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A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO À LUZ DE DIFERENTES

ABORDAGENS DA PSICOLOGIA
Juliana Campregher Pasqualini1
Nádia Mara Eidt2

RESUMO THE TEACHER-PUPIL


Sendo uma dimensão fundamen- RELATIONSHIP IN THE
tal do processo educativo, a relação LIGHT OF DIVERSE
professor-aluno é objeto de interpreta- PSYCHOLOGICAL
ções e proposições diversas. O presente APPROACHES
artigo apresenta o olhar de cinco dife-
rentes abordagens da psicologia acerca
da relação professor-aluno, sendo elas: ABSTRACT
Humanista, Construtivista, Comporta- As a fundamental dimension of
mental, Psicanalítica e Histórico-Cul- the educational process, the teacher-
tural. São apresentados os princípios pupil relationship has been object of
essenciais que caracterizam essas dife- diverse interpretations and proposi-
rentes perspectivas sobre a relação entre tions. This essay intends to present the
professor e alunos, pontuando as dife- approach of five different psychologi-
rentes implicações que decorrem dessas cal theoretical systems in relation to
abordagens para a prática pedagógica. this problem: humanism, construct-
Palavras-chave: relação professor-aluno; vism, behaviourism, psychoanalysis
teorias psicológicas; educação escolar. and cultural-historical psychology.
The core principles which character-
ize these different approaches of the
teacher-pupil relationship are briefly
presented, indicating the different im-
plications to the pedagogical work.
Key-words: teacher-pupil relationship;
psychological theories; school education
A relação professor-aluno é uma di-
mensão fundamental do processo edu-
1
Psicóloga, mestre e doutora em Educação Escolar, cativo, sendo objeto de interpretações
professora do Departamento de Psicologia da UNESP
Bauru. E-mail: jupasqualini@uol.com.br. e proposições diversas ou mesmo opos-
2
Psicóloga, mestre em Psicologia Escolar, doutora em
tas no campo das teorias pedagógicas e
Educação Escolar, professora do Departamento de psicológicas. Nesse contexto, o presente
Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
E-mail: nadiaeidt@hotmail.com.
ensaio teórico toma como objeto a rela-

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ção professor-aluno, analisada à luz de do professor, colocando em destaque o


diferentes abordagens da psicologia. O problema do controle e das relações de
que se pretende realizar é a exposição poder que marcam essa relação no assim
sintética dos princípios essenciais que chamado modelo tradicional de ensino.
caracterizam diferentes formas de se Essa reflexão é uma das preocupações
pensar esse objeto, pontuando as dife- fundamentais da perspectiva humanista.
rentes implicações que decorrem dessas
A perspectiva humanista tem em
abordagens para a prática pedagógica.
Carl Rogers um de seus principais repre-
Dada a impossibilidade de se ga- sentantes no campo da Psicologia. O psi-
rantir um aprofundamento na apresen- cólogo norte-americano é o proponente
tação de cada abordagem em função de uma “filosofia de relações humanas
dos limites objetivos desse artigo, en- centrada na pessoa”, cujo pressuposto
tende-se que a contribuição desse estu- básico é a afirmação de um potencial
do consiste em evidenciar os diferentes inerente a todo ser humano em direção
olhares sobre a relação professor-aluno à auto realização, ou seja, um potencial
decorrentes de diferentes concepções para atualizar as capacidades e potenciais
de educação e desenvolvimento huma- de seu self. Mais que um potencial, em
no, as quais, em última instância, de- verdade, Rogers considera esta como
terminam que particulares aspectos do uma tendência inerente aos seres huma-
fenômeno ganhem relevo no processo nos. Sua tese fundamental é que “a pes-
de análise. soa tem dentro de si vastos recursos para
auto compreensão, para modificar seu
Serão, assim, apresentadas e discu-
autoconceito, suas atitudes e seu com-
tidas as proposições de cinco diferentes
portamento autodirigido” (ROGERS,
abordagens da psicologia acerca da rela-
1977, p.31), que podem ser mobilizados
ção professor-aluno, sendo elas: Huma-
se proporcionado um clima de atitudes
nista, Construtivista, Comportamen-
psicológicas facilitadoras.
tal, Psicanalítica e Histórico-Cultural.
Ao final desse percurso, buscar-se-á Assim sendo, a abordagem centra-
refletir acerca das possíveis relações de da na pessoa é marcada pelo princípio
complementaridade ou oposição entre da não-diretividade e preconiza que
as diferentes proposições advogadas por sejam providas condições psicológi-
essas teorias. cas que facilitam a liberação da força
interior inerente a cada indivíduo na
direção de crescer e ser livre. Dentre
A ABORDAGEM HUMANISTA essas condições, Rogers destaca a con-
DA RELAÇÃO PROFESSOR- sideração positiva incondicional e a
ALUNO empatia. O psicólogo defende que o
cliente é capaz de auto direção e que a
Uma das importantes questões que
aprendizagem só precisa de condições
permeia o exame da relação professor-
favoráveis que lhe permitam ocorrer
-aluno no âmbito das teorias psicológi-
(ROGERS, 1977).
cas é a crítica ao autoritarismo por parte

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As reflexões de Rogers estendem-se Nesse contexto, a preocupação com


