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Edição e adaptação
Luiz Ferraz Netto
leobarretos@uol.com.br
Introdução
Karl Popper [1902-1994] é considerado o filósofo que definiu a Ciência
Moderna delimitando seu objeto de estudo e definindo suas fronteiras.
Assim, segundo Popper:
As pseudo-ciências
A ciência não é nada misericordiosa em relação às teorias que se propõe
serem científicas. Para que uma teoria científica seja derrubada basta
achar um único caso em que ela falhe e, mesmo que ela passe incólume
por inúmeros testes, nunca poderá ser considerada uma teoria
verdadeira, pois sempre poderá ocorrer um caso em que ela falhe. Para
elucidar, vejamos um exemplo de uma teoria não científica. Se eu
proponho a seguinte teoria:
esta não é uma teoria científica, pois não existem meios de verificar a
existência do tal "diabinho verde" uma vez que ele sempre desaparece
quando se tenta detectá-lo. Contudo, se a teoria fosse:
Em princípio, tudo poderá mudar de uma hora para outra. Não existem
garantias de que as leis da Física continuem valendo eternamente.
Ninguém pode saber com certeza como o universo é ou será ou mesmo
apresentar alguma prova que garanta que as Leis Físicas permanecerão
constantes.
Evidências factuais
O mecanismo de indução é uma das maneiras mais utilizadas para
a modelagem de teorias científicas e, pensando bem, não deveria ser de
outro modo já que a ponte de ligação entre nosso cérebro e a Natureza
é feita através de observações. As teorias científicas nada mais são do
que uma forma de modelar a natureza extraindo dela a sua essência, o
fator comum a todos os eventos observados.
Conquanto o mecanismo de indução, baseado na repetida observação de
fatos particulares, pode muitas vezes nos levar a teorias errôneas, o que
se poderia então dizer de teorias concebidas sem nem mesmo uma
única observação? Almas, espíritos e fantasmas são fatos de repetidas
observações na natureza? Quando foi que você viu pela última vez
alguns deles?
Por incrível que possa parecer teorias feitas assim são as que mais
existem e isso não deixa de ser um sinal de que o cérebro é um órgão
bastante fértil e criativo na sua capacidade de abstração e síntese, mas
infelizmente, tal capacidade humana de gerar teorias acaba por poluir o
mundo de muitas idéias que carecem de qualquer vínculo com a
realidade.
As teorias, não apenas as teorias físicas, mas qualquer teoria que tente
explicar o mundo de alguma forma, são tantas que, para se separar o
joio do trigo, adota-se um primeiro filtro que faz esta tarefa: A busca
pelas evidências.
Evidências são fatos que corroboram uma dada teoria, isto é, dados
provenientes da realidade que parecem se adequar à teoria proposta.
Assim, teorias que carecem de evidências são sempre preteridas em
relação às teorias que apresentam evidências a seu favor.
Mas devemos ser cautelosos e termos sempre em mente que uma
evidência, embora possa corroborar uma teoria, nunca é uma prova de
que a mesma seja verdadeira.
A Navalha de Ocam
Testar ou avaliar teorias nem sempre é algo trivial. Não falo apenas de
teorias científicas complexas, que requeiram uma sofisticada e precisa
parafernália eletrônica, mas teorias ou hipóteses de nosso próprio
dia-a-dia. Por vezes somos confrontados ou inquiridos a respeito de
varias teorias ou hipóteses diferentes, como por exemplo, o que
achamos da "possibilidade da existência de vida inteligente fora da
terra" ou se"rezas auxiliam ou não na rapidez da cura de um enfermo".
- Pedras da Lua
A maioria das pessoas optaria pela primeira teoria : -A caixa está vazia.
Qual seria então a razão lógica desta escolha? O que teria levado as
pessoas a escolherem a mesma opção sem que nenhuma delas
soubessem o que está dentro da caixa?
A Matemática
Se o critério científico utilizado na busca pela verdade é a refutabilidade
o que podemos dizer a respeito da matemática, a ferramenta mais
utilizada pelas ciências? A matemática faria parte da ciência, uma parte
do universo descoberto pelo homem,ou uma área do conhecimento
independente, inventada pelo homem?
[Uma solução que encontrei para esta questão seria que o universo
serviria à Física porque o próprio universo poderia ser virtual, algo como
um modelo computacional (Veja o apêndice A para mais detalhes)].
Resumo
* Vimos que a ciência esta alicerçada no critério de falseabilidade ou
refutabilidade: Teorias que não podem ser refutadas não são teorias
científicas. E que nenhuma teoria científica pode ser considerada
verdadeira. As teorias sofrem uma seleção natural onde apenas as que
conseguem passar pelos inúmeros testes de refutabilidade sobrevivem.
* O método de indução é uma das formas de gerar conhecimento
através da abstração e síntese da observação de fatos particulares, mas
não por isso deve ser considerada melhor, ou mais valida, do que
qualquer outra forma de geração de conhecimento. Aliás, a ciência não
faz qualquer restrição quanto à origem das teorias científicas.
* Muitas teorias rivais podem passar ilesas pelos critérios de
refutabilidade, mas se temos que escolher uma delas, ainda existe pelo
menos dois outros critérios considerados científicos de se fazer esta
escolha: As que apresentam evidências a seu favor e, se esta não puder
ser aplicada, teremos ainda a "Navalha de Ocam".
* A "navalha de ocam" deve ser utilizada quando as teorias rivais
passam tanto pelo critério de refutabilidade quanto pelo critério das
evidências (quando ambas ou nenhuma delas, apresentam fatos a seu
favor). A "navalha"estabelece que devemos escolher a teoria que
apresente o menor numero de entidades ou hipóteses, considerada
assim, a mais simples.
Apêndices