Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Coordenadores
Antonio Carlos Brolezzi
Élvia Mureb Sallum
Martha Salerno Monteiro
Elaboradores
Antonio Carlos Brolezzi
Martha Salerno Monteiro
1
módulo
Nome do aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
1
SCHOENFELD A. H. “Learning to think mathematically: problem solving, metacognition and sense
making in mathematics”. In: D. A. Grouws (ed.). Handbook of research on mathematicas teaching and
learning. p. 334-370. Nova York: McMillan, 1992.
Apresentação
do módulo
As necessidades da vida exigem que se façam contagens e medidas de vários
tipos. Por exemplo, o empregado deve saber se o reajuste de seu salário foi feito
corretamente; o esportista mede o tempo e a distância percorrida naquele tempo
para avaliar se houve progresso em seu desempenho. O desenvolvimento dos
números se deve à necessidade de usá-los em diferentes ocasiões. Quanto mais
atividades sociais e comerciais entre os homens e maior a interação entre os po-
vos, maior a necessidade de contar, registrar e representar os números.
Por que surgiram os números? Muita gente diria: para contar. Mas, se fossem
apenas para contar, bastariam os números naturais. Os diversos tipos de números
surgiram de necessidades da matemática e de suas aplicações. As representações
destas quantidades também se modificaram ao longo da história.
Inicialmente, as quantidades eram representadas com os dedos da mão. Por
isso, era comum que riscos verticais fossem usados para simbolizar quantidades
(em algarismos romanos temos I, II, III). Por causa da relação com os dedos, os
algarismos 1, 2, ..., 9 são chamados de dígitos (e, por extensão, também o 0). A
representação por nós utilizada usa o sistema hindu-arábico de base 10, com seus
algarismos 0, 1, 2, ..., 9 e o valor posicional dos algarismos para representar os
números. Valor posicional é o que distingue, por exemplo, o quanto valem os
algarismos 4 e 7 quando estão dispostos nos números 47 e 74: embora os algaris-
mos sejam os mesmos, os números são diferentes, pois a posição dos algarismos
foi mudada.
Como as transações comerciais exigiram operações com os números, o siste-
ma hindu-arábico prevaleceu, já que sua escrita favoreceu a criação de regras
operatórias relativamente simples para a operação dos números. Da necessidade
de representar grandezas, tais como comprimento, área e tempo, surgiu a necessi-
dade de subdividir a unidade em partes iguais. Os números fracionários ou racio-
nais representam estas subdivisões. A representação decimal dos números racio-
nais se apóia nos mesmos princípios da representação dos números naturais: a
base 10 e o valor posicional. Assim, 0,1 e 1/10 são representações do mesmo
número e significam a décima parte da unidade. Analogamente, 0,01 e 1/100
representam a centésima parte da unidade, e assim por diante.
Neste texto, abordaremos a Matemática tendo em vista seu desenvolvimento
conceitual, para mostrar como o conhecimento surge a partir da resolução de
problemas. Falaremos um pouco sobre matemática financeira e progressões. De-
pois, sobre números racionais e irracionais, com especial cuidado para a compre-
ensão da representação decimal dos números e sua utilização.
Unidade 1
Um pouco de
Matemática Financeira
Organizadores
Élvia M. Brolezzi
Antonio Sallum
Antonio
Élvia M. Brolezzi
Sallum
Por causa do desenvolvimento do comércio e das relações econômicas, Martha Monteiro
muita Matemática foi produzida. A Matemática Comercial ou Financeira, que
envolve cálculos aritméticos de transações comerciais, ajudou a impulsionar a Elaboradores
Matemática como ciência. Antonio Brolezzi
A chamada Matemática Financeira é um ramo importante de aplicação da Martha Monteiro
Matemática. Esse assunto é muito mais antigo que o próprio sistema decimal.
Há registros que mostram que os antigos sumérios efetuavam cálculos finan-
ceiros como juros simples e juros compostos. Acredita-se que na Mesopotâmia,
entre 3000 e 2000 a.C., tenham surgido os primeiros bancos, baseados em
templos que guardavam grãos e outros bens de valor. Na língua suméria, a
palavra para juro significava gado. Isso se deve ao seguinte fato: se um reba-
nho de gado fosse emprestado a alguém por um ano, o dono do gado espera-
ria receber mais cabeças do que emprestou, porque o gado procria natural-
mente. O excedente do gado era dividido entre as partes.
Essa idéia foi, mais tarde, transposta para outros tipos de bens, mesmo os
que não crescem por si próprios. Por volta de 1800 a.C., Hamurabi, criador do
império babilônico, estabeleceu taxas máximas de juros que poderiam ser
cobrados sobre grãos, prata e outros bens. Quem exigisse juros além dos limi-
tes estabelecidos, teria como punição não poder mais cobrar sua dívida.
Um tablete de argila datado de 1700 a.C. traz um problema interessante da
Matemática mesopotâmia: quanto tempo levará para uma soma de dinheiro
dobrar se for investida a uma taxa de 20 por cento de juros compostos anual-
mente? Mais adiante, você terá como resolver este problema.
A prática de considerar os juros foi utilizada durante a Antiguidade por
vários povos. Posteriormente, na Idade Média, estabeleceu-se a idéia de que
juros seriam ilegais, e essa prática foi proibida pela Igreja Católica. No re-
nascimento, as grandes navegações e o restabelecimento das rotas comerciais
com o Oriente fizeram com que fosse necessário trabalhar com dinheiro de
modo mais rigoroso. A cobrança de juros passou a ser parte do comércio das
cidades.
— Mas o que são juros?
Juro é a remuneração do capital empregado. Se aplicarmos um capital
durante um determinado período de tempo, ao fim do prazo o capital irá au-
mentar. Esse novo valor é chamado montante e juro é a diferença entre o
Exemplo 1.
O contrato de aluguel do Sr. Fulano é de 200 reais por mês. Se ele atrasar
o pagamento, pagará uma multa de 2% sobre o valor total, mais juros de 0,3%
por dia de atraso, aplicados de forma simples. Calcule quanto o Sr. Fulano terá
de pagar se atrasar 10 dias o pagamento do seu aluguel.
Lembramos que a notação de porcentagem, como em 2%, utiliza um sím-
bolo “%” que faz com que leiamos “dois por cento”. Isso significa 2 em 100,
ou ainda 2/100. Essa fração pode ser escrita em forma decimal, como 0,02.
Assim, ao fazer as contas com porcentagem, podemos utilizar tanto 2/100
como 0,02. Analogamente, 0,3% pode ser escrito como ou ainda 0,003.
Voltando ao exemplo 1, temos:
Cálculo da multa: R$ 200,00 × 0,02 = R$ 4,00
Cálculo de juros por dia: R$ 200,00 × 0,003 = R$ 0,60
Total de juros em 10 dias de atraso: R$ 0,60 × 10 = R$ 6,00
Total a pagar: R$ 200,00 + R$ 4,00 + R$ 6,00 = R$ 210,00
Exemplo 2.
Uma certa taxa por atraso foi estabelecida como 1,6% ao dia sobre o valor
do capital, computado de forma simples. Vamos construir uma tabela que in-
forme o valor do pagamento atrasado, nos primeiros 12 dias, de um capital de
R$ 100,00. A tabela abaixo foi obtida da seguinte forma:
Capital: R$ 100,00
Pagamento com 1 dia de atraso: 100,00 + 1,60 = 101,60
Pagamento com 2 dias de atraso: 100,00 + 2 × 1,60 = 103,20
Pagamento com 3 dias de atraso: 100,00 + 3 × 1,60 = 104,80
E assim por diante. A tabela então ficaria da seguinte forma:
Vamos explorar um pouco mais esse exemplo. Para calcular os juros por
dia, fizemos a conta 100,00 × 0,016 = 1,60.
Observe que cada número na coluna da direita da Tabela 1 é igual ao
anterior acrescido de R$ 1,60. Nesse caso, o valor dos juros é sempre o mes-
mo em cada período (neste caso, em cada dia).
Geralmente, em transações financeiras é acertada uma taxa de juros que
se refere a um período de tempo. Indicamos pela letra i a taxa de juros por
período, representada na forma decimal. No exemplo 2, i = 0,016 correspon-
dente a 1,6% a.d. (lê-se “ao dia”). Ao fim de cada período, os juros simples
são calculados fazendo-se a conta: J = C × i, em que C indica o capital e J os
juros calculados. Ao fim de n períodos, os juros serão C × i × n.
Assim, o montante após n períodos aos quais se refere a taxa será:
M = C + Cin = C(1 + in)
Por trás das contas envolvidas no cálculo dos juros simples há uma idéia
matemática muito importante: a idéia de progressão aritmética.
Figura 1
Exemplo 3.
Uma pessoa deixou 100 reais em uma aplicação. Supondo que ao longo
de um ano os juros mensais foram sempre de 1,6% a.m. (lê-se “ao mês”), qual
o montante final da aplicação?
Nesse caso, ao final de cada mês, os juros devem ser calculados e acres-
centados ao capital inicial, que passa a ser o novo capital. Podemos construir
a tabela abaixo, obtida da seguinte forma:
Capital: C = R$ 100,00
Juros após o primeiro mês de aplicação: 100,00 × 0,016
Montante após um mês:
M = 100,00 + 100,00 × 0,016 = 100,00 (1 + 0,016) = 100,00 × 1,016
Juros após o segundo mês de aplicação: 101,60 × 0,016
Montante após dois meses:
M = 101,60 + 101,60 × 0,016 = 101,60 × (1 + 0,016) =
= 100,00 × 1,016 × 1,016 = 100,00 × (1,016)2
Juros após o terceiro mês de aplicação: 103,23 × 0,016
Montante após três meses: M = 103,23 + 103,23 × 0,016 =
= 100,00 × (1,016)3
E assim por diante. A tabela então ficaria da seguinte forma:
Figura 2
Como você deve ter percebido por meio do Exemplo 3, o montante obtido
em uma aplicação na qual há juros compostos é M = C(1 + i)n, onde C repre-
senta o capital inicial, i a taxa de juros e n, o número de períodos de rendimen-
to. A comparação agora é com a progressão geométrica.
Uma progressão geométrica, denotada por PG, é uma seqüência de núme-
ros em que cada termo an é o produto do termo anterior an-1 por uma razão
fixada, usualmente denotada por q:
a1 = a ; a2 = a × q ;
a3 = a2 × q = (a × q) × q = a × q2;
...
an = a × qn-1 ; an+1 = a × qn
Figura 3
Exemplo 4.
Um discman é vendido por R$ 159,00 à vista. O produto pode ser parce-
lado com juros de 1,35% a.m. Qual o valor das parcelas se o pagamento for
parceldo em 3 vezes?
A prática do comércio é fazer parcelas fixas, embutindo nelas os juros.
Supondo que o parcelamento seja sem entrada, veremos que obtemos uma
PG de razão 1,0135. Devemos decompor o preço à vista em 3 partes (159 = P1
+ P2 + P3) de forma que, aplicando a taxa de juro combinada (i = 0,0135) no
momento do pagamento, cada uma delas tenha o mesmo valor P da parcela
fixa. Assim teremos P = P1 × 0,0135, P = P2 × (0,0135)2 e P = P3 × (0,0135)3
(Você saberia dizer por quê?). O problema que se apresenta é resolver a equa-
ção apresentada abaixo, na qual a incógnita é a parcela fixa P:
ou
Exemplo 5.
Qual o valor da parcela fixa se o discman do Exemplo 4 fosse adquirido
em 12 vezes?
Utilizando a fórmula:
temos:
Exemplo 6.
Vamos calcular o valor da prestação de uma filmadora digital que custa, à
vista, R$ 1.899,90, cujo anúncio oferece um parcelamento em 12 vezes com
juros de 2,99% a.m.:
Utilizando a fórmula:
temos:
1 2,00000
2 2,25000
4
10
1.000
1.000.000
Tabela 3
Unidade 2
Representações
Decimais
Organizadores
Antonio Brolezzi
Élvia M. Sallum
Utilizamos representações decimais em muitos dos cálculos que foram Martha Monteiro
feitos na unidade anterior. Vamos agora analisar com mais cuidado essas
representações dos números. Elaboradores
Antonio Brolezzi
Observe que na Tabela 2, vista na Unidade anterior, os valores são ex-
pressos apenas com duas casas decimais. Fazendo as contas, notamos que Martha Monteiro
há muitas casas decimais sendo desprezadas. O juro ganho apenas no último
mês de aplicação é de R$ 1,91. Poderíamos usar um valor mais preciso – por
exemplo 1,905245 – que arredondamos para R$ 1,91. Supondo que o proble-
ma fosse investir não 100 reais, mas um milhão de reais, teríamos um maior
significado para aquelas casas decimais, como vemos na Tabela 4 abaixo:
mais. Alguns países, como o Brasil, utilizam vírgula, enquanto outros, como
os Estados Unidos, utilizam ponto. Igualmente, alguns países seguiram a uni-
ficação dos sistemas de medidas baseados na fração decimal, como o metro e
o centímetro, enquanto outros permaneceram utilizando pés e polegadas.
Lembramos que, na representação decimal, cada número inteiro positivo
é escrito como uma sucessão de algarismos pertencentes ao conjunto {0, 1, 2,
3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} e a posição que cada algarismo ocupa determina qual
potência de 10 é fator daquele algarismo. Por exemplo:
1375 = 1000 + 300 + 70 + 5 =
= 1 × 103 + 3 × 10² + 7 × 10¹ + 5 × 100
Um número é um número racional se puder ser escrito na forma p/q,
onde p e q são inteiros e q é diferente de zero. Por exemplo, os números 5 =
; e são números racionais (positivos).
Exemplo 7.
A representação decimal de é:
Exemplo 8.
É preciso distribuir R$ 9,00 em partes iguais para 4 pessoas. Qual o valor
que cada pessoa receberá?
É muito fácil: basta dividir 9 por 4. Mas como isso é feito na prática?
Primeiro reparamos que cada pessoa deverá receber mais do que 2 reais, mas
menos do que 3 (por quê?). Supondo que temos 9 notas de 1 real, repartindo
2 reais para cada pessoa, um total de 8 reais já está dividido, restando dividir
entre elas o que sobrou, que é 1 real. Sabemos que cada moeda de 10 centa-
vos de real corresponde a 1/10 de real. Trocando a nota de 1 real por 10
moedas de 10 centavos, e repartindo entre as 4 pessoas, vemos que cada pes-
soa receberá 2 moedas de 10 centavos, mas sobrarão 2 moedas. Novamente,
cada moeda de 10 centavos pode ser trocada por 10 moedas de 1 centavo, que
representa 1/100 de real. Serão 20 moedas de 1 centavo que devem ser dividi-
das entre 4 pessoas. Cada pessoa ficará com 5 moedas de 1 centavo. Portanto
cada pessoa receberá
2+2× +5× reais.
Esse valor é representado por R$ 2,25. Podemos escrever: 2,25 = 2 × 100
+ 2 × 10-1 + 5 × 10-2
Observe outros exemplos:
= 0,405 = 4 × 10-1 + 0 × 10-2 + 5 × 10-3;
Podemos generalizar afirmando que se b0, b1, ... , bk, a1, a2, ... , e an repre-
sentam algarismos, então o número bk ... b1 b0, a1 a2 a3...an é igual a:
bk × 10k +...+ b1 × 101 + b0 × 100 + a1 × 10-1 + a2 × 10-2 + ... + an × 10-n
— Como encontrar representações decimais de números racionais quais-
quer?
Para representar um número racional p/q (q ≠ 0) na forma decimal vamos
dividir o numerador p pelo denominador q. Ao fazermos isso, podemos en-
contrar duas situações:
1. Em algum ponto da divisão se chega ao resto zero. Neste caso o quociente
é um número formado por uma parte inteira (eventualmente nula) seguida de
uma vírgula e de uma quantidade finita de casas decimais. Nesse caso, dize-
mos que se trata de uma representação decimal finita.
2. Nunca se chega ao resto zero. Neste caso, a divisão prossegue indefini-
damente e o quociente é formado por uma parte inteira (que pode ser zero),
seguida de uma vírgula e de uma sucessão de casas decimais que pode ser
prolongada o quanto se queira. Nesse caso, diremos que se trata de uma re-
presentação decimal infinita.
Vejamos os seguintes exemplos:
= = 0,5
= = = 8,75
= = = 5,4
= = = = 0,15
9 4
-8 2,25
10
-8
20
- 20
0
10 3
-9 3,33
10
-9
10
-9
1
Note que este processo não tem como terminar. Ou seja, nunca teremos
resto igual a zero. Este é um exemplo de um número cuja representação deci-
mal não é finita. É comum escrevermos esta representação na forma 3,333...
As reticências indicam que a representação é infinita. Mas note que é uma
notação imprecisa, pois só com as reticências não é possível saber como são
as demais casas decimais que não estão escritas. Na representação decimal de
10/3 notamos que o algarismo 3 se repetirá em todas as casas decimais. Para
indicar isso, a convenção é escrevemos 10/3 = 3,3.
Vejamos outro exemplo: a representação decimal de .
Como vimos acima, sempre que x for um número racional que, ao ser
escrito na forma irredutível apresenta um denominador q que é um número
inteiro cuja decomposição em fatores primos só contém potências de 2 ou de
5, então a representação decimal de x será finita.
Vamos agora olhar o que acontece quando o denominador contém ou-
tros fatores primos, começando por compreender o que acontece no exem-
plo x = . Efetuando a divisão, temos:
40 7
-35 0,571428...
50
-49
10
-7
30
-28
20
-14
60
-56
4
qualquer divisão, o resto deve ser sempre menor do que o divisor. Assim na
divisão acima, só os números 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 podem ser resto dessa divisão.
Como 0 não aparece e só há 6 restos possíveis, eles têm que repetir, formando
a dízima. Logo, 4/7 = 0,571428.
Em geral, se x = p/q for um número racional escrito em sua forma irredutível,
e se o denominador q tiver outros fatores primos além de 2 e 5, sua represen-
tação decimal será uma dízima, pois na divisão de p por q, os únicos restos
possíveis serão 1, 2, ... , (q – 1) — uma quantidade finita de possibilidades.
Com isso, teremos certeza de que, em algum momento, um determinado resto
irá se repetir e, a partir daí, todo o algoritmo irá se repetir, resultando assim
uma dízima periódica.
Com isso, concluímos que a representação decimal de qualquer número
racional ou é finita, ou é uma dízima periódica.
Sabemos transformar um número escrito na forma decimal finita em fra-
ção, como no exemplo:
O que você achou? Você pode estar pensando que eu adivinhei magica-
mente que as potências 10 e 103 ajudariam a resolver meu problema. Na ver-
dade, essas potências foram criteriosamente escolhidas... Tente descobrir qual
o segredo!
Repare que dentro dos parêntesis há uma soma cujas parcelas formam
uma progressão geométrica de razão e termo inicial 1. Como a razão é
menor do que 1, é possível calcular a soma de infinitos termos:
Portanto, 3,333...
Assim,
período da dízima. Esse fato não é uma coincidência. Toda dízima traz embu-
tida uma soma de PG.
NÚMEROS REAIS
Lembremos que os números surgiram da necessidade de contar e de me-
dir. Os gregos, no século V a.C., perceberam que os números racionais não
eram suficientes para representar todo tipo de comprimento. Por isso, foi ne-
cessário ampliar o conjunto dos números racionais. O conjunto de números
que contém todos os números que representam os possíveis comprimentos de
segmentos, é chamado de conjunto dos números reais.
Primeiramente, vamos associar números racionais positivos a pontos de uma
reta. Considere uma reta qualquer e fixe um ponto. A esse ponto damos o nome
de origem (O) e associamos o número 0. Escolhemos também um segmento e
convencionamos que seu comprimento será a unidade de medida (u):
u
O
0 1 2 3 4
x 0 x
d2 = 1 2 + 1 2 = 2
1
0 1
Mas esse número não é um número racional! Como sei disso? Não serve
dizer que sei porque alguém me contou, pois isso não é saber. Saber é saber
por quê. Vamos lá:
Se fosse um número racional, então ele poderia ser escrito na forma de
fração irredutível p/q, com p e q números inteiros e q ≠ 0. Logo, elevando ao
quadrado, teríamos 2 = , que é equivalente a p2 = 2q2.
