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Educação
Conteudista
Prof. Me. Pascoal Ferrari
Prof.ª Dra. Rosana Tosi Costa
Revisão Textual
Camila Yuraki Ferrari
Revisão Técnica
Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro
Sumário
Objetivos da Unidade.............................................................................................................3
Introdução............................................................................................................................... 4
A Psicopedagogia.................................................................................................................18
Práticas Psicopedagógicas................................................................................................ 22
Material Complementar.....................................................................................................24
Referências............................................................................................................................ 25
Objetivos da Unidade
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VOCÊ SABE RESPONDER?
Introdução
Qual é a relevância da Psicologia para os processos educacionais? Essa é uma per-
gunta fundamental que, ao longo da Unidade, será debatida em vários flancos. Longe
de ser exaurido, esse questionamento serve como estímulo para reflexões teóricas
sobre esse imbricamento entre Psicologia e Educação, bem como para a produção
de possibilidades práticas, de ações no interior das múltiplas instâncias educacionais.
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Além do processo de ensino-aprendizagem, a Psicologia como ciência pode, tam-
bém, contribuir para uma melhor compreensão do fenômeno educacional quando
ampliamos nosso objeto de estudo e focamos nas relações humanas. Partindo da
premissa de que aprendemos com o outro e de que as interações com o ambiente
que nos cerca influenciam a nossa aprendizagem, encontraremos na escola um es-
paço que propicia as relações humanas.
Quando focamos nas relações humanas, não podemos deixar de considerar a afetivida-
de pertinente às relações entre as pessoas. Os vínculos que criamos com outras pessoas
são carregados de afetividade, de sentimentos e de significados particulares que vamos
construindo à medida que convivemos com as pessoas frequentadoras da escola.
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A Psicologia, enquanto ciência, abre espaço para o estudo da Educação, da Psico-
logia da Educação, da Psicopedagogia e da Psicologia do Desenvolvimento, essas
são áreas de conhecimento que convergem seus interesses e investigações para
os processos de ensino-aprendizagem ou tudo que se relaciona às problemáticas
educativa e escolar. A aprendizagem é um fenômeno fundamental para a sociedade,
tanto que criamos espaços e contextos especificamente educativos, que chama-
mos de escola, para tornar a Educação mais eficiente e eficaz.
A Psicologia e a Formação de
Professores
Ensinar sempre causou curiosidade entre os educadores/professores. Parece haver
uma espécie de mistério quanto ao fato de levar/orientar alguém a apreender conhe-
cimentos e saberes relacionados à sobrevivência tanto física quanto mental e social.
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O fantástico parece estar na situação de assumir uma postura de poder sobre o ou-
tro, conduzindo-o para o que nos parece correto e lógico. É transformar e mudar o
percurso de vida de sujeitos postos em nossas mãos (pensem em educadores como
um todo, incluindo pais).
É certo que a educação não nos serve como panaceia, porém é um dos grandes
movimentos da humanidade para formar um ser que seja compatível com o tempo
e o espaço vividos e para planejar elementos do futuro.
Sendo assim, nada mais justo do que pensarmos em um lugar para educar e formar pesso-
as coerentes para o ensinar nesse lugar. Surge a perspectiva da escola e dos professores.
Reflita
Considerando o exposto, já imaginou o quanto o professor, den-
tro da escola, é poderoso na liderança de formação de pessoas
para o mundo?
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Abramovich (1994) relata o quanto o professor que é inconsciente de sua ação pode
fazer “coisas” no ato de ensinar que “levem” o aluno a organizar-se como pessoa
(personalidade) para seu aperfeiçoamento ou total destruição. Enfatiza que ensinar
parece ser um ato confuso em que não se tem clareza sobre “passar” certezas pes-
soais ou arriscar para que os alunos encontrem as suas verdades.
Formar cabeças feitas ou abrir cabeças pro que der e vier? Passar minhas
certezas ou arriscar que os alunos escorreguem, caiam e achem a sua
resposta, o seu caminho? Talvez, até oposto ao meu. [...] Complicado tudo
isso. É onde mais me debato. Cada mergulho e cada volta à tona pra res-
pirar me trazem novas perguntas. Novas dúvidas. Novas incertezas.
