Você está na página 1de 11

Emoção

ARTIGO ESPECIAL
e práxis docente

Emoções e práxis docente: contribuições


da Psicologia à formação continuada
Vera Lucia Trevisan de Souza; Vânia Rodrigues Lima Ramos; Beatriz Cristina de Oliveira;
Lilian Aparecida Cruz Dugnani; Fernanda Pereira Medeiros

RESUMO – Em diálogo com Spinoza e Vygotsky, objetiva-se refletir sobre


o papel da dimensão afetiva na constituição da práxis docente. Ressalta-se a
importância da mobilização dos afetos, em espaços de formação continuada,
como modo de favorecer a ressignificação das emoções de nuances negativas
que decorrem dos conflitos escolares, e que podem promover o padecimento/
adoecimento do professor. Neste artigo, buscamos evidenciar fundamentos
que possibilitam a construção de práticas formativas que viabilizem a
reconfiguração de significados e sentidos e a constituição de novos modos
de se perceber e se relacionar com e no contexto escolar.

UNITERMOS: Psicologia Histórico-Cultural. Psicologia Escolar e


Educacional. Formação de Professores.

Vera Lucia Trevisan de Souza – Programa de Pós-Gra­ Correspondência


duação Stricto Sensu em Psicologia e do curso de gra­ Vânia Rodrigues Lima Ramos
duação em Psicologia Pontifícia Universidade Ca­­tólica Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC
de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP, Brasil. Campinas)
Vânia Rodrigues Lima Ramos – Doutoranda no Pro­ Av. John Boyd Dunlop - Jardim Ipaussurama – Cam­
grama de Psicologia como Profissão e Ciência, Pon­ pinas, SP, Brasil – CEP 13034-685
tifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Cam­ E-mail: vanrodlima@gmail.com
pinas), Campinas, SP, Brasil.
Beatriz Cristina de Oliveira – Mestre no Programa de
Psicologia como Profissão e Ciência, Pontifícia Uni­
ver­­­sidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
Cam­pinas, SP, Brasil.
Lilian Aparecida Cruz Dugnani – Pós-doutoranda no
Programa de Psicologia como Profissão e Ciência, Pon­
tifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Cam­
pinas), Campinas, SP, Brasil.
Fernanda Pereira Medeiros – Doutoranda no Programa
de Psicologia como Profissão Ciência, Pontifícia Uni­
versidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
Campinas, SP, Brasil.

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

235
Souza VLT et al.

INTRODUÇÃO do papel dos afetos como promotores de potência


Ao refletirmos sobre as contribuições que a de ação ou padecimento humano, e os estudos
Psicologia pode oferecer à formação de profes- da Psicologia Escolar e Educacional Crítica
sores, deparamo-nos com uma problemática que brasileira.
nos é cara: o lugar das emoções na constituição Amparados nesses princípios, objetivamos
da práxis docente. Neste ponto reside o centro apontar, neste texto, reflexões acerca dos funda-
de nossa preocupação e sobre ele temos nos de- mentos que possibilitam a construção de práticas
bruçado, nos últimos anos, tanto em pesquisas formativas que viabilizem a configuração de
como em ações interventivas que realizamos na novos sentidos sobre a docência e a ampliação
escola pública brasileira, especialmente com os da consciência dos educadores a respeito dos
educadores que atuam com adolescentes. mo­dos de lidar, enfrentar e superar a condição
Compreendemos que uma das finalidades da de sofrimento que caracteriza seu trabalho e as
formação docente é promover a mobilização das relações no ambiente educativo.
emoções, com vistas a possibilitar a transforma- O faremos a partir das questões: como o saber
ção das ações pedagógicas. Em termos spinoza- da Psicologia pode contribuir na formação de
nos, os espaços formativos precisam promover professores? Em que medida pode colaborar para
bons encontros. Para Spinoza1, autor que está a superação dos problemas vivenciados cotidia-
na base da concepção de emoção de Vygotsky, namente pelos docentes no interior das institui-
as afecções (paixões) são de duas naturezas: ções educacionais públicas na atualidade? Como
as alegres, que decorrem dos bons encontros e pode a Psicologia subsidiar práticas educativas
au­mentam a potência de ação; e as tristes, que críticas que promovam o desenvolvimento do
resultam dos maus encontros e que diminuem o educador e de seus alunos?
poder de agir, levando ao padecimento. De nossa perspectiva as emoções, assim como
Consideramos que as emoções de nuances as demais funções psicológicas superiores, de­
ne­gativas se encontram na base dos conflitos senvolvem-se em um movimento dialético perma-
e dos processos de adoecimento que emergem nente entre o sujeito e o social. A com­preensão
no âmbito escolar, sobretudo àqueles que estão do papel das emoções na constituição do trabalho
atrelados ao trabalho docente, uma vez que as do professor vincula-se ao entendimento de quais
condições materiais em que atuam não favorecem foram as condicionantes históricas que levaram a
espaços de fala, escuta e reflexão que os auxiliem carreira docente a se apresentar como temos visto
na ressignificação das dificuldades vividas na na contemporaneidade. Abaixo, apre­sentamos
escola, bem como na ampliação dos sentidos e uma breve síntese do contexto escolar brasileiro.
significados conferidos a sua atividade profissio-
nal. Então, é fundamental que mantenhamo-nos BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CON-
atentos e não percamos de vista o movimento TEXTO ESCOLAR PÚBLICO NO BRASIL:
dialético que configura e reconfigura os modos DIFICULDADES E DESAFIOS
de sentir, pensar e agir dos professores, visto O contexto escolar público no Brasil confi-
que estes, concomitantemente, constituem e são gura-se de maneira complexa, dialética e con-
constituídos nas relações que estabelecem com traditória, intimamente ligado aos interesses
os outros e com o meio que integram. neoliberais que estruturam a sociedade ocidental
Para tanto, embasamo-nos em referenciais na contemporaneidade. São os valores mercado-
que concebem o homem e o mundo de maneira lógicos atribuídos à Educação que, por sua vez,
imbricada, relacional e dialética. Tomamos como determinam os objetivos das ações educativas,
aporte teórico-metodológico a Psicologia His­ influenciam o trabalho dos profissionais que in-
tórico-Cultural, principalmente os pressupostos tegram a escola e produzem os modos de vida
de Vygotsky2-4 e as ideias de Spinoza a respeito social e cultural de determinada população5.