12 = 2 × 2 × 3
2 1
Logo, na fatoração de 122 temos
122 = (2 × 2 × 3)2 = 2 × 2 × 2 × 2 × 3 × 3
4 2
Vejamos outro exemplo:
75 = 3 × 5 × 5 e 752 = (3 × 5 × 5)2 = 3 × 3 × 5 × 5 × 5 × 5.
Para cada número natural n, sua raiz quadrada é um número real, pois
representa a medida de algum segmento de reta (veja a figura).
Bibliografia
MAOR, Eli. e: a história de um número. Rio de Janeiro: Record, 2003.
MORGADO, Augusto Cesar et al. Progressões e matemática financeira. Cole-
ção do Professor de Matemática. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de
Matemática, 2001.
NIVEN, Ivan. Números: racionais e irracionais. Coleção do Professor de Ma-
temática. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 1984.
SMITH, David Eugene. History of Mathematics. vol. II. Ginn and Co.: Boston,
1925.
The MacTutor History of Mathematics Archive <http://www-history.mcs.st-
and.ac.uk/>.
Sobre os autores
Antonio Carlos Brolezzi
é professor do Departamento de Matemática do IME-USP. É mestre e dou-
tor em Educação pela Faculdade de Educação da USP. Com experiência no
Ensino Fundamental e no Ensino Médio, trabalhou por vários anos com a
formação de professores. Interessa-se pela pesquisa na área de História da
Matemática e seu uso em sala de aula, bem como pelo uso da tecnologia na
educação matemática.
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
Matemática
Organizadores
Antônio Carlos Brolezzi
Elvia Mureb Sallum
Martha S. Monteiro
Elaboradoras
Cristina Cerri
Lisbeth K. Cordani
2
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
1
SCHOENFELD A. H. “Learning to think mathematically: Problem solving, metacognition and sense
making in mathematics”. In: D. A. Grouws (Ed.). Handbook of research on mathematicas teaching and
learning. p. 334-370. Nova Iorque: MacMillan, 1992.
Apresentação
do módulo
Uma das ferramentas mais utilizadas hoje em dia pelos cientistas, analistas
econômico-sociais, profissionais liberais, jornalistas etc. é a Estatística, que
descreve os dados observados e desenvolve a metodologia para a tomada de
decisão em presença da incerteza. O verbete estatística foi introduzido no
século XVIII, tendo origem na palavra latina status (Estado), e serviu inicial-
mente a objetivos ligados à organização político-social, como o fornecimento
de dados ao sistema de poder vigente. Hoje em dia, os modelos de aplicação
da Teoria Estatística se estendem por todas as áreas do conhecimento, como
testes educacionais, pesquisas eleitorais, análise de riscos ambientais, finan-
ças, controle de qualidade, análises clínicas, data mining, índices de desen-
volvimento, modelagem de fenômenos atmosféricos etc. Podemos informal-
mente dizer que a Teoria Estatística é uma ferramenta que ajuda a tomar deci-
sões com base na evidência disponível, decisões essas afetadas por margens
de erro, calculadas através de modelos de probabilidade.
No entanto, a probabilidade se desenvolveu muito antes de ser usada em
aplicações da Teoria Estatística. Um dos marcos consagrados na literatura
probabilística foi a correspondência entre B. Pascal (1623-1662) e P. Fermat
(1601-1665), onde o tema era a probabilidade de ganhar em um jogo com dois
jogadores, sob determinadas condições. Isso mostra que o desenvolvimento da
teoria de probabilidades começou com uma paixão humana, que são os jogos
de azar, mas evoluiu para uma área fortemente teórica, em uma perspectiva de
modelar a incerteza, derivando probabilidades a partir de modelos matemáti-
cos. A análise combinatória deve grande parte de seu desenvolvimento à ne-
cessidade de resolver problemas probabilísticos ligados à contagem, mas hoje
há diversas áreas em que seus resultados são fundamentais para o desenvolvi-
mento de teorias, como, por exemplo, a área de sistemas de informação.
Esta apostila tratará das três áreas descritas na introdução: estatística, pro-
babilidade e combinatória. Para o desenvolvimento dos temas, foi difícil a
escolha da ordem e do conteúdo, limitados que fomos pelo tempo disponível
para o desenvolvimento de cada assunto. Optamos por fazer um tratamento
sucinto de dados, através da estatística descritiva, por oferecer algumas no-
ções de probabilidade, a fim de trabalhar situações ligadas à incerteza, bem
como apresentar elementos de análise combinatória, visando desenvolver o
raciocínio para solucionar certos tipos de problemas de contagem dando me-
nos ênfase ao uso de fórmulas.
Unidade 1
Estatística descritiva
Organizadores
A Estatística é um veículo para que os indivíduos, de modo geral, desen- Antônio Carlos
volvam a capacidade de aproveitar as fontes disponíveis de informação para Brolezzi
expressar e construir suas próprias idéias. Além disso, como já dissemos, es- Elvia Mureb
sas noções são parte integrante de todas as áreas do conhecimento e certa- Sallum
mente serão de grande utilidade para o curso universitário, qualquer que seja Martha S.
a área de interesse do estudante, pois praticamente todas as carreiras universi- Monteiro
tárias contêm uma disciplina de Estatística, a qual tornou-se um suporte para o
desenvolvimento do conhecimento. Elaboradora
Lisbeth K. Cordani
Cada vez mais os meios de comunicação nos apresentam
gráficos e medidas estatísticas resumidas de natureza
descritiva. Esse é um material de apoio que deve ser utilizado
para aprender os conceitos com base em notícias de nosso
próprio cotidiano. Os gráficos e as estatísticas descritivas
normalmente não são um fim em si mesmos, mas constituem
uma parte importante do processo de análise.
Esta seção tem como objetivo mostrar aos alunos como se trabalha um
conjunto de dados simples, quer sejam de natureza numérica quer sejam de
natureza qualitativa. Esses dados normalmente constituem uma amostra de
determinada população de interesse de alguma área científica, econômica,
social etc. É muito difícil uma pesquisa envolver todos os elementos de uma
determinada população (o Censo faz isso), por motivos vários, e é por isso
que se recorre às amostras (que são subconjuntos de populações).
POPULAÇÃO
Conjunto de todos os indivíduos (ou elementos) de interesse.
AMOSTRA
Qualquer subconjunto de uma população.
ANÁLISE DE DADOS
Vamos iniciar a análise descritiva propondo uma tarefa para a classe: cada
um deverá medir o palmo de sua mão direita (em cm) com uma régua e regis-
trar o valor inteiro mais próximo. Se a leitura da régua informar uma medida
com 5 como o primeiro decimal (ex. 18,5 cm), vamos propor um arredonda-
mento rápido, mas grosseiro: considere 19 cm, se o dia de seu nascimento for
par, e 18 cm, se for impar. A classe pode discutir esse critério, pensando com
19 18 23 20 20 21 20 20 19 20
F F M F M M F M F M
20 20 21 21 20 21 19 17 19 19
M M M F F M F F F F
21 21 20 20 21 22 20 21 18 20
M M M F M M M M F F Tabela 1
PALMO freqüência f
17 1
18 2
SEXO f
19 5
M 16
20 12
F 14
21 8
22 1
23 1 Tabela 2
PREENCHA
PALMO freqüência f
17
18
SEXO f
19
M
20
F
21
22
23
∑X
i =1
i
Média aritmética de palmo = X = (1)
n
onde X é a representação para palmo (cada um pode escolher a sua represen-
tação), X é a notação usual para média de X e n é o número de elementos.
Fazendo então o cálculo, vem:
X = [(17 + 18 + 18 +……….+ 22 + 23) / 30] ≅ 20 cm
(aqui o resultado é uma dízima periódica e vamos trabalhar com este valor aproximado)
∑ f .X i i
X= i =1 (2)
n
onde fi é a freqüência do valor Xi, n é a soma de f i e a média é evidentemente
igual à anterior:
X = [(1. 17 + 2. 18 + 5. 19 + 12 . 20 + 8 . 21 + 1. 22 + 1. 23) / 30 ] ≅ 20 cm
A classe deverá fazer a média dos valores obtidos da variável PALMO de
todos os seus alunos.
Tanto no caso dos dados da Tabela 1 como naqueles da Tabela 2, não houve
nenhuma perda de informação e os valores da média são idênticos. Se a tabela
de freqüências disponível fosse a Tabela 4 (que apresentaremos adiante) então
haveria perda de informação, pois os dados estariam compactados em classes e
o cálculo da média seria feito com o ponto médio de cada classe como valor de
X – assim, com perda de informação, a média obtida não seria necessariamente
igual à anterior. Não vamos aqui explorar esse conteúdo para o cálculo de me-
didas descritivas, uma vez que com os recursos computacionais atuais não é
necessário dividir os dados em classes com esse objetivo. No entanto, veremos
uma aplicação gráfica com a Tabela 4, cujos dados estão divididos em classes.
A mediana da variável palmo é um valor que divide o conjunto dos valo-
res dessa variável em duas partes: metade dos valores é inferior (ou igual) à
mediana e a outra metade apresenta valores maiores (ou iguais) à mediana.
Para encontrar a mediana é então necessário ordenar os valores da variável e
verificar o valor que ocupa a posição central. Se o número de elementos for
par, e esse é o caso do exemplo (com n = 30), toma-se para mediana a média
aritmética entre os dois valores centrais – neste caso será a média entre o 15o
e o 16 o elementos. Ordenando os dados de palmo do menor para o maior
(pode ser também ao contrário), tem-se:
17 18 18 19 19 19 19 19 20 20
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
21 21 21 21 21 21 21 21 22 23
Tabela 3
18 25
Você deve ter percebido que na família B todos os valores estão concen-
trados e na família A os valores estão dispersos. Esse aspecto não é percebido
se calcularmos somente a média, pois, como vimos, ela é igual para ambas as
famílias. Isso mostra que devemos complementar a medida de posição com
mais alguma coisa a fim de caracterizar as famílias quanto à variável palmo.
Voltaremos a este exemplo oportunamente.
Há uma idéia permeando esta discussão que diz respeito à diferença de
comportamento entre os dois grupos: é a idéia de variabilidade. Medidas des-
critivas de variabilidade representam a dispersão dos dados e podem ser defi-
nidas também por medidas resumo das variáveis numéricas em estudo. Fala-
remos aqui da amplitude, variância e desvio padrão.
A amplitude é a medida mais simples de variabilidade e é obtida através da
diferença entre os valores máximo e mínimo da variável em estudo, ou seja:
Aqui é bom frisar que o intuitivo seria fazer esta média com n no denomina-
dor – questões teóricas, fora do escopo deste texto, nos levam a usar (n – 1),
principalmente em casos onde estamos usando amostras. Quanto à unidade
associada à variância, ela não é a mesma unidade dos dados originais e sim o
quadrado dela – neste exemplo, a unidade da variância é cm2. Com os dados
da Tabela 1 temos:
[(19 – 20)2 + (18 – 20)2 +(23 – 20)2 + … + (18 – 20)2 + (20 – 20)2]
Variância =
(30 – 1)
Variância ≅ 1,48 cm2
TENTE FAZER
No caso da tabela de freqüências com os dados da Tab ela 1, como seria feito o cálculo
abela
da variância? Recalcule e compare com o valor obtido anteriormente.
Exemplo 2: com os dados da Tabela 1 vamos verificar o que foi dito acima. A
média ( X ) é 20 e vamos considerar o desvio padrão como sendo 1,2. Daí vem:
Para verificar quantos são os valores que estão nos intervalos de interesse,
podemos nos reportar à Tabela 3, que representa os dados da Tabela 1 de
modo ordenado. Verifica-se assim que:
- no intervalo em a, (18,8; 21,2), encontramos 25 valores na Tabela 3 (83%).
- no intervalo em b, (17,6; 22,4), encontramos 28 valores na Tabela 3 (93%).
- no intervalo em c, (16,4; 23,6), encontramos 30 valores na Tabela 3 (100%).
T ENTE FAZER
Para os dados coletados em classe determine a porcentagem dos valores que pertencem
a cada um dos intervalos definidos acima. Compare com os resultados do Exemplo 2.
22|–24 2
Tabela 4
TENTE FAZER
Construa a tabela de freqüências das diferenças entre as medidas da mão esquerda e da
mão direita e o correspondente histograma. Use as freqüências relativas na ordenada.
O último gráfico que veremos neste tópico é aquele que relaciona duas
variáveis numéricas: diagrama de dispersão, que nada mais é do que a repre-
sentação em um eixo de coordenadas cartesianas de pares associados a duas
variáveis numéricas. A Tabela 5 mostra mais duas variáveis coletadas na amos-
tra dos trinta adultos: a altura e o peso. Normalmente (mas não obrigatoria-
mente) o gráfico de dispersão das variáveis peso e altura mostra um compor-
tamento crescente (aproximadamente linear), com a possível interpretação de
que peso e altura são diretamente proporcionais.
Unidade 2
Probabilidade
Organizadores
Mais do que um arcabouço técnico, o racio- Antônio Carlos
cínio estatístico é uma forma de pensar e, asso- Brolezzi
ciado ao Cálculo de probabilidades, permite a
investigação de certas regularidades, de padrões Elvia Mureb
Sallum
de comportamento, com conclusões tomadas
levando em conta um risco associado. Se estivermos interessados em saber Martha S.
qual a probabilidade de obter 10 Caras em 10 lançamentos independentes de Monteiro
uma moeda honesta temos um problema de probabilidade a ser resolvido (e a Elaboradora
resposta é exata: (1/2)10). Por outro lado, se temos em mãos uma moeda e
Lisbeth K. Cordani
queremos saber se ela é honesta, podemos, por exemplo, jogá-la 10 vezes
(jogadas independentes uma da outra) e observar o resultado. Se o resultado
for 10 Caras, o que podemos concluir sobre a “honestidade” da moeda? Tere-
mos uma conclusão tão precisa quanto a obtida na resposta anterior? A res-
posta é não, pois qualquer que seja nossa decisão sobre a moeda, temos um
risco associado (ou seja, posso dizer que ela não é honesta – e ela ser honesta
– ou posso dizer que ela é honesta – e ela não ser honesta). O primeiro exem-
plo refere-se a um problema de probabilidade e o segundo é um problema
estatístico. De fato, neste segundo exemplo temos uma informação de uma
amostra (resultado de 10 lances de uma moeda) e queremos tirar uma conclu-
são para a população (probabilidade de Cara) – esta operação é chamada de
inferência estatística, e é construída levando-se em conta uma margem de
erro na conclusão, obtida através de raciocínio probabilístico. Na seção ante-
rior vimos como trabalhar com amostras, sob o ponto de vista de análise de
dados. Não abordaremos aqui nesta apostila a análise inferencial (que pode
ser vista nas referências bibliográficas) e passaremos a desenvolver noções
básicas de probabilidade.
Como já comentamos na introdução, a área de probabilidade começou a ser
desenvolvida para responder questões propostas em jogos de azar, desde o sé-
culo XVII, mas a área desenvolveu-se muitíssimo desde então. O termo pro-
babilidade faz parte do senso comum e as pessoas vivem o cotidiano calculan-
do tacitamente algumas probabilidades: desde situações de sua vida pessoal
(organizando-se para chegar ao trabalho no horário, levando em conta as cir-
cunstâncias do tráfego; agasalhando-se ao sair de casa se a previsão do tempo
indicar uma frente fria; não tomando determinados remédios que possam ter
efeitos colaterais em parte das pessoas etc) até tomadas de decisão em sua vida
profissional (abrir um negócio, aplicar dinheiro na Bolsa de Valores etc.).
Trabalharemos aqui algumas noções elementares do cálculo de probabili-
dades, para começar a pensar a incerteza. Antes mesmo de definir o termo
probabilidade, vamos caracterizar três situações distintas:
Respostas:
1 – P(F) = ? Resposta: P(F) = (200/400) = 1/2 = 0,5 (ou 50%)
2 – P(NÃO) = ? Resposta: P(NÃO) = (210/400) = 0,525 (ou 52,5%)
3 –P ( NÃO ou F) = ? (União U)
Resposta: P (NÃO ou F)= (210 + 200 – 60)/400 = (350/400)= (7/8) =
= 0,875 (ou 87,5%)
U
4 – P(NÃO e F) = ? (Intersecção )
Resposta: P(NÃO e F) = (60/400) = 0,15 (ou 15%).
Como responder à questão 6? Aqui surge uma linguagem nova: dado que.
Isso significa que queremos um valor de probabilidade, mas temos alguma
informação adicional (dado que = sabendo que). A notação que usaremos
para dado que será uma barra vertical | , como a seguir:
T ENTE FAZER
Com os dados do Exemplo 3 mostre, usando a expressão (11), que os eventos NÃO e F
são dependentes (ou não são independentes).
TENTE FAZER
Mostre que dois eventos disjuntos não são independentes.
TENTE FAZER
Usando os dados do Exemplo 3, mostre que:
P(SIM) = 1 – P(NÃO) e que P(M) = 1 – P(F). Ou seja,
A c) , para A U A c = S (espaço amostral).
P(A) = 1 – P(A
P(M | SIM)
M P(SIM e M) = (190/400).(50/190)
50/190
= 0,125 (ou 12,5%)
SIM
140/190
190/400 F P(SIM e F) = (190/400).(140/190)
= 0,35 (ou 35%)
60/210
F P(NÃO e F) = (210/400).(60/210)
= 0,15 (ou 15%)
T ENTE FAZER
No espaço a seguir, faça um diagrama de árvore iniciando pela característica sexo.
Verifique que o conjunto dos resultados associados aos caminhos constitui o espaço
amostral já visto.
180.000
1/2
90.000 Perde: (1/2)p
p
(1-p)
100.000 Ganha: (1/2)p (1-p)
80.000 1/2
1/2
40.000 Perde: (1/2)p (1-p)
Resposta:
a) O investidor pode ficar com qualquer dos seguintes valores (e respectivas
probabilidades): R$ 225 000,00 [(½)p], R$ 90 000,00 [(½)p], R$ 100 000,00
[½(1-p)] ou R$ 40 000,00 [½(1-p)].
b) Levando em conta as quatro possibilidades, o investidor só não perde na
primeira delas. Como, segundo a revista, a probabilidade de perder é de 70%,
a probabilidade de não perder (complementar!) é de 30% e temos então que
(½) p = 0,30. Portanto p = 0,60.
Outra maneira de chegar a este resultado é igualar a probabilidade de
perder a 70%, ou seja,
Probabilidade da União
U
P(A ou B) = P(AU B) = P(A) +P(B) – P(A B)
Probabilidade Condicional
P(A | B) = P(A B) / P(B) para P (B) ≠ 0
U
Probabilidade Conjunta
U
P(A B) = P(A|B) . P(B) = P(B|A) . P(A)
Unidade 3
Combinatória*
Organizadores
Antônio Carlos
Brolezzi
Qual é a chance de se ganhar na Loto ou na Mega-Sena? E na Loteria Elvia Mureb
Esportiva? Calcular a probabilidade de se ganhar num jogo de azar passa Sallum
muitas vezes por conhecer todos os elementos com os quais se está lidando e Martha S.
depois quais desses são os elementos “ganhadores”. Por exemplo, se uma Monteiro
moeda é lançada duas vezes, sucessivamente, temos quatro possíveis resulta-
dos: (cara, cara), (coroa, cara), (cara, coroa) e (coroa, coroa). Se “ganhamos” Elaboradora
quando obtivermos exatamente duas caras, então, se a moeda for honesta, só Cristina Cerri
temos uma chance em quatro de ganhar. Neste caso foi fácil contar quantos
são os casos possíveis (espaço amostral) e quantos são os (eventos) favorá-
veis. E se fossem 50 lançamentos? E no caso de jogos como da Loto ou da
Mega-Sena, quantas são todas as combinações possíveis de números?
Assim, para a resolução de problemas desse tipo, é essencial conhecer a
quantidade de elementos de determinados conjuntos, sem ter que, efetiva-
mente, listá-los e contá-los. Em outras situações concretas também é necessá-
rio saber o número de elementos de determinados conjuntos.
que muitos problemas de contagem podem ser tratados usando apenas alguns
princípios básicos. Vamos enfatizar a compreensão plena do problema trata-
do e o reconhecimento da técnica adequada em cada caso, não as fórmulas,
que são muito úteis, mas resolvem apenas tipos especiais de problemas.