ao campo da Educação, preconizando o método de ensino é secundarizada.
a “aprendizagem centrada no aluno”. Cada professor pode desenvolver sua
O aluno – e não o professor – deve ser própria maneira de facilitar a aprendi-
o centro do processo de aprendizagem. zagem dos alunos, considerando a reali-
A ideia da “aprendizagem centrada no dade concreta de cada sala de aula.
aluno” é a transmutação da abordagem
Assim como o processo terapêutico
da “terapia centrada na pessoa” para
depende essencialmente da relação en-
o campo da educação, representando
tre terapeuta e cliente, a aprendizagem
uma crítica ao caráter autoritário da re-
dependeria do tipo de atitude existente
lação entre professor e alunos na prática
na relação interpessoal entre o profes-
do ensino tradicional. Nesse sentido, li-
sor e o aprendiz. Portanto, o professor
berdade, democracia e autonomia serão
deve ser autêntico e genuíno, ter aceita-
bandeiras da educação humanista. O
ção e confiança para com o aluno, bem
professor passa, assim, a ser compreen-
como uma “consciência sensível” que
dido como um facilitador.
o habilite a compreender internamen-
Afirma Rogers que os seres hu- te as reações dos alunos no processo de
manos têm uma potencialidade na- aprendizagem. Nessa perspectiva não
tural para aprender. Para o psicólogo, cabe ao professor instruir ou mostrar
“a aprendizagem iniciada pelo próprio algo ao aluno, mas facilitar a mudança
aluno e que envolve toda a pessoa – sen- e a aprendizagem. Cabe a ele, portan-
timento e intelecto – é mais pervagante to, proporcionar todo tipo de recursos
e duradoura” (ROGERS apud RIBEI- que possam dar aos alunos as experiên-
RO, 2002, p.46). O foco, portanto, cias relevantes às suas necessidades de
não deve estar nas coisas que o aluno aprendizagem, liberando a curiosidade
deve aprender ou naquilo que será en- e fomentando o questionamento e a ex-
sinado (conteúdo escolar), mas “como, ploração (RIBEIRO, 2002).
porque e quando aprendem os alunos,
Rogers (apud RIBEIRO, 2002,
como se vive e se sente a aprendizagem,
p.47) considerava que “(...) o único ho-
e quais suas consequências sobre a vida
mem instruído é aquele que aprendeu
do aluno” (idem, p.47).
como aprender, como adaptar-se à mu-
O sistema educativo deveria pre- dança”. Assim sendo, não cabe ao pro-
ocupar-se em um clima propício ao fessor avaliar o aluno, mas privilegiam-
crescimento pessoal do aluno, por meio -se processos de auto avaliação.
da facilitação da aprendizagem auto-
Alexander Sutherland Neill, o fun-
dirigida. Há uma grande preocupação
dador da escola Sumerhill, na Inglater-
em que o aluno se torne responsável
ra, aparece como uma referência fun-
por suas próprias escolhas e ideias e en-
damental da perspectiva humanista em
contre por si mesmo formas para lidar
Educação. Summerhill é a concretiza-
com seus problemas. Busca-se, ainda, a
ção dos ideais humanistas no campo da
criação de meios para uma convivência
educação escolar. Nessa escola as aulas
harmoniosa e saudável entre os alunos.

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são opcionais e a criança pode escolher cas entre o organismo e o ambiente, que
se deseja ou não assistir a uma determi- se origina dos trabalhos do pesquisador
nada aula (não há, por exemplo, con- sobre moluscos: a observação da forma
trole de presença). O princípio funda- pela qual estes organismos adaptam-se
mental que organiza a prática na escola ao ambiente, ao mesmo tempo em que
é a ideia do autogoverno pelos alunos. o assimilam de acordo com sua estrutu-
Os alunos decidem entre si as regras ra, levou Piaget a estender este mesmo
que regerão o funcionamento da escola. modelo para o desenvolvimento cogni-
No início de cada trimestre os alunos tivo (AZENHA, 1993). Isso significa,
decidem juntamente com o professor o conforme Wadsworth (1997), que os
que gostariam de estudar. A preocupa- princípios do desenvolvimento cogniti-
ção fundamental é que a relação entre vo são, em última instância, os mesmos
professores e alunos seja marcada pelo do desenvolvimento biológico, de modo
companheirismo e pela compreensão. que os conceitos referentes ao desenvol-
vimento biológico são válidos para pes-
As ideias pedagógicas de Neill
quisar o desenvolvimento mental.
concretizadas na experiência de Sum-
merhill foram apresentadas ao grande A teoria construtivista aborda o
público no livro Liberdade sem medo. processo por meio da qual um orga-
A liberdade é o fundamento da peda- nismo desenvolve sua inteligência, en-
gogia de Summerhill, pois parte-se da tendida como um processo de conhe-
compreensão de que para formar pes- cimento. A preocupação central desses
soas livres é preciso educar com base seus estudos consistiu em responder
na liberdade. O processo educativo é seguinte à pergunta: como se desen-
entendido como uma tarefa de com- volve a inteligência (ou seja, o pen-
preensão e posicionamento ao lado da samento lógico) na criança? E, como
criança. A relação professor-aluno é, desdobramento desta primeira ques-
portanto, uma relação horizontal, uma tão, como a lógica passa de um nível
relação entre iguais. elementar para um nível superior? Pia-
get (2000, p. 25) define a lógica como
O olhar construtivista sobre a rela-
sendo um “(...) sistema de operações
ção professor-aluno
(classificar, seriar, pôr em correspon-
A abordagem construtivista tem dência, utilizar uma correspondência
como principal fundamento teórico- ou ‘grupos de transformações’ etc.) e a
-epistemológico a obra do biólogo su- origem dessas operações deve ser pro-
íço Jean Piaget, influenciada, por sua curada, para além da linguagem, nas
vez, por várias correntes filosóficas, em coordenações gerais da ação”.
especial o idealismo Kantiano, o Evolu-
Ao responder a essas questões, Pia-
cionismo bergsoniano e o Estruturalis-
get inaugura uma nova compreensão
mo (PALANGANA, 2001).
acerca da relação sujeito/objeto: preco-
A perspectiva teórica de Piaget niza que o conhecimento não está no
encontra-se grandemente determinada sujeito (como defendia o maturacionis-
pelo estudo do modelo biológico de tro- mo) e tampouco no objeto (como que-

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ria o empirismo), mas é decorrente das primeiro esquemas mentais pelos quais
contínuas interações entre os dois. ela constrói seu conhecimento sobre o
mundo. Nesta perspectiva, conhecer é
A construção do conhecimen-
“(...) organizar, estruturar e explicar a
to ocorre por meio de ações físicas ou
realidade a partir daquilo que se viven-
mentais sobre objetos, engendrando
cia nas experiências com os objetos do
esquemas mentais, que são estruturas
conhecimento” (FONTANA; CRUZ,
mentais pelas quais os indivíduos se
1997, pg. 45).
adaptam e organizam o ambiente. Eles
são definidos como “(...) estruturas in- Piaget (1989) propõe a equilibra-
telectuais [cognitivas] que organizam ção (auto-regulação) como o principal
os eventos como eles são percebidos mecanismo responsável pelo desenvol-
pelo organismo e classificados em gru- vimento cognitivo, por meio de uma
pos, de acordo com características em busca constante de um estado de me-
comum” (WADSWORTH, 1997, pg. nor equilíbrio para um estado de equi-
17) e, portanto, não são cópias exatas líbrio superior. Além da equilibração,
da realidade. Os esquemas refletem o outros três fatores interferem no de-
nível de compreensão e conhecimento senvolvimento, sendo eles: a heredita-
do mundo do sujeito e se transformam, riedade, a maturação interna e a trans-
tornando-se cada vez mais complexos, missão social. Em relação a esse último
por meio do processo de adaptação. fator, é importante pontuar que Piaget
(1983) considera o aspecto psicossocial
O processo de adaptação, por sua
do desenvolvimento, ou seja, a influên-
vez, se realiza mediante os processos
cia educativa familiar e escolar, mas seu
de assimilação e acomodação. Assimilar
foco de análise centra-se no estudo do
significa incorporar as propriedades
desenvolvimento psicológico, entendi-
presentes no ambiente aos esquemas/
do como um processo espontâneo, ou
estruturas de conhecimento previa-
seja, que ocorre sem a necessidade de
mente existentes. Acomodar consiste
intervenção deliberada do adulto. Ele
em modificar os esquemas/estruturas
ocupa-se com o desenvolvimento da
existentes para ajustá-los às exigências
inteligência mesma, a partir do que a
ambientais, o que ocorre em função
criança aprende por si mesma. Para Pia-
das resistências que o objeto oferece a
get, é preciso fazer uma dissociação en-
sua assimilação pelas estruturas atuais
tre aquilo que se aprende na escola e as
do sujeito. Assimilações e acomodações
aprendizagens espontâneas, já que estas
conduzem o sujeito a uma adaptação
seriam capazes de revelar o “verdadeiro
progressivamente mais precisa à reali-
pensamento” (VIGOTSKI, 1991). Em
dade (WADSWORTH, 1997).
suas palavras:
A criança nasce com poucos refle- (...) podemos distinguir dois aspec-
xos inatos (como por exemplo, sugar, tos no desenvolvimento intelectual
agarrar), por meio dos quais os estí- da criança. Por um lado, o que po-
mulos do meio são assimilados/aco- demos chamar o aspecto psicosocial,
modados por ela, dando origem aos quer dizer tudo o que a criança recebe
do exterior, aprende por transmissão

