Você está na página 1de 88

REORIENTAÇÃO

CURRICULAR
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E
INICIAÇÃO À PESQUISA
Materiais Didáticos
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Rosinha Garotinho

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO


Claudio Mendonça

SUBSECRETARIA ADJUNTA DE
PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO
Alba Rodrigues Cruz
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

SUBSECRETARIA ADJUNTA DE PLANEJAMENTO


PEDAGÓGICO

EQUIPE TÉCNICA
Celia Maria Penedo
Esther Santos Ferreira Monteiro
Flávia Monteiro de Barros
Hilton Miguel de Castro Júnior
Maria da Glória R. V. Della Fávera
Roseni Silvado Cardoso
Tânia Jacinta Barbosa

Rio de Janeiro 2006


REORIENTAÇÃO CURRICULAR - EQUIPE UFRJ

Direção Geral
Profª. Angela Rocha
Doutora em Matemática – Instituto de Matemática da UFRJ

Coordenação Geral
Profª. Maria Cristina Rigoni Costa
Doutora em Língua Portuguesa – Faculdade de Letras da UFRJ

Coordenação de Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa:


Profª Mônica Mandarino
Doutoranda em Educação – Profª da Fac. Educação da UNIRIO

Professores Orientadores
Carmen Irene Correia de Oliveira
Doutoranda em Ciência da Informação - Profª da Fac. Educação da UNIRIO

Gilda Maria Grumbach


Mestre em Educação - Profª da Fac. Educação da UNIRIO

Maria Elena Viana Souza


Doutora em Educação - Profª da Fac. Educação da UNIRIO

Professores Autores
Ailene Lemos A. A. Costa Colégio Estadual 20 de Julho - Arraial do Cabo
Aveline Machado de Freitas CIEP 275 – Lênin e Cortes Falante - Itaocara
Claudia Cristina dos S. Fermiano Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Claudia Nogueira Pais do Nascimento Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Cláudia Regina Ribeiro Matoso Colégio Estadual Júlia Kubitschek - Rio de Janeiro
Cleider Miranda da Rocha Teixeira Colégio Estadual Dom Pedro I - Mesquita
Dalva Teixeira de Almeida Colégio Estadual Dom Pedro I - Mesquita
Débora Ofredi Gonçalves Muniz Colégio Estadual José Veríssimo - Magé
Douglas Teixeira Cardelli Colégio Estadual Heitor Lira - Rio de Janeiro
Elazir Rosa de Aquino Instituto de Educação Sarah Kubitschek - Rio de Janeiro
Elisabeth Amélia Coutinho Colégio Estadual Dr. Alfredo Backer - Duque de Caxias
Elizabeth Terezinha P. Seziano Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Elsa Maria de Oliveira Barros Instituto de Educação Roberto Silveira - Duque de Caxias
Francisca de Assis Rocha Alves Instituto de Educação Rangel Pestana - Nova Iguaçu
Glaura Cristina Oliveira Braga Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Iacy de Oliveira Gama e Silva Langer Colégio Estadual Heitor Lira - Rio de Janeiro
Janete Aragão Falante Colégio Estadual Frei Tomás - Itaocara
José Eduardo Muniz Lima Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho - Niterói
Jussara Soares dos Reis Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Kátia Matias da Silva Souza Instituto de Educação Rangel Pestana - Nova Iguaçu
Katia da Silva Peranzzeta Instituto de Educação Professor Moysés Henrique dos Santos -
São João de Meriti
Katia Rebello da Silva Colégio Estadual Júlia Kubitschek - Rio de Janeiro
Katty Vali da Silva Braga Colégio Estadual 20 de Julho - Arraial do Cabo
Lecy Marciano Figueira Colégio Estadual Frei Tomás - Itaocara
Lucínea Alves Almeida da Costa Colégio Estadual José Veríssimo - Magé
Mara Morgado Colégio Estadual Júlia Kubitschek - Rio de Janeiro
Márcia Adriana Dias da Silva Gonçalves CIEP Brizolão 141- Vereador Said Tanus José - Italva
Márcia Joana Marcolino Ribeiro Instituto de Educação Sarah Kubitschek - Rio de Janeiro
Márcia Leite Colégio Estadual Professor José Accioli - Rio de Janeiro
Maria Aparecida de Oliveira Assumpção Instituto de Educação Profª Ismar Gomes de Azevedo – Cabo Frio
Maria Cecília Chagas Ferreira Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Maria Emília Menezes Pinheiro Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Maria Elma Beloti da Cosra Mariano Colégio Estadual Heitor Lyra - Rio de Janeiro
Maria Isabel Moreira Barbosa Instituto de Educação Roberto Silveira - Duque de Caxias
Maria Kátia Pontes de Lima Colégio Estadual Heitor Lira - Rio de Janeiro
Maricélia Policarpo da Fonseca Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Marilena Sinder Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Mariza de Almeida Silva Instituto de Educação Rangel Pestana - Nova Iguaçu
Marly Aparecida Raia Michaelides Instituto de Educação Rangel Pestana - Nova Iguaçu
Mônica de Mendonça Morena Colégio Estadual Júlia Kubitschek - Rio de Janeiro
Mônica Paiva de Almeida Colégio Estadual Heitor Lira - Rio de Janeiro
Nancy de Souza Costa Colégio Estadual Teotônio Brandão Vilela - Itaocara
Norma Agostini Colégio Estadual Heitor Lira - Rio de Janeiro
Shirley Souza Guina Colégio Estadual Professor José Accioli - Rio de Janeiro
Solange Chaves de Assunção Instituto de Educação Sarah Kubitschek - Rio de Janeiro
Tomie Helena Kavakami Colégio Estadual Pandiá Calógenas – São Gonçalo
Vera Lucia Silveira Leite Campos Colégio Estadual Heitor Lira - Rio de Janeiro
Verônica Ribeiro da Silva Mattos Colégio Estadual Sérvulo Mello - Silva Jardim
Werleide Moura de Lima Colégio Estadual Dom Pedro I – Mesquita
Zenith Lourenço Rangel Colégio Estadual José Veríssimo - Magé

Capa
Duplo Design www.duplodesign.com.br

Diagramação
Aline Santiago Ferreira Duplo Design - www.duplodesign.com.br
Marcelo Mazzini Coelho Teixeira Duplo Design - www.duplodesign.com.br
Thomás Baptista Oliveira Cavalcanti Tipostudio - www.tipostudio.com.br
Prezados (as) Professores (as)

Visando promover a melhoria da qualidade do ensino, a Secretaria de Estado de Educação do


Rio de Janeiro realizou, ao longo de 2005, em parceria com a UFRJ, curso para os professores
docentes de diferentes disciplinas onde foram apropriados os conceitos e diretrizes propostos
na Reorientação Curricular. A partir de subsídios teóricos, os professores produziram materiais
de práticas pedagógicas para utilização em sala de aula que integram este fascículo.

O produto elaborado pelos próprios professores da Rede consiste em materiais orientadores


para que cada disciplina possa trabalhar a nova proposta curricular, no dia a dia da sala de aula.
Pode ser considerado um roteiro com sugestões para que os professores regentes, de todas
as escolas, possam trabalhar a sua disciplina com os diferentes recursos disponibilizados na
escola. O material produzido representa a consolidação da proposta de Reorientação Curricular,
amadurecida durante dois anos (2004-2005), na perspectiva da relação teoria-prática.

Cabe ressaltar que a Reorientação Curricular é uma proposta que ganha contornos diferentes
face à contextualização de cada escola. Assim apresentamos, nestes volumes, sugestões que
serão redimensionadas de acordo com os valores e práticas de cada docente.

Esta ação objetiva propiciar a implementação de um currículo que, em sintonia com as novas
demandas sociais, busque o enfrentamento da complexidade que caracteriza este novo século.
Nesta perspectiva, é necessário envolver toda escola no importante trabalho de construção
de práticas pedagógicas voltadas para a formação de alunos cidadãos, compromissados com a
ordem democrática.

Certos de que cada um imprimirá a sua marca pessoal, esperamos estar contribuindo para
que os docentes busquem novos horizontes e consolidem novos saberes e expressamos os
agradecimentos da SEE/RJ aos professores da rede pública estadual de ensino do Rio de
Janeiro e a todo corpo docente da UFRJ envolvidos neste projeto.

Claudio Mendonça
Secretário de Estado de Educação
SUMÁRIO

15 Introdução
19 Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e
Iniciação à Pesquisa
33 O curso
Sugestões de atividades
37 Detectando e repensando os mecanismos de inclusão e exclusão na
comunidade escolar
Elazir Rosa de Aquino, Francisca de Assis Rocha Alves, Maria Aparecida de Oliveira
Assumpção, Verônica Ribeiro da Silva Mattos

42 Eu também posso: cuidados com o meio ambiente


Janete Aragão Falante, Lecy Marciano Figueira, Nancy de Souza Costa

48 Sabor de ler
Kátia Matias da Silva Souza, Márcia Adriana Dias da Silva Gonçalves, Mariza de Almeida
Silva, Marly Aparecida Raia Michaelides

54 Um novo olhar para pesquisa


Cláudia Regina Ribeiro Matoso, Katia Rebello da Silva, Mara Morgado, Mônica de
Mendonça Morena, Márcia Leite, Shirley Souza Guina, Werleide Moura de Lima, Cleider
Miranda da Rocha Teixeira, Dalva Teixeira de Almeida, Katia da Silva Peranzzeta, Maria
Elma Beloti da Cosra Mariano
62 Implementação dos princípios da lei 10639/03, no currículo do curso
normal de nível médio
Claudia Cristina dos S. Fermiano, Claudia Nogueira Pais do Nascimento, Elizabeth
Terezinha P. Seziano, Glaura Cristina Oliveira Braga, Jussara Soares dos Reis, Maricélia
Policarpo da Fonseca, Maria Cecília Chagas Ferreira, Maria Emília Menezes Pinheiro,
Marilena Sinder, Tomie Helena Kavakami

67 Identidade profissional – ser professor


Ailene Lemos A. A. Costa, Aveline Machado de Freitas, Elsa Maria de Oliveira Barros, Katty
Vali da Silva Braga, Solange Chaves de Assunção, Maria Isabel Moreira Barbosa, Márcia
Joana Marcolino Ribeiro

73 Uma viagem pelos costumes brasileiros: resgate da cultura


Douglas Teixeira Cardelli, Iacy de Oliveira Gama e Silva Langer, Maria Kátia Pontes
de Lima, Mônica Paiva de Almeida, Norma Agostini, José Eduardo Muniz Lima, Vera Lucia
Silveira Leite Campos

81 Projeto resgate da história da minha educação


Zenith Lourenço Rangel, Elisabeth Amélia Coutinho, Lucínea Alves Almeida da Costa,
Débora Ofredi Gonçalves Muniz

87 Lista dos professores que participaram do curso


Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

INTRODUÇÃO
A relação com o saber se constrói em relações sociais de saber. Mostrá-lo, analisar suas
modalidades e seus processos talvez seja a tarefa específica de uma sociologia da relação
com o saber (Charlot, 2000, p.86)1.

O documento de Reorientação Curricular apresenta como concepção da disciplina Práticas


Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa, presente nas quatro séries do currículo das escolas Normais,
que esta deve ser o fio condutor de todo o trabalho de formação docente. Um dos papéis desta
disciplina, talvez o mais fundamental, é construir a ponte entre a base teórica, trabalhada nesta
e nas demais disciplinas de formação pedagógica, e a prática, por meio da observação e da ação
junto a escolas que atendem aos anos iniciais do Ensino Fundamental. Dessa forma, nesta etapa
do programa de Reorientação Curricular, para professores das diversas disciplinas pedagógicas
das escolas Normais, foi oferecido um curso de formação continuada para aprofundamento do
estudo das concepções e propostas da disciplina Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa.

O curso, realizado durante o segundo semestre de 2005, fez parte das iniciativas da Secretaria de
Estado de Educação do Rio de Janeiro para implementação, avaliação e discussão da segunda
versão do documento de Reorientação. Diversos professores2 de diferentes disciplinas de
formação profissional da grade curricular das escolas Normais do Estado participaram desse
curso, que se constituiu como uma oportunidade de troca de experiências e discussão sobre as
estratégias, acertos e dificuldades para implementação da nova proposta curricular.

Orientados por professores da UNIRIO, 57 professores da rede planejaram, colocaram em


prática e avaliaram projetos sintonizados com os pressupostos e orientações contidas no Livro
IV da Reorientação Curricular e no seu suplemento, destinado à disciplina Práticas Pedagógicas e
Iniciação à Pesquisa. Para isso, as três turmas de professores de escolas Normais participaram
de seis encontros quinzenais e atividades planejadas para serem realizadas à distância com
acompanhamento dos professores orientadores, sempre que necessário.

O grupo de professores que participou deste programa de formação continuada trouxe


contribuições significativas ao debate, não apenas sobre a proposta curricular da disciplina
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa, mas também, como era de se esperar devido ao caráter

1
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.
2
Todos os professores regentes que participaram do curso estão listados no final deste documento.

Introdução 15
unificador da referida disciplina, sobre os projetos pedagógicos e a realidade de suas escolas,
buscando saídas, trocando experiências, propondo ações inovadoras, planejando, realizando e
avaliando experiências concebidas no âmbito do curso. A participação conjunta dos professores
regentes, de diferentes escolas e disciplinas, não se restringiu apenas ao campo das idéias, mas,
sobretudo, ficou evidente o desejo de colaborar com os demais colegas da rede.

Nesse sentido, os grupos que se constituíram ao longo do curso não pouparam esforços no
sentido de pensar em saídas para os problemas que enfrentam em suas escolas, de planejar e
propor projetos e atividades que possam contribuir com a prática dos colegas e em formas
de conduzi-las, levando em conta a diversidade e a especificidade de cada região de nosso
Estado. Independentemente de uma expectativa de publicação dos trabalhos desenvolvidos, os
professores tiveram sempre presente o espírito de participação, colaboração e integração.

Como responsáveis pelos encontros, registramos que o contato com profissionais de diferentes
disciplinas e regiões trouxe a todos uma imagem bastante significativa dos pontos comuns e
divergentes que a estrutura do sistema educacional estadual apresenta. Destacamos como um
ponto bastante positivo o esforço de todos de pensar o papel interdisciplinar das sugestões
apresentadas. A esse respeito, as contribuições de docentes que atuam em disciplinas ligadas
a diferentes ciências da educação (psicologia, sociologia, filosofia e didática, por exemplo)
possibilitaram uma efetiva compreensão do documento de Reorientação Curricular como um
todo e, em especial, do importante papel que a disciplina Práticas Pedagógicas e Iniciação à
Pesquisa pode exercer no projeto pedagógico de formação de professores em nível médio.
Porém, a impressão mais forte que ficou, ao final desta nova etapa de contato com professores
do ensino Normal, foi, principalmente, a de um grupo de profissionais dedicado, que se
preocupa com o seu próprio fazer cotidiano e com o seu papel junto aos outros profissionais
e junto àqueles que estão em formação.

Este documento reapresenta a proposta de Reorientação Curricular para a disciplina Práticas


Pedagógicas e Iniciação Pesquisa, a estrutura do curso realizado pelos professores das Escolas
Normais e algumas das atividades propostas e vivenciadas pelos participantes do curso que,
em alguns casos, venceram barreiras quilométricas – literalmente – para colaborar com mais
esta etapa da Reorientação Curricular do Estado do Rio de Janeiro. Esperamos que os demais
professores da rede, que não puderam viver esta rica experiência, se beneficiem com as
propostas apresentadas por seus colegas e que se sintam motivados a realizar o maior desejo
dos cursistas – que todos possam implementar estas idéias, enriquecê-las com a própria prática
e dar continuidade ao trabalho unificador das escolas Normais do Estado do Rio de Janeiro
que os presentes puderam experimentar.
As ciências da educação são um ponto no qual se confrontam, em uma tensão constante,
as questões axiológicas (que devemos fazer?) e a preocupação com as práticas (que
podemos fazer?, e como?) (Charlot, op.cit., p.88).

Mônica Mandarino
Carmen Irene Correia de Oliveira
Gilda Maria Grumbach
Maria Elena Viana Souza
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E
INICIAÇÃO À PESQUISA

CURSO NORMAL EM
NÍVEL MÉDIO
Disciplinas de Formação
Profissional

Janeiro de 2006
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

O PAPEL DA DISCIPLINA PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E INICIAÇÃO


À PESQUISA NO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Todo professor é um empreiteiro de amanhãs.[...]
Deve ser sempre um intermediário entre a curiosidade e a resposta,
um propositor de enigmas, criador de desafios,
mensageiro de progresso, treinador de esperanças.
Celso Antunes3

No Curso de Formação de Professores – Normal Nível Médio - é de suma importância que


tenhamos bem claro o perfil do profissional de ensino que a nossa sociedade necessita e como
a escola o está preparando e colocando no mercado de trabalho. Tal formação tem sido objeto
de constantes debates no meio acadêmico, nas escolas de formação e nas políticas educacionais.
Nesses debates, temos observado uma grande ênfase na prática pedagógica, revelando que o
“saber fazer” do professor vai muito além da sua fundamentação teórica.

Acreditamos que esta disciplina - Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa - possa funcionar
como fio condutor das disciplinas que compõem a matriz curricular desse Curso. Ao afirmar
isso, não queremos colocá-la como a disciplina mais importante, mas sim como aquela que irá
articular os saberes construídos em cada componente curricular e a própria disciplina
de Práticas Pedagógicas, sem que com isso cada uma perca sua identidade; a meta é que elas
se integrem, que se estabeleça uma ponte entre a teoria e a prática.