Vamos começar discutindo um problema simples de contagem. Em um car-
dápio de um restaurante italiano estão listados 5 tipos de massas e 7 tipos de
molhos distintos. Quantos pedidos distintos podem ser feitos? É fácil obter a
resposta: 35. Foi utilizado um princípio básico de contagem: para cada tipo de
massa escolhida tem-se 7 molhos diferentes para escolher, e assim, temos 5 x 7
diferentes pratos.
Vamos retomar o problema das placas de carros na cidade de São Paulo.
Quantas placas de automóveis podem ser formadas usando-se três letras (in-
clusive K, Y e W) e quatro algarismos? Veja o esquema abaixo de uma placa
de automóvel:
1a 2a 3a 1o 2o 3o 4o
letra letra letra algarismo algarismo algarismo algarismo
Para formar uma placa, temos que escolher uma letra entre 26 para colo-
car na primeira posição. Escolhida essa letra, temos 26 escolhas possíveis
para a segunda posição. Então temos 26 x 26 = 676 possibilidades de preen-
chimento das duas primeiras letras da placa. Mas ainda temos que preencher
mais uma casa com uma letra. Assim podemos ter 26 x 26 x 26 = 17.576
maneiras de preencher a placa com 3 letras. Falta ainda colocar os 4 algaris-
mos. Em cada posição temos 10 escolhas de algarismos. Então temos 10 x 10
x 10 x 10 x 10 = 10.000 possibilidades. Portanto, no total teremos 175.760.000
placas. Como para cada carro temos apenas uma placa, esta é a quantidade de
carros que podem ser lacrados na cidade de São Paulo!
Neste caso, esta técnica de efetuar a contagem foi eficiente.
T ENTE FAZER
Você fará um exame cuja prova é composta de 10 questões de múltipla escolha com 5
alternativas por questão cada uma. Quantos são os gabaritos possíveis?
Princípio da Multiplicação
Se uma decisão d1 pode ser tomada de p1 maneiras e se, uma vez tomada a decisão d1 , a
decisão d2 puder ser tomada de p2 maneiras, então o número de maneiras de se tomarem
as decisões d1 e d2 é p1 x p2 maneiras.
TENTE FAZER
- Quantos números naturais de 3 algarismos distintos existem? (Preste atenção: as
decisões envolvidas podem ser tomadas em várias ordens. Qual é a mais conveniente?)
- Quantos números naturais pares de 3 algarismos distintos existem? (Qual a dificuldade
maior deste problema?)
onde cada vértice é um país. Uma linha ligando os vértices significa que os
países têm fronteiras em comum. Um outro problema fascinante deste tipo é o
Problema das Sete Pontes de Königsberg, que foi resolvido por L. Euler em
1735. Como este é um assunto bastante vasto, não o discutiremos aqui. Se
você ficou interessado, leia sobre o problema na Revista do Professor de Ma-
temática (Alguns problemas clássico sobre grafos, n. 12, 1988) ou no site
http://www.prof2000.pt/users/agnelo/pontesh.htm.
Voltemos aos problemas de contagem.
T ENTE FAZER
- De quantos modos 3 pessoas podem se sentar em 5 cadeiras em fila? (Resposta 60)
- Quantos números de quatro dígitos são maiores que 2400 e
(a) têm todos os dígitos diferentes? (Resposta 3864)
(b) não têm dígitos iguais a 3, 5 ou 6? (Resposta 1567)
(c) satisfazem às duas condições acima simultaneamente? (Resposta 560)
- Quantos subconjuntos possuem um conjunto de n elementos? (Resposta 2n)
Discuta com seus colegas o raciocínio usado em cada resolução, pois às vezes obtém-se
a resposta correta por métodos incorretos.
ELIMINANDO REPETIÇÕES
Vamos ver agora outros tipos de problemas de contagem.
Quantas comissões de 4 alunos podem ser formadas numa classe de 7
alunos?
Para o primeiro lugar da comissão temos 7 escolhas, para o segundo lugar
6 escolhas, para o terceiro lugar 5 escolhas e para o quarto lugar 4 escolhas, o
que nos dá, pelo princípio da multiplicação, 7.6.5.4 = 840 escolhas de 4 alu-
nos. Entretanto, 840 não é a quantidade total de comissões! Note que a co-
missão formada pelos alunos A, B, C e D é a mesma daquela formada por B,
D, C e A. Precisamos saber quantas vezes cada comissão foi contada repe-
tidamente. Fixemos 4 alunos (uma comissão). De quantas maneiras podemos
formá-la? Chamando um aluno por vez, para a primeira chamada temos 4
opções, para a segunda 3, para a terceira 2 e para a quarta apenas 1. Logo
FAZENDO GENERALIZAÇÕES
Do que discutimos até aqui podemos ver que alguns problemas de contagem
são muito semelhantes e envolvem sempre o mesmo tipo de raciocínio e cálculo.
Numa escolha de m objetos dentre n objetos distintos, no qual m < n, a
ordem em que fazemos a escolha determina objetos diferentes. Em todas essas
situações, o número de escolhas possíveis é n(n-1).(n-2)...(n-m+1). Por serem
muito freqüentes recebem um nome especial: arranjo simples de m elementos
em n, ou como é mais comum, arranjo de n elementos tomados m a m. Uma
notação bastante usada para indicar esse resultado é
n!
Anm =
( n − m)!
Em outras situações, temos que fazer uma escolha de m objetos dentre n
objetos, onde m < n, e a ordem em que fazemos a escolha não determina obje-
tos diferentes. Se a ordem fosse relevante, obteríamos n(n-1).(n-2)...(n-m+1)
coleções de objetos. Só que essa quantidade de coleções é maior do que a
correta, já que as coleções estão sendo contadas várias vezes. Para eliminar
essas repetições usamos, então, a divisão, como nos exemplos vistos anterior-
mente. O número de coleções é:
n( n − 1) ⋅ ( n − 2)...( n − m + 1)
m( m − 1) ⋅ ( m − 2)...2 ⋅1
Como também essa situação é bastante comum, ela recebe um nome espe-
cial: combinação simples de m elementos em n, ou ainda, combinação de n
elementos tomados m a m. E o resultado é denotado por
n! n
Cnm = =
m !( n − m)! m
DESAFIOS
Vamos propor alguns problemas de contagem de diferentes graus de difi-
culdade. Ao tentar resolvê-los, lembre-se: problemas de aparência simples
podem ser difíceis. Para resolvê-los procure fazer uma representação. Lem-
bre-se que o objetivo é o de contar o número de objetos de uma certa classe.
Tente identificar precisamente quando um objeto pertence à classe e quando
dois deles devem ser considerados distintos. Examine quantas decisões você
deve tomar para executar a contagem.
Caso ainda não esteja claro como proceder, tente outras estratégias. Tente
dividir em subcasos que você saiba resolver. Pode ser útil “esquecer” algumas
das condições exigidas para que um objeto pertença à coleção. Isso, em geral,
dará origem a uma classe maior que a desejada. É necessário, portanto, ex-
cluir posteriormente os objetos “indesejados”. Depois que, aparentemente, o
problema foi resolvido, repense na sua solução, veja se você não está contan-
do alguns casos mais de uma vez ou está se esquecendo de algum.
1. No quadro abaixo, de quantos modos é possível formar a palavra MATEMATICA,
partindo de M e indo sempre para a direita ou para baixo?
M
M A
M A T
M A T E
M A T E M
M A T E M A
M A T E M A T
M A T E M A T I
M A T E M A T I C
M A T E M A T I C A
O TRIÂNGULO DE PASCAL
Num jogo de moedas, jogam-se 4 moedas simultaneamente. Se o vence-
dor for o que conseguir obter exatamente 3 caras e 1 coroa, quantas são as
possíveis combinações ganhadoras?
1 1
0 1
2 2 2
0 1 2
3 3 3 3
0 1 2 3
4 4 4 4 4
0 1 2 3 4
5 5 5 5 5 5
0 1 2 3 4 5
6 6 6 6 6 6 6
0 1 2 3 4 5 6
Triângulo de Pascal
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 32 21 7 1
... ...
1 3 + 3 1
1 4 6 4 1
1. Michael Stifel (1486-1567) é considerado como o maior algebrista alemão do século XVI.
KK + KC + CK + CC = (K + C) (K + C)
KK + 2KC + CC = (K + C) (K + C)
K3 + 3 K2 C + 3 KC 2+ C 3 = (K + C)3
n n n n n
( K + C ) n = K n + K n −1C + K n −1C 2 + ... + KC n −1 + C n
0 1 2 n − 1 n
Bibliografia
BUSSAB, W.O.; MORETTIN, P. A. Estatística Básica. São Paulo: ed. Saraiva,
2002.
CARNEIRO, V.C. Colorindo Mapas. Revista do Professor de Matemática. São
Paulo: SBM, n. 29, 31-35, 1995.
CERRI, C.; DRUCK, I. F.; PEREIRA, A. L. Combinatória Sem Fórmulas. Pro-
jeto Pró-Ciências, São Paulo: Fapesp, 2002.
CERRI, C.; DRUCK, I .F. Combinatória Sem Fórmulas. Projeto PEC – Cons-
truindo Sempre – PEB II, São Paulo: USP-SEE, 2003.
EVES, H. Introdução à História da Matemática.3. ed. Tradução de H.
Domingues. Campinas: ed. Unicamp, 2002.
IEZZI, G. et al. Matemática: Ciência e Aplicações., v. 1, 2 e 3. São Paulo: ed.
Atual, 2001.
MAGALHÃES, M. N.; LIMA, A. C. P. Noções de Probabilidade e Estatística.
São Paulo: Edusp, 2004.
MACHADO, A. S. Matemática na escola do segundo grau. vol 1, 2 e 3. São
Paulo: ed. Atual, 1996.
MORGADO et al. Análise Combinatória e Probabilidades. Rio de Janeiro:
SBM, 1991.
PAIVA, M. Matemática.2. ed. vol 1, 2 e 3. São Paulo: ed. Moderna, 2003.
Sobre os autores
Cristina Cerri
Docente do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, fez Licen-
ciatura e Mestrado em Matemática na USP. Seu doutorado, na área de Análise
Funcional, foi realizado na USP e na University of New Mexico nos EUA.
Participa de projetos de capacitação e atualização de professores e foi coorde-
nadora da área de Matemática do Programa Construindo Sempre USP-SEESP.
Lisbeth K. Cordani
Licenciada e bacharela em Matemática (USP), mestra em Estatística (USP)
e doutora em Educação (USP). Docente (aposentada) do IME-USP, atualmen-
te é professora titular do CEUN-IMT. Tem oferecido oficinas de Estatística e
participado de projetos para professores universitários e do Ensino Médio.
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
Anotações
Matemática
Geometria Plana
Organizadores
Antônio Carlos Brolezzi
Elvia Mureb Sallum
Martha S. Monteiro
Elaboradoras
Cláudia Cueva Candido
Maria Elisa Esteves Lopes Galvão
3
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
1
SCHOENFELD A. H. “Learning to think mathematically: Problem solving, metacognition and sense
making in mathematics”. In: D. A. Grouws (Ed.). Handbook of research on mathematicas teaching and
learning. p. 334-370. Nova Iorque: MacMillan, 1992.
Apresentação
do módulo
A Geometria foi desenvolvida a partir da necessidade de medir ter-
ras, construir casas, templos e monumentos, navegar, calcular distâncias.
Através dos tempos, os seus registros estão presentes nos legados de
todas as civilizações: babilônios, egípcios, gregos, chineses, romanos,
hindus, árabes utilizaram as formas geométricas no seu dia-a-dia.
Os conceitos, propriedades e resultados que estudaremos são muito
antigos, começaram a adquirir a forma que os conhecemos hoje com as
investigações de Tales, que viveu por volta de 600 anos antes de Cristo,
ganharam força nas escolas de Pitágoras, Aristóteles e Platão, e foram
organizados, pela primeira vez, por Euclides, um matemático da escola
de Alexandria que viveu por volta de 300 anos antes de Cristo. Por essa
razão, a Geometria que estudaremos, muito freqüentemente denominada de “Ge-
ometria Euclidiana“, foi aperfeiçoada pelos sucessores de Euclides e, até o ano
500 da era cristã, já tinha sua forma atual.
Nesse jogo fascinante, desafiador e já muito antigo, as peças são os pontos, as
retas, os planos e os muitos objetos geométricos que podemos definir a partir de-
les. A régua e o compasso sempre foram os instrumentos utilizados na construção
das figuras que os representam. Como tais estarão presentes em nossas atividades,
sendo também possível substitui-los, nos dias de hoje, por recursos computacionais
desenvolvidos para esse fim. As regras do jogo geométrico são dadas pelos cha-
mados Postulados da Geometria e, a partir dessas regras, com o uso da lógica
dedutiva, são provadas as proposições e os teoremas que vão estabelecendo as
propriedades das figuras geométricas que utilizamos freqüentemente.
Os padrões da natureza e suas simetrias e muitos problemas práticos do nos-
so cotidiano podem ser traduzidos e transformados num diagrama geométrico. A
análise e interpretação desse modelo trazem um melhor entendimento, novas
informações ou respostas para o problema original, e constituem a rotina de tra-
balho quando estudamos Geometria.
O estudo dos principais tópicos de Geometria se fará em três etapas, que
compreenderão a Geometria Plana, a Geometria Espacial e a Geometria Analíti-
ca. A Geometria Plana será desenvolvida com base em dois conceitos fundamen-
tais, que vemos exemplificados na ilustração acima: temos uma figura geométri-
ca que aparece repetidas vezes, em diferentes posições, ampliada ou reduzida. A
congruência é ilustrada pelos pares que diferem somente pela posição, e que
podem ser superpostos; já a semelhança é exemplificada pelos pares que se rela-
cionam por uma ampliação ou uma redução. Sobre esses dois pilares vamos
construir o conhecimento geométrico necessário para o estudo da Geometria
Espacial e da Geometria Analítica.
Notações e Definições
-
É fácil verificar que dois ângulos opostos pelo vértice são congruentes.
Definição: duas retas são perpendiculares se são concor-
rentes e se interceptam formando ângulos retos.
∆ABC = ∪ ∪
Os segmentos , e são chamados os lados do triângulo.
Denotaremos ∠BAC, ∠ABC e ∠ACB os ângulos correspondentes aos vér-
tices A, B e C, respectivamente. Temos, portanto, associados a um triângulo,
três segmentos e três ângulos.
-
Unidade 1
Congruência de
Triângulos
Organizadores
Antônio Carlos
Brolezzi
Elvia Mureb Sallum
Martha S. Monteiro
Elaboradora
Maria Elisa Esteves
Lopes Galvão
O estudo das congruências de triângulos é o primeiro passo de um estudo
mais geral que nos permite desenvolver o olhar e a técnica para identificar
padrões na natureza e construir figuras como as que vemos nas ilustrações.
Fonte: http://www.mathacademy.com/pr/minitext/escher/#tess
tância entre os seus centros) os vários triângulos obtidos podem ser compara-
dos. Verificaremos que não só os lados terão os mesmos comprimentos, mas
também os ângulos terão a mesma medida.
Tales de M ilet
Milet o
ileto
(Ásia Menor) viveu entre
624 e 547 a.C. e é conside-
Temos duas possibilidades para o segundo lado dado; podemos escolhê- rado o primeiro filósofo
lo como: e matemático da escola
grega. Pouco se sabe so-
a) : contido no outro lado do ângulo b) : não contido no outro lado
bre sua vida, recuperada
do ângulo
a partir de referências
nos trabalhos de seus
sucessores, mas atribui-se
a ele a formulação dos
primeiros resultados da
Geometria.
Pitágoras de
Samos Podemos verificar, construindo repetidamente, que, novamente, a menos
Viveu entre 569 e 475 a.C.
de movimentos no plano, teremos triângulos que podem ser superpostos.
e adquiriu seus conheci- Uma segunda possibilidade de construção será tomar um dos ângulos ad-
mentos nas viagens por jacentes ao lado dado e o outro, o ângulo oposto a esse lado. Essa construção
vários paises pelos quais é mais difícil de ser executada (depende da construção do chamado arco ca-
passou, pressionado pe-
paz de um segmento dado, que só veremos mais tarde), mas conduz a solu-
las mudanças políticas
ções que também são únicas a menos de movimentos:
provocadas pelas guerras
e invasões. Estabeleceu
as bases da chamada Es-
cola Pitagórica, uma so-
ciedade secreta que mui-
to contribuiu para o de-
senvolvimento da Mate-
mática de sua época.
-
↔ , ↔ e ↔
∠ABC ↔ ∠DEF, ∠BCA ↔ ∠EFD, ∠BAC ↔ ∠EDF
Como já vimos anteriormente, a congruência, em Geometria, está associa-
da à igualdade de medidas. Segmentos ou ângulos congruentes são aqueles
que têm a mesma medida. Intuitivamente, quando dois triângulos são congru-
entes, podemos, recortando ou movimentando seus modelos, colocá-los um
sobre o outro fazendo coincidir todos os seus lados e ângulos. Podemos dar a
definição:
A primeira construção (cujos dados são os três lados) nos garante a unici-
dade e podemos formalizá-la como o
-
2. ∆DEF ↔ ∆TSU
Neste exemplo, temos: ≅ (lado), ∠EDF ≅ ∠STU (ângulo), ≅
(lado) e a correspondência é uma congruência, pelo caso LAL (o ângulo está
compreendido entre os lados).
4. ∆PQR ↔ ∆ZXV
Temos, agora, os três lados correspondentes congruentes: ≅ , ≅
e ≅ , que nos dá uma congruência LLL entre os triângulos correspon-
dentes.
Apolonio de Perga
Nasceu em 262 a.C. em
2. Entre os triângulos abaixo, selecione os congruentes, indicando o caso de Perga e morreu por vol-
congruência. ta de 190 a.C. em Alexan-
dria. Matemático e astrô-
nomo, deixou uma gran-
de obra, As Cônicas, onde
faz um estudo detalha-
do das principais propri-
edades das parábolas,
elipses e hipérboles. Por
esse importante traba-
lho é também chamado
de “o grande geômetra”.
Ptolomeu
Astrônomo, geógrafo e
6. Na figura ao lado, temos AC= BC, AF = BG e AE=BD.
matemático egípcio, vi- Escolha triângulos correspondentes e use a congruência
veu na Alexandria entre de triângulos para concluir que EF = DG.
os anos 85 e 165 da era
cristã. Responsável pela
formulação da teoria
geocêntrica, segundo a
qual a Terra estava no 7. Na figura à esquerda, o ponto E é o ponto
centro do sistema solar, e médio do segmento AB. Sabendo que os ângu-
também por outros tra- los nos vértices C e D são congruentes, verifi-
balhos importantes em que que o ponto médio E é também o ponto
Astronomia. O Almagesto, médio do segmento CD.
sua grande obra mate-
mática, contém uma ta-
bela de cálculo de com- 8. Sobre os lados do triângulo eqüilátero ∆ABC, to-
primentos de cordas de
mamos pontos D, E e F tais que AD = BE = CF. Pode-
uma circunferência, no
mos concluir que o novo triângulo, ∆DEF é eqüiláte-
qual se encontram os
primeiros dados da Tri-
ro? Justifique!
gonometria, correspon-
dendo a uma tabela de
cálculo de senos, na lin-
guagem atual.
-
-
Temos ainda:
Teorema (desigualdade triangular): em um triângulo, o comprimento de
qualquer dos lados é menor do que a soma do comprimento dos outros
dois.
-
A congruência de triângulos
nos garante que A’R = AR.
Tomando um ponto X, na reta
que representa a estrada, X dife-
rente de R, teremos A’X = AX .
Um exemplo
No triângulo ∆ABC da figura, qual é o
maior ângulo? E o menor?
O maior ângulo será o ângulo ∠ACB, que
se opõe ao maior lado ( ) e o menor ângu-
lo será ∠ABC que se opõe ao menor lado
( ).
5. Se um triângulo tem dois lados medindo 10 cm, o que se pode dizer sobre
o comprimento do terceiro lado?
6. Os comprimentos dos lados de um triângulo são dados por 2x-3, x+6 e 3x-
12 unidades. Verifique que, se o triângulo for isósceles, então ele será eqüilá-
tero.
Unidade 2
Semelhanças
Organizadores
Antônio Carlos
A relação de congruência estudada na unidade anterior é essencial no desenvol- Brolezzi
vimento da moderna tecnologia. Como exemplo, citamos a produção em série Elvia Mureb Sallum
de veículos automotores que só é possível graças a confecção de várias cópias Martha S. Monteiro
congruentes, idênticas em tamanho e forma de seus componentes.
