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Capítulo 4 Filosofia da ciência

– Os problemas da demarcação, do método,


da evolução e da objetividade da ciência

FILOSO
FIA 11.º

estuda
A Filosofia da ciênciafunciona,
o que a ciência é, comdoa qual
e a lógica através mento
podemos obter conheci
científico.
?
PROBLEMAS

1 Os problemas da demarcação e do método científico.

2 Os problemas da evolução e da objetividade da ciência.


PROBLEMA DA DEMARCAÇÃO

1
O problema da demarcação

O que distingue as teorias científicas das não


científicas?

Positivismo lógico Falsificacionismo

Verificação Confirmação Falsificabilidade


Senso comum vs. conhecimento científico

Senso comum: Conhecimento científico:

• Baseia-se na experiência da vida e nas • Trata-se de um saber que envolve


tradições investigações com alguma complexidade e
que não pode ser adquirido apenas com base
• É um saber essencialmente prático na experiência e na vida

• Pode variar de pessoa para pessoa e é • Envolve uma sistemática preocupação com o
utilizado sem uma preocupação rigor e a justificação das afirmações
sistemática de rigor e de justificação
• Caracteriza-se pela procura das causas dos
• Inclui, também, algumas superstições, fenómenos e pela tentativa de construir um
como, por exemplo, acreditar que o conjunto organizado e coerente de
número 13 dá azar conhecimentos
O PROBLEMA DA DEMARCAÇÃO

Colocar o problema da demarcação significa


perguntar se é possível encontrar um critério de
cientificidade.

Este critério permitirá dizer quais são as características


que as teorias devem ter para serem consideradas
científicas. Ou, por outras palavras, o critério para
distinguir o que é ciência, o que não é ciência (como a
filosofia, a literatura, as artes) e o que é pseudociência.
VERIFICAÇÃO
O posit
iv
Os filósofos defensores do positivismo lógico (empirismo lógico) começaram por lógico t ismo
ambém
considerar que uma teoria só é científica se for constituída por afirmações conhec é
ido com
empiricamente verificáveis, ou seja, quando se pode conceber experiências que neopos o
itivismo
estabeleçam conclusivamente a sua verdade ou falsidade. empiris e
mo lógi
co.

Para esclarecer o critério de cientificidade acima proposto, vejamos os seguintes exemplos:


1. Júpiter tem satélites.
2. Existe uma aura à volta da cabeça de certas pessoas.

A frase 1 é verificável, pois a sua verdade ou falsidade pode ser estabelecida através da experiência.
Contudo, a frase 2 não é verificável, pois não há observações que possam evidenciar a sua verdade
ou falsidade.

Segundo Ayer e outros positivistas lógicos, a verificação é um critério


de cientificidade que se aplica às ciências empíricas.
VERIFICAÇÃO (1.º critério de cientificidade)
Os filósofos defensores do positivismo lógico (empirismo lógico)
começaram por considerar que uma teoria só é científica se for
constituída por afirmações empiricamente verificáveis, ou seja,
quando se pode conceber experiências ou observações que
estabeleçam conclusivamente a sua verdade ou falsidade.
Ex: A proposição “A água ferve quando aquecida aos 100 graus
centígrados”.
Esta é verdadeira, se sempre que fizer essa experiência empírica e se
observe (através dos sentidos) que efetivamente se verifica esse
facto.
Crítica ao critério de verificabilidade

Sendo as leis científicas expressas por proposições


universais, estas não podem ser alvo de verificação, pois
por maior que seja o número de casos observados, não é
possível garantir a verdade de uma lei que se expressa
num enunciado universal, já que é impossível observar o
número indefinido de casos a que a proposição universal
(lei científica) se refere.
CONFIRMAÇÃO (2.º critério de cientificidade)

Outros filósofos positivistas (Carnap), apresentam um critério de


cientificidade alternativo: a confirmação.
Se uma teoria é científica, então é empiricamente confirmável.
Ou seja, pode acumular-se um número significativo de evidências
empíricas ou experiências a favor de uma hipótese.
Se assim for, esta pode ser considerada verdadeira e tomada como lei
científica.
Contudo, o número de experiências feitas será sempre finito.

Os indícios empíricos disponíveis apoiam as hipóteses e conferem-lhes


um grau de probabilidade maior ou menor, embora não possam
garantir, de forma conclusiva, a sua verdade definitiva.
CONFIRMAÇÃO

CRÍTICA:
Como definir, em cada contexto, quais são as experiências
relevantes e em que número para confirmar a hipótese em causa?
Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

1. Como é que se podem distinguir as teorias científicas das


teorias não científicas?
Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

2.
A verificação de uma hipótese supõe a possibilidade de
conceber experiências que estabeleçam conclusivamente a
verdade ou a falsidade daquilo que é afirmado nelas.
A confirmação de uma hipótese supõe a possibilidade de
conceber experiências que confirmem, com maior ou menor
probabilidade, a verdade dessas afirmações.
Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

3. Enunciados científicos como as leis de Kepler são


universais. Ora, a verdade destas não pode nunca ser
verificada, dado que a observação incide sempre num
número finito de casos particulares. Assim sendo, os
enunciados científicos nunca seriam verdadeiros de forma
conclusiva e definitiva..
Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

4. A afirmação «Todos os metais dilatam com o calor» é


mais falsificável do que a afirmação «O cobre dilata com o
calor» porque se aplica a mais casos e, portanto, corre um
risco maior de ser refutada.
Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

