não se teve acesso ao original.
Citação direta, ou transcrição, é a exposição exata de palavras ou
trechos de um autor, devendo corresponder rigorosamente ao
original, em redação, ortografia e pontuação. Se as citações são
curtas (até três linhas) devem ser inseridas no texto entre aspas
duplas. Quando as citações são mais longas (a partir de quatro
linhas), devem ser afastadas da margem esquerda (4 cm) e ficar
externas ao texto, digitadas em espaçamento simples, com o tamanho
da fonte menor.
Exemplo:
Matias-Pereira (2010b, p. 33-34) argumenta que no Brasil o
Estado nacional surge num contexto de forte contradição:

O Estado nacional nasceu sob forte contradição, tendo de um


lado o desenvolvimento colonial, dentro das condições
geográficas que haviam estabelecido pequenos centros de
irradiação econômica e política ao longo do litoral, que
recomendava a implantação do sistema federativo e, de outro
lado, deparava-se com a realidade política, a partir do exemplo
de fragmentação da América espanhola, que exigia um Estado
unitário e centralizado.

Citação indireta é aquela em que o autor pode inserir o conteúdo


e as ideias de um outro autor em seu trabalho com sua própria
redação. Nesse caso, o trabalho relatado também deve ser citado no
corpo de texto.
Exemplo:
Para Gil (2009), a impessoalidade, objetividade, clareza, precisão
e concisão são aspectos muito importantes na constituição de um
relatório.
Citação de citação é a menção a um documento ao qual não se
teve acesso direto e de que se tomou conhecimento devido à citação
de outro autor. Procede-se, então, citando no texto o sobrenome
do(s) autor(es) do trabalho original, não consultado, seguido da
preposição latina “apud” e do sobrenome do(s) autor(es) da obra
consultada.
Exemplo:
Matias-Pereira (apud LIPSET, 1963, p. 57) (PRZEWORSKI, 1999,
p. 18) define a principal característica da estabilidade da democracia:

“La estabilidad de cualquier democracia dada depende no


solamente del desarrollo económico, sino también de la eficacia
y la legitimidad de su sistema político.”
“La democracia es un sistema para abordar los conflictos en él
cual los resultados dependen de la actuación de los participantes,
pero ninguna fuerza concreta controla el desarrollo de los
hechos.”

Recorde-se que a utilização do “apud” deve ser feita de forma


criteriosa, ou seja, destina-se a citar estudos cujas obras são muito
antigas ou estão esgotadas.
Existem situações específicas que podem ocorrer no processo de
elaboração das citações. Os exemplos abaixo discriminados
evidenciam alguns desses casos:

• Citações de mais de um documento de um mesmo autor no


mesmo ano devem ser diferenciadas por letras, dispostas ao
lado do ano:
(MATIAS-PEREIRA, 2010a, p. 25)
(MATIAS-PEREIRA, 2010b, p. 88)
(PAVITT, 1986b, p. 62)
• Citações de autores com o mesmo sobrenome devem ser
diferenciadas com o acréscimo das iniciais de seus prenomes:
(LAKATOS, I., 1998, p. 10)
(LAKATOS, E. M., 2005, p. 54)
• Citação de livro: os elementos essenciais são autor(es), título,
edição, local, editora e ano:
MATIAS-PEREIRA, J. Finanças públicas: foco na política fiscal,
no planejamento e no orçamento público no Brasil. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2012.
• Citação de livro com vários autores deve ter os nomes
separados por ponto e vírgula:
BOURDIEU, P.; CHAMBOREDON, J. C.; PASSERON, J. C. El
ofício de sociólogo. Buenos Aires: Siglo XXI, 1975.
• Quando for a primeira edição do livro não é necessário fazer
referência na citação. Por sua vez, outras edições devem ser
grafadas assim:
X. ed., sendo X qualquer número diferente de 1, como: 3. ed.
• Para citação de capítulo de livro, a indicação deve conter o
sobrenome e nome do autor do capítulo, título do capítulo,
seguido da expressão “In”, iniciais do(s) nome(s) e
sobrenome(s) do organizador da obra, título da obra, local,
editora, ano, página inicial e final, conforme o exemplo a
seguir:
DESLANDES, Suely Ferreira. A construção do projeto de
pesquisa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa
social: teoria, método e criatividade. 22. ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 2003. p. 31-50.
• Para citação de capítulo de tese ou dissertação, é preciso
conter o sobrenome e nome do autor, título, tipo, grau,
instituição de defesa, local e ano:
MATIAS-PEREIRA, José. Políticas de austeridad y
gobernabilidad: el caso de la aplicación del programa de
ajuste estructural y de estabilización del FMI en el Brasil.
2001. XXX f. Tese (Doutorado em Ciências Políticas y
Sociologia), Instituto Universitario Ortega y
Gasset/Universidad Complutense de Madrid, Madrid, 2001, p.
379.
• Para citar, em texto científico, obra pertencente a dois autores
basta separar seus sobrenomes com ponto e vígula: (MATIAS-
-PEREIRA; KRUGLIANSKAS, 2005, p. 21)
• Cita-se, em texto científico, obra pertencente a mais de três
autores, em quaisquer das modalidades, apenas indicando o
sobrenome do primeiro e os outros por meio da expressão
latina “et al.” (abreviação de “et alli”, que significa: “e
outros”), como mostra o exemplo a seguir:
(MATIAS-PEREIRA et al., 2005, p. 21)
• A forma convencional de apresentação de citações em texto
científico é: SOBRENOME, ANO, PÁGINA.
É importante ressaltar que essa forma de citação deve
prevalecer em todo o texto.

4.2.3 Quadro-síntese: formas de citação dos autores no


texto da pesquisa

Na indicação de autores no texto é recomendável que o


pesquisador leve em consideração os seguintes critérios:

Indicação Exemplo Observações


Único Matias-Pereira (2010)
autor argumenta que ...

Dois e três Matias-Pereira; Kruglianskas Sobrenome dos autores separados


autores (2005) sustentam ... por ponto e vírgula.

Mais de
Matias-Pereira et al. (2007) Sobrenome do primeiro autor
três
desenvolveram ... seguido da expressão et al.
autores

Associação Nacional de
Programas de Uma entidade é tratada como
Entidades Pós-Graduação em autor quando é a responsável por
Administração (ANPAD – um trabalho.
1999) apresentou ...

Nome do Seminário ALTEC de Ciência e Usado para o caso de eventos


evento Tecnologia (2005) considerados no todo.

Usado para o caso de obras de


Conforme o Manual de autoria múltipla sob supervisão de
normas do BACEN/ editor ou coordenador. Se o título
Pelo título
fiscalização bancária ... for muito extenso, usam-se
(2007) reticências após as cinco primeiras
palavras.

Canais Aspcam registrou que na Para dados obtidos por meio de


informais bacia do São Francisco, na palestras, debates, comunicações
orais divisa da Bahia com etc. usar entre parênteses a
Pernambuco, há indícios de expressão: informação verbal.
contaminação ambiental
(informação verbal).
Para dados obtidos por meio de
A Senadora Eunice Michilles
comunicações pessoais, anotações
Canais citou que a utilização de
de aula, correspondência pessoal
informais dragas na extração de ouro
(tradicional ou via redes) usar
escritos na Amazônia é preocupante
entre parênteses a expressão:
(informação pessoal).
informação pessoal.

Canais Plano diretor de ocupação do Para trabalhos em fase de


informais solo de Brasília, de autoria de elaboração e trabalhos não
– José Galbinski e outros, publicados, indicar os dados
trabalhos executado por meio do bibliográficos disponíveis e usar
não Convênio BID/GDF, 2005 (em entre parênteses a expressão: em
publicados fase de elaboração). fase de elaboração.

4.2.4 Notas de rodapé

As notas de rodapé são usadas para:

• citar textos paralelos com explicação de alguma informação


que está sendo evidenciada no corpo do texto;
• transcrever textos na língua original;
• registrar informações obtidas por canais informais, tais como:
anotações de aula, correspondência pessoal, eventos não
impressos etc.;
• indicar trabalhos não publicados ou em fase de elaboração;
• citar informações obtidas por meio da Internet.

Em se tratando de chamada bibliográfica, a primeira citação da


fonte em nota de rodapé deve ser feita por extenso, para as seguintes
devem ser utilizadas as expressões latinas “idem” (abreviação Id.),
que significa o mesmo autor antes referido, e “ibidem” (abreviação
Ibid.), que significa o mesmo autor e a mesma obra já referida; por
fim, a expressão “op. cit.”, que se refere à obra já citada. É
recomendável se evitar o uso excessivo de notas de rodapé.

Faça uma síntese dos assuntos estudados.


Tema 5
Técnicas para elaboração de relatórios
de pesquisa científica

Uma palavrinha inicial

As técnicas para elaboração de relatórios de pesquisa científica


serão objeto de atenção neste tema.

Pretendemos que, ao concluir o tema, você seja capaz de:

• se tornar apto a elaborar diversos tipos de


material para beneficiar sua pesquisa.

O objetivo de um trabalho científico – a título de recapitulação – é


traduzido num texto escrito no qual o pesquisador apresenta os
resultados de uma pesquisa. Os cursos de pós-graduação têm por
objetivo aprimorar a formação científica e cultural do estudante
visando à produção de conhecimentos. Recorde-se que os relatórios
de pesquisa nos cursos de graduação e pós-graduação, em nível de
especialização (lato sensu), são chamados de “monografia”, nos
cursos de mestrado (stricto sensu) chamam-se “dissertação” e nos de
doutorado, “tese”.

Assim, a elaboração e defesa da monografia – que é o


relatório final da pesquisa realizada no final do curso de pós-
graduação lato sensu – visa à obtenção do diploma de
especialista. Dissertação de mestrado é o relatório final da
pesquisa realizada no curso de pós-graduação (stricto sensu)
para a obtenção do título de mestre. Tese de doutorado é o
relatório final de pesquisa realizada no curso de pós-
graduação para a obtenção do título de doutor.

É oportuno lembrar que não há normas rígidas para o


desenvolvimento de uma monografia. Normalmente, é formada por
capítulos que oferecem uma visão completa do conteúdo
monográfico, desde o seu objetivo, fundamentação teórica e
metodologia até os resultados empíricos, quando houver avaliação a
partir de dados primários ou secundários. Para o tratamento verbal,
que se deve usar na redação, Andrade (1995) aconselha a
impessoalidade, pois contribui para a objetividade dos trabalhos
científicos. Os exemplos podem ser: “bus-cou-se realizar...”; “conclui-
se, portanto,...”; “percebe-se...”. A primeira pessoa do plural também
é aceita (tom majestático), embora não seja a mais usual.

5 Estrutura física do relatório de pesquisa


Registre-se, inicialmente, que a normalização, para a área de
informação e documentação, tem a finalidade de estruturar e
apresentar graficamente documentos como: livros, relatórios,
dissertações, teses, periódicos, entre outros, e parte deles como:
referência, resumos, índices, sumários etc. Essa normalização tem
como propósito facilitar a pesquisa e o acesso aos documentos.

Definições de fonte, margens e espaçamento

O corpo do texto deve ser digitado na cor preta, com fonte


tamanho 12. As fontes mais usuais são Arial ou Times New
Roman. As únicas exceções a essa regra são: as ilustrações,
que podem ser de outras cores; e as citações de mais de três
linhas, notas de rodapé, tabelas, fontes e legendas, que
devem usar fonte tamanho 10.

As margens, para o anverso, ou seja, a frente da folha, devem ser: esquerda e


superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm. Para o verso, as margens
direita e superior são de 3 cm e a esquerda e inferior são de 2 cm. O
espaçamento do texto deve ter 1,5 entre as linhas, com exceção às citações
com mais de três linhas, notas de rodapé, referências e legendas, que devem
ter espaçamento simples. Todos os textos devem iniciar no anverso da folha,
ou seja, na frente. O trabalho deve ser impresso em folha tamanho A4,
branca ou reciclada. É recomendável que as impressões sejam na frente e no
verso das folhas.

Quanto à estrutura física do trabalho científico o pesquisador deve


adotar o modelo definido pela norma da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT NBR 14724:20111 – Informação e
documentação: trabalhos acadêmicos – apresentações. Assim, o
relatório de pesquisa (monografia, dissertação ou tese) deve estar
adequadamente estruturado com os elementos pré-textuais, textuais
e pós-textuais. Destacam-se entre as inovações dessa norma a
possibilidade do relatório ser impresso na frente e no verso (anverso
e verso), bem como o papel utilizado pode ser branco ou reciclado. É
preciso ressaltar, também, que na estruturação de trabalhos
acadêmicos deve-se levar em consideração as diversas prescrições da
Associação Brasileira de Normas Técnicas, com destaque para as
relacionadas a seguir:

ESTRUTURAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS:

Projetos (NBR 15287:2011)


Monografias, Dissertações, Teses (NBR 14724:2011)
Artigos (NBR 6022:2018)
Pôsteres (NBR 15437:2006)

ELEMENTOS ESSENCIAIS DO RELATÓRIO:

Lombada (NBR 12225:2004)


Resumo (NBR 6028:2003)
Sumário (NBR 6027:2012)
Numeração Progressiva (NBR 6024:2003)
Ilustrações (NBR 14724:2011)
Tabelas (NBR 14724:2011)
Citações (NBR 10520:2002)
Notas de Rodapé (NBR 10520:2002)
Referências (NBR 6023:2002)
Quanto à estrutura física do trabalho científico você adotará o
modelo abaixo, o qual está baseado na NBR 14724:2002 –
Informação e documentação: trabalhos acadêmicos – apresentações
(ABNT, 2002). Assim, o relatório de pesquisa (monografia,
dissertação ou tese) deve estar adequadamente estruturado com os
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.

5.1 Detalhamento da estrutura dos trabalhos


acadêmicos: monografia, dissertação ou tese

Busca-se, nesta parte do livro, permitir ao pesquisador um maior


nível de detalhamento da estrutura da monografia, dissertação ou
tese. Deve-se ressaltar, assim, que a estrutura das monografias,
dissertações ou teses é composta de elementos obrigatórios e
elementos opcionais, de acordo com as exigências inerentes à
natureza da atividade desenvolvida, podendo ser esquematizada
como delineado a seguir.
As orientações apresentadas a seguir, deve-se reiterar, seguem as
definições de trabalhos acadêmicos definidos segundo a norma da
ABNT NBR 14724:2011, Informação e documentação – Trabalhos
acadêmicos – Apresentação. Nesse sentido, inicia as suas
normalizações, definindo os conceitos de monografia, dissertação de
mestrado e tese de doutorado.

• Trabalho de conclusão de curso de graduação, trabalho de


graduação interdisciplinar, trabalho de conclusão de curso de
especialização e/ou aperfeiçoamento: documento que
apresenta o resultado de estudo, devendo expressar
conhecimento do assunto escolhido, que deve ser
obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo
independente, curso, programa, e outros ministrados. Deve ser
feito sob a coordenação de um orientador.
• Dissertação: documento que apresenta o resultado de um
trabalho experimental ou exposição de um estudo científico
retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua
extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar
informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura
existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do
candidato. É feito sob a coordenação de um orientador
(doutor), visando à obtenção do título de mestre.
• Tese: documento que apresenta o resultado de um trabalho
experimental ou exposição de um estudo científico de tema
único e bem delimitado; deve ser elaborado com base em
investigação original, constituindo-se em real contribuição
para a especialidade em questão; é feito sob a coordenação de
um orientador (doutor) e visa à obtenção do título de doutor,
ou similar.

A estrutura de trabalhos acadêmicos, em conformidade com a


norma da ABNT NBR 14724:2011 – Informação e documentação:
trabalhos acadêmicos – apresentações, compreende: parte externa e
parte interna. Com a finalidade de orientar os pesquisadores, a
disposição de elementos é explicitada no esquema apresentado a
seguir:

Parte externa:
Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)

Parte interna: elementos pré-textuais, elementos textuais e


elementos pós-textuais
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)

Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional)

Folha de aprovação (obrigatório)

Dedicatória (opcional)

Agradecimentos (opcional)

Epígrafe (opcional)

Resumo na língua vernácula (obrigatório)

Resumo em língua estrangeira (obrigatório)

Lista de ilustrações (opcional)

Lista de tabelas (opcional)

Lista de abreviaturas e siglas (opcional)


Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)

ELEMENTOS TEXTUAIS (1)


Introdução
literature

Desenvolvimento

Conclusão

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Referências (obrigatório)

Glossário (opcional)

Apêndices (opcional)

Anexos (opcional)

Índice (opcional)

Fontes: ABNT NBR 14724:2011.

(1) A nomenclatura dos títulos dos elementos textuais fica a critério do autor.

Figura 5.1 Estrutura da monografia, dissertação ou tese.

5.1.1 Elementos pré-textuais

Na parte pré-textual de uma monografia, dissertação ou tese


devem estar contidos diversos elementos obrigatórios e opcionais do
trabalho. Esses elementos devem ser descritos de forma ordenada, em
conformidade com as exigências e o esquema visual apresentado a
seguir.