Elaboradoras
Analogamente, a relação de “mesma for-
Cláudia Cueva
ma” tem um papel importante em nosso coti-
Candido
diano. O projeto de construção de um edifício
ou de uma aeronave, por exemplo, com fre- Maria Elisa Esteves
quência requer a produção de modelos e ma- Lopes Galvão
quetes em miniatura, com a mesma forma que
o objeto original, permitindo obter um amplo
entendimento de sua complexa estrutura.
A ampliação ou redução fotográfica é outro recurso utilizado para revelar
com detalhes aspectos intrincados de certas situações, como a confecção da
planta de uma cidade, por exemplo. Trata-se de um processo útil, pois preser-
va a forma dos objetos fotografados.
Nesta unidade queremos responder a duas questões básicas. Qual o signi-
ficado matemático de “mesma forma”? Que propriedades geométricas carac-
terizam duas figuras (entenda-se por figura um conjunto não vazio de pon-
tos) que possuam a mesma forma?
Para ampliar ou reduzir um triângulo ∆ABC, fixamos um ponto qualquer
O no plano do triângulo e, a partir dele, traçamos semi-retas que passam pelos
vértices do triângulo. Uma possível ampliação é obtida considerando-se os
pontos A´, B´ e C´ pertencentes às semi-retas , e , respectivamente,
tais que OA´ = 3OA, OB´ = 3OB e OC´ = 3OC. Usando uma régua graduada,
um compasso ou um transferidor podemos verificar que
A´B´ = 3 AB, B´C´ = 3 BC, A´C´ = 3 AC e
m (∠A´) = m (∠A), m (∠B´) = m (∠B), m (∠C´) = m (∠C)
-
∠x ≅ ∠z
⇒ ∠x ≅ ∠x´
∠z ≅ ∠x´
A solução é simples. Seja t uma reta arbitrária que passa por P e intersecta
r num ponto Q, escolha sobre r um ponto B distinto de Q. Este ponto B está
em um dos semi-planos definido pela reta t. No outro semi-plano construa, a
partir da semi-reta , o ângulo ∠QPA congruente ao ângulo ∠PQB. A reta
determinada pelos pontos P e A é a paralela procurada.
O leitor mais atento deve notar que a construção acima prova a existência
da paralela a uma dada reta por um ponto dado. Será possível provar também
a unicidade de tal paralela? Esse problema desafiou os matemáticos durante
mais de 2.000 anos, desde a antiga Grécia, e o resultado obtido foi a necessi-
dade de se introduzir um novo postulado na Geometria, conhecido hoje como
postulado das paralelas. A título de informação, destacamos que a solução
desse problema culminou com a descoberta das primeiras geometrias não
euclidianas. Mas isso é uma outra história...
Postulado das paralelas: dados uma reta r e um ponto P fora de r, existe no
máximo uma reta s que passa por P e é paralela a r.
-
Um exemplo
De uma posição representada
pelo ponto P, no interior de uma sala,
são conhecidos os ângulos entre os
segmentos AP e BP e as paredes.
Qual será o ângulo de visão ∠APB
que permite que enxerguemos os
pontos A e B situados em paredes
opostas?
A solução para o problema pode ser obtida com o auxílio de uma paralela
pelo ponto P, como na figura a seguir:
Dessa forma, temos dois pares
de ângulos alternos internos. No
primeiro par, a medida do ângulo
∠APQ é 19 o, e no segundo par, a
medida do ângulo ∠BPQ é 40o. Daí,
a medida do ângulo ∠APB será a
soma das medidas:
m (∠APB) = m (∠APQ) + m (∠BPQ) =
19o + 40o = 59o
Dado um triângulo ∆ABC, seja r a reta que passa por B e é paralela ao lado
. Sendo ∠x, ∠x´, ∠y, ∠y´ e ∠z os ângulos indicados na figura temos:
m (∠x) = m (∠x´) e m (∠y) = m (∠y´) por serem alternos internos e r // .
Mas, pelas propriedades de adição de ângulos, temos:
m (∠x´) + m (∠z) + m (∠y´) = m (∠x´) + m (∠ABD) = 180°.
E finalmente, por substituição simples, concluímos que:
m (∠x) + m (∠z) + m (∠y) = 180°.
-
Se t e t´ não são retas paralelas, traçamos por B´ uma reta auxiliar u para-
lela à reta t. Como AB = XB´ e BC = B´Y segue da congruência dos triângulos
∆A´B´X e DC´B´Y (você é capaz de identificar qual caso de congruência
estamos usando?) que A´B´ = B´C´. Isto é, obtemos novamente a conclusão
Temos visto anteriormente que uma dada figura plana F e sua imagem
homotética F´ têm sempre a mesma forma. A situação inversa, porém, não é
verdadeira. Duas figuras podem ter a mesma forma sem que uma seja a ima-
gem da outra por uma homotetia.
Por exemplo, partindo de uma figura e de sua imagem homotética, ao
rotacionarmos uma delas não destruímos a qualidade de ambas terem a mes-
ma forma. Contudo, elas agora não podem ser transformadas uma na outra
por uma homotetia, uma vez que uma reta e sua imagem homotética são ou
coincidentes ou paralelas.
-
Caso Lado – Lado – Lado (LLL) - Dados dois triângulos ∆ABC e ∆A´B´C´,
caso LLL nos diz que a proporcionalidade dos lados correspondentes implica
na congruência dos ângulos correspondentes.
A seguir, o primeiro desenho exibe dois retângulos – portanto, com ângu-
los correspondentes congruentes (todos retos) –, sem que eles sejam seme-
lhantes. O segundo mostra um retângulo e um paralelogramo com lados cor-
respondentes proporcionais, sem que eles sejam semelhantes.
-
18. Indique os pares de triângulos abaixo que são semelhantes e o caso cor-
respondente.
a) b) c) d)
e) d) f) g)
19. Cada par dos triângulos ∆ABC e ∆A´B´C´ das figuras abaixo são seme-
lhantes. Calcule a razão de semelhança e as medidas indicadas por x e y.
a) b)
-
22. Para cada par dos triângulos abaixo, indique quais são semelhantes. Justi-
fique sua resposta usando os casos de semelhança.
a) b) c)
d) e)
26. Uma bola de tênis é sacada de uma altura de 2,10 m e passa rente à rede a
uma altura de 0,90 m. Se a bola é sacada de uma linha a 11,70 m da rede e
segue em linha reta, a que distância da rede ela atingirá a quadra?
Unidade 3
Relações métricas no
triângulo retângulo
Organizadores
Antônio Carlos
Brolezzi
Um triângulo retângulo é um triângulo que tem Elvia Mureb Sallum
um ângulo reto. O lado oposto ao ângulo reto é cha- Martha S. Monteiro
mado hipotenusa e os outros dois lados são chama-
dos catetos. Os ângulos não retos de um triângulo Elaboradora
retângulo são agudos e complementares, isto é, a Cláudia Cueva
soma de suas medidas é igual a 90°. Candido
a: medida da hipotenusa
b: medida do cateto
c: medida do cateto
m: medida da projeção do cateto sobre a hipotenusa
n: medida da projeção do cateto sobre a hipotenusa
h: medida da altura relativa à hipotenusa
-
Observamos que seis outras relações podem ser obtidas das três seme-
lhanças acima e que todas elas decorrem das relações (1), (2) e (4).
Ao somarmos as igualdades (1) e (2) obtemos
b² + c² = an + am = a(n + m) = a²
Este é um dos mais conhecidos resultados da Geometria Plana:
Teorema de Pitágoras
Em um triângulo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é igual à
soma dos quadrados das medidas dos catetos.
Reciprocamente, se temos um triângulo ABC em que a (medida do lado ),
b (medida de ) e c (medida de) são tais que a² = b² + c², então ∆ABC é
retângulo em A.
Aplicações:
1) Diagonal do quadrado
O quadrado é um paralelogramo em que a diagonal d
de um quadrado de lado l divide-o em dois triângulos
retângulos de hipotenusa d e catetos iguais a l.
Pelo teorema de Pitágoras, d² = l² + l² e, portanto,
t2 = h2 + (l/2)2 ⇒ h2 = . l2
⇒h= .l
Um pouco de Trigonometria
Considere o ângulo agudo de vértice A na figura a seguir. Podemos cons-
truir triângulos BAC e B´AC´retângulos em B e B´, respectivamente, traçando
BC e B´C´, ambos perpendiculares a AB.
Os triângulos têm dois ângulos congruentes e são, portanto, semelhantes,
pelo caso AA de semelhança de triângulos.
∆BCA ~ ∆B´C´A ⇒
, e
-
sen α = = cos α = =
tg α = =
Agora é fácil ver que sen 45° = cos 45° e que tg 45° = 1.
2. Para calcularmos as razões trigonométricas do ângulo de 60°, vamos consi-
derar o triângulo eqüilátero ABC de lado a = 1. Já vimos, como conseqüência
Resumindo:
α sen α cos α tg α
30°
45° 1
60°
sen2 α + cos2 α = 1
-
Então, o valor de é:
a) b) c) d) e)
Bibliografia
Dolce, O., Pompeo, J. N. , Geometria Plana, Col. Fundamentos de Matemá-
tica Elementar, vol. 9., Ed. Atual, 1998.
Downs, F. L. Jr, Moise, E. E., Geometria Moderna, Vol I, Ed. Edgard
Blücher, 1971.
Rich, B. Teoria e Problemas de Geometria, 3a Ed., Col. Schaum, Bookman,
2003.
Sobre as autoras
Cláudia Cueva Candido
Docente do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São
Paulo (IME-USP), onde fez seu doutorado na área de Geometria Diferencial.
Atualmente é membro da diretoria do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino
da Matemática (CAEM) do IME-USP.
Matemática
Funções e gráficos
Organizadores
Antônio Carlos Brolezzi
Elvia Mureb Sallum
Martha S. Monteiro
Elaborador
Antônio Carlos Brolezzi
4
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
1
SCHOENFELD A. H. “Learning to think mathematically: Problem solving, metacognition and sense
making in mathematics”. In: D. A. Grouws (Ed.). Handbook of research on mathematicas teaching and
learning. p. 334-370. Nova Iorque: MacMillan, 1992.
Apresentação
do módulo
Neste módulo estudaremos funções. O conceito de funções é um dos mais
importantes em Matemática, e seu conhecimento impulsionou o desenvolvi-
mento tecnológico em quase todas as áreas.
As funções permeiam nossa vida cotidiana mesmo que não tenhamos cons-
ciência disso. Por exemplo, o valor da conta de luz depende da quantidade de
energia gasta, a dose de remédio que é dada a uma criança depende do seu
peso, o valor para fazer cópias de um material depende do número de páginas
copiadas. Usando funções, também se estudam o crescimento de bactérias, o
movimento dos astros, a variação da temperatura da Terra etc. A noção de
função nos permite, enfim, descrever e analisar relações de dependência en-
tre quantidades.
Neste módulo estudaremos o que chamamos de funções reais, isto é, rela-
ções entre quantidades que podem ser descritas por números reais. Daremos
ênfase ao tratamento gráfico das funções. Aprenderemos a relacionar infor-
mações algébricas (como equações e inequações) com as informações geo-
métricas fornecidas por gráficos de funções. Também veremos a relação entre
as simetrias e as transformações no gráfico e as correspondentes mudanças
algébricas.
A linguagem gráfica permite entender melhor diversos fenômenos da na-
tureza e está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, nas informações vei-
culadas pelos meios de comunicação (revistas, jornais, televisão etc.) ou nas
formas de arte e diversão (como os jogos de computadores e os efeitos espe-
ciais para a arte cinematográfica). A própria paisagem urbana está cada vez
mais influenciada pela linguagem gráfica, e a matemática aparece aos olhos
de quem observa as regularidades das construções arquitetônicas e a decora-
ção dos ambientes.
Como vimos no módulo anterior, a Geometria permite ligar matemática e
arte. Neste módulo, desenvolveremos outra parte da Matemática que também
pode ser associada à arte. Nossa opção foi tratar o tema funções chamando a
atenção para a importância da linguagem gráfica, levando em consideração a
possibilidade de compreender a manipulação dos gráficos fazendo uso de
simetrias e transformações.
Unidade 1
Funções e simetrias
Organizadores
Antônio Carlos
Brolezzi
Elvia Mureb Sallum REPRESENTAÇÃO DE FUNÇÕES
Martha S. Monteiro Afinal, o que são funções? Uma função descreve as mudanças sofridas
Elaborador por uma grandeza provocadas pela variação de outra. Quando conhecemos
uma função, temos algum tipo de descrição da maneira como uma grandeza
Antônio Carlos
varia dependendo da variação de outra. Matematicamente, dizemos que uma
Brolezzi
função é uma relação entre os elementos de dois conjuntos, em que para cada
elemento de um conjunto é associado apenas um elemento do outro conjunto.
Normalmente escrevemos f : D →B para informar que f leva os elementos
do conjunto D em elementos do conjunto B. Chamamos o conjunto origem D
de domínio de f, ou seja, o conjunto dos valores que a variável independente
de f pode assumir. Quando o conjunto D não é explicitado, convenciona-se
tomar o maior subconjunto possível para o qual f está definida. O conjunto B
Uma função real f asso- é o chamado contradomínio de f, e é lá que a função f identifica os possíveis
cia, a cada número x de valores para a variável dependente. Já o conjunto f (D), constituído de todos
um subconjunto D⊂R os possíveis valores de f (x) para x ∈ D, é chamado de imagem de f. Essa
um único número real y. denominação é bastante gráfica, pois se D e B forem subconjuntos do conjun-
Representamos essa as- to dos números reais R a imagem de f é a projeção do gráfico de f sobre o eixo
sociação por y = f (x). Le-
das ordenadas (veja uma possível ilustração na Figura 2).
mos assim: “y é igual a f
de x”, ou “y é função de x”. Há várias formas de descrever como essa correspondência é feita. Essa
Chamamos x e y de vari- descrição pode ser verbal, feita por meio de um texto que explica como as
áveis, pois podem ocu- variáveis se relacionam, ou por meio de uma tabela, mostrando alguns valo-
par valores numéricos res significativos que a variável dependente assume conforme o valor da va-
diversos. É possível utili- riável independente. Além disso, uma função pode ser representada por meio
zar quaisquer letras para
de uma fórmula matemática, ou então por meio de um desenho ou gráfico.
as variáveis. É comum
utilizarem-se a letra x A idéia de desenhar o comportamento das funções em um plano está asso-
para variável indepen- ciada à necessidade de representar figuras tendo alguma referência espacial.
dente e y para variável Com o uso dessa representação, passou-se a utilizar um plano com duas retas
dependente. Dizemos, graduadas ortogonais destacadas, uma para representar os valores de x e outra
assim, que o valor de x os valores de y. Ou seja, para cada ponto P, precisamos ter um par de números
determina o valor para y. indicando sua posição: o número x, que inicialmente era chamado de “corte”
Por exemplo, o períme-
do ponto P, e depois ficou conhecido como abscissa (do latim “cortar”); e um
tro de um quadrado de-
segundo número y (conhecido como ordenada). Os termos abscissa, ordena-
pende do lado do qua-
drado. Se chamarmos o
da e coordenadas foram usados pela primeira vez por Leibniz em 1692.
lado de x e o perímetro
de y, temos y = 4x.
-
y
P (x, y)
y
b) Tabela:
Tempo (em segundos) Posição (em centímetros)
0 4
O filósofo e matemático
1 6 alemão Gottfried Wilhelm
2 8 von Leibniz nasceu em
1º de julho de 1646 e fa-
3 10
leceu em 14 de novem-
4 12 bro de 1716. Foi um dos
... ... criadores do Cálculo Di-
ferencial e Integral, e aju-
dou a desenvolver a lin-
guagem das funções.
c) Fórmula algébrica:
Chamando de t o tempo de percurso da formiga e de S sua posição, temos
que para o valor t = 0 s, a formiga está na posição S = 4 cm. A cada segundo,
somam-se 2 cm à sua posição. Assim, para t = 1 s, temos S = 2 + 4 = 6 cm. Para
t = 2 s, temos S = 2 x 2 + 4 = 8 cm. Generalizando esse procedimento, vemos
que a fórmula para o deslocamento da formiga é:
S = 2t + 4
d) Gráfico:
No caso, podemos obter o valor desejado: após
13
5 s de passeio a formiga está na posição 12 cm.
12 Observe que a linguagem gráfica às vezes pode
11 trazer informação adicional. No caso da formiga,
10
não foi informado o que ocorria antes de come-
9
çarmos a observar, ou seja, no tempo “negativo”
8
que veio antes do início da observação (ou o que
7
viria depois da observação). Além disso, se a in-
6
formação fosse só a fornecida pela tabela, não te-
5
ríamos condições de saber exatamente qual é a
4
3
função. Existem situações em que não é possível
2
obter determinada representação para uma dada
1
função. Em outras situações, pode ocorrer que uma
certa representação seja muito mais útil que as
–2 –1 1 2 3 4 5
–1 demais. Por isso é importante conhecer todas.
–2
–3
Figura 3. Gráfico de S em
função de t
-
Esse tipo de simetria é chamado de especular, por lembrar a reflexão do O prefixo iso significa igual;
espelho. Há outras formas de simetria que são bastante interessantes. Para isso portanto, transformações
vamos pensar um pouco nos movimentos que podemos fazer com uma figura isométricas são aquelas que
em um plano. mantém as distâncias en-
Podemos definir uma transformação geométrica em um plano como uma tre os pontos.
correspondência um a um entre pontos do plano. Assim, por meio de uma
transformação, os pontos de uma dada figura no plano correspondem a uma
outra figura (sua imagem) no mesmo plano. As transformações que não alte-
ram as distâncias entre os pontos relacionam figuras congruentes, e são ditas
transformações isométricas. Por não distorcer as imagens, essas transforma-
ções são chamadas de movimentos rígidos no plano. As transformações
isométricas de um plano são translação, reflexão e rotação, e todas as combi-
nações entre esses movimentos.
Translação é a transformação em que todos os pontos de uma figura se
deslocam numa mesma direção, sentido e de uma mesma distância. Essa dire-
ção pode ser horizontal, vertical ou uma combinação delas.
Reflexão em relação a alguma reta m, que pode ser chamada de eixo de
reflexão ou de simetria, é a transformação que a cada ponto P associa o seu
simétrico P’ em relação a m, isto é, m é a mediatriz do segmento PP’. Se
dobrarmos a folha de papel ao longo de m, os pontos P e P’ se sobrepõe.
Rotação é o giro da figura em torno de algum ponto e de um determinado
ângulo.
Veja exemplos de transformações sobre o desenho da figura abaixo:
Q (–x, y) P (x, y)
–x x x
–9 –8 –7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 – 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
–2
–3
–4
–5
–6
–7
–8
–9
-
y = f (–x) y = f (x)
y = –f (–x) y = –f (x)
4 y = f (x) + 2
3 y = f (x) + 1
2 y = f (x)
1 y = f (x) – 1
–4 –3 –2 –1 1 2 3 y = f(x) – 2
–1
y = f (x) – 3
–2
–3
–4
–3 –2 –1 1 2 3 4
–1
–2
–3
–4
3
y = f(x)
2
y = g(x)
1
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x
–1
–2
–3
–4
b)
y
4
3
y = f(x)
2
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x
–1
y = g(x)
–2
–3
–4
Unidade 2
Retas e parábolas
Organizadores
a= ;
a= .
y= x
y= x
-
a=– : para cada valor não nulo da abscissa x, o valor da ordenada corres-
y= – x
y=– x
y = –x
a) y = x–2
-
x2, 2x2, x2, x2. Além disso, para x = 0 temos sempre x = 0, o que significa
que todas as curvas passam pela origem.
Dessa maneira, o coeficiente a > 0 em y = ax2 faz mudar o ângulo de 2. O ângulo de inclinação
inclinação da curva2: se a > 1, o ângulo aumenta (a parábola fica mais “fecha- de uma curva num pon-
da”), se 0 < a < 1, o ângulo diminui (a parábola fica mais “aberta”). to é o ângulo de inclina-
ção da reta tangente à
x 2 x2 curva nesse ponto.
2x2
2
x
y = x2
y = – x2
–2x2, – x2, – x2. Além disso, como antes, para x = 0 temos sempre y = 0, o
que significa que todas as curvas passam pela origem.