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

236
Emoção e práxis docente

Reconhecemos, apesar disso, que a Educação Assim, as políticas públicas de educação passam
é essencial na formação do ser humano, dado a ter como centralidade características pedagó-
que possibilita não apenas romper com o cotidiano, gicas que se fundamentam na ideia de currí-
o imediato e o aparente para apreensão dos as- culos minimalistas e reducionistas, voltados à
pectos que balizam as relações humanas, como adaptação e sobrevivência daqueles que tomam
também permite a ampliação do modo de pensar, parte da escola, e não direcionados ao seu de-
sentir e agir de um povo, de uma comunidade, senvolvimento. Essas medidas corroboram a
de um grupo e de um sujeito. Nesse sentido, a manutenção de uma escola cindida, pautada na
escola é o espaço em que encontram-se os conhe- divisão de classes, em que se excluem as pessoas
cimentos científicos, sistematizados e validados economicamente menos favorecidas.
socialmente. Eis aí a necessidade e importância Fica evidente para nós que a escola e seu modo
da escola, instituição que visa apresentar ao su- de funcionamento no contexto público são in-
jeito os conhecimentos acumulados pelo homem compatíveis com o que lemos nos documentos
e que o ajuda na leitura da realidade objetiva norteadores da educação brasileira. Essa incom-
à luz de saberes que lhe oferecem elementos patibilidade favorece o aumento de conflitos e
culturais para tecer explicações sobre o mundo. tensões, esvaziando-a de seu objetivo central
No que tange à função exercida pela escola - mediar o conteúdo escolarizado, de modo a
no desenvolvimento dos sujeitos e disseminação pro­mover o desenvolvimento do humano e o apri­
do conhecimento científico, verificam-se os moramento das relações no e pelo coletivo16.
ideários de um sistema, como aponta Libâneo6, Tem-se, portanto, denunciada a incoerência
que é regido pela economia na qual o pilar é a entre o que se diz ser o objetivo da educação e
perpetuação de uma determinada classe. O autor o que ela de fato é. Por esse motivo, instalam-se
evidencia a existência de um dualismo perverso conflitos e tensões nas relações que se estabele-
da escola brasileira, visto que ela se volta para cem na escola, produto da maneira como a edu-
o acolhimento social dos pobres e para a trans- cação pública se constitui - tensionada e contra-
missão do conhecimento para os ricos. Para ele, ditória - que estão longe de serem resolvidos por
há um desacordo entre os moldes da educação um viés que atribui exclusivamente ao sujeito o
com o papel que a escola possui, uma vez que a sofrimento, o fracasso e/ou sucesso presentes nos
ineficácia das tentativas de resoluções de proble- processos de ensino-aprendizagem, visto que é
mas nesta área é realizada a partir de modelos preciso considerar a dimensão ideológica que
exportados, principalmente europeus, que não atravessa as instituições educativas.
condizem com a realidade do país. São frequentes nas mídias, na literatura e nas
Os documentos vigentes que regulamentam unidades educacionais as representações de que
a educação no Brasil como a Lei de Diretrizes e a escola não tem resultados positivos porque os
Bases7, o Plano Nacional de Educação8 e as Di- alunos não se interessam; os professores não en-
retrizes Curriculares Nacionais para a Educação sinam; os gestores não agem; as famílias são de-
Básica9 trazem em sua fundamentação princípios sestruturadas e os pais não colocam limites aos
que sugerem que a escola é um espaço que ob- filhos. Essas representações, por sua vez, passam
jetiva a emancipação, a cidadania, a equidade, a se constituir como “justificativa” da má qualidade
o desenvolvimento do humano na sua integra- do ensino público, cujo enfoque, ressalta Sou-
lidade, porém, as pesquisas10-15 evidenciam o su­ za17, recai sobre a memorização e reprodução
cateamento do ensino público, o enxugamento dos conteúdos e não em ações educativas que
dos conteúdos científicos vinculando-os à ideia possibilitem o desenvolvimento do pensamento
do utilitarismo, do imediatismo e, ao mesmo crítico como capacidade de compreensão de si,
tempo, à precarização da formação e condições do mundo e das relações. Nesse caso, a autora
de trabalho dos professores. nos evidencia o quanto o sujeito é impedido de