Os conteúdos apresentados nos diferentes âmbitos de conhecimento do curso de formação de


professores só irão adquirir valor instrumental quando se integrarem ao pensamento prático
do professor e contribuírem com a produção do conhecimento pedagógico. Considerando
ser a prática o fio condutor que une tais conhecimentos, necessários ao desenvolvimento
das competências específicas de um bom professor, acreditamos que o seu olhar deva ser
direcionado desde cedo para além das observações do espaço escolar, aprendendo assim, com

3
ANTUNES,C. Casos, fábulas, anedotas ou inteligências, capacidades, competências. Petrópolis:Vozes, 2003, p.166-167

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 19


a própria prática, a interpretar os fatos que acontecem no cotidiano. Este olhar de professor-
pesquisador deverá ser construído ao longo das quatro séries através do que chamamos
Iniciação à Pesquisa.

Como qualquer outro profissional, o professor necessita dominar determinados conhecimentos,


conteúdos, competências e habilidades para que esteja apto a desempenhar seu trabalho com
qualidade. Entendendo a competência não apenas como um somatório de habilidades, mas
como a capacidade de colocá-las em ação para solucionar uma situação que se apresenta,
gostaríamos de sugerir alguns objetivos que possam nortear suas ações. É importante frisar que
estamos apresentando estes procedimentos somente como referência inicial.

CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS
Que conhecimentos fazem parte desta disciplina? Não se pretende aqui especificar um programa
para o seu trabalho no próximo ano letivo. Ele dependerá da escola em que você trabalha, da
região onde se encontra, do tipo de aluno que recebe etc. O que pretendemos fazer, para
ajudá-lo, é sugerir alguns temas cujo desenvolvimento consideramos serem significativos para
a preparação de futuros professores.

Repare que estes temas abordam conteúdos que serão certamente aprofundados em outras
disciplinas. Assim, o que pode parecer, numa primeira leitura, uma repetição ou superposição
de conteúdos é, na verdade, uma concomitância desejável. Por exemplo: na medida em que o
professor de Política Educacional e Organização do Sistema de Ensino trabalha os diferentes Poderes,
você poderá organizar uma visita à Câmara dos Vereadores ou à Assembléia Legislativa.

Vejamos alguns exemplos de temas que poderão ser desenvolvidos ao longo das quatro
séries:
Ser professor:
- características pessoais;
- competências específicas: construção da identidade do professor;
- compromissos com a ética e a cidadania: direitos e deveres;
- perspectivas de uma carreira profissional.

Conhecendo o contexto (macro) escolar:


- diferentes níveis de administração pública (municipal, estadual, federal);
- unidades escolares: diferentes níveis e especificidades;
- prática social específica da escola: a prática pedagógica.

20 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

O cotidiano escolar:
- o estímulo a vivências e contatos (sempre que possível) não só com diferentes áreas do
conhecimento (Língua Portuguesa, Ciências, Matemática, História, Geografia), mas também
com diferentes modalidades de atendimento (Educação de Jovens e Adultos, Educação
Especial, Educação Indígena);
- o espaço da sala de aula e da escola como objeto de pesquisa: o olhar crítico do professor
como pesquisador de sua própria prática.

As tecnologias aplicadas à educação e à pesquisa:


- Internet;
- informática educativa;
- a TV em suas diversas formas (canal aberto, TV a cabo);
- os recursos audiovisuais disponíveis/utilizados na escola;
- os programas educativos.

Conhecimento do patrimônio artístico – cultural


- as diferentes manifestações artísticas;
- os diferentes espaços culturais (considerando a realidade local);
- o meio ambiente.
Você deve estar se perguntando: como colocar isso em prática na sala de aula? É provável
que você já tenha desenvolvido atividades relacionadas a esses temas, mas vamos dar algumas
sugestões que poderão ser aproveitadas no planejamento do seu trabalho para o próximo ano
letivo.

Sugestões de atividades a serem desenvolvidas4

1ª Série
• Estabelecimento de relações entre as vivências do cotidiano escolar e lembranças de experiências
vivenciadas ao longo da vida escolar, por intermédio de relatos (escritos ou orais).

• Conhecimento da estrutura organizacional da escola e dos profissionais que nela atuam.

4
Utilizamos (*) para marcar atividades que podem estar presentes nas quatro séries.

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 21


Uma atividade interessante é proporcionar aos alunos que são novos na escola a oportunidade
de conhecer o novo estabelecimento escolar que freqüentam. Uma visita guiada vai fazê-los
descobrir diferentes espaços – SOE, SOP, Grêmio, Secretaria – e os diferentes atores que atuam
nesses espaços. Que profissionais são estes? Que formação eles possuem? A partir do contexto
micro, eles poderão mais tarde chegar ao conhecimento de todo o sistema de ensino.

• Contato direto com escolas da comunidade por meio de visitas programadas, para observação
do cotidiano escolar, entrevistas com profissionais que atuam na escola para posterior elaboração
de registros.

Tais registros estarão presentes ao longo das quatro séries e poderão assumir as mais diferentes
formas. O registro escrito – de fundamental importância – poderá ser feito em fichas ou
relatórios ao final de cada evento. Na medida em que o aluno começa a ter contato regular com
a escola, é interessante que se crie o “caderno de estágio” ou “caderno de campo”, onde serão
registrados, diariamente, os fatos observados em sala de aula ou em qualquer outro espaço
da escola, e que tenham significado para posterior discussão em aulas de Didática, Práticas
Pedagógicas etc. As aulas de Língua Portuguesa poderão utilizar esses registros como material
para estudar a estrutura do texto e mostrar como é possível trabalhar a partir do texto do
aluno.

• Contatos com os órgãos integrantes dos sistemas político e educacional (por meio de visitas,
pesquisa em documentos oficiais, filmes etc.)

• Domínio de técnicas de estudo tais como: fichamentos, resumos, pesquisa bibliográfica, e


noção de algumas questões acerca do ato de pesquisar.

O ideal é começar com uma noção geral sobre o que é uma pesquisa. O importante é mostrar ao
aluno que há sempre uma questão que queremos responder ou algo que queremos demonstrar
que justifica o trabalho de realizar uma pesquisa. Apresente alguns instrumentos utilizados
em trabalhos de pesquisa como questionários, entrevistas e roteiros de observação. Nesse
momento, é de fundamental importância fazer com que o aluno perceba o que significa o ato
de pesquisar.

O censo demográfico é um exemplo bom para ser trabalhado, há muitos dados interessantes
disponíveis na Internet – www.ibge.gov.br, (e para o público mais jovem – de 7 a 12 anos –
www.ibge.com.br/7a12). No site do IBGE, encontramos também outras publicações, como o
Atlas Geográfico Escolar do IBGE5. Os gráficos e tabelas do censo podem ser utilizados para
mostrar aos alunos características da população brasileira, tais como: distribuição por idade,
sexo, nível sócio-econômico, nível de escolaridade etc. Aconselhamos que, em conjunto com os
professores de Matemática, Geografia e Ciências Físicas e da Natureza, se planeje um projeto

5
http://www1.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm

22 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

interdisciplinar que aproveite a oportunidade para desenvolver competências e habilidades de


leitura e interpretação da informação, tão importante para o exercício da cidadania plena na
sociedade contemporânea. Os mapas e estatísticas sobre a desigualdade socioeconômica e
sua relação com a escolarização podem servir para iniciar debates e trabalhos com foco na
necessidade de ampliação do acesso ao saber.

• Familiarização com a linguagem pedagógica para seu domínio e correta utilização.

Organização de um glossário com os novos termos do vocabulário pedagógico (docente,


discente, motivação, experiência, incentivação, por exemplo) para que os alunos possam
começar a usá-lo adequadamente.

• Realização de leituras6 de livros, filmes e trabalhos com imagens para subsidiar discussões
e/ou utilização de diferentes linguagens.(*)

• Participação em atividades culturais para ampliação do capital cultural do aluno. (*)

Não só a ida a exposições, cinema e teatro, mas também visitas a orfanatos, casas de idosos etc.
são importantes para conhecimento de outros espaços educativos e de socialização.Você poderá
aproveitar também as diversas formas de manifestação cultural presentes na sua comunidade
(o folclore regional, o artesanato típico da região, feiras, rodeios, por exemplo). É também
viável substituir algumas visitas por filmes ou vídeos, documentários ou ficcionais, que tragam
situações cotidianas destes espaços.

2ª Série
• Vivências do cotidiano escolar por meio de observação, co-participação e participação. No
caso de não ser possível o acesso direto a escolas das redes pública ou particular, tal atividade
pode ser conduzida por meio de filmes e/ou vídeos, TV Escola, posteriormente analisados e
comentados.

• Iniciação à pesquisa por meio do desenvolvimento da capacidade de observar e registrar fatos


relevantes presentes no cotidiano e que evidenciam comportamentos estudados em outras
disciplinas.

• Conhecimento das etapas constitutivas de um trabalho de pesquisa: o projeto, a coleta de


dados, a análise dos dados, o relato escrito e a divulgação dos resultados.

6
Ao final desse trabalho você encontrará algumas sugestões para essas leituras

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 23


• Realização de um trabalho de pesquisa, que pode se iniciar com um pequeno problema
formulado pelos alunos. Em seguida, discuta como eles fariam para conseguir as informações
necessárias para responder ao problema formulado. Aprofunde questões como tabulação,
análise e interpretação de dados coletados, com os exemplos de pesquisas já disponíveis.

Além dos dados do IBGE, há também os censos da educação, disponibilizados pelo INEP em
http://www.inep.gov.br/institucional/avisos/censo.htm, que contribuem para a discussão de
algumas questões do panorama da educação nacional. A partir das discussões desses dados, os
alunos podem formular problemas de investigação e, em uma etapa posterior, podem realizar
observações direcionadas para as questões do problema por eles formulado. A coleta de dados
em espaços fora da escola pode ser um problema devido à pouca idade dos alunos, em muitos
casos 14 ou 15 anos de idade. Por isso, é preciso providenciar autorização dos pais para
atividades deste tipo.

Uma solução para realização de levantamento de dados é aproveitar o percurso casa-escola-


casa como espaço de observação e posterior registro do que foi observado. Depois de haver
estabelecido o que se pretende observar, o aluno pode iniciar o procedimento durante este
percurso.

Exemplo: é possível formular questões muito simples sobre o tema gênero de propaganda
distribuída por regiões ou bairros. Será que todos os tipos de produtos são anunciados
igualmente em todas as regiões? Será que o tipo de divulgação – outdoors, cartazes
colados em muros – tem relação com o bairro ou com o produto anunciado? Tomando
como delimitação geográfica o bairro onde se localiza a escola, no trajeto de ida e volta, os
alunos podem observar e registrar os tipos de propaganda veiculada, se elas estão em outdoors,
cartazes em muros, em pirulitos (aqueles postes com placas de nomes de rua, que possuem uma
placa redonda em cima e que geralmente ficam nas esquinas da rua). Depois eles constroem
uma tabela com o levantamento quantitativo dos tipos de propaganda, tipos de divulgação
(outdoors etc.). Além disso, em um mapa, eles podem marcar a área coberta pela pesquisa
e os pontos de concentração das propagandas. A análise desses dados levará os alunos a
buscar respostas para as questões enunciadas. Ao final deste ou de qualquer outro projeto de
levantamento de dados, lembre-se de estimular a elaboração de um relatório final, discutindo
a validade e provisoriedade das conclusões. Toda pesquisa se refere a um tempo e espaço bem
delimitados e não é possível fazer generalizações ou inferências.

• Realização de pesquisas bibliográficas sobre educadores e/ou teóricos que estejam


sendo estudados nas demais disciplinas do curso, em especial nas disciplinas de formação
pedagógica.

• Conhecimento e utilização de recursos auxiliares como apoio didático, tanto os mais


tradicionais quanto os recursos disponibilizados pelas novas tecnologias.

24 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

• Construção de materiais didáticos7.

• Participação em projetos desenvolvidos pelo município e que tenham relação com as situações
trabalhadas no curso.

• Realização de leituras de livros, filmes e trabalho com imagens para subsidiar discussões e/ou
utilização de diferentes linguagens.

• Participação em atividades culturais para ampliação do capital cultural do aluno.

3ª Série8
• Vivências do cotidiano escolar por meio de observação, co-participação e participação em
classes de Educação Infantil e das séries iniciais (ou ciclos) do Ensino Fundamental.

• Vivências do cotidiano escolar por meio de observação e co-participação em classes inclusivas


com alunos especiais, educação de jovens e adultos ou educação indígena.

Se não for possível ter acesso a uma classe com tal característica, é viável realizar pesquisa sobre
a questão, utilizando diferentes materiais, e preparar atividades para que os alunos tenham um
conhecimento mais ampliado sobre outras realidades. Aconselhamos que, em conjunto com o
professor da disciplina Conhecimentos Didáticos Pedagógicos em Educação Especial, Educação de Jovens
e Adultos e Educação Indígena9, sejam tomadas decisões sobre como ambas as disciplinas podem
se complementar de forma eficaz. Sugerimos que, nesta série, se dê maior ênfase em Educação
Especial. Já na 4a série, quando os alunos têm mais idade e maturidade para sair da escola para
visitar projetos noturnos e/ou distantes geograficamente, se busque contribuir com alguma
experiência nas demais áreas, ou seja, Educação de Jovens e Adultos e Educação Indígena. Vale
destacar que é bom que, em cada série, o aluno tenha um novo campo a descobrir.

• Elaboração de um projeto de pesquisa, seguindo as etapas que foram apresentadas e estudadas


anteriormente. Oriente os alunos a não planejarem algo que não conseguirão realizar, seja por
falta de tempo, por impossibilidade de acesso às informações que precisarão etc.

• Delineamento do perfil profissional do professor, considerando aspectos relacionados à


competência, compromisso ético, comportamento e demais características importantes para
este profissional.

7
Ver sugestões de atividades e projetos propostos nas disciplinas Abordagens Psico-Sociolingüísticas do Processo de Alfabetização e
Conhecimentos Didático-Pedagógicos em Ensino Fundamental, que fazem parte deste documento.
8
Utilizamos (**) para marcar atividades propostas para a 3a série que podem também estar presentes na 4ª série.
9
Consulte o texto da disciplina Conhecimentos Didáticos Pedagógicos em: Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Educação
Indígena.

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 25


• Realização de estudos orientados para avaliação do impacto causado pelo progresso no meio
ambiente e na qualidade de vida humana.

Para essas questões é importante partir do local onde a escola está situada, do ambiente que a
circunda com seus problemas e as soluções, caso já existam.

• Conhecimento de critérios e instrumentos para seleção de livros didáticos e para-didáticos.

• Construção de materiais didáticos em conjunto com os professores de Conhecimentos Didático


Pedagógicos em Ensino Fundamental e Abordagens Psico-Sociolingüísticas do Processo de Alfabetização, tais
como: organização de uma sala de aula como um “ambiente alfabetizador” criando alfabetário,
calendário, quadro de chamada etc.

• Elaboração de planejamento de aula para turmas de Educação Infantil / Ensino Fundamental,


com acompanhamento do professor responsável. (**)

• Regência de turma nas classes acima referidas, sob supervisão do professor responsável.
(**)

• Participação em projetos do município que tenham relação com as situações trabalhados no


curso.

• Realização de leituras de livros, filmes e trabalho com imagens para subsidiar discussões e/ou
utilização de diferentes linguagens.

• Participação em atividades culturais para ampliação do capital cultural do aluno.

4ª Série
• Vivências do cotidiano escolar por meio de observação, co-participação e participação em
turmas de Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série.

• Vivências do cotidiano escolar por meio de observação e co-participação em classes de


Educação de Jovens e Adultos e/ou Indígena.

Caso seja impossível o acesso a uma turma deste tipo, desenvolva atividades que permitam ao
aluno ter conhecimento de tal realidade: pesquisas em documentos oficiais, revistas, jornais.

• Elaboração de planejamento de aula para turmas de Educação Infantil/Ensino Fundamental,


com acompanhamento do professor responsável. (**)

• Regência de turma nas classes acima referidas sob supervisão do professor responsável. (**)

• Elaboração de trabalho de pesquisa, utilizando as situações da prática em diferentes escolas,


culminando com a apresentação do trabalho em forma de relatório, mural, palestra etc.

26 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

• Realização de leituras de livros, filmes e trabalho com imagens para subsidiar discussões e/ou
utilização de diferentes linguagens.

• Seleção de livros didáticos e para-didáticos.

• Participação em atividades culturais para ampliação do capital cultural do aluno.

Além dessas sugestões de atividades, que certamente se juntarão a outras que você já realiza,
gostaríamos de contribuir para a organização e distribuição da carga horária desta disciplina.
Lembramos que a carga horária total de 960h/a, distribuídas ao longo das quatro séries do
Curso Normal, é necessariamente grande e precisa ser realmente produtiva. Os depoimentos
de professores que participaram dos workshops do Programa Sucesso Escolar, quando foi
discutida a versão preliminar deste documento, e a leitura dos questionários de avaliação
recebidos evidenciaram que a distribuição da carga horária tem sido um dos grandes problemas
enfrentados pelos professores da disciplina em muitas escolas normais. São diversas as soluções,
adaptações e dificuldades encontradas, algumas muito criativas, outras nem tanto.

Assim, a partir de nossa experiência e das contribuições recebidas, propomos a seguir uma
forma de distribuição e organização da carga horária.

1ª série (total: 80 h/a)


- Atividades em sala de aula e conhecimento da própria escola (70 h/a).
- Contato com classes de 1ª a 4ª série (quando possível) na escola de formação ou em escolas
da comunidade para subsidiar discussões e análises em sala de aula (10 h/a).
- Reuniões com a Coordenação de Estágio (4 h/a) – nas escolas que possuem esse serviço.

