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atribulado do herói Ulisses para voltar para casa depois da Guerra de Troia.
Considerada a segunda obra da literatura ocidental, a Odisseia integra o
início do cânone literário da região.
Sinopse
Ulisses, herói grego conhecido pelos seus dons de raciocínio e discurso,
tenta navegar até casa depois da vitória na guerra de Troia. Atormentado
por Poseidon, deus dos mares, e protegido por Atena durante toda a
jornada, enfrenta vários obstáculos e perigos, tentando voltar para Ítaca e
para os braços da mulher, Penélope.
Estrutura da obra
A Odisseia é um poema épico, ou seja, uma composição poética que narra
a história de um povo, valorizando os seus feitos. Os textos deste gênero
literário eram criados com o intuito de serem recitados e transmitidos
através da oralidade, conquistando a atenção e despertando as emoções
dos ouvintes.
Uma vez que eram escritos para serem interpretados em público, estes
poemas se focavam bastante no ritmo. Dividida em 24 cantos, a Odisseia é
composta por 12 mil versos hexâmetros, de 13 a 17 sílabas, que variam
entre as longas e as breves da língua grega.
Divinos / Fantásticos
Zeus, na mitologia grega, é o deus supremo, pai de todos os deuses e
chefe do Olimpo. Na obra, procura manter a paz entre as divindades
que lutam para determinar o destino de Ulisses.
Atena, na mitologia, é filha de Zeus, deusa da sabedoria, da justiça e
da estratégia. Defensora de Ulisses até o final, acha que ele merece
regressar a Ítaca e ajuda o herói e seu filho durante toda a aventura.
Poseidon, irmão de Zeus, é o deus dos mares que declara guerra a
Ulisses quando ele cega o seu filho, Polifemo, o ciclope. Através de
tempestades, naufrágios e criaturas monstruosas, dificulta cada
passo da sua jornada.
Hermes é o mensageiro dos deuses, que desce ao mundo dos
humanos várias vezes para anunciar a vontade dos céus. É ele que
resgata Ulisses da ilha de Calipso e que o ensina a se livrar do
encantamento de Circe.
Calipso é uma ninfa que vive solitária em uma ilha onde Ulisses vai
parar depois do naufrágio. Com o guerreiro como refém, faz de tudo
para conquistar o seu amor, chegando mesmo a prometer a
imortalidade, mas nada funciona.
Circe é uma feiticeira, filha do Sol, que vive na ilha de Eana.
Conhecida por seus encantamentos e poções, transforma os homens
da tripulação de Ulisses em porcos, mas acaba ajudando o herói.
Depois de tanta luta, ele apenas quer voltar para casa, mas é obrigado a
navegar durante 10 anos, passando até pelo "o reino dos mortos" (