5.1.1.1 Capa
Capa (obrigatório) é a proteção externa do trabalho, sobre a qual
se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação e deve
ser apresentada conforme os itens 4.1.1 e 4.1.2 da norma ABNT NBR
14724:2011:

a) nome da instituição (opcional);


b) nome do autor;
c) título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e
possibilitando a indexação e recuperação da informação;
d) subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos,
evidenciando a sua subordinação ao título;
e) número do volume: se houver mais de um, deve constar em
cada capa a especificação do respectivo volume;
f) local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
Observação: no caso de cidades homônimas recomenda-se o
acréscimo da sigla da unidade da federação;
g) ano de depósito (da entrega).

5.1.1.1.1 Lombada
Utiliza-se a lombada apenas para o exemplar encadernado em
capa dura. Consiste na descrição das informações, mencionadas a
seguir, conforme a NBR 12225:2004:

a) nome do autor, impresso longitudinalmente e legível do alto


para o pé da lombada (esta forma possibilita a leitura);
b) título do trabalho, impresso da mesma forma que o nome do
autor;
c) elementos alfanuméricos de identificação, por exemplo: v. 2.

5.1.1.2 Folha de rosto


Trata-se de uma parte obrigatória do trabalho, na qual o autor
descreve os elementos essenciais à identificação do trabalho.
Na folha de rosto deve estar contido:

• nome completo do(s) autor(es);


• título principal do trabalho;
• subtítulo: se houver, deve ser evidenciada a sua subordinação
ao título principal, precedido de dois-pontos;
• número de volumes (se houver mais de um, deve constar em
cada folha de rosto a especificação do respectivo volume);
• natureza do trabalho (trabalho de conclusão de curso –
graduação e/ou especialização, dissertação ou tese);
• grau pretendido (bacharel, mestre ou doutor) ou diploma de
especialista;
• nome da instituição à qual é submetido;
• nome do orientador e, se houver, do coorientador;
• local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
• ano de depósito (da entrega).

5.1.1.3 Verso da folha de rosto (ficha catalográfica)

A ficha catalográfica do trabalho deve localizar-se na parte


inferior do verso da página de rosto. É na ficha catalográfica que o
autor faz a descrição técnica do documento de acordo com o Código
Anglo-Americano (fonte 10).
A definição dos assuntos deve ser feita pelo autor, com a
participação do professor orientado.
5.1.1.4 Errata (opcional)

Na errata, o autor apresenta uma lista de erros tipográficos ou de


outra natureza, com as devidas correções e indicação das páginas e
linhas em que aparecem (fonte 12). Deve ser editada em papel
avulso, sendo encaminhada à secretaria da faculdade, logo após a
defesa, no prazo de trinta dias (ABNT NBR 6029:1980). Trata-se de
um elemento opcional.

Errata

Página Linha Onde se lê Leia-se

11 13a Diversas fase Diversas fases

12 31a product Produto

17 32a Metodologia científica método científico

72 19a Mecanismos de atuação Ferramentas de atuação

75 14a Movimenta Movimento

79 12a Explicito Explicita

5.1.1.5 Dedicatória (opcional)

Na dedicatória o autor registra suas homenagens ou indica as


pessoas a quem dedica seu trabalho. Trata-se de um elemento
opcional.
5.1.1.6 Agradecimentos (opcional)

Trata-se de um elemento opcional, no qual o autor agradece à(s)


pessoas(s) e/ou instituição(ões) que tenha(m) contribuído de
maneira relevante para a elaboração do trabalho.
5.1.1.7 Epígrafe (opcional)

Trata-se de um elemento opcional, no qual o autor faz uma


citação, seguida de indicação de autoria, relacionada à matéria
tratada no corpo do trabalho. Pode haver, também, epígrafes nas
folhas de aberturas das seções primárias.
As epígrafes têm a função de
provocar a reflexão sobre o tema
antes da leitura da obra ou do
capítulo que as sucede.
5.1.1.8 Resumo na língua vernácula (obrigatório)

Trata-se de uma apresentação concisa dos aspectos mais


relevantes de um texto, ou seja, deve apresen-tar-se como uma
síntese objetiva e clara do conteúdo e das conclusões do trabalho. No
resumo devem ser contemplados: a natureza do problema estudado,
material e métodos utilizados, os resultados mais significativos e as
principais conclusões. Redigir o resumo, de maneira preferencial, na
terceira pessoa do singular com verbo na voz ativa, em parágrafo
único e conter no máximo 500 palavras (fonte 12).
5.1.1.9 Resumo em língua estrangeira (obrigatório)

A tradução do resumo para idioma de publicação internacional é


um elemento essencial e obrigatório. Deve ser redigido em inglês
(abstract) para fins de divulgação.
5.1.1.10 Lista de ilustrações

Trata-se de um elemento opcional, estruturado em conformidade


com a ordem apresentada no texto, com cada item designado por seu
nome específico, acompanhado do respectivo número da página. É
recomendável que seja feita a elaboração de lista própria para cada
tipo de ilustração: desenhos, fluxogramas, fotografias, gráficos,
mapas, organogramas, plantas, quadros, retratos e outros.

5.1.1.11 Lista de tabelas

Trata-se de um elemento opcional, estruturado em conformidade


com a ordem apresentada no texto, com cada item designado por seu
nome específico, acompanhado do respectivo número da página.
5.1.1.12 Sumário

Trata-se de um elemento obrigatório na elaboração de um


trabalho acadêmico: monografia, dissertação ou tese. Consiste na
enumeração das principais divisões, seções e outras partes do
trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede,
acompanhadas do respectivo número da página. Caso exista mais de
um volume, em cada volume deve constar o sumário completo do
trabalho (veja a NBR 6027:2003).
É recomendável que o autor utilize o sistema de numeração
progressiva para numerar as divisões e subdivisões do trabalho com,
no máximo, cinco seções e seis algarismos, conforme norma da ABNT
(NBR 6022:2003).

5.1.2Elementos textuais

No que se refere à organização dos elementos textuais do


relatório da pesquisa, não existe uma única maneira de realizá-la,
seja o texto uma monografia, dissertação ou tese. As nomenclaturas
tendem a diferenciar-se de autor para autor e de instituição para
instituição. Deve-se destacar, entretanto, que existem inúmeros
pontos de convergência nesses relatórios de pesquisa. Assim, torna-se
recomendável que os pesquisadores adotem nos seus estudos os itens
tratados nos próximos tópicos. Veja a esse respeito o Anexo H, que
trata da estruturação do Relatório de Pesquisa: elementos pré-
textuais, textuais e pós-textuais (ABNT NBR 14724:2011).

5.1.2.1 Introdução

Introdução é a parte inicial do texto, devendo incluir informações


sobre a natureza e importância do problema, sua relação com outros
estudos realizados sobre o mesmo assunto, motivos que levaram o
autor a realizar o trabalho, as principais conclusões da pesquisa e,
finalmente, apresentação sintética do conteúdo de cada capítulo, bem
como suas limitações e objetivos.
Assim, o pesquisador deve procurar demonstrar o propósito e o
alcance do relatório. É preciso indicar as razões da escolha do tema,
apresentar o problema e as hipóteses que conduziram a sua
realização, bem como listar os objetivos da pesquisa.

5.1.2.2 Revisão da literatura

O pesquisador deve ter como propósito, conforme argumenta


Matias-Pereira (2010a), evidenciar por meio da compilação crítica e
retrospectiva de várias publicações o nível de desenvolvimento do
tema da pesquisa e/ou permitir estabelecer um referencial teórico
para dar apoio ao desenvolvimento do trabalho.

5.1.2.3 Metodologia

A metodologia deve necessariamente:

• fornecer o detalhamento da pesquisa. Caso o leitor queira


reproduzir a pesquisa, ele terá como seguir os passos
adotados;
• esclarecer os caminhos que foram percorridos para chegar aos
objetivos propostos;
• apresentar todas as especificações técnicas, materiais e dos
equipamentos empregados;
• indicar como foi selecionada a amostra e qual o seu percen­tual
em relação à população estudada;
• apontar os instrumentos de pesquisa utilizados (observação,
questionário, entrevista etc.);
mostrar como os dados foram tratados e como foram
• analisados.

5.1.2.4 Resultados (análise e discussão)

Nesta parte, são descritos analiticamente os dados levantados, por


meio de uma exposição sobre o que foi observado e desenvolvido na
pesquisa. A descrição pode ter o apoio de recursos estatísticos, tabelas
e gráficos, elaborados no decorrer da tabulação dos dados. Na análise
e discussão, os resultados estabelecem as relações entre os dados
obtidos, o problema da pesquisa e o embasamento teórico dado na
revisão da literatura. Os resultados podem estar divididos por tópicos
com títulos logicamente formulados.

5.1.2.5 Conclusão

A conclusão é a parte final do texto, em que se busca recapitular


de forma sintética os resultados da pesquisa. A conclusão
fundamenta-se no próprio texto, expressando de forma sistêmica os
pontos essenciais resultantes da monografia, podendo ainda constar
propostas e sugestões do autor, decorrentes da pesquisa elaborada. É
na conclusão, portanto, que o pesquisador apresenta a síntese
interpretativa dos principais argumentos usados, onde será mostrado
se os objetivos foram atingidos e se a(s) hipótese(s) foi(foram)
confirmada(s) ou rejeitada(s). Posiciona-se, também, sobre o alcance
do estudo, sugerindo novas abordagens a serem consideradas em
trabalhos semelhantes.

É essencial que conste na conclusão a recapitulação sintetizada dos capítulos e


a autocrítica referente ao desenvolvimento da pesquisa, onde o pesquisador
fará um balanço dos resultados obtidos. A conclusão deve ser
explicitada de forma “objetiva, consistente, convincente e
coerente com o objetivo da pesquisa” (MATIAS--PEREIRA,
2010a).

5.1.3 Elementos pós-textuais

5.1.3.1 Referências

Nas referências deve estar contido o conjunto de elementos que


permitem a identificação, no todo ou em parte, de documentos
impressos ou registrados em diversos tipos de materiais. Busca-se,
assim, facilitar a identificação de documentos utilizados e citados ao
longo da elaboração do trabalho científico.
Destacam-se como elementos essenciais: autor; título, subtítulo;
edição (número) e imprenta (local, editora e data).
Assinala Matias-Pereira (2010a) que a apresentação dessas
referências no texto do trabalho deve necessariamente estar em
conformidade com as normas técnicas aqui descritas. Nesse sentido,
alerta que nas referências às vezes são registradas com algum tipo de
comentário.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002, p. 1), na NBR
6023, “fixa a ordem dos elementos das referências e estabelece
convenções para transcrição e apresentação de informação originada
do documento e/ou outras fontes de informação”.
Nos trabalhos acadêmicos, a referência pode aparecer:
• em nota de rodapé ou no final do texto;
• encabeçando resumos ou recensões.

Lembre-se que, para uma melhor recuperação de um


documento, as referências devem ter alguns elementos
indispensáveis, como autor; título; edição; local de
publicação; editora e data de publicação da obra. O
pesquisador deve apresentar esses elementos de forma
padronizada e na sequência recomendada pela ABNT. Uma
das finalidades das referências é informar a origem das ideias
apresentadas no decorrer do trabalho. Nesse sentido, você deve apresentá-las
com os elementos essenciais, para facilitar a localização dos documentos.

A utilização do termo “referências” é a forma mais adequada


numa monografia, dissertação ou tese, visto que se trata de uma lista
em ordem alfabética (no caso da adoção do sistema alfabético) ou em
ordem numérica (no caso da adoção do sistema numérico), com
todas as fontes consultadas e citadas. Distingue-se de Bibliografia,
pois esta se trata de uma lista de livros sobre determinado ramo
do conhecimento (MATIAS-PEREIRA, 2010a).
É importante ressaltar que toda bibliografia citada pelo
pesquisador no texto do trabalho deve, obrigatoriamente, constar nas
referências, visto que todo o trabalho científico é apoiado em
pesquisa bibliográfica (revisão de literatura, fundamentação teórica).
Por sua vez, todas as publicações utilizadas ao longo do texto deverão
estar listadas de acordo com as normas para a elaboração de
referências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
elencadas na NBR 6023, válida a partir de 29 de setembro de 2002. A
norma tem como objetivo fixar a ordem na qual os elementos devem
aparecer no trabalho.
Caso seja necessário, pode ser criada outra lista denominada
Obras consultadas, para relacionar os documentos lidos, mas não
citados. Esta lista deverá ficar logo após a lista de referências.
Lembre-se de que documentos utilizados como suporte para a
elaboração do trabalho, como dicionários gerais, normas para
apresentação, entre outros, não devem ser referenciados.
Quando se fizerem necessárias outras referências – entendidas
como complementares – poderão ser apresentadas no trabalho. Os
elementos complementares não são obrigatórios, mas contribuem
para uma melhor identificação da obra. Os elementos
complementares são: descrição física (número de páginas ou
volumes); dimensão; série ou coleção; notas especiais; ISBN ou ISSN.
Exemplos de referências usadas mais comumente nas
monografias:

Livro
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de Metodologia de Pesquisa Científica
(NBR 6022/2003). 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

Artigo de revista
MATIAS-PEREIRA, J. Reforma do Estado e controle da corrupção no
Brasil. Caderno de Pesquisa em Administração, USP, São Paulo, v. 12,
no 2, p. 1-17, abr./jun. 2005.

Artigo e/ou matéria de revista, boletim etc. em meio eletrônico


MATIAS-PEREIRA, J. A Defesa da Concorrência no Brasil. Jus
Navigandi, Teresina, ano 6, no 55, mar. 2005. Disponível em:
<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2543>.
Acesso em: 20 jan. 2010.

Documento jurídico em meio eletrônico


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 15. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. RT Legislação.

5.1.3.2 Glossário

O glossário consiste em uma relação de palavras de uso restrito ou


expressões técnicas que precisam ser definidas para o entendimento
do texto. É utilizado, em geral, em trabalhos que contêm um número
expressivo de siglas. Não é usual a sua utilização nas dissertações e
teses.

5.1.3.3 Apêndice

O apêndice deve ser incluído na parte final do trabalho. Contudo,


sua inclusão no trabalho é opcional. Apêndice, segundo a norma da
ABNT NBR 14724:2011, consiste em um texto ou documento
elaborado pelo próprio autor, a fim de complementar sua
argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho. Deve
ser precedido da palavra APÊNDICE, identificados por letras
maiúsculas consecutivas (A, B,...), travessão (–) e pelos respectivos
títulos. Utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos
apêndices, quando esgotadas as letras do alfabeto. Normalmente, os
apêndices são inseridos logo após o capítulo o qual complementam.
Exemplo:

• APÊNDICE A – Modelos de precificação de ativos financeiros


de fator único.
• APÊNDICE B – Relação entre ciência e tecnologia e
desenvolvimento socioeconômico.
5.1.3.4 Anexos

Anexos, cuja inclusão é opcional, são partes que ajudam a


compreensão do texto, encontrando-se destacados deste para que a
leitura não seja interrompida constantemente, evitando, assim, a
sobrecarga de informações no desenvolvimento do trabalho. Anexo,
segundo a norma da ABNT NBR 14724:2011, consiste em um texto
ou documento, não elaborado pelo autor, que serve de
fundamentação, comprovação e ilustração. Deve ser precedido da
palavra ANEXO, identificado por letras maiúsculas consecutivas (A,
B,...) seguidas de travessão (–) e pelos respectivos títulos. Utilizam-se
letras maiúsculas dobradas, na identificação dos anexos, quando
esgotadas as letras do alfabeto. Os anexos devem ser incluídos no
final do trabalho, após as referências. Exemplos:

• Anexo A – Representação gráfica do desempenho do Produto


Interno Bruto do Brasil no período de 1998 a 2010.
• Anexo B – Análise do desempenho econômico­financeiro do
setor siderúrgico brasileiro no período de 2003 a 2012.

5.1.3.5 Índice

A finalidade do índice é permitir que o leitor encontre os temas


que procura no texto. Trata-se de uma relação de palavras ou frases,
devidamente acompanhada do número da respectiva página, na qual
os assuntos podem ser facilmente localizados. Elemento opcional.
Elaborado conforme a norma da ABNT NBR 6034. Exemplos:

Finanças públicas, 12-22 Política fiscal, 23-42 Orçamento


público, 67-84
Faça uma síntese dos assuntos estudados.