2ª série (total: 240 h/a)


- Atividades em sala de aula (120 h/a).
- Contatos com escolas da comunidade e/ou escola de formação em classes de Educação
Infantil e Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série. (80 h/a).
- Atividades culturais (28 h/a).
- Reuniões com a Coordenação (6 h/a).
- Elaboração de materiais relacionados ao estágio (relatórios, etc.) (6 h/a).

3ª série (total: 320 h/a)


- Atividades em sala de aula (120 h/a).
- Contatos com escolas da comunidade em classes de Educação Infantil, Alfabetização e Ensino
Fundamental de 1ª a 4ª séries (120 h/a).

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 27


- Contatos com classes inclusivas com alunos de educação especial (30 h/a).
- Atividades culturais (36 h/a).
- Reuniões com a Coordenação (8 h/a).
- Elaboração de materiais variados relacionados ao estágio (6 h/a).

4ª série (total: 320 h/a)


- Atividades em sala de aula. (120 h/a).
- Contato com escolas da comunidade (Educação Infantil, Alfabetização e 1ª a 4ª séries). (120
h/a).
- Contatos com classes inclusivas e/ou Educação de Jovens e Adultos e/ou alguma atividade
relativa à Educação Indígena. (40 h/a).
- Atividades culturais. (24 h/a).
- Reuniões com a Coordenação. (8 h/a).
- Elaboração de materiais variados. (8 h/a).
- Elaboração de materiais variados relacionados ao estágio. (8 h/a).

OBSESRVAÇÃO
Tendo em vista que as disciplinas de Conhecimentos Didáticos Pedagógicos em Educação Especial,
Educação de Jovens e Adultos e Educação Indígena possuem uma carga horária reduzida (2 tempos
semanais) ao longo da 3ª e 4ª séries, seria interessante que em Práticas Pedagógicas e Iniciação
à Pesquisa fossem desenvolvidas atividades que permitissem um maior conhecimento dessas
áreas tão específicas. Em especial a área de Educação Indígena, para a qual, certamente, haverá
maior dificuldade de observação em salas de aula convencionais. Algumas atividades podem
ajudar a enriquecer o futuro professor nessa área, como por exemplo: visitas a museus que
possuem acervo sobre o tema; pesquisas sobre medicina indígena, cultura, demarcação de
terras indígenas etc. Contatos com Universidades, ONGS (Organizações não-governamentais)
ou organismos governamentais que estejam fazendo algum tipo de estudo e/ou pesquisa sobre
nossos índios também possibilitam que estudiosos ou profissionais que atuam na área ajudem
a enriquecer este trabalho.

OBJETIVOS A ALCANÇAR
Lembramos que, nesta proposta de re-orientação curricular, a disciplina Práticas Pedagógicas
e Iniciação à Pesquisa está sendo considerada como fio condutor, como base do trabalho de
todas as outras disciplinas. Releia a Introdução deste documento! Assim, a lista de objetivos a

28 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

alcançar, que apresentamos a seguir, precisa ser considerada como complementar dos objetivos
apresentados nas demais disciplinas. Além disso, os objetivos das outras disciplinas de formação
profissional precisam subsidiar e dar sustentação a esta lista.

É importante, ainda, ressaltar que: (1) a prática não deve se tornar uma mera aplicação de
teorias, mas precisa constituir-se como espaço que possibilite a construção de saberes advindos
dessa mesma prática; (2) a iniciação à pesquisa não se destina ao desenvolvimento precoce e
desnecessário do academicismo, o foco é o desenvolvimento de uma postura reflexiva e crítica
sobre a realidade educacional e sobre o fazer pedagógico cotidiano.
• Dominar diferentes linguagens, primordialmente a verbal.
• Compreender e dominar os conteúdos que deverão ser trabalhados na educação infantil e no
primeiro segmento do ensino fundamental.
• Enfrentar situações-problema, relacionando conceitos disciplinares a contextos específicos.
• Articular os conhecimentos adquiridos com as situações do cotidiano (relação teoria-
prática).
• Projetar ações e pensar propostas de intervenção na realidade.
• Trabalhar em equipe respeitando as especificidades e as diferenças, contribuindo com a
transformação social.
• Analisar as dificuldades dos alunos, interpretando seus progressos e provendo suas
necessidades.
• Ampliar seus conhecimentos gerais (culturais) e pedagógicos numa perspectiva de formação
continuada.
• Compreender as relações entre os diversos componentes curriculares.

ABORDAGENS E INTERFACES POSSÍVEIS


A disciplina Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa é, sem dúvida, a que maior possibilidade
de interfaces oferece. É na rotina diária de trabalho que os demais conteúdos curriculares
encontram uma nova forma e se transformam em um outro tipo de conhecimento – em saber
profissional e vivencial. É nesse momento de transformação que está em jogo o saber ser
professor. Portanto, esta disciplina constitui-se no lócus ideal para que os alunos trabalhem,
de maneira interdisciplinar, os conhecimentos construídos nas demais disciplinas de formação
profissional. E, para que isso aconteça, é preciso que nós, professores, ultrapassemos, por
alguns momentos, as fronteiras de nossa disciplina para pensar no aluno como um todo, nas
relações possíveis com outros campos que podem enriquecer seu aprendizado, pois é nele que
se constrói o novo conhecimento e este não pode ser fracionado.

Um bom caminho para alcançarmos tal resultado é o trabalho com projetos de ensino. A
metodologia de projetos permite múltiplas interfaces, ao mesmo tempo em que favorece o

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 29


trabalho em equipe, provoca desafios e possibilita a construção de conhecimento de forma
significativa.

Como você já sabe, a futura prática de seus alunos será profundamente calcada nas experiências
que ele vivenciou durante o período de formação. Por isso, é necessário que essas vivências
sejam diversificadas e enriquecedoras.

Outro aspecto a ressaltar é o seu papel, professor, como interlocutor com os colegas das demais
disciplinas. É preciso acompanhar o que eles estão abordando, que temas estão desenvolvendo,
e você, o professor de Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa é o mediador desse trabalho.
Converse com seus colegas e traga subsídios para as atividades a serem desenvolvidas nesta
disciplina.

Sugestões de leitura para os alunos


Aconselhamos a leitura de alguns livros pelos alunos, ao longo das quatro séries. São leituras
leves, muitas vezes divertidas, que provocam excelentes discussões e podem ajudar o trabalho
com outras linguagens (criar dramatizações, jograis, murais etc.).

Com certeza, estas leituras também contribuirão para fundamentar atitudes críticas, posturas
criativas e reflexões importantes para a formação profissional de professores.

Livros
ABRAMOVICH, F. Que raio de professora sou eu? São Paulo: Scipione, 1990.
ADOZINDA, M. Minha vida, minha escola. É outra história. Petrópolis: Vozes, 1986.
ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. 6ªed. São Paulo: Cortez, 1984.
_________. Como nasceu a alegria. 17ªed. São Paulo: Paulus, 2002.
_________. A árvore e a aranha. 7ªed. São Paulo: Paulus, 2002.
_________. A planície e o abismo. 5ªed. São Paulo: Paulus, 2002.
_________. O patinho que não aprendeu a voar. 15ªed. São Paulo: Paulus, 2003.
_________. Conversas sobre educação. Campinas: Verus, 2003.
ANTUNES, C. Marinheiros e professores. Petrópolis: Vozes, 1998.
_________. Professor bonzinho, aluno difícil. Fasc.4, Petrópolis: Vozes, 2002.
_________. Casos, fábulas, anedotas ou inteligências, capacidades, competências. Petrópolis: Vozes,
2003.
AXLINE, V.M. Dibs: em busca de si mesmo. 22ªed. Rio de Janeiro: Agir, 2002.
BOFF, L. A águia e a galinha . 34ªed. Petrópolis: Vozes, 2000.
FREIRE, P. Professora sim, tia não. São Paulo: Olho d’Água, 1998.

30 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

_________. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2003.


FURLANI, L.M. Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso? 2ªed. São Paulo: Cortez, 1990.
RAMAL, A. Histórias de gente que ensina e aprende. São Paulo: Loyola, 2003.
VASCONCELOS, G.N. (org.) Como me fiz professora. 2ªed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
WERNECK, H. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. 13ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
ZIRALDO. O menino maluquinho. São Paulo: Melhoramentos, 1994.
________. Uma professora muito maluquinha. São Paulo: Melhoramentos, 1995.

Revistas e sites
Há muitas revistas e sites que também podem ser utilizados e que proporcionam o
acompanhamento atualizado das discussões da área de Educação, tais como:
Revista Nova Escola
Revista do Professor
Revista da TV-Escola
http://www.mec.gov.br
http://www.inep.gov.br
http://www.inep.gov.br/institucional/avisos/censo.htm
http://www.educacaopublica.rj.gov.br
http://www.edukbr.com.br

Documentos oficiais
BRASIL. MEC/SEF. Referencial pedagógico para formação de professores. Brasília: Secretaria de
Educação Fundamental: 1999.
BRASIL. MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: 1997.

Sugestões de leituras para você, professor da disciplina Prática Pedagógicas e


Iniciação à Pesquisa
CANDAU, V.M.(org.). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1997.
CASTRO, A. e CARVALHO, A M.P. Ensinar a ensinar. São Paulo: Pioneira, 2001.
ESPIRITO SANTO, R.C. Desafios na Formação do Professor. Campinas: Papirus, 1990.
FARIA, A.L.G. Ideologia do livro didático. São Paulo: Cortez, 1987.
GADOTTI, M. Escola cidadã. São Paulo: Cortez, 1992.

Reorientação Curricular referente à disciplina Prática Pedagógica e Iniciação à Pesquisa 31


GRUHBAS. Projetos Educacionais e Culturais. A invenção da sala de aula. Petrópolis: Vozes,
2002.
KRAMER, S. (org.). Com a pré-escola nas mãos. Rio de Janeiro: Ática, 1994.
LIBÂNEO, J.C. Democratização da escola pública. São Paulo: Loyola, 1985.
PADILHA, H. Mestre Maestro: a sala de aula como orquestra. Rio de Janeiro: Linha Mestra, 2003.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
_____________. Formando professores profissionais. 2ªed. Porto Alegre : Artmed, 2001.
PICONEZ, S.C.B. (org.). A prática do Estágio Supervisionado. Campinas: Papirus, 1991.
PIMENTA, S.G. O Estágio na Formação de Professores: unidade teoria e prática? S.Paulo: Cortez,
1997.

32 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

O CURSO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E INICIAÇÃO À PESQUISA


Iniciado em setembro de 2005, o curso teve como objetivos analisar o documento de
Reorientação Curricular das disciplinas de formação profissional dos cursos de formação de
professores em nível médio do Estado do Rio de Janeiro e discutir propostas de implementação
dos pressupostos e recomendações contidas neste documento.

Para isso, o planejamento do curso foi elaborado de modo a possibilitar a troca de experiências
entre os professores participantes, em especial no que diz respeito às experiências didáticas já
realizadas em suas escolas, a partir do primeiro semestre de 2005, com base na Reorientação
Curricular, as dificuldades encontradas e o planejamento de projetos e atividades a serem
testadas durante o segundo semestre.

Além de aprofundar a discussão da reorientação curricular, a metodologia de projetos teve lugar


privilegiado nesta proposta de formação continuada de professores das disciplinas pedagógicas
das Escolas Normais. Esta temática foi escolhida devido a sua importância e atualidade no
cenário educacional e nas propostas curriculares apresentadas para todas as disciplinas que
compõem o Livro IV da Reorientação Curricular do Estado. Além disso, a metodologia de
projetos foi escolhida como temática, pois se constituiria como alicerce das propostas de
atividades elaboradas durante o curso, com o objetivo de contribuir para o trabalho docente de
outros professores da rede. Assim, os conteúdos envolvidos nesta etapa da formação foram:
I - A metodologia de Projetos: histórico; conceitos; características; fases.
II - A construção de Projetos: planejamento.
III- Aplicação dos Projetos planejados: busca de informações e coleta de dados (técnicas de
estudo e pesquisa).
IV- Execução e acompanhamento do desenvolvimento de projetos.
IV- Avaliação da aprendizagem no trabalho com projetos.
Cabe esclarecer que as propostas selecionadas para compor este documento foram planejadas
pelos professores, com a orientação de professores da UNIRIO, buscando atender à diversidade
de realidades em suas escolas. Os temas dos projetos foram escolhidos de modo a atender ao
planejamento das escolas no período e evidenciar possibilidades de trabalho interdisciplinar,
podendo ter como fio condutor os conteúdos de qualquer uma das disciplinas de formação
profissional.

O curso 33
Todos os projetos e atividades divulgados neste documento foram testados pelos grupos,
avaliados e organizados para publicação em atividades presenciais e à distância, como fica
evidenciado pela dinâmica do curso apresentada a seguir.

PLANEJAMENTO

1º Encontro
Análise do documento de Reorientação Curricular da SEE/RJ.
Temática de estudo: a metodologia de projetos.
Atividade de produção de material: formação dos grupos.
Atividade à distância: Elaboração de um projeto (em grupo).

2º Encontro
Temática de estudo: planejamento e execução de projetos.
Atividade de produção de material: fechamento dos projetos.
Atividade à distância: Preparação dos materiais dos projetos (busca de informações e coleta
de dados).

3º Encontro
Temáticas de estudo: sistematização da aprendizagem no trabalho por projetos. Organização
dos dados e validação do projeto.
Atividade de produção de material: organização e análise dos dados coletados.
Atividade à distância: Execução do Projeto e Avaliação.

4º Encontro
Temática de estudo: avaliação da aprendizagem no trabalho com projetos.
Atividade de produção de material: Discussão dos resultados.
Atividade à distância: produção de roteiros para o aluno, manual do professor e instrumentos
de avaliação.

34 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

5º Encontro
Temática de estudo: produção de materiais didáticos para formação continuada de professores
à distância.
Atividade de produção de material: discussão dos materiais produzidos.
Atividade à distância: Aperfeiçoamento dos materiais didáticos.

6º Encontro
Temática de estudo: a formação de formadores de professores numa perspectiva transdiciplinar
e emancipatória.
Atividade de produção de material: análise dos materiais produzidos e conclusões finais.
Atividade à distância: Redação final do documento de apresentação dos trabalhos.

7º Encontro
Entrega e apresentação dos trabalhos.

ESTRUTURA DOS TRABALHOS


Os trabalhos apresentados pelos professores estão organizados da seguinte forma:

Apresentação
Descrição resumida do trabalho proposto, discutindo a motivação do grupo para abordar o
tema.

Roteiro do Aluno
Propostas de atividades a serem desenvolvidas pelos alunos das Escolas Normais.

Roteiro do Professor
Comentários, sugestões e aprofundamentos destinados a auxiliar o professor na aplicação em
sala de aula do material elaborado pelo grupo. Este roteiro contém os objetivos da atividade,
a(s) série(s) para a(s) qual(is) o trabalho está direcionado; os conteúdos e interfaces com outras
disciplinas da grade curricular; o número de aulas e/ou o tempo previsto para a realização de
cada etapa da atividade e exemplos.

O curso 35
Alguns dos trabalhos contêm ainda sugestões de leitura e sítios da Internet, exemplos de
produção dos professorandos (as) e fotos de atividades realizadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Para finalizar, apresentamos, a seguir, alguns dos textos utilizados durante o curso, cuja leitura
recomendamos aos professores que não puderam participar deste projeto:

JAPIASSU, Hilton. “A atitude interdisciplinar no sistema de ensino”. In: REVISTA TEMPO


BRASILEIRO. Interdisciplinaridade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, nº 108,1992.

FAZENDA, Ivani. “Interdisciplinaridade: definição, projeto, pesquisa”. In: FAZENDA, Ivani


(coord.) Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo: Cortez, 1991.

KELLER, Edson. “Trabalho em projetos no ensino médio: a experiência da Escola Pueri


Domus”. Revista Pedagógica Pátio. Ano 2, nº 6, ago/out 1998.

FAZENDA, Ivani. “Construindo aspectos teórico-metodológicos da pesquisa sobre


interdisciplinaridade”. In: FAZENDA, Ivani (org.) Interdisciplinaridade: dicionário em construção.
São Paulo: Cortez, 2002.

CANEN, Ana. Multiculturalismo e currículo em ação: um estudo de caso. Anais 25ª Anped: Educação,
manifestos, lutas e utopias. Caxambu, MG, 2002.

36 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

DETECTANDO E REPENSANDO OS MECANISMOS DE INCLUSÃO E


EXCLUSÃO NA COMUNIDADE ESCOLAR

APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
O processo de inclusão vem sendo alardeado pelas autoridades educacionais de nosso país.

Dizer que uma escola é inclusiva é muito fácil. O difícil é fazê-la inclusiva de fato.

Nós, que vivenciamos o dia-a-dia da escola, percebemos que a exclusão ainda acontece de
forma explícita no ambiente escolar por diversos motivos: raça, questões sócio-econômicas,
opções sexuais, deficiências, idade, aparência etc.

Diante do exposto acima, propomos este trabalho cuja aplicação, ao nosso ver, torna-se
essencial, para que consigamos levar a comunidade escolar a conhecer sua realidade e buscar
soluções para minimizar os problemas detectados.

Nossa proposta consiste na aplicação de uma entrevista/pesquisa que busca apontar as causas
mais comuns da exclusão dentro da escola. Tal pesquisa deverá ser elaborada e aplicada pelas
turmas de Curso Normal. Após o trabalho de análise dos dados, montarão painéis apresentando
os resultados a comunidade escolar.

Como atividades subseqüentes, serão montadas campanhas de conscientização da comunidade,


confecção de livretos informativos, folders e peças teatrais abordando as diversas situações de
exclusão vivenciadas dentro da escola.