Chega deste vai levando... Chega de botar a culpa nos outros e lavar as
minhas mãos. Está na hora de crescer. Crescer como professora. Como
pessoa. Como pessoa-professora. Assumir as minhas responsabilidades
nisto tudo que está aí. Parar de me achar uma vítima. Sou vítima, sou
carrasco. Sou decapitada e decapito. Sou mandada e mando. Ensino e
sou ensinada. Aprendo com os meus alunos e desaprendo com outros
professores. Sou cutucada por alguns professores e desanimada por um
montão de alunos. Tudo acontecendo junto. Ao mesmo tempo. Tenho
que parar de me lamentar. Tomar uma atitude. Depende de mim. A esco-
lha é minha. Só minha.
Pelo que foi exposto até o momento, é possível afirmar, para começar a conversar
sobre a formação de professores, que o ato educativo não é tarefa fácil. É, pois, um
trabalho árduo que exige do profissional reflexão constante para tomada de deci-
sões e organização de atos gestores do que se pretende enquanto ação deliberada
sobre outros.
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Na proposição de Paulo Freire
(ilustre educador brasileiro, que
podemos ver na imagem), é deci-
dir “politicamente” entre o libertar
(emancipar) e o escravizar pessoas
pelo ato educativo na ação profis-
sional do professor. A escolha é do
próprio sujeito que se colocou à
disposição de ser professor.
Não se trata de terapia, mas de fornecer elementos para que o futuro profissional
encontre a sua identidade profissional e se assuma como corresponsável pelos re-
sultados da ação educativa no mundo. Trata-se da nossa identidade pedagógica.
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Reflita
Nessa perspectiva, é fundamental responder com lógica às
questões: que tipo de professor(a) sou eu? O que quero? For-
mar quem? Para quê? Que mundo? Em que tempo? Em qual
cultura? Que sujeito estou ajudando a formar? Qual sujeito en-
contrarei no futuro?
Nosso foco é: uma vez que o profissional de Educação – professor – seja conscien-
tizado pelos conteúdos diversos da ciência Psicologia, os demais conteúdos terão
maiores sentidos e significados na atuação educativa.
Importante
Sabendo sobre o eu, há maiores chances de compreender e in-
tervir sobre os outros. É o sujeito consciente orientando a for-
mação de outros sujeitos conscientes.
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relacionados à própria ação e ao que se impõe nas políticas públicas de Educação.
É, então, não só “fazer” ou desenvolver conteúdos impostos por diretrizes curricu-
lares, mas tomar decisões, emitir pareceres fundamentados, justificar e reconhecer
as próprias ações, ler e interpretar ocorrências do contexto educacional/escolar em
que atua, agindo coerente e logicamente, com o propósito sendo sempre o de con-
duzir/orientar o ensino para o aprender.
Vídeo
Durante o processo de formação de professores,
não se pode deixar de incentivar a reflexão: o que
é ser professor? O que significa ser professor no
nosso tempo?
Contexto político
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Contexto curricular
Contexto de investigação
Contexto prático
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Figura 3 – Woman Seated by an Easel, de Georges Seurat
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um quadro de Georges Seurat em que se vê uma mulher sentada, com
vestimenta própria do século XIX. Ela está escrevendo em uma folha ou caderno que apoia sobre o colo. À sua
frente, vemos um trecho de um cavalete de pintura. Fim da descrição.
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As autoras nos oferecem a dimensão da importância da Psicologia do Desenvolvi-
mento para a Educação Infantil. Essa ciência construiu e sistematizou conhecimen-
tos fundamentais sobre as fases do desenvolvimento humano, permitindo, dessa
forma, uma maior adequação das atividades pedagógicas realizadas nessa moda-
lidade de ensino. Conhecendo melhor o desenvolvimento infantil, a escola poderá
planejar, de forma mais ajustada, as sequências didáticas aplicadas à sala de aula.
