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Os poemas homéricos, durante muito tempo lidos como matéria fictícia e sem
correspondência geográfica vêm, através das descobertas promovidas por Heinrich
Schliemann e com auxílio da arqueologia, a tornar-se uma fonte de transmissão da
cultura grega. Homero surge assim, como um “educador” da Grécia Antiga. Para além
de relatarem a guerra e a paz durante a idade das trevas, estas obras têm uma
componente educativa no que diz respeito aos comportamentos, normas e costumes
dos gregos, bem como à religião, política, literatura e arte. Descreve as diferentes
personagens, concedendo-lhes características dignas, ora de glorificação – presente
na valentia, coragem e o poder da palavra, impostos como normas de comportamento
e convívio - ora de punição, como a crueldade, a obstinação, e todos os atos que
fossem contra os valores guerreiros. Para alcançar a aretê (ἀρετή), o herói deve ter o
dom da palavra, da retórica e da oratória, necessárias na assembleia, e bem
retratadas em Ulisses que, para além abarcar todos os valores guerreiros, é ainda um
bom diplomata. Alargamos também, a conceção de herói nesta segunda obra, poema
de nostos do herói πολύτλᾱς (que muito sofreu), adicionando-lhe a astúcia (polymetis)
que lhe permite desenvincilhar dos maiores perigos e dificuldades. A timê (τιμή) faz
também parte da honra do guerreiro, como um louvor pelos seus atos, e a sua
privação, um ato de desonra como podemos observar na Ilíada através de Aquiles.