Detectando e repensando os mecanismos de inclusão e exclusão na comunidade escolar 37


ROTEIRO DO ALUNO

Título da atividade:
Detectando e repensando os mecanismos de inclusão e exclusão na comunidade escolar.

Objetivo:
Elaborar instrumento de pesquisa e atividades que possam retratar a real situação do processo
de inclusão na escola.

Etapas:

1ª etapa
1- Discutir em classe o tema e levantar propostas (questões) para a pesquisa.
2- Selecionar, entre as propostas apresentadas, as que farão parte do instrumento.
3- Confeccionar o instrumento no laboratório de informática.
4- Definir local e perfil das pessoas a serem entrevistadas.

2ª etapa
1- Aplicar o instrumento elaborado na etapa anterior.

3ª etapa
1- Executar a tabulação dos dados levantados (em grupo).
2- Analisar os resultados da tabulação.
3- Confeccionar gráficos para apresentar os resultados da pesquisa à comunidade escolar.
4- Traçar um plano de ação – com as sugestões dadas pelos entrevistados (objetivos/atividades/
estratégias/avaliação).
5- Avaliar todo o processo.

38 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO PROFESSOR

Título da atividade:
Detectando e repensado os mecanismos de inclusão e exclusão na comunidade escolar.

Objetivos:
1. Conduzir a construção de um instrumento de pesquisa e atividades para retratar as reais
causas das exclusões ocorridas dentro da escola.
2. Buscar possíveis soluções para minimizar os problemas detectados.
3. Fazer uma reflexão coletiva sobre “Preconceitos”.

Nível indicado:
3ª e 4ª séries do Curso Normal

Conteúdos envolvidos:
• Língua Portuguesa – produção de questionários para a pesquisa.
• Matemática – confecção de gráficos com os resultados da pesquisa.
• Educação Artística - montagem de painéis, murais, dramatizações.
• Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa - fases de uma pesquisa e aplicação dos
instrumentos.
• Psicologia - problemas oriundos da discriminação sofrida na infância e na adolescência.
• Informática - uso dos recursos tecnológicos como suporte na elaboração das demais
atividades.

Quantidade de aulas e de atividades extra-classe:


• 02 aulas para a 1ª etapa.
• 01 semana para aplicação do instrumento (2ª etapa).
• 02 aulas para a 3ª etapa (itens 1 e 2).
• 02 aulas para a 3ª etapa (item 3).
• 02 aulas para a 3ª etapa (itens 4 e 5).

Material necessário:
Papel ofício para confecção dos instrumentos; tinta para impressora.

Detectando e repensando os mecanismos de inclusão e exclusão na comunidade escolar 39


Etapas:

1ª etapa
1- Construir os objetivos pedagógicos que se pretende alcançar.
2- Explicar aos alunos a atividade que vão realizar e apresentar os objetivos da proposta.
3- Apresentar o tema aos alunos de modo a levá-los a refletir sobre a importância do trabalho
a ser desenvolvido.
4- Selecionar com os alunos as áreas e disciplinas que podem ser envolvidas na execução das
atividades e os conteúdos que podem ser trabalhados.
5- Orientar a confecção do instrumento de pesquisa, sugerindo que as perguntas sejam do tipo
”fechado”, aquelas que apresentam as opções de respostas, facilitando a tabulação dos dados.
6- Definir com os grupos o local e os critérios de seleção dos possíveis informantes /
entrevistados.
7- Avaliar parcialmente o andamento desta etapa.

2ª etapa
1- Acompanhar e avaliar o desempenho dos alunos na aplicação dos instrumentos de
pesquisa.

3ª etapa
1- Conduzir a tabulação dos dados.
2- Trabalhar, em conjunto com os professores de Matemática, Educação Artística e Informática,
a construção dos gráficos pelos alunos e a apresentação dos mesmos.
3- Orientar a elaboração do plano de ação / projeto – com todas as suas etapas.
4- Organizar com os professores de Psicologia e História da Educação uma mesa redonda de
depoimentos de casos e efeitos da discriminação.
5- Realizar uma avaliação de todo o processo de preparação, desenvolvimento e conclusão da
atividade proposta.

Sugestões de atividades interdisciplinares subseqüentes:


• Confecção de jornal mural.
• Teatro de dedoches.
• Livretos informativos.
• Entrevista filmada.
Observação: os gráficos poderão ser confeccionados em alto relevo de modo a facilitar a
leitura dos alunos portadores de deficiências visuais.

40 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

SUGESTÃO DE QUESTIONÁRIO
1. Idade ( ) 10 a 15 anos
( ) 16 a 21 anos
( ) 22 a 30 anos
( ) 31 a 45 anos
( ) + de 45 anos

2. Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino


3. Você já sofreu algum tipo de discriminação na escola?
( ) SIM ( ) NÃO
4. De que tipo:
( ) Racial ( ) Condição econômica
( ) Opção sexual ( ) Idade
( ) Aparência física ( ) Portador de deficiência
( ) Outras. De que tipo? _______________________________
5. Esta discriminação veio de:
( ) Professor ( ) Funcionário
( ) Colegas ( ) Parentes
( ) Outros: ___________________________________________
6. Como você se sentiu ao ser discriminado?
( ) Com vontade de ir embora ( ) Chorei
( ) Não liguei ( ) Revidei
( ) Outros ____________________________________________
7. Você já discriminou alguém?
( ) SIM ( ) NÃO
8. Por qual(is) motivo(s):
( ) Racial ( ) Condição sócio econômico
( ) Opção sexual ( ) Idade
( ) Aparência física ( ) Portador de deficiência
( ) Outras. De que tipo? ___________________________________

9. O que a nossa escola poderia fazer para acabar com este problema? Dê sugestões:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Detectando e repensando os mecanismos de inclusão e exclusão na comunidade escolar 41


EU TAMBÉM POSSO: CUIDADOS COM O MEIO AMBIENTE

APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
O Projeto Eu também posso visa orientar e apresentar atividades que possibilitem a inclusão
de pessoas portadoras de alguma excepcionalidade física, mental, moral, emocional e social,
com a finalidade de despertar a auto-estima e engajá-las nos grupos sociais e culturais.

Os professores envolvidos nesse projeto deverão:

1. Conscientizar os alunos normalistas sobre a necessidade de trabalhar a inclusão de pessoas


portadoras de qualquer excepcionalidade.

2. Orientar os alunos na aplicação das atividades do projeto.

O projeto original apresentado pelo grupo ao final do curso continha diversas atividades que
estão resumidamente apresentadas, a seguir, no roteiro geral do projeto. No entanto, apenas uma
das atividades propostas no projeto foi escolhida para maior detalhamento neste documento.
A atividade escolhida para publicação consiste na elaboração de um jogo – dominó ecológico
– com a finalidade de desenvolver a consciência de preservação do meio ambiente em uma
abordagem lúdica, proporcionando a aprendizagem de conteúdos pertinentes.

42 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO GERAL DO PROJETO EU TAMBÉM POSSO

Objetivo geral:
Reconhecer o valor de um meio ambiente saudável para todos e propor ações concretas a fim
de preservá-lo.

Etapas:
Das etapas descritas a seguir participam tanto professores quanto alunos:
1. Assistir a palestra do biólogo acerca da importância de nosso meio ambiente.
2. Participar da atividade de campo, indo à comunidade com finalidade de distribuir panfletos
informativos e esclarecer alguns cuidados que todo cidadão deve ter com o meio ambiente.
3. Relacionar as informações ouvidas na palestra às opiniões de pessoas da comunidade e realizar
um trabalho escrito colocando a sua própria conclusão e idéias novas a serem trabalhadas.
4. Assistir a um pequeno filme que faz uma amostragem da situação atual dos rios da região e
como isso influi no meio ambiente.
5. Destacar os pontos altos da palestra ouvida, escrevendo-os na lousa ou em um outro
quadro.
6. Fazer a apresentação das etapas do trabalho de modo a buscar o envolvimento de todos.
7. Verificar quais as áreas que poderão trabalhar o Projeto e quais as atividades mais eficientes
a serem realizadas.
8. Organizar as atividades que farão parte do “clímax” do Projeto e confeccionar cartazes e
murais de sugestões bem decorados.
9. Realizar a atividade, destacando o assunto do filme, das entrevistas e da palestra.
10. Confeccionar jogos, como o dominó ecológico, que se constitui como um dominó táctil em
alto relevo, aproveitando coisas da natureza (sementes, areia, grãos, lixa etc).
11. Escrever paródias falando sobre a preservação do Meio Ambiente e cantar para todos.
12. Reformular as atividades, se necessário, e aplicá-las numa turma de educação básica.

Ao professor, especificamente, cabe:


• Analisar a capacidade de concentração dos alunos e direcionar as atenções para o assunto
principal.
• Ampliar a arte de comunicação usando algumas partes das atividades em linguagem de sinais
(“LIBRAS”).

Eu também posso: cuidados com o meio ambiente 43


• Relacionar o que foi apreendido com situações práticas na escola, no bairro e em casa.
Material necessário:
Filme; papéis; tinta; canetas; emborrachado; elementos da natureza; cartolina.

ETAPAS DA ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO DO DOMINÓ ECOLÓGICO:

Construindo com o aluno:


1- Elaborar os objetivos pedagógicos.
2- Expor para a classe as partes do Projeto a serem desenvolvidas.
3- Analisar o filme.
4- Destacar o título e os pontos-chaves da palestra.
5- Elaborar os títulos temáticos: Meio Ambiente, Desmatamento, Poluição, Reciclagem,
poesias, músicas, jogos.
6- Conduzir os alunos à participação nas atividades.
7- Avaliar o sucesso e as mudanças de comportamento após a realização do Projeto.

Conduzindo a efetivação do Projeto:


1- Ajudar na confecção dos cartazes e dos panfletos.
2- Auxiliar na montagem dos jogos.
3- Analisar o roteiro do aluno e observar a carência, a sistematização e a organização das
atividades.
4- Verificar a praticidade das atividades e o esmero com que são feitas.
5- Valorizar a atuação de cada um para que todo o grupo participar.

44 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO ALUNO

Título da atividade:
Construindo o Dominó Ecológico (dominó táctil)

Objetivo:
1. Explorar o meio ambiente utilizando a percepção tátil e a visual.
2. Promover a socialização por meio da integração, do espírito de participação, respeitando-se
a individualidade de cada um.
3. Classificar e ordenar materiais, cores, formas e texturas.
4. Discriminar cores e texturas dos diversos materiais utilizados.
5. Confeccionar um jogo, dominó ecológico, para uso em sala de aula.

Etapas:

1ª Etapa
1. Participar de uma excursão na comunidade para buscar elementos da natureza que possam
compor o jogo a ser confeccionado.
2. Recolher e selecionar materiais apropriados para a confecção do dominó.
3. Confeccionar o dominó ecológico usando o material recolhido na natureza e selecionado.
4. Estabelecer normas de conduta para participação do jogo.
5. Experimentar em sala de aula a atividade realizada, de acordo com as normas.

2ª Etapa: Construindo o dominó ecológico


1. Recortar os retângulos na medida a ser determinada de acordo com a necessidade, sugerimos
a medida de 10cm x 5cm.
2. Risque cada um dos retângulos ao meio, como mostrado abaixo:

3. Cole os materiais diferentes em cada uma das partes do retângulo.


4. Cuide para que não haja material em uma só peça.

3ª Etapa: Aplicação e desenvolvimento


1. Desenvolver a construção do dominó ecológico com turmas da educação básica, inserido no
contexto de uma atividade de esclarecimento sobre a função deste tipo de peça.

Eu também posso: cuidados com o meio ambiente 45


ROTEIRO DO PROFESSOR
Título da atividade:
Construindo o mapa semântico

Objetivo geral:
Propor e planejar junto com os alunos normalistas a atividade a ser desenvolvida.

Etapas:
1. Estabelecer diretrizes acerca da excursão e do material recolhido na natureza a ser utilizado
no trabalho de confecção do dominó.
2. Confeccionar o dominó em sala de aula com a participação ativa dos alunos a partir do
material pesquisado e recolhido.
3. Orientar os alunos para estabelecer as regras de conduta do jogo.
4. Realizar o jogo em sala de aula com os alunos normalistas e alunos do Ensino
Fundamental.

Com esta atividade, pode-se:


1. Analisar as dificuldades dos alunos, interpretando seus progressos e provendo suas
necessidades.
2. Ampliar os conhecimentos gerais.
3. Desenvolver a consciência de preservação do meio ambiente em uma abordagem lúdica.
4. Proporcionar a aprendizagem de conteúdos pertinentes.

Conteúdos envolvidos:
Biologia e Ciências: meio ambiente natural; preservação da natureza; reciclagem
desmatamento.
Artes e imagens.
Português: leitura e interpretação.
Estatística.

Material necessário:
Cartolina, papel cartão, papelão ou outro tipo; tesoura; cola; lixa de pedreiro; reálias (areia,
sementes, diversas, pedras, grãos, palitos etc.); tecidos de várias texturas e cores (feltro, flanela,
cetim etc).

O jogo - o grupo sugere a seguinte forma de jogar o dominó:


Pode-se jogar distribuindo as peças entre os participantes (2 a 4 peças para cada um); uma
criança começa o jogo, colocando uma de suas peças sobre a mesa, o professor explica que
o encaixe deve ser feito com materiais iguais; deve-se usar o tato e a visão para encontrar a
peça para fazer o encaixe certo. Se o aluno que estiver jogando não possuir nenhuma peça para
jogar, passa a vez para o colega etc. Será vencedor aquele aluno que terminar com suas peças.
Pode-se variar jogando até que todos acabem suas peças.

46 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

Figura 1 – Peças do Dominó Táctil

Eu também posso: cuidados com o meio ambiente 47


SABOR DE LER

APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
A atividade consiste em trabalhar textos literários infantis, modernos e clássicos, de autores
diversos, e tem como objetivo aperfeiçoar a leitura, a dicção, a entonação e o entendimento
dos textos pelos alunos do Curso Normal. Estes, por sua vez, com a aplicação da atividade,
desenvolverão nas crianças o prazer de ouvir histórias, a imaginação e a fantasia, e o que pode
ser descoberto no mundo maravilhoso dos livros.
De acordo com a Proposta Curricular, encontramos alguns desafios que serviram de subsídios,
norteando todo o trabalho como: o domínio de diferentes linguagens, primordialmente a
verbal, a ampliação dos conhecimentos gerais, culturais e pedagógicos numa perspectiva de
crescimento pessoal e profissional, o resgate do lúdico, o prazer pela leitura e a prática da
pesquisa.
Foi verificado também, pelo grupo, que não havia vontade, estímulo e encantamento pela
leitura. A procura foi por textos que agradassem aos alunos e trouxessem alguma mensagem,
divertissem e ainda oportunizassem a descoberta de um mundo novo. Ao pesquisar para fazer
a escolha da história a ser contada, os alunos do Curso Normal necessitam ler vários títulos
antes de se decidirem por um.
A atividade inicia a partir do momento em que os alunos começam a manusear os livros infantis
e finaliza com a “contação” da história em turmas de Educação Infantil e Ensino Fundamental,
utilizando o álbum seriado confeccionado pelo grupo. Quanto à duração, depende do número
de turmas que cada Unidade Escolar possui.

48 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO ALUNO

Título da atividade:
Sabor de ler e a “contação” de histórias.

Objetivo geral:
Confeccionar, após pesquisa e leitura de obras literárias, um álbum seriado com a história
selecionada e aplicá-lo em turmas de Educação Infantil e nas turmas das primeiras séries do
Ensino Fundamental.

Etapas:

1º Etapa: Escolha da história


Pesquisar, ler, escolher a história a ser lida, treinar a leitura da mesma e se organizar para a
confecção do álbum seriado.
1- Fazer a escolha da história procurando aquela que se identifique com seus valores pessoais,
que incite a sua imaginação e que lhe dê prazer em trabalhar.
2- Estudar a história, lendo-a atentamente para saber de cor toda a trama, tendo com clareza
na mente o ambiente e o esquema geral.
3- Apreender aspectos principais de cada uma das partes da história (introdução, enredo, ponto
de culminância e desfecho).
4- Contar a história para si mesmo, em voz alta, de preferência diante do espelho. Marcar o
tempo gasto, que não deverá ultrapassar 10 minutos.
5- Treinar a entonação de voz adequada, dramática, porém com boa dicção, dar uma voz
própria a cada personagem e controlar o tom de voz de modo a passar sentimentos de calma,
segredo, medo, atenção etc.
6- Reler a história no dia em que for contá-la e repassar os pontos principais alguns minutos
antes.

2º Etapa: Confecção do álbum seriado.


Confeccionar o álbum seriado reproduzindo toda a história que será contada, com letra em
caixa alta e apresentá-lo ao professor para possíveis correções, se necessárias.

Sabor de Ler 49
3º Etapa: “Contação” da história:
1- Ler a história na turma determinada pelo professor de Práticas Pedagógicas, utilizando o
álbum.
2- Incentivar uma discussão entre as crianças ou aplicar uma atividade que permita que elas
façam alguma reflexão sobre o que foi narrado.
3- Ler a história na turma com auxílio do álbum seriado nos dias e hora estipulados pelo
professor de Práticas Pedagógicas.
4- Relacionar as informações trabalhadas durante a leitura e a “contação” da história com o
cotidiano da criança.
5- Trabalhar nas crianças, sempre que a história permitir, valores como: alegria, amor,
compartilhar, confiabilidade, cooperação, coragem, cortesia, disciplina, honestidade, justiça,
lealdade, limpeza, misericórdia, paciência, paz, respeito, responsabilidade, solicitude,
tolerância.
Observação: Os valores estão em ordem alfabética e não por classificação.

50 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO PROFESSOR

Título da atividade:
Sabor de ler e a “contação” de história.