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

237
Souza VLT et al.

acessar novos modos de pensar, sentir, e agir no materiais que acessam, uma vez que os elementos
mundo, tornando inacessíveis outros níveis de da cultura, produzidos pelo humano, contribuem
funcionamento do próprio psiquismo. Ou seja, para a ampliação da consciência sobre si e sobre
impossibilitando-o de se tornar autônomo no que a realidade; c) investir no desenvolvimento de
diz respeito ao aprendizado e domínio de novos ações educativas a favor das potencialidades que
conhecimentos. apresentam os alunos, professores, gestores e
Resultam dessa situação problemáticas e di- outros atores escolares, enfrentando-se os ideais
ficuldades que se manifestam nos fenômenos da neoliberais que estruturam a educação; d) investir
evasão escolar, interpretada, via de regra, como na valorização do trabalho docente e, consequen-
resultante do desinteresse do aluno em aprender temente, superar a precarização de sua formação
e não de uma escola onde a curiosidade, o gosto profissional; e) colocar o foco do ensino na pro­
pelo aprendizado e a importância do saber para moção do desenvolvimento das Funções Psico­
a vida são desconsiderados. Há, ainda, como lógicas Superiores (FPS), por meio da apropria­ção,
causa da má qualidade da educação oferecida, a por parte dos alunos, dos conteúdos escolarizados
presença de diferentes formas de violência entre mediados pela escola.
os sujeitos; a impossibilidade de se lidar com a Importa destacar que o psicólogo escolar é um
alteridade dentro da instituição escolar; o adoeci- dos profissionais que pode contribuir na supe-
mento e o afastamento docente das salas de aula ração destes desafios, por meio de desenvolvi-
que demonstram as escassas condições em que mento de práticas que favoreçam a construção
se encontra submetido tanto de ordem econômica da escola pública como um espaço que efeti-
quanto pedagógica e relacional; o analfabetismo vamente ofereça, para toda e qualquer pessoa,
funcional, dado que grande número de crianças e condições de acesso ao conhecimento acumulado
adolescentes não sabem ler e escrever5,18-20. socialmente e à cultura de modo geral, de maneira
Consequentemente, os sentidos atribuídos que possam entrar em contato com diversas e
às atividades de estudo e também às de ensino diferentes possibilidades de aprendizagem e de-
exaurem-se de significação, não havendo re- senvolvimento21. Para isso, é fundamental que se
flexões constantes acerca das funções a serem compreenda o processo de desenvolvimento das
de­sempenhadas pela escola, as possibilidades emoções e seu papel na constituição de novas
do conhecimento escolarizado e, sobretudo, os formas dos sujeitos pensarem, sentirem e agirem
papéis e responsabilidades que os integrantes do no e com o mundo.
contexto educativo possuem. Observa-se, assim,
que os processos de adoecimento e o sofrimento AS EMOÇÕES COMO FONTE DOS CON-
de alunos e educadores ganham predominância, FLITOS E ADOECIMENTO DOCENTE
cristalizando-se e produzindo modos de sentir, As emoções possuem papel fundamental na
pensar e agir enrijecidos que, nas palavras de constituição do sujeito, encontrando-se na base
Dugnani12 e Dugnani & Souza13, impossibilitam do desenvolvimento do psiquismo humano.
os indivíduos de se perceberem e tampouco se- Segundo Vygotsky2, assim como outras funções
rem percebidos na construção e transformação psicológicas, a emoção inicialmente tem o seu
de sua própria história, da história do outro e substrato no biológico e se qualifica como função
da cultura. superior na relação do sujeito com o mundo e na
Em meio a este cenário, emergem como princi- apropriação dos signos culturalmente constituí­
pais desafios a serem enfrentados pelos formadores dos. O afetivo-volitivo é a força motriz de todo
de professores: a) superar a concepção de homem comportamento humano, dado que toda afecção
e desenvolvimento humano fragmentada da rea- convida o sujeito a uma ação, evidenciando que
lidade social e do contexto; b) reconhecer que os a emoção está na base da constituição dos modos
sujeitos se desenvolvem a partir das condições de sentir, pensar e agir dos sujeitos.

