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“Herodotus being so miraculous, and the Herodotean urge to seek origins still being so
strong with us, the desire to historicise him remains irresistible. Knowing what lay
around and behind him could make clearer what was unique about him; it could,
assuming an agreed definition of history, tell us whether he really was its Father. It
happens that we do have a certain amount of information - desperately fragmentary,
permitting only the smallest number of verifiable hypotheses - about his predecessors
and contemporaries. But in truth, if one wishes to know what relationship exists
between Herodotus and his colleagues, it is best to look first in Herodotus' own text.
Herodotus is frequently argumentative and judgemental. From the very first chapters
he rejects foolish opinions, weighs up conflicting evidence, makes firm
pronouncements on method: were it not for his winning charm, one could find all this
very irritating (as indeed some readers have). For all its prominence, however,
scholars have only recently begun to relate this feistiness to Herodotus' conception of
himself as an historian. For it is obvious (now) that he must be arguing with someone,
and a close study of the intellectual terrain over which these battles and negotiations
are being conducted can do much to illuminate Herodotus' situation as a writer.” -
Fowler, R. (2006), “Herodotus and his prose predecessors” , in C. Dewald, J.
Marincola (coord.), The Cambridge Companion to Herodotus, Cambridge: 29-
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HISTÓRIAS:
Finalidade tripla:
Lembrar o passado
Dar glória
Encontrar uma causa (aitíh) da guerra (que o faz um historiador)
Expansionismo Persa:
Sucessão de reis (pais e filhos) – o fundador do Império Medo-Persa
foi Ciro (filho de pai Persa e mãe Meda). Este tem um filho, Cambises, que
transgride uma série de regras e normas e, por este motivo, muda-se a
linhagem para Dario (filho de Xerxes, persas e os que determinaram as
guerras Medo-Persas) – conquista o trono e a soberania e inverte (começam a
ser os persas a mandar nos medos.).
Princípio geral que Píndaro resume numa fórmula: “o costume é de tudo rei”.
O facto de Heródoto ter escolhido um persa para ser um ‘juiz’ neste episódio,
demonstra uma atitude não centro-helenística do autor – carácter neutro
etnográfico (os gregos não são o ‘centro de tudo’.
Os persas, pelo contrário, eram um povo muito centrado nos valores materiais,
riquezas, ao contrário dos gregos e indianos, que não abdicam do nomos para
possuir riquezas.
Demorato (espartano que passa para o lado dos persas) transmite a Xerxes a
sua opinião sobre os Lacedemónios (com quem os persas de vão defrontar)
quanto a forma como lutam – não desistem, não abandonam a luta. Os
Espartanos obedecem mais aos princípios que estão acima de todos dos
homens, que as reis.
“São sobretudo os Persas, de entre os seres humanos, que pendem mais para
costumes estrangeiros.” - *texto 5 – textos de apoio*
‘separam’*
AFORTUNADO ≠ FELIZ
eutukhes olbios
Sólon sobre os que são bafejados pela felicidade, ainda que sem
recursos materiais - “se não é capaz de suportar, tal como aquele, a
desgraça e o desejo, a boa sorte afasta-os dele, que, apesar disso, é um
homem sem deformações, sem doenças, sem a experiência de penosos
padecimentos, orgulhoso da sua descendência e detentor de uma bela
figura. Se, para além dessas características, ainda vier a terminar bem a
vida, esse é quem procurais, aquele que merece ser chamado feliz.
Porém, antes de ele atingir o fim, acautelai-vos e não lhe chameis feliz,
mas afortunado”.
Exemplos: (“Os exemplos considerados (…), de Telo de Atenas e dos Argivos
Cléobis e Bíton, permitirão compreender a articulação que também pode haver
entre nomos e morte.”)
Um homem não pode achar que tem tudo. Precisa ainda de ter uma
ignominiosa). Têm de esperar para o fim da vida – e esta ser calma e próspera
e não o chames feliz, mas afortunado. (…) Quem detiver o maior número
afortunada, esse, a meu entender, tem direito de, como um rei, receber tal
democrata Ateniense).
sem apelo.”
