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Análise Experimental do Comportamento

Prof.º Ms. José Fernando Duarte


Faculdade Anhanguera
Behaviorismos

O que é Behaviorismo?

Por que Behaviorismos e não Behaviorismo?

Qual a importância do Behaviorismo para um


analista do comportamento?
Behaviorismos
O movimento nasceu nos Estados Unidos frente a duas posições culturais:

O estruturalismo (importado da Europa) que estudava fenômenos estáticos.

O Funcionalismo (mais coerente com a mentalidade do novo mundo) que dava ênfase a
fluxos de mudança.
O behaviorismo tem as suas raízes no funcionalismo, mas se constituiu num corte na
história da psicologia com seu projeto de estudar o comportamento, enfocando entidades
privadas de dimensões espaços-temporais (Watson, 1913).
“É possível uma ciência do comportamento. Os behavioristas tem visões diferentes
sobre o sentido dessa proposição, e especialmente sobre o que é ciência e o que é
comportamento, mas todos eles concordam que pode haver uma ciência do
comportamento.” (p.17).

O Behaviorismo não é propriamente uma


ciência, mas uma filosofia da ciência.

(Baum, 2005/2006)
Como filosofia do comportamento,
entretanto, aborda tópicos que muito
prezamos e que nos tocam por perto.

Porque fazemos o que


fazemos, e o que devemos
ou não devemos fazer.
(Baum, 2006)
O Surgimento do Behaviorismo

Por volta do final do século 19, a psicologia começa a se constituir


como ciência independente, embalada, principalmente, pelas pesquisas
de Gustav Fechner e Wilhelm Wundt (goodwin, 2005).

Essencial ao surgimento e desenvolvimento de uma ciência é a


definição do seu objeto de estudo e do seu método.

(Hubner, & Moreira, 2012)


Nessa época, sobretudo após Wundt ter criado o primeiro laboratório de Psicologia Experimental
em Leipzig, Alemanha, difundiu-se a ideia de que o objeto de estudo da psicologia era a
consciência (e seus elementos constituintes), e o método eleito, a introspecção experimental
(goodwin, 2005).

Método Introspectivo.
Método da observação da consciência pela própria pessoa.
Auto-observação.
Observação interior.
Primeiro método usado em psicologia.
Behaviorismo Metodológico
É nesse contexto que, em 1913, o psicólogo John Broadus Watson publica
um artigo intitulado a Psicologia como um Behaviorista a vê, esse artigo ficou
conhecido posteriormente como o manifesto behaviorista.

Em seu artigo, Watson (1913) argumentou que o uso da


introspecção experimental como método principal falhou
em estabelecer a Psicologia como uma ciência natural (uma
ciência que lida com fenômenos que ocupam lugar no
tempo e no espaço, como a Física e a Química).

(Hübner, & Moreira, 2012)


A crítica de Watson baseava-se principalmente na falta de
replicabilidade dos resultados produzidos, isto é, quando
se realizava novamente uma mesma pesquisa com um
outro sujeito, uma pessoa diferente, os resultados
encontrados eram diferentes da pesquisa anterior.

(Hübner, & Moreira, 2012)


Se a mesma questão fosse encontrada na farmacologia,
cada sujeito que tomasse um analgésico teria uma reação
completamente diferente e, provavelmente, nenhuma
dessas reações seria a diminuição de uma dor de cabeça.
Para Watson, a Psicologia deveria seguir o exemplo de ciências bem estabelecidas, como a
Física e a Química, as quais atribuíam as falhas em suas pesquisas aos instrumentos e métodos
utilizados em seus estudos, o que levaria a Psicologia a um patamar equivalente de conhecimento
do seu objeto de estudo.

Por exemplo, as impressões de um sujeito sobre um determinado


objeto, uma fruta, por exemplo, diferiam das impressões de outro
sujeito, dizia-se que um deles não havia aprendido corretamente a
fazer introspecção (a fazer observações corretas de seus estados
mentais). “(p.2)”.
Watson (1913) propôs, então, como principais objetivos da Psicologia a previsão e o
controle do comportamento.

