1) O documento discute a avaliação e intervenção do psicólogo em casos de queixas escolares, especificamente dificuldades de atenção e controle da conduta.
2) Defende que as queixas escolares devem ser compreendidas em sua multideterminação social e histórica, em vez de serem atribuídas apenas à criança.
3) Tem como objetivo propor abordagens teóricas para a avaliação do psicólogo que assegurem a compreensão das múltiplas causas das queixas e sua
1) O documento discute a avaliação e intervenção do psicólogo em casos de queixas escolares, especificamente dificuldades de atenção e controle da conduta.
2) Defende que as queixas escolares devem ser compreendidas em sua multideterminação social e histórica, em vez de serem atribuídas apenas à criança.
3) Tem como objetivo propor abordagens teóricas para a avaliação do psicólogo que assegurem a compreensão das múltiplas causas das queixas e sua
1) O documento discute a avaliação e intervenção do psicólogo em casos de queixas escolares, especificamente dificuldades de atenção e controle da conduta.
2) Defende que as queixas escolares devem ser compreendidas em sua multideterminação social e histórica, em vez de serem atribuídas apenas à criança.
3) Tem como objetivo propor abordagens teóricas para a avaliação do psicólogo que assegurem a compreensão das múltiplas causas das queixas e sua
DE MEDICAÇÕES À MEDIAÇÕES: AVALIAÇÃO-INTERVENÇÃO DO
PSICÓLOGO EM QUEIXAS ESCOLARES DE DIFICULDADE NA
ATENÇÃO VOLUNTÁRIA E NO CONTROLE DA CONDUTA (TDAH) Orientanda de Doutorado: Sabrina Gasparetti Braga Orientadora: Prof. Dra. Marilene Proença Rebello de Souza Apoio: CNPq A presente pesquisa originou-se da preocupação com a culpabilização de estudantes pelas dificuldades encontradas no processo de escolarização por meio da atribuição a eles de rótulos diagnósticos. Historicamente, profissionais das mais diversas áreas da saúde e educação explicam dificuldades escolares, as quais denominamos neste trabalho de queixa escolar1, como problemas centrados na criança mesma, que resultariam de um mal funcionamento de seu substrato biológico. O psicólogo muitas vezes atua neste processo que individualiza a causa das queixas escolares. Tendo como base teórico-filosófica o Materialismo Histórico-Dialético formulado por Karl Marx a Psicologia Escolar Crítica defende a necessidade de ir além da aparência dos fenômenos, em especial os escolares, em uma análise social e histórica que considere o nível de determinação que o modo de produção capitalista impõe na formação de subjetividades e nos processos educativos, com a necessidade de conhecer a realidade social onde se instituiu determinada interpretação sobre dificuldades encontradas no processo de escolarização. Um dos principais referenciais teórico-metodológicos da Psicologia Escolar Crítica2 é a Psicologia Histórico-Cultural cujos princípios desenvolvidos por Vigotski e seus colaboradores serão basilares na presente tese. O nosso objeto de estudo é a avaliação-intervenção de/em caso de queixa escolar com a especificidade de um conteúdo principal que é a dificuldade no desenvolvimento da função psicológica superior atenção voluntária e do controle da conduta. Foi realizado um processo de avaliação-intervenção com uma criança em fase de alfabetização, diagnosticada como portadora do transtorno deficit de atenção com hiperatividade, configurando-se este trabalho em um estudo de caso. A avaliação- intervenção aconteceu por meio de observação participante e entrevistas interventivas com os pais, com a criança, com a psicóloga que o atendia, com a coordenadora pedagógica e com a professora do ano letivo em vigência. Com a professora do ano anterior e neurologista foram realizadas somente entrevistas. O processo avaliativo- interventivo foi controlado seguindo a hipótese de que existiam mediações necessárias e possíveis de serem realizadas, tanto em âmbito familiar quanto escolar, para que a função psicológica da atenção voluntária e o controle da conduta se desenvolvessem e não fossem apenas considerados como deficitários e passíveis de resolução médica/medicamentosa. Esta hipótese foi criada a partir lei da Psicologia Histórico- Cultural segundo a qual a qualidade do desenvolvimento das funções psicológicas superiores (FPS), dentre elas a da atenção voluntária, está intrinsecamente relacionada à qualidade das mediações psicológicas vivenciadas pelo sujeito ao longo de sua história de vida. Para realizar esta avaliação-intervenção a apropriação do princípio da dialética singular-particular-universal para compreensão da queixa em sua 1 De acordo com Souza (2010, p.29) “a queixa escolar é constituída pelo conjunto de relações e de práticas individuais, sociais, institucionais que, ao se entrelaçarem na trama da vida diária escolar, produzem uma série de obstáculos, das mais variadas naturezas, e que culminam com a impossibilidade da escola cumprir suas finalidades. Para nos aproximarmos da complexidade da produção dessa queixa, precisamos construir uma série de instrumentos, procedimentos, formas de aproximação com os diversos segmentos da escola e formas de aproximação com relações de cunho pedagógico, interpessoal, familiar nela instituídas.” 2 A Psicologia Escolar Crítica tem outras vertentes. A teoria crítica da Escola de Frankfurt de T. Adorno e M. Horkheimer, as análises dialéticas acerca da constituição da personalidade humana desenvolvidas por L. Sève e A. Merani e a Psicologia Social da Libertação de Martin-Baró, são alguns exemplos. multideterminação é condição que assegura sua transformação. Tendo em mente que nosso objeto é a avaliação-intervenção do psicólogo diante de queixas escolares, nosso objetivo geral relaciona-se com os conteúdos teóricos que medeiam esta ação buscando, portanto, propor mediações teóricas para avaliação-intervenção do psicólogo em casos de queixa escolar que assegurem a compreensão da queixa em sua multideterminação e sua consequente transformação. Dessa forma, acreditamos que o psicólogo para atuar diante das queixas escolares visando sua transformação e superação de condições alienantes deve se engajar num processo de avaliação que é interventiva, exercendo um papel de mediador, e ao mesmo tempo deve lançar mão de um conjunto de conceitos teóricos, que por sua vez serão os mediadores na/para sua atuação. Buscamos explicar a multideterminação das queixas-escolares e ao mesmo tempo quais recursos teóricos são necessários para transformá-las. E assim, anunciamos nossa tese que assume os pressupostos da psicologia histórico-crítica, da pedagogia histórico-crítica e a relação dialética singular-particular-universal (SPU) como mediadores necessários para a avaliação-intervenção do psicólogo com vistas à apreensão da totalidade e à transformação da realidade onde incidem as queixas escolares, especificamente aquelas de dificuldade no desenvolvimento da atenção voluntária e controle da conduta. Para a defesa desta tese nos colocamos algumas perguntas iniciais sobre o objeto, quais sejam: como identificar, avaliar e intervir sobre as multideterminações das queixas-escolares e ao mesmo tempo quais recursos teóricos necessários para transformá-la? Sob quais características particulares atuais as queixas escolares de dificuldade no desenvolvimento da atenção voluntária e autodomínio da conduta são produzidas? Do ponto de vista teórico-prático da psicologia qual atuação em relação às queixas escolares de dificuldade no desenvolvimento da atenção voluntária e controle da conduta pode ser proposta no lugar do processo de medicalização? E para responder às questões anteriores necessitamos também responder: qual é a história de vida da criança e sua relação com os objetos culturais, sociais e pedagógicos? Como se deu e como se dá a relação com os professores e com o conteúdo escolar do qual se cobra atenção? Como se deu e como se dá a relação com pais e familiares e com o conteúdo diário do qual se cobra atenção? Qual é o sentido pessoal atribuído à sua vida escolar e a outras atividades diárias que exigem o uso das FPS dentre elas a atenção? Abaixo uma representação visual da tese por nós defendida que busca aproximação a uma abstração universal. Destacamos que os conteúdos que defenderemos como mediadores da prática serão modificados até o final da análise dos dados. Somente no momento da síntese com o retorno ao concreto como concreto pensado saberemos a partir de uma realidade não mais aparente quais são/foram os conteúdos mediadores do processo de avaliação- intervenção.