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familiar, escolar, educativa em geral; Mas se o aluno constrói o seu pró-


e depois, existe o desenvolvimento prio conhecimento por meio de sua
que podemos chamar espontâneo,
ação sobre o objeto de conhecimento,
que chamarei de psicológico, para
abreviar, que é o desenvolvimento da qual o papel do professor? A perspecti-
inteligência mesma: o que a criança va construtivista afirma ser o papel do
aprende por si mesma, o que não lhe professor fundamental no processo de
foi ensinado, mas o que deve desco- aprendizagem na medida em que ele
brir sozinha; é isso essencialmente é capaz de propor situações desafiado-
que leva tempo (PIAGET, 1983, p.
211 – grifos nossos).
ras e provocadoras, favorecendo a ela-
boração de novos conhecimentos. O
Em síntese, de acordo com Chakur, professor é o orientador que discute,
Silva e Massabni (2004), “Piaget con- provoca, propõe problemas e desafios,
sidera o desenvolvimento intelectual sugere experiências.
espontâneo como um processo de or- (...) é evidente que o educador conti-
ganização e reorganização estrutural, de nua indispensável, a título de anima-
natureza sequencial e ocorrendo em es- dor, para criar as situações, e armar os
tádios relativamente independentes de dispositivos iniciais capazes de suscitar
problemas úteis à criança, e para orga-
idades cronológicas fixas”. nizar, em seguida, contra-exemplos que
levem à reflexão e obriguem ao contro-
Diante dessa concepção de desen-
le das situações demasiado apressadas:
volvimento, Piaget, assim como a abor- o que se deseja é que o professor deixe
dagem humanista, propõe uma revisão de ser apenas um conferencista e que
da relação professor-aluno em relação estimule a pesquisa e o esforço, ao in-
ao chamado modelo tradicional de en- vés de se contentar com a transmissão
sino, já que ele conduziria o aluno à de soluções já prontas (PIAGET, 1977,
p. 18 – grifos nossos).
memorização, à repetição, à submissão
ao saber da professora e à heteronomia.
Segundo Costa (2002), o trabalho
A pedagogia deveria abandonar a cen-
do professor consiste em propor ao alu-
tralidade no professor e na transmissão
no uma situação de aprendizado para
de conteúdos, empregando os métodos
que construa seus conhecimentos como
ativos, cujo princípio fundamental con-
uma resposta pessoal a uma pergunta,
siste no fato de que “(...) compreender é
necessidade ou curiosidade. É papel do
inventar, ou reconstruir através da rein-
professor provocar a reflexão do aluno
venção”, se o que se pretende é “moldar
sobre suas próprias ações, a busca por
indivíduos capazes de produzir e criar, e
respostas, a pesquisa e o estudo, tendo
não apenas repetir”. (PIAGET, 1977, p.
em vista o desenvolvimento de novos
20). Nesta perspectiva, confere-se (...)
esquemas de assimilação e a construção
especial relevo à pesquisa espontânea da
de novas estruturas.
criança ou do adolescente e exigindo-se
que toda a verdade a ser adquirida seja Resgatando as noções piagetianas
reinventada pelo aluno, ou pelo menos de assimilação, acomodação e equilí-
reconstruída e não simplesmente trans- brio, podemos entender que cabe ao
mitida (PIAGET, 1977, p. 18). professor provocar desequilíbrios. Em

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outras palavras, deve o professor pro- leça sobre o raciocínio, ou subverter a


mover conflitos cognitivos nos alunos, inteligência a exercícios impostos de
fora, aprenderá ele a fazer por si mes-
desafiando seus esquemas de assimila-
mo funcionar a sua razão e construirá
ção. Como nos explica Costa (2002), livremente suas próprias noções (PIA-
(...) quando os esquemas existen- GET, 1977, p. 62).
tes não dão conta dos desafios (...),
o sujeito faz um esforço no sentido É nesse sentido que Piaget (1983)
contrário ao da assimilação, ou seja, afirma, no livro Problemas de psicologia
volta-se para si mesmo, modifica suas genética, que “o ideal da educação não
hipóteses e concepções anteriores face
é aprender ao máximo, maximizar os
às perturbações provocadas pelas situ-
ações novas. (p. 30). resultados, mas é antes de tudo apren-
der a aprender; é aprender a se desen-
Assim, o sujeito age no sentido de volver e aprender a continuar a se de-
transformar-se em função das resistên- senvolver depois da escola” (p. 225).
cias impostas pelo objeto de conheci- Assim, podemos observar que a abor-
mento. Nesse sentido, os desafios, as re- dagem construtivista se aproxima de
sistências e as perturbações, os erros, são certa forma dos ideais humanistas na
fatores importantes porque provocam a educação, na medida em que também
construção de novos esquemas mentais. assume, embora fundada em razões de
ordem epistemológica, o princípio do
Mais importante do que o conteú- aprender a aprender.
do escolar em si, é a própria capacida-
de de construir novos conhecimentos.
Piaget (1977) defende que as apren- A ANÁLISE
dizagens realizadas pelo indivíduo são COMPORTAMENTAL DA
qualitativamente superiores àquelas em RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
que há a interferência do professor. Ao
colocar o foco na construção de novas Outra perspectiva sobre a relação
estruturas cognitivas, se faz necessário professor-aluno nos é trazida pela Aná-
repensar o papel do conteúdo de en- lise do Comportamento. A abordagem
sino. O importante é desenvolver um comportamental tem no psicólogo nor-
método que se mostre útil na vida do te-americano Burrhus Frederic Skinner
indivíduo e não se apropriar de “conhe- (1904-1980) seu grande representante.
cimentos prontos”: A teoria desenvolvida por Skinner, que
almeja prever e controlar cientifica-
Conquistar por si mesmo um certo mente o comportamento, ficou conhe-
saber, com a realização de pesquisas
livres, e por meio de um esforço es- cida como Behaviorismo Radical, ter-
pontâneo, levará a retê-lo muito mais; mo cunhado por ele mesmo, em 1945.
isso possibilitará sobretudo a aquisição
de um método que lhe será útil por Compreender a relação professor-
toda a vida e aumentará permanente- -aluno nessa perspectiva implica res-
mente a sua curiosidade, sem o risco gatar alguns conceitos e pressupostos
de estancá-la; quanto mais não seja, ao fundamentais dessa abordagem. A
invés de deixar que a memória preva- Análise do Comportamento enfati-