5. Linguagem vaga e a não submissão a testes imparciais.


Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

6.
A. Falsificável
B. necessária/ suficiente
C. a astrologia / a psicanálise / o marxismo, etc
Respostas a tarefas da pág. 107 do manual:

7.
A. É falsificável: se for descoberto um som com velocidade
superior à da luz, a frase será falsa.
B. Não é falsificável: mesmo que se descubram planetas
sem vida inteligente, isso não mostra a falsidade da frase
(proposições particulares não se refutam com contra
exemplos).
Situação 1 - pág. 154
1. A médica conversa com a paciente (a Ana) e recolhe dados acerca da sua
situação, tentando encontrar a causa dos problemas de que ela se queixa. O
seu diagnóstico baseia-se nesses dados. Isso corresponde às práticas típicas
da ciência: procura de evidências empíricas, aplicação dos conhecimentos
existentes de modo a resolver um problema, etc.
O curandeiro utiliza conceitos vagos e sem fundamento, como «os ciclos
naturais do corpo» e «crença em energias positivas». Crítica os médicos (que
têm uma formação que ele não tem), mas fá-lo através de afirmações
incorretas (não é verdade que os médicos se limitem a prescrever
comprimidos: a médica de família da Ana apenas receita um sedativo suave e
diz que o principal é ela mudar de hábitos). Isso corresponde às práticas típicas
da pseudociência: ausência de rigor, desvalorização das evidências empíricas,
etc.
A RESPOSTA DE POPPER: FALSIFICABILIDADE

Popper responde ao problema da demarcação propondo um outro critério: a falsificabilidade.


De acordo com este filósofo, a principal distinção entre as teorias científicas e não científicas
é o facto de as primeiras serem falsificáveis.

Mas o que é a falsificabilidade e por que razão esta é uma condição


necessária para uma teoria ser considerada científica?

Uma teoria é falsificável se for possível pensar numa circunstância que caso, ocorresse, a
desmentiria (a tornaria falsa).
Popper salienta que essas condições empíricas que permitem refutar (ou falsificar) as teorias
científicas têm de ser logicamente pensáveis ou imagináveis; não significa que tenham de vir
a ocorrer, podem acontecer ou não.
A RESPOSTA DE POPPER: FALSIFICABILIDADE

De acordo com Popper, os cientistas devem adotar uma atitude crítica. Ou seja, devem formular
teorias claras, onde se explicitem as condições em que estas podem revelar-se falsas e depois
realizar testes exigentes, procurando eventuais erros nessas teorias – ou seja, devem procurar
falsificá-las.

Portanto, teorias como a astrologia – que procuram apresentar explicações


propositadamente vagas que não sejam refutadas por nenhum caso concreto –
não são científicas.
A RESPOSTA DE POPPER: FALSIFICABILIDADE

Quando uma teoria não resiste às tentativas de falsificação dos testes empíricos, diz-se
que foi falsificada e terá de ser substituída por outra (na totalidade ou em parte) que
corrige os erros da anterior.

Se, pelo contrário, os dados observacionais não conseguem pôr em causa a teoria, diz-
-se que foi corroborada (saiu fortalecida). A corroboração permite a aceitação
provisória da teoria enquanto resistir aos testes que procuram falsificá-la. Mas, ainda
assim, essa teoria continua a ser falsificável.

Consequentemente, para Popper as hipóteses ou teorias científicas são sempre


conjeturais, isto é, são tentativas provisórias de explicação, suposições que podem vir
a revelar-se falsas. Por isso, não devemos dizer que são verdadeiras.
Popper: graus de falsificabilidade

Popper considera que as teorias mais


interessantes para a ciência são aquelas
que possuem um elevado grau de
Quanto maior é a
falsificabilidade.
generalidade de um
enunciado científico
Os cientistas devem procurar teorias ,
maior é o seu grau
ousadas e com elevado conteúdo de falsificabilidade.
empírico, que digam mais sobre o
mundo, com maior poder explicativo e,
por isso, correndo maior risco de falhar.
Popper: graus de falsificabilidade

Para exemplificar os graus de falsificabilidade, Popper afirma:


▪ as teorias de Kepler e Galileu foram unificadas e
substituídas pela teoria de Newton;
▪ as teorias de Newton e Maxwell foram, por sua vez,
unificadas e substituídas pela teoria de Einstein.

▪ As teorias de Kepler e Galileu são as menos


Teoria de Einstein
falsificáveis – porque são menos abrangentes.

Teorias de Newton ▪ As teorias de Newton e Maxwell são mais


e Maxwell falsificáveis do que as anteriores.

▪ A teoria de Einstein é a mais abrangente – tem


Teorias de Kepler o grau de falsificabilidade mais elevado; é mais
e Galileu fácil ser desmentida pelos factos.
Popper: condições suficientes

A falsificabilidade é uma condição necessária para uma teoria ser científica. Porém, não é uma condição
suficiente. Para ser científica uma teoria deverá reunir, em simultâneo, os seguintes requisitos:

1 Ser falsificável.

2 Ter capacidade explicativa, fornecendo respostas para problemas com alguma complexidade.

Há enunciados que são falsificáveis, mas não científicas, pois são respostas a questões banais,
como, por exemplo, «Nenhum futebolista gosta do Algarve».

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