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Dizemos que este é o conhecimento mais básico pois dá-nos respostas para diversas
situações da nossa vida e serve como base de construção para conhecimentos mais
elaborados e aprofundados, como o conhecimento científico.
Já o conhecimento científico resulta de investigação metódica, sistemática da
realidade, ou seja, é obtido através dos processos rigorosos de análise/observação,
reflexão e experimentação. Ele transcende os factos em si mesmos, analisa-os para
descobrir as suas causas e concluir as leis gerais que os regem.
Ora, como sabemos uma das caraterísticas do conhecimento científico é o seu caráter
metódico, caraterística esta que o distingue do conhecimento vulgar. Qual será então
a especificidade metodológica da ciência?
Há dois grandes modelos metodológicos: o indutivo e o hipotético-dedutivo.
O método indutivo, apoiado por Francis Bacon, Stuart Mill e David Hume, é a
perspetiva epistemológica que salienta a importãncia da indução para a ciência, sendo
o raciocínio indutivo a chave para a descoberta e justificação das teorias científicas.
Segundo este método, a ciência parte dos factos e da sua observação, sendo esta
objetiva, imparcial e rigorosa que permite encontrar padrões de comportamento,
relações de semelhança e de coexistência, e estabelecer enunciados observacionais;
Estes referem-se sempre a casos particulares: observando-se este ou aquele
particular fenómeno; constata-se, por exemplo, que o ferro é bom condutor de calor e
que o mesmo acontece com cobre ou com o estanho.
Por sua vez, a observação dos factos suscita uma hipótese, isto é, uma explicação
provisória para o problema que se está a investigar, estando sujeita a verificação, ou
seja, supõe análise e interpretação dos factos observados: todos os metais são bons
condutores de calor.
Contudo, o indutivismo tem sido alvo de inúmeras críticas, a primeira coloca-se devido
ao papel da observação como um ponto de partida para a investigação científica.A
observação dos factos não é o ponto de partida da Ciência nem é imparcial nem
isenta, como já temos alguns conhecimentos prévios e expetativas do que
provavelmente vamos encontrar, então estas vão afetar o que vemos de facto.
A segunda critica tem haver com o procedimento utilizado, indutivo, para obtenção de
proposições gerais a partir de proposições particulares. Este problema foi levantado
por Hume e denomina-se como o problema da indução, apercebemos-nos de que
existe uma regularidade no modo como os fenómenos acontecem, obedecendo ao
princípio da uniformidade. Porém, este princípio não constitui uma verdade necessária,
não o podemos justificar racionalmente e empiricamente, para além de que a indução
só se justifica se nos apoiarmos noutro raciocínio indutivo, isto é uma falácia da
petição de princípio, usamos como prova o que queremos provar. Sendo assim, este
principio decorre do hábito de ver um fenómeno decorrer ao outro o que nos faz crer e
esperar que estes se repitam do mesmo modo no futuro, o rigor e a verdade do
conhecimento cientifico ficam, assim, comprometidos.
Para garantir a validade das hipóteses é preciso criticá-las, tentar refutá-las e procurar
os seus pontos fracos. Só assim é possível o progresso científico, avançar de velhos
problemas para novos problemas por meio de conjeturas.
Ao contrário dos indutivistas, os dedutivistas utilizam o critério de falsificabilidade pois
acreditam que as teorias científicas não são empiricamente verificáveis, mas sim que
uma hipótese será científica, se e só se, for falsificável.
O único objetivo dos testes a que se submete uma hipótese é o de falsificá-la e não o
de verificá-la, pois basta um facto contrário para a refutar e nenhum número de factos
favoráveis é suficiente para a confirmar. A falsificabilidade é, para Popper, o critério de
demarcação entre o que é ciência e o que não é ciência (pseudociência) e, deste
modo, as teorias só são científicas se forem falsificáveis. Uma teoria científica deixa de
poder ser considerada verdadeira e só pode ser considerada corroborada, se resistiu a
refutação e ainda não é falsa, e verosímil, aproxima-se da verdade. Têm esta noção
porque a ciência é propensa ao erro, fator de progresso, certos acontecimentos ainda
não foram observados e quando forem a teoria pode eventualmente ser refutada o que
nos leva a abandoná-la ou a construir outra com os novos dados.
Contudo, a filosofia de Popper também não esta isenta de críticas e a primeira decorre
do facto de o processo de refutação e falsificação não ser o processo mais comum
entre os cientistas, o falsificacionismo não corresponde á pratica científica, não
descreve de forma adequada o modo como a ciência progride. Geralmente os
cientistas procuram factos confirmativos e não o contrário. Acrescenta-se que não é o
facto de existirem dados que contrariam uma dada teoria que faz com que o cientista
abandone tal teoria.