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za a influencia dos fatores externos Se o comportamento é modelado


e ambientais no desenvolvimento, pelas contingências ambientais, então,
afirmando que o mais importante na para Skinner (1974), é necessário pla-
determinação do comportamento do nejar/organizar essas contingências de
indivíduo são as suas experiências, modo a tornar mais eficiente a apren-
aquilo que ele aprende durante a vida. dizagem de determinados conteúdos e
A ideia de que os comportamentos hu- habilidades. Essa proposição traz impli-
manos são aprendidos em decorrência cações para se pensar a organização dos
de contingências ambientais e o prin- processos de ensino e aprendizagem:
cípio de que as conseqüências contro- Quando reflete sobre a escola, sobre os
lam e modelam o comportamento são problemas do ensino, sobre os métodos
fundamentais nessa perspectiva. educativos tradicionais, Skinner aponta
duas grandes falhas: na Escola não se
Nesse sentido, a temática da apren- definem claramente os objetivos a se-
dizagem assume enorme relevância. rem atingidos (o que impede saber por
Aprendizagem é uma mudança rela- onde começar, onde chegar e, mesmo,
tivamente permanente em uma ten- avaliar até onde o aluno chegou), como
também não se aplicam métodos que
dência comportamental: “Falamos em
levem em conta as leis da aprendizagem
aprendizagem quando queremos nos (ao contrário, não se planeja o ensino
referir à aquisição de novas respostas e respeitando o repertório e ritmo de
também ao refinamento, à manutenção cada aluno, não se liberam os reforça-
e à eliminação de respostas já aprendi- dores contingentes aos comportamen-
das.” (GIANFALDONI; RUBANO; tos a serem estabelecidos, tem-se no uso
de estímulos aversivos uma constante).
ZANOTTO, 2011, p.160). (MOROZ, 1993, p.31).
De acordo com Skinner, a gran-
de maioria dos comportamentos são Assim, Skinner se preocupou em
aprendidos por condicionamento ope- fornecer uma tecnologia que seja capaz
rante. A aprendizagem por condiciona- de promover mudanças comportamen-
mento operante não se dá por meio de tais. É nesse sentido que podemos en-
reações provocadas por estímulos, mas tender que, na perspectiva comporta-
em comportamentos emitidos pelo mental, o método de ensino é o centro
próprio organismo que são seguidos do processo, método esse focado na ins-
por algum tipo de consequência. Certas trução e no controle das contingências
consequências geram a tendência à re- ambientais que incidem sobre os pro-
petição do comportamento: trata-se do cessos de ensinar e aprender.
conceito de reforçamento. Comporta- O autor defende que “o objetivo da
mentos reforçados tendem a se repetir e educação pode ser expresso em termos
ser incorporados ao repertório compor- comportamentais: um professor plane-
tamental do indivíduo. Diferentes ar- ja contingências nas quais o aluno ad-
ranjos de contingências podem resultar quirirá comportamento que lhe será útil
no reforçamento, punição ou extinção mais tarde, em outras contingências.”
de comportamentos. (SKINNER, 1974, p.158). O horizon-
te do processo é que o ensino promova

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a incorporação, pelo aluno, do controle (...) necessidade de o planejamento [de


das contingências do reforço, dando lu- ensino] contemplar tanto o que o edu-
cando quanto o que o educador de-
gar a comportamentos autogerados.
vem fazer. O que o educando deve fa-
A partir dos princípios da Análise zer se expressa nos objetivos propostos
no planejamento de ensino; as ações
do Comportamento, é possível se pla-
do educador são parte das condições
nejar programas, esquemas e métodos oferecidas para o educando aprender.
de instrução que favoreçam a aquisição (GIANFALDONI et al, 2011, p.168).
de determinados repertórios comporta-
mentais. Para Skinner, explica Gianfal- Assim sendo, o repertório com-
doni et al (2011, p.165), “só haverá en- portamental do professor assume pa-
sino quando as condições antecedentes pel fundamental. Os comportamentos
à resposta, a própria resposta e as conse- do educador em sala de aula funcio-
quências dela forem analisadas e plane- nam como estímulos discriminativos
jadas. Essas são atividades características para os alunos e também como estí-
do ser professor.” Isso significa que o pla- mulos consequentes.
nejamento de ensino abarcar três aspec-
tos: a condição antecedente que facilite Nessa direção, Del Prette, Del
a ocorrência da resposta (mediante, por Prette, Garcia, Silva e Puntel (1998) ar-
exemplo, a apresentação de um mode- gumentam que é possível se identificar
lo); a ação que se quer que o educando determinadas classes (molares) de com-
realize, e as consequências reforçadoras portamento que se revelam importan-
para que as respostas dos educandos se tes na condução do processo de ensino,
aproximem gradualmente do comporta- favorecendo a aprendizagem em sala de
mento final desejado. Trata-se, portanto, aula. O desempenho do professor pode,
da proposição de um ensino com bases assim, ser analisado em termos de suas
científicas, que envolve previsão, contro- ações interpessoais que se definem por
le e análise do processo. suas diferentes funções, ou seja, por seu
efeito provável ou provavelmente pre-
A ampla utilização de reforçadores, tendido no comportamento do outro.
a instalação por aproximações sucessi- “Diferentes formas e funções de rea-
vas do comportamento final esperado lizar perguntas, de reagir favorável ou
e a explicitação de objetivos de aprendi- desfavoravelmente ao desempenho do
zagem em termos comportamentais são aluno, de estabelecer objetivos, con-
alguns dos princípios metodológicos na dições e critérios para as atividades de
abordagem skinneriana. Vale destacar, sala de aula, etc.” (DEL PRETTE et al,
ainda, o indicativo de que se evite o uso 1998) são exemplos de classes de com-
de consequências aversivas, tendo em portamento relevantes para análise do
vista os efeitos indesejáveis e incontro- desempenho docente.
láveis decorrentes da punição e meca-
nismos de coerção em geral. Pesquisa realizada pelos autores
resultou na sistematização de um siste-
A Análise do Comportamento ma de classes e subclasses de compor-
evidencia a tamentos identificados para análise de