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

238
Emoção e práxis docente

A partir das leituras dos textos de Spinoza¹, de si, do outro e do mundo, aportando-o em uma
entendemos afetividade como a capacidade realidade empobrecida cujas explicações sobre o
hu­mana de afetar e ser afetado, o que, por sua que se experiencia nas relações humanas ocorrem
vez, nos auxilia na compreensão dos afetos e de forma alienada e perversa23.
mo­tivos que formam e orientam as ações e os Nossos estudos evidenciam que a emoção é
comportamentos dos professores, os processos de senhora em diferentes momentos e situações no
adoecimento que acometem sua relação com o contexto escolar. Observamos que os docentes
trabalho, os conflitos e tensões que caracterizam dia­riamente são confrontados com situações
as relações escolares, dentre outras coisas. Po­ e problemáticas que, por vezes, não sabem ou
de-se dizer que “a afetividade constitui o sistema não estão preparados para lidar. As impossibi­
psicológico que se mobiliza, como unidade, em lidades vivenciadas pelos educadores os fazem
cada ação ou pensamento do sujeito”17. sentirem-se como impotentes, desamparados,
No imbricamento da emoção e do pensamento, desgastados, frustrados, pois não conseguem
a conduta do sujeito se revela como produto de acessar seus alunos e tampouco mediar o conhe­
um processo dialético, no qual o social é fonte cimento dentro de sala de aula10,11,14,15,24-26.
para significar o percebido, o sentido e o vivido, Segundo Andrada10, a condição de sofrimento
favorecendo a qualificação da emoção elementar e adoecimento aparece naturalizada no exercício
de docência. Em sua tese de doutorado, a autora
em emoção superior, auxiliando na superação da
apresenta as intervenções realizadas com dois
apreensão da realidade imediata, bem como a
grupos de professores, de duas escolas públicas,
ressignificação daquilo que nos afeta cotidia-
evidenciando sentimentos de solidão, desamparo
namente. Nessa direção, os modos instintivos e
e frustração, em virtude de que tinham que “se
primitivos objetivados pelo pensar, falar e agir
virar sozinhos, sem o apoio dos familiares dos
são transformados, possibilitando ações inten-
alunos, da gestão ou do poder público”, se per-
cionadas e a regulação da conduta²².
cebendo, assim, como únicos responsáveis pela
Porém, com fundamento em Spinoza1, pen-
educação e seus resultados21.
samos que a depender das relações que se esta-
Acrescentam Souza et al.27 que na tentativa
belecem entre o sujeito e seus pares e/ou com o
de darem conta das demandas e pressão viven­
meio, as condições concretas que condicionam
ciadas na instituição escolar, os professores aca-
sua forma de se constituir enquanto homem bam construindo posturas defensivas e passam
podem apresentar reações mais primitivas, em a se po­sicionar como vítimas, em uma situação
que a emoção se torna senhora, isto é, enviesa-se em que não há culpados, de modo a conseguir
sua leitura sobre a realidade e sua capacidade lidar com a sensação de abandono, solidão, in-
de agir sobre ela encontra-se diminuída pelo do- justiça e revolta. Com isso, a depender do nível
mínio do que se sente e pelo desconhecimento do so­frimento, este pode limitar a perspectiva do
das causas do sentir. sujeito, mantendo-o refém do momento presente
Este modo de funcionamento, quando cristali- cuja cristalização de afetos negativos serve para
zado, traz em sua base o conhecimento cotidiano contornar os desafios impostos pela profissão.
para significação, o que impossibilita reconfigurar Percebe-se que se tornou cada vez mais re-
e ressignificar as emoções, resultando no esva- corrente o afastamento e o adoecimento docente,
ziamento das paixões alegres e avolumando as com problemáticas relacionadas tanto à saúde
paixões tristes que podem levar ao adoecimento1 física como mental deste trabalhador. Diariamente,
e, consequentemente, ao padecimento. As condi- são veiculadas nos meios de comunicação (te-
ções materiais e não materiais que não favorecem levisão, internet, jornais, etc) notícias que asse­
uma leitura da vida na sua totalidade alijam o veram sobre o grande número de professores que
sujeito da oportunidade de ampliar a consciên­cia se afastam da escola. Segundo Baião & Cunha28