1 A terceira edição da norma ABNT NBR 14724:2011 cancela e substitui a edição anterior,
a ABNT NBR 14724:2005, a qual foi tecnicamente revisada (Terceira edição, 17.3.2011.
Válida a partir de 17.4.2011).
Anexos

Anexo A

Distinções entre projeto de estudo e plano de pesquisa


No estudo da disciplina de Metodologia da Pesquisa é importante
estabelecer uma distinção didática entre projeto de estudo (abstrato) e plano
de pesquisa (operacional). O primeiro diz respeito à construção de um quadro
teórico de referência. O segundo deve ser consistente e factível, visto que
envolve a operacionalização de conceitos, construção de variáveis,
indicadores, escalas e índices.
No projeto de estudo as “hipóteses diretrizes são construídas, a partir de
uma perspectiva epistemológica e da adoção de um método de interpretação,
focalizando em suas várias dimensões, níveis e momentos a realidade social”
(HIRANO, 1979, p. 94).
Já no plano de pesquisa é onde se dará a “operacionalização do projeto de
estudo e a sua consequente planificação, visando à execução, diante das
condições reais de sua realização” (HIRANO, 1979, p. 99).
Elementos do plano de pesquisa:

1) Delimitação do tema

2) Operacionalização dos conceitos

3) Construção de conceitos

4) Escolha de indicadores

5) Sistematização dos dados (índices)


6) Interpretação e análise dos dados

7) Relatório final

Projeto de estudo e plano de pesquisa – distinções

Estruturação
básica e Projeto de estudo Plano de pesquisa
articulações

Nível pragmático,
Nível abstrato e na esfera das possibilidades condições concretas e
A. Distinção
teóricas, embora referisse a uma situação de possibilidades reais de
(especificidade)
fato. organização, direção e
realização.

Tradução das noções e


dos conceitos em
variáveis.
B. Elementos Tornar explícitos os princípios adotados:
Transformação destes
componentes: 1. noções, conceito--chave, problemas
em operações
orientação envolvidos, tombamento da literatura,
calculáveis.
seguida/delimitação análise crítica e teórica dos conceitos,
Elaboração de
do tema limitações da investigação.
variáveis e partição da
realidade em aspectos
ou dimensões.

2. Hipóteses Quadro de referência teórica como Elaboração dos


diretrizes instrumento heurístico. As hipóteses instrumentos de
diretrizes e posição epistemológica e adoção observação a partir
de um método de interpretação, indagações, das hipóteses
conjecturas e refutações de conhecimento. diretrizes, fonte de
Hipóteses como as relações estabelecidas dados, técnicas de
investigação/
entre os problemas. Diretrizes porque são amostragem e
coordenadas básicas de orientação. trabalho de campo,
controle dos dados.

Elaboração de um
plano de
3. Esquema do Esquematização prévia dos diversos sistematização dos
projeto e as assuntos, itens e tópicos. São elaborações a dados, tabela de
possibilidades de priori, possibilidades de tratamento teórico e frequência,
aplicação. Temas e prático. São elaboradas a partir das histograma/ polígonos
procedimentos hipóteses. de frequência, tabelas
de frequência,
cruzadas.

4. Plano de análise
dos dados

5. Elaboração de um
relatório final

a. Formulação de um
tema; b.
operacionalização dos
conceitos; c.
elaboração dos
C. Elementos a. Orientação; b. hipóteses diretrizes; c. instrumentos de
componentes esquema do projeto e das considerações coleta de dados;
específicos finais. d. amostragem e
trabalho de campo;
e. classificação e
sistematização dos
dados; f. análise; g.
relatório.

Fonte: Hirano, 1979, p. 109-110, com adaptações.


Anexo B

Esquema clássico de apresentação de projeto de pesquisa (SILVA;


MENEZES, 2005, p. 91-95; MATIAS-PEREIRA, 2010a, p. 111-113):

1 Título da pesquisa

2 Introdução (O que se vai fazer e por quê?)

• Neste capítulo deve ser apresentado o tema de pesquisa, o problema a ser pesquisado e a
justificativa.
• Contextualize, abordando o tema de forma a identificar os motivos ou o contexto no qual o
problema ou a(s) questão(ões) de pesquisa foram identificados.
• Permita que se tenha uma visualização situacional do problema. Restrinja sua abordagem
apresentando a(s) questão(ões) que fizeram você propor essa pesquisa.
• Indique as hipóteses ou os pressupostos que estão guiando a execução da pesquisa. Hipóteses
ou pressupostos são respostas provisórias para as questões colocadas acima.
• Arrole os argumentos que indiquem que sua pesquisa é significativa, importante e/ou
relevante.
• Indique os resultados esperados com a elaboração da pesquisa.

3 Objetivos (Para quê?)

Neste item deverá ser indicado claramente o que você deseja fazer, o que
pretende alcançar. Os objetivos podem ser:
Objetivo geral: indique de forma genérica qual o objetivo a ser alcançado.
Objetivos específicos: detalhe o objetivo geral mostrando o que pretende
alcançar com a pesquisa. Torne operacional o objetivo geral indicando
exatamente o que será realizado em sua pesquisa.

4 Revisão de literatura (O que já foi escrito sobre o tema?)


Neste capítulo você realizará uma análise comentada do que já foi escrito
sobre o tema de sua pesquisa, procurando mostrar os pontos de vista
convergentes e divergentes dos autores. Procure mostrar os enfoques
recebidos pelo tema na literatura publicada (em livros e periódicos) e
disponibilizada na Internet.

5 Metodologia (Como? Onde? Com quê?)

Neste capítulo, o pesquisador deve mostrar como será executada a


pesquisa e o desenho metodológico que se pretende adotar: pesquisa tipo
quantitativa, qualitativa, descritiva, explicativa ou exploratória. Será um
levantamento, um estudo de caso, uma pesquisa experimental etc.
Defina em que população (universo) será aplicada a pesquisa.
Explique como será selecionada a amostra e o quanto corresponde
percentualmente em relação à população estudada.
O pesquisador deve indicar como vai recolher os dados e que
instrumento(s) de pesquisa pretende usar: observação, questionário,
formulário, entrevistas. Elabore o instrumento de pesquisa e anexe ao projeto.
Indique como irá tabular os dados e como tais dados serão analisados.
Indique os passos de desenvolvimento do modelo ou produto se a dissertação
ou tese estiver direcionada para tal finalidade.
A denominação “Metodologia” poderia ser substituída por “Procedimentos
Metodológicos” ou “Materiais e Métodos”.

6 Cronograma (Quando? Em quanto tempo?)

Na realização de uma pesquisa é essencial definir o prazo e os estágios de


sua realização. O cronograma tem o propósito de expressar as atividades
propostas com o tempo estimado para a realização da pesquisa. Neste
capítulo, o pesquisador identificará cada etapa da pesquisa: elaboração do
projeto, coleta de dados, tabulação e análise de dados, elaboração do relatório
final.
Apresente um cronograma estimando o tempo necessário para executar
cada uma das etapas. Veja o modelo apresentado a seguir:

Etapas Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan.

Revisão
X X X X X X X
Bibliográfica

Descrever a
estrutura e o
funcionamento X X
da política
cultural no Brasil

Realizar
levantamento
das normas
relacionadas à X X X
política de
incentivo à
cultura no Brasil

Descrever as
políticas
públicas de
cultura e suas
X
interfaces com
outras áreas, em
especial o
esporte

Identificar as X
políticas
públicas de
cultura
prioritárias do
Ministério da
Cultura e suas
principais
(in)consistências

Selecionar casos
para análise X
profunda

Analisar
relatórios finais
X X X
dos casos
elencados

Realizar
pesquisa
qualitativa junto
a agentes
identificados
como relevantes
na definição e
X X
execução das
políticas
públicas de
cultura sob a
responsabilidade
do Ministério da
Cultura

Realizar
diagnósticos das
X X X
áreas
selecionadas

Apresentar X
monografia

7 Orçamento (Quanto vai custar?)

Neste capítulo, o pesquisador vai elaborar um orçamento com a estimativa


dos investimentos necessários, isto é, que tornem viável a realização da
pesquisa.
Faça um quadro mostrando as rubricas: material de consumo (papel A4,
disquetes, cartuchos para impressora etc.); outros serviços e encargos
(fotocópias, transporte, alimentação etc.); material permanente
(equipamentos, móveis etc.). Arrole quantidades e valores em reais (R$).
Apresente um somatório com o valor global.

8 Executor (Quem vai fazer?)

Este capítulo indicará os participantes do projeto. Cite o nome e a função


de cada um no projeto, por exemplo: coordenador, pesquisador, auxiliar de
pesquisa. No caso de teses e dissertações, indique o nome do orientador,
coorientador, linha de pesquisa e nome do mestrando ou doutorando.

Anexo C

Estratégia de pesquisa: o estudo de caso

1 Introdução

O estudo de caso apresenta-se como uma das várias maneiras de realizar


uma pesquisa consistente. Outras maneiras incluem experiências vividas,
histórias e a análise de informação de arquivo (como em estudos
econômicos). Cada estratégia tem vantagens e desvantagens que dependem
de três condições:

• tipo de foco da pesquisa;


• controle que o investigador tem sobre eventos comportamentais atuais;
• enfoque no contemporâneo ao invés de fenômenos históricos.

Estudos de casos, em geral, constituem-se na estratégia preferida quando o


“como” e/ou o “por que” são as perguntas centrais, onde o investigador possui
um pequeno controle sobre os eventos e quando o enfoque está em um
fenômeno contemporâneo dentro de algum contexto de vida real. Estudos de
casos podem ser classificados de várias maneiras: explicativos, cognitivos,
expositivos. O mais comum é o “estudo de caso explicativo”.

2 O estudo de caso como estratégia de pesquisa

Como uma estratégia de pesquisa, o estudo de caso é usado em muitos


campos, incluindo:

• Ciência Política e pesquisa de Administração Pública;


• Psicologia e Sociologia;
• organizações e estudos de Administração;
• cidade e pesquisa de planejamento regional, como estudos de planos,
bairros ou agências públicas.

A meta geral é ajudar os investigadores a lidar com algumas das perguntas


mais comuns (e por vezes difíceis de serem apontadas), como:

• definir o alvo do estudo de caso;


• determinar os dados pertinentes a serem coletados;
• que tipo de tratamento será realizado com os dados coletados.

São encontrados estudos de caso até mesmo em Economia, em que a


estrutura de uma determinada indústria/empresa, ou a economia de uma
cidade/região, pode ser investigada. Em todas essas situações, a estratégia de
estudos de caso pode contribuir para aumentar o entendimento de fenômenos
sociais complexos.
Em resumo, o estudo de caso (YIN, 2005) permite uma investigação das
características significantes de eventos vivenciados, tais como: processos
organizacionais e administrativos, mudança em geral, relações internacionais,
maturação de indústrias, entre outros.

3 Preparação

Dentre as etapas que serão vistas, a “preparação” é de grande importância,


na medida em que construímos um alicerce do estudo, analogamente a uma
casa: se esta possui um alicerce sólido ou com falhas, afetará, em medida
distinta, toda a estrutura da casa.
Assim é com o estudo de caso. Se a preparação não for sólida e falhas
forem apontadas sem serem tratadas, todo seu estudo irá se comprometer.

4 Desenvolvimento da teoria

O estudo de caso é uma construção apropriada sob várias circunstâncias.


Um estudo de caso pode ser percebido como algo análogo a um experimento
e muitas das mesmas condições que também justificam uma experiência
justificam um estudo de caso (YIN, 2005).
Tanto na simplicidade, quanto em passos para uma construção positiva.
Assim, uma razão para se adotar um estudo de caso é quando se representa
uma peça cuidadosamente testada em uma teoria bem formulada.
A teoria mostra um jogo claro de proposições, como também as
circunstâncias dentro das quais acredita-se que as proposições são
verdadeiras. O caso pode ser usado para determinar, então, se as proposições
de uma teoria estão corretas ou se algum jogo alternativo de explanações
poderia ser mais pertinente. Dessa maneira, o caso pode representar uma
contribuição significante para conhecimento da teoria construída. Tal estudo
pode ajudar até mesmo a focalização de investigações futuras, levando a
repensar principalmente na fase de reconexão dos dados investigados.

5 Seleção do caso e preparação para seleção de dados


Diante dos objetivos já traçados, a seleção do caso requer um cuidado
muito grande, pois não se trata de uma mera escolha visual ou perceptiva, por
isso deve estar apoiada na seleção daquilo que se quer focalizar.
Uma atenção especial deve ser dada quanto ao foco que se deve adotar.
Em casos em que há mais de um foco pertinente, tente optar por aquele mais
abrangente, pois é nele que se terá uma visão mais ampla daquilo que se quer
estudar.

Um exemplo que melhor exemplifica a conduta pode ser visto no


seguinte quadro:

Ao assumir o cargo de diretora administrativa de uma grande indústria de fabricação de telhas e


caixas d’água em Osasco, São Paulo – que tinha como matéria-prima o amianto –, a
administradora Juliane Carrijo da Cunha constatou que a produção da empresa vinha sendo
prejudicada em decorrência do número elevado de faltas de funcionários do setor de extração
daquele mineral (crisotila e anfibólio). Num primeiro momento, a nova diretora achou que
deveria adotar algumas atitudes mais duras em relação aos funcionários que se ausentavam do
trabalho de forma contumaz. Chegou a examinar a possibilidade de determinar a demissão de
alguns. Observa-se que o foco principal da atitude da nova diretora estava voltado para a ação
dos funcionários e não para a avaliação das causas que levaram os funcionários a faltarem. Antes
de adotar essa atitude a nova diretora decidiu investigar mais a fundo o caso. Ao analisar as
razões das ausências, verificou que, em sua maioria, os atestados médicos tratavam de casos de
asbestose, placas pleurais, distúrbios respiratórios, câncer de pulmão e mesotelioma de pleura.
Ao consultar os dados da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto
(http://www.abrea.com.br), verificou que as doenças de seus funcionários coincidiam com as
doenças de trabalhadores de outras fábricas que também utilizavam o amianto como matéria-
prima, localizadas em outras regiões do país. Assim, a causa, que parecia ser apenas uma falta de
motivação dos funcionários, na verdade estava no ambiente insalubre do setor de extração do
amianto. A partir daí seu foco de ação se ampliou e as respostas que tanto buscava começaram a
surgir. Isso permitiu que a nova diretora, além de passar a dar uma maior atenção aos problemas
de saúde dos trabalhadores do setor de extração do amianto, sugerisse à direção da empresa que
desenvolvesse pesquisas que permitissem o lançamento no mercado de uma linha de produtos
elaborados com fios sintéticos para substituir o amianto (MATIAS-PEREIRA, 2012a).

Para diminuir a incidência de problemas operacionais, como o apontado


acima, definir um processo operacional é uma atitude sensata, pois o processo
de focalização será mais amplo e organizado. Uma definição operacional é
necessária e algumas precauções devem ser tomadas – antes que decisões
quanto ao estudo de caso sejam feitas –, assegurando que os assuntos e
perguntas de interesse sejam de fato pertinentes ao estudo.
Dentro do estudo podem ser incorporadas ainda subunidades de análises.
Estas podem somar frequentemente oportunidades significantes para análises
extensas e podem aumentar a perspicácia no caso. Porém, se é prestada muita
atenção a essas subunidades, aspectos holísticos do caso começarão a ser
ignorados, o próprio estudo de caso terá trocado sua orientação e terá
mudado sua natureza.
Tais subunidades podem ser definidas como process out comes,
representando efeitos intermediários que devem ser explorados
cuidadosamente e não somente o efeito final, que normalmente é o que será
investigado mais a fundo.
Esta troca poderia ser de fato justificável, mas não deveria vir como uma
surpresa ao investigador.

6 Desenvolvimento

Esta é a fase que mais traz insegurança para o investigador, pois se tem
uma coleção de dados, tabelas, processos históricos e outros materiais que
serão utilizados de formas, muitas vezes, diferentes e que deverão chegar a
um ponto em comum.

7 Condução do estudo de caso

Estabelecido o foco principal das investigações, as decisões devem ser


tomadas de maneira objetiva para que não haja um desvio do estudo. Tente
enumerar aquilo que é prioridade e a forma que se pode abstrair aquilo que
chamaremos de banco de dados (experimentais ou não experimentais), tudo
aquilo que direta ou indiretamente será usado no desenvolvimento do caso.

8 Entrevistas
Direcione sempre a um ponto principal e, a partir dele, tente abstrair o
maior número de pontos que possa circundá-lo. Um questionário bem-feito
não é aquele que tem o maior número de questões, e sim aquele que possui
uma maior abrangência daquilo que se quer investigar.
Procurar obter opiniões diferentes, bem como analisar pessoas de posições
hierárquicas diferentes permite, muitas vezes, uma visão mais ampla.

9 Observações relevantes

Uma característica importante de um investigador é sempre questionar


aquilo que ele vê a partir daquilo que ele ouve sobre o que está vendo.

10 Documentos

Uma coleção de documentos trará uma forma mais veraz para o estudo e
também uma nova posição direcional para seu caso. Outros meios condutores
podem ser utilizados como banco de dados, basta usar a imaginação. Mesmo
com um banco de dados favorável, o importante é que eles estabeleçam uma
conexão sólida, para isso é necessário que se preste atenção no ciclo que é
formado. Tal ciclo irá preservar os objetivos que uma vez foram explanados na
teoria do estudo.