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desempenho de uma professora de En- UM OLHAR PSICANALÍTICO


sino Fundamental e posteriormente ge- SOBRE A RELAÇÃO
neralizado para análise de desempenho PROFESSOR-ALUNO
dos demais sujeitos que compunham a
amostra de pesquisa (aproximadamente Enquanto a Análise do Compor-
20 professores). Tais classes referem-se tamento analisa a relação professor-
à forma como a professora organiza a -aluno em termos de interações com-
atividade e estrutura a participação dou portamentais que favorecem (ou não) a
alunos. São elas: aprendizagem e a ampliação de repertó-
rio comportamental, sugerindo ser não
• Especifica produtos esperados da só possível, mas desejável o controle e a
atividade
previsão, as contribuições da Psicanálise
• Especifica desempenhos requeridos nos provocam reflexões bastante diver-
da atividade sas sobre essa relação e sobre o próprio
• Controla tempo de execução da processo educativo.
atividade
• Explicita/ organiza condições para Embora Freud não tenha tomado
execução da atividade a educação propriamente dita como
objeto, discorrendo sobre ela mais di-
• Utiliza estratégias e recursos motiva-
retamente apenas em momentos pon-
cionais para a atividade
tuais de sua obra, sua teorização sobre
• Supervisiona a execução da atividade a subjetividade e sua constituição traz
• Reage restritivamente a comportamen- incisivas implicações para se pensar os
tos incompatíveis com os requeridos processos educativos. Em sua perspec-
• Reage favoravelmente à emissão de tiva, a mola propulsora do desenvolvi-
comportamento requerido3 mento intelectual é a libido, de modo
Podemos perceber que, assim como que o desejo de saber constitui uma ex-
é possível explicitar os objetivos de pressão da sublimação da energia sexual
aprendizagem do aluno em termos com- da criança, das suas investigações sexu-
portamentais, é também possível descre- ais: “ao longo das pesquisas freudianas
ver o desempenho docente em termos de sobre o Édipo e a castração, o tema do
classes de comportamento, entendendo interesse pelo saber aparece como uma
seu papel como arranjador de contingên- consequência dos desfechos entre satis-
cias para que objetivos de aprendizagem fação pulsional, a travessia edípica e a
sejam alcançados. Esse tipo de análise castração.” (LIMA; LIMA, 2011).
pretende orientar processos de formação Lima e Lima (2011) visualizam
inicial e continuada de professores, ten- nessa elaboração sobre a pulsão de saber
do em vista a possibilidade de maximizar
(...) uma tentativa de Freud para con-
o potencial da relação professor-alunos
tribuir com as questões relativas ao
na promoção da aprendizagem. campo educacional, visto que ao longo
do texto [Os Três Ensaios sobre a Se-
3
Estudos continuados no campo das habilidades
sociais resultaram na elaboração, por Del Prette & Del
xualidade] ele relaciona alguns proble-
Prette (2008), de um Sistema de Habilidades Sociais mas encontrados no campo educativo
Educativas (SHSE). como sendo causados pela de exclusão

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da sexualidade como parte do desen- Psicanálise e Pedagogia são disciplinas


volvimento da criança. (p.213) que se opõem em estrutura: “por acre-
ditar que o inconsciente introduz, em
Como se sabe, a tese fundamental qualquer atividade humana, o impon-
da Psicanálise é a existência do incons- derável, não há como criar uma me-
ciente, concebido como um sistema todologia pedagógico-psicanalítica,
psíquico. Desta tese decorre a conclu- pois qualquer metodologia implica
são de que não temos controle total ordem, estabilidade, previsibilidade.”
sobre nossas manifestações psíquicas, (KUPFER, 1989, p.67).
como explica Kupfer (1989, p. 97):
Nessa direção, é interessante des-
A realidade do inconsciente nos ensi-
na que não temos controle total sobre
tacar, conforme Lima e Lima (2011),
o que dizemos, e muito menos sobre que alguns autores nesse campo teórico
os efeitos de nossas palavras sobre consideram impossível uma articula-
nosso ouvinte (...). Não sabemos o ção entre educação e psicanálise. Para
que ele fará com aquelas idéias, a que Kupfer (1999), no entanto, é possível
outras as associará, que movimentos
se pensar em uma educação psicanaliti-
de desejo o farão gostar mais disso e
menos daquilo. camente orientada: a Psicanálise pode-
ria iluminar o campo da Educação, na
A autora considera, nesse sentido, medida em que contribui para formar o
que o educador inspirado por ideias pensamento do educador. Na análise da
psicanalíticas “(...) renuncia a uma ati- autora, ela pode transmitir ao educador
vidade excessivamente programa, insti- uma ética e um modo de ver e entender
tuída, controlada com rigor excessivo” sua prática educativa, sendo, assim, ge-
(KUPFER, 1989, p. 97). Esse professor radora de uma filosofia de trabalho.
compreende que “(...) pode organizar Um dos elementos fundamentais
seu saber, mas não tem controle sobre dessa visão sobre o processo educativo
os efeitos que produz sobre seus alunos” é que o realismo pessimista que marca
(p. 97), pois não conhece as muitas re- a leitura psicanalítica do homem põe
percussões inconscientes de seus ensi- em xeque a possibilidade de uma edu-
namentos e de sua própria figura. cação humanista:
A ideia de um educador inspirado O mal-estar funda a civilização, as
por idéias psicanalíticas nos ajuda a ideias de progresso e avanço civili-
pensar sobre as relações entre Psica- zatórios são incompatíveis com uma
nálise e Educação. Não é possível se condição humana cuja base são ‘as
nossas piores disposições’, cujo objeto
pensar na Psicanálise como um re-
de desejo está para sempre perdido e
ferencial que instrumentaliza direta- cujo fim é a morte. (...) Somos perver-
mente a ação docente, a exemplo das sos por nascimento; o máximo que a
demais abordagens aqui apresentadas. educação pode fazer é esforçar-se por
Isso significa dizer que não é possível transformar o ‘humus’ de nossas pio-
conceber uma pedagogia psicanalíti- res disposições em algo que preste, e
isso os educadores já fazem há séculos”
ca. Como assevera Kupfer (1999), do (KUPFER, 1999, p.16)
ponto de vista teórico-epistemológico

