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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR- IM
CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
DOCENTE: IRAPOAN NOGUEIRA FILHO
DISCENTE: GISELLE ROBERTA DA SILVA

RESUMO DO ARTIGO: “Psicanálise e Educação: analise das praticas pedagógicas e


formação do professor.”

A relação entre psicanálise e pedagogia surgiu há muito tempo, com Freud se


interessando pela pedagogia no intuito de promover uma melhor compreensão dos educadores
sobre o desenvolvimento da criança e do adolescente, em oposição ao amor-ódio. A
transferência primeiramente abordada por Freud na relação médico-paciente também se dá
nas mais diversas relações que o indivíduo constrói em sua vida, e está vinculado
a "protótipos", a imagem do pai, mas também pode ser ligada a imagem da mãe, irmão,
etc., isto é, pessoas estimadas ou respeitadas.
Mesmo sem ter nos deixado quaisquer escrito sobre educação, Ao longo da obra de
Freud há um interesse constante pelas questões desse campo, onde a psicanálise, fruto da
prática clínica, constrói uma teoria com base em uma nova concepção de mundo. O homem
como ser histórico, social e cultural e compreender como este homem se insere na cultura. Ao
considerar a linguagem como uma característica humana, a psicanálise permite abordar
questões educacionais, particularmente em relação à importância que o professor deve dar ao
que diz e ao lhe dizem. Mannoni aponta que na relação professor-aluno se cria uma barreira
entre um professor ‘que tudo sabe’ e um aluno ‘que nada sabe’ que contém uma série de
salvaguardas e resistências.
A pedagogia funciona como um drama que muitas vezes repete situações familiares.
Na escola, a vontade de saber do aluno está ligada ao desejo do professor, que desde o início
está vinculado a um ideal pedagógico introduzido por ele e ao mesmo tempo proibido e
exibido para o aluno. O professor espera que o aluno tenha um conhecimento que lhe falta, e o
aluno, por sua vez, se defende com medo de ser produto de seu trabalho. O aluno se encontra
numa relação de poder, sujeito a um desejo subconsciente do professor, que pode se tornar um
bloqueador.
A escola é um meio de grande importância para as
relações emocionais entre crianças e adultos. Por isso não deve manter uma relação de
submissão passiva à autoridade do professor. A relação professor-aluno depende em grande
parte da maturidade emocional do professor. Para Bigeault e Terrier, a contribuição da
psicanálise para a educação é um fato, tal como noutras áreas, como a arte e a publicidade,
por exemplo, o Édipo, como componentes da estruturação da personalidade. Bem, como diz
Freud seu objetivo é traduzir os resultados da observação em teoria sem ser obrigado a chegar
a uma teoria completa em uma primeira tentativa, o que é recomendado por sua simplicidade.
Pensar na formação do corpo docente e pensar também no treinamento de
professores. Isto Significa compreender os processos a partir dos quais esses passam
a constituir-se como sujeitos sociais da construção a proposta de educação. Ser professor não
é apenas ser mediador do aluno e do conhecimento já construído socialmente. Ser professor é
ser agente do processo de construção do conhecimento que leva à formação da personalidade
e dos alunos envolvidos nesse processo.
O maior desafio na formação do professor é entendê-lo a fim de prepará-lo para
assumir seu sujeito de saber que deve atuar em sala de aula. O interesse do tema da formação
de professores em formação pessoal, neste trabalho, é desenvolver recursos de personalidade
que permitam enfrentar as dificuldades encontradas na
escola, em particular em relação à auto-estima. conhecimento, sua história
pessoal, seu tempo de criança e seus afetos. Muitos são os trabalhos nesta área a salientar que
o ato de ensinar não é apenas um simples gesto técnico com o qual o professor poderia ter um
controle perfeito de tudo aquilo acontece em sala de aula. É necessário, portanto, construir
espaços de escuta que permitam desvelar o inconsciente dos sujeitos envolvidos na relação
professor-aluno.

Formação do professor

O tema da formação de professores tem ocupado lugar de destaque nas


pesquisas realizadas no campo da educação. A formação de professores, além de estar
ligada ao científico e epistemológico, é também uma questão política, pois os professores são
formados para trabalhar em uma escola que, por
sua vez, cumpre determinados papéis na empresa. Isso também se torna um
problema filosófico, pois qualquer educação, qualquer formação de educadores remete a
certa concepção do ser humano e sua relação com o mundo. As pesquisas na área de formação
de professores têm se concentrado em promover mudanças na pedagogia a partir
de questões sobre a natureza do ensino. São destacadas idéias e práticas de formação
reflexiva dos educando, visando compreender o significado de sua pedagogia. Os trabalhos
também indicam o interesse da formação de um profissional comprometido e responsável no
que diz respeito ao acadêmico e ao pessoal. Tal formação implica uma mudança de atitude

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diante da realidade e uma maneira diferente de perceber e atuar no mundo. É preciso levar em
consideração as relações sociais que e perpassam o cotidiano escolar e se concretizam na
pedagógica, influenciando na forma como os professores participam. A prática pedagógica é
permeada por jogos de poder muitas vezes fazem da sala de aula um espaço cumprimento de
ordens, de disciplina, e deixa de ser espaço de produção de conhecimentos de formação. A
lógica da atividade educativa nem sempre coincide com a dinâmica da formação, que deixa de
ter como referência o desenvolvimento profissional dos professores,
individual e coletivamente. A formação de professores sempre foi influenciada pela
ciência positivista, que se revelou simplista e limitada na prática social e na ação
profissional, chamada a lidar com problemas muito complexos e incertos. Os professores
têm encontrado grandes dificuldades na educação, particularmente em face do surgimento de
novos currículos.