11 Desenvolvimento escrito de um relatório do caso

Concluída a captação para o banco de dados, o trabalho agora é


direcionar-se para começar a redigir conclusões sobre aquilo que se coletou. A
maneira comumente utilizada é o desenvolvimento escrito de um relatório do
caso.
Se o estudo está ampliado a vários investigadores, esses relatórios
poderiam ser individuais, o que mostraria uma posição pessoal para cada
dado coletado.
Nessa posição, uma centralização de ideias deverá ser realizada para
exposição de opiniões e uma padronização posterior.
12 Finalização

Atenção, bom senso e imparcialidade são as principais armas para concluir


adequadamente um trabalho científico.

13 Padronização, modificação teórica e finalização

Como fruto de uma discussão, a padronização ira priorizar aquilo que o


estudo tem de melhor, tanto em argumentos quanto em reformulação teórica.

Anexo D

Elaboração de artigos científicos: recomendações básicas (SILVA;


MENEZES, 2005, p. 121-125; MATIAS-PEREIRA, 2010a, p. 119-124):

1 Introdução

Observa-se que, no decorrer dos cursos de graduação, especialização,


mestrado ou doutorado, muitas disciplinas exigem como produto final a
elaboração de um artigo científico para obtenção da aprovação. Se esse artigo
receber recomendação do professor ou mesmo do orientador, poderá ser
encaminhado para avaliação em publicações periódicas (revistas) específicas
da área ou áreas afins.
Durante o processo de elaboração da sua dissertação ou tese, muitos
artigos são gerados quando se está escrevendo os capítulos ou a própria
revisão de literatura. Nos cursos de especialização, é recomendável que a
elaboração do artigo científico ocorra como última etapa do curso, após a
conclusão da monografia.
Tais artigos também podem ser encaminhados para avaliação em
publicações periódicas, quando autorizados pelo orientador, antes da defesa e
obtenção dos resultados finais da pesquisa.
Publicações periódicas, segundo o “Macrotesauros em Ciência da
Informação” (1982, p. 47), são “publicações que aparecem em intervalos
regulares, com conteúdos e autores variados que registram conhecimentos
atualizados e garantem aos autores prioridade intelectual nos resultados de
pesquisa”.
No sistema de comunicação na ciência, o periódico é considerado a fonte
primária mais importante para a comunidade científica. Por intermédio do
periódico científico, a pesquisa é formalizada, o conhecimento torna-se
público e se promove a comunicação entre os cientistas. Comparado ao livro é
um canal ágil, rápido na disseminação de novos conhecimentos.
Para Herschman (1970), a importância do periódico no sistema de
comunicação na ciência deve-se a três funções básicas:

• função memória;
• função de disseminação;
• função social.

A função memória é conferida quando representa o instrumento de


registro oficial e público da ciência. A função de disseminação se apresenta
quando se constitui em instrumento de difusão de informações, já a função
social é quando se conferem prestígio e recompensa aos autores, membros de
comitês editoriais e editores.
Para escrever artigos e submetê-los à apreciação de comitês editoriais de
periódicos (revistas), você precisa conhecer as normas de editoração de cada
periódico/revista.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003, p. 1), por meio da NBR
6022 – Informação e documentação: artigo em publicação periódica impressa
–, “estabelece um sistema para a apresentação dos elementos que constituem
o artigo em publicação periódica científica impressa”.
Para facilitar sua vida acadêmica, seguir as recomendações da ABNT é um
bom começo, isso porque as normas editoriais dos periódicos/revistas seguem
em linhas gerais essas orientações.

2 Definição de artigo científico


Artigo científico, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(2003, p. 2), é parte de “uma publicação com autoria declarada, que
apresenta e discute ideias, métodos, processos, técnicas e resultados nas
diversas áreas do conhecimento”. O artigo deve agregar valor à área de
estudo, apresentar uma aplicação ou ideias novas. As frases devem ser curtas
e fáceis de serem compreendidas. O leitor deve se sentir confortável na leitura
do texto.

2.1 Tipos de artigos


A ABNT reconhece dois tipos de artigos:

• artigo original: quando apresenta temas ou abordagens próprias.


Geralmente relata resultados de pesquisa e é chamado em alguns
periódicos de artigos científicos;
• artigo de revisão: quando resume, analisa e discute informações já
publicadas. Geralmente é resultado de pesquisa bibliográfica.

2.2 Estrutura de um artigo


2.2.1 Elementos pré-textuais
Título: o artigo dever ter um título que expresse seu conteúdo. O título e o
subtítulo (se houver) devem figurar na página de abertura do artigo,
diferenciados tipograficamente ou separados por (:) dois-pontos e na língua
do texto.
Autoria: o artigo deve indicar o(s) nome(s) do(s) autor(es), acompanhado
de suas qualificações na área de conhecimento do artigo. Um breve currículo,
com o endereço postal e eletrônico deve aparecer em rodapé indicado por
asterisco na página de abertura ou, opcionalmente, no final dos elementos
pós-textuais, onde também devem ser colocados os agradecimentos do(s)
autor(es) e a data de entrega dos originais à redação do periódico.
Resumo na língua do texto: parágrafo que sintetiza os objetivos do autor
ao escrever o texto, a metodologia e as conclusões alcançadas, não devendo
ultrapassar 250 palavras. Para elaborar o resumo, veja a NBR 6028:2003 da
ABNT.
Palavras-chave na língua do texto: termos escolhidos para indicar o
conteúdo do artigo. Pode ser usado vocabulário livre ou controlado. As
palavras-chave devem ser antecedidas da expressão “Palavra--chave” e
separadas entre si por ponto (.) e finalizadas por ponto (.).

2.3 Elementos textuais


Texto: composto basicamente de três partes: introdução, desenvolvimento
e conclusão. Se for dividido em seções, deverá seguir o Sistema de Numeração
Progressiva conforme a NBR 6024:2003 da ABNT.
Introdução: expõe o objetivo do autor, a finalidade do artigo e a
metodologia usada na sua elaboração.
Desenvolvimento: mostra os tópicos abordados para atingir o objetivo
proposto. Nos artigos originais, quando relatam resultados de pesquisa, o
desenvolvimento mostra a análise e a discussão dos resultados.
Conclusão: sintetiza os resultados obtidos e destaca a reflexão conclusiva
do autor, reportando-se aos objetivos e hipóteses.
São considerados elementos de apoio ao texto notas, citações, quadros,
fórmulas e ilustrações. As citações devem ser apresentadas de acordo com a
NBR 10520:2002 da ABNT.

2.4 Elementos pós-textuais


Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira: diferenciados
tipograficamente ou separados por dois-pontos (:) precedem o resumo em
língua estrangeira.
Resumo em língua estrangeira: versão do resumo na língua do texto,
para idioma de divulgação internacional (em inglês Abstract).
Palavras-chave em língua estrangeira: versão das palavras na língua do
texto para a mesma língua do resumo em língua estrangeira (em inglês key-
words).
Nota(s) explicativa(s): a numeração da notas explicativas é feita em
algarismos arábicos, devendo ser única e consecutiva para cada artigo.
Referências: lista de documentos citados nos artigos de acordo com a
NBR 6023:2002 da ABNT.
Apêndice: documento elaborado pelo autor que complementa o artigo.
Anexo: documento não elaborado pelo autor que serve de ilustração,
comprovação ou fundamentação.
Nota editorial: currículo do autor, endereço para contato, agradecimentos
e data de entrega dos originais.

3 Referencial dos principais periódicos e eventos científicos nacionais

Principais periódicos de Administração, Economia e Contabilidade


editados no Brasil no triênio 2013-2016.

Tabela 1 Relação dos principais periódicos “Nacional”.

Áreas: Administração – Contabilidade – Turismo


Ranking Qualis/Capes

Relação dos Principais Periódicos “Nacional”

Administração Pública e Gestão Social B2


Advances in Scientific and Applied Accounting B2
Brazilian Administration Review A2
Brazilian Business Review B1
Caderno Virtual de Turismo B1
Cadernos EBAPE A2
Contabilidade Vista & Revista B1
Enfoque: Reflexão Contábil B1
Estudios y Perspectivas en Turismo A2
Organização & Sociedade A2
Revista Brasileira de Gestão de Negócios – RBGN A2
Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo B2
Revista Contabilidade & Finanças A2
Revista Contemporânea de Contabilidade B1
Revista de Administração Contemporânea – RAC A2
Revista de Administração da USP – RAUSP A2
Revista de Administração de Empresas – RAE A2
Revista de Administração Pública A2
Revista Turismo em Análise B2
Revista Universo Contábil B1
Turismo Visão e Ação B2

Fonte: Qualis/Capes, triênio 2013-2016.

Principais eventos de Administração, Economia e Contabilidade


realizados no Brasil no triênio 2013-2016.

Tabela 2 Relação dos principais eventos “Nacional”.

Áreas: Administração – Contabilidade – Economia


Ranking Qualis/Capes

Relação dos Principais Eventos “Nacional”

Congresso ANPCONT
Congresso Brasileiro de Custos (CBC)
Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais (SIMPOI)
Encontro Nacional de Economia Política (ENEP)
Encontro Nacional de Economia da ANPEC
Encontro de Estudos em Estratégia (3Es/ANPAD)
Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
Encontro de Estudos Organizacionais (EnEO/ANPAD)
Encontro de Marketing da ANPAD (EMA)
Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica (SGIT/ANPAD)
Encontro da ANPAD (ENANPAD)
Encontro Nacional de Administração Pública e Governança (EnAPG/ ANPAD)
Encontro Brasileiro de Finanças
Fonte: Principais eventos (2016).

Endereços eletrônicos das principais revistas científicas nacionais de


Administração

Organizações & Sociedade – Escola de Administração UFBA –


<www.adm.ufba.br>.
Revista de Administração – RAUSP – FEA/USP – <www.rausp.usp.br>.
Revista de Administração Contemporânea – RAC – ANPAD –
<www.anpad.org.br>.
Revista de Administração de Empresas – RAE – EAESP/FGV –
<www.rae.fgv.br>.
RAE Eletrônica – <www.rae.fgv.br/eletronica>.
Revista de Administração Pública – RAP – EBAPE/FGV – <www. ebape.
fgv.br>.
Revista Eletrônica de Administração READ – ADM/UFRGS –
<www.read.adm.ufrgs.br>.

Anexo E

Recomendações básicas para evitar o plágio


Presume-se que tudo o que está num texto, salvo raras exceções, foi
pensado e escrito originalmente por seu autor. O plágio ocorre quando uma
pessoa incorpora no seu trabalho como sendo suas as ideias ou palavras de
outros autores. O não crédito das fontes utilizadas, às vezes, é feito de
maneira intencional, mas outras situações devem-se à desinformação sobre
como não incorrer nesse erro.
Citar uma frase ou uma expressão de um outro texto exige que a mesma
apareça entre aspas e deverá ser seguida de referência à fonte, seja em nota
de rodapé, seja entre parênteses pelo sistema autor-data-página. Caso sejam
utilizadas as ideias do outro autor, mas não suas palavras, não será preciso
fazer uso de aspas; continua, entretanto, sendo obrigatório fazer referência à
fonte.
É desnecessária a indicação da fonte de onde se obtiveram argumentos e
informações que sejam conhecidos por todas as pessoas que costumam
realizar pesquisas em uma determinada área. Dessa forma, não é preciso, por
exemplo, dizer que, “segundo Bresser-Pereira”, o governo Fernando Henrique
foi o responsável pela implantação do Plano da Reforma do Estado no Brasil
no ano de 1995. Havendo dúvida se o assunto é do conhecimento comum, é
recomendável que se faça referência. Lembre-se que, se o excesso de cuidado
pode ser considerado um pecado menor, o plágio é uma falta grave e
imperdoável no mundo científico.
Nunca faça referência à fonte somente uma vez, levando o leitor a supor
que somente as ideias de um parágrafo ou de uma frase foram tomadas
emprestadas quando na verdade vários parágrafos estão em débito com uma
mesma obra. Isso também é plágio. Para deixar claro que as ideias de vários
parágrafos foram encontradas em um mesmo texto, poderá ser necessário
fazer referência à fonte a cada parágrafo.
Uma providência adequada, para deixar explícito que todas as ideias de
um parágrafo foram retiradas de um determinado texto é seguir a sugestão de
Kirkpatrick (2007) e iniciar o parágrafo com a expressão “Segundo Fulano...”
e, ao final do parágrafo, fazer referência à fonte. Não há uma receita única de
como indicar a dívida que se tem para com as fontes. Pelo contrário, cabe ao
pesquisador ser criativo e encontrar soluções estilísticas que evitem a
monotonia de se ver muitos parágrafos sendo iniciados do mesmo modo.
Procure ficar atento aos procedimentos de leituras e
anotações/fichamento. É nessa fase que tendem a ocorrer os maiores riscos de
plágio. Procure deixar claro, no esforço de fichamento, por meio de aspas, as
frases ou expressões tomadas de empréstimo e registrar a referência
bibliográfica completa e o número da página de onde se extraiu alguma ideia
ou informação.
Conforme argumenta Kirkpatrick (2007), quando as pessoas escrevem
seus textos “não podem ter esperança de indicar ou mesmo de estar
conscientes de todos os seus empréstimos e há um ponto onde uma ideia
tomada emprestada de alguém se torna, após longa reflexão, sua própria”.
Num trabalho em que se constata que houve um criterioso reconhecimento
das fontes, a existência de uma eventual semelhança com outros textos não
mencionados contribui para não suscitar no leitor a desconfiança de que teria
ocorrido plágio.
Torna-se relevante, por fim, ressaltar que essas recomendações básicas
para evitar plágio têm como objetivo criar um clima de segurança para os
pesquisadores, evitando, dessa forma, cometer plágio inadvertidamente.
Anexo F

O projeto de pesquisa é essencial para o sucesso da investigação


científica?
Por José Matias-Pereira. Professor e pesquisador associado do Programa de
Pós-graduação em Contabilidade da Universidade de Brasília
Resumo: este artigo tem como propósito aprofundar os debates
metodológicos no campo da Ciência Social, em especial sobre a relevância do
projeto de pesquisa. O principal objetivo do estudo é promover uma análise
sobre a relevância do projeto de pesquisa para o sucesso de um trabalho
científico. Como objetivo específico, busca apresentar sugestões para melhorar
a compreensão e o aperfeiçoamento dos projetos de pesquisa. Nesse esforço,
procura analisar as diferentes formas de escolha entre abordagens e
estratégias metodológicas, a verificação da importância e pertinência do tema
escolhido, ou seja, a relevância de um projeto de pesquisa científica. Conclui-
se que um projeto de pesquisa científica, pela sua pertinência, não pode ser
relegado a uma atividade secundária por parte dos pesquisadores. O sucesso
de uma investigação científica necessita e deve ter como base de apoio um
projeto de pesquisa de boa qualidade.
Palavras-chave: Metodologia de pesquisa. Projeto de pesquisa. Ciência
social.
The Project of Research is Essential for the Success of the Scientific
Inquiry?
Abstract: this article has as intention to deepen the methodological
debates in the field of social science, in special on the relevance of the
research project. The main objective of the study is to promote an analysis on
the relevance of the project of research for the success of a scientific work. It
has as objective specific search to present suggestions to improve the
understanding and the perfection of the research projects. In this effort, it
looks for to analyze the different forms of choice between boarding and
methodological strategies, the verification of the importance and relevancy of
the chosen subject, that is, the relevance of a project of scientific research.
One concludes that, a project of scientific research, by its relevancy, cannot be
relegated to a secondary activity on the part of the researchers. The success of
a scientific inquiry needs and must have as support base a project of research
of good quality.
Key-words: Methodology of research. Research project. Social science.

1 Introdução

Existem duas maneiras para se conhecer uma realidade: a especulativa e a


científica. A forma especulativa, o denominado conhecimento vulgar, refere-se
a um senso comum, corrente e espontâneo de conhecer. É o que se adquire no
trato direto com os homens e as coisas. Assim, o conhecimento vulgar ou
senso comum distingue-se pela forma, modo, método e os instrumentos do
“conhecer”. São visões restritas e pessoais ou grupais. Tem objetividade
limitada e racionalidade restrita. É modo comum, corrente e espontâneo de
conhecer.
A outra maneira de conhecer uma realidade é a científica. Isso ocorre
mediante o conhecimento científico e o uso de técnicas de investigação
baseada em dados. A diferença entre uma forma e outra de conhecimento –
especulativa ou científica – é basicamente o conhecimento e os instrumentos
utilizados. Ambos configuram-se métodos. O saber científico é obtido
mediante um conhecimento racional. Assim, as afirmações que não podem ser
provadas e testadas através de métodos científicos não entram no âmbito da
ciência (TRUJILLO, 1974).
Para diversos autores, como, por exemplo, Bunge (1975), existe certa
correlação entre os dois tipos de conhecimento – vulgar e científico –, pois
ambos são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-
se aos fatos em vez de se permitir especulações sem controle (objetividade),
quando limitamos o conhecimento vulgar ao bom senso.
Para Ander-Egg (1978), o conhecimento popular caracteriza-se por ser
superficial, sensitivo, subjetivo, não sistemático. Superficial, porque se
conforma com o aparente; sensitivo, pois faz referência a vivências e emoções
da vida diária; subjetivo, tendo em vista que a organização de experiências e
conhecimentos não é de modo sistemático, nem na forma de adquirir nem em
sua validação, podendo ser verdadeiros ou não.
Observa-se, nesse sentido, que a ciência não é o único caminho de acesso
ao conhecimento e à verdade (BABINI, 1986). Um mesmo objeto ou
fenômeno pode ser matéria da observação tanto do cientista quanto do
homem comum.

