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Sintetizando brevemente…
Após a cilada organizada contra Simão botelho por Baltasar Coutinho, onde Simão ficou
gravemente ferido este é ajudado por o ferreiro João Cruz e por sua filha Mariana. No entanto,
ainda que esteja em estado crítico, o que lhe preocupara mais era não ter novidades de sua
amada Teresa. Mais tarde, esta envia-lhe uma carta em que conta o comportamento do seu
pai e de Baltasar, mostrando-se também preocupada por ter ouvido falar na morte dos criados
de seu primo.
Enquanto isso, Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, decide encerrá-la num convento no
Porto, mas enquanto a documentação não está tratada esta vai para um convento em Viseu,
levando consigo tinteiro, papel e o maço das cartas de Simão a fim de não perder contato com
este. Ao entrar no mosteiro, Teresa sente-se livre, pois o seu coração está livre de tormentas,
mas em breve percebe que está errada a respeito da vida monacal e que ali reina a mentira e a
falsidade, características acentuadas no diálogo com as freiras, onde esta é confrontada com
várias intrigas e vícios, percebendo que aquele não é um exemplar de viver” nem um” refúgio
de virtudes” como ela esperava.
Quando vê a ferida de Simão, Mariana desmaia surpreendendo o seu pai, uma vez que esta
estava habituada a curativos. Esta torna-se enfermeira de Simão e cuida dele gentilmente,
evidenciando assim os seus sentimentos por ele.
Ao saber que Teresa esta encerrada num convento, o que deixa Mariana alegre, que tal como
o narrador dizia só um “observador perspicaz veria “, este fica revoltado e escreve a Teresa
dizendo que condena a submissão, promete tirá-la do convento e afirma que a vida não faz
sentido se não se sacrificar por ela.
Percebendo que Simão não tem dinheiro para fugir com Teresa e viver com esta, Mariana
oferece-lhe as suas economias dizendo que o dinheiro pertence à mãe do próprio de maneira
que não o rejeitasse. Mais tarde, devido às ações de Mariana para com ele e o carinho, zelo
com que esta o trata, Simão percebe que é amado pela filha de João e sente-se bem com isso
“no amor que nos dão é que nós graduamos o que valemos na nossa consciência”, ainda que
não pudesse retribuir este amor.
De um ponto de vista narrativo, esta obra insere-se num romantismo evidenciado por vários
fatores/ elementos:
-Simão, como o herói romântico: Simão encarna a figura do herói romântico que dedica a sua
vida a um amor idealizado e sem limites. Traça um grande plano e dedica a sua existência ao
cumprimento deste objetivo, Simão move a sua vida pelo ideal do amor por teresa e está
disposto a sacrificar-se por ela.
-Amor-paixão entre Teresa e Simão: Teresa e Simão, tendo consciência da dimensão sublime
da sua paixão estão dispostos a abdicar da sua liberdade e, até da sua própria vida a fim de
ficarem juntos. A morte não os intimida, estes encarnam o amor como um sentimento ideal
que, caso não possa ser vivido na Terra, será concretizado no Céu estando seguros do carater
eterno da sua paixão.
Nestes capítulos existe uma intencionalidade critica à cerca da igreja. Esta é vista de uma
forma depreciativa, pois quando Teresa acredita que vai encontrar a salvação no convento e
estar num lugar de paz, depara-se com falsidades, impurezas, intrigas e vícios das freiras que
têm vocação para tudo, menos para a vida religiosa, vivem envoltas em fofocas, são adeptas
do vinho como "remédio estomacal", nada a ver com a vida cheia de virtudes, caridosa e
espiritual que sempre ouviu dizer que havia nos conventos. A forma como vivem e se
comportam as freiras do convento de Monchique não condiz com a ideia de um sistema que
hipocritamente defende a purificação, é reflexo de uma estrutura social corrompida em seus
valores e desonesta em sua própria avaliação.
Esta critica é evidenciada com clareza pois o narrador ainda que não participante, não relata a
história de forma imparcial e neutra. Este é onisciente, isto é, um narrador que desvenda o
universo interior dos personagens. Na verdade, a narração deste é acompanhada por juízos
emitidos sobre as personagens e sobre a sociedade. O narrador, apresenta a sua opinião, tira
conclusões sobre episódios da intriga e desenvolve reflexões e críticas sobre comportamentos
sociais, tal como a critica à igreja.
Em vários momentos, este narrador dirige-se diretamente às pessoas que estão a ler o livro,
designando-as como “a leitora” ou “leitor”. Desta forma cúmplice, envolve os leitores na
avaliação do mundo e das personagens da intriga, fazendo-nos refletir á cerca dos problemas
associados à obra.