O comportamento observável (por mais de um observador) seria o


objeto de investigação a partir do método experimental, no qual se
manipulam sistematicamente características do ambiente e verifica-se o
efeito de tais manipulações sobre o comportamento dos sujeitos.
Para Watson, embora o comportamento humano fosse o principal interesse
da psicologia, o comportamento animal também deveria ser estudado como parte
importante da agenda de pesquisas dessa ciência. “(p.2)”

(Hübner, & Moreira, 2012)


Segundo Matos (1997/2006), a obra de Watson estendeu-
se além do texto de 1913 e incluía, as seguintes
características/proposições principais. (p.64)

(Hubner, & Moreira, 2012)


Principais Características do Behaviorismo Metodológico

Estudar o Comportamento por si mesmo;

Opor-se ao Mentalismo e ignorar fenômenos, como consciência,


sentimentos e estados mentais;

(Hübner, & Moreira, 2012)


Aderir ao evolucionismo biológico e estudar tanto o comportamento humano quanto o
animal (sendo esse mais fundamental);

Realizar experimentação controlada;

Realizar testes de hipótese, de preferência com grupo de controle;


Para Watson, todos os comportamentos são reflexos, uma vez que consistem “(...)
de respostas eliciadas por estímulos.” (Zuriff, 1986, p. 692).

O condicionamento clássico é um processo que descreve a


gênese e a modificação de alguns comportamentos com base
nos efeitos do binômio estímulo-resposta sobre o sistema
nervoso central dos seres vivos.

Estímulo Ambiental (som de um sino)


Estímulo que ocorre naturalmente (fome)
(Costa, 2002)
Deste modo, o paradigma adotado por ele para explicar os comportamentos foi o
paradigma Pavloviano S-R. em decorrência disto, o behaviorismo watsoniano também é
conhecido como behaviorismo clássico (Chiesa, 1994; Moore, 1995, 1996; matos, 1997).

Para o Behaviorismo Clássico a Psicologia deve ocupar-se


apenas do comportamento que pode ser objeto de
observação pública e mensuração.

(Costa, 2002)
Watson foi influenciado por Pavlov (fisiologista russo) que criou o condicionamento
clássico, paradigma de comportamento, s  r, conhecido como estímulo-resposta.

É claro que este paradigma explica apenas uma parcela muito pequena dos
comportamentos humanos, os chamados comportamentos reflexos ou respondentes e os
comportamentos reflexos ou respondentes condicionados.

(Costa, 2002)
Comportamentos Respondentes ou Reflexos

São aqueles em que um estímulo está diretamente relacionado a uma determinada resposta
do organismo, ou seja, determinado estímulo produz determinada resposta em um organismo.

(Guimarães, 2003; Moreira, & Medeiros, 2007)


Reflexo, Estímulo e Resposta

S - É uma parte ou mudança em uma parte do ambiente.

R - É uma mudança no organismo.

Reflexos: São relações entre estímulos e respostas.

(Moreira, & Medeiros, 2007)


Entendendo o Condicionamento Clássico

Formar uma associação entre dois


Estímulos.

Resultando em uma resposta


aprendida.

Que envolve três fases


Básicas de processo.
(Silva, 2017)
O condicionamento clássico é composto por três fases:

• F1- Estímulo Incondicionado

(Silva, 2017)
Estímulo Neutro
EN

Que não produz nenhum efeito ainda, até que esse estímulo
Neutro seja emparelhado com esse estímulo
incondicionado.

(Silva, 2017)
F2. Emparelhamento
EN

Estimulo
Condicionado

(Silva, 2017)
F3. Resposta Condicionada

(Silva, 2017)
Condicionamento Clássico

Para que haja a aprendizagem de um novo reflexo, ou seja, para que haja
condicionamento Pavloviano, um estímulo que não elicia uma determinada resposta (neutro)
deve ser emparelhado a um estímulo que a elicia.