A Relevância do Projeto de Pesquisa

O trabalho científico é um processo social objetivo e aberto a todos. Por


sua vez, não basta fazer investigação, é preciso divulgar os resultados de
acordo com as normas estabelecidas no mundo científico. No caso dos
mestrados é preciso redigir uma dissertação e nos doutorados, uma tese.
Ao tratar do projeto de pesquisa, Severino (2008) ressalta as seis funções
de um projeto de pesquisa: definir e planejar os passos que serão seguidos
pelo pesquisador, auxiliando-o na tarefa de trabalho disciplinado e
sistemático; cumprir uma exigência formal da realização de uma pesquisa;
auxiliar no processo de orientação, fornecendo visão global do
desenvolvimento do trabalho; subsidiar os trabalhos de avaliação da banca
examinadora, nos exames de qualificação; subsidiar os pedidos de bolsas de
estudos ou financiamentos de agências de pesquisa e fundamentar o processo
de seleção em programas de pós-graduação, principalmente doutorado.
Para Deslandes (1994), ao se elaborar um projeto científico se estará
trabalhando simultaneamente três dimensões interligadas: técnica, ideológica
e científica. A primeira trata das regras reconhecidas como científicas para
construção de um projeto, ou seja, como definir um objetivo, como abordá-lo
e como escolher os instrumentos mais adequados para a investigação. A
segunda está diretamente relacionada com as escolhas pessoais do
pesquisador. A última procura articular as duas dimensões anteriores,
permitindo que a realidade social seja reconstruída enquanto objeto do
conhecimento, por meio de um processo de categorização que une o teórico e
o empírico.

2 Revisão de Literatura

Neste artigo, partimos do entendimento de que a pesquisa científica deve


ser feita de modo sistematizado. Para que isso ocorra, a pesquisa necessita
utilizar-se de método próprio e técnicas específicas, procurando um
conhecimento que se refira à realidade empírica. Os seus resultados, obtidos
dessa forma, devem ser divulgados de maneira específica, ou seja, em
conformidade com o ritual e o rigor científico.
O projeto de pesquisa pode ser aceito como um documento que detalha o
plano, suas fases e os procedimentos de um processo de investigação científica
a ser realizado. As fases do método podem ser vistas como sinalizadoras de
uma rota. Assim, o projeto – como um instrumento relevante de planejamento
da pesquisa – busca antecipar o futuro. Nesse contexto é importante que seja
dada a cada um a oportunidade de manifestar sua iniciativa e seu modo
próprio de expressar-se.
Para alguns autores, como, por exemplo, Eco (2010), a bibliografia tende a
tratar o projeto, em geral, de forma superficial, enfocando--o segundo as
questões de método e procedimentos. Para aquele autor, o baixo nível de
aprofundamento quase dissocia o projeto de pesquisa como parte importante
do “fazer” da pesquisa, talvez por se compreender que esteja subentendido na
atuação do pesquisador o domínio das técnicas como um a priori de que não
haja muito espaço para divergências. Parece que o projeto não passa de uma
formalidade burocrática do cotidiano do pesquisador e, portanto, de menor
relevância.
Feitas essas observações, podemos avançar sobre a definição da pergunta
motivadora (ou pergunta de trabalho) deste artigo. Partimos da seguinte
indagação: a elaboração de um projeto de pesquisa consistente é um fator
decisivo para o sucesso da pesquisa científica?
Assim, temos como objetivo geral, neste artigo, promover uma análise
sobre a relevância do projeto de pesquisa (composto por: título, delimitação
do tema e do problema, hipóteses, quadro teórico, procedimentos
metodológicos e técnicos, cronograma de desenvolvimento, bibliografia
básica) para o sucesso de um trabalho científico. Como objetivo específico
busca apresentar sugestões para melhorar a compreensão e o
aperfeiçoamento dos projetos de pesquisa.

Conceitos Utilizados no Artigo

Com o intuito de permitir uma melhor compreensão deste estudo, são


apresentados, a seguir, os conceitos mais relevantes utilizados neste artigo.
Método. O termo método é utilizado quando se pretende converter a
simples especulação ideológica, filosófica ou literária sobre a sociedade em
intentos de compreensão ou explicação científica. Ou seja, trata-se do critério
para obtenção do conhecimento científico, é a própria lógica da investigação
científica (GARCÍA FERRANDO, 1986).
Assim, o método aplicado em uma investigação pode ser indutivo (das
observações à teoria) ou dedutivo (da teoria às observações). O método
científico empregado nas Ciências Sociais é empírico. Nele, a observação e a
experimentação têm um papel essencial e combinam-se à abstração e à
generalização, com o objetivo de descrever, compreender e explicar a
realidade social.
Metodologia. É o estudo dos métodos. Tem por finalidade ajudar--nos a
compreender, em termos os mais amplos possível, o processo de investigação
científica. A metodologia é a lógica do procedimento científico, tem um
caráter normativo, que se diferencia claramente da teoria (substantiva). Mas
os instrumentos e procedimentos usados na investigação sociológica devem
satisfazer aos critérios metodológicos pressupondo logicamente uma teoria
substantiva. Por isso, na prática da investigação, é muito difícil separar teoria
e método. É inegável que uma investigação desprovida de premissas teóricas
não só é infrutífera, mas impossível.
Técnicas de Investigação. São procedimentos específicos através dos
quais o pesquisador reúne e ordena os dados antes de submetê-los a
operações lógicas ou estatísticas. As técnicas se referem aos elementos do
método científico e não devem ser confundidas com o método em si. São
exemplos de técnicas: realização de entrevista, aplicação de questionários,
análise documental, entre outros.
Apesar do ponto de vista tradicional distinguir entre teoria, metodologia e
técnicas de investigação, no processo científico de explicar e predizer
fenômenos sociais os três elementos estão intimamente ligados.

Ciência e Método Científico

O que caracteriza uma ciência é seu método (BUNGE, 1975).


Para Bunge, onde não existe método científico não existe ciência. O
método científico é um modo de resolver problemas seguindo uma forma de
atuação que consiste, essencialmente, em observar, classificar, demonstrar e
interpretar fenômenos, de uma maneira que possibilite a predição e a
explicação de questões significativas.
A pesquisa, para Minayo (1994), é a atividade básica da Ciência na sua
indagação e construção da realidade; é uma atividade e uma prática teórica
de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e
permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que
nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados. A
autora sustenta, ainda, que é uma prática teórica que vincula pensamento e
ação, ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema se não tiver sido,
em primeiro lugar, um problema da vida prática. É a pesquisa que alimenta a
atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo.
Os inúmeros conceitos sobre pesquisa decorrem do fato de que os teóricos
adotam posturas diferentes para fazer esta abordagem nos distintos campos
do conhecimento. Assim, pesquisa para Rudio (2003), no sentido amplo, é um
conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado
conhecimento.
Ao tratarem do conceito de métodos científicos, argumentam Marconi e
Lakatos (2005) que todas as ciências caracterizam-se pela utilização de
métodos científicos. Em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que
empregam esses métodos são ciências. Dessas afirmações, concluem as
autoras que a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da
ciência, mas “não há ciência sem emprego de métodos científicos”
(MARCONI; LAKATOS, 2005, p. 83).
Na busca de fazer ciência é fundamental ter em mente a ideia da
neutralidade do pesquisador. No esforço de pesquisar os fatos e os fenômenos,
observa Matias-Pereira (2012), é necessário que o investigador não interfira,
permitindo, assim, que a verdade possa surgir de forma natural.

Os Métodos Autoritário, Místico, Lógico-racional e Científico

A ciência, para Wallace (1986), é uma maneira de gerar enunciado acerca


de acontecimentos do mundo, da experiência humana e de contrastar sua
verdade. Contudo, a ciência é um dos meios para evidenciar a verdade. O
referido autor menciona quatro métodos capazes de gerar esses resultados:
autoritário, místico, lógico-racional e científico.
No método autoritário, busca-se o conhecimento e a sua comprovação por
meio de referências a reconhecidos produtores de conhecimento como
profetas, oráculos, anciãos etc. O método místico está parcialmente
relacionado com o autoritário na medida em que ambos podem solicitar o
conhecimento desses produtores. Enquanto o primeiro depende da posição
social do produtor do conhecimento, o segundo é influenciado pelo “estado de
graça” pessoal do consumidor do conhecimento.
Por sua vez, no método lógico-racional, o juízo sobre as proposições
aceitas como verdadeiras baseia-se no procedimento pelo qual estas são
produzidas e no enquadramento desse procedimento nas regras da lógica
formal.
O conhecimento científico tem como objetivo buscar a verdade e adquirir
conhecimentos gerais e sistemáticos sobre a realidade social. Por sua vez, não
pode partir do zero ou de um vazio absoluto; pelo contrário, se desenvolve
apoiando-se no senso comum.
Observa-se que cada um desses métodos resulta na obtenção de uma
verdade objetiva. Nenhum deles garante que o conhecimento produzido é
mais exato ou importante do que os outros. O que difere entre eles é o grau
de confiança nessa verdade.

A Lógica da Aplicação do Método Científico

Pode-se classificar a pesquisa, de forma ampla, em dois grandes métodos:


o quantitativo e o qualitativo. Eles se diferenciam principalmente na forma de
abordar o problema. Por isso, o método escolhido precisa ser apropriado ao
tipo de estudo que se deseja realizar, mas é a natureza do problema ou o seu
nível de aprofundamento que, no fundo, determinará a escolha do método
(RICHARDSON et al., 1999).
O método científico não deve ser entendido como um meio infalível, nem
deve ser visto como autossuficiente. Nunca se pode ter absoluta certeza sobre
um conhecimento científico, pois os acontecimentos são sempre provisórios,
bem como requerem um conhecimento prévio sobre o qual irá se apoiar.
A aplicação do método científico, conforme argumenta Bunge (1975),
deve seguir uma sequência lógica, composta dos seguintes fatores: elaborar
perguntas bem formuladas e que possam ter um campo para pesquisa;
arbitrar conjunturas ou hipóteses fundadas e contrastáveis com a experiência,
para que se possa responder às perguntas; derivar consequências lógicas
dessas conjunturas; arbitrar técnicas para submeter as hipóteses à verificação;
submeter essa verificação às mesmas técnicas para comprovar sua relevância e
credibilidade; concluir as verificações, interpretando os seus resultados;
estimar a veracidade das hipóteses e a fidedignidade das técnicas e, por fim,
determinar os domínios onde são válidas essas hipóteses e técnicas,
formulando novos problemas que surgiram com a investigação.
Qualquer que seja o ponto de vista teórico que oriente o trabalho do
investigador, ensina Triviños (1992) que a precisão e a clareza são obrigações
elementares que se deve cumprir na tentativa de estabelecer os exatos limites
do estudo. Assim, as perguntas de pesquisa representam o que o investigador
pretende esclarecer, orientando seu trabalho. Elas devem reunir algumas
condições, como as apontadas por Triviños, para que não se tenha dúvida
sobre o seu significado, e devem referir-se a fenômenos observáveis
(RICHARDSON et al., 1999).
Em síntese, a finalidade de todos esses procedimentos é obter uma série de
generalizações teóricas, dispostas de forma lógica e ordenada, suscetível à
verificação empírica. Esse objetivo e a forma de alcançá-lo traduzem as
dimensões da ciência: teórica e empírica.

Teoria e Investigação Empírica

Quando se parte de uma ideia global, abstrata, a um conhecimento lógico


e racional chega-se a uma teoria. A teoria explica o significado dos fatos e as
relações existentes entre eles. Teoria e investigação empírica não são
elementos contrapostos, pois a teoria que não se baseia na realidade
fatalmente será utopia. Já a investigação sem a teoria não apresenta nenhum
significado. É por meio da constatação empírica que se obtém o conhecimento
teórico, através da comparação e comprovação de hipóteses.
A teoria orienta a investigação, enquanto sinaliza os fatos significativos
que serão estudados e orienta na formulação de perguntas. Indica áreas não
exploradas de conhecimento, aquilo que ainda não foi observado, alguma
lacuna no conhecimento e a necessidade de constatações adicionais.
Já a investigação resulta na aceitação, reformulação ou rejeição de uma
teoria. A verificação empírica, realizada somente mediante investigação, é o
que confirma, reformula ou refuta uma teoria pela constatação do
ajustamento entre os resultados e os pressupostos teóricos. As teorias
evidenciam a realidade de algo que é contrastado empiricamente.
Quando se passa de uma visão geral e abstrata a um conhecimento lógico
e racional, chega-se à teoria. A teoria explica os fatos e as relações existentes
entre eles. A teoria e a investigação empírica são elementos complementares,
a ausência de um deles pode levar a um conhecimento utópico. Assim, a
teoria explica algo que pode ser constatado empiricamente (GONZÁLEZ RÍO,
1997).

O Processo de Elaboração Teórica

O conhecimento científico é um processo dinâmico interativo entre a


realidade e os modelos ou teorias que a explicam. O denominado “Círculo de
Wallace” ilustra bem esse processo, pois, para Wallace (1986), o
conhecimento científico é circular, ou seja, todos os elementos que o
compõem estão interconectados. Esses elementos são: os componentes básicos
da informação (teorias, hipóteses, observações, decisões para aceitar ou
rejeitar hipóteses e generalizações empíricas); os controles metodológicos
(processos que permitem a construção dos elementos básicos da lógica na
pesquisa científica) e a transformação da informação em conhecimento
científico (dada por meio da interação entre os componentes da informação e
da utilização dos controles metodológicos).
Wallace (1986) ainda destaca a importância da observação empírica como
forma científica de alcançar conhecimento, mas acredita que a teoria
representa o ponto de partida, como também o objetivo da investigação
social. Com isso, cada parte do processo é objeto de muitos trabalhos e
investigações, porque todas as atividades têm como finalidade melhorar a
compreensão, explicação ou predição da realidade social. O círculo proposto
por Wallace indica a relação existente entre os componentes essenciais da
ciência: a teoria e a investigação empírica. O importante nessa percepção de
círculo é que ele torna possível visualizar a formação do conhecimento
científico como um processo contínuo.
O esquema de Wallace – el círculo de Wallace – é um modelo que
expressa a realidade entre elementos que são percebidos pela teoria, sendo
considerada mais uma reprodução da realidade. No entanto, o inconveniente
do modelo é o alto grau de abstração no que se refere às contingências das
práticas científicas. Para Wallace, tanto o ponto de partida como o objetivo
são representados pela teoria, pois cada parte do processo é objeto de muitos
trabalhos e investigações, mas todas as atividades têm como propósito a
melhoria da compreensão, explicação ou predição da realidade social. A
teoria e a investigação empírica são os dois componentes essenciais da
ciência. O modelo de Wallace indica a relação entre ambos.

3 Método

A partir do pressuposto de que a pesquisa deve ser planejada, antes de ser


executada, procuramos analisar neste artigo qual o enfoque que os autores
aqui referenciados adotaram nas suas abordagens e estratégias metodológicas,
na verificação da importância e pertinência de um projeto para a pesquisa
científica. Assim, na busca de aprofundar o debate sobre esse tema, buscamos
analisar o nível de preocupação dispensada por diferentes autores no campo
da metodologia da pesquisa, com o objetivo de justificar a relevância do
projeto para o sucesso de uma pesquisa científica. Registre-se que essa
pesquisa é essencialmente bibliográfica.
Como referencial teórico, utilizamos os estudos de inúmeros autores,
referenciados na bibliografia, que se ocupam em estudar a construção do
conhecimento científico, em suas variadas dimensões e características, dos
quais destacamos: Trujillo Ferrari (1974); Bunge (1975); Triviños (1992); Eco
(2010), Wallace (1986); Deslandes (1994); Beaud (1996); Ander-Egg (1996);
González Río (1997); Richardson et al. (1999); Severino (2008); Yin (2001);
Gil (2009); Barros e Lehfeld (2000, 2001); Alves-Mazzoti (1998); Rudio
(2003); Marconi e Lakatos (2005); Cervo e Bervian (2007); e Matias-Pereira
(2012).