Dessa maneira, o coeficiente a < 0 em y = ax2, como antes, faz mudar o
ângulo de inclinação da curva: se a < – 1, a parábola fica mais “fechada”, se
–1 < a < 0, a parábola fica mais “aberta”.
y=– x2
y = x2
y = x2 – 3
-
y = (x – 2)2
Figura 26. Gráfico de funções do tipo y = a(x + m)2 para alguns valores de m.
y=
y = x2
y = 3. –2
DESENHOS CRIATIVOS
Os gráficos das funções permitem que você dê asas à imaginação! Por
exemplo, as figuras abaixo foram criadas utilizando tão somente gráficos de
funções quadráticas. Você pode, eventualmente, utilizar o software Winplot3
3. O Winplot é um software como ajuda para resolver o problema:
livre, disponível, inclusi- Sabendo que as figuras abaixo são formadas apenas por arcos de parábo-
ve em português, no en- las, defina as funções e seus respectivos domínios, de modo a obter cada uma
dereço: http://math.exeter.
das figuras dadas.
edu/rparris
a) b)
Em seguida, para cada uma das duas máscaras, você é capaz de obter a
figura simétrica em relação a um eixo vertical (e a um eixo horizontal) que
não passe por ela? Em cada caso, defina as funções com seus domínios, cujos
gráficos lhe permitem obter as reflexões realizadas.
-
Y=3
Dessa forma a função dada inicialmente pode ser escrita num outro for-
y = 3.
y=
y=a ,
uma vez que o coeficiente a é certamente não nulo.
y=a
ou ainda,
-
PARÁBOLAS4
catenária. Para decidir se
ATRAVÉS DE DOBRADURAS uma dada curva é ou não
Muito embora você estude as secções cônicas no contexto de Geometria uma parábola, é necessá-
Analítica, vamos propor aqui uma atividade interessante envolvendo as pará- rio verificar se seus pon-
tos satisfazem a proprie-
bolas, já que as utilizamos amplamente. Essa atividade consiste na construção
dade que define uma pa-
de uma parábola através de dobradura. É conveniente realizá-la em papel ve-
rábola.
getal, por ser um papel que possui a consistência adequada.
5. Dizemos que uma reta Em sua folha, desenhe uma reta e um ponto não pertencente a ela. Em
t é tangente a uma pará- seguida, dobre o papel de modo que o ponto fique sobre a reta; desdobre-o e
bola quando t encontra dobre-o novamente com a mesma condição: o ponto deve ficar sobre a reta.
a parábola em um único Faça isso muitas vezes, até você encontrar o resultado esperado: a parábola
ponto, deixando-a total- construída por meio de suas tangentes5.
mente contida num dos
dois semiplanos que t Evidentemente, é preciso mostrar que de fato isso é verdade: ou seja, cada
determina. uma das retas construídas – as dobras – é uma reta tangente, isto é, possui um
ponto que satisfaz a definição de parábola e esse é o único ponto da reta com
tal propriedade.
Definição de i) Existe um ponto que satisfaz a definição de parábola
parábola:
Dados uma reta d e um
ponto F não pertencen-
te a d, a parábola é o lu-
gar geométrico dos
pontos T do plano que
contém F e d, tais que a
distância de T a F é igual
à distância de T a d.
-
Uma vez que o vértice da curva é o ponto O = (0, 0) – não esqueça que o
vértice, sendo um ponto da curva, precisa satisfazer a propriedade que carac-
teriza a parábola – a fim de determinar o foco e a diretriz, vamos procurar um
ponto F = (0, p) e uma reta y = – p, pois dessa forma a distância de O a essa
reta é p, e a distância de O a F também é p. O parâmetro p precisa ser determi-
nado a fim de encontrar F e d.
Para tanto, vamos impor a condição: a distância de qualquer ponto P = (x, y)
da curva ao ponto F seja a mesma do que a distância do ponto P à reta diretriz d.
P = (x, y)
F = (0, p)
D = (x, y – p)
M = (x, y + p)
Logo, por Pitágoras, a distância de P
a F é:
e a distância de P a d é a medida de
, logo é: y + p.
=y+p
e daí, elevando ambos os membros ao quadrado,
x2 + (y – p)2 = (y + p)2
ou seja,
x2 + y2 – 2py + p2 = y2 + 2py + p2
e, portanto,
x2 = 4py
isto é,
y= x2
a) y = –2y
b) y = 3x2
c) y = 3 +1
d) y = 5x2 – 4x + 1
Sugestão: Desenhe o gráfico de cada função, partindo da função mais simples
y = x2.
Unidade 3
y = |x|
Observe que o
gráfico de y = |x| se
sobrepõe ao de y = x
quando x > 0.
y=x
Tudo o que vimos até aqui nos permite resolver um grande número de
problemas, como diversas inequações.
Seja, por exemplo, a inequação |1–|2x – 1|| > |1 – 3x| – 3.
Inicialmente, vejamos a situação graficamente, esboçando os gráficos das
funções envolvidas na inequação dada, ou seja, y = |1 – |2x – 1|| e y = |1 – 3x| – 3.
-
y = |2x – 1|
y = |1 – |2x – 1||
y = –|2x – 1|
y = 1 – |2x – 1|
y = |1 – 3x|
y = |1 – 3x| – 3
Figura 38. Os gráficos das funções envolvidas na inequação no mesmo sistema de eixos.
Precisamos encontrar as intersecções entre os gráficos das duas funções.
Para tanto, basta resolver as equações:
i) – (1 – (– (2x – 1))) = 1 – 3x – 3 ou seja, – 2x = – 3x – 2
ii) – (1 – (2x – 1)) = – (1 – 3x) – 3 ou seja, 2x – 2 = 3x – 4
Há vários raciocínios em termos de gráficos originais e rebatidos para
chegar às duas equações. Confira com cuidado!
Da primeira equação, obtemos x = – 2 e, da segunda, x = 2, que fornecem
as abscissas dos pontos de intersecção dos dois gráficos.
Como a inequação proposta |1 – |2x – 1|| ≥ |1 – 3x| – 3, “exige” que o gráfico
da função do primeiro membro esteja acima ou coincidente com o gráfico da
função do segundo membro, o conjunto solução é: S = { x ∈ R: – 2 ≤x ≤2} ou,
em notação de intervalo, S = [–2, 2].
Como outro exemplo, vamos resolver a inequação |3x + 4| < |2x2 + 4x – 3|.
Em primeiro lugar, vamos esboçar os gráficos das funções envolvidas,
antes separadamente, depois no mesmo sistema de eixos cartesianos. Observe
que construímos esses gráficos a partir dos gráficos das funções mais sim-
ples, y = x e y = x2, respectivamente. Identifique, nas figuras abaixo, cada um
dos gráficos desenhados. y = |2x2 + 4x – 3| = |2 (x + 1)2 – 5|
y = |3x + 4|
y =|2x2 + 4x – 3|
y = |3x + 4|
-
Esses quatro números precisam ser estimados2, para que seja possível a 2. Observe que 7 < <8
e que 6 < < 7.
comparação entre eles e concluir que: < < <
Como é preciso que |3x + 4| < |2x2 + 4x – 3|, estamos buscando os valores de
x para os quais o gráfico de y = |3x + 4| fica abaixo do gráfico de y = |2x2 + 4x – 3|.
Logo, o conjunto solução é dado por:
S = – ∞, ∪ , ∪ ,+∞ .
d) i (x) = – . | f (x)| + 2
e) j (x) = – . | f (x) – 1| + 2
f) l (x) = – . | f (x) – 2| – 4
g) m (x) = | f (x – 3)|
2. Desenhe uma figura que tenha eixo de simetria horizontal, de maneira que
ela possa ser obtida por meio de uma ou mais funções e seus módulos em
determinado domínio. Verifique, possivelmente no computador, que as fun-
ções estabelecidas realmente produzem a figura desejada.
3. Desenhe uma figura que tenha eixo de simetria vertical. Em seguida, defi-
na as funções e seus respectivos domínios de modo que através de seus gráfi-
cos seja possível obter a figura criada.
x ∈ R+ ! x2 ! = |x| = x
e
3. Vimos que é irraci- x ∈ R+ ! !( )2 = x
onal. Numa calculadora
comum, em geral, só há extrai a raiz eleva ao
lugar para 8 dígitos. Por quadrada quadrado
isso, numa dessas calcu-
ladoras, o valor de é Observe que = |x| = x, pois x ∈ R+.
dado por 1,7320508 que é Para entender melhor essa questão, imagine que você eleva ao quadrado
um resultado aproxima- um número não negativo e depois extrai a raiz quadrada desse resultado: cer-
do. Dessa maneira, ao ele-
tamente vai voltar ao número dado inicialmente. Do mesmo modo, se, na
var esse resultado ao
calculadora, você calcula a raiz quadrada de um número não negativo e, em
quadrado, não vamos
obter 3, mas
seguida, eleva o resultado ao quadrado, vai encontrar como resultado o nú-
(1,732050807)2 = mero do qual você partiu, a menos de erros de aproximação3.
2,99999999.
-
Assim dizemos que a função raiz quadrada (positiva) e a função que eleva
ao quadrado um número não negativo são inversas uma da outra.
Os gráficos das duas funções, quando colocados no mesmo par de eixos,
apresentam uma característica muito importante: são simétricos em relação à
reta y = x. Por exemplo,os pares ordenados (1, 1), (2, 4), (3, 9), (4, 16) estão
no gráfico de y = x2. Seus simétricos, em relação à reta y = x, (1, 1), (4, 2),
(9, 3), (16, 4) estão no gráfico de y = .
De modo geral, para qualquer valor não negativo da variável independen-
te x, o par ordenado (x, y), em y = x2, é simétrico ao par ordenado (x, y) em
y= , com relação à reta y = x, bissetriz dos quadrantes ímpares.
y = x2
y=
y = x5 y = x4 y = x3
y = x2 y=x
5. O símbolo significa Seja por exemplo, A a seguinte afirmação: a < a2, a∈R5.
“qualquer que seja” ou
“para todo”. O símbolo ∈ Essa afirmação é falsa: por exemplo, não é menor que = . Obser-
significa “pertencente”
ou “que pertence”.
ve que você pode achar outros contra-exemplos.
g) =x, x ∈ R.
h) = |x|, x ∈ R.
i) x ≤x ,
2 4
x ∈ R.
-
1
MAIS DUAS FUNÇÕES INTERESSANTES: Y = E
1 X
Y = 2
X
O domínio dessas duas funções é o conjunto dos números reais diferentes
de zero, que é indicado por R*. A primeira delas tem como imagem o conjun-
to R*, enquanto a imagem da segunda função é o conjunto R+. Graficamente,
temos:
a) se x = 1, então y = 1;
b) se x > 1 aumenta, y diminui e, se x aumenta infinitamente, y se aproxima de
zero;
c) se 0 < x < 1 e x se aproxima de zero, y cresce infinitamente mantendo o
sinal;
d) quando x < 0, temos: se x se aproxima de zero, y cresce infinitamente em
valor absoluto, mas com sinal negativo; se x diminui infinitamente, isto é,
aumenta infinitamente em valor absoluto, mas com sinal negativo, y se apro-
xima de zero.
a) y = +1
b) y = – –2
≤3 → 2 ≤3. (x – 1) → 2 ≤ 3x – 3
ou seja,
5 ≤3x e, portanto, x ≥ .
Evidentemente, há erro na resolução apresentada, pois, por exemplo, o
valor zero para a variável x satisfaz a inequação proposta e não está no con-
junto das soluções. Descubra o erro e explique.
Finalmente, construindo o gráfico de y = ey= num mesmo par de
eixos, temos:
y=
y=
a) ≤1
Sugestão: Pense na função mais simples y = .
b) ≤2
Sugestão: Divida os dois polinômios da fração do primeiro membro, a fim de
c) > 9x – 6
-
FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Ao estudar a Trigonometria no triângulo retângulo, trabalhamos com as
razões trigonométricas definidas para os ângulos agudos de um triângulo des-
se tipo. Entretanto, observando que a cada ângulo central corresponde um
arco numa dada circunferência, surge a possibilidade de ampliar o estudo da
Trigonometria, não ficando mais restrita ao contexto dos ângulos agudos de
um triângulo retângulo.
A primeira questão é a de estabelecer uma medida conveniente para os ângu-
los, em certo sentido relacionada com os arcos determinados na circunferência.
a razão é uma constante6, e esse fato leva a estabelecer 6. Para provar esse fato,
são necessários argu-
a seguinte definição:
mentos de limite, portan-
to do contexto de Cálcu-
A medida de um ângulo em radianos é igual à razão lo Diferencial e Integral,
que escapam dos objeti-
vos do Ensino Médio.
Assim, o radiano é uma unidade utilizada para medir ângulos. Qual a
vantagem desta unidade, se comparada à unidade grau?
Uma grande vantagem é o fato de que, usando uma circunferência de raio
unitário, a medida do ângulo central em radianos é numericamente igual ao
comprimento do arco e isso vai ser essencial para possibilitar a ampliação do
estudo da Trigonometria, à qual nos referimos antes.7 7. Uma outra vantagem,
que historicamente mo-
Assim sendo, vamos considerar uma circunferência de raio 1 com centro tivou o aparecimento do
na origem do sistema cartesiano de coordenadas. A essa representação damos radiano, é o fato de que
o nome de circunferência trigonométrica ou círculo trigonométrico. com essa unidade mui-
tas das fórmulas da Físi-
ca ficaram mais simples,
reduzindo a dificuldade
de cálculo. Esse é mais
um dos assuntos que
aparecem no Cálculo Di-
ferencial e Integral!
-
A=(1,0)
B=(0,1)
Dessa forma, para 0 < x < , temos P = (cos x, sen x), ou seja, para 0 < x < ,
cos x é a abscissa de P e sen x é a ordenada de P. Vamos aproveitar essa idéia para
definir as duas funções seno e cosseno para todo número real x.
Generalização
Para um número x ∈ R, definimos cos x e sen x como sendo, respectiva-
mente, a abscissa e a ordenada do ponto P obtido na circunferência trigono-
métrica de modo que:
- se x > 0, o comprimento do arco de origem em A e extremidade em P,
marcado no sentido anti-horário, é x;
- se x < 0, o comprimento do arco de origem em A e extremidade em P,
marcado no sentido horário, é o valor absoluto de x.
- se x = 0, o arco de comprimento nulo tem origem e extremidade ambas em
A; nesse caso, temos P = A = (cos 0, sen 0) = (1, 0).
a) Inicialmente, vejamos com cuidado o que acontece quando x > 0.
P = (cos x, sen x)
P´ = (cos (π – x), sen (π – x))
P = (cos x, sen x)
P’ = (cos (x – π), sen (x – π))
- Se < x < 2π, temos que P = (cos x, sen x) é um ponto do quarto quadrante
sendo que cos x = cos (2π – x) = cos (–x) e sen x = sen (2π – x) = – sen (–x).
Comprove esse fato geometricamente, usando congruência de triângulos e ob-
servando que 2π – x determina um ponto P’ no primeiro quadrante. Por quê?
P = (cos x, sen x)
P’ = (cos (– x), – sen (– x))
P = (cos x, sen x)
P’ = (cos (– x), – sen (– x))
-
Dessa forma, uma imagem razoável é a de que a reta real foi “enrolada”
na circunferência trigonométrica; o semi-eixo positivo no sentido anti-horário
e o semi-eixo negativo no sentido horário.
A partir daí, podemos observar que conforme x ∈ R varia, isto é, o ponto
P percorre a circunferência, a abscissa e a ordenada de P variam no intervalo
[–1, 1]. Então, temos imediatamente que –1 ≤sen x ≤1 e –1 ≤cos x ≤ 1.
Podemos esboçar os gráficos8 das duas funções: y = sen x e y = cos x.
8. No contexto do Ensi-
Compare com o que ocorre na circunfe- no Médio, não é possí-
rência trigonométrica, na primeira volta: vel apresentar os argu-
mentos formais para ga-
- para 0 ≤x < , o valor de sen x cres- rantir que os gráficos são
ce de 0 a 1; realmente esses: no má-
ximo, você pode se con-
- para ≤x < p, o valor de sen x de- vencer da razoabilidade,
cresce de 1 a 0; verificando para valores
particulares de x. Um
- para p ≤ x < , o valor de sen x convencimento mais
amplo e preciso necessi-
decresce de 0 a –1;
ta de argumentos que
Figura 55. O gráfico de y = sen x. - para ≤x < 2π, o valor de sen x são desenvolvidos no
Cálculo Diferencial e In-
cresce de –1 a 0.
tegral.
cos x = sen
e que
sen x = cos
Assim, por meio da primeira relação, você pode concluir que o gráfico de
y = cos x é uma translação horizontal de – do gráfico de y = sen x.
Ou seja, o gráfico de y = cos x tem o seguinte aspecto:
Compare com o que ocorre na circunfe-
rência trigonométrica, na primeira volta:
Propriedade importante
A figura abaixo mostra dois pontos, A = (cos a, sen a) e B = (cos b, sen b),
na circunferência trigonométrica.
Vamos provar a identidade: cos(a – b) = cos a . cos b + sen a . sen b, no
caso em que 0 < a – b < π. A relação vale para quaisquer a e b. A verificação
fica a seu cargo.
sen a – sen b
A
B
cos b – cos a
sen b
1 1
-
de onde,
2 – 2 cosa . cos b – 2 sen a . sen b = 2 – 2 cos(a – b)
ou seja,
cosa . cos b + sen a . sen b = cos(a – b)
ou, equivalentemente,
cos(a – b) = cosa . cos b + sen a . sen b,
como queríamos mostrar.
De maneira análoga ao que foi feito no estudo da função polinomial do
segundo grau, podemos examinar a ação dos coeficientes a, b, m e k em
As figuras abaixo devem dar uma idéia da ação de cada um dos coeficien-
tes, no caso da função y = sen x. Verifique!
y = sen x + 3
y = sen x + 1
y = sen x
y = – 3sen x
y = – 2sen x
O coeficiente a
define a amplitu-
de do gráfico, em
cada caso. y = sen x
y = 2sen x
y = sen x
y = sen 3x
y = sen 2x
y = sen (– x )
Figura 61. Gráfico de funções do tipo y = sen bx, para alguns valores de b.
y = sen (x + 1)
y = sen (x + 3) y = sen x
Translações
y = sen (x – 2)
horizontais do
gráfico de
y = sen x.
Vejamos como se amplia essa definição para todo número real x, x ≠ + kπ,
com k ∈ Z. Para tanto, a reta tangente à circunferência trigonométrica no ponto
A = (1, 0) – que é a reta de equação x = 1 – onde se mede o valor de tg x, é
orientada: positiva para cima e negativa para baixo do eixo horizontal.
- quando x = 0, tg 0 = = 0;
- quando x cresce de maneira que 0 < x < , sen x > 0 e cos x > 0, logo
- quando x cresce de maneira que < x < π, sen> 0 e cos x < 0, logo tg x < 0.
-
Dado x, determina-se P
no segundo quadrante;
e também determina-se
o ponto P’, correspon-
dente a π – x, no
primeiro quadrante.
Temos:
tg x = – tg (π – x)
- quando x cresce de maneira que p < x < , sen x < 0 e cos x < 0, logo
Dado x, determina-se P no
terceiro quadrante; e
também determina-se o
ponto P’, correspondente a
x – π, no primeiro quadran-
te. Temos
tg x = tg (x – π)
- quando x cresce de maneira que < x < 2π, sen x < 0 e cos x > 0, logo
Dado x, determina-se P
no quarto quadrante; e
também determina-se o
ponto P’, correspondente
a 2π – x, no primeiro
quadrante. Temos:
tg x = – tg (2π – x)
Conforme já foi dito antes, y = tg x é uma função que não está definida em todo
enquanto que a imagem é o conjunto R. Além disso, trata-se também de uma fun-
ção periódica, cujo período é π.
Bibliografia
BARUFI, M.C.B.; LAURO, M.M. Funções elementares, equações e
inequações: uma abordagem utilizando microcomputador. São Paulo:
CAEM-IME-USP, 2001.
math.exeter.edu/rparris
www.cepa.if.usp.br/e-calculo
www.mcescher.com/
www-history.mcs.st-and.ac.uk
Sobre o autor
Antonio Carlos Brolezzi
Professor do Departamento de Matemática do IME-USP. É licenciado em
Matemática, mestre e doutor em Educação pela Faculdade de Educação da
USP. Com experiência no Ensino Fundamental e Médio, trabalha com forma-
ção de professores desde 1988. Interessa-se pelos temas “criatividade”, “uso
de história da Matemática” e “tecnologias no ensino de Matemática”.
