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hipóteses
O problema da demarcação
A ciência permitiu ao ser humano chegar a lugares nunca antes pensados, constituindo um
grande avanço em relação a formas anteriores de adquirir conhecimento.
É através dela que conseguimos, prever e controlar de forma eficaz o comportamento da
natureza. Como exemplo temos a medicina com os seus avanços, em que antigamente a
tuberculose era a principal causa de morte, e atualmente tem cura.
Existe muitos exemplos que sustentam a confiança no poder da ciência e nos seus recursos.
O caracter metódico e rigoroso do conhecimento científico não é suficiente para fornecer um
critério geral e seguro que nos permita distinguir o que é científico daquilo que não é científico.
Assim surgiu o seguinte problema – qual o critério que nos permite distinguir uma teoria
científica de uma não científica? – que ficou conhecido como o problema da demarcação.
A relevância deste problema reside no facto de haver na sociedade atividades que sabemos
serem fraudulentas e que se pretendem fazer passar por científicas quando na realidade não o
são, o que é chamado de pseudociência.
É com o objetivo de não sermos levados por tal que existe a necessidade de um critério de
demarcação que nos permita distinguir, de forma segura, a ciência da não ciência.
A observação;
Formulação de teorias científicas (leis gerais);
Previsão, explicação e confirmação.
Problema
Segundo Popper, a observação não serve como ponto de partida para a investigação científica.
Não existe uma observação pura e imparcial dos factos, pois no momento em que o cientista
parte para a observação já dispõe de um conjunto de teorias e expectativas prévias que
orientam o seu trabalho e que necessariamente influenciam a forma como ele interpreta aquilo
que observa.
Para Popper, o verdadeiro ponto de partida para a ciência é o problema, uma inquietação que é
levantada por uma observação que entra em confronto com as nossas teorias, os nossos
interesses e as nossas expectativas.
Assim o problema surge quando uma determinada expectativa ou observação entra em
confronto com as nossas teorias prévias, caso não exista um problema a própria investigação
científica nem chega a ter início.
Assim como Popper, Claude Bernard também faz dos problemas um ponto de partida.
Exemplo: a observação da urina clara e ácida destes coelhos constitui um problema para o
cientista porque entra em choque com os conhecimentos prévios que o investigador possui em
relação ao que é normal, um coelho por ser herbívoro apresentar uma urina turva e alcalina,
este investigador ficaria surpreendido com o facto de se não tivesse qualquer conhecimento
prévio das características da urina destes animais herbívoros.
Deste modo, a alteração agora identificada nas características da urina constitui um problema:
como pode a urina de um herbívoro, como este coelho, ser clara e acida, como é próprio de um
animal carnívoro?
É esta a questão que servira de base e orientação para todo o trabalho que a cientista irá
desenvolver depois. Exemplos como este ilustram como Popper defende o 1º momento do
método científico é o problema.
Conjetura
Para resolver o problema identificado, compete ao cientista propor uma primeira tentativa de
solução e avançar com uma teoria ou hipótese que permita explicar adequadamente os factos
observados.
Essa teoria não é o ressoltado de uma generalização indutiva, mas sim um palpite alicerçado
nos nossos conhecimentos prévios, ou seja, uma suposição arrojada e imaginativa, mas
devidamente fundamentada. Popper usa o termo conjetura para designar este tipo de
hipóteses.
David Deutsch também esclarece este conceito.
Perante as características atípicas da urina dos coelhos, cabe ao cientista conjeturar uma
hipótese ou teoria que permita explicar os factos observados.
O investigador sabendo da abstinência alimentar destes coelhos e da alteração da urina
produzida, surgiu como hipóteses algo como – em jejum, os coelhos são carnívoros.
Refutação
Na 3ª etapa do método científico, resta ao cientista testar a sua hipótese, ou seja, confronta-la
com a experiência. No entanto, Popper não acreditava que a verificação empírica de uma
hipótese geral, fosse possível, alegando que, uma vez que correspondem a enunciados
universais, as hipóteses cientifícas não são suscetíveis de verificação, são apenas suscetíveis de
falsificação. Isto é, por maior número que seja de casos que confirmem uma hipótese, bastara
aparecer um caso que a contrarie para que esta seja completamente posta em causa.
Um coelho, mesmo em jejum, se tivesse as características próprias de um herbívoro seria o
suficiente para provar a falsidade da hipótese geral. Assim podemos concluir que existe uma
discrepância entre as observações que confirmam uma hipótese e as observações que provam a
sua falsidade, um teste que confirma a hipóteses é apenas mais um teste e não permite concluir
de modo definitivo que uma dada hipótese é verdadeira, mas um teste que prove a sua
falsidade, fá-lo de modo conclusivo.
Recorre-se a testes experimentais para provar a sua falsidade, para tentar refutar.
Assim a estrutura logica aos testes experimentais tem por base uma forma de inferência válida:
modo tollens.