4 Resultados

O conhecimento científico, para diversos autores, como, por exemplo,


Trujillo Ferrari (1974); Bunge (1975); Triviños (1992); Rudio (2003);
Marconi e Lakatos (2005); Cervo e Bervian (2007); Matias-Pereira (2012), é
real (factual), porque lida com ocorrências ou fatos, constitui um
conhecimento contingente e é sistemático, já que se trata de um saber
ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não
conhecimentos dispersos e desconexos.
A pesquisa científica pode ser aceita como um procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir fatos ou dados,
relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento (ANDER-EGG, 1978).
O resultado dessa busca reflexiva é conhecer verdades parciais. A pesquisa,
portanto, é procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que
requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a
realidade ou para descobrir verdades parciais.
A pesquisa, para Gil (2009), nessa mesma linha de entendimento, é um
procedimento racional e sistemático, que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos. Argumenta o autor que, para ser
realizada, é imprescindível a utilização de métodos, técnicas e outros
procedimentos denominados científicos. A ciência, dessa forma, é construída
com rigor, cuidado e parâmetros que oferecem segurança e legitimidade às
informações descobertas.
Como toda atividade racional e sistemática, argumenta Gil (2009), a
pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam
efetivamente planejadas. O processo de pesquisa está apoiado, em especial,
na sistematização dos procedimentos, revestida de um tratamento
metodológico comumente denominado de científico. O ato de pesquisa
presume um cuidadoso processo de planejamento. Nesse contexto, para
efetivar o planejamento é necessário que se estabeleça, como etapa inicial, a
elaboração do “projeto de pesquisa”.

Os Diferentes Tipos de Projeto de Pesquisa

Escolhido o problema da pesquisa, que deve estar formulado de forma


clara e concisa, identificado o tipo de informação que é necessária e definido
como o investigador conduzirá a pesquisa, tem início o processo de definição
do tipo da pesquisa que será realizado (MATIAS-PEREIRA, 2012). Os tipos de
pesquisa são: estudos exploratórios; estudos descritivos; estudos preditivos;
estudos explicativos e estudos de ação.
Triviños (1992) e Gil (2009) sustentam existirem, em geral, três tipos de
pesquisa cujas finalidades são diferentes: exploratória, descritiva e
experimental (ou explicativa). Já na concepção de Cervo e Bervian (2007),
existem pelo menos três tipos importantes de pesquisa: a bibliográfica, a
descritiva e a experimental.

Limitação e Design de Pesquisa

É importante que o pesquisador saliente para o leitor do trabalho alguns


aspectos referentes às suas limitações, surgidas mesmo com o empenho e
rigor nas análises e procedimentos utilizados no estudo. Em geral, o método
utilizado em boa parte das pesquisas, embora possa contribuir para uma
melhor compreensão do tema abordado, pode estar limitado a inúmeros
fatores, não permitindo a generalização plena de seus resultados e conclusões
para outras áreas ou organizações (YIN, 2001; TRIVIÑOS, 1992; GIL, 2009;
MATIAS-PEREIRA, 2012).
O design de pesquisa tem a função de indicar para o pesquisador como os
dados serão obtidos, analisados e interpretados, ou seja, é ele que relaciona os
dados a serem coletados com as respectivas conclusões às questões iniciais do
estudo (YIN, 2001). O design de pesquisa também define o nível de
generalização, ou seja, se as interpretações obtidas podem ser generalizadas
para uma população maior ou para outras situações.

Fundamentos para a Realização de um Projeto de Pesquisa


Científica

Planejar é a busca de antecipar o futuro. O projeto funciona como um


instrumento de planejamento, uma ferramenta que delineia procedimentos e
ações que se desenvolverão no decorrer da pesquisa.
Planejar, num sentido amplo, é o esforço para delinear antecipadamente a
forma como se pretende intervir num país, região, setor, empresa ou área
específica. Dessa forma, um sistema de planejamento é constituído pela
metodologia, processo, plano, execução e controle. A metodologia é o
receituário de como se pretende fazer, visto que ele sinaliza as etapas que
serão implementadas, as ferramentas que serão usadas e as decisões a serem
adotadas. O processo é a ação, ou seja, o ato de executar, que ocorre na fase
em que as ferramentas serão utilizadas e as decisões serão tomadas para
estruturar o plano. A execução é a fase em que o objeto do plano começará a
ser construído.
Pode ser uma pesquisa científica o lançamento de um foguete, a
construção de uma hidroelétrica ou o desenvolvimento de um novo
computador. O controle é o esforço de identificação de erros ou falhas no
objeto do plano. A partir dele torna-se possível proceder à correção na
metodologia, no processo, no plano, na execução ou no próprio controle. O
planejamento, por fim, é um sistema contínuo de autoajuste (MATIAS-
PEREIRA, 2012).
O planejamento da pesquisa é constituído por quatro grandes momentos
ou grupos de ação: preparação da pesquisa, fases da pesquisa, execução da
pesquisa e relatório. A estruturação de um projeto de pesquisa é uma ação
típica da etapa de preparação (MARCONI; LAKATOS, 2005).
Apoiado na Teoria Geral dos Sistemas (processo, eficiência, prazos e
metas), o planejamento da pesquisa pode ser entendido como o processo
sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior eficiência à
investigação para em determinado prazo alcançar o conjunto das metas
estabelecidas (GIL, 2009). Assim, a finalidade do projeto de pesquisa é
planejar as ações do pesquisador para responder a perguntas acerca de um
fenômeno que está sendo investigado.
É no projeto que se define: o que fazer; por que fazer; para quem fazer;
onde fazer; como, com que, quanto e quando fazer; com quanto fazer e como
pagar e quem vai fazer. Na sua essência, também se apresenta como um
marco referencial para permitir que o pesquisador possa cumprir as seguintes
etapas: tema, problema ou questão(ões) norteadora(s), hipóteses,
justificativa, objetivos, revisão de literatura ou pressupostos teóricos,
metodologia, cronograma, plano de trabalho, orçamento do projeto e
referências. A exigência de uma pesquisa ser planejada com rigor científico
decorre do nível elevado de informações e dados que o pesquisador utiliza ao
longo de sua execução (MATIAS--PEREIRA, 2012).
Umberto Eco, no seu Como se faz uma tese, ao buscar definir de forma
clara o perfil de leitor para o qual se direciona, sustenta que um dos objetivos
da obra é mostrar que “pode-se preparar uma tese digna mesmo que se esteja
em situação difícil” (ECO, 2010, p. XIV). Mais adiante, diz que apesar de ser
uma formalidade imposta para a conclusão dos estudos de terceiro grau, pode
ser que este processo resgate o sentido do próprio curso, desenvolvendo um
exercício crítico de identificar problemas e saber expô-los por meio de
técnicas específicas de comunicação.
Observa-se, portanto, que é por meio da definição de um problema que se
evidencia a área de interesse a ser investigada, bem como se apontam os
caminhos de aprofundamento do tema. Sua formulação deve ser em forma de
pergunta, clara e precisa, devendo ser delimitada a uma dimensão variável. A
elaboração da hipótese busca esclarecer o que ainda não ficou evidente no
referencial teórico ou na metodologia adotada, tentando responder às
questões tratadas pelo problema, a partir de base teórica que a sustente.
Observa-se que os métodos e as técnicas de investigação podem ser
visualizados como as fases ou passos da investigação social, que ocorrem
numa sucessão linear de operações que são ajustadas à lógica formal. Esse
esforço tem início com a seleção do tema objeto de estudo. Uma vez
selecionado o tema de investigação, o passo seguinte consiste na
contextualização do tema, objeto de estudo, e na elaboração das hipóteses de
partida. Subsequentemente, é elaborado o desígnio da investigação. Devem-se
estabelecer o universo e a amostra, bem como os instrumentos que serão
utilizados para a coleta de dados: questionários, roteiros de entrevistas,
protocolos de observação. Quando o material empírico inteiro for obtido,
ordenado e analisado, torna-se possível dar a resposta devida às hipóteses que
foram esboçadas na investigação. Dessa forma, o “processo científico de
investigação” encerra com as conclusões teóricas que se estabeleceram a
partir desses enunciados obtidos.
O plano de pesquisa, o planejamento da pesquisa, a pesquisa e o projeto
de pesquisa apresentam uma forte inter-relação. É importante que o
pesquisador fique atento aos termos utilizados: plano, planejamento, pesquisa
e projeto, visto que eles tendem a provocar uma confusão de significados. É
comum tomar a parte pelo todo, ou seja, o projeto pela pesquisa. Confunde-
se, ainda, projeto com plano de trabalho. Este último é mais um roteiro
provisório inicial, indicando as ideias principais que deverão ser tratadas. Em
outros casos, impõe um grau de desafio ao pesquisador: transformar os
resultados da pesquisa retratados em forma de relatório escrito sem, contudo,
que este traga consigo uma linguagem de projeto, herança da fase inicial da
pesquisa.
Dessa forma, uma monografia, dissertação ou tese não deve se parecer
com um projeto. Sua composição e redação têm outro formato e estrutura
lógica específica. Assim, o plano inicia o trabalho que requer planejamento e
projeto para ao final ser concluído com a monografia, dissertação ou tese.

Formulação do Tema da Investigação

A formulação do problema da pesquisa ocorre a partir de um intenso


processo de reflexão e de imersão em fontes bibliográficas selecionadas,
tornando-o passível de verificação. A utilização desse método é maior nos
estudos de caráter exploratório e descritivo, mas pode ser importante para
fornecer respostas relativas a determinados fenômenos.
Beaud (1996, p. 55) ensina que é preciso insistir nisso: a questão
principal, formulada de maneira clara e firme, será a chave de seu trabalho de
pesquisa – assim como será a chave de seu trabalho de redação. Para esse
autor, partir para um trabalho de pesquisa “sem a questão principal é tão
pouco sensato quanto se embrenhar sem bússola numa imensa floresta ou no
oceano”.
Assim, a seleção de um tema para a pesquisa exige, em primeiro lugar, que
o pesquisador conheça quais são as condições que deve ter uma investigação
para chegar ao problema; e, em segundo lugar, verifique se esta tem valor
científico.

Relevância da Pesquisa
Na elaboração da pesquisa – a etapa quando o pesquisador de-bruça-se na
definição do tema –, é essencial a justificativa de sua relevância. A pesquisa,
conforme argumentam Severino (2008) e Matias-Pereira (2012), deve possuir
relevância “acadêmica” e, em especial, “social”. Nesse sentido, argumenta
Severino (2008) que “na sociedade brasileira, marcada por tantas e tão graves
contradições, a questão da relevância social dos temas de pesquisa assume
então um caráter de extrema gravidade”.
Esse debate nos permite refletir sobre outra questão relevante – debatida
intensamente entre as diversas correntes teóricas –, que consiste no papel da
ciência ou, em última análise, nos caminhos por ela buscados na construção
do chamado “conhecimento científico”. Isso revela, por seu turno, um
profundo antagonismo entre a ciência tradicional e outras formas de fazer
ciência. Na primeira, os parâmetros são positivistas e baseados na persistente
busca pela objetividade e racionalidade. Observa-se que as últimas procuram
formular uma crítica à primeira, primordialmente demonstrando seus limites.
A esse respeito devem-se ressaltar algumas posições da Escola de
Frankfurt, que trouxe relevante contribuição nesse debate. Alves-Mazzoti e
Gewandsznajder (2002, p. 116), baseados em estudos de Slater (1978),
analisam que, para os afiliados dessa escola, uma teoria tem de se relacionar
com a práxis, para que se possa reconhecer o seu valor. Assim, lembram que,
para os chamados frankfurtianos, “para ser relevante, uma teoria social tem
de estar relacionada às questões nas quais, num dado momento histórico, as
forças mais progressistas estejam engajadas”.

As Finalidades da Pesquisa

Em termos de destinação, torna-se possível analisar a pesquisa sob a


perspectiva de suas finalidades. Assim, pode-se classificá-la em pesquisa pura
e pesquisa aplicada. A primeira, também denominada de teórica ou básica,
tem como propósito o conhecimento pelo conhecimento, não implicando uma
ação de intervenção imediata. A segunda é impulsionada pela necessidade do
conhecimento para a aplicação imediata dos resultados, na busca de resolver
problemas existentes na realidade.
Barros e Lehfeld (2001) assinalam que, “enquanto na pesquisa teórica o
pesquisador está voltado para satisfazer uma necessidade intelectual de
conhecer e compreender determinados fenômenos, na pesquisa aplicada, ele
busca orientação prática à solução imediata de problemas concretos do
cotidiano”.
Fica evidenciado, assim, que tanto as pesquisas puras como as aplicadas
são essenciais para a evolução da ciência. Constata-se que ela não pode
prescindir dessas duas formas de pesquisas, aparentemente antagônicas.
Verifica-se, na verdade, que cada uma tem seu tempo e, de acordo com as
circunstâncias, desempenha seu papel, dentro do contexto da realidade social
apresentada (BARROS; LEHFELD, 2001).

Matriz Comparativa da Importância do Projeto de Pesquisa

Com o objetivo de elevar o nível de consistência deste estudo, procuramos


elaborar uma síntese do grau de atenção dada pelos autores citados sobre o
tema objeto do artigo. Assim, apresentamos, a seguir, a matriz comparativa
sobre o nível de importância dada para o projeto, pelos autores destacados no
referencial teórico deste artigo, como fator-chave para o sucesso da pesquisa.
Adotou-se, nesta análise, o nível de atenção e profundidade no tratamento do
tema dado pelo autor nas obras citadas. A graduação adotada foi: muito
elevada, elevada, média e baixa. Veja a seguir os resultados.

Matriz comparativa: importância do projeto para o sucesso da pesquisa.

Nível de
Autores
Prioridade

Trujillo Ferrari (1974); Bunge (1975);


Muito
Garcia Ferrando (1986); González Río (1997); Severino (2009); Rudio (2003);
Elevado
Marconi e Lakatos (2005); Cervo e Bervian (2007); Matias-Pereira (2012).

Elevado Triviños (1992); Deslandes (1994); Minayo (1994); Beaud (1994); Ander-Egg
(1996); Richardson et al. (1999); Eco (2010); Gil (2009); Yin (2001); Barros e
Lehfeld (2000, 2001); Alves-Mazzoti (1998).

Médio ================

Baixo ====================

Fonte: Matias-Pereira (2012).


Evidencia-se, com base nesta análise, que todos os autores citados se
situaram nos níveis mais elevados da matriz, ou seja, trataram o tema como
prioritário – muito elevado ou elevado –, por entenderem que a consistência
do projeto se apresenta como um fator decisivo para o sucesso da pesquisa.

5 Conclusão

A questão central apresentada neste artigo – traduzido na pergunta de


trabalho: “a elaboração de um projeto de pesquisa consistente se apresenta
como um fator decisivo para o sucesso da pesquisa científica?” – teve como
base de apoio teórico a posição de diferentes autores que se ocupam em
estudar a construção do conhecimento científico, em suas variadas dimensões
e características.
Partiu-se da análise de conceitos básicos sobre pesquisa, planejamento e
projeto, interpretando-o de forma sistêmica, buscando ver o todo, sem se
esquecer da especificidade das partes. Nesse esforço, ve-rificou-se que o
projeto de pesquisa é aceito por todos os autores aqui citados, num nível de
intensidade elevado ou muito elevado, como um instrumento efetivo de
planejamento. É reconhecido como uma ferramenta essencial para definir
procedimentos e ações que irão se desenvolver no decorrer da pesquisa.
Ficou evidenciado, com base nos trabalhos citados, que todos os motivos
de ordem teórico-prática, que possam vir a contribuir de alguma forma para
justificar a realização da investigação, devem estar explicitados de forma
consistente no projeto de pesquisa, além da escolha da utilização de uma
determinada metodologia de investigação. Essas motivações, por sua vez, não
podem ser sustentadas somente sob a ótica da teoria e de sua prática, sendo
debatidas apenas como meros mecanismos de um conhecimento sem outras
implicações com a realidade que as envolve.
Assim, a discussão sobre a relevância do projeto de pesquisa não deve ser
orientada apenas por ser uma etapa obrigatória ou um mero ritual da
pesquisa. É essencial que seja incluída nesse debate a sua função social, com
todas as suas implicações, dentro do contexto da pesquisa. É oportuno
recordar, nesse contexto, que a função social da pesquisa está contida na
percepção de mundo e de ciência do próprio pesquisador, visto que a prática
científica tem como principal propulsor a motivação íntima. Essa motivação,
em grande parte dos casos, será a responsável pela capacidade do pesquisador
para encontrar os caminhos adequados ao longo da investigação.
Observa-se que, na determinação da relevância de uma pesquisa, a
investigação está em sintonia com seus reflexos na dimensão social, buscando,
de alguma maneira, a transformação da sociedade e, se possível, sua
emancipação, contrapondo-se ao que tradicionalmente a ciência poderia
perseguir: o mero desenvolvimento do conhecimento. Sem desconsiderar os
cuidados e a relevância dos métodos e do rigor do estudo, cada pesquisa deve
exercer sua função de melhorar a sociedade.
Conclui-se, assim, que um projeto de pesquisa científica, pela sua
relevância, não pode ser relegado a uma atividade secundária por parte dos
pesquisadores. O sucesso de uma investigação científica, conforme ficou
razoavelmente evidenciado, necessita e deve ter como base de apoio um
projeto de pesquisa de boa qualidade.