Matemática
Geometria Plana e Espacial
Organizadores
Antônio Carlos Brolezzi
Elvia Mureb Sallum
Martha S. Monteiro
Elaboradoras
Cláudia Cueva Candido
Maria Elisa Esteves Lopes Galvão
5
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
1
SCHOENFELD A. H. “Learning to think mathematically: Problem solving, metacognition and sense
making in mathematics”. In: D. A. Grouws (Ed.). Handbook of research on mathematicas teaching and
learning. p. 334-370. Nova Iorque: MacMillan, 1992.
Apresentação
do módulo
Desde a invenção da roda, círculos e circunferências fazem parte da nossa
vida cotidiana. Suas muitas divisões e as figuras geométricas que podemos
construir a partir delas são, desde as civilizações da antiguidade, utilizadas
para representar a divisão do tempo, os signos do zodíaco e símbolos místi-
cos, como o pentagrama da famosa sociedade pitagórica.
Ainda na antiguidade, divisões de terras, armazenamento e comercialização
de alimentos motivaram os estudos iniciais de áreas e volumes. A necessidade
de modelos para as figuras e formas geométricas que estão à nossa volta na
natureza e nas construções provocou a busca de um melhor entendimento das
formas espaciais. Entre árvores e montanhas, vales e planícies, contornando
ou controlando o curso dos rios, o homem construiu templos, pirâmides, cas-
telos, barragens, grandes e pequenas cidades, e as formas geométricas em
suas múltiplas possibilidades foram e são exploradas até os dias atuais.
Ampliar o estudo das figuras geométricas planas e explorar a diversidade
das figuras geométricas espaciais, suas propriedades métricas, áreas e volu-
mes e algumas de suas muitas aplicações será o objetivo deste módulo.
Unidade 1
Polígonos e
Circunferências
Organizadores
Antônio Carlos
Brolezzi A circunferência é, certamente, entre as figuras geométricas, uma das mais
Elvia Mureb utilizadas na vida cotidiana, poderíamos dizer, desde a invenção da roda. Como
Sallum já vimos anteriormente, é definida como o conjunto de pontos de um plano
Martha S. que estão à mesma distância de um ponto fixo, que é o seu centro. Para sua
Monteiro representação gráfica, recorremos ao compasso. O segmento com extremos
em um ponto qualquer da circunferência e o seu centro é um raio.
Elaborador As divisões da circunferência também são muito utilizadas na prática (por
Maria Elisa exemplo, na construção dos relógios ou nas divisões dos mapas astrais e nos
Galvão gráficos tipo “torta” com informações na mídia). Essas divisões estão associ-
adas à construção dos polígonos regulares. Motivaram difíceis problemas re-
lacionados à possibilidade de divisão em um número qualquer de partes iguais.
Vejamos alguns exemplos, baseados nos processos de construção com
régua e compasso que temos utilizado no nosso estudo.
Tomando o segmento como raio, podemos traçar duas circunferências:
uma com centro no ponto A e outra com centro no ponto B. Essas circunferên-
cias se encontram em pontos que denominamos P e Q, conforme a figura.
O triângulo ∆PAB é um dos triân-
(Fonte: http://www.pakaritampu. gulos congruentes obtidos com essa
com/galeria/pages/circles.htm) construção. Como todos os seus lados
são raios das respectivas circunferên-
cias, seus comprimentos são todos
iguais e temos um triângulo eqüilátero.
Conseqüentemente, todos os ângulos
desse triângulo têm a mesma medida:
60o. Se traçarmos novas circunferên-
cias com o mesmo raio e centros
nos pontos P, Q e R, como na figura a seguir,
teremos uma seqüência de pontos P, Q, R, S
que, juntamente com os pontos A e B, dividi-
(Fonte: http://www.artil.com/html/
rão a circunferência em seis partes iguais, cor-
body_bycicles.html) respondentes a ângulos com o vértice A em
comum, todos medindo 60o.
Temos, assim, o procedimento para dividir
a circunferência em seis partes iguais, utilizan-
do régua e compasso. Podemos, a partir desses
pontos de divisão, obter várias figuras geomé-
tricas interessantes, em que os padrões
poligonais podem ser identificados.
(Fonte:http://www.morethanbooks.
ca/CDN/item154.htm)
-
-
TIRANDO FOTOGRAFIAS
A lente de uma máquina fotográfica tem um ângulo de abertura fixo, que
nos permite uma visão limitada do objeto fotografado, dependendo da posi-
ção em que nos colocamos.
Na figura abaixo, à esquerda, observamos que quando nos aproximamos
de uma cena, para que a vejamos totalmente temos que ter um ângulo de
visão maior do que quando nos afastamos dela.
Por outro lado, a figura à direita sugere uma pro-
priedade importante de pontos de um arco de cir-
cunferência: quando variamos o ponto sobre o arco,
a medida do ângulo é a mesma, e podemos fotogra-
far a cena toda, aproveitando a abertura fixa da câ-
mara fotográfica, em qualquer posição sobre o arco.
Para entender essa propriedade, vamos consi-
derar ângulos inscritos em uma circunferência, que
são ângulos que têm o vértice sobre a circunferên-
cia e lados contidos em duas cordas que têm como
extremidade comum esse vértice.
-
COMO DETERMINAR A
POSIÇÃO DE UM NAVIO
A bordo de um navio em alto mar, avis-
tamos três pontos conhecidos na costa e
conseguimos medir o ângulo de visão para
cada par de pontos, como na figura acima.
Vejamos um esboço da solução: na figu-
ra abaixo, os pontos A, B e C representam os
pontos de referência (que podem ser os fa-
róis) na costa e o ponto N representa a locali-
zação do navio (que queremos determinar).
Vamos supor que o ângulo de visão
quando os pontos de referência são A e B é
29,3o e é 17,1o quando os pontos de refe-
rência são B e C . O navio estará em algum
ponto do arco capaz do segmento de
medida 29,3 o e também em algum ponto
do arco capaz do segmento de medida
17,1o. A intersecção dos dois arcos dá a posição do navio!
ALGUNS EXEMPLOS
1. Na figura ao lado, calcular a medida dos ân-
gulos ∠CAD e ∠AEB:
Lembrando a propriedade acima,
M (∠CAD) = ( m (∠COB)) /2 = 28º.
Da mesma forma, m (∠AEB) = m (AB) / 2 =
17 30’ ou 17,5o.
o
-
Dada uma circunferência no plano, uma reta qualquer desse plano pode ser:
- tangente à circunferência, se a encontra num único ponto;
- secante à circunferência, se na intersecção com a circunferência temos
dois pontos distintos;
- exterior à circunferência, se a intersecção for vazia.
Podemos também verificar que:
- a distância d1 entre a reta tan-
gente t e o centro O é igual ao com-
primento OT do raio;
- a distância d 2 entre a reta
secante r e o centro O é menor que
o comprimento OT;
- a distância d3 entre a reta ex-
terior s e o centro O é maior que o
comprimento OT.
A distância do centro de uma circunferência a um corda
, seu raio R e o comprimento l da corda, pelo teorema
de Pitágoras, verificam (na figura ao lado): R 2 = ( l / 2) 2 + d 2
TANGENTES E SECANTES
Por um ponto P externo à circunferência, consideremos uma reta tangente
e uma secante, que intersecta a circunferência em A e B. Temos as seguintes
propriedades:
Um bom exercício
será a verificação dessas
- para os ângulos: propriedades. A primei-
∠TPB) = (m (∠
m (∠ ∠TOB) – m (∠ ∠TOA)) / 2 ra usa as definições de
- para o comprimento dos segmentos: ângulo e a segunda a se-
PT 2 = PA . PB melhança (AA) dos triân-
gulos ∆PAT e ∆PTB.
- para os ângulos:
m (∠∠BPC) = (m (∠ ∠BOC) + m (∠
∠DOA)) /2
- para o comprimento dos segmentos:
PA . PB = PC . PD
-
a)
b)
c) 1
d) 4
e) 5
OS POLÍGONOS E O COMPRIMENTO DA
CIRCUNFERÊNCIA
Foi um grande desafio na história da Matemática encontrar a relação entre
o comprimento da circunferência e o seu raio, de modo a determinar o com-
primento dessa curva.
Os babilônios usavam, em aproximadamente 2000 a.C., que o compri-
mento da circunferência era o triplo do seu diâmetro. Um pouco mais tarde,
aparece também o multiplicador 3 1/8, isto é, usava-se que o comprimento da
circunferência era 25/8 do seu diâmetro. Supõe-se que esses multiplicadores
eram calculados diretamente através das medidas desses comprimentos. Em
um tablete de argila babilônico, encontram-se cálculos de comprimentos de
lados de polígonos regulares de três e sete lados e tentativas de melhorar as
estimativas acima. Já nos papiros egípcios, relacionada a um cálculo de área
ou seja,
S=s.R
Sendo 2π o comprimento da circunferência de raio unitário, se o raio da
circunferência é R, seu comprimento C será C = 2 π R.
Agora faça você:
1. Uma pista circular para ciclismo tem um raio de 150
m. Um ciclista deu 500 voltas nessa pista. Quantos metros
ele percorreu?
2. Na mesma pista do primeiro exercício, deve ser dis-
putada uma prova cujo percurso deve ter 40 quilômetros.
Quantas voltas, no mínimo, deverão ser previstas para a
prova?
3. Um circuito para corrida de carros tem o formato da
figura abaixo. Quantos metros tem o circuito, se os trechos
de reta tangenciam os trechos circulares?
Unidade 2
Áreas
Organizadores
Antônio Carlos
Na Antigüidade, a necessidade do cálculo de áreas estava ligada ao pro- Brolezzi
blema de divisão de terras. É bem conhecida a história de que as cheias do rio Elvia Mureb
Nilo desfaziam as demarcações entre as terras ao longo de suas margens; para Sallum
refazê-las, eram necessários cálculos e medidas de área. Martha S.
Hoje, precisamos, por exemplo, decidir quantas caixas de lajotas são ne- Monteiro
cessárias para trocar o piso da garagem ou quanto tecido devemos comprar
para confeccionar cortinas para a sala de aula. Para a resolução desses proble- Elaboradora
mas, faz-se necessário o conceito de área de figuras planas. Cláudia Cueva
Uma figura plana poligonal ou uma região poligonal é a reunião de um Candido
polígono convexo com seu interior. Para simplificar, em vez de falarmos em
área da região quadrada ou da região triangular, falaremos em área de quadra-
do, triângulo e assim por diante.
Intuitivamente, a área de uma região é a medida associada à quantidade
do plano que ela ocupa. Quando observamos que duas regiões têm áreas iguais
ou que a área de um terreno é maior do que a área de um outro, estamos
fazendo comparações entre essas medidas.
Para calcular a área de uma região R, devemos compará-la com uma unida-
de de área escolhida como padrão. O número de vezes que a unidade
de área cabe em R será sua área. Adotamos, usualmente, o quadrado Uma unidade de área
de lado igual a uma unidade de comprimento como unidade de área;
isto é, estabelecemos a convenção de que a área do quadrado de lado
igual a uma unidade é igual a 1.
A unidade de medida de área usual é o metro quadrado, m², ou suas sub-
divisões dm², cm², conforme os comprimentos sejam dados em m, dm ou cm.
Um quadrado de lado com medida igual a n, n natural, tem área igual a n²,
pois pode ser decomposto em n² quadrados de lado 1.
ÁREA DO RETÂNGULO
No retângulo de base 5 e Consideremos um retângulo R. Se os lados de R
altura 3 cabem 15 quadra- têm medidas m e n, m e n naturais, então cabem, em
dos de lado 1. R, mn quadrados de lado 1, de modo que se tem
Logo, sua área é igual a 15. área de R= mn.
De modo geral, se um retângulo tem lados de
medidas a e b (reais), a sua área é igual a ab, isto
é, o produto de seus lados. É comum renome-
R: retângulo de armos os lados de um retângulo de base e altura
lados a e b e, então, dizermos que a área do retângulo é o
Área de R = ab produto de sua base por sua altura.
ÁREA DO PARALELOGRAMO
Seja ABCD um paralelogramo, isto é, um quadrilátero que tem lados para-
lelos dois a dois. Para encontrarmos uma expressão para a área, vamos de-
compor e depois recompor a figura.
Chamaremos um dos lados , por exemplo, de base, e denotaremos por
b a sua medida. A altura h é o comprimento do segmento perpendicular a
pelo ponto C. Considere agora o retângulo EFCD, onde F é tal que é
paralelo a . Note que o triângulo CAE é congruente ao triângulo DBF (qual
é o caso de congruência e por quê?) e, portanto, o paralelogramo ABCD é
-
ÁREA DO TRIÂNGULO
P: paralelogramo de base b e altura h
Para calcular a área de um triângulo, Área de P = bh
basta observar que todo triângulo é equiva-
lente à metade de um paralelogramo. A idéia aqui utiliza-
da é compor um paralelogramo a partir de dois triângulos
congruentes ao original.
T: triângulo de base
Seja ∆ABC o triângulo de base AB = b e altura h, da
b e altura h
figura, e seja D tal que é paralelo a e é para-
Área de T =
lelo a . Observe que ABCD é um paralelogramo e que
a soma das áreas dos triângulos ∆ABC e ∆DCB é igual à
área do paralelogramo ABCD. Verifique que os triângulos
∆ABC e ∆DCB são congruentes e con-
clua que a área de cada triângulo é Observe, na f igura ao
metade da área do paralelogramo com lado, que todos os triân-
mesma base e mesma altura. gulos com base
e o terceiro vértice so-
Agora faça você bre uma reta paralela a
1. Verifique que a área A do triân- têm a mesma área,
gulo eqüilátero de lado l é dada por pois todos têm a mesma
altura.
.
2. Um retângulo com 34 cm de perímetro tem 52 cm² de área. Quais as
medidas de seus lados?
3. Calcule a área de um quadrado no qual a diferença entre as medidas de
uma diagonal e de um lado é igual a 2 cm.
4. Um quadrado é equivalente a um retângulo de dimensões 10 e 15. Qual
a medida do lado desse quadrado?
5. Calcule a área de um triângulo retângulo ∆ABC, de cateto AB = 11
cm e hipotenusa BC = 15 cm.
6. Calcule a área do triângulo EAD inscrito no retângulo ABCD de
área 96 cm² da figura ao lado.
ÁREA DO TRAPÉZIO
Seja ABCD um trapézio com
lados e paralelos, de me-
didas AB = b 1 e CD = b 2 e com
altura h. Para calcular sua área ,
vamos dividi-lo em dois triân-
gulos: T 1 de base b 1 e altura h e
T 2 de base b 2 e altura h. A área Tra: trapézio de bases b1 e b2 e altura h.
do trapézio é a soma das áreas
Área de Tra =
dos dois triângulos:
ÁREA DO LOSANGO
Um losango é um paralelogramo cujos lados são congruentes. Logo, uma
vez conhecida a medida do lado e a altura relativa a esse lado, sua área é dada
pelo produto da base pela altura.
Vamos ver, agora, como fazer para calcular a área de um losango se sou-
bermos as medidas de suas diagonais d1 e d2.
Agora faça você
A idéia é decompor o losango L, da figura, em quatro triângulos congru-
entes e somar suas áreas. Para isso você terá que verificar
que:
1. Se ABCD é paralelogramo, as diagonais e cor-
L: losango com tam-se no ponto médio.
diagonais d1 e d2. 2. As diagonais de um losango são perpendiculares.
3. Os quatro triângulos da figura são congruentes.
Área de
4. A área de cada triângulo é .
5. Área de
OUTROS POLÍGONOS
Uma região poligonal pode ser decom-
posta de várias maneiras diferentes e o cál-
culo de área depende dos dados de que dis-
pomos. Sempre é possível dividir uma re-
gião poligonal em regiões triangulares, mas,
muitas vezes, isso não facilita as contas.
Exemplo: Para calcular a área de um ter-
reno foram tomadas algumas medidas, como
podemos ver na figura ao lado, à esquerda.
Com essas medidas, podemos calcular a
área A decompondo a figura em três partes: um triângulo, um retângulo e um
trapézio. Fazendo as contas,
e obtemos A = 4.887,5 m2.
O cálculo seria diferente (chegando ao mesmo resultado!) se tivéssemos
feito outra decomposição, como, por exemplo, a da figura da direita.
POLÍGONOS REGULARES
Um polígono regular é um polígono com todos os lados congruentes e
todos os ângulos congruentes.
Para fazermos o cálculo de área de um polígono regular de n lados, pode-
mos decompô-lo em n triângulos isósceles congruentes, cada um deles com
um vértice no centro da circunferência circunscrita ao
P: polígono de lado polígono.
l e apótema ap Se A e B são dois vértices consecutivos do polígono
e O é o centro da circunferência em que estão inscritos
Área de os vértices, chamamos de apótema do polígono regular
a medida da altura do triângulo AOB relativa ao lado .
Denotando por l a medida do lado e por ap o apótema, a
área de cada triângulo isósceles é .
-
obtemos .
-
POLÍGONOS SEMELHANTES
Se a razão entre os lados correspondentes P ~ P´
de dois polígonos semelhantes é k, então a ra- Área P = k² Área P´
zão entre suas áreas é k².
Basta notar que todo polígono convexo com
mais de três lados pode ser decomposto em tri-
ângulos.
De modo geral: se a razão de proporcionalidade en-
tre os lados correspondentes de duas figuras seme- Polígono P
lhantes é k, então a razão entre suas áreas é k². Polígono P´
área do ∆ABC = α.
então:
área do ∆ABC = .
Não vamos apresentar a demonstração desta fórmula, pois ela é trabalhosa.
Em seguida, construímos
uma semi-circunferência com
diâmetro e prolongamos
o segmento até encontrar
a semi-circunferência em C´.
O triângulo ∆AC´B´ é retân-
gulo em C´, conforme vimos
na Unidade I, e é altura
relativa à hipotenusa.
Então, (BC´)² = mn e o
quadrado com lado de medi-
da igual BC´ é o quadrado
procurado.
-
Exercícios:
1. Um agrimensor determinou a área de um lote de terra ABCDE, cujo
diagrama está ao lado. Ele traçou a reta paralela à direção norte-sul por E e as
retas paralelas à direção leste-oeste por A, B, C e D. Descobriu que AO = 37m,
BR = 47m, CQ = 42m, DP = 28m, PQ = 13m, QE = 7m, ER = 19m e RO=18m.
Com esses dados, ele encontrou a área que queria. Calcule-a, agora, você.
2. Encontre uma expressão para a área de um retângulo em termos de sua
diagonal d no caso em que a diagonal é o dobro da altura.
3. A área de um retângulo é 36 cm² e sua base excede de 5 cm sua altura.
Determinar a altura do retângulo.
4. Determine as dimensões de um retângulo com 108 cm² de área, sendo
a base igual ao triplo da altura.
5. As bases de um trapézio isósceles medem, respectivamente, 3 cm e 8 cm.
Determinar a área desse trapézio sabendo que seu perímetro é igual a 24 cm.
6. A base maior de um trapézio é igual ao triplo da outra. Determinar as
medidas dessas bases sendo 60 cm² a área do trapézio e 5cm a altura.
7. (MAPOFEI- 74) – As diagonais de um paralelogramo medem 10 m e
20 m e formam um ângulo de 60°. Achar a área do paralelogramo.
-
ÁREA DO CÍRCULO
Há cerca de 2.500 anos atrás os gregos já sabiam encontrar a área de qual-
quer polígono dividindo-o em triângulos, como na figura, e somando, em se-
guida, as áreas obtidas. No entanto, é muito mais difícil achar a área da região
limitada por uma figura curva, como, por exemplo, um círculo, ou seja, a região
limitada por uma circunferência. Os antigos gregos usavam, nesse caso, o cha-
mado método da exaustão, que consistia em inscrever e circunscrever a figura
com polígonos e então aumentar o número de lados deles.
A figura ilustra esse procedimento no caso de um círculo com polígonos
regulares inscritos.