A Psicologia e as Necessidades
Educacionais Especiais (NEEs)
Com inúmeros estudos e pesquisas a respeito das síndromes e das necessidades
especiais que crianças podem apresentar, a Psicologia contribui muito com a Edu-
cação mais inclusiva, no sentido de reunir conhecimento acerca desses fenômenos,
oferecendo pistas e reflexões para os encaminhamentos educativos mais adequa-
dos à realidade de cada criança.
Importante
A Psicologia fornece subsídios para o desenvolvimento e a ela-
boração do planejamento curricular de uma educação formal
que inclua essas crianças no universo escolar.
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São inúmeras as Necessidades Educacionais Especiais (NEEs). Podemos pensar em
necessidades cognitivas em relação a crianças intelectualmente superiores ou mais
lentas em sua aprendizagem, necessidades sensoriais como dificuldades auditivas
ou visuais, desajustes comportamentais advindos de distúrbios emocionais ou afeti-
vos, síndromes e distúrbios genéticos, como autismo, dislexia etc. Ou, ainda, dificul-
dades múltiplas. Certamente, todas as crianças têm direito à educação de qualidade.
De fato, é um grande desafio para o professor o trabalho com crianças com necessidades
especiais. A Psicologia com foco de estudos nessa área poderá trazer subsídios para um tra-
to mais humanizado com essas crianças; todavia, reafirmamos o direito de todas as crianças
participarem do sistema educacional de forma plena.
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Com essa nova visão sobre os limites de aprendizagem de pessoas com NEEs, a
escola pode redimensionar esses limites, ampliando-os e criando novos horizontes.
A escola, como espaço de aprendizagem, é de fundamental importância para o de-
senvolvimento cognitivo/afetivo desses indivíduos.
A Psicologia e o Processo de
Alfabetização
Na maioria das vezes, pensamos que alfabetizar tem ligação com apresentar aos sujeitos,
que estão no processo de ler e escrever, letras e números e fazê-los unir, por justaposição,
cada uma das letras e cada um dos números – em um ato mecânico de redação e operações
matemáticas.
Importante
Um dos maiores educadores brasileiros – Paulo Freire – defen-
deu a ideia de que ler e escrever, a alfabetização, pressupõe
orientar o sujeito que aprende pela via das letras e dos números,
para passar de um nível de pensamento ingênuo para um ní-
vel superior de consciência crítica, ou seja, da escravidão para a
emancipação mental.
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Figura 5 – Grupo de Meninas Brincando, de Cândido Portinari
Fonte: wikiart.org
#ParaTodosVerem: a imagem mostra a tela “Grupo de meninas brincando”, de Cândido Portinari. Nela, há um
grupo de meninas maiores, vestidas de branco, e uma menor, em primeiro plano, com vestido azul e segurando
um guarda-chuvas. Todas estão com os pés descalços, sob um chão de terra. Ao redor, há balões, pipas e uma
casinha. Fim da descrição.
O processo educacional constitui-se, então, como campo favorável e fértil para essa
alfabetização emancipatória, promovendo e provocando contínua reflexão sobre a
realidade social. Nesse processo, afirma Freire (1998), o diálogo torna-se fundamen-
tal como troca de experiências.
Nessas relações dialógicas, o papel do professor é fundamental, pois é ele que “ani-
ma” e gerencia todo o debate entre os sujeitos do campo educacional escolar. O
professor, pela via do seu conteúdo (matéria), é que vai garantir relações saudáveis
no enfrentamento e na resolução de problemas considerados fundamentais para o
processo de conscientização da realidade e da formação crítica do sujeito.
São muitas e longas pesquisas psicológicas que visam descrever todo o percurso
constituído pelo ser humano desde os primeiros rabiscos até a mais complexa ela-
boração de hipóteses relacionadas ao mundo que é vivenciado.
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Assim, compreender quais elementos estão presentes no processo de aquisição e
construção de saberes almeja instrumentalizá-lo para que venha a facilitar todas
as intervenções na conscientização de alunos e de si, sistematizando um caminhar
suave para a transposição de uma visão ingênua para a absoluta criticidade.