Referências

ALVES-MAZZOTTI, A. J. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa


qualitativa e quantitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.
ANDER-EGG, E. Introducción a las técnicas de investigación social: para
trabajadores sociales. 7. ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978.
___________ . Técnicas de investigación social. México: Humanitas, 1969.
BABINI, J. Historia de la ciencia en la Argentina. Buenos Aires: Solar, 1986.
BARROS, A. de J. P.; LEHFELD, N. A. de S. Projeto de pesquisa: propostas
metodológicas. Petrópolis: Vozes, 2001.
___________ . Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação
científica. 2. ed. ampliada. São Paulo: Makron Books, 2000.
BEAUD, M. Arte da tese. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
BUNGE, M. Teoría y realidad. Barcelona: Ariel, 1975.
___________ . Epistemologia. Curso de atualização. São Paulo: T. A. Queiroz:
Edusp, 1980.
___________ . Teoria e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1994.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo:
Makron Books, 2007.
DESLANDES, S. F. A construção do projeto de pesquisa. In: MINAYO, M. C. de
S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 6. ed. Petrópolis:
Vozes, 1994. p. 31-50.
ECO, U. Como se faz uma tese. 23. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
GARCÍA FERRANDO, M. Sobre el método. Madrid: CIS, 1986.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
GONZÁLES RÍO, M. J. Metodología de la investigación social. Técnicas de
recolección de datos. Alicante: Editorial Aguaclara, 1997.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de metodologia da pesquisa científica. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.
MINAYO, Maria Cecilia (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis: Vozes, 1994.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo:
Cortez, 2008.
TRUJILLO FERRARI, A. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1982.
___________ . Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974.
RICHARDSON, R. Jerry et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 31. ed. Petrópolis:
Vozes, 2003.
SLATER, P. Origem e significado da Escola de Frankfurt. Rio de Janeiro:
Zahar, 1978.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992.
WALLACE, W. L. La lógica de la ciencia en la sociología. Madrid: Alianza,
1976.
YIN, R. K. Case study research: design and methods. 2. ed. Beverly Hills:
Sage, 1994.
___________ . Estudo de caso: planejamento e métodos. Rio Grande do Sul:
Bookman, 2005.
Anexo G

Síntese dos instrumentos: entrevista, questionário e formulário

1 Entrevista

A entrevista pode ser entendida como uma técnica de conversação direta,


conduzida por uma das partes, de forma metódica, com vista a compreender
uma situação, o que exige do pesquisador uma ideia clara da informação que
está buscando. Para que possa realizar a entrevista, o pesquisador precisa
planejar de forma adequada a entrevista, conhecimento prévio do
entrevistado, local e hora e elaboração do roteiro ou formulário de
acompanhamento da mesma.
No debate sobre entrevista torna-se relevante destacar o estudo de
Maisonneuve e Margot-Duclot (1964), no qual identificam tipos de
entrevistas, apoiando-se em dois critérios: o grau de liberdade, tanto para o
entrevistador, quanto para o entrevistado, em relação à formulação de
perguntas e às respostas; o nível de aprofundamento que se deseja,
começando pelas informações mais acessíveis (fatos, comportamentos) até
chegar a níveis mais psicológicos e profundos (opiniões, atitudes etc.) no
subconsciente ou inconsciente dos indivíduos.
Tendo como referência esses critérios, são estabelecidos dois polos de
entrevistas: entrevistas não diretivas – permitem um máximo de liberdade e
aprofundamento; entrevistas dirigidas – permitem um mínimo de liberdade e
aprofundamento. A entrevista dirigida desenvolve-se a partir de perguntas
precisas, pré-formuladas e com uma ordem preestabelecida. O entrevistador
dirige o processo evitando qualquer “desvio” do entrevistado. É fácil perceber
que esse tipo de técnica oferece maior liberdade que o questionário para as
respostas dos indivíduos, mas o fato de obedecer a uma estrutura constrange
a iniciativa do entrevistado. Por sua vez, na entrevista não diretiva o
entrevistado desenvolve suas opiniões e informações da maneira que estimar
conveniente. O entrevistador desempenha apenas funções de orientação e
estimulação (MAISONNEUVE; MARGOT-DUCLOT, 1964).
Diversos autores, como, por exemplo, Rudio (1978), Lakatos e Marconi
(2001), Gil (2009) e Matias-Pereira (2010a), recomendam que o pesquisador
observe algumas normas sobre como fazer o contato inicial com o
entrevistado, a formulação de perguntas, o registro de respostas e o término
da mesma. Nesse sentido, assinalam que o pesquisador deve entrar em
contato com o entrevistado e estabelecer, desde o primeiro momento, uma
conversação amistosa, explicando a finalidade da pesquisa e a importância da
sua colaboração. Recomendam, ainda, que é importante obter e manter a sua
confiança, assegurando--lhe o caráter confidencial de suas informações.
Nesse sentido, alertam que se deve evitar todo tipo de pergunta que sugira
resposta. Para não confundir o entrevistado deve-se fazer uma pergunta de
cada vez. As respostas, se possível, devem ser anotadas no momento da
entrevista, para maior fidelidade e veracidade das informações, devendo ser
anotadas com as mesmas palavras usadas pelo entrevistado, evitando-se
sintetizá-las. A anotação posterior apresenta duas inconveniências: falha de
memória e/ou distorção do fato, quando não se guardam todos os elementos.
O uso do gravador é ideal, se o entrevistado concordar com a sua utilização. É
preciso prestar atenção aos itens que o entrevistado deseja esclarecer sem
manifestar as suas opiniões. Procure não apressá-lo e dar-lhe tempo suficiente
para suas conclusões.
A realização da entrevista deve ser feita num ambiente de cordialidade,
pois, caso o pesquisador necessite obter dados ou novas informações, o
entrevistado estará receptivo.

1.1 Síntese dos objetivos, vantagens e limitações da entrevista

Entrevista, num sentido amplo, é o encontro entre duas ou mais pessoas, a


fim de obter informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversação de natureza profissional.
Tipos de entrevistas:

• padronizada ou estruturada;
• despadronizada ou não estruturada.

A entrevista despadronizada, ou não estruturada – ou entrevista em


profundidade – não apresenta alternativas estruturadas, pois busca obter do
entrevistado descrições de uma situação em estudo, por meio de uma
conversação guiada. O pesquisador nesse caso procura saber como e por que
algo ocorre, em lugar de determinar a frequência de certas ocorrências em
que acredita. Essas informações pormenorizadas podem ser utilizadas em uma
análise qualitativa.

• Painel. Trata-se da formação de um grupo fixo de pessoas (ou famílias)


que periodicamente prestam informações sobre variáveis investigadas.

Vantagens:

• possibilita a obtenção de dados em profundidade;


• não exige que o entrevistado saiba ler e escrever;
• oferece flexibilidade na condução do questionamento;
• permite captar a comunicação não verbal emitida pelo entrevistado;
• permite a solução de dúvidas tanto por parte do entrevistado como do
entrevistador.

Limitações:

• possibilidade de falta de motivação do entrevistado em responder aos


questionamentos;
• dificuldade de expressão verbal por parte do entrevistado e/ ou
entrevistador;
• custos envolvidos na realização das entrevistas;
• possibilidade de o entrevistador influir nas respostas do entrevistado;
• possibilidade de exigir muito tempo para sua realização.

Preparação:

• as instruções do entrevistador devem ser claras (quanto tempo dispõe,


se há possibilidade de gravar ou não etc.);
• as questões devem ser elaboradas de modo a facilitar o entendimento
pelo entrevistado e obter as informações necessárias ao entrevistador;
• questões abertas devem ser evitadas;
• as questões devem ser ordenadas de forma a possibilitar o engajamento
do entrevistado bem como a manutenção de seu interesse na
entrevista;
• evitar perguntas iniciais que possam levar a recusa de fornecimento de
resposta por parte do entrevistado.

Realização:

• estabeleça um contato inicial com a finalidade de determinar hora e


local para a realização bem como possibilitar que o entrevistado se
prepare para a entrevista;
• inicie criando um clima de cordialidade e simpatia, favorável à
realização da entrevista;
• apresente a finalidade da visita, os objetivos da pesquisa, nome da
entidade e principalmente a importância da participação do
entrevistado;
• deixe claro que a entrevista tem caráter confidencial e que as
informações prestadas serão tratadas de forma a manter a fonte em
segredo, quando for o caso;
• faça uma pergunta de cada vez e somente após estar satisfeito com a
resposta passe para a seguinte;
• as perguntas não devem deixar implícitas as respostas;
• estimule as respostas completas.

2 Questionário

Questionário é um instrumento no qual está contido um elenco de


perguntas organizadas, que devem ser respondidas por escrito pelo
entrevistado, tendo como objetivo adquirir informações sobre o objeto em
estudo. O questionário pode ser aplicado pessoalmente ou enviado pelo
correio ou um portador. Procure evitar construir questionários muito longos,
para que o entrevistado não se canse e desanime de res-pondê-lo.
A caracterização (perfil) do entrevistado é essencial à pesquisa: sexo,
idade, estado civil, profissão, atividade profissional, entre outros. É
necessário, também, indicar se o entrevistado precisa ou não informar o seu
nome. Preocupe-se, ao elaborar um questionário, com o aspecto material e a
estética do mesmo, observando: tamanho, conteúdo, organização, clareza de
apresentação das questões, facilidade de manipulação, espaço suficiente para
as respostas, e disposição dos itens de forma a facilitar a computação dos
dados e estimular o informante a responder.
É recomendável, no tocante ao vocabulário, que as perguntas sejam
formuladas de maneira objetiva, precisa, em linguagem acessível ou usual do
informante, com vista a serem entendidas de forma clara. Procure evitar
perguntas que pelo seu enunciado induzem a resposta do informante. Quanto
à forma, as perguntas, em geral, são classificadas em três categorias: abertas,
fechadas e de múltipla escolha.
Registre-se que as perguntas abertas permitem a realização de
investigações mais profundas e precisas, mas o processo de tabulação, o
tratamento estatístico e a interpretação são mais difíceis, cansativos e
demorados. As perguntas fechadas são aquelas em que o informante escolhe a
resposta entre duas opções: sim e não. Esse tipo de perguntas, embora
restrinja a liberdade das respostas, facilita o trabalho do pesquisador e
também a tabulação: as respostas são mais objetivas. Por sua vez, as
perguntas de múltipla escolha são as que apresentam uma série de possíveis
respostas, abrangendo várias partes do mesmo assunto. Elas permitem uma
exploração em profundidade e de fácil tabulação. É oportuno ressaltar que a
combinação de pergunta de múltipla escolha com as de respostas abertas
contribui para a obtenção de mais informações ou dados sobre o tema, sem
prejudicar a tabulação.

2.1 Síntese dos objetivos, vantagens e limitações do


questionário

O questionário é um instrumento de coleta de dados constituído de uma


série de perguntas ordenadas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador.
Vantagens:

• possibilita atingir um grande número de pessoas mesmo que dispersas


geograficamente;
• implica em menores gastos com pessoal;
• garante o anonimato nas respostas;
• permite que as pessoas respondam quando acreditarem ser mais
conveniente;
• não expõe as pessoas à influência das opiniões do pesquisador.

Limitações:

• exclui pessoas quem não saibam ler e escrever;


• impede o auxílio ao entrevistado quando do surgimento de dúvidas;
• não garante a devolução do questionário devidamente preenchido e
pela pessoa certa;
• envolve, geralmente, um número pequeno de perguntas.

Construção do questionário:

• usar questões abertas ou fechadas;


• devem ser incluídas apenas questões relacionadas com o problema
pesquisado;
• não incluir questões para as quais as respostas possam ser obtidas de
outras formas;
• as questões devem favorecer a tabulação posterior dos dados;
• evitar pessoas que façam referência à intimidade das pessoas;
• as questões devem ser formuladas de forma clara e objetiva;
• as questões devem levar a uma única interpretação;
• as questões não devem induzir à resposta;
• as questões devem referir-se a uma única ideia de cada vez;
• iniciar com as questões gerais e passar posteriormente às específicas;
• deve-se realizar um pré-teste do questionário.

3 Formulário

A utilização da técnica de formulário consiste num elenco de questões,


enunciadas como perguntas, organizadas de forma sistematizada, com o
propósito de obter determinadas informações, que são alcançadas em
entrevistas, questionários ou observações.
É importante que o pesquisador, antes de começar a redigir o formulário,
seja para o questionário seja para a entrevista ou observação, preocupe-se em
definir de maneira clara e precisa quais são as informações que pretende
obter. Isso contribuirá para elevar a consistência das perguntas a serem feitas,
que devem ser pertinentes e relevantes, apresentadas de modo ordenado e
numa sequência lógica, viabilizando, assim, o acesso às informações que o
pesquisador pretende obter.
É recomendável, nesse esforço, que as perguntas mais fáceis sejam
formuladas primeiro, e, por último, as mais difíceis, ajudando o informante no
desenvolvimento do pensamento lógico, à medida que vai dando suas
respostas. Do mesmo modo devem-se colocar no início as perguntas mais
impessoais e comuns, deixando para o final as perguntas que exigem
respostas de cunho mais íntimo.
O pesquisador, ao elaborar um formulário, deve levar em consideração
alguns itens que irão facilitar o seu manuseio e a sua tabulação
posteriormente:

a) o tipo, o tamanho e o formato do papel;


b) a estética e o espaçamento;
c) espaço suficiente para a redação das respostas de cada item ou
pergunta;
d) numeração dos itens ou das perguntas;
e) a forma de impressão do formulário;
f) a mesma forma de registro para assinalar respostas em todo o
instrumento;
g) a redação simples, clara e concisa dos itens ou das perguntas.

3.1 Síntese dos objetivos, vantagens e limitações do formulário

O instrumento denominado formulário consiste em uma lista formal,


catálogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes quer da
observação, quer da entrevista, cujo preenchimento se dá pelo pesquisador, à
medida que os fatos ou fenômenos ocorrem ou que recebe as respostas, ou
ainda pelo pesquisado sob a orientação do pesquisador.

Escalas
Escalas são um instrumento científico de observação e mensuração dos
fenômenos sociais. Ele foi concebido com o propósito de medir a intensidade
das atitudes e opiniões na forma mais objetiva possível.

Tipos de escalas:

• escalas de mensuração: nominal, ordinal, intervalar;


• escala de ordenação: de pontos, de classificação direta, de combinação
binária;
• escalas de intensidade;
• escalas de distância social;
• escala de Thurstone;
• escala de Likert;
• escalograma de Guttman.

Medidas Escalares

• Escalas nominais

1. Sim 2. Nã 3. Não
sei
Escala gráfica
() () ()

Escala Likert
5. Ótimo 4. Bom 3. Regular 2. Ruim 1. Péssimo
5. Muito favorável 4. Pouco favorável 3. Indiferente 2. Um pouco
desfavorável 1. Muito desfavorável
5. Concordo totalmente 4. Concordo em parte 3. Indeciso (nem aprovo
nem desaprovo) 2. Discordo em parte 1. Discordo totalmente.

Medição das variáveis:

• Nominais – operação contagem, marcas, cores, modelos, sexo, tipo de


loja, regiões, uso/não uso, gosta/não gosta, ocupação etc.
• Ordinais – ordens de preferência, marcas, cores, modelos, tipo de loja,
produtos etc.

Medição das variáveis:

• Intervalares ou escalares – escalas sem incluir o zero, atitudes,


opiniões, conscientização e preferências.
• Razão – escalas ou intervalos com inclusão do zero, renda, idade,
altura, número de consumidores, número de lojas, quantidade de
produtos consumidos, número de vezes que o produto é comprado ao
mês, tamanho da empresa, preço, volume de vendas, lucros,
participação no mercado etc.

Anexo H

Disposição dos elementos do trabalho científico (ABNT NBR 14724:2011)

Estruturação do Relatório de Pesquisa: elementos pré-textuais, textuais e


pós-textuais
As normas referenciadas neste Anexo H tratam da normalização de
trabalho acadêmico, independentemente do grau que se pretende obter.
Destacam-se nesse elenco de normas as publicadas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT), além de outras normas, aplicáveis no processo
de elaboração de documentos e informações técnico-científicos no Brasil.
Entre as alterações feitas na norma NBR 14724:2011 está a possibilidade da
impressão do relatório ser feito em dois lados, conforme descrito na seção
2.1.1. Na presente revisão incorporou-se, ainda, a Reforma Ortográfica de
2009.
Ressalte-se, em relação à estrutura física do relatório, que o pesquisador
deve adotar o modelo apresentado a seguir, o qual está baseado na NBR
14724:2011 – Informação e documentação: trabalhos acadêmicos –
apresentações, completando-as com o Código de catalogação anglo-
americano. Assim, o relatório de pesquisa (monografia, dissertação ou tese)
deve estar adequadamente estruturado com os elementos pré-textuais,
textuais e pós-textuais.
É oportuno destacar que os documentos relacionados a seguir são
indispensáveis à aplicação da ABNT NBR 14724:2011. Para referências
datadas, aplicam-se somente as edições citadas. Para referências não datadas,
aplicam-se as edições mais recentes do referido documento (incluindo
emendas). A terceira edição da ABNT NBR 14724:2011 cancela e substitui a
edição anterior (ABNT NBR 14724:2005), a qual foi tecnicamente revisada.
ABNT NBR 6023, Informação e documentação – Referências – Elaboração.
ABNT NBR 6024, Informação e documentação – Numeração progressiva
das seções de um documento escrito – Apresentação.
ABNT NBR 6027, Informação e documentação – Sumário – Apresentação.
ABNT NBR 6028, Informação e documentação – Resumo – Procedimento.
ABNT NBR 6034, Informação e documentação – Índice – Apresentação.
ABNT NBR 10520, Informação e documentação – Citações em documentos
– Apresentação.
ABNT NBR 12225, Informação e documentação – Lombada –
Apresentação.
Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed. rev. 2002. São Paulo:
Febab, 2004.
IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993.