Objetivos:
Articular a “contação” de história entre os alunos da 3ª série do Curso Normal e as crianças da
Educação Infantil e Ensino Fundamental.
• Organizar os alunos em pequenas equipes.
• Orientar teoricamente sobre o processo de “contação” de história.
• Oferecer uma lista de livros infantis clássicos e modernos e orientar quanto à escolha dos
mesmos.
• Orientar tecnicamente sobre a construção do álbum seriado.
• Agendar turmas, dia e horário com os professores de Ensino Fundamental responsáveis pelas
mesmas, para cada grupo de alunos contadores de história.
• Cuidar para que as histórias não se repitam e que cada turma possa ouvir um número
considerável de histórias. Sendo assim, cada turma terá acesso a várias leituras durante o ano
letivo.
• Revisar os álbuns das equipes e fazer possíveis correções antes dos mesmos serem utilizados
nas turmas.

Temas trabalhados:
Contos de fada, fábulas, lendas folclóricas, passagens bíblicas, fatos históricos, fatos do
cotidiano e narrativas de aventuras.

Orientações básicas:
O professor de Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa deverá trabalhar em seus alunos as
habilidades necessárias para a leitura da história, utilizando a teoria e a técnica para fundamentá-
los, observando alguns itens:
1. Trabalhar por meio de exemplos encontrados na história.
2. Trabalhar sentimentos diversos, estimulando a imaginação e o valor educativo da história.
3. Fazer análise dos valores que deverão ser trabalhados com as crianças, durante todo o
desenvolvimento da atividade.
4. Os alunos deverão refletir sobre qual a importância dos valores, tanto para eles como para
as crianças. Definir quais são adequados a uma criança e refletir sobre como ajudar a criança a
construir valores.

Sabor de Ler 51
5. Tratar questões abstratas da história como questões concretas. Deverá exemplificar para que
a criança possa pensar e crescer como pessoa.
6. Como as histórias serão lidas em diversas turmas durante todo o desenvolvimento da
atividade, deve-se variar o leitor das mesmas a cada dia. Um aluno pode ser o narrador e os
outros serem os personagens, desde que a história seja realmente lida.

Sugestão:
Na semana da normalista, organizar uma exposição com todos os trabalhos elaborados e
confeccionados pelos alunos do Curso Normal, em todas as disciplinas, durante o ano letivo,
expondo inclusive os álbuns, para possibilitar o acesso de toda a escola aos mesmos.

Material necessário – sugestões de livros infantis:


O gigante egoísta; O pescador, o rei e o anel; Dudu e o dinossauro; Os cisnes selvagens; O
ursinho e as abelhas; A pequena vendedora de fósforo; O leão e o ratinho; Festa encrencada;
Florisbela, a pata desastrada; Você sabe guardar segredo?; A joaninha diferente; Mogli; Vida de
pneu; Cata piolho; A pomba e a formiga; A revolta dos livrinhos; O ciclo da água; No reino
da frutolândia; A abelha Terência; Ursinho Pirulito; Janjão,o piolho fujão; O siri Anastácio;
Primeiro eu; O leão e o rato; A ariranha e a lontra; Peixinho; Tedy, o polvo; Adivinha o quanto
te amo; As travessuras do gatinho Tico; O rinoceronte míope; O pé do pavão; Pinóquio;
A sementinha mãe; O canto do sabiá; A história do gato; O cãozinho Rex; Troca-troca das
letras; A ovelhinha Loli; Caracol; O corvo e o jarro; O cão e o osso; As aventuras do cãozinho
Lupi; O imenso mar azul; Franklin tem medo do escuro; A dama e o vagabundo; A cigarra e
a formiga; Tem ladrão no formigueiro; Pequena sereia; Cinderela; Zeropéia; Leitão, o filme;
Leôncio, o hamster; Uma mentira atrás da outra; Lucrécio, o papagaio contador de histórias;
A fada azul; Meg e a música; A bela adormecida; A peteca do pinto; A barata 007; O retorno
de Juca e Levado; Jonas.

Agradecimentos:
Agradecemos aos professores das turmas de 3º ano de 2005 e à Coordenadora Pedagógica
do Curso Normal, pelo carinho e dedicação dispensados ao prestarem informações para a
sistematização deste trabalho, aos alunos pela insubstituível participação na prática educativa
e aplicabilidade da atividade, e às pessoas que nos auxiliaram na organização e informatização
do mesmo.

Referência bibliográfica:
DOHME, Vânia D’Angelo. Técnicas de contar histórias. São Paulo: Informal, 2000.

52 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

Figura 2 – Exemplos de álbuns seriados produzidos pelos alunos

Sabor de Ler 53
UM NOVO OLHAR PARA PESQUISA

APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
Este projeto, que pode ser implantado pela disciplina Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa, se
configura como sugestão complementar ao documento de Reorientação Curricular.
Encontramos, hoje, grande parte do professorado convencida do seu tradicional conceito
de “dar aula” e resistente a mudar algo que, supostamente, “funciona”. Mudar uma prática
consolidada não acontece da noite para o dia. O professor, como qualquer outro ser humano,
resiste a mudanças, ao novo, ao desconhecido.
A construção de “um novo olhar para a pesquisa” pressupõe a redefinição de valores já que,
para ser professor no século XXI, é preciso estabelecer um elo de amizade e de confiança
com os estudantes e consigo próprio, valorizando a autonomia e compromisso político. Daí a
importância de pesquisar a própria prática.
A idéia do presente Projeto surgiu da constatação da dificuldade dos professores da disciplina
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa, como propõe a própria Reorientação Curricular, em
interagir com outras disciplinas de formação pedagógica, inderdisciplinarmente, de construir a
importante e necessária ponte entre teoria e prática.
Em nossa prática, constatamos, ainda, que há total ausência de autonomia e postura dos
alunos do curso Normal para pesquisa, conseqüência, talvez, de práticas que não valorizam e
estimulam o desenvolvimento dessa competência.
Propomos, por meio de um roteiro, atividades que ajudem a desenvolver e direcionar o olhar
investigativo, em um processo de formação sintonizado com as mais recentes pesquisas na área
de formação de professores.
A intenção é despertar no professorando a crença de que o professor é um profissional produtor
de saberes e que reflete criticamente sobre a sua própria prática, e ainda que, a partir dessas
reflexões, ele se torna capaz de correlacionar diferentes saberes, promovendo a conscientização
relacionada às dificuldades e incertezas que surgem da prática cotidiana. Esperamos também
que os futuros professores reconheçam a necessidade de formação e atualização permanentes
para o seu desenvolvimento profissional.

54 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO ALUNO

Título da atividade:
O novo olhar para pesquisa

Objeto da pesquisa:
Instituições de Educação Especial

Objetivo:
Pesquisar outras práticas educacionais (educação especial), por meio de visitas, leitura de textos
afins, coletando dados, selecionando, ordenando, interpretando e modificando as informações
obtidas de forma a ampliar seus conhecimentos em uma perspectiva de formação continuada.

Etapas:

1ª. Etapa:
Atividades em sala de aula – 8h/a.
1. Fazer uma leitura prévia, em textos afins, LDB, sobre o objeto da pesquisa: Educação
Especial.
2. Indicar a Instituição que será o objeto de Pesquisa.
3. Escolher o grupo de trabalho e seu líder.
4. Fazer o planejamento das atividades.
5. Estabelecer critérios para a visita, tais como:
• contatar com a Instituição e agendar a visita;
• elaborar um calendário de visitas.

2ª. Etapa: Visita orientada à Instituição escolhida


Atividade extra-classe – 2 dias.

3ª. Etapa: O problema de pesquisa


Atividades em sala de aula – 12h/a.
1. Socialização das informações obtidas.
2. Definição do problema: A partir do que foi observado, o grupo formulará questões que
norteiem sua pesquisa.

Um novo olhar para a pesquisa 55


Exemplo: Que fatores complicadores foram observados em relação ao desenvolvimento
cognitivo do aluno especial?
3. Levantamento de hipóteses: propor hipóteses a serem testadas pela pesquisa e comprovadas,
ou não, a partir da problematização.
Exemplo: Constatação da existência de alguns fatores complicadores que interferem no
desenvolvimento cognitivo do aluno, tais como: a falta de paciência do professor ao pedir que
a criança pronuncie as palavras corretamente e ela fica nervosa por não se fazer compreender
ou apresenta outro tipo de dificuldade na fala ou o professor não tem a capacitação adequada
para lidar com crianças especiais.

4ª Etapa: Testagem das hipóteses


Atividade extra-classe - 2 dias.
Retorno à instituição que está sendo pesquisada e pesquisa de campo para:
• Confirmar ou não as hipóteses por meio de questionários.
• Buscar com os professores das diferentes disciplinas as fontes que lhes permitam obter
dados para a testagem das hipóteses.

5ª Etapa: Análise dos Resultados


Atividades em sala de aula – 8h/a
• Análise e comparação dos dados obtidos.
• Produção de relatórios.

Etapa Final: Divulgação dos resultados


Atividade de culminância.
Sugerimos a confecção pelos alunos de um Mural Informativo, em local apropriado da escola
para divulgação dos resultados para as demais séries.

56 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO PROFESSOR
Título da atividade:
O Novo Olhar para Pesquisa – O Cotidiano Escolar

Objeto da pesquisa:
Instituições de Educação Especial

Objetivos:
Geral
Pesquisar a proposta pedagógica da Instituição de Educação Especial visitada para identificar as
teorias que fundamentam o trabalho desenvolvido – como, por exemplo: sociointeracionismo
(Vygotsky), construtivismo (Piaget), construcionismo (Papert), entre outros - objetivando
conhecer mais sobre o desenvolvimento sócio-cognitivo do aluno com necessidades
educacionais especiais, na construção do seu conhecimento.

Específicos
• Estimular o professorando para um novo olhar sobre a pesquisa, buscando intervir na prática
docente.
• Orientar o professorando quanto ao domínio de técnicas de estudo tais como: fichamentos,
resumos, pesquisa bibliográfica e noção de algumas questões acerca do ato de pesquisar:
informação, seleção, organização e conclusão.
• Organizar o ensino com base em matérias e recursos diversificados, dando atenção a situações
do cotidiano escolar.
• Orientar a organização de um glossário com os novos termos do vocabulário pedagógico
(docente, discente, motivação, experiência, incentivação etc.).

Conteúdos envolvidos:

Língua Portuguesa
Ampliação de vocabulário com inclusão do pedagógico/ Fluência e desinibição no ato de escrever
/ Análise textual (leitura global, levantamento do vocabulário empregado na identificação dos
fatos, conceitos etc.). Organização do pensamento / conhecimento e transmissão de idéias,
informações, opiniões comunicativas.

Política Educacional
Legislação da Educação Especial – pesquisar LDB quanto aos níveis e as modalidades de
educação e ensino. Qual o capítulo e artigos e o que eles determinam. Política Educacional
Brasileira Pós 1988. Inclusão Escolar. Perfil do profissional para atendimento de alunos com
necessidades educacionais especiais.

Um novo olhar para a pesquisa 57


Geografia
Localização geográfica da instituição escolar de Educação Especial pesquisada. (bairro, ruas
adjacentes etc.), caminhos e formas de acesso à escola (meios de transportes utilizados pelas
crianças).

Sociologia
Realizar um debate cujas questões suscitadas a partir do tema sobre crianças portadoras de
necessidades especiais sejam:
• Será que somos mesmo tão diferentes?
• Por que temos medo das diferenças?
• Todas as deficiências são fáceis de ver?
• Você acha que alguém pode ser considerado inferior aos outros pelas suas características
físicas?

Biologia
Abordar as principais causas genéticas que podem ocasionar uma deficiência física. Prevenção
antes da concepção.

Psicologia
Psicogênese piagetiana (teoria cognitiva). Estágios do desenvolvimento (Sensório-motor, Pré-
operatório, Operatório concreto e Hipotético dedutivo).

Educação Física
Como é trabalhado o desenvolvimento psicomotor: exemplos de atividades: esquema corporal
(corpo e subjetividade). Como é feito o trabalho de psicomotricidade nesta instituição:
coordenação motora ampla.

Matemática
Pesquisar a forma em que é desenvolvido o raciocínio lógico matemático.
Exemplo: Se as crianças da escola pesquisada entendem os conceitos matemáticos trabalhados,
precisam de atenção individual e de reforço nos exercícios.

História e Filosofia da Educação


Pesquisar teorias de educadores e pensadores sobre Educação Especial, por exemplo: Vygotsky
(sociointeracionista).

Quantidade de aulas e de atividades extra-classe:


- 28h/aula
- 04 dias de atividades extra-classe.

58 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

Material necessário:
Gravador; fitas; máquina fotográfica; filme; papel 40 kg; papel ofício; papel pardo; caneta pilot;
fita adesiva dupla face; grampeador; grampos; lápis; régua; borracha; caneta esferográfica;
caderno de anotações; pasta com plásticos p/ arquivar o material da pesquisa.

Etapas:

1ª. Etapa: Atividades em sala de aula – 8h/a.


1. Fazer uma leitura prévia, em textos afins, LDB, sobre o objeto da pesquisa: Educação
Especial.
2. Apresentar aos alunos instituições que poderão ser visitadas.
3. Explicar o objetivo da Pesquisa.
4. Trabalhar procedimentos de pesquisa: O que é uma entrevista? Formular perguntas objetivas?
Orientar a coleta de dados.
5. Montar o questionário.
6. Dividir os grupos.
7. Orientar o estabelecimento de critérios para a visita, tais como:
• Contatar a Instituição e agendar a visita.
• Elaborar um calendário de visitas.
• Forma de tratamento profissional.
• Fazer uma carta de apresentação, caso necessário.
• Quantos alunos p/ vez a instituição poderá receber.

2ª. Etapa: Atividade extra-classe - visita orientada (2 dias).

3ª. Etapa: Atividades em sala de aula – 12h/a.


1. Socialização das informações obtidas.
2. Definição do problema:
• Orientar os alunos para que definam com exatidão o problema.
• Sugerir leituras, coordenar discussões, propor entrevistas com especialistas, de
modo a levantar questionamentos sobre o assunto.
3. Levantamento de hipóteses:
• Propor hipóteses a serem testadas pela pesquisa e comprovadas, ou não, a partir da
problematização.

Um novo olhar para a pesquisa 59


• Propiciar oportunidades de encontros em bibliotecas, palestras com especialistas e
debates que permitam a formulação de hipóteses.
Exemplo: A existência de alguns fatores complicadores que interferem no desenvolvimento
cognitivo do aluno, tais como: a falta de paciência do professor ao pedir que a criança pronuncie
as palavras corretamente e ela fica nervosa por não se fazer compreender ou apresenta outro
tipo de dificuldade na fala ou o professor não tem a capacitação adequada para lidar com
crianças especiais.

4ª. Etapa: Atividade extra-classe visita orientada (2 dias).


1. Retorno à Instituição que está sendo pesquisada para testagem das hipóteses.
2. Estudo interdisciplinar dos assuntos que possam contribuir para a investigação do
problema.

5ª. Etapa: Atividades em sala de aula – 8h/a.


1. Conduzir a análise dos dados coletados em função do problema definido.
2. Propor a expressão dos resultados da pesquisa de modo a identificar a veracidade das
hipóteses e solucionar o problema.

Etapa Final: Conclusão e avaliação.

60 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

Figura 3 - Apresentação esquemática das etapas do Projeto O novo olhar para pesquisa

Problema ou lacuna

Explicação
Não explicação

Colocação precisa do problema

Procura de conhecimento ou instrumento relevante

Tentativa de solução

Satisfatória Inútil

Invenção de novas idéias ou produção de novos dados empíricos

Obtenção de uma solução

Prova da solução

Satisfatória Não satisfatória

Conclusão Início de novo ciclo

Um novo olhar para a pesquisa 61


IMPLEMENTAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LEI 10639/03, NO
CURRÍCULO DO CURSO NORMAL DE NÍVEL MÉDIO

APRESENTAÇÃO
Histórias que entram em cena mediadas por suas lembranças. Tais lembranças
necessitam ser faladas, escritas, lidas, assumidas, afirmadas, escutadas, para poderem
assim ganhar status de memória, serem lapidadas. Elas nos habitam individualmente,
mas seu nascimento, há muito, aconteceu no coletivo. Quando socializadas, podem ser
refletidas e criticadas. [...]
Ver, porque ganhou distância, num processo reflexivo, como construtor e não reprodutor
do próprio processo de aprendizagem, possibilita a compreensão entre construir
conhecimento e reproduzir conhecimento, repetir história e construir história.
Madalena Freire

Discute-se hoje, em diversos espaços acadêmicos, a importância de a escola básica assumir,


no seu trajeto curricular, o multiculturalismo, tendo em vista o conhecimento e o respeito às
diferenças culturais inerentes aos variados grupos de indivíduos da sociedade. A proposta que
ora vem sendo apresentada pedagogicamente é aquela em que sejam estudadas e refletidas
as diversidades culturais apresentadas no país e vividas no processo interativo do cotidiano
escolar.

A partir de nossas experiências, observadas e vivenciadas na Escola Básica Pública, constatamos


a existência do fenômeno do etnocentrismo, em que a visão do mundo é postulada tendo como
centro o próprio grupo, sendo os demais percebidos a partir de modelos e valores próprios
também. Encontramos dificuldades de, nos planos intelectual e afetivo, pensar a diferença
e aceitá-la nas relações sociais. Portanto, formar professores comprometidos com relações
étnico-raciais para que reconheçam a sua identidade racial e histórica das raças é o grande
desafio.

É preciso constituir uma compreensão do contexto atual e da diversidade do espaço escolar


para sabermos o perfil do professor/educador que a sociedade necessita. O professor não
pode ser mais alienado. Fingir que não viu ou que não escutou são características que não são
coerentes com o momento corrente.