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

239
Souza VLT et al.

e Diehl & Marin18, os professores têm se afas- mobilização de si próprio e do outro em relação
tado da escola, principalmente pelas agressões às suas ações que dizem respeito ao ensino e à
sofridas de alunos, por doenças como Lesão aprendizagem. Cabe questionar, no entanto,
por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteo- como pode o psicólogo escolar contribuir para a
muscular Relacionado ao Trabalho (DORT), tais elaboração das emoções e superação dos confli-
como: disfunções musculares e distúrbios de tos escolares? As práticas de nosso grupo têm se
voz, ou, ainda, por manifestações de quadros de utilizado essencialmente de duas estratégias: a
depressão, ansiedade, estresse, fobias, exaustão primeira diz respeito ao uso de materialidades
emocional e também o distúrbio psíquico de ca- mediadoras - linguagens artísticas diversas,
ráter depressivo conhecido como burnout, que como: músicas, poemas, fotografias, dentre outras
se caracteriza pelo esgotamento físico e mental – com o intuito de promover afecções que possi-
intenso intimamente ligado à vida profissional. bilitem colocar em movimento as emoções dos
Essas constatações denotam o sofrimento na­ sujeitos; e, a segunda, que focaliza as relações de
turalizado como modo de viver a docência, tor­ parceria com os atores escolares, principalmente
nando-se condição para a sobrevivência na esco- os professores16,26,27,29.
la10,21. A realidade concreta promove nos do­centes No que tange ao uso da arte, sustentamos
um comportamento fossilizado que os impede de nossas ações nos estudos de Vygotski2, especial-
imaginar um devir para as situações escolares. mente em sua obra, “Psicologia da Arte”, na qual
Compreendemos, a partir disso, que a Psicologia explicita que as obras artísticas produzidas histo-
pode contribuir na formação e na construção de ricamente pela cultura humana são uma técnica
espaços dentro da escola que fa­voreçam a ela- social que favorece a ressignificação das emo-
boração das emoções e dos conflitos escolares, ções. Dessa maneira, em nossas intervenções, a
pela via de reflexões pautadas no conhecimento arte tem se configurado como uma ferramenta
científico, na apropriação de novos signos, na propulsora das emoções dos professores e da
reconfiguração dos sentidos atribuídos às relações emersão das contradições que permeiam o sentir,
estabelecidas e vividas na escola. pensar e agir desses profissionais13,17,21,29-32.
Ao colocar as emoções em movimento, esse
CONHECIMENTO DA PSICOLOGIA E processo pode promover a ampliação da cons-
SUAS CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO DE ciência e outros modos de perceber e significar
PROFESSORES: ELABORAÇÃO DAS EMO- a realidade, potencializando a importância da
ÇÕES E SUPERAÇÃO DOS CONFLITOS fala e escuta através do pensar e refletir sobre
Consideramos que o psicólogo escolar pode, as relações como uma unidade dinâmica e em
como profissional que atua e intervém nas re- constante movimento, que incorpora o social.
lações, oferecer importantes contribuições aos Fazer uso da arte no trabalho com educadores,
professores, por meio de ações desenvolvidas nos a nosso ver, abre espaços para que ocorram mu-
momentos de formação continuada que ocorrem danças nas significações da realidade, por meio
na escola. Essas ações visam à reflexão sobre os de intervenções que objetivam transformar a
afetos que perpassam as interações e situações intensidade, o percurso e a qualidade das emo-
vividas no cotidiano escolar, favorecendo a res- ções que são expressas e favorecer a ampliação
significação e construção de outros modos de das formas de sentir, pensar e agir, consigo mesmo,
perceber a si mesmo e o outro, isto é, na relação com o outro e com e no mundo, o que pode po-
com os alunos, com seus colegas, com o conheci- tencializar as possibilidades de escolha e atua­
mento, com a escola e com a própria Educação. ção do sujeito na realidade em que toma parte.
Souza17 afirma ser necessário considerar A arte, tal como defendemos, favorece a quebra
a afe­tividade como importante dimensão na dos discursos recorrentes e cristalizados, coloca
ação do­cente, devido à sua potencialidade de as emoções em movimento e nos aproxima dos

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

240
Emoção e práxis docente

docentes, facilitando a superação de resistências na configuração de sentidos e significados da


que se qualificam e tomam forma nas relações rea­lidade que o cerca, por meio dos signos e da
de parceria, cuja possibilidade de diálogo, trocas linguagem apropriados nas relações sociais esta-
de conhecimento e experiências profissionais belecidas ao longo de sua vida. Portanto, o desen-
são fundantes do sucesso da ação interventiva. volvimento humano acontece em um movimento
A parceria tem representado outra ação po- dialético e permanente em que o sujeito concretiza
tente para criar situações que promovem o desen- seu fazer e ser na sociedade pela atividade huma-
volvimento, de forma dialética em que conheci- na34. Nas palavras de Souza & Andrada16:
mentos e experiências - teorias e práticas - podem “O processo de se humanizar, a partir de
ser partilhadas e, principalmente, amenizar as um arcabouço biológico herdado pelo sujeito,
resistências em relação às possibilidades de tem como central o social e, no modo de
mudanças. Neste movimento de trocas, o saber compreender do autor, mais se assemelha
técnico e novas experiências são vivenciadas e a uma revolução do que a uma evolução.
um novo olhar é constituído para o aluno, para Isso porque envolve a ação permanente do
a escola e para o trabalho desenvolvido33. Jesus sujeito em relação ao meio, o qual é consi-
et al.33 afirmam que: derado fonte de desenvolvimento, visto que
“[...] a parceria revela seu potencial pro- dele derivam o conteúdo e a dinâmica que,
motor de significações e de configuração apropriados pelo sujeito de modo próprio
de sentidos por inserir um outro igual na e singular, constituirão seu sistema psico-
relação, que partilha não somente de objeti- lógico e sua personalidade”.16
vos comuns, mas, sobretudo, de sentimentos Serão as condições de vida real e concreta
e emoções que constituem a vontade de que ba­lizarão a sua prática e a ampliação (ou
agir para a superação das condições que não) de sua consciência. Dessa forma, é o modo e
caracterizam o ensino e a aprendizagem na a con­dição da produção material que possibilita-
escola”.33 rá o de­senvolvimento da vida social, intelectual,
ética e política35,36 de determinado sujeito. É por
A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTU­RAL atividade que o homem se constitui como indiví-
COMO BASE DA REFLEXÃO NA FOR- duo e coletivo; ao agir sobre a natureza, conco­
MAÇÃO mitantemente, transforma e é transformado,
Ao longo deste artigo, falamos sobre a impor­ ad­quirindo novas habilidades e conhecimentos
tância da emoção na constituição do sujeito e do que o colocam diante de novas demandas que
desenvolvimento do psiquismo. Mas, como isto surgem destas interações homem-objeto37.
se dá? Norteadas pelos postulados da Psicologia O estudo e a compreensão das transforma-
Histórico-Cultural, especificamente os pressu- ções homem-objeto e objeto-homem, por meio
postos de Vygotski, questionamos o modo fásico e do trabalho, é possível pelo método materialista
linear que se apresenta para o desenvolvimento his­tórico-dialético que afirma que o fenômeno
humano, e partimos da premissa de que o inte- estudado só pode ser compreendido a partir de
resse e os motivos são resultantes das relações sua historicidade, e para isso é preciso que se
vividas entre o sujeito e o social. busque não a aparência, mas a essência, que se
O desenvolvimento se dá no entrelaçamento parta do presente para o passado, e do todo para
de fatores externos e internos levando o sujeito as partes. Ou seja, é preciso investigar quais
a vivenciar conflitos e contradições que podem são as condições materiais que regem o con-
ser superados quando as condições materiais fa- texto estudado e sustentam determinadas ações
vorecem a cooperação entre as pessoas17. Dessa e não outras37,38. A história não é uma sequência
perspectiva, o sujeito é produto e produtor da sua estanque e cumulativa, mas dinâmica e contradi-
história e da sociedade, é um ser ativo que atua tória, que não está acabada, mas em constante