O uso de abordagens biográficas dá voz aos próprios professores por meio de


suas “histórias de vida”. É importante ouvir a pessoa a quem se destina o treinamento. Nesse
sentido, a escuta clínica se faz necessária para o auxílio dos professores, pois não é fácil
admitir os fracassos, nossas angústias e nosso medo de perder os outros diante da realidade
de "péssimo desempenho".

A Psicanálise e a formação do professor

Desde a proposta de Freud de torná-la uma ciência natural, a contribuição


da psicanálise tem sido com o estudo do comportamento em termos de história individual, em
termos de eventos humanos. Com Freud, um fato psicológico adquiriu movimento, integrou-
se em um processo porque se relacionou com os outros fatos psicológicos da mesma pessoa,
no plano atual e histórico. O que temos em Freud é a apreciação da natureza
ativa de processos inconscientes, sua qualidade dinâmica e influente que molda o pensamento
e a ação conscientes

Essa contribuição está principalmente na descoberta dos desejos, dos produtos mentais e
dos processos evolutivos da infância e fundamentalmente na importância dada à sexualidade
em suas manifestações somáticas e anímicas. Com a Psicanálise, o sujeito retoma seu próprio
discurso, torna-se autor de sua palavra e do seu desejo no confronto com a realidade. O sujeito
é visto como um ser histórico, social e cultural, dotado de inconsciente e desejos que
influenciam e modelam o pensamento e a ação conscientes. Sendo assim, em contraposição a
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outras propostas de formação de professor que se constituem praticamente em técnicas de
intervenção da realidade, fornecendo um instrumental teórico e prático, visando
principalmente à adaptação ao contexto da escola, surge a
A psicanálise, por sua concepção do inconsciente, como saber que transgride o ideal das
ciências experimentais.
Ela amplia o conhecimento que o pedagogo tem do homem, aguçando seu entendimento
sobre as relações complexas entre a criança e os adultos que a educam. A tarefa de uma
professora baseada nos fatos revelados pela análise consistiria em achar um equilíbrio entre os
extremos do consentimento das satisfações do indivíduo e a proibição da manifestação da
pulsão. O que ela defendia era uma análise pedagógica. A importância da escola
para as crianças significa que toda a vida diária gira em torno dela.
Neste sentido, é necessário sublinhar o seu papel e o do professor para com a criança.
A criança, ao ingressar na escola, transfere para a figura do mestre o respeito e a
veneração anteriormente dirigidos ao pai, a fim de tratá-lo como se fosse seu A
transferência ocorre naturalmente na relação professor-aluno, mais do que em outras relações
humanas.

Grupos clínicos de análise de práticas pedagógicas

Os grupos clínicos de análise das práticas docentes abordam a questão do cuidado e do


terapêutico estabelecendo o grupo e a prática profissional como objetos de um trabalho
psicanalítico possível. A abordagem clínica de orientação
psicanalítica considera antes todos os processos mais freqüentemente inconscientes, nas
situações profissionais estudadas, acrescido de noções de transferência e realidade psíquica.
Balint, médico psicanalista que, na década de 1950, aplicou um sistema de
formação para clínicos gerais na área de serviço social.

O grupo clínico Balint é o exemplo mais característico de orientação psicanalítica sobre


as práticas dos educadores. Constitui um dispositivo clínico que reúne profissionais de uma
mesma categoria, tendo um coordenador, analisado ou analista que reflete sobre o grupo.
Nesse quadro clínico preciso, cada participante relata o momento de sua
prática docente conflituosa ao qual o grupo reagiu. Este relatório pode referir-se à relação com
um aluno, a turma ou com o estabelecimento e deve seguir a metodologia de associação livre.
As situações apresentadas referem-se à intimidade de cada pessoa. Os desvios

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psíquicos emergentes abrem discursos e significados inesperados e afetos passados 
e presentes.

Considerações finais

A análise das práticas pedagógicas, guiada pela psicanálise, auxilia a reflexão e permite
ao professor tomar decisões em sala de aula, embora a análise, partindo de uma posição
teórica, não obrigue a aplicação de nenhuma teoria particular sobre o professor de ensino
na prática. Ela permite apenas reflexão e estar consciente do motivo de uma determinada
prática que corresponderia a uma teoria de um ato imposto por imaginativo. Da mesma forma,
o coordenador também se apóia no conhecimento teórico, no conhecimento de referência que
orienta a análise, ou seja, na disciplina psicológica e institucional, a realidade.

O que realmente está em jogo, e este é o objetivo da análise das práticas, é o


saber, não teórico de cada membro. O grupo torna-se um lugar de transformação da denúncia,
pois o professor pode falar sem medo do julgamento e tem a compreensão oferecida pela
psicanálise. O objetivo do grupo Balint não é resolver os problemas imediatos dos
professores, mas treiná-los para reconhecer o que há de concreto na relação educativa e o que
lhes causa sofrimento psicológico o autor especifica que esses grupos não tratam da história
singular de cada um, entretanto não se trata da história única de cada indivíduo, mas de sua
posição profissional e das ressonâncias pessoais em jogo nos grupos.

REFERÊNCIA

PEDROZA, Regina Lucia Sucupira. Psicanálise e Educação: analise das praticas


pedagógicas e formação do professor. Psic. da Ed., São Paulo, 30, junho de 2010, pp. 81-96.

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