62 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

Os PCN já orientam a promoção da igualdade em um dos temas transversais – pluralidade


cultural10. Outro passo significativo nessa trajetória foi dado pela Lei 10.639/03 . Essa lei vem
reconhecer a existência do afro-brasileiro, seus ancestrais (os africanos), sua trajetória na vida
brasileira, na condição de sujeitos da construção da história da nossa sociedade.

Não basta que as propostas curriculares tragam, entre suas diretrizes, o emprego do tema
multiculturalismo. Torna-se necessária a garantia de uma perspectiva crítica permeando
a prática curricular e exibindo, além das preocupações referentes ao currículo formal e ao
oculto demonstrado nos valores, crenças e nas relações sociais da escola e da sala de aula, o
desenvolvimento de uma avaliação do projeto curricular em ação.

A proposta que vimos implementando, ao longo dos últimos dois anos, no currículo do Curso
Normal de nível médio do Colégio Estadual Pandiá Calógeras, visa concretizar a implementação
dos princípios da Lei 10.639/03, reconhecendo o seu valor como uma política afirmativa de
cunho sócio-cultural e pedagógico.

No presente trabalho, apresentamos, em anexo, as atividades realizadas do 1º ao 4º ano do


Curso Normal. Em detalhes, apresentamos a atividade realizada com literatura infantil, no
4º ano. Optamos por apresentá-la, detalhadamente, porque consideramos que ela seja a
culminância do projeto iniciado no 1º ano e por possuir um caráter eminentemente prático, o
que a torna a atividade de aplicação prática por excelência, nas escolas dos primeiros ciclos de
aprendizagem.

10
Esta lei trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Implementação dos princípios da lei 10639/03, no currículo do curso normal de nível médio 63
ROTEIRO DO ALUNO
Título da atividade:
Caixa de Delícias

Objetivos:
• Desenvolver, por meio da “contação” de histórias, o desejo pela leitura.
• Subsidiar o processo afetivo da relação do leitor com o texto, possibilitando a reflexão e a
discussão sobre afrobrasilidade.

Etapas:
1. Seleção do livro com recorte racial
A partir do estudo da lei nº 10.639/03, os grupos devem ser encaminhados à pesquisa de
campo, em busca de uma bibliografia referencial sobre o assunto.
2. Estudo da história
Após a análise do material pesquisado, cada grupo escolherá um livro para montar a “Caixa”.
De posse do mesmo, os grupos devem estabelecer um debate com vistas a relacionar a teoria
com a prática.
3. Identificar a perspectiva a ser adotada na “contação” de história
A partir da “contação”, o grupo deve preocupar-se em promover uma leitura mais apurada
das mensagens veladas, voltando-se para a identificação de questões que estão postas no
cotidiano.
4. Seleção do material para a confecção da Caixa de Delícias
Dependendo do livro escolhido, os grupos terão a possibilidade de utilizar recursos diversificados,
num contexto interativo.
A história pode ser contada/interpretada com o auxílio de objetos, figuras, palavras, atividades,
jogos, poemas e outros que a ilustrem.
5. Apresentação da Caixa de Delícias
A organização e “contação” se darão de forma lúdica e interativa. Do interior de uma “simples”
caixa (encapada, por exemplo, com papel de presente), emergirão personagens, palavras,
figuras, ações, objetos e símbolos, que darão vida à historia; cada ação ou personagem será
representado “concretamente” por via das “imagens”.
6. Recursos
Os objetos, figuras e/ou palavras poderão ser confeccionados a partir de diferentes técnicas,
tais como: pintura, desenho, lápis de cor, lápis de cera, recorte e colagem, técnica do bombril e
outras, utilizando as múltiplas linguagens, explorando a criatividade e a imaginação.
7. Atividades e possibilidades:
• A construção da caixa poderá ser realizada interativamente: professor e alunos.
• Realização de inúmeras atividades e jogos a partir da história.

64 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO PROFESSOR
Título da atividade:
Caixa de Delícias: o universo da descoberta do ensinar e do aprender.

Objetivo geral:
• Promover, através da literatura infantil e infanto-juvenil, a discussão sobre a afrobrasilidade
e o multiculturalismo.

Objetivos específicos:
• Subsidiar os/as professorandos/das, na viabilização e utilização de técnicas/materiais
possíveis, para trabalhar a questão.
• Ampliar e consolidar os conhecimentos sobre a questão, a partir de diferentes abordagens.

Série indicada: 4º ano do Curso Normal


A realização do trabalho junto a turmas do 4º ano justifica-se, primeiramente, por possuir
um caráter eminentemente prático, o que a torna uma atividade de aplicação por excelência,
nas escolas dos primeiros ciclos de aprendizagem. Em segundo lugar, a proposta abarca, em
sua dinâmica, inúmeros conhecimentos (domínios), bem como estruturas práticas e teóricas
desenvolvidas durante o curso. Devido a essas características e possibilidades, torna-se uma
atividade de culminância.

Conteúdos envolvidos:
De forma integrada à realidade dos alunos e aos demais conteúdos necessários à sua formação
profissional, esta proposta contempla: leitura, interpretação e produção de texto; diversidade
cultural; virtudes e valores; a lei 10.639/03; currículo; múltiplas linguagens e múltiplas
inteligências.

Quantidade de aulas e de atividades extras: 16h/a


A experiência deve envolver atividades extras, como:
• Visita ao museu do folclore.
• Participação em Bienais de Leitura.
• Participação em seminários.

Sugestões de atividades:
• Leitura e discussão para embasamento teórico:
- Leitura da Lei 10.639/2003.
- Leitura dos livros:
(1) CAVALLEIRO, Eliane (org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossas
escolas. São Paulo: Summus, 2001;
(2). MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o racismo na escola. Brasília: MEC/SEF,
2001.

Implementação dos princípios da lei 10639/03, no currículo do curso normal de nível médio 65
• Sugere-se que as caixas sejam realizadas em grupos, respeitando as singularidades e
peculiaridades das turmas.
• O incentivo e motivação para que trabalhem com diferentes técnicas. (múltiplas linguagens e
múltiplas leituras).
• Elaboração dos materiais utilizando os recicláveis.
• Confecção de jogos e brincadeiras a partir da história.
• Na montagem da caixa, o professor pode utilizar-se dos diversos tipos de texto: poético,
literário, técnico, instrucional, jornalístico, documental, enfim, o que vale é o conhecimento e
a criatividade.

Sugestões de acompanhamento e avaliação:


• Organização de micro-aulas:
- Elaboração da “Caixa de Delícias” (Confecção, material, ornamentação, ligação com
o tema/história).
- Apresentação da história: leitura, dinâmica utilizada para a “contação”, organização
da exposição dos “pertences”, isto é, dos objetos que sairão da caixa; utilização de
recursos.
- Participação e integração do Grupo.
-Registro por escrito da elaboração e relação com os textos trabalhados nesse
período, ou mesmo com as atividades extra-classe desenvolvidas com a turma.
• Apresentação das “Caixas de Delícia” nas Instituições (Campo de Estágio), para as turmas
das séries iniciais.
• Organização pelas professorandas de oficinas destinadas às outras turmas do Curso.

Materiais necessários:
Textos teóricos, livros de literatura infantil e infanto-juvenil, que abordem a questão; caixas,
papel, tecido, jornal, revista, sucata, cola, tesoura, lixa, velcro, papelão, lápis de cor, lápis de
cera, hidrocor, reálias, bonecos e outros.

Trabalho desenvolvido:
1. Seleção e leitura da história: “Menina bonita do laço de fita” (Ana Maria Machado. Editora
Ática).
2. Leitura e discussão das histórias, à luz das idéias dos textos básicos.
3. Definição e recorte das passagens, a partir do olhar do grupo.
4. Organização, ordenação (objetos, figuras, personagens) e confecção do material.
5. Apresentação.
O grupo optou por associar técnicas da Caixa de Delícias, com representação teatral da
história.
Enquanto uma aluna lia a história, outra ilustrava as passagens com objetos e figuras retirados
da caixa, que eram complementados com os personagens (menina, coelho, mãe) e os diálogos
em tempo real.

66 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

IDENTIDADE PROFISSIONAL – SER PROFESSOR

APRESENTAÇÃO
O projeto faz parte do contexto de Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa, devendo ser
discutido por todos que participam do Curso Normal (professores e alunos), para que se
possa levar aos formandos o esclarecimento de como adquirir conhecimentos específicos e
necessários para a formação do profissional de educação. Para tanto, é imprescindível que o
professor do Curso Normal reflita sobre sua prática pedagógica, pois são responsáveis pela
formação de novos profissionais para as escolas que atendem à construção da cidadania do
século XXI. São estes que levam a reflexão da educação para as salas de aula. Essa reflexão
deve ser estendida também aos professores dos cursos de graduação voltados para a formação
de magistério e especialistas de educação.

De nada adiantará termos sugestões para o desenvolvimento da disciplina, se os profissionais


que atuam no Curso Normal com as disciplinas pedagógicas não estiverem atualizados,
conscientes de seu trabalho e com auto-estima para consigo mesmo e com sua formação.

A Reorientação Curricular propõe não somente conter sugestões de projetos, mas também
sugestões de textos para discussão entre os profissionais formadores de profissionais, para
que se tenha nas Escolas Normais a preparação de verdadeiros educadores conscientes das
competências que lhes cabem.

A motivação para o trabalho deu-se a partir das inquietações que estávamos tendo sobre o que
fazer na semana da Normalista. Na verdade, não era ainda uma solicitação do trabalho a ser
realizado por nós participantes do Curso de Atualização. Entretanto, como nos intervalos já
debatíamos sobre o que fazer, tão logo foi solicitada a elaboração de um projeto, um componente
do grupo sugeriu que o projeto fosse voltado para “o que é ser professor”. Houve, por parte
dos demais, interesse e uma verdadeira explosão de idéias foi surgindo. Questionou-se sobre a
identidade do professor e as diversas denominações atribuídas ao mesmo. Relembramos nossas
primeiras experiências na escola, nossas primeiras relações interpessoais fora do contexto
familiar e tendo sido positivo esse resgate de nossos momentos escolares, integrantes do
grupo realizaram as atividades com seus respectivos alunos do Curso Normal, com resultados
extremamente gratificantes e emocionantes (anexos).

Identidade profissional – ser professor 67


ROTEIRO DO ALUNO
Título da atividade:
Identidade profissional – ser professor
Objetivo:
• Valorizar a imagem do professor junto aos alunos do Curso de Formação de Professores.
• Conscientizar-se do compromisso ético e social e da função enquanto pesquisador.
Etapas:
1. Leitura de textos diversos sobre o profissional da educação.
2. Discussão a partir dos textos sobre a temática abordada: ser professor.
3. Debate sobre a análise do perfil do profissional da educação: MESTRE? PROFESSOR?
EDUCADOR? TIA? MEDIADOR? FACILITADOR DA APRENDIZAGEM?
ORIENTADOR?
4. Fazer uma caricatura de cada denominação acima citada (ver do Roteiro do Professor).
5. Pesquisa e revisão sobre os educadores brasileiros que contribuíram e contribuem para a
melhoria da educação, a partir de conhecimentos adquiridos em anos anteriores na disciplina
e em outras.
6. A partir do material coletado, construção da linha do tempo.
7. Desenho ou relato de um fato que tenha marcado sua vida escolar, desde a educação infantil
até a série atual, tendo o cuidado de não revelar dados que facilitem a identificação de quem
está falando, quando a informação for negativa.
8. Cada aluno poderá falar sobre o que desenhou ou escreveu, informando se foi positiva ou
negativa aquela lembrança e uma qualidade que daria para aquele professor de quem falou ou
para o momento vivido.
9. Trazer para sala de aula fotos de momentos vividos em sua vida escolar.
10. Apresentar a foto à turma e relatar o momento registrado.
11. Participar na organização do mural com todas as fotos, colocando ao lado palavras, frases
ou expressões correspondentes às fotos, conforme foi dito no momento da apresentação.
12. Discutir com a turma que impressão sentiu ao realizar a atividade.
13. Fazer um levantamento sobre questões relativas à formação do professor. Elaborar questões
que gostariam de fazer a professores e que permitiriam traçar um perfil do profissional e da sua
prática pedagógica.
14. Construir gráficos a partir dos dados levantados.
15. Analisar os gráficos construídos e levantar hipóteses e sugestões.
16. Participar de fórum de debate para discutir as hipóteses e sugestões levantadas.
17. Pensar em maneiras de vender uma imagem positiva do professor, construindo slogans,
histórias, poesias, músicas, paródias etc. com criatividade.
18. Organizar o material produzido para exposição, organizar palestras e apresentações (danças,
músicas, dramatizações etc.).
19. Participar ativamente da culminância.

68 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO PROFESSOR

Título da atividade:
Identidade profissional – ser professor

Objetivos:
O projeto tem como principal objetivo valorizar a imagem do professor junto aos alunos do Curso
de Formação de Professores. Por meio de uma reflexão sobre a função enquanto profissional
de educação na sociedade, propor condições para a construção de uma conscientização do
compromisso ético e social e da função enquanto pesquisador. Pesquisando e refletindo, o
aluno articula os conhecimentos adquiridos sobre a profissão ao longo do curso com situações
da realidade, vividas pelo professor (objeto da pesquisa); projeta ações e pensa respostas de
intervenção sobre essa realidade (Práticas Pedagógicas, p.25).

Nível indicado:
Este projeto pode ser aplicado nas quatro séries do curso, observando o grau de complexidade
e maturidade de cada série. No entanto, sugerimos a aplicação na integra, como se apresenta a
proposta, para a 4ª série, em função de alguns conhecimentos necessários já estarem bastante
amadurecidos, tais como conhecimento sobre: alguns educadores de destaque na história da
educação, o movimento Escola Nova, e as tendências pedagógicas.
Sugerimos dois períodos para aplicação do Projeto:
• Início do ano letivo, quando muitas disciplinas promovem atividades de reflexão sobre a
profissão, valorizando a identidade do profissional e a competência que a função exige.
• Mês de outubro, quando se comemora o dia do professor e a semana do normalista, ótimo
momento para se resgatarem valores e pensar a prática pedagógica.

Conteúdos envolvidos:
A partir da temática central, serão desenvolvidos conteúdos que induzam o aluno a construir o
conhecimento através da pesquisa, leitura, interpretação de vários textos, conceitos de diversas
áreas e disciplinas que integram o curso. Tais conceitos devem estar inseridos em sua vivência
diária e devem possibilitar a percepção, a integração e a associação entre conteúdos, de forma
a proporcionar crescimento global.
Matemática: levantamento de dados na comunidade em que a escola está inserida, pesquisando
sobre o número de professores desta comunidade e atual situação, independente de estar
atuando ou não. A partir dos dados, construção de gráficos.
Português e Artes: produção de textos variados a partir de análise de outros textos, discussões
(relatórios) e reflexões em forma de poesias, músicas, paródias, marketing/propaganda.
História e Filosofia da Educação: alguns conhecimentos relativos a estas disciplinas
deverão estar construídos e outros em processo de construção ao longo do projeto: principais

Identidade profissional – ser professor 69


educadores; educadores de destaque do município e suas respectivas histórias; movimento
Escola Nova e as tendências pedagógicas.
É preciso que o aluno do Curso de Formação de Professores tenha claro o perfil do profissional
de ensino que a sociedade necessita (Práticas Pedagógicas, p.17). Para refletir sobre a prática
do professor, a proposta deste projeto é iniciar propondo ao aluno relembrar práticas dos seus
professores desde a educação infantil até a série atual. É claro que surgirão também lembranças
negativas que deverão ser trabalhadas no sentido de se refletir e “ampliar seus conhecimentos gerais
(culturais) e pedagógicos numa perspectiva de formação continuada” (Práticas Pedagógicas, p. 25), de
forma que possa perceber o que deve e o que não deve ser aproveitado para sua atuação
profissional no futuro.
Neste projeto procuramos, ainda, valorizar o trabalho de pesquisa e praticar atividades que possam
interligar conhecimentos com outras disciplinas, conforme propõe o Referencial de Práticas
Pedagógicas em um dos itens de sugestões de atividades a serem desenvolvidas:
“Elaboração de trabalho de pesquisa, utilizando as situações de prática em diferentes escolas, culminando com
a apresentação do trabalho em forma de relatório, mural, palestra etc., sugerimos que seja atribuída carga-
horária, conforme sugestão de distribuição de carga-horária da Reorientação Curricular” (p.24).

Quantidades de aulas e de atividades extra-classe:


As atividades de sala de aula e extra-classe podem ser realizadas individualmente ou em grupo,
de acordo com a realidade escolar, da turma e o momento, contando sempre com o bom senso
do professor que deverá valorizar a participação ativa da turma, aceitando inclusive, sugestões
para a realização do trabalho.

Etapas e sugestões de atividades:


Momento de reflexão: Dividir a turma em grupos para leitura e discussão de textos sobre a
temática. Cada grupo deverá estar discutindo um texto diferente (ver sugestões em anexos).
Após, abrir para explanação e discussão sobre a reflexão e conclusão de cada grupo.
Debate: Em círculo, o professor orientará um debate sobre a seguinte abordagem: MESTRE?
PROFESSOR? EDUCADOR? TIA? MEDIADOR? FACILITADOR? ORIENTADOR?
QUEM É O PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO?
Observações: Procurar conduzir o debate recorrendo a pensadores e educadores que
discutiram sobre o papel do professor na sociedade (partindo do princípio que a turma já tem
os conhecimentos necessários para tal discussão). Pode-se pedir, ainda, ao aluno ou grupo que
faça a caricatura de cada denominação.
Linha do Tempo: Propor a construção de uma linha do tempo, posicionando os principais
educadores do Brasil, procurando destacar os do município em que a escola está localizada,
com suas respectivas histórias. Para tal atividade, sugerimos que se peça com antecedência
material de apoio para a pesquisa e construção da linha do tempo em sala de aula, trabalhando
professor e aluno (livros, revistas pedagógicas, apostilas e demais fontes de consulta).