Seja An a área do polígono com n lados. À medida que
aumentamos n, fica evidente que An ficará cada vez mais
próxima da área do círculo. Podemos dizer que a área do
círculo é o limite das áreas dos polígonos inscritos. Os gre-
gos não usavam explicitamente limites, mas por um raciocí-
nio indireto, Eudoxo (século V a .C.) usou a exaustão para
provar que a área do círculo de raio r é A = πr².
Para chegar à conclusão de Eudoxo, basta lembrar que a área do
polígono regular de n lados de medida igual a l e apótema a é:
e observar que nl é o perímetro do polígono. À medida
que aumentamos o número n de lados do polígono, o perímetro do
polígono nl aproxima-se do perímetro 2πr da circunferência em que
ele está inscrito, e o apótema a aproxima-se do raio da circunferência.
Então, a área An aproxima-se de πr².
b)
c)
d)
e)
-
Unidade 3
Geometria espacial
Organizadores
Antônio Carlos Quando estudamos Geometria Espacial, buscamos
Brolezzi estudar modelos para as figuras e formas geométricas que
Elvia Mureb
estão à nossa volta, na natureza e nas construções, com as
Sallum quais interagimos desde os tempos mais remotos. Entre
árvores e montanhas, vales e planícies, contornando ou
Martha S. controlando o curso dos rios, o homem construiu tem-
Monteiro plos, pirâmides, castelos, barragens, grandes e pequenas
Elaboradora cidades, onde as formas geométricas em suas múltiplas
Maria Elisa possibilidades foram e são exploradas até os dias atuais.
Galvão Os favos das abelhas e as estruturas dos cristais nos
dão belíssimos exemplos. Da esfera celeste dos antigos às
estruturas poliédricas utilizadas para descrever modelos
atômicos, as várias formas geométricas que estudaremos
estão presentes sob diversos aspectos.
A organização desse estudo se apresenta sob dois as-
pectos distintos: a Geometria Métrica e a Geometria de
Posição. Vamos analisar alguns exemplos que podem ser
utilizados para introduzir o estudo da Geometria Espacial
em cada uma dessas direções. Começaremos escolhendo as figuras geométri-
cas mais simples da Geometria Plana para construir as figuras espaciais.
OS TETRAEDROS
Os tetraedros são figuras geométricas que podem ser construídas reunin-
do-se adequadamente quatro triângulos. Podemos chamá-los também de pirâ-
mides triangulares.
Utilizando a construção do triângulo equilátero que já conhecemos e, so-
bre cada um de seus lados, tomando novos triângulos também eqüiláteros,
conforme a figura abaixo, temos uma planificação (isto é, uma representação
plana) para a superfície do chamado tetraedro regular. Recortando a figura
obtida, podemos construir um modelo espacial para esse tetraedro.
A terceira figura ao lado ilustra a estrutura
da molécula de metano, cuja fórmula é CH4.
O átomo de carbono está no centro do tetraedro
e as quatro moléculas de hidrogênio dispostas
em seus quatro vértices.
-
-
Tetraedro Regular Hexaedro Regular Octaedro Regular Icosaedro Regular Dodecaedro Regular
(fogo) (terra) (ar) (água) (Esfera Celeste)
2. Sabe-se que um poliedro convexo tem dez vértices triédricos (ou seja, vér-
tices em que se encontram três arestas). Calcule:
a) o número de arestas; b) o número de faces.
3. Calcule a soma dos ângulos das faces de um poliedro convexo que tem seis
faces quadrangulares.
-
POLIEDROS ARQUIMEDIANOS
Também chamados de semi-regulares, os po-
liedros arquimedianos podem ser obtidos cortan-
do-se os poliedros regulares por planos à mesma
distância dos vértices. Temos alguns exemplos nas
figuras ao lado.
Um exemplo importante de poliedro arquimediano é
o chamado icosaedro truncado, obtido cortando-se as ares-
tas de um icosaedro à mesma distância dos vértices. Como
temos cinco triângulos (ou cinco novas arestas) em cada
vértice, as f iguras resultantes nesses cortes serão
pentágonos e hexágonos.
Os vértices desse poliedro estão associados à distribuição dos átomos da
molécula do Carbono 60 (C 60). Também encontramos essa combinação nas
bolas de futebol, como vemos na ilustração abaixo. Para
fazer uma bola, deveremos cortar hexágonos e pentágonos
de couro ou outro material equivalente, e depois uni-los
por costuras.
Ao lado, temos um modelo para a planificação da bola
de futebol.
Construa:
Fonte: Podemos montar um prisma triangular reto usando a planificação a seguir.
www.evsc.virginia.edu
Construa planificações para outros tipos de prisma reto.
www.johnrausch.com
www.prism.gatech.edu Os prismas com os quais convivemos mais freqüentemente têm por base
um paralelogramo PQRS, como os das figuras abaixo, e são particularmente
denominados paralelepípedos.
Quando todas as faces são retângulos, temos o paralelepípedo que é cha-
mado reto-retângulo, comumente encontrado em construções, embalagens e
caixas que utilizamos no dia a dia. O cubo é um especial prisma, ou ainda, um
especial paralelepípedo reto-retângulo.
Muitas vezes, precisamos obter dados que envolvem as medidas
de um paralelepípedo reto-retângulo. Quando vamos fazer as instala-
ções elétricas ou de cabos para telefone ou televisão, interessa-nos
gastar o mínimo possível. Para fazer esses cálculos, precisamos saber
V = a3 unidades V = a..b.c unidades
calcular os comprimentos dos vários segmentos que ligam pontos con-
de volume de volume tidos nas faces, e o teorema de Pitágoras será bastante utilizado.
a) b) c) d) e)
-
Calcule agora:
1. Em um paralelepípedo reto-retângulo de largura 2 dm e comprimento
dm, uma diagonal mede 5 dm. Calcule a altura desse sólido.
2. (Fuvest) No paralelepípedo reto-retângulo da figura, sabe-se que
AB = AD = a, AE = b e que M é a intersecção das diagonais da face
ABFE. Se a medida de também é igual a b, o valor de b será:
a) b) c) d) e)
-
-
PARALELEPÍPEDOS Investigue
Um pilha de papel sulfite nos proporciona uma maneira simples e infor- Uma garrafa de bebida
mal de observar o que ocorre com os volumes dos paralelepípedos oblíquos. com 30 cm de altura tem
Deslizando as folhas umas sobre as outras, a pilha originalmente empacotada uma miniatura perfeita-
como um paralelepípedo retângulo pode se transformar em um paralelepípe- mente semelhante com
do oblíquo, ou ainda em sólidos com formas muito diferentes. O volume, no 10 cm de altura. Se a mi-
entanto, não muda, o que nos leva a supor que, de fato, o volume do paralele- niatura tem 50 ml de vo-
pípedo depende somente da área da sua base (a folha de papel, no nosso lume, qual é o volume da
exemplo) e da altura (ou seja, do número de folhas que empilhamos). garrafa original?
PRISMAS
Para obter o volume de um prisma, começamos com o prisma triangular.
O triângulo ∆ABC de sua base pode ser considerado como a metade de um
paralelogramo ABDC, e o prisma triangular será uma das duas partes congru-
entes obtidas na secção do paralelepípedo cuja base é esse paralelogramo e
com a mesma altura do prisma.
O volume do prisma triangular será a metade do volume do paralelepípe-
do; como altura é a mesma, teremos:
O volume de um prisma triangular é o produto da área da sua base
pela altura.
Já vimos que, tomando as diagonais com origem no mesmo vértice de
polígono qualquer, podemos dividi-lo em triângulos, e um prisma qualquer
pode ser considerado como a reunião de prismas triangulares. Isso nos permi-
te concluir que:
O volume de um prisma é o produto da área da base pela altura.
PIRÂMIDES
Para obter o volume de uma pirâmide, vamos explorar uma relação
interessante que existe entre prismas e pirâmides triangulares. Um bom exer-
cício é tentar fazer essa divisão utilizando uma barra de sabão ou um prisma
feito com massa de modelar.
O prisma triangular pode ser dividido em três pirâmi-
des que, duas a duas, têm bases congruentes e a mesma
altura. Uma divisão está esboçada na figura acima, e as
três pirâmides estão destacadas ao lado.
Vamos estudar especialmente a secção de uma pirâmide
por um plano paralelo à sua base, como na figura abaixo:
O Teorema de Tales da Geometria Plana pode também
ser provado no contexto da Geometria Espacial, e temos as-
sim condições de afirmar que planos paralelos determinam
segmentos proporcionais ao interceptarem retas no espaço.
No caso da pirâmide seccionada por um plano parale-
lo à sua base, as proporcionalidades que vêm do Teorema
de Tales nos permitem concluir que a razão a’ / a entre os
comprimentos a’ e a dos lados da base e do triângulo do
-
2. (PUC-SP) Um octaedro regular tem volume m². Uma diagonal desse só-
lido, em metros, mede:
a) 1 b) c) d) 2 e) 2
CILINDROS E CONES
Passando para os corpos redondos (cilindros e cones), para calcular o seu
volume utilizamos o antigo método de exaustão, baseado nas idéias de Eudoxo,
um geômetra grego que viveu por volta do século IV a.C. Baseado no príncipio
de que os polígonos regulares inscritos fornecem uma aproximação para a cir-
cunferência e suas áreas para a área do círculo, consideramos os prismas e
Volume do cilindro: V = π R2 H
Volume do cone: V = π R2 H / 3
4. Uma lata cilíndrica contém um líquido que deve ser distribuído em recipi-
entes, também cilíndricos, cuja altura é um quarto da altura que o líquido
ocupa na lata e cujo diâmetro da base é um terço do diâmetro da base da lata.
Quantos recipientes serão necessários?
5. (FUVEST) Uma metalúrgica fabrica barris cilíndricos de dois tipos, A e B,
cujas superfícies laterais são moldadas a partir de chapas metálicas retangula-
res de lados a e 2 a, soldando lados opostos dessas chapas, conforme ilustrado
ao lado.
Se VA e VB indicam os volumes dos barris do tipo A e B, respectivamente,
tem-se:
a) VA = 2 VB b) VB = 2 VA c) VA = VB d) VA = 4 VB e) VB = 4 VA
6. Um cilindro oblíquo tem raio das bases igual
a 1, altura 2 e está inclinado de um ângulo
de 60o (ver figura) O plano b é perpendicular
às bases do cilindro, passando pelos seus cen-
tros. Se P e A são os pontos representados na
figura, calcule PA.
7. (FUVEST) Um setor circular com ângulo central θ (0 < θ < 2π) é recortado
de um círculo de papel de raio R (ver figura ao lado). Utilizando o restante do
papel, construímos a superfície lateral de um cone circular reto. Determine,
em função de R e θ:
a) o raio da base do cone; b) o volume do cone.
8, (CESGRANRIO) Para construir uma piscina cilíndrica, com
fundo circular, cava-se, num terreno plano, um buraco com
raio R e profundidade R/4. A terra fofa, retirada do buraco,
ocupa um volume 20% maior que o do buraco cavado e é
amontoada na forma de um cone circular reto. Supondo que o
-
raio r da base do cone é igual à sua altura, então a melhor aproximação da razão
r / R é:
a) 1/2 b) 1 c) 1,2 d) π/2 e)
O VOLUME DA ESFERA
O grande matemático Arquimedes, que viveu en-
tre 287 e 212 a.C., calculou o volume da esfera com-
parando-a com um cilindro e um par de cones (tam-
bém chamado cone de duas folhas) de uma forma bas-
tante engenhosa, pois originalmente ele estabeleceu
uma relação de equilíbrio entre esses sólidos.
A comparação das áreas de uma secção de uma esfera de raio R, um cilin-
dro de raio R e altura 2R e dois cones de raio R e altura R, por um plano
perpendicular à geratriz do cilindro e ao diâmetro da esfera, conforme ilustra
a figura abaixo, nos dá:
Área da secção da esfera: Ae = π (R2 – h 2)
Área da secção do cilindro: Acil = π R2
Área da secção do cone: Acone = π h 2
a) 8 b) 6 c) 8 d) 4 e) 6
Bibliografia
O’Daffner, C. Geometry, an investigative approach. Addison Wesley, 1976.
Dolce, O.; Pompeo, J. N. Geometría Espacial. Col. Fundamentos da Mate-
mática Elementar, vol. 10.
Dolce, O., Pompeo, J.N.,Geometria Plana, Col. Fundamentos de Matemática
Elementar, Vol. 9, Ed. Atual, 1998.
Downs, F. L. Jr., Moise, E. E. , Geometria Moderna, Vol.1, Ed. Edgard
Blücher, 1971.
Kaleff, Ana M. M. R. Vendo e Entendendo Poliedros. EdUFF, 1998.
Kutepov, A.; Rubanov, A. Problems in Geometry. Ed. Mir, 1975.
Lima, E. L. et al. A Matemática no Ensino Médio. Col. do Professor de
matemática, SBM, 2000.
Lima, E. L., Áreas e Volumes, Col. Fundamentos de Matemática Elementar,
Sociedade Brasileira de Matemática, 1979.
Nichols, E. D., Palmer, W. F., Schacht, J. F., Geometria Moderna, Compañia
Editorial Continental, S.A., 1971.
Lopes, J. M.; Lotufo, V. Geodésicas e Cia. Ed. Projeto.
Shuvalova, E. Z. Geometry. Ed. Mir, 1980.
Smart, J. R. Making connections by using molecular models in Geometry.
Math. Teacher, January, 1994.
Schattschneider, D.; Walker, W. Caleidociclos de M. Escher. B. Taschen,
1991.
Sortais, R; Sortais, Y. Géométrie de l’espace et du plan. Hermann, 1995.
Stoessel, Wahl. The orthotetrakaikahedron – a cell model for Biology clas-
ses. Math. Teacher, March 1977, 244-247.
Endereços na Internet:
http://ccins.camosun.bc.ca/~jbritton/jbpolyhedra.htm
http://www.teleport.com/~tpgettys/poly
http://www.li.net/~george/virtual-polyhedra
http://www.fkf.mpg.de/anderssen/fullerene/intro.html
Sobre as autoras
Cláudia Cueva Candido
Docente do Departamento de Matemática do Instituto de Matemática e Esta-
tística da USP, onde fez bacharelado em Matemática, além de mestrado e douto-
rado na área de Geometria Diferencial. Atualmente, é membro da diretoria do
Centro de Aperfeiçoamento de do Ensino da Matemática (CAEM) do IMEUSP.
Matemática
Geometria Analítica
Organizadores
Antônio Carlos Brolezzi
Martha S. Monteiro
Elaboradora
Maria Elisa Esteves Lopes Galvão 6
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
1
SCHOENFELD A. H. “Learning to think mathematically: Problem solving, metacognition and sense
making in mathematics”. In: D. A. Grouws (Ed.). Handbook of research on mathematicas teaching and
learning. p. 334-370. Nova Iorque: MacMillan, 1992.
Apresentação
do módulo
Em 1637, o matemático e filósofo francês Renée Descartes publicou seu
grande trabalho O Discurso sobre o Método, em que são estabelecidas as
bases filosóficas de seu método para o estudo das ciências, o chamado méto-
do cartesiano, até hoje presente na organização do conhecimento em muitas
áreas. No apêndice, Descartes ilustra o seu método apresentando a “Géométrie”,
que foi o passo inicial no estabelecimento de relações mais estreitas entre a
Álgebra e a Geometria. O trabalho contém uma teoria para equações algébri-
cas associadas a curvas planas – por exemplo, equações de segundo grau
associadas a parábolas.
Alguns anos mais tarde, um outro matemático francês, Pierre Fermat, pu-
blicou um trabalho onde também relacionou equações a retas, às curvas que
chamamos cônicas e a outras curvas até então pouco conhecidas. Tem-se re-
gistros de que as idéias iniciais de Fermat sobre a Geometria Analítica são, na
verdade, anteriores ao trabalho de Descartes, mas esses registros só foram
encontrados e publicados em 1769, após a sua morte.
A Geometria Analítica, trata, portanto, desde a sua origem, das relações
entre as equações algébricas e os objetos geométricos, buscando a simplifica-
ção técnica dos problemas geométricos e a interpretação geométrica dos re-
sultados obtidos nos cálculos algébricos. Os cálculos e a descrição dos obje-
tos geométricos ficam mais simples com os recursos algébricos da teoria das A nomenclatura da Geo-
matrizes associados aos processos de resolução de equações. metria Analítica (coorde-
nadas, abscissas, ordena-
As técnicas da Geometria Analítica desempenham um papel fundamental
das, etc.) foi introduzida
ainda hoje, por exemplo, no desenvolvimento da Computação Gráfica. As por Leibniz, que se ins-
telas dos nossos computadores são modelos da estrutura do plano cartesiano pirou na terminologia
com um número finito de pontos, que é sempre mencionado quando escolhe- adotada pelos gregos
mos a configuração da tela. Aumentando o número de pontos, melhoramos a em seus cálculos geomé-
qualidade da imagem do monitor ou da impressão dessa imagem. Nas muitas tricos. As bases da Geo-
utilizações de recursos de imagens, como na tomografia ou na localização metria Analítica estão,
por satélite, essa organização é fundamental para uma interpretação precisa portanto, contidas nos
dos resultados obtidos. trabalhos desses três
grandes matemáticos -
Este módulo será dedicado ao estudo das técnicas básicas da Geometria Descartes, Fermat e
Analítica, passando pelas equações das curvas elementares e destacando al- Leibniz - e foram poste-
gumas de suas aplicações. riormente adotadas por
Euler ao formalizar o
conceito de função.
Unidade 1
Barquinho Pinheiro
-
Palhaço Elipse
d (P, Q) = PQ = |x – y|
logo, temos:
b – m = m – a, ou a + b = 2m,
ou ainda, m=
2o quadrante 1o quadrante
x < 0, y > 0 x > 0, y > 0
3o quadrante 4o quadrante
x < 0, y < 0 x > 0, y < 0
-
(m1, m2) = ,
2. Represente os conjuntos:
a) {(x, 3) | x ∈ R} f) {(x, y) | x = y} (bissetriz do pri-
b) {(1, y) | y ∈ R} meiro e terceiro quadrantes)
c) {(x, y ) | y > 3} g) {(x, y) | y = – x} (bissetriz do se-
gundo e quarto quadrantes)
d) {(x, y) | x < 1}
h) {(x, x + 2) | x ∈ R}
e) {(x, y) | y > – 3}
12. Dois vértices de um quadrado têm coordenadas (2, 1) e (2, 5). Encontre os
outros dois vértices. Dê todas as respostas possíveis.
-
a) A = c) A = e) A =
b) A = d) A =
Calculando distâncias
Para continuar o trabalho com Geometria Analítica precisamos da expres-
são para a chamada distância euclidiana entre dois pontos P1 e P2.
Fixado um sistema de ortogonal de coordenadas, sejam (x1, y1) e (x2, y2) as
coordenadas dos pontos P1 e P2, respectivamente. Indicando por d (P1, P2) ou
simplesmente P1P2 a distância entre P1 e P2 , o teorema de Pitágoras, nos dá:
ou seja,
d(P1, P2) = P1 P2 =
-
Figura 1 Figura 2
11. Sabendo que o triângulo ∆ABC da figura 2 é retângulo, com o ângulo reto
no vértice C, encontre o valor de m.
13. Sabendo que o ponto P = (x, y) está mais próximo do ponto A = (1, 0) do
que do eixo das ordenadas, encontre a inequação que relaciona x e y.
14. (Fuvest 2004) Duas irmãs receberam como herança um terreno na forma
de um quadrilátero ABCD, representado abaixo em um sistema de coordena-
das. Elas pretendem dividi-lo construindo uma cerca perpendicular ao lado
passando pelo ponto P = (a, 0).
O valor de a para que se obtenham dois lotes de uma mesma área é:
a) –1
b) 5 – 2
c) 5–2
d) 2+
e) 5+2
Barquinho Pinheiro
tg α =
-
Condição de alinhamento
Se tivermos três pontos, estes pontos estarão alinhados, isto é, pertencerão
à uma mesma reta, se e somente se o coeficiente angular da reta por P1 e P2
coincidir com o coeficiente angular da reta por P2 e P3 , já que essas duas retas
devem coincidir.
Temos então:
tg α = =
Efetuando os produtos em
(y2 – y1) . (x3 – x2) = (x2 – x1) . (y3 – y2)
teremos:
(x2 y3 – x3 y2) – (x1 y3 – x3 y1) + (x1 y2 – x2 y1 ) = 0
M=
x2 y1 x3 y2 x1 y 3 x2 y3 x2 y1 x1 y2
=0
4. Para que valores de k os pontos cujas coordenadas são A = (2, 3), B = (5, 4)
e C = (1, k) são vértices de um triângulo?