1 Estrutura de trabalhos acadêmicos: monografia, dissertação


ou tese

Busca-se, nesta parte do livro, permitir ao pesquisador um maior nível de


detalhamento da estrutura da monografia, dissertação ou tese. Deve-se
ressaltar, assim, que a estrutura das monografias, dissertações ou teses é
composta de elementos obrigatórios e elementos opcionais, de acordo com as
exigências inerentes à natureza da atividade desenvolvida, podendo ser
esquematizada como delineado abaixo.
As orientações apresentadas a seguir seguem as definições de trabalhos
acadêmicos segundo a ABNT NBR 14724:2011, Informação e documentação –
Trabalhos acadêmicos – Apresentação:

• trabalho de conclusão de curso de graduação, trabalho de graduação


interdisciplinar, trabalho de conclusão de curso de especialização e/ou
aperfeiçoamento: documento que apresenta o resultado de estudo,
devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser
obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo
independente, curso, programa, e outros ministrados. Deve ser feito
sob a coordenação de um orientador;
• dissertação: documento que apresenta o resultado de um trabalho
experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de
tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de
reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o
conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de
sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um
orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre;
• tese: documento que apresenta o resultado de um trabalho
experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e
bem delimitado; deve ser elaborado com base em investigação original,
constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão;
é feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa à obtenção
do título de doutor ou similar.

A estrutura de trabalhos acadêmicos compreende: parte externa e parte


interna. Com a finalidade de orientar os pesquisadores, a disposição de
elementos é explicitada no esquema a seguir:
Parte externa:

• Capa (obrigatório).
• Lombada (opcional).

Parte interna: elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-


textuais.
Anexo I

Disposição dos elementos do trabalho científico (Cf. ABNT NBR


14724:2011)

Estrutura Elemento

Pré- Capa (obrigatório)


textuais Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório) Dedicatória (opcional)
Agradecimentos (opcional)
Epígrafe (opcional)
Resumo em língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira
(obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)

Introdução
Textuais
Desenvolvimento Conclusão

Pós- Referências (obrigatório)


textuais Glossário (opcional) Apêndice (opcional) Anexo (opcional) Índices (opcional)

Fontes: ABNT NBR 14724:2011 (Terceira edição, 17.3.2011. Válida a partir de 17.4.2011).
(1) A nomenclatura dos títulos dos elementos textuais fica a critério do autor.

Figura 5.1 Estrutura da monografia, dissertação ou tese.

1.1 Elementos pré-textuais

Na parte pré-textual de uma monografia, dissertação ou tese devem estar


contidos diversos elementos obrigatórios e opcionais do trabalho. Esses
elementos devem ser descritos de forma ordenada, em conformidade com as
exigências e o esquema visual apresentado a seguir.

1.1.1 Capa

Capa (obrigatório) é a proteção externa do trabalho, sobre a qual se


imprimem as informações indispensáveis à sua identificação, e deve ser
apresentada conforme os itens 4.1.1 e 4.1.2 da norma ABNT NBR
14724:2011.

a) nome da instituição (opcional);


b) nome do autor;
c) título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e
possibilitando a indexação e recuperação da informação;
d) subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a
sua subordinação ao título; número do volume: se houver mais de um,
deve constar em cada capa a especificação do respectivo volume;
e) número do volume: se houver mais de um, deve constar em cada capa
a especificação do respectivo volume;
f) local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado; Observação:
no caso de cidades homônimas recomenda-se o acréscimo da sigla da
unidade da federação.
g) ano de depósito (da entrega).

1.1.2 Lombada

Elemento opcional. Apresentada conforme a ABNT NBR 12225.

1.1.3 Parte interna

Elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais.


Esta parte do trabalho acadêmico deve ser apresentada conforme 4.2.1 a
4.2.3 da norma ABNT NBR 14724:2011. Veja a esse respeito a estrutura
explicitada no item 5.1.

1.1.4 Elementos pré-textuais

A ordem dos elementos pré-textuais deve ser apresentada conforme


4.2.1.1 a 4.2.1.13 da norma ABNT NBR 14724:2011.

1.1.5 Folha de rosto


Elemento obrigatório. Apresentada conforme 4.2.1.1.1 e 4.2.1.1.2 da
norma ABNT NBR 14724:2011.

1.1.6 Anverso

Os elementos devem ser apresentados na seguinte ordem:

• nome do autor;
• título;
• subtítulo, se houver;
• número do volume, se houver mais de um, deve constar em cada folha
de rosto a especificação do respectivo volume;
• natureza: tipo do trabalho (tese, dissertação, trabalho de conclusão de
curso e outros) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e
outros); nome da instituição a que é submetido; área de concentração;
• nome do orientador e, se houver, do coorientador;
• local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
• ano de depósito (da entrega).

1.1.7 Verso

Deve conter os dados de catalogação na publicação, conforme o Código de


Catalogação Anglo-Americano vigente.

1.1.8 Errata Elemento opcional. Deve ser inserida logo após a folha de
rosto, constituída pela referência do trabalho e pelo texto da
errata. Apresentada em papel avulso ou encartado, acrescida ao trabalho
depois de impresso.
EXEMPLO
ERRATA
PEREIRA, B. M. Os reflexos do Acordo de Basileia no sistema bancário
brasileiro. 2010. 183 f. Tese (doutorado) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
Folha Linha Onde se lê Leia-se

31 13 infra-estrutura infraestrutura

1.1.9 Folha de aprovação

Elemento obrigatório. Deve ser inserida após a folha de rosto, constituída


pelo nome do autor do trabalho, título do trabalho e subtítulo (se houver),
natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido,
área de concentração), data de aprovação, nome, titulação e assinatura dos
componentes da banca examinadora e instituições a que pertencem. A data de
aprovação e as assinaturas dos membros componentes da banca examinadora
devem ser colocadas após a aprovação do trabalho.

1.2 Dedicatória

Elemento opcional. Deve ser inserida após a folha de aprovação.

1.2.1 Agradecimentos

Elemento opcional. Devem ser inseridos após a dedicatória.

1.2.2 Epígrafe

Elemento opcional. Elaborada conforme a ABNT NBR 10520. Deve ser


inserida após os agradecimentos. Podem também constar epígrafes nas folhas
ou páginas de abertura das seções primárias.

1.2.3 Resumo na língua vernácula

Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6028.


1.2.4 Resumo em língua estrangeira

Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6028.

1.2.5 Lista de ilustrações

Elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apresentada no


texto, com cada item designado por seu nome específico, travessão, título e
respectivo número da folha ou página. Quando necessário, recomenda-se a
elaboração de lista própria para cada tipo de ilustração (desenhos, esquemas,
fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas, organogramas, plantas, quadros,
retratos e outras).
EXEMPLO
Gráfico 5 – Distribuição dos grupos de risco para violência por faixa etária
17

1.2.6 Lista de tabelas

Elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apresentada no


texto, com cada item designado por seu nome específico, acompanhado do
respectivo número da folha ou página.
EXEMPLO

Tabela Desempenho da Balança Comercial do Brasil, no


11
1– período de janeiro de 2001 a dezembro de 2012

Tabela Crescimento da área irrigada no Brasil, por estado,


15
2– no período 1998-2010

Tabela Crescimento da área irrigada no Brasil, por método


17
3– de irrigação, no período 1998-2010

1.2.7 Lista de abreviaturas e siglas


Elemento opcional. Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas
utilizadas no texto, seguidas das palavras ou expressões correspondentes
grafadas por extenso. Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada
tipo.
EXEMPLO

CMN Conselho Monetário Nacional

Adm. Administração

CVM undo Monetário Internacional

1.2.8 Lista de símbolos

Elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apresentada no


texto, com o devido significado.
EXEMPLO
A0 – área da seção reta inicial do corpo de prova de tração
AH2 – área das amostras de tração e fadiga a ser hidrogenada
bF – largura da seção transversal do corpo de prova de fadiga

1.2.9 Sumário

Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6027.

1.3 Elementos textuais

O texto é composto de uma parte introdutória, que apresenta os objetivos


do trabalho e as razões de sua elaboração, o desenvolvimento, que detalha a
pesquisa ou estudo realizado e uma parte conclusiva.

1.3.1 Elementos pós-textuais


A ordem dos elementos pós-textuais deve ser apresentada conforme
4.2.3.1 a 4.2.3.5. da ABNT NBR 14724:2011.

1.3.2 Referências

Elemento obrigatório. Elaboradas conforme a ABNT NBR 6023.

1.3.3 Glossário

Elemento opcional. Elaborado em ordem alfabética.


EXEMPLO
Balanço de pagamentos: consiste no registro de todas as transações
realizadas entre os residentes de um país e os residentes de outros países
durante determinado período de tempo (usualmente, um ano). O Balanço de
pagamentos pode ser preliminarmente dividido em duas grandes contas:
Transações Correntes (que inclui a Balança Comercial e o Balanço de
Serviços) e a conta de Capital.
Bolsa de Valores: local onde se negociam títulos emitidos por empresas
privadas ou estatais. O título dá ao portador o direito de propriedade sobre
uma quantia em dinheiro, pela qual responde o emissor do documento. Tais
operações servem para as empresas captarem recursos dos quais não dispõem.
Commodity: termo usado em transações comerciais internacionais para
designar um tipo de mercadoria em estado bruto ou com um grau muito
pequeno de industrialização. As principais commodities são produtos
agrícolas (como café, soja e açúcar) ou minérios (cobre, aço e ouro, entre
outros).

1.3.4 Apêndice

Elemento opcional. Deve ser precedido da palavra APÊNDICE, identificado


por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título.
Utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos apêndices,
quando esgotadas as letras do alfabeto.
EXEMPLO
APÊNDICE B – Relação entre ciência, tecnologia e inovação e
desenvolvimento socioeconômico

1.3.5 Anexo

Elemento opcional. Deve ser precedido da palavra ANEXO, identificado


por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título.
Utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos anexos, quando
esgotadas as letras do alfabeto.
EXEMPLO
ANEXO A – Representação gráfica do desempenho do Produto Interno
Bruto do Brasil no período de 1998 a 2010.

1.3.6 Índice

Elemento opcional. Elaborado conforme a ABNT NBR 6034.

1.3.7 Regras gerais

A apresentação de trabalhos acadêmicos deve ser elaborada conforme 5.1


a 5.9 da ABNT NBR 14724:2011.

1.3.8 Formato

Os textos devem ser digitados ou datilografados em cor preta, podendo


utilizar outras cores somente para as ilustrações. Se impresso, utilizar papel
branco ou reciclado, no formato A4 (21 cm × 29,7 cm).
Os elementos pré-textuais devem iniciar no anverso da folha, com exceção
dos dados internacionais de catalogação na publicação que devem vir no
verso da folha de rosto. Recomenda-se que os elementos textuais e pós-
textuais sejam digitados ou datilografados no anverso e verso das folhas. As
margens devem ser: para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e
inferior de 2 cm; para o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior
de 2 cm.
Recomenda-se, quando digitado, a fonte tamanho 12 para todo o trabalho,
inclusive capa, excetuando-se citações com mais de três linhas, notas de
rodapé, paginação, dados internacionais de catalogação na publicação,
legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, que devem ser em tamanho
menor e uniforme.

1.3.9 Espaçamento

Todo texto deve ser digitado ou datilografado com espaçamento 1,5 entre
as linhas, excetuando-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé,
referências, legendas das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo do trabalho,
objetivo, nome da instituição a que é submetido e área de concentração), que
devem ser digitados ou datilografados em espaço simples. As referências, ao
final do trabalho, devem ser separadas entre si por um espaço simples em
branco.
Na folha de rosto e na folha de aprovação, o tipo do trabalho, o objetivo, o
nome da instituição e a área de concentração devem ser alinhados do meio da
mancha gráfica para a margem direita.

1.4 Notas de rodapé

As notas devem ser digitadas ou datilografadas dentro das margens,


ficando separadas do texto por um espaço simples entre as linhas e por filete
de 5 cm, a partir da margem esquerda. Devem ser alinhadas, a partir da
segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra,
de forma a destacar o expoente, sem espaço entre elas e com fonte menor.

1.4.1 Indicativos de seção

O indicativo numérico, em algarismo arábico, de uma seção precede seu


título, alinhado à esquerda, separado por um espaço de caractere. Os títulos
das seções primárias devem começar em página ímpar (anverso), na parte
superior da mancha gráfica e ser separados do texto que os sucede por um
espaço entre as linhas de 1,5. Da mesma forma, os títulos das subseções
devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um espaço
entre as linhas de 1,5. Títulos que ocupem mais de uma linha devem ser, a
partir da segunda linha, alinhados abaixo da primeira letra da primeira
palavra do título.

1.4.2 Títulos sem indicativo numérico

Os títulos, sem indicativo numérico – errata, agradecimentos, lista de


ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário,
referências, glossário, apêndice(s), anexo(s) e índice(s) – devem ser
centralizados.

1.4.3 Elementos sem título e sem indicativo numérico

Fazem parte desses elementos a folha de aprovação, a dedicatória e a(s)


epígrafe(s).

1.4.4 Paginação

As folhas ou páginas pré-textuais devem ser contadas, mas não


numeradas.
Para trabalhos digitados ou datilografados somente no anverso, todas as
folhas, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente,
considerando somente o anverso. A numeração deve figurar, a partir da
primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior
direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm
da borda direita da folha.
Quando o trabalho for digitado ou datilografado em anverso e verso, a
numeração das páginas deve ser colocada no anverso da folha, no canto
superior direito; e no verso, no canto superior esquerdo.
No caso de o trabalho ser constituído de mais de um volume, deve ser
mantida uma única sequência de numeração das folhas ou páginas, do
primeiro ao último volume. Havendo apêndice e anexo, as suas folhas ou
páginas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar
seguimento à do texto principal.

1.4.5 Numeração progressiva

Elaborada conforme a ABNT NBR 6024. A numeração progressiva deve ser


utilizada para evidenciar a sistematização do conteúdo do trabalho.
Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de
negrito, itálico ou sublinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica, no
texto.

1.4.6 Citações

Apresentadas conforme a ABNT NBR 10520.

1.4.7 Siglas

A sigla, quando mencionada pela primeira vez no texto, deve ser indicada
entre parênteses, precedida do nome completo.
EXEMPLO
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

1.4.8 Equações e fórmulas

Para facilitar a leitura, devem ser destacadas no texto e, se necessário,


numeradas com algarismos arábicos entre parênteses, alinhados à direita. Na
sequência normal do texto, é permitido o uso de uma entrelinha maior que
comporte seus elementos (expoentes, índices, entre outros).

EXEMPLO
x 2 + y 2 = z2 (1)
(x2 + y 2) /5 = n (2)

1.4.9 Ilustrações

Qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identificação aparece na parte


superior, precedida da palavra designativa (desenho, esquema, fluxograma,
fotografia, gráfico, mapa, organograma, planta, quadro, retrato, figura,
imagem, entre outros), seguida de seu número de ordem de ocorrência no
texto, em algarismos arábicos, travessão e do respectivo título. Após a
ilustração, na parte inferior, indicar a fonte consultada (elemento obrigatório,
mesmo que seja produção do próprio autor), legenda, notas e outras
informações necessárias à sua compreensão (se houver). A ilustração deve ser
citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere.

1.5 Tabelas

Devem ser citadas no texto, inseridas o mais próximo possível do trecho a


que se referem e padronizadas conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

Registre-se que no campo da normalização existe também a normalização em estilo


Vancouver, desenvolvida por um grupo de editores dos mais tradicionais periódicos
internacionais da área médica. Essa normalização vem sendo adotada na atualidade por
vários cursos de graduação e pós-graduação, bem como por periódicos da área de
Saiba saúde, que utilizam as sugestões de normalização do “Grupo de Vancouver”.
mais...
Por sua vez, para a área da Psicologia, a American Psychological Association (APA) é a
referência internacional para publicações científicas. Assim, o pesquisador tem na APA
acesso às regras internacionais de escrita de textos científicos para qualificar e tornar
mundialmente aceitas e passíveis de publicação as produções científicas nessa área.

1
MATIAS-PEREIRA, José. Manual de metodologia da pesquisa científica. São Paulo: Atlas, 2012. p.
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