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

241
Souza VLT et al.

transformação39,40. É desta perspectiva, tomando qualificado desta forma, o modo como me per­
a realidade como misteriosa e o contexto como cebo e percebo o outro, a forma como sou tratado
constituinte do fenômeno investigado, que nos e trato o outro tendem ao individualismo e ao
dedicamos a compreender a formação continuada corporativismo, perpetuando-se discursos cris-
de professores. E os conhecimentos e práticas talizados no ambiente da escola, que colocam a
desenvolvidos pelos psicólogos escolares têm docência como missão e o professor como herói.
se revelado potentes para tal. Um herói cuja motivação é doar-se como missio-
nário. Então, não há necessidade de se valorizar
CONSIDERAÇÕES FINAIS a profissão, de se investir em melhores salários,
Dugnani12, ao citar Vygotski e Leontiev, afirma ou seja, de se investir na criação de condições ma-
que a consciência emerge da relação dia­lética teriais que estejam adequadas aos desafios que
entre os motivos, o objeto, a ação e apropriação se impõem à docência. Nesse contexto, poucos
dos resultados, que se constituem e derivam da conseguem o título de herói e muitos padecem
atividade humana, a cisão entre qualquer um e adoecem41,42.
destes elementos resulta em alienação. No Bra- Em consonância aos pressupostos da Psicolo-
sil, as bases neoliberais acabam por inviabilizar gia Histórico-Cultural, buscamos proporcionar
a compreensão da docência em sua totalidade, a outra leitura desses fenômenos ao colocá-los em
partir das dimensões históricas e culturais, o que movimento para assim apreender sua historici-
favorece a naturalização do sofrimento do pro- dade e evidenciando as condições materiais de
fessor como algo que é inerente à sua profissão. sua produção3. Por entendermos que o desenvol-
É essa concepção que está na base de expli- vimento é um processo permanente e que pode
cações individualizantes e culpabilizantes sobre atingir cada vez mais níveis elevados para a
os motivos que levam este profissional a adoecer, compreensão e leituras da realidade, claro quan-
e que o colocam em um lugar de isolamento, e do há condições sociais que favoreçam, acredi-
como único responsável por garantir a sua saúde tamos que os espaços de parceria na escola são
física e mental, revelando uma visão fragmen- necessários para uma atividade profissional que
tada da realidade. Tais distorções, que acabam o professor possa concretizar seu fazer e ser na
por balizar a significação e leitura do mundo e sociedade, e, nesse produto, reconhecer-se e ser
suas relações, denotam o sofrimento ético-político legitimado pelo outro. É por meio da atividade
dos professores, fazendo com que as emoções de que o indivíduo se humaniza e se desenvolve ao
nuances negativas assumam prevalência na longo de sua existência, porém ela está atrelada
orientação da conduta destes profissionais, di­ ao social que traz em si significações e valores
mi­nuindo sua potência de ação. que balizam a atribuição do sentido da ação43.
Os espaços em que os conflitos e tensões não Se o desenvolvimento é dinâmico, recursivo e
são compreendidos como parte indissociável dos permanente, não há meios de potencializar a ação
processos de ensino-aprendizagem e do desen- dos docentes se não lhes forem proporcionadas
volvimento, e que são tomados como eventos que condições permanentes de reflexões e ressigni-
precisam, a todo custo, ser evitados e/ou contro- ficações do vivido, haja vista que à medida que
lados, não favorecem que o sujeito conheça de nos relacionamos com o social o transformamos
forma crítica a sua realidade, o que pode levá-los e somos transformados34,35. Ou seja, sempre ha-
à idealização dos modos de relação na escola, verá novas demandas do meio as quais podem
tendo em sua base a busca pela harmonia, o que desencadear uma crise, que para ser superada
pode promover o adoecimento coletivo dos pro- necessita de novas formas de vivenciar e se rela-
fissionais da escola. cionar no e com o contexto escolar. E os espaços
Acreditamos que, sobretudo nesta situação, de formação de professores são privilegiados no
o psicólogo pode contribuir. Quando o cotidiano é favorecimento desses novos modos.