EQUAÇÕES DA RETA
Podemos representar graficamente os pontos de uma reta associados ao
gráfico de uma função da forma y = ax + b, mas também podemos associá-los
ao conjunto de soluções de uma equação, como originalmente fizeram Des-
cartes e Fermat. Vamos agora trabalhar nessa direção.
Dados dois pontos distintos P1 e P2 , cujas coordenadas são (x1, y1) e (x2, y2),
para encontrarmos uma equação para a reta por esses dois pontos é suficiente
observar que um ponto P com coordenadas (x, y) pertence a essa reta se e
somente se
=0
-
ax + by + c = 0
2. Dada a reta
=0
y – y 0 = m (x – x 0)
ou
y = m (x – x0) + y0
-
Observe que a equação que você encontrou pode ser escrita na forma
Resumindo
Dados dois pontos P1 e P2 , cujas coordenadas são (x1, y1) e (x2, y2) a equa-
ção da reta por P1 e P2 pode ser encontrada através do cálculo do determinante:
=0
Figura 1
4. Na figura 2, M = (a, a) é o ponto médio do
segmento , A = (2, 6), B = (0, a) e
C = (c, 0). Encontre a equação da reta por B
e C.
Figura 2
Figura 3
6. Se uma reta tem equação geral 3x – y + 3 = 0, encontre sua equação seg-
mentária.
a) b) c)
-
Sistemas lineares e
determinantes –
um pouco de his-
tória
Nos trabalhos de Leibniz,
retas paralelas retas concorrentes por volta de 1678, temos
o processo de resolução
Podemos distinguir as retas paralelas das retas concorrentes comparando de equações lineares eli-
seus coeficientes angulares: minando incógnitas e
identificando o que, mais
- se os coeficientes angulares de duas retas distintas são iguais, então essas tarde, seria o determi-
retas são paralelas; nante. O mesmo proces-
so foi aperfeiçoado por
- se os coeficientes angulares de duas retas distintas são diferentes, então
Maclaurin para sistemas
essas retas são concorrentes.
com três ou quatro in-
Através do teorema de Pitágoras podemos verificar que duas retas concor- cógnitas. Uma regra bem
rentes são perpendiculares se e somente se seus coeficientes angulares m1 e conhecida para a resolu-
m2 são tais que ção de sistemas utilizan-
do determinantes é a cha-
m1 . m2 = – 1 ou m2 = – , se m1 ¹ 0. mada regra de Cramer
(1704-1752); outros de-
POSIÇÕES RELATIVAS DE DUAS RETAS E SISTEMAS senvolvimentos para o
LINEARES seu cálculo foram esta-
belecidos por Sarrus e
As coordenadas do ponto comum a duas retas concorrentes podem ser Laplace (1772), e a teoria
obtidas resolvendo o sistema linear de duas equações e duas incógnitas (S) dos determinantes teve a
formado por equações das duas retas, pois as coordenadas do ponto procura- sua organização e princi-
do devem satisfazer simultaneamente as duas equações. pais propriedades estabe-
lecidas por Vandermond,
a1 x + b1 y + c1 = 0
(S) em 1776.
a2 x + b2 y + c2 = 0
Exemplo 1
Para encontrar o ponto de intersecção das retas de equações x + 2y + 3 = 0 e
y = 1, precisamos resolver o sistema de duas equações e duas incógnitas (x e y):
x + 2y + 3 = 0
y=1
As incógnitas representam as coordenadas do ponto P = (x, y) de intersecção
das duas retas que estamos procurando. Da segunda equação sabemos que
y = 1. Substituindo esse valor de y na primeira equação teremos que:
x + 2 . 1 + 3 = 0, ou seja, x + 5 = 0, o que nos dá a
solução x = – 5.
A solução (única) do sistema é (x, y) = (– 5, 1) e,
portanto, o ponto P de intersecção das duas retas tem
coordenadas P = (x, y) = (– 5, 1).
Esboçando o gráfico das retas dadas, podemos con-
firmar a solução obtida. Confira na figura ao lado.
Exemplo 2
Encontrar as coordenadas do ponto de intersecção das retas x + 2y + 3 = 0
e x – y = 0. Temos, agora, que resolver o sistema:
x + 2y + 3 = 0
(S)
x–y=0
Neste caso, podemos resolver por substituição (deixamos os cálculos para
você) ou podemos trocar o sistema (S) pelo sistema equivalente (S’) obtido
trocando a segunda equação do sistema (S) pela diferença entre a primeira e a
segunda equação.
x + 2y + 3 = 0
(S’)
3y + 3 = 0
Podemos agora resolver equação 3y + 3 = 0 e temos y = – 1. Substituindo
na primeira equação, a solução de x + 2 . – 1 + 3 = 0 será x = – 1. O ponto de
intersecção das duas retas é P = (x, y) = (– 1, – 1).
Esboce agora o gráfico das retas para conferir geometricamente a solução
obtida.
-
Exemplo 3
Vamos agora encontrar o ponto de intersecção das retas x + 2y + 3 = 0 e
2x + 4y – 1 = 0.
Para resolver o sistema
x + 2y + 3 = 0
(S)
2x + 4y – 1 = 0
neste caso vamos trocar o sistema (S) pelo sistema (S’), trocando a primeira
equação de (S) por duas vezes ela mesma.
2x + 4y + 6 = 0
(S’)
2x + 4y – 1 = 0
Trocando a segunda equação pela diferença entre as duas equações de
(S’) obtemos
2x + 4y + 6 = 0
(S’’)
0x + 0y + 7 = 0
e, neste caso, chegamos a um absurdo; não podemos encontrar números x e y
que tornem possível 0.x + 0.y + 7 = 0.
Como interpretar esse resultado?
Trata-se de um sistema impossível (isto é, para o qual não existe solução).
Geometricamente podemos verificar que as retas descritas pelas equações
x + 2y + 3 = 0 e 2x + 4y – 1 = 0 são paralelas (compare as suas inclinações).
Logo, não há ponto de intersecção para essas retas.
Exemplo 4
O ponto de intersecção das retas x + 2y + 3 = 0 e 2x + 4y + 6 = 0 pode ser
obtido resolvendo o sistema
x + 2y + 3 = 0
(S)
2x + 4y + 6 = 0
que é equivalente ao sistema (S’), trocando, novamente, a primeira equação
de (S) por duas vezes ela mesma.
2x + 4y + 6 = 0
(S’) 2x + 4y + 6 = 0
contrar o valor de y.
Se a1 b2 – a1 a2 = 0, o sistema só terá solução se b2 c1 – b1 c2 = 0 , o que
elimina a segunda equação em S’’ (ela ficará 0 = 0). O sistema S’’ terá, na
realidade, somente uma equação (as duas equações são equivalentes) e será
chamado de indeterminado.
As condições que apareceram nesse processo geral de resolução por eli-
minação podem ser interpretadas geometricamente:
- a equação a1 x + b1 y + c1 = 0 é a equação de uma reta com coeficiente angular
, se b1 ≠ 0;
retas paralelas.
Se a1 b2 – a2 b1 ≠ 0 os coeficientes angulares serão diferentes, as retas
serão concorrentes e teremos a única solução dada pelos cálculos acima.
-
M=
a2 b 1 a1 b2
Exemplo 5
Encontrar o ponto comum as retas de equação: 2x + y – 1 = 0 e 4x + 2y + 2 = 0.
Sendo a segunda equação o dobro da primeira, todas as soluções são co-
muns, e, neste caso, as retas são coincidentes (encontramos y = – 2x + 1 em
ambas as equações).
Escrevendo as matrizes para o sistema temos:
2x + y – 1 = 0
4x + 2y + 2 = 0 M=
ambas as matrizes M e M’as linhas são proporcionais. No caso das retas coinci-
dentes, sempre teremos essa situação.
O sistema é indeterminado, tem infinitas soluções que são os pontos cujas
coordenadas são da forma (x, – 2x + 1), tais como (0, 1), (1, – 1), (– 1, 3), (1/2, 0), etc.
Exemplo 6
Modificando apenas uma das constantes do sistema, vamos estudar um se-
gundo caso. Encontrar o ponto comum às retas de equação: 2x + y – 5 = 0 e
Exemplo 7
Estudemos agora o sistema equivalente a encontrar o ponto comum às
retas de equação:
x + y – 1 = 0 e x + 2y + 2 = 0.
Temos o sistema:
x+y–1=0
x + 2y + 2 = 0 cuja matriz M é
M= e M’ =
-
a) 3x – 5y + 4 = 0 e x/3 + y/5 = 1
b) 2y + x = 7 e 4x + 2y + 7 = 0
c) 3x + 4 = 0 e 5y – 3 = 0
d) x= ex=
e) (a + 1) x + (a – 1) y = 0 e (a –1) x = (a + 1) y
6. Determinar a equação da reta que passa pelo ponto de intersecção das retas de
equações x / 2 + y / 2 =1 e 3x + 4y = 0 e é paralela à reta descrita por y = x + 2.
CALCULANDO ÁREAS
Área do paralelogramo
Vamos calcular a área de um paralelogramo que tem um dos
vértices no ponto O = (0, 0) e nos dois pontos P1, P2 e P3, cujas
coordenadas são (x1, y1), (x2, y2) e (x3, y3) tais que O, P1 e P2 são não
colineares (observe que apenas sabendo que O, P1 e P2 são não
colineares, o quarto vértice P 3 fica determinado, já que P3 é a
intersecção das retas r e s, onde r é a reta paralela à reta
passando por P2 e s é a reta paralela à reta passando por P1)
A área do paralelogramo será o produto da distância OP1 pela distância d do
ponto P2 à reta determinada por O e P1, pois a distância d é a altura do paralelo-
gramo relativa à base . Lembremos que a área do paralelogramo é o produto
dos comprimentos da base e da altura relativa à ela, logo, igual a OP1 . d.
Vamos aos cálculos:
Distância OP1 =
Equação da reta por O e P1: y = x ou x1 y – y1 x = 0.
Distância de P2 à reta por O e P1: d = |x1 y2 – y1 x2| /
-
2. Calcular a área do trapézio cujos vértices são: A = (0, 0), B = (7, 1), C = (6, 5)
e D = (– 8, 3).
4. Determinar a equação de uma reta que passa por (3, 0) e dista 2 unidades da
origem.
6. Calcular a área do triângulo cujos vértices são (a, a + 3), (a –1, a) e (a + 1, a + 1).
7. Calcular a área do quadrilátero cujos vértices são A = (–1, 1), B = (5 ,0), C = (7, 3)
e D = (3, – 11).
9. Determinar a área do triângulo DABC sabendo que A = (1, –1) e B = (–3, 2),
y = – x – 1 é a equação do lado e o coeficiente angular da reta por A e C é 1.
-
Nitrogênio (N): x = 2z
Hidrogênio (H): 3x = 2w
Oxigênio (O): 2y = w
Note que este é um sistema linear com três equações e quatro incógnitas.
Quando o número de equações é menor do que o número de incógnitas, o
sistema será indeterminado, pois irá admitir uma infinidade de soluções. Va-
mos encontrar uma delas.
Comparando as equações,podemos escrever as incógnitas y, z e w em fun-
ção de x:
z= ,w= ey= =
10 l /min B f3
B . M’ = B .(A . M) = (B . A) . M = I. M = M
Unidade 2
Circunferências
Organizadores
O ESTUDO DAS CIRCUNFERÊNCIAS Antônio Carlos
Brolezzi
A circunferência com centro em um ponto
P0 = (x0, y0) e raio R > 0 é o conjunto de pontos Martha S. Monteiro
do plano que estão à distância R do ponto P0, ou Elaboradora
seja, PP0 = d (P, P0) = R.
Maria Elisa Esteves
Usando a fórmula da distância, temos: Lopes Galvão
=R
ou ainda:
(x – x0)2 + (y – y0)2 = R2
A equação acima é a chamada equação da circunferência com centro P0
e raio R. Todo ponto do plano cujas coordenadas satisfazem essa equação
pertence à circunferência e vice-versa.
Um ponto Q do plano pode estar:
- no interior da circunferência, se d (Q, P0) < R;
- no exterior da circunferência, se d (Q, P0) > R.
Dada uma circunferência e uma reta, temos três possibilidades:
- a reta e a circunferência não têm pontos em comum: neste
caso, todos os pontos da reta são exteriores à circunfe-
rência; diremos que a reta é exterior à circunferência;
- a reta e a circunferência têm apenas um ponto em co-
mum: neste caso, a reta é tangente à circunferência;
- a reta e a circunferência têm exatamente dois pontos em
comum: neste caso, a reta é dita secante à circunferência.
A distância do centro P0 da circunferência a uma reta r dada
nos permite distinguir as três possibilidades acima. Temos:
- a reta r é exterior à circunferência se d (P0, r ) > R;
- a reta r é tangente à circunferência se d (P0, r ) = R;
- a reta r é secante à circunferência se d (P0, r ) < R.
2. Qual é a equação da circunferência que passa pelo ponto (3, –2) e tem
centro (1, 1)?
3. Encontre o centro e o raio das circunferências:
a) x2 + y2 – 8x + 7 = 0 b) x2 + y2 – 6x + 4y – 12 = 0 c) x2 + y2 – 8x - 6y = 0
4. Para que valores de m e k a equação abaixo representa uma circunferência?
a) mx2 + y2 + 4x + 6y + k = 0;
a) mx2 +2y2 + 2x + 8y – k = 0
b) mx2 + y2 + 2x + 4y + k = 0
5. Obtenha a equação da circunferência que passa pelo ponto (10, 1), tem raio 5
e tangencia o eixo das abscissas.
6. (Fuvest) Uma circunferência passa pelos pontos (2, 0), (2, 4) e (0, 4). Logo,
a distância do centro dessa circunferência à origem é:
a) b) c) d) e)
7. Encontre a equação da circunferência que passa pelos pontos (1, 2), (2, 3)
e (–3, –4).
8. Qual a posição dos pontos (0, 0), (7, –5) e (4, –2) em relação à circunferên-
cia (x – 3 )2 + (y + 5)2 = 16?
9. A circunferência de centro (1, 2) e raio passa pelo ponto (2, p). Encontre
os valores de p.
b) m = d) m = 1
15. Determinar o comprimento da corda determinada pela reta x + y – 2 = 0
sobre a circunferência de centro (1, 1) e raio 2
16. Encontre para que valores de k a reta x – k –1 = 0 e a circunferência
x2 + y2 – 2x – 3 = 0 são:
a) secantes b) tangentes c) exteriores
-
19. A reta y = 3x é tangente a uma circunferência com centro (2, 0). Calcule o
raio dessa circunferência.
25. Uma reta encontra uma circunferência com centro na origem nos pontos
A = (3, 4) e B = (– 4, 3).
a) Qual é o raio dessa circunferência?
b) Calcule a área do quadrilátero cujos vértices são os pontos A e B e seus
simétricos em relação à origem.
26. Uma reta passa pelo ponto P = (3, 2) e é tangente à circunferência com
centro C = (1, 1) e raio 1 num ponto T. Calcule a distância de P a T.
27. No plano Oxy considere os seguintes conjuntos de pontos:
A= {(x, y) | |x| ≥ 3}, B = {(x, y) | |y| ≥ 4} e
C= {(x, y) | x2 + y2 ≤ 25}.
Encontre a área do conjunto C – (A ∪ B).
Unidade 3
Cônicas, parábolas,
elipses e hipérboles
Organizadores
Antônio Carlos As curvas obtidas quando cortamos um cone (as chamadas secções côni-
Brolezzi cas) aparecem com freqüência na natureza e na nossa vida cotidiana. Desde
os tempos mais remotos elas despertaram a curiosidade do homem.
Martha S. Monteiro
Vamos destacar alguns exemplos:
Elaboradora
Maria Elisa Esteves - ao cortar uma árvore podemos encontrar uma secção com a forma de uma
Lopes Galvão elipse;
- as órbitas descritas pelos planetas girando em torno do Sol são elípticas;
- ao atirar uma pedra, temos descrita uma trajetória parabólica;
- encontramos hoje antenas parabólicas por toda parte;
- em condições ideais, a chamada onda de choque produzida por um avião
supersônico varre a região interior a uma hipérbole.
Desde a antiguidade essas curvas tiveram suas propriedades extensamente
estudadas. A primeira referência ao estudo das cônicas de que se tem notícia
está registrada no trabalho de um geômetra grego de nome Menaechmus, aluno
de Eudoxo e contemporâneo de Platão. Seguiram-se trabalhos de Euclides,
Arquimedes e o trabalho mais importante e completo foi o de Apolônio, um
grande geômetra e astrônomo que viveu no século III A. C. Apolônio é conside-
rado o último dos grandes geômetras da escola grega. Já na era cristã, Pappus,
um historiador da Geometria grega, acrescentou ao estudo dessas curvas novas
informações, que chamamos propriedades foco-diretriz.
Todos esses geômetras exploraram, portanto, as curvas obtidas cortando
um cone (que pode ser um cone duplo, como na figura a seguir) por um
plano. Observe que, variando a posição do plano de corte, temos, como
intersecção (a partir da esquerda):
- uma circunferência, quando o plano de corte é perpendicular ao eixo do cone;
- uma elipse, se o inclinamos um pouco;
- uma parábola, se o plano fica paralelo a uma geratriz do cone;
- os dois ramos de uma hipérbole, se o plano corta as duas folhas do cone.
ESTUDO DA PARÁBOLA
No módulo 4 (página 27), a parábola já foi estudada utili-
zando a definição que será também adotada para explorarmos
suas propriedades do ponto de vista da Geometria Analítica.
Examinando o corte do cone que nos dá a parábola, ilus-
trado pela figura acima, observamos que ela tem um foco F e
uma reta diretriz d (que é a reta por G e K).Verifica-se que:
-
ESTUDO DA ELIPSE
Quando cortamos um cone (ou um cilindro) e temos uma elipse como
curva resultante no corte, podemos verificar que essa curva tem dois focos, os
quais chamaremos F1 e F2. A figura acima ilustra a propriedade métrica que
caracteriza os pontos P de uma elipse:
-
+ =1
-
7. O conjunto dos pontos, cuja soma das distâncias aos pontos fixos (–1, 0) e
(1, 0) é sempre igual a 4, intercepta o eixo dos y em pontos de ordenada:
a) 0 e 2 b) ± c) ± 3 d) ± e) ±
ESTUDO DA HIPÉRBOLE
A hipérbole é uma curva obtida quando um plano corta as duas folhas de
um cone duplo, como o da figura ao lado. Considerando esferas inscritas no
cone e tangentes ao plano de corte, ficam determinados os dois focos F1 e F2.
A propriedade métrica que caracteriza os pontos P de uma hipérbole é:
isto é:
| d (P, F1) – d (P, F2) | = |PF1 – PF2| = 2a
A reta pelos pontos F1 e F2 é chamada eixo transverso da hipérbole.
Os pontos A1 e A2 onde essa reta corta a hipérbole são os seus vértices.
A distância entre os pontos A1 e A2 é o valor da constante 2a da defi-
nição da hipérbole. Se a distância entre os focos é 2c, temos que c > a.
-
– + =1
– =1
( ) circunferência (5) + =1
e) x = +3
Bibliografia
Hassan, S.; Iezzi, G. Seqüências, matrizes, determinantes, sistemas. Col.
Fundamentos da Matemática Elementar, vol 4.
Iezzi, G. Geometria analítica. Col. Fundamentos da Matemática Elementar,
vol 7.
Lima, E. L. Coordenadas no plano. Col. do Professor de Matemática da SBM.
Lima, E. L. Coordenadas no espaço. Col. do Professor de Matemática da SBM.
Boulos, P.; Oliveira, I. C. Geometria analítica, um tratamento vetorial.
McGraw-Hill, 1986.
Sobre a autora
Maria Elisa Esteves Lopes Galvão
Docente aposentada do Departamento de Matemática do Instituto de Ma-
temática e Estatística da Universidade de São Paulo, onde fez graduação,
mestrado e doutorado. É docente dos cursos de Licenciatura em Matemática
da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e do Centro Universitário FIEO
(UNIFIEO) e conferencista convidada do curso de Especialização em História
da Matemática do Centro de Extensão Universitária.