(Moreira, & Medeiros, 2007)


Watson rejeitava a introspecção como meio para se obter
informações e conhecimento. Adotou como critério o
observável, e o que estivesse fora deste critério não
poderia ser estudado.

(Guimarães, 2003)
Assim, ele não negava a existência da mente ou de
processos cognitivos, mas afastava-se deles, pois não havia
como estudá-los, uma vez que são eventos inacessíveis a
um segundo observador.
Behaviorismo Radical

Em 1945 skinner publicou um artigo chamado The Operational


Analysis of Psychological Terms (skinner, 1945/1984) onde caracteriza
pela primeira vez o que entende por behaviorismo metodológico.

(Strapsson, & Carrara, 2008)


Para ele o BR seria uma doutrina segundo a qual “(...) o mundo é
dividido em eventos públicos e privados; e a psicologia, para
atender os requisitos da ciência, deve se confinar ao primeiro.
Contingência Tríplice

SD-R-C

Algum acontecimento no A consequência do


ambiente, anterior ao comportamento.
comportamento.
O comportamento em relação a
essa mudança no ambiente.

(Guimarães, 2003)
O que é uma consequência
Reforçadora?

Consequência Reforçadora é uma consequência “agradável”, ou seja,


comportamentos que tem mais chances de serem emitidos do que aqueles que são
desagradáveis. Assim, as consequências de nossos comportamentos vão influenciar
as ocorrências futuras.

(Moreira, & Medeiros, 2007)


O problema é que cientificamente é difícil
definir o que é agradável. Não é errado dizer
que coisas agradáveis são reforçadoras, mas é
inexato. Pois não sabemos o que algo
exatamente faz ser agradável.

(Silva, 2017)
(Silva, 2017)
Em alguns casos, coisas
consideradas desagradáveis e
dolorosas, podem ser reforçadoras.

DOR Reforçador

(Silva, 2017)
Skinner traz que uma consequência Reforçadora, é uma consequência que aquele
organismo irá procurar, aquilo que é reforçador para determinado organismo.

(Skinner, 2006)
Referências
Baum, W.M. (2006). Compreender o Behaviorismo: comportamento, cultura e evolução. Tradução organizada por M. T. A. Silva, M. A. Matos; G. Y.Tomanari
& E. Z. Tourinho. 2ª Edição. Porto Alegre: Ed. Artmed. (Trabalho original publicado em 2005).

Costa, N. (2002). Terapia Analítico Comportamental: dos fundamentos filosóficos à relação com o modelo cognitivista. Santo André: ESETec Editores
Associados.

Guimarães, R. P. (2003). Deixando o preconceito de lado e entendendo o Behaviorismo Radical.


Moreira, M. B., & Hubner, M. M. C. (2012). Fundamentos de Psicologia: Temas Clássicos da psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento.

Moreira, M. B., & Medeiros, C. A. (2007). Princípios Básicos de Análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed.

Skinner, B. F. (2006). Sobre o Behaviorismo. 10ª Edição. Tradução organizada por: M. P. Villalobos. São Paulo: Cultrix. (Trabalho original publicado em 1974).

Strapsson, B. A., & Carrara, K. (2008). Interação em Psicologia: John B. Watson: Behaviorista Metodológico? Curitiba.

Silva, A. A. C. (2017). Teorias de Aprendizagem. Copyright © 2017. Em: Site:http://teorias.didatics.com.br/index.php.

Tourinho, E. Z. (2011). Notas sobre o Behaviorismo de Ontem e de Hoje. Remarks on Former and Current Behaviorism. Universidade Federal do Pará,
Belém, Brasil. disponível em www.scielo.br/prc

Viega, Marla, & Vandenberghe, L. (2001). Behaviorismo: reflexões acerca da sua epistemologia. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva.

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