A Psicopedagogia
A Psicopedagogia surgiu como área de conhecimento a partir da demanda práti-
ca de atendimento a crianças com dificuldades de aprendizagem. Uma das ques-
tões importantes para a compreensão epistemológica da Psicopedagogia é a sua
dinâmica transdisciplinar.
Importante
A Psicopedagogia é produto de uma interface que converge
múltiplas áreas do conhecimento e as elabora tendo em vista
a compreensão dos processos de aprendizagem. No entanto, é
importante salientar que ela não é um mero reflexo das discipli-
nas as quais ela toma como referência, sobretudo a Psicologia
e a Pedagogia.
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A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e ação interdisciplinar
em Educação e Saúde com diferentes sujeitos e sistemas, quer sejam
pessoas, grupos, instituições e comunidades. Ocupa-se do processo de
aprendizagem considerando os sujeitos e sistemas, a família, a escola, a
sociedade e o contexto social, histórico e cultural. Utiliza instrumentos
e procedimentos próprios, fundamentados em referenciais teóricos dis-
tintos, que convergem para o entendimento dos sujeitos e sistemas que
aprendem e sua forma de aprender.
Preventivo Terapêutico
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Reflita
Se sabemos que a Psicopedagogia debruça seus interesses so-
bre os processos de aprendizagem, é necessário que algumas
perguntas sejam feitas, como: o que é aprendizagem? Como se
aprende? O que é uma dificuldade de aprendizagem? Como lidar
com dificuldades de aprendizagem? Como se educa? Quais são
as instâncias de prevenção e tratamento? E tantas outras pergun-
tas que a teoria e a prática psicopedagógica tentam responder.
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Num momento posterior, por influência de outras áreas do conhecimento, sobretu-
do da Psicologia Genética e da Psicanálise, a Psicopedagogia passou a conceber o
“não aprendizado” de uma outra maneira. Essa nova forma começou a considerar a
singularidade dos sujeitos envolvidos nos processos de aprendizagem. Sendo assim,
as características individuais das crianças, bem como suas histórias e seus contextos
socioculturais, passaram a ser levados em conta para a compreensão do processo
de aprendizagem. O foco agora deixa de ser no “não aprendizado” e passa a ser no
sujeito “aprendendo”.
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Figura 7 – Sem título, de Mira Shendel
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma linha com diversos elementos escuros e espalhados sobre ela. Fundo
branco. Fim da descrição.
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Práticas Psicopedagógicas
No ambiente escolar, de acordo com Cavichia (2000), o trabalho da Psicopedagogia
pode ser o de assessor ou coordenador pedagógico. Na assessoria, cabe a interlo-
cução com educadores e a reflexão de suas práticas pedagógicas. Na coordenação,
se faz necessário orientar os educadores em relação ao trabalho com as crianças, de
modo que as identidades profissionais e pessoais possam ser esclarecidas.
Trabalha com
Consiste na tentativa
questões didático-
de eliminação
metodológicas e
desses transtornos,
é direcionado aos No segundo nível,
e, embora seja uma
educadores e ao são realizados
instância com forte
aconselhamento diagnósticos e
caráter clínico,
da família. O seu depois são propostas
a prevenção nas
objetivo é mitigar intervenções para
instituições é muito
os problemas de que os transtornos
importante para que
aprendizagem, instalados possam
esse transtorno não
evitando que eles diminuir.
se restabeleça ou
se desenvolvam e
mesmo que novos
cresçam em tamanho
transtornos apareçam.
e complexidade.
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Material Complementar
Vídeos
Entenda: Qual a Função do Psicopedagogo?
https://youtu.be/d-s_TmahO_A
Psicologia da Educação
https://youtu.be/74LyXVseCIg
Leituras
Psicologia e Educação: Novas Perspectivas para a Educação Brasileira
https://bit.ly/3QdWsLk
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Referências
ABRAMOVICH, F. Que raio de professora sou eu? São Paulo: Scipione, 1994.
DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
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