Horizontes – Revista de Educação, Dourados, MS, n.1, v1, janeiro a junho de 2013 35
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Neste sentido, cabe resgatar a pon- Nesse sentido, Nunes (2004) argu-
deração de Kupfer (1999) sobre a im- menta que a psicanálise permite com-
portância de se precisar o que, afinal, preender que a figura do professor ocu-
se entende por Educação. De acordo pa um lugar que transcende a própria
com a autora, a educação é um processo prática pedagógica. Estabelece-se entre
que exige necessariamente repressão. É professor e aluno uma relação amorosa,
preciso reprimir para ensinar: “a apren- em que, mediante relações de transfe-
dizagem precisa da energia libidinal rência, o professor se faz suporte dos
sublimada – e não sexualizada.” (KU- investimentos do aluno. Para a psicaná-
PFER, 1989, p.98) lise, o professor configura um modelo
identificatório, que ocupa o lugar de
Diante de seu aspecto necessa-
Ideal-do-Eu para a criança:
riamente repressor, é interessante no-
tar, como demonstram Lima e Lima O professor, assim como a figura pa-
(2011), que Freud apresentou diferentes terna, pode passar a ocupar o lugar de
ideal-do-ego da criança, servindo-lhe
posições em relação à educação ao lon- de objeto de amor e de modelo su-
go do desenvolvimento de sua obra, ora cedâneo aos pais. Se em casa a crian-
concebendo-a como fonte primordial ça tem como referência – de amor e
para o estabelecimento da neurose, em proibição – os pais, na escola é o pro-
função das medidas severas utilizadas fessor quem pode estar nesse lugar,
daí a obediência ou a confrontação
para suprimir a energia sexual, ora reco-
às regras e ordens que emanam desse
nhecendo a possibilidade da profilaxia espaço de realização social e psíquica.
da neurose por uma educação psicanali- (SOUZA, 2002, p.6).
ticamente esclarecida, ou seja, diante do
reconhecimento da importância da se- Assim, o olhar psicanalítico sobre
xualidade no desenvolvimento infantil. a Educação proporciona uma reflexão
sobre posição de poder potencialmente
Ao se debruçar sobre a relação
ocupada pelo professor: “Freud discor-
(transferencial) que se estabelece entre
reu amplamente sobre esse poder de que
professor e aluno no processo educa-
são revestidos educadores e professores, e
tivo, aparece também no pensamento
sobre a tentação de se abusar dele” (KU-
freudiano a possiblidade de se pensar
PFER, 1989, p. 98). Cabe ao professor
que a educação “(...) aponta para um
comprometido com o desenvolvimento
ideal e promessa de vir a ser da criança”
do aluno como sujeito pensante a com-
(LIMA; LIMA, 2011, p.217). Kupfer
plexa tarefa de fazer uso do controle e
(1999, p.16) considera, nesse sentido,
ao mesmo tempo renunciar a ele. Nes-
que a Educação pode ser concebida
sa direção, defende Nunes (2004) que
como “uma transmissão de marcas de de-
ao professor cabe sustentar sua posição
sejo, o que a faz ampliar-se para todo
como representante do conhecimento,
ato de um adulto dirigido a uma crian-
mas ao mesmo tempo reconhecer-se
ça com o sentido de filiar o aprendiz
e apresentar-se ao aluno como sujeito
a uma tradição existencial, permitindo
faltante. Na medida em que, na relação
que este se reconheça no outro (Lajon-
educativa, o professor é o sujeito deten-
quière, 1997)” (grifos nossos).

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tor daquilo que falta ao aluno, se o pro- ber (sem, contudo, renunciar às suas
fessor se coloca na posição de que ‘tudo próprias certezas, já que é nelas que
se encontra seu desejo), então esta-
sabe’, resta ao aluno apenas a possibili-
rá contribuindo para uma relação de
dade de submeter-se à posição de objeto aprendizagem autêntica. Pela via de
diante do professor, impedindo que o transferência, a aluno ‘passará’ por ele,
aluno possa constituir-se como sujeito usá-lo-á, por assim dizer, saindo dali
desejante do saber (NUNES, 2004, s/p). com um saber do qual tomou verda-
deiramente posse e que constituirá a
Vemos, assim, que a ênfase psica- base e o fundamento para futuros sa-
nalítica está concentrada sobretudo nas beres e conhecimentos. (p.99-100).
relações afetivas entre professores e alu-
nos, colocando em destaque o desejo
de saber do aluno e o desejo de formar A RELAÇÃO PROFESSOR-
do professor como elementos decisivos ALUNO À LUZ DA ESCOLA
para a concretização da aprendizagem. DE VIGOTSKI
O foco de análise não se volta, portan-
to, aos conteúdos, mas ao campo que se A Psicologia Histórico-Cultural foi
estabelece entre o professor e seu aluno, sistematizada por Vigotski4, Leontiev e
o qual estabelece as condições para o Luria no início do século XX, no con-
aprender (sejam quais forem os conteú- texto pós-Revolução Socialista de 1917.
dos) (KUPFER, 2000). A ciência psicológica teve lugar de des-
taque no projeto coletivo de construção
Kupfer (2000) esclarece que tais de uma nova sociedade, uma vez que se
proposições não significam um elogio buscou compreender como o modo de
ao laissez-faire. Trata-se do elogio a re- organização da vida material engendra a
lações autênticas, humanizadoras, que consciência e a personalidade humana.
não dependem somente de métodos
pedagógicos sofisticados. A autora as- De acordo com a psicologia histó-
sim sintetiza as posições que decorrem rico-cultural, os fenômenos psicológi-
da visão psicanalítica: cos humanos são produzidos na e pela
atividade prática socialmente organiza-
Ao professor, guiado por seu desejo, cabe da. Para Lukács (2004) o trabalho é a
o esforço imenso de organizar, articular,
forma original de atividade especifica-
tornar lógico seu campo de conheci-
mento e transmiti-lo a seus alunos. mente humana, ou seja, atividade que
A cada aluno cabe desarticular, reta- diferencia o gênero humano de todas as
lhar, ingerir e digerir aqueles elemen- demais espécies de seres vivos em nosso
tos transmitidos pelo professor, que planeta. Todas as demais formas de ati-
se engancham em seu desejo, que fa- vidade humana têm sua gênese histórica
zem sentido para ele, que, pela vida na forma mais fundamental de trabalho
de transmissão única aberta entre ele
e o professor – a via da transferência –
que é a transformação da natureza para
encontram eco nas profundezas de sua a produção dos meios de satisfação das
existência de sujeito do inconsciente.
4
Existem diferentes grafias para o nome de Vigotski, por
Se um professor souber aceitar essa tratar-se de transliteração do alfabeto cirílico. Adotaremos
‘canibalização’ feita sobre ele e seu sa- no corpo do texto a grafia Vigotski, mantendo, no
entanto, a grafia original nas referências bibliográficas.