“É que o homem muito rico não é mais feliz do que o que tem para o dia-
Átis, morre com uma ponta de ferro. Decide, então, mandar retirar todas as
armas do palácio e não permite que este faça mais nenhum treino militar. Nos
um dia, influenciado pelo seu filho, saem os 3 para caçar. É assim que Adastro,
homem maduro (uma vez que se deixou influenciar pelo filho). Não entende os
sinais que lhe dizem que deve corrigir a sua hybris. Não tem consciência dos
Adastro (nome que significa “aquela necessidade que não se pode evitar”),
personagem de herói-trágico
inevitabilidade – não consegue contornar o destino – há uma forca
Aceita ser purificado, mas quando Creso insiste para que ele enfrente o javali,
ele aceita. (O público só sente pena porque estes heróis não são apenas
joguetes nas mãos dos deuses, mas porque as suas más decisões (presentes
Dystykhía – desventura
Túkhē – Τύχη (sorte)
Eutukhía – fortuna
Creso confronta Ciro, perde e é capturado. O rei dos Persas quer dar o
exemplo a quem ousar desafiá-lo e, por isso, quer imolá-lo numa pira – morte
então que Creso chora, percebendo-se que errou e que, afinal, não passa de
um simples mortal.
Anel de Polícrates:
Perante toda a sorte de Polícrates, Amásis - com quem tinha um pacto
de hospitalidade - aconselha-o a livrar-se de algo que gostasse muito, de modo
a contrariar o estrondoso sucesso que causaria inveja aos deuses. Ele decide,
então, navegar até alto mar e deitar o seu anel à água (valor material –
importância que os gregos davam aos objetos – mesmo pensamento que
Creso). No entanto, cinco ou seis dias depois, um pescador apanha um peixe
enorme que crê ser digno de Polícrates, oferecendo-o. Ao abrirem o peixe
verificaram que, no bucho, estava o anel – percebem que os deuses rejeitaram
aquele gesto – Amásis retira os laços com Polícrates (contra a base da
hospitalidade: solidariedade).
“De facto, devido à arrogância manifestada pelo facto de julgar possuir um bem
que mais ninguém tem, pois considerava a mulher a mais bela de todas,
Candaules integra a vasta galeria de hybústai – (“clarifica a leviandade e a
cegueira que o sentimento irracional produz. Associado à paixão está o desejo
de posse, de domínio sobre uma propriedade ou um tesouro, que neste caso é
a beldade que Candaules tem por a mulher”). (…) a principal semelhança entre
a fabula de Giges e a tragédia reside em princípios filosóficos e morais. (…)
para além do domínio exercido pelo Destino sobre os seres humanos: principio
da retribuição, correspondente à necessidade de os indivíduos pagarem pelas
culpas cometidas (Candaules salda com a vida o seu ato de anomia); a
passagem de um estado de suprema felicidade para a mais profunda das
desgraça (considerando-se particularmente afortunado por possuir a mais bela
das esposas, o rei lídio acabará assassinado às mãos do seu homem de
confiança, Giges); a chamada "cegueira trágica", que, contra todos os apelos à
sensatez, impele a personagem para a realização de atos insanos (surdo às
apreensões de Giges quanto à imponderação da empresa que lhe propõe,
Candaules teima em perpetrar o atentado contra o nomos estabelecido) (…)
De igual modo a soberana, que se apercebeu do ato de "voyeurismo" de que
foi vítima, declara, na ameaça de morte com que persuade Giges a aliar-se-lhe
para eliminar o marido, a ação dos dois homens de 'atos contrários às leis'
(poiesanta ou nomizomena, 1.11. 3). Acrescente-se, ainda, que todas as três
personagens envolvidas na trama que conduziu ao assassínio de Candaules
tinham consciência do elevado preço a pagar pela violação do código de
valores da saciedade em que se inseriam. De acordo com este, assistia à parte
ofendida o direito de se vingar. No entanto, a este propósito é curioso observar
que, tal como sucede ainda hoje em muitos contextos, mais importante do que
o "ser" é o "parecer". Essa é a impressão que transparece das palavras com
que Candaules, perante as objeções de Giges em perpetrar a transgressão
proposta, procura minimizar a importância da mesma, argumentando que o
importante é que a mulher não veja que está a ser vista (1. 9). Também a
atuação da rainha aponta no mesmo sentido. De facto, ao poupar a vida de
Giges, mediante a contrapartida de este matar o rei, o autor moral da anomia,
e de casar consigo (1. 11. 2), a soberana está a comprar o silêncio de Giges.
Porque Giges não deixa, efetivamente, de ser um dos autores da
'transgressão', mas que vê a sua vida poupada, podemos concluir que, desde
que a desonra não seja divulgada, i.e., desde que pareça não existir, não há
lugar para a punição esperada em semelhantes casos, a morte.
Livro V: 18-20
Este episódio representa uma transgressão à prática social, que leva a uma
punição extrema e enquadra-se na tríade morte-nomos-vestes.