70 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

Resgatando histórias: Pedir que cada aluno faça um desenho ou um relato sobre um fato que
tenha marcado sua vida escolar (desde a educação infantil até a série atual). Cada aluno falará
sobre o seu desenho ou lerá o seu relato, informando se foi positiva ou negativa a lembrança e
uma qualidade que daria para aquele professor de quem falou ou para o momento vivido.
Resgatando imagens: Pedir com antecedência que cada aluno traga uma foto de seu período
escolar e apresente à turma, relatando o momento registrado. Após, a turma deverá montar
um painel com as fotos apresentadas, colocando ao lado uma frase ou palavra que represente
o momento da foto.
Observação: Como sugestão, pode-se enriquecer a reflexão fazendo uma analogia entre o
painel de fotos com as caricaturas (feitas anteriormente).
Levantamento de dados: Visando a construção de gráficos para análise do perfil do professor
de hoje, os alunos farão um levantamento de dados por meio de entrevistas junto a professores
da comunidade escolar e do bairro onde se localiza a escola, que abordem questões do tipo:
o grau de satisfação com a profissão, suas expectativas em relação ao ensino; a visão sobre a
prática pedagógica; professores que se formaram e não atuam (motivo); os que trabalham,
porém, sem motivação etc. A partir dos dados coletados, propor um fórum de debate, em que
poderão ser levantadas hipóteses e sugestões para melhoria da qualidade de vida profissional
e do ensino.
Marketing do professor: Após debate, os alunos deverão vender a imagem positiva do
professor, junto à comunidade escolar, construindo slogans, histórias, poesias, músicas, paródias
etc., com criatividade. Esta atividade pode ser feita em grupo, ficando cada grupo responsável
por um tipo de estratégia de marketing.
Culminância: Sendo um projeto que visa resgatar e valorizar a imagem do professor, pretende-
se estender o público alvo que, além de ser a comunidade escolar, seria também a comunidade
e outras instituições que ministram o Curso Normal.
Observação: Propormos a apresentação de todo material produzido em um local que
possa ser visitado por todos, ao longo de um período pré-determinado. Além da exposição,
para enriquecimento do trabalho, sugerimos a realização de atividades diversas: palestras de
profissionais relatando experiências; depoimento de alunos sobre as entrevistas que realizou;
danças; músicas e dramatização.
Avaliação: poderá ser feita através da observação e do registro de participação individual dos
alunos nas atividades realizadas.

Sugestões de leitura:
ANTUNES, Celso. Glossário para Educadores. Petrópolis: Editora Vozes.
NOVAES, C.E. A Última Professora. In: Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: Diários Associados,
1993 (Ensaios AGO).

Identidade profissional – ser professor 71


EXEMPLOS DE LETRAS DE MÚSICA CRIADAS POR ALUNOS DO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SARAH KUBITSCHEK QUE PARTICIPARAM
DO PROJETO “IDENTIDADE PROFISSIONAL – SER PROFESSOR”.
Minha Professora - Versão para a música “Voa minha ave” (Tema da novela
Alma Gêmea, Rede Globo).
Autores: alunos da turma 3003.
Quero te falar/ Minha professora/ obrigada/ por ser/ a minha educadora./ Quando
estás aqui/ e se faz ouvir/ eu me sinto muito bem./ É por isso/ que eu preciso/ te dar os
parabéns!/ Quando eu cheguei aqui na escola/ pude conhecer/ o seu jeito de ser./ Foi
assim que eu aprendi/ a pura importância/ do saber./ Mestre/ minha amada mestre/ venha
me ensinar/ Me mostra/ o caminho/ que eu quero ir buscar/ Permaneço enfim/ como uma
aprendiz na perfeita união/ do laço/ que existe/ dentro de nossos corações./ Quando eu
cheguei/ aqui na escola/ pude conhecer/ o seu jeito de ser/ foi assim que eu aprendi/ a pura
importância/ do saber.

Ele Sempre Está por Perto - Versão da música: Espírito Santo, Fernanda Brum.
Autores: alunos da turma 3003.
Nos momentos certos Talvez esteja incorreto
Lá ele está É quase tão certo
Presente nas horas difíceis Que sempre está por perto.
E quase impossíveis. Muito obrigado
Quando choramos, chora também. Por ter existido
E se nos alegramos, se alegra também. Por me dar amor
Se no rosto aparece a tristeza E tanto carinho
Ele diz que presente está para ajudar Se dedicou, de mim cuidou
Sempre que precisar. Te amo demais, meu professor.
Quem será este tão certo

Sorte Grande - Versão da música: Sorte Grande, Ivete Sangalo.

A minha sorte grande é ter um bom Chegou no nosso espaço


professor Ensinando deu um passo
Que dá aula por amor Mostrou que não é brincadeira
Tem que ter bom coração Pegou na minha mão
Que linda a sua profissão. Ensinou com o coração
E ara mim foi pura emoção.
Tão lindo seu serviço
Moleza,
Tem brilho nos seus olhos
Moleza,
Exemplo para mim
Moleza,
Sempre que eu te vejo
Essa profissão não é moleza.
Renovo o meu desejo
De aprender sempre assim.

72 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

UMA VIAGEM PELOS COSTUMES BRASILEIROS: RESGATE DA


CULTURA

APRESENTAÇÃO
Se algum dia você se referir ao feio, pense que pode estar cometendo um erro tácito. A
antropologia nos ensina que, para fazer essa alusão, você tem que saber onde pisa, pois
o belo refletido no espelho se padroniza de acordo com cada região.
(NARCISO, 2004, p.31).

A idéia de um projeto de trabalho apresentada em seguida tem como referência a existência da


Semana da Cultura Brasileira (de 15 a 20 de agosto) no calendário de atividades do ano letivo
de 2005 do Curso de Formação de Professores. Entretanto, questiona-se que determinados
temas, como, por exemplo, a semana da cultura e tantos outros sejam trabalhados em apenas
um período, como se fosse um “adendo” ao currículo regular.

Nessa perspectiva, esse tema não pode ser reduzido à dimensão de comemorações de datas
especiais tais como: Dia do Folclore, Dia do Índio, “Dia do Saci”, ou ser tratado como um
modismo para certos tipos de reuniões e festas escolares.

Trazer o tema Cultura Brasileira para o cotidiano da sala de aula no Ensino Fundamental
mobiliza o pensar sobre a teia de saberes que podem estar entrelaçados aos traços que
configuram a nossa identidade de ser brasileiro. Foi puxando os fios de onde viemos que
começamos a provocar o desafio de situar as várias naturalidades dos responsáveis, ou dos
próprios professorandos e professorandas.

Para sermos docentes, precisamos romper com os estereótipos construídos historicamente.


Desmistificar as representações sociais produzidas pela relação do poder econômico que
financiou o desenvolvimento das metrópoles, associando-as às imagens de progresso e
modernização, enquanto o interior, o campo e as periferias das cidades estão representados
pelo atraso, pela tradição e pela submissão. Nessa tarefa de desconstrução, temos a necessidade
de um trabalho sistemático pela valorização da multiplicidade que a cultura brasileira produz
em diferentes espaços.

Uma viagem pelos costumes brasileiros: resgate da cultura 73


Romper com a estética urbana e todas as formas de massificação das linguagens que as
predominam deve ser um compromisso docente. Esse rompimento engloba, por exemplo,
as grandes corporações de informação, as grandes emissoras de TV: Globo no Rio de
Janeiro, Bandeirantes e SBT em São Paulo. Essas organizações produzem uma programação
homogeneizadora, criando padrões de cultura, desprestigiando as histórias locais e suas
manifestações.

A instituição escola pode contribuir para a preservação da memória múltipla da brasilidade de


um país continental ao resgatar as expressões plurais de seu povo, nas diferentes linguagens.
Essas expressões não são tão comuns, o que configura uma tarefa na escolarização para resgatá-
la com sua singularidade e reflexão, evitando torná-la exótica e efêmera.

Diante do desafio da formação de docentes para tais tarefas, organizamos um conjunto de


atividades que possam funcionar como fio integrador das diversas disciplinas que compõem
a matriz curricular do Curso, estabelecendo uma ponte entre teoria e prática, para que os
professorandos e professorandas demonstrem a capacidade de desenvolverem competências
e habilidades que superem a visão fragmentada do conhecimento, desde sua formação, até o
desempenho de sua futura profissão com qualidade e desenvoltura.

A disciplina Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa tem como tarefa desenvolver uma temática
que congregue os saberes do uso da tecnologia na educação, principalmente no cotidiano
escolar, bem como os saberes das áreas do conhecimento didático e fundamentos da educação
em situações de ensino contextualizadas e formando etnicamente para o convívio social e
cidadania.

Para facilitar o trabalho nesta disciplina, vamos apresentar um projeto desenvolvido no Colégio
Estadual Heitor Lira, considerado como de grande êxito, complementado por atividades afins
realizadas no Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho.

Uma viagem pelos costumes brasileiros: resgate da cultura.


Como ponto de partida e as necessidades da disciplina, problematizamos o projeto diante da
exibição do filme: “Espelho d’água - uma viagem no rio São Francisco”, de Marcus Vinicius Cezar.
Este filme conta a história de um fotógrafo em crise, que viaja pelo velho Chico para fotografar
suas belezas e paisagens e se depara com os mitos e lendas que cercam esse rio e o povo
ribeirinho que depende dele para sobreviver. Em contato com essa população, passa a registrar
os costumes, raízes, tradições e os depoimentos de pessoas que representam verdadeiros
personagens da cultura local.

Ao fazer uso da produção cinematográfica brasileira, queremos reforçar imagens que apresentem
ao brasileiro seu próprio país, seus dilemas e que levantem argumentos para o debate sobre a
diversidade cultural, social, suas implicações no atual panorama político e econômico.

74 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

A juventude não convive com a produção cinematográfica brasileira. Seu padrão de qualidade
associa-se à produção de entretenimento americano com muita ação, suspense e efeitos. Diante
deste diagnóstico, os(as) alunos(as) foram sensibilizados a observarem o roteiro do filme, a
destacarem o estranhamento que as imagens lhes provocaram em relação ao cotidiano da
vida urbana. Durante a exibição, permaneceram atentos e ao final destacaram como olharam
o diferente. A manifestação mais significativa do estranhamento configurou-se pelo trabalho
da parteira; as crendices que orientavam suas vidas com o rio São Francisco; a religiosidade
e suas demonstrações; o ritual associado ao funeral e a literatura. Destacaram as causas do
desemprego, da migração, os efeitos do desmatamento sobre o rio e demonstraram que a
emoção da beleza natural e o suspense do naufrágio os provocaram para continuarem assistindo
o filme e dialogando num debate.

A partir desse momento, começaram a surgir idéias, propostas vindas dos(as) alunos(as) e
demais professores a respeito da realização de um trabalho integrador e que envolvesse todos
os segmentos da escola na temática sobre o reconhecimento da cultura genuína do nosso
país.

Uma viagem pelos costumes brasileiros: resgate da cultura 75


ROTEIROS PARA O ALUNO

A) PARA ALUNOS DE 1ª E 2ª SÉRIES


Título da atividade:
Uma viagem pelos costumes brasileiros.

Objetivo:
• Investigar as origens das nossas manifestações culturais e qual a sua importância em nossas
vidas.
• Descobrir e relacionar fatos da nossa história com a Cultura Brasileira.

Etapas:
1 – Pesquisa sobre Cultura Brasileira (danças, mitos, lendas, culinária, parlendas, trava-línguas,
cantigas etc.) de todas as regiões.
2 – Confecção de instrumento musical indígena (maracá) utilizando: garrafa descartável
de refrigerante (pet), cabo de vassoura; grãos de feijão, arroz, milho para a percussão e a
representação caracterizada pela pintura do corpo indígena.
3 – Outras sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas pelos alunos com a temática
Cultura Brasileira:
- confecção de tapete literário;
- confecção de murais;
- confecção de maquetes;
- confecção de jogos pedagógicos;
- confecção de televisão com lendas;
- confecção de cartazes com parlendas, trava-línguas, charadas, etc.;
- confecção de passa-tempos;
- confecção de livros de pano;
- confecção de mamulengos;
- concurso de trava-línguas, dramatizações de lendas, ditados populares, bestiários por meio de
cantigas, acalantos, lendas passadas em cinema mudo durante o estágio supervisionado com
alunos da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental;
- confecção de trabalhos com colagem de grãos (feijão);
- “contação” de histórias e elaboração de gráficos e tabelas.

76 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

B) PARA ALUNOS DE 3ª SÉRIES


Título da atividade:
Uma viagem pelos costumes brasileiros.

Objetivo:
• Investigar as origens das nossas manifestações culturais e qual a sua importância em nossas
vidas.
• Descobrir e relacionar fatos da nossa história com a Cultura Brasileira.

Etapas:
1 – Organização dos grupos e distribuição de tarefas entre os membros do grupo.
2 – Confecção do material prático: exemplares de revista de jogos e passa-tempos.
3 – Planejamento de atividades de recreação e “contação” de histórias para crianças dos anos
iniciais do Ensino fundamental.
Observação: Para confecção da revista, foi sugerido que a capa apresentasse uma figura do
folclore regional, no seu interior, a história das lendas e montagem de passa-tempos, cruzadas,
caça-palavras, jogos de erros, relações entre colunas, labirinto, desenho, pintura etc.
4 – Culminância com participação de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental para
participarem das atividades planejadas pelos alunos do curso Normal.
Observação: Na apresentação, cada criança recebeu um exemplar da revista de passatempos,
ouviram histórias, aprenderam a cantar músicas folclóricas, confeccionaram dobraduras;
brincaram de corrida, efetuaram os passatempos orientados pelos professorandos e
professorandas. No final da apresentação, os professores envolvidos no processo puderam
enfatizar a visão do que seja um projeto multicultural.
5 – Exibição do filme “Espelho d’água”, seguido de debate sobre as percepções dos alunos
sobre:
a) formas de convivência da população com o Rio São Francisco retratado pelo cineasta;
b) estranhamentos causados pela percepção da diferença;
c) sentimentos demonstrados pelos personagens ao trabalho, à terra, ao rio;
d) dilemas da população;
e) causas da manifestação do morador.
6 – Apontar possibilidades de trabalho pedagógico e sugerir temáticas para explorar o filme.
Observação: Na experiência realizada, os alunos apontaram a seca no nordeste, as festas
religiosas, a literatura de Cordel e a transposição do Rio São Francisco como temas de
desdobramento. Os alunos defenderam as propostas de projeto que desenvolveriam para
as séries iniciais. Trouxeram como exemplo um Projeto sobre o artesanato de bonecos em
Pernambuco e realizaram uma oficina de bonecos com jornal (mamulengos). Os bonecos
ganharam uma vestimenta típica e expressão facial. O trabalho foi enriquecido pela música “A
flor do Mamulengo” de Luis Fidelis (Anexo 01).

Uma viagem pelos costumes brasileiros: resgate da cultura 77


C) PARA ALUNOS DE 4ª SÉRIES
Título da atividade:
Uma viagem pelos costumes brasileiros.
Trabalho a ser desenvolvido durante o período de Estágio Supervisionado.

Objetivo:
• Investigar as origens das nossas manifestações culturais e qual a sua importância em nossas
vidas.
• Descobrir e relacionar fatos da nossa história com a Cultura Brasileira.

Etapas:
1 – Pesquisar as principais lendas e diferentes manifestações folclóricas. Buscar materiais e
recursos para planejar atividades para alunos de turmas-campo do 1º e 2º anos escolares ou
ciclos de escolarização.
2 – Contar, ler ou dramatizar as lendas pesquisadas para as crianças da turma-campo.
3 – Realizar atividades artísticas, incluindo: pintura, desenho livre, recorte e colagem, dobradura,
construção de fantoches, ilustrando as lendas e seus personagens.
4 – Realizar com as crianças uma eleição da lenda ou do personagem preferido e a construção
de tabela e gráfico que representem o resultado da eleição. Para esta atividade, sugerem-se os
seguintes passos:
• Relembrar as principais características das lendas apresentadas.
• Distribuir para os alunos das turmas-campo pequenos pedaços de papel para desenhar e/ou
escrever o nome do personagem ou lenda folclórica de que mais gostaram.
• Convidar as crianças para ir à frente da sala, para contar a todos sua escolha e colar o seu
papel em cartaz previamente preparado para a eleição.
• À medida que cada aluno cola seu voto, barras ou colunas de um gráfico vão se formando.
• Ao final da atividade, após a construção do gráfico, fazer a análise dos resultados: qual a lenda
mais ou menos votada, qual a lenda preferida dos meninos e meninas, quais os totais de alunos
que escolheram cada lenda etc.
• Depois da análise do gráfico, construir a legenda e uma tabela que representem numericamente
as opções marcadas no gráfico.
Observações: Assim como o mapa, o gráfico é uma representação da realidade que utiliza
símbolos e legendas. Requer certo nível de abstração, que é atingido por meio de um trabalho
de reconstrução desde as séries iniciais.
As noções básicas podem ser desenvolvidas com o simples exercício de levantamento de
dados, ou seja, a quantificação. Em uma etapa posterior, esses dados podem ser comparados e
representados, usando o gráfico em barras ou de colunas.
5 – Planejar, em grupo, atividades interdisciplinares utilizando o filme “Espelho d’água”.
6 – Realizar a atividade planejada nas escolas de estágio supervisionado. Cada grupo deverá
desenvolver situações de aprendizagens adequadas ao contexto e interesse levantado com os
alunos da escola de estágio.