Horizontes – Revista de Educação, Dourados, MS, n.1, v1, janeiro a junho de 2013 37
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necessidades humanas (MARX E EN- pos, como os objetos em si, a lingua-


GELS, 1986). gem, as relações entre os homens, bem
como as formas mais elevadas de ob-
Sève (1989) postula que se as ca-
jetivações, como a arte, a filosofia e a
racterísticas da humanidade historica-
ciência. Isto significa dizer que nessas
mente formada se tornaram totalmente
produções há atividade humana objeti-
diferentes das aptidões inatas dos verte-
vada, depositada, condensada.
brados superiores, o que se deve ao fato
de que suas habilidades se acumularam Por sua vez, a apropriação pode ser
ao longo de gerações. Entretanto, isso entendida como um processo que tem
não ocorreu no interior do organismo, como objetivo a reprodução, pelo in-
“(...) ao ritmo ultra-lento da evolução divíduo, das características, faculdades
biológica”, mas no exterior, “ao ritmo e modos de comportamento formados
cada vez mais rápido da história”, num historicamente. Em outra passagem,
mundo socialmente produzido por ins- Leontiev (1978) define o processo de
trumentos, signos, relações sociais, che- apropriação como “(...) o resultado
gando a ultrapassar, de modo infinito, de uma atividade efetiva do indivíduo
aquilo de que cada indivíduo é capaz de em relação aos objetos e fenômenos do
se apropriar no decorrer de sua existên- mundo circundante criados pelo de-
cia. Foi graças ao trabalho social - que senvolvimento da cultura humana” (p.
se constitui pela unidade dialética entre 271). Deste modo, os homens precisam
os processos de objetivação e apropria- reproduzir, por meio da sua atividade,
ção - que se tornou possível a reprodu- a função social dos objetos, dos usos
ção indefinidamente ampliada das ca- e costumes e da linguagem criados ao
pacidades humanas. longo da história humana, para que de-
les possam se apropriar.
O processo de objetivação con-
siste na encarnação, nos produtos da Ainda com relação ao processo de
atividade dos homens, das suas forças apropriação, é preciso fazer duas consi-
e faculdades intelectuais. Há a cristali- derações: 1) quando o homem efetiva-
zação da atividade humana, ou seja, das mente se apropria de um instrumento,
aptidões, do saber-fazer e dos conheci- isso significa que ela aprendeu a servir-
mentos humanos nos produtos criados -se dele corretamente (ou seja, desenvol-
pelos homens ao longo da história. Por veu uma atividade adequada em relação
outras palavras, é por meio do processo ao instrumento) e, em consequência, já
de objetivação que o homem exteriori- se formaram nela as ações e operações
za suas capacidades enquanto ser gené- motoras e mentais necessárias para esse
rico, e, pelo emprego destas capacida- efeito (LEONTIEV, 1978). Assim, a
des em sua atividade, cria um ambiente principal característica do processo de
humanizado, diferenciando-se dos ani- apropriação é criar no homem novas
mais (LEONTIEV, 1978). aptidões, funções psíquicas novas. 2) O
processo de apropriação requer, portan-
Ao longo da história, o homem
to, tanto a aprendizagem como o ensi-
produziu objetivações de diferentes ti-
no. A aprendizagem é aqui entendida

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como “(...) um momento intrinseca- zado por “(...) formações qualitativa-


mente necessário e universal para que mente novas, com ritmo próprio que
se desenvolvam na criança essas caracte- precisam sempre de mediações espe-
rísticas humanas não naturais, mas for- ciais” (VYGOTSKI, 1996, p. 254); 3)
madas historicamente” (VIGOTSKI, o desenvolvimento psíquico depende
2001, p.115). Assim, “o aprendizado da apropriação da experiência históri-
adequadamente organizado resulta em co-social acumulada nos objetos mate-
desenvolvimento mental e põe em mo- riais e não materiais pelas gerações pre-
vimento vários processos de desenvolvi- cedentes; 4) este processo (apropriação)
mento que, de outra forma, seriam im- não se dá de forma direta, mas depende
possíveis de acontecer” (ibid., p. 118). da mediação do adulto. As relações dos
Disso compreende-se que a qualidade indivíduos com os objetos da cultura
do desenvolvimento psicológico não é são sempre mediatizadas pelas relações
inerente a qualquer ensino, mas depen- com outros homens, e isso é possível
de de como ele é organizado. mediante o processo de comunicação e
converte-se em um processo educativo:
Da citação acima é possível concluir
que aprendizagem e desenvolvimento As aquisições do desenvolvimento
constituem uma relação dialética, sen- sócio-histórico das aptidões huma-
nas não são simplesmente dadas aos
do que o pólo prevalente encontra-se no homens nos fenômenos objetivos da
âmbito da aprendizagem, pois na ausên- cultura material e espiritual que as en-
cia de condições adequadas de ensino e carnam, mas são aí apenas postas. Para
aprendizagem, o desenvolvimento tipi- se apropriar desses resultados, para fa-
camente humano não ocorrerá. É o en- zer deles as suas aptidões, ‘os órgãos da
sua individualidade’, a criança, o ser
sino e a aprendizagem que promovem e
humano, deve entrar em relação com
impulsionam o desenvolvimento das fa- os fenômenos do mundo circundante
culdades e capacidades humanas. Den- através de outros homens, isto é, num
tre essas faculdades estão a sensação, per- processo de comunicação com eles.
cepção, memória, atenção, pensamento, Assim, a criança aprende a atividade
emoção, sentimento e imaginação. adequada. Pela sua função, este pro-
cesso é, portanto, um processo de edu-
É importante ressaltar que: 1) o cação (LEONTIEV, 1978, p. 272).
desenvolvimento destas faculdades não
se constitui em um processo natural e Dentre os processos educativos, a
universal, mas sim um processo histó- Psicologia Histórico-Cultural destaca
rico-social: “(...) estudar o desenvolvi- o importante papel do ensino escolar
mento infantil significa estudar a passa- no desenvolvimento psíquico. O ensi-
gem da criança de um degrau evolutivo no é entendido, nesta perspectiva teó-
a outro e a mudança de sua personali- rica, como “(...) intervenção intencio-
dade dentro de cada período evolutivo, nal e consciente do educador que visa
que tem lugar em condições histórico- garantir a apropriação do patrimônio
-sociais concretas” (VIGOTSKI, apud cultural humano-genérico pela crian-
ELKONIN, 1987b, p. 106); 2) o pro- ça, promovendo, assim, seu desenvol-
cesso de desenvolvimento é caracteri- vimento psíquico” (PASQUALINI,