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

242
Emoção e práxis docente

SUMMARY
Emotions and praxis teacher: contributions of psychology
to continued training.

Taking the emotion, in dialogue with Spinoza and Vygotsky, we aim


to reflect the dimension of the affections in the teaching praxis and the
importance of the mobilization of the emotions in spaces of continuous
formation as a way of reignifying the school conflicts that can favor
the suffering/illness of the teacher. In this text, we seek to evidence
fundamentals that enable the construction of formative practices that allow
the configuration of new senses about teaching and the role of emotion in
these other ways of perceiving and relating to and in the school context.

KEYWORDS: Historical-Cultural Psychology. School and Educational


Psychology. Teacher Training.

REFERÊNCIAS 10. Andrada PC. O professor de corpo inteiro:


1. Spinoza B. Ética. 1ª ed. Belo Horizonte: Au­ a dança circular como fonte de promoção e
têntica Editora; 2009. desenvolvimento da consciência [Tese]. Cam­
2. Vygotsky LS. A construção do pensamento pinas: Pontifícia Universidade Católica de
e da linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Campinas; 2014.
Fontes; 2001. 11. Barbosa ET. Os sentidos do respeito na es­
3. Vygotsky LS. Psicologia da Arte. 1ª ed. São cola: um estudo da perspectiva da psicologia
Paulo: Martins Fontes; 1999. histórico-cultural [Dissertação]. Campinas:
4. Vygotsky LS. Psicologia pedagógica. São Pontifícia Universidade Católica de Cam­
Paulo: Martins Fontes; 2004. pinas; 2012.
5. Guzzo RSL. Escola amordaçada: compromisso 12. Dugnani LAC. Psicologia Escolar e práticas
de gestão na escola: um estudo sobre os pro­
do psicólogo com este contexto. Psicologia
cessos de mudanças mediados pela vontade
escolar e compromisso social. In: Martínez
[Tese]. Campinas: Pontifícia Universidade Ca­
AM, org. Psicologia Escolar e Compromisso
tólica de Campinas; 2016.
Social. Campinas: Alínea; 2015. p. 17-29.
13. Dugnani LAC, Souza, VLT. Psicologia e ges­
6. Libâneo JC. O dualismo perverso da escola
tores escolares: mediações estéticas e se­
pública brasileira: escola do conhecimento
mióticas promovendo ações coletivas. Estud
para os ricos, escola do acolhimento social para Psicol (Campinas). 2016;33(2):247-59.
os pobres. Educ Pesqui. 2012;38(1):13-28. 14. Jesus JS. Sala de recuperação como espaço
7. Brasil. Presidência da República. Lei de Di­ de desenvolvimento: contribuições da Psico­
retrizes e Base. Lei no 9.394/96, de 20 de de­ logia Escolar [Dissertação]. Campinas: Pon­
zembro de 1996. Brasília: Diário Oficial; 1996. tifícia Universidade Católica de Campinas;
8. Brasil. Presidência da República. Lei nº 13.005, 2015.
de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Na­ 15. Neves MAP. Psicologia escolar e música:
cional de Educação (PNE) e dá outras pro­ mobilizando afetos e promovendo vivências
vidências. Brasília: Diário Oficial; 2014. na classe de recuperação [Dissertação]. Cam­
9. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria pinas: Pontifícia Universidade Católica de
de Educação Básica. DCNEB. Diretrizes Cur­ Campinas; 2015.
riculares Nacionais para a Educação Básica: 16. Souza VLT, Andrada PC. Contribuições de
diversidade e inclusão. Brasília: Ministério Vygotsky para a compreensão do psiquismo.
da Educação; 2013. 480 p. Es­tud Psicol (Campinas). 2013;30(3):355-65.

