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As teorias da aprendizagem (ou teorias No início dos anos de 1900, os psicólogos

comportamentais) resultam das tentativas (especialmente nos Estados Unidos) come-


feitas pela psicologia de organizar observações, çaram a rejeitar temas difíceis e subjetivos como mente
hipóteses, palpites, leis, princípios e e pensamento, em vez disso es-
conjecturas feitos acerca do comportamento humano. colheram concentrar-se nos aspectos mais objetivos do
Não surpreendentemente, as pri- comportamento. Essa orientação
meiras teorias da aprendizagem eram, sob muitos ficou conhecida como behaviorismo e deu origem a
aspectos, bem mais simples do que as teorias de aprendizagem envolvi-
desenvolvidas recentemente. Elas foram ganhando das principalmente com eventos objetivos, como
complexidade devido às novas des- estímulos, respostas e recompensas.
cobertas e à constatação de que não eram
abrangentes. Ainda assim, as primeiras teorias
continuam a exercer forte influência sobre as teorias e
a pesquisa contemporâneas.

Os psicólogos cognitivos estão interessados na Condicionamento Clássico


atividade mental humana, e espe- Na tentativa de encontrar explicação científica para a
cificamente em três dimensões dela: processamento de salivação de seus cães antes de
informação, representação e
autoconsciência (Mandler, 1985). serem alimentados, Pavlov desenvolveu uma série de
experimentos, hoje famosos, so-
bre condicionamento clássico. Neles, o cientista
demonstrou que não apenas a vi-
são do alimento provocava a salivação nos cães mas
também qualquer outro estímulo

diferente associado à comida. Sempre pensando como


fisiologista, Pavlov pensou ter
descoberto “secreções físicas”.
Dentre as implicações educacionais mais úteis do O termo behaviorismo acabou por significar uma
condicionamento clássico de preocupação com os aspectos
Pavlov estão (Lefrançois, 2000):
• Os professores precisam fazer tudo o que puderem observáveis do comportamento. Segundo essa linha
para maximizar a freqüência, a teórica, o comportamento com-
nitidez e a potência dos estímulos incondicionados preende respostas que podem ser observadas e
agradáveis, na sala de aula. relacionadas a outros eventos observá-
• Os professores precisam tentar minimizar os aspectos veis, como as condições que o precedem e se seguem a
desagradáveis da sala de ele. “O behaviorismo é o estudo
aula, aprendendo a reduzir o número e a potência dos
estímulos incondicionados científico do comportamento humano”, escreveu
negativos que atuam nela. Watson.
• Os professores precisam saber o que está sendo
associado a que na sala de aula.

o objetivo do O fundador do behaviorismo norte-ameri-


behaviorismo é inferir leis para explicar a relação cano, John Watson, nasceu em Greenville,
existente entre condições anteriores
Carolina do Sul, em 1878. Garoto aparente-
(estímulos), comportamento (respostas) e condições mente agressivo, foi preso pelo menos duas
conseqüentes (recompensa, puni-
ção ou efeitos neutros). vezes (uma por brigar; outra por disparar um

revólver dentro dos limites da cidade).


12 “Os publicitários são profundamente conscientes do Quando Watson entrou em cena, John Locke, o filósofo,
poder do condicionamento emocional”, disse a Velha já havia passado a seus

Senhora, me mostrando o anúncio do carro com a foto alunos a doutrina da tábula rasa, que apresentava, de
de uma estonteante modelo. “Muitas pessoas têm modo metafórico, a mente hu-
uma reação emocional condicionada positiva quando mana como uma lousa em branco sobre a qual as
olham para este anúncio. E é isso exatamente o que os experiências escrevem suas mensa-
gens. Watson aceitou integralmente essa afirmação.
anunciantes querem. Se você gostar da modelo, com “Dê-me a criança e meu mundo
certeza vai gostar do carro, sem nem mesmo conhecê-
lo.” “Não fique tão confuso”, disse ela, “falaremos mais para criá-la”, escreveu, “eu a farei engatinhar ou andar;
sobre isso no Capítulo 11”. Eu não achei que estivesse eu a farei escalar e usar suas
mãos para construir prédios de pedra ou madeira; eu
confuso. farei dela um ladrão, um atirador
ou um viciado em narcóticos. A possibilidade de moldá-
la, em qualquer direção, é
quase infinita” (Watson, 1928, p. 35).

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