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GOVERNO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ
DIRETORIA DE ENSINO CAMPUS TABULEIRO DO NORTE
ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO
DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA
Rodovia CE-377, Km 2 - CEP 62.960-000 - Tabuleiro do Norte - CE - www.ifce.edu.b

Prof. Dr. Estevam Dedalus

Aluno: André Luís Oliveira Maia

1ª) O indutivismo é uma das perspectivas epistemológicas mais influentes da história da ciência.
Afinal, ele se baseia em quê? Quais são as suas limitações lógico-metodológicas? Argumente e
justifique a sua resposta.

O indutisvismo é um método científico que obtém afirmações universais a partir de


afirmações singulares. Para ele, a ciência parte da observação dos fenômenos. O princípio da
indução, segundo Chalmers, pode ser descrito como: “Se um grande número de As foi observado
sob uma ampla variedade de condições, e se todos esses As observados possuíam sem exceção a
propriedade B, então todos os As têm a propriedade B”.
É também na afirmação deste princípio que surgem as limitações do método. Para autores
contrários, não é possível determinar uma quantidade finita de observações, seriam necessárias
infinitas observações sob infinitas variedades de condições. Além disso, é muito ingênuo afirmar
que as teorias e leis partem da observação. Várias situações mostram que o cientista já pressupõe
teorias e premissas antes mesmo de iniciar as observações, devido a sua experiência.
Ainda segundo o método, a partir de leis e teorias universais é possível derivar delas várias
consequências que servem como explicações e previsões, chamado de raciocínio dedutivo. Logo,
segundo o raciocínio lógico, se as premissas são verdadeiras então a conclusão também é
verdadeira. Mas se as premissas são ou não verdadeiras é uma questão que não pode ser resolvida
com um recurso à lógica. Um argumento pode ser uma dedução perfeitamente lógica mesmo que
envolva uma premissa que é de fato falsa.

2ª) Discorra sobre o falsificacionismo popperiano, sua lógica de demarcação e progresso


científico.

A teoria falsificacionista surge como crítica ao método indutivista que norteia as teorias
científicas com base na observação. Para Popper, a teoria pressupõe a observação. O
falsificacionismo vê a ciência como um conjunto de hipóteses que são experimentalmente propostas
com a finalidade de descrever ou explicar o comportamento de algum aspecto do mundo ou do
universo.
Essas hipóteses, porém, devem ser precisas e amplas, sendo sujeitas a falsificação. Para o
falsificacionista, quanto mais propícia à falsificação, melhor a teoria. Teorias vagas e imprecisas,
cuja exposição a testes e observações garantam conclusões variadas e subjetivas devem ser
rejeitadas. Uma boa teoria é aquele passível de falsificação e que resista a essas tentativas.
Para Popper e sua teoria falsificacionista o progresso científico acontece por tentativa e erro.
 Um cientista propõe uma teoria a fim de explicar algum fenômeno do universo;
 As hipóteses propostas são então criticadas e testadas;
 Hipóteses falsificadas são então rejeitadas e as que sobreviveram passarão por testes mais
precisos e rigorosos;
 Se todas as hipóteses são falsificadas, um novo problema surge e este pede a formulação de
novas proposições que devem sujeitas a crítica e testes;
 E dessa forma o processo continua indefinidamente.

Para o falsificacionista, nenhuma teoria pode ser dita como essencialmente verdadeira. As
teorias aceitas pelo método são aquelas que melhor explicam os problemas propostos, porém são
altamente falsificáveis e podem ser superadas por teorias posteriores. A lógica falsificacionista é
muito precisa, uma proposição de observações singulares pode chegar a falsificar teorias e leis
universais.

3ª) Com base nas ideias weberianas sobre ciência, racionalidade e desencantamento do mundo, faça
uma dissertação sobre o trecho abaixo da canção Cérebro Eletrônico de ‘Gilberto Gil:

Só eu posso pensar
Se deus existe, só eu
Só eu posso chorar quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões de carne e osso
Eu falo e ouço
Eu penso e posso
Eu posso decidir se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Em meu caminho inevitável para a morte
Porque sou vivo, ah
Sou muito vivo e sei

Desde as civilizações antigas, o homem busca respostas para explicar os acontecimentos do


mundo. Segundo Weber, o homem, antes guiado por uma visão espiritual e mágica e depois por uma
perspectiva metafísica, hoje se orienta pela ciência moderna. Não se pode, no entanto, achar que
esse progressismo traga apenas benefícios, crítica encontrada na canção proposta.
Os fenômenos e acontecimentos do mundo são explicados de forma racional e científica,
chamado de processo de racionalização, provocando o que Weber chama de desencantamento do
mundo, ou seja, o mundo encantado foi analisado e a conclusão é que não é tão encantado assim.
A ciência, porém, apenas procura descrever os fenômenos e não tem interesse em dar
significação a eles. Weber aponta que isso provoca no homem a perda de sentido e de liberdade,
lado negativo da modernidade. A sociedade antes escravizada pelos pensamentos mágicos e
metafísicos hoje é escravizada pelas teorias e leis científicas.
A canção traz a ideia de que cada homem é livre para pensar, decidir e duvidar daquilo que é
proposto a sociedade. Esse mesmo pensamento foi discutido em sala usando o exemplo dos alemães
que trabalhavam nas câmaras de gás no período do holocausto, onde a perda de sentido e liberdade
fez vários homens puxarem uma alavanca que matava dezenas de pessoas, pois estavam apenas
fazendo o seu trabalho.
Portanto, defendo a importância do avanço científico na proposta de explicação dos
problemas do mundo moderno, porém afirmo que muitos homens não se contentam com a simples
descrição dos acontecimentos, é necessário dá sentido a eles, papel que a religião e outras filosofias
continuam desempenhando desde os tempos antigos até os dias atuais.

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