Horizontes – Revista de Educação, Dourados, MS, n.1, v1, janeiro a junho de 2013 39
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2006, p.194-5). Vale ressaltar a com- da relação professor-aluno, evidencian-


preensão de que, no desenvolvimen- do a complexidade desse fenômeno e a
to do psiquismo humano, as dimen- necessidade de demorada reflexão sobre
sões afetiva e cognitiva existem em ele como condição para um trabalho
unidade, de forma que os processos educativo comprometido com o desen-
educativos incidem sobre a unidade volvimento humano.
afetivo-cognitiva, envolvendo a trans-
Embora se possa reconhecer im-
missão-apropriação de conhecimentos
portantes contribuições de cada uma
em unidade com o desenvolvimento
das abordagens, é preciso ter clareza
de motivos e sentidos da atividade.
de que não há entre elas mera com-
Vigotski (1991) defende a impor- plementaridade. Existe, ao contrário,
tância do “bom ensino”, ou seja, aquele oposição entre muitas das proposições
que se adianta ao desenvolvimento: “O aqui apresentadas.
ensino seria totalmente desnecessário se
A abordagem humanista veicula
pudesse utilizar apenas o que já está ma-
uma pertinente crítica ao autoritarismo
duro no desenvolvimento, se ele mes-
na relação professor-aluno, destacando
mo não fosse fonte de desenvolvimento
a necessidade de aceitação e genuína
e surgimento do novo” (ibid., 2001, p.
confiança no âmbito da relação pessoal.
334). Neste sentido, ao professor cabe
Preconiza, assim, uma relação horizon-
“formar o novo no psiquismo da crian-
tal (entre iguais) entre professor e aluno
ça” (ELKONIN, 1960).
desde o ponto de partida do processo
Para tanto, o professor organiza educativo. A psicologia histórico-cultu-
o conteúdo escolar e as estratégias de ral almeja, da mesma forma, a relação
ensino, considerando, por um lado, os horizontal entre professor e aluno, mas
princípios e as particularidades do de- a compreende como ponto de chega-
senvolvimento infantil em cada perío- da do processo. Um dos importantes
do do desenvolvimento humano e, em elementos para se compreender essa
particular, o desenvolvimento real e o diferença deriva, em nossa análise, da
desenvolvimento próximo (ou iminen- compreensão do papel do conteúdo de
te) do educando. ensino em cada uma dessas concepções:
enquanto o humanismo secundariza a
O professor é, portanto, aquele que
importância do conteúdo em nome de
dirige o processo de ensino e aprendiza-
experiências significativas que levem o
gem do aluno. Entre professor e aluno
aluno a aprender a aprender, a psicolo-
há uma relação de desigualdade no pon-
gia histórico-cultural concebe o conte-
to de partida do processo, que deve ser
údo como fonte de desenvolvimento
superada no ponto de chegada.
afetivo-cognitivo do aluno, cuja apro-
priação é condição para a própria con-
CONSIDERAÇÕES FINAIS quista do autodomínio da conduta.

As distintas abordagens aqui apre- O princípio do aprender a aprender é


sentadas iluminam diferentes aspectos compartilhado, como vimos, pela abor-

40 Horizontes – Revista de Educação, Dourados, MS, n.1, v1, janeiro a junho de 2012
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dagem construtivista. Assim, enquan- namento a se tomar diante das diferen-


to para o construtivismo, em nome da tes proposições advogadas pelas teorias
aprendizagem ativa da criança, o profes- aqui brevemente discutidas. No texto
sor é compreendido como facilitador ou O significado histórico da crise da psico-
animador do processo de aprendizagem, logia, Vigotski (1999) apresenta uma
as teses da psicologia histórico-cultural crítica rigorosa às tentativas de unir
sustentam a defesa da diretividade por elementos heterogêneos, de diferentes
parte do professor, negando que exista origens científicas e que empregam mé-
contradição ou incompatibilidade en- todos totalmente diferentes.
tre diretividade por parte do educador e Através de um procedimento ele-
participação ativa do aluno como sujeito mentar, eliminam-se as contradições
no processo de ensino-aprendizagem. grosseiras, bruscas, que saltam à vis-
ta, excluindo-as simplesmente do
Nesse sentido, a psicologia históri- sistema, considerando-as exageradas,
co-cultural coloca também em questão etc. é assim que se descontextualiza o
a suposta associação entre diretividade freudismo, porque o pansexualismo
e autoritarismo na relação educativa. A não concorda de modo algum com
a filosofia de Marx. “Bom”, dizem-
pertinente crítica da abordagem huma-
-nos, “admitamos o freudismo sem
nista ao autoritarismo acaba por condu- os postulados da sexualidade”. Mas
zir à negação da autoridade do professor ocorre que esses postulados consti-
no processo, autoridade essa calcada no tuem precisamente o nervo, a alma,
próprio domínio do saber a ser socia- o centro de todo o sistema. É possí-
lizado às novas gerações e que não im- vel aceitar um sistema sem seu cen-
tro? Porque o postulado da psicologia
plica (necessariamente) uma relação de freudiana sem o postulado da nature-
dominação sobre os alunos. É interes- za sexual do inconsciente é o mesmo
sante notar, nessa direção, que o lugar que o cristianismo sem Cristo ou o
de autoridade ocupado pelo professor é budismo sem Alá (p. 257).
referendado pela Psicanálise, posto que,
em sendo adequadamente ocupado, esse Não se trata, então, de assumir
‘lugar’ é promotor de aprendizagem e posturas ecléticas ou relativistas em
desenvolvimento do sujeito. psicologia, mas de combatê-las, sob
pena do embotamento da própria ci-
Por fim, vale observar a ênfase pre- ência psicológica. Trata-se, outrossim,
conizada pela Análise do Comporta- de colocar as diferentes proposições
mento na mediação, controle e na cla- em diálogo e confrontar ideias e con-
reza de objetivos a orientar o processo ceitos, na busca de elaborações concei-
educativo, por um lado, e o argumento tuais capazes de apreender a essência
sustentado pela Psicanálise referente aos objetiva dos fenômenos em análise e
aspectos não (imediatamente) perceptí- instrumentalizar o trabalho educativo
veis e incontroláveis que atravessam (e na direção da promoção do desenvol-
determinam) a aprendizagem. vimento humano em suas máximas
Frente a esses apontamentos, se possibilidades. Para que se avance nes-
faz necessário refletir sobre o posicio- sa direção, o desenvolvimento de uma
análise teórica do real se coloca como

Horizontes – Revista de Educação, Dourados, MS, n.1, v1, janeiro a junho de 2013 41
Universidade Federal da Grande Dourados

condição para uma prática pedagógica PUNTEL, L. P. Habilidades sociais do


conscientemente dirigida. Vale notar, professor em sala de aula: um estudo de
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