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Sara
Carl Raposo
os P
ires
F I L O SO
FIA 11.º
1
O problema da demarcação
• Pode variar de pessoa para pessoa e é • Envolve uma sistemática preocupação com o
utilizado sem uma preocupação rigor e a justificação das afirmações
sistemática de rigor e de justificação
• Caracteriza-se pela procura das causas dos
• Inclui, também, algumas superstições, fenómenos e pela tentativa de construir um
como, por exemplo, acreditar que o conjunto organizado e coerente de
número 13 dá azar conhecimentos
O PROBLEMA DA DEMARCAÇÃO
A frase 1 é verificável, pois a sua verdade ou falsidade pode ser estabelecida através da experiência.
Contudo, a frase 2 não é verificável, pois não há observações que possam evidenciar a sua verdade
ou falsidade.
Uma dessas críticas alega que, sendo as hipóteses e as leis científicas expressas por
enunciados universais, estas não podem ser alvo de verificação, pois isso implicaria algo
que ninguém consegue fazer: observar todos os casos.
Por maior que seja o número de casos observados, não é possível garantir a verdade
de uma lei que se expressa num enunciado universal, já que é impossível observar
o número indefinido de casos a que a proposição universal se refere.
CONFIRMAÇÃO
Devido às objeções apontadas ao critério de verificabilidade, outros filósofos positivistas –
nomeadamente Carnap – apresentam um critério de cientificidade alternativo: a confirmação.
Uma teoria é falsificável se for possível pensar numa circunstância que caso, ocorresse, a
desmentiria (a tornaria falsa).
Popper salienta que essas condições empíricas que permitem refutar (ou falsificar) as teorias
científicas têm de ser logicamente pensáveis ou imagináveis; não significa que tenham de vir
a ocorrer, podem acontecer ou não.
A RESPOSTA DE POPPER: FALSIFICABILIDADE
De acordo com Popper, os cientistas devem adotar uma atitude crítica. Ou seja, devem formular
teorias claras, onde se explicitem as condições em que estas podem revelar-se falsas e depois
realizar testes exigentes, procurando eventuais erros nessas teorias – ou seja, devem procurar
falsificá-las.
Quando uma teoria não resiste às tentativas de falsificação dos testes empíricos, diz-se
que foi falsificada e terá de ser substituída por outra (na totalidade ou em parte) que
corrige os erros da anterior.
Se, pelo contrário, os dados observacionais não conseguem pôr em causa a teoria, diz-
-se que foi corroborada (saiu fortalecida). A corroboração permite a aceitação
provisória da teoria enquanto resistir aos testes que procuram falsificá-la. Mas, ainda
assim, essa teoria continua a ser falsificável.
A falsificabilidade é uma condição necessária para uma teoria ser científica. Porém, não é uma condição
suficiente. Para ser científica uma teoria deverá reunir, em simultâneo, os seguintes requisitos:
1 Ser falsificável.
2 Ter capacidade explicativa, fornecendo respostas para problemas com alguma complexidade.
Há enunciados que são falsificáveis, mas não científicas, pois são respostas a questões banais,
como, por exemplo, «Nenhum futebolista gosta do Algarve».
O problema do método científico
??
A que método recorrem
os cientistas para elaborar
e justificar as hipóteses?
Perspetiva
Perspetiva
falsificacionista
indutivista
A perspetiva indutivista do método
De acordo com esta perspetiva, podemos descortinar as seguintes etapas
do método científico (por vezes chamado método experimental):
2 Elaboração da hipótese.
3 Experimentação.
Duas objeções que pretendem mostrar que a perspetiva indutivista está errada:
Duas objeções que pretendem mostrar que a perspetiva indutivista está errada:
Conceção indutivista do
SIM método
A indução é utilizada
no método científico?
Conceção falsificacionista do
NÃO
método
O método das conjeturas e refutações – Popper
Em alternativa à conceção indutivista da ciência, Popper defende que, nas ciências da natureza,
os cientistas utilizam o método crítico ou o método das conjeturas e refutações.
1 Problema.
Conjeturas.
2
Submissão a testes: refutação ou corroboração
3 (das conjeturas).
O método das conjeturas e refutações
Na primeira etapa, o cientista coloca uma questão para a qual pretende encontrar uma resposta.
Na segunda etapa, o cientista formula uma hipótese (uma suposição ou tentativa de solução do
problema) desejavelmente com elevado conteúdo empírico.