78 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO PROFESSOR
O propósito dos professores neste projeto foi: desafiar os alunos a investigarem as origens das
nossas manifestações culturais e qual a sua importância em nossas vidas; formar as habilidades
de pesquisa, partindo da curiosidade como requisito necessário à construção do conhecimento;
mobilizá-los a descobrir e relacionar os fatos da nossa história.

A escola envolveu todas as séries do curso de formação, pois a disciplina está presente na
matriz curricular e possibilitou articulações com as demais disciplinas pedagógicas e formação
geral, facilitando a integração horizontal e por turno, assim como a articulação do trabalho em
séries presentes no turno: 1ª e 2ª, no turno da tarde e 3ª e 4ª séries pela manhã.

Trazendo a expressão da cultura brasileira em diferentes linguagens, entrelaçamos os saberes


do espaço geográfico, sua localização, as relações econômicas em épocas distintas que
configuraram relações de trabalho, poder e religiosidade. Os efeitos da economia no espaço
geográfico gerando fluxo de migração, disputa pela terra, o latifúndio e as conseqüências da
substituição da mão de obra escrava pelo imigrante europeu e asiático.

Diante de condições perversas de vida, os nativos, os imigrantes, os afro-descendentes


sobreviveram deixando um legado de manifestações populares como cantos, cantigas, ladainhas,
orações, rituais, crendices, brincadeiras, contos, narrativas, mitos, lendas, danças, para consolidar
suas formas de enfrentar a vida, fortalecendo suas raízes e convivências.

Nas narrativas dessas histórias estão as marcas de nossa identidade: o ideal de família e dos
papéis sociais nas relações de gênero; as explicações dos fenômenos naturais e o domínio de
seus efeitos na humanidade. Suas conseqüências na representação do estereotipo das relações
humanas e a configuração de modelos de homem e mulher. O desafio está na formação de
atitudes que rompam com relações desiguais, injustas e discriminatórias. Para tanto, entrelaçaram-
se as áreas de psicologia e sociologia para balançar nossas convicções.

Analisar os personagens que configuram o enredo da produção cinematográfica brasileira,


apontando os traços que compõem a brasilidade, os dilemas da configuração geopolítica e suas
conseqüências.

Os dados podem se referir a ambientes próximos e familiares ao aluno e, aos poucos, avançar
para um âmbito maior.

Esses dados são computados em uma tabela, através da qual já é introduzida uma outra forma
de representação.

Dificuldades encontradas
Na produção das histórias, os professorandos / professorandas tiveram dificuldade de criar
diálogos que narrassem o cotidiano múltiplo do homem ribeirinho, por se tratar de uma
realidade distante de suas vivências. De modo geral, os alunos do curso Normal apresentaram
dificuldade para a elaboração e sistematização da experiência com a criação de textos.

Uma viagem pelos costumes brasileiros: resgate da cultura 79


Na atividade de construção do gráfico foi preciso tomar cuidado para que os alunos pudessem
realizar suas opções de forma independente, sem pressões e interferências dos colegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NARCISIO, Sebastião. Por detrás dos olhos. Paraná: Ed. Londrina, 2004.

http://www.estaçãovirtual.com/
http://órbita.starmedia.com/~cinebrasil/

Figura 4 – Fotos de atividades e trabalhos resultantes do projeto

80 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

PROJETO RESGATE DA HISTÓRIA DA MINHA EDUCAÇÃO

APRESENTAÇÃO
A presente proposta de trabalho foi desenvolvida nas turmas 1401 e 1402 do Curso Normal do
Colégio Estadual José Veríssimo, no ano letivo de 2005, nos meses de outubro, novembro
e dezembro, sob a coordenação das professoras de Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa.
Tem como objetivo a melhor articulação entre os saberes vividos pelos alunos e aprendidos
na escola, permitindo que haja um entrelaçamento entre a história pessoal de cada aluno e o
contexto pedagógico que permeia sua formação, assim como as idéias dos educadores que
embasaram a educação no período de escolaridade dos mesmos.
Essa articulação torna-se necessária porque o convívio escolar refere-se a todas as relações
e situações vividas na escola, dentro e fora da sala de aula, em que estão envolvidos direta e
indiretamente todos os sujeitos da comunidade escolar.
Propor que a escola trate as questões sociais na perspectiva de cidadania coloca imediatamente
a questão da formação de educadores e sua condição de cidadãos. Para aperfeiçoar sua prática,
os professores precisam também se desenvolver como profissionais e como sujeitos críticos,
isto é, precisam recordar suas histórias, refletir sobre elas, relacioná-las ao contexto em que
foram vivenciadas e, sobretudo, fazer um paralelo entre o saber vivido e o saber pedagógico
sobre o qual deverão pautar sua prática pedagógica.
Ao se fazer esse tipo de reflexão, durante a formação inicial, percebe-se claramente que o
profissional da educação precisa refletir constantemente sobre os fatos que fizeram parte de sua
história pessoal e engajar-se em uma prática pedagógica que seja fundamentada em vivências
e repensada através das múltiplas leituras que deve fazer sobre as tendências pedagógicas,
formatando assim, a cada dia, sua prática como educador e formador de novos cidadãos.
Fazer uma releitura da própria história é estar disposto a caminhar mais uma milha no sentido
de reavaliar o seu pensar pedagógico, reformulando-o sempre que necessário. Nesse sentido,
este projeto vai ao encontro desta formação que não pode ficar somente na inicial, mas sim
uma formação continuada que é tão vital quanto pensar em articular conteúdos de maneira
interdisciplinar.
Essa perspectiva transversal e interdisciplinar traz a necessidade de a escola refletir e atuar
conscientemente na educação de valores e atitudes em todas as áreas, garantindo que a

Projeto resgate da história da minha educação 81


perspectiva político-social se expresse no direcionamento de todo o trabalho educativo, pois ela
influencia a definição de objetos educacionais e orienta eticamente as questões epistemológicas
mais gerais das áreas, seus conteúdos e mesmo as orientações didáticas.
Tendo em vista que a disciplina de Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa é o fio condutor
de toda prática educativa, propomos, por meio deste projeto, que ela sejá reconhecida como
tal para que possa embasar toda a argumentação feita neste sentido. Permite, assim, que seja
repensada sua necessidade e haja um novo olhar por parte das demais disciplinas integrantes
da formação profissional e do núcleo comum, havendo uma maior e melhor integração entre
os diversos saberes que permeiam a formação do aluno do Curso Normal.

82 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

ROTEIRO DO ALUNO

Título da atividade:
Resgate da história da minha educação.

Objetivo:
Articular os saberes vividos e aprendidos na escola, permitindo que haja um entrelaçamento
entre a história pessoal e o contexto pedagógico que permeava sua formação.

Etapas:
1. Relato espontâneo das experiências educacionais vivenciadas pelos alunos, desde as primeiras
séries da Educação Infantil ou Ensino Fundamental:
• Que momentos mais marcaram suas vidas estudantis?
• Quais os professores que mais (ou menos) contribuíram para o seu processo de
aprendizagem?
• Qual a contribuição de suas famílias nessas experiências?
2. Levantamento de dados: procurem fotografias, cadernos antigos, trabalhos escolares,
uniformes utilizados etc. que ainda estejam guardados.
3. Realização de entrevistas com familiares e, se possível, volta à sua escola para rever
profissionais que ainda trabalhem na instituição, seus antigos professores e entrevistá-los.
4. Composição do álbum de memórias.
5. Pesquisa bibliográfica em grupo:
• Levantar textos dos principais teóricos da educação – tanto da educação brasileira, quanto da
educação mundial.
• Identificar as tendências que influenciaram as práticas que viveram quando alunos.
• Construir uma linha de tempo das tendências pedagógicas
• Verificar como os diferentes tempos da educação se distribuem em suas próprias histórias de
vida.
6. Para enriquecer seu álbum e sua linha de tempo, recorrer a recortes de jornais, entrevistas,
recursos audiovisuais, artigos, ou qualquer outro recurso disponível.

Projeto resgate da história da minha educação 83


ROTEIRO PARA O PROFESSOR

Alguns comentários iniciais:


Como já foi enfatizado, o principal objetivo deste projeto é o resgate da vida escolar de cada
aluno. Individualmente, os alunos irão contar a sua história através da elaboração de um álbum
da sua vida escolar, desde as séries iniciais até a sua série atual, que é o quarto ano do Curso
Normal, ilustrando-o com fotografias, por exemplo.
A segunda etapa será um trabalho de pesquisa realizada em grupo. A pesquisa teórica ajudará
os alunos a traçar a linha de tempo da educação, durante o seu período de escolaridade. A
pesquisa em grupo contribuirá ainda para a elaboração de uma linha de tempo individual que
ajudará a desenvolver nos alunos a capacidade de correlacionar tendências educacionais com
sua história de vida pessoal. Esta atividade ajudará o aluno a comparar a educação no decorrer
dos anos até chegar aos momentos atuais de forma contextualizada.
Como última etapa, junto com a turma, podemos organizar uma exposição dos álbuns e das
linhas de tempo elaboradas pelos alunos. A comparação dos diversos trabalhos possibilita uma
melhor articulação entre a história de cada um e a história de todos, permitindo, assim, que haja
uma avaliação do trabalho desenvolvido individualmente e em equipe.

Título da atividade:
Resgate da história da minha educação.

Objetivos:
Gerais
• Construir um álbum de memórias com as histórias educacionais dos alunos do Curso
Normal.
• Permitir novas vivências por meio de descobertas feitas em pesquisas individuais e em
grupo.
• Relacionar o tempo escolar individual com a construção da história da Educação, percebendo
que os fatos não acontecem isoladamente, mas concomitantemente.
• Possibilitar ao aluno ser sujeito da própria história.

Específicos
• Desenvolver a criticidade e a capacidade de reflexão em relação à educação.
• Despertar a percepção das modificações da Educação Brasileira, relacionando-a ao cotidiano
dos alunos.
• Desenvolver a capacidade de interpretar as diversas realidades educacionais a partir dos
contextos sociais e relacionar tais interpretações com os adventos dos grandes teóricos
contemporâneos da Educação.

84 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

• Criar uma linha cronológica da vida educacional dos alunos, caracterizando-a com os principais
marcos educacionais de cada época.

Nível indicado:
Este trabalho foi planejado e aplicado em turmas do 4º ano do Curso Normal, turmas que
estão terminando sua formação inicial.

Conteúdos envolvidos:
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa - disciplina organizadora do projeto. O
professor dessa disciplina ajudará os alunos a organizar todo o material didático e a realizar as
pesquisas necessárias.
Língua Portuguesa – responsável pela produção textual dos alunos, por sua coerência e
coesão, contribuindo para que o aluno reflita sobre seus erros, reescreva o texto, de modo a
facilitar o diálogo entre o leitor dos trabalhos e o escritor.
Filosofia - contribuir muito para a construção da linha do tempo, pois ela abrange esses
saberes e sua contextualização.
Conhecimentos Didáticos Pedagógicos do Ensino Fundamental - aprofundar a pesquisa e
discussão pedagógica em atividade conjunta com Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa.
Matemática – organização de gráficos que mostrem com que freqüência os pensadores foram
citados, fazendo uma mensuração das tendências mais recorrentes nas práticas dos professores
dos alunos. Esse tipo de levantamento pode ser apresentado no dia da exposição e ajudar a
compreender quanto certas tendências foram mais influentes e marcantes do que outras na
educação.
Arte - produção artística, desde a confecção dos álbuns individuais quanto dos painéis para a
exposição, que podem conter gravuras relacionadas com o tema.

Etapas:
Este trabalho pode ser apresentado:
• em conjunto com as atividades da Semana do Normalista que ocorre anualmente nas Escolas
Normais;
• na festividade do Dia da Criança, quando cada aluno lembrará sua infância e compartilhará
com os colegas;
• em uma reunião em que a família dos alunos seja convidada a participar, pois é um momento
de recordações;
• em uma reunião pedagógica em que haja resgate das correntes pedagógicas;
• em uma amostra dos principais educadores que norteiam a prática pedagógica das escolas
brasileiras.

Projeto resgate da história da minha educação 85


Sugestões para avaliações:
Este trabalho poderá ser avaliado:
• durante qualquer evento citado acima;
• durante a sua confecção;
• após a elaboração pontuando junto com o grupo as melhoras que podem ser feitas nos
próximos trabalhos.

Exemplo de trabalhos desenvolvido pelos alunos:


• álbum sobre sua vida escolar;
• painel com os principais educadores;
• confecção da linha do tempo pontuando os principais feitos na educação;
• montagem de um painel com os problemas educacionais que aparecem em jornais e
revistas;
• exposição com painéis feitos pelos alunos com as fotos dos principais educadores.

86 Escolas Normais
Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa

LISTAGEM DOS PROFESSORES INSCRITOS NO CURSO

Professor Unidade Escolar Município


Ailene Lemos Almeida Almenara Costa C.E. 20 de Julho Arraial do Cabo
Aveline Machado de Freitas Ciep 275 Lenine Cortes Falante Itaocara
Cláudia Cristina dos S. Fermiano C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Cláudia Nogueira Pais do Nascimento C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Cláudia Regina Ribeiro Matoso C.E. Júlia Kubitshec Rio de Janeiro
Cleider Miranda da Rocha Teixeira C.E. D. Pedro I Mesquita
Dalva Teixeira de Almeida C.E. D. Pedro I Mesquita
Deborah Ofredi Gonçalves Muniz C.E. José Veríssimo Magé
Douglas Teixeira Cardelli C.E. Heitor Lira Rio de Janeiro
Elazir Rosa de Aquino I.E. Sarah Kubitschek Rio de Janeiro
Eliane da S. Vaz I.E. Carmela Dutra Rio de Janeiro
Elisabeth Amélia Coutinho C.E. Dr. Alfredo Backer Duque de Caxias
Elizabeth Terezinha P. Seziano C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Elsa Maria de Oliveira Barros I.E. Gov. Roberto Silveira Duque de Caxias
Francisca de Assis Rocha Alves I.E. Rangel Pestana Nova Iguaçu
Glaura Cristina Oliveira Braga C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Iacy de Oliveira Gama e Silva Langer C.E.Heitor Lira Rio de Janeiro
Jane Alves I.E. Carmela Dutra Rio de Janeiro
Janete Aragão Falante C.E. Frei Tomas Itaocara
Joelma Rosa Marinho Ciep 380 Joracy Camargo Belford Roxo
José Eduardo Muniz Lima I.E. Prof. Ismael Coutinho Niterói
Juceléa Vasconcelos Silva Wierzchon Ciep 380 Joracy Camargo Belford Roxo
Jussara Soares dos Reis C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Kathy Valle da Silva Braga C.E. 20 de Julho Arraial do Cabo
Katia da Silva Peranzzetta C.E. Moyses Henrique São João de Meriti

Lista dos professores que participaram do curso 87


Professor Unidade Escolar Município
Katia Matias da Silva Souza I.E. Rangel Pestana Nova Iguaçu
Kátia Rebello da Silva C.E. Júlia Kubitshec Rio de Janeiro
Lecy Marciano Figueira C.E. Frei Tomas Itaocara
Lucínea Alves Almeida da Costa C.E. José Veríssimo Magé
Mara Morgado C.E. Júlia Kubitshec Rio de Janeiro
Márcia Adriana Dias da Silva Gonçalves Ciep Vereador Said Tanus José Italva
Márcia Joana Marcolino Ribeiro I.E. Sarah Kubitschek Rio de Janeiro
Márcia Leite C.E. Prof. José Accioli Rio de Janeiro
Marciléia Policarpo da Fonseca C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Maria Aparecida de Oliveira Assumpção I.E. Profª Ismar Gomes De Azeved Cabo Frio
Maria Cecília Chagas Ferreira C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Maria Elma Beloti da Costa Mariano C.E. Heitor Lira Rio de Janeiro
Maria Emília Menezes Pinheiro C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Maria Isabel Moreira Barbosa I.E. Gov. Roberto Silveira Duque de Caxias
Maria Kátia Pontes de Lima C.E. Heitor Lira Rio de Janeiro
Marilene de Souza Dias I.E. Gov. Roberto da Silveira Duque de Caxias
Marilene Sinder C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Mariza de Almeida Silva I.E. Rangel Pestana Nova Iguaçu
Marly Aparecida Raia Michaelides I.E. Rangel Pestana Nova Iguaçu
Mônica de Mendonça Morena C.E. Júlia Kubitshec Rio de Janeiro
Mônica Paiva de Almeida C.E. Heitor Lira Rio de Janeiro
Nancy de Souza Costa C.E. Teotônio Brandão Vilela Itaocara
Nilza Araújo de Almeida I.E. Carmela Dutra Rio de Janeiro
Norma Agostini C.E. Heitor Lira Rio de Janeiro
Shirley Souza G. G. C.E. Prof. José Accioli Rio de Janeiro
Solange Chaves de Assunção Lima I.E. Sarah Kubitschek Rio de Janeiro
Teresinha Albuquerque C.E. Prof. José Accioli Rio de Janeiro
Tomie Helena Kavakami C.E. Pandiá Calógeras São Gonçalo
Vera Lúcia Silveira Leite Campos C.E. Heitor Lira Rio de Janeiro
Verônica Ribeiro da Silva Mattos C.E. Servulo Mello Silva Jardim
Werleide Moura de Lima C.E. D. Pedro I Mesquita
Zenith Lourenço Rangel C.E. José Veríssimo Piabetá

88 Escolas Normais

Você também pode gostar