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

243
Souza VLT et al.

17. Souza VLT. Contribuições da Psicologia à 29. Souza VLT, Dugnani LAC, Petroni AP, An­
compreensão do desenvolvimento e da apren­ drada PC. A síntese como registro reflexivo
dizagem. In: Souza VLT, Petroni AP, Andrada no trabalho do psicólogo escolar com gesto­
PC, orgs. A psicologia de arte e a promoção res. Psicol Educ. 2015;41:83-94.
do desenvolvimento e de apren­dizagem São 30. Souza VLT, Petroni AP, Dugnani LA. A arte
Paulo: Edições Loyola; 2016. p. 11-28. como mediação nas pesquisas e intervenção
18. Diehl L, Marin AH. Adoecimento mental em em psicologia escolar. In: Guzzo RSL, Ma­
professores brasileiros: revisão sistemática rinho-Araújo CM, orgs. Psicologia Escolar:
de literatura. Estud Interdiscip Psicol. 2016; iden­ tificando e superando barreiras. Cam­
7(2):64-85. pinas: Editora Alínea; 2011. p. 262-85.
19. Francisco MV, Coimbra RM. Análise do 31. Souza VLT, Petroni AP, Babosa ET, Dugnani
bullying escolar sob o enfoque da psicologia LAC, Andrada PC. O Psicólogo na Escola e
histórico-cultural. Estud Psicol (Natal). 2015; com a Escola: A parceria como forma de atua­
20(3):184-95. ção promotora de mudanças. In: Guzzo RSL,
20. Oliveira CBED, Marinho-Araújo CM. Psi­ org. Psicologia Escolar: desafios e bas­tidores
cologia escolar: cenários atuais. Estud Pes­ na educação pública. 1ª ed. Cam­pinas: Alinea;
qui Psicol. 2009;9(3):648-63. 2014. p. 27-54.
21. Andrada PC. A atividade de dançar como 32. Souza VLT, Petroni AP, Andrada PC. A
mediadora da reflexão de professores do Afetividade como traço da constituição iden­
En­sino Fundamental. In: Souza VLT, Petroni titária docente: o olhar da psicologia. Psicol
AP, Andrada PC, orgs. A psicologia de arte e Soc. 2013;25(3):527-37.
a pro­moção do desenvolvimento e de apren­ 33. Jesus JS, Ramos VRL, Neves MAP, Souza
dizagem. São Paulo: Edições Loyola; 2016. VLT. O grupo PROSPED e a promoção da
p. 45-61. parceria entre psicólogos escolares e pro­
22. Martins LM, Carvalho B. A atividade hu­ fessores no enfrentamento da indiferença na
mana como unidade afetivo-cognitiva: um escola. In: IV Fórum ISCAR Brasil; 2017 Abr
en­foque histórico-cultural. Psicol Estud. 2016; 28-29; Londrina, PR, Brasil.
21(4):699-710. 34. Triviños ANS. A dialética materialista e a
23. Clot Y. A função psicológica do trabalho. Pe­ prática social. Movimento. 2006;12(2):121-42.
trópolis: Vozes; 2006. 222 p. 35. Masson G. Materialismo histórico e dia­lético:
24. Petroni AP. A autonomia de professores: um uma discussão sobre as categorias centrais.
estudo de perspectiva da psicologia [Disser­ Práxis Educ. 2007;2(2):105-14.
tação]. Campinas: Pontifícia Univer­sidade Ca­ 36. Silva MLMB. O materialismo histórico e sua
tólica de Campinas; 2008. influência na teoria histórico-cultural. In:
25. Petroni AP. Psicologia escolar e arte: possi­ Tramas Para Reencantar O Mundo. Rio de
bilidades e limites da atuação do psi­cólogo Janeiro: Colégio Pedro II; 2015.
na promoção da ampliação da cons­ ciência 37. Muniz JO, Silva NA. A ontologia marxiana
de gestores [Tese]. Campinas: Ponti­fícia Uni­ como referencial para a pesquisa sobre a
versidade Católica de Campinas; 2013. psi­cologia histórico-cultural. In: Anais do V
26. Petroni AP, Souza VT. As relações na escola Encontro de Pesquisa e Extensão da Fa­cul­
e a construção da autonomia: um estudo da dade Luciano Feijão; 2012 Nov 27-29; So­bral,
perspectiva da psicologia. Psicol Soc. 2010; CE, Brasil.
22(2):355-64. 38. Netto JP. Capitalismo e Reificação. São Paulo:
27. Souza VLT, Petroni AP, Andrada PC, orgs. A Ciências Humanas; 1981.
psicologia da arte e a promoção do desen­ 39. Cordiolli M. Apontamentos sobre o método
volvimento e de aprendizagem. São Paulo: dialético em Karl Marx. Curitiba: A Casa de
Edições Loyola; 2016. Astérion; 2009.
28. Baião LPM, Cunha RG. Doenças e/ou dis­ 40. Sobral OJ. Ensaio Sobre o Método de Pesquisa
funções ocupacionais no meio docente: uma Marxista: uma perspectiva do ma­ terialismo
revisão de literatura. Rev Form Docente. 2013; dialético. Rev Cient FacMais. 2012;2(1):5-16.
5(1):6-21. 41. Charlot B. O professor na sociedade contem­

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

244
Emoção e práxis docente

porânea: um trabalhador da contradição. Uma reflexão sobre liberdade e transformação


Rev FAEEBA Educ Contemporaneidade. 2008; social. Psicol Soc. 2009;21(3):364-72.
7(30):17-31. 43. Leontiev A. O desenvolvimento do psiquis­mo.
42. Sawaia BB. Psicologia e desigualdade social: Lisboa: Livros Horizonte; 1978.

Trabalho realizado na Pontifícia Universidade Cató­ Artigo recebido: 8/3/2019


lica de Campinas (PUC Campinas), Campinas, SP, Aprovado: 30/4/2019
Brasil.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.

Rev. Psicopedagogia 2019; 36(110): 235-45

245

Você também pode gostar