Mas como se chega a essa hipótese? Popper pensa que a descoberta das hipóteses
deve-se ao espírito criativo e imaginativo dos cientistas. O que é relevante, depois de
apresentar a hipótese, é a possibilidade de deduzir consequências empíricas, ou
seja, de fazer previsões a partir desta, de modo a testá-la.
Na terceira etapa, as consequências deduzidas das hipóteses são submetidas a testes que visam
confrontá-las com os factos.
Popper considera que os testes são tentativas de refutação (e não de confirmação
ou verificação). Os cientistas, na discussão crítica das teorias, devem procurar
detetar erros de modo a falsificá-las. Se as conjeturas ou teorias resistirem às
tentativas de falsificação, são corroboradas. As teorias que não resistem (porque
os testes mostram que são falsas) são refutadas.
O problema da indução e a resposta de Popper
Popper concorda com a análise lógica que David Hume fez do problema da indução: as
conclusões das inferências indutivas ultrapassam os dados da experiência e não se
encontram racionalmente justificadas.
Poderia pensar-se que as conclusões céticas de Hume seriam extensíveis às teorias
científicas, mas Popper rejeita isso. Para ele, na investigação científica, não é necessário
recorrer às inferências indutivas (nem para formular as hipóteses, nem para as
justificar) e, por isso, a racionalidade e a objetividade das ciências empíricas não é posta
em causa pelas ideias defendidas por Hume.
Na realidade os cientistas não passam a vida a tentar mostrar que as suas teorias são
falsas, para que possam surgir novas teorias. Antes pelo contrário, preocupam-se
sobretudo com a demonstração da precisão e do alcance das teorias existentes.
Críticas ao método das conjeturas e refutações
Não é razoável abandonar uma teoria apenas porque foi refutada por um teste experimental
2
Muitos autores incluindo o próprio Kuhn, acreditam que o facto de um procedimento experimental
não decorrer de acordo com o previsto numa dada teoria, ou hipótese, não é suficiente para
estabelecer de modo conclusivo a sua falsidade. O problema pode estar precisamente no processo de
falsificação e não na teoria.
Na verdade, para além da hipótese ou teoria (T), existem vários fatores envolvidos num
procedimento experimental que podem ser responsáveis pelo seu fracasso, como os instrumentos
utilizados (I) e os fatores pessoais e sociais (F), entre outros.
Assim, podemos concluir que a lógica subjacente ao falsificacionismo não é tão robusta quanto
parecia à primeira vista pois a antecedente da primeira premissa do modus tollens envolvida no
processo de refutação de uma teoria não é composta apenas pela hipótese ou teoria (T), mas sim
pela conjugação de todos os fatores envolvidos no próprio procedimento experimental. O que
significa que, caso uma ocorrência prevista por uma teoria (P) não se confirme, o problema pode não
estar na teoria, mas sim num desses fatores.
Críticas ao método das conjeturas e refutações
Não é razoável abandonar uma teoria apenas porque foi refutada por um teste experimental
2
A verdadeira estrutura lógica subjacente ao método das conjeturas e refutações pode ser
apresentado como se segue:
Sendo T a hipótese a ser testada, P uma determinada ocorrência por ela prevista, I os
instrumentos utilizados e F os fatores pessoais e sociais envolvidos num processo
experimental:
(1) Se T, I e F, então P.
(2) Não-P.
(3) Logo, não-T.
Esta forma lógica não é válida. Afinal, a verdade de T não é suficiente para garantir a
observação de P durante um procedimento experimental, é preciso que todos os outros
fatores estejam a funcionar de modo adequado.
Críticas ao método das conjeturas e refutações
A falsificabilidade não constitui uma condição necessária para que uma dada teoria possa ser
considerada científica, porque algumas teorias científicas referem-se a objetos que não são
diretamente observáveis, e não é inteiramente claro que, à partida, seja possível conceber um
teste experimental capaz de mostrar a sua falsidade.
No entanto, isso não implica que essas teorias tenham forçosamente de ser encaradas como não-
científicas.
Segundo Popper, nunca temos justificação racional para aceitar que uma dada teoria científica é
verdadeira. Na sua opinião, por muito que uma teoria tenha sido corroborada pela experiência,
esta nunca deixa de ser apenas uma conjetura que ainda não foi refutada.
No entanto, o facto de algumas teorias científicas possibilitarem grandes avanços tecnológicos e
permitirem controlar a Natureza e prever o seu comportamento de modo relativamente fiável
pode significar que temos justificação para acreditar que aquelas são verdadeiras e não apenas
conjeturas por refutar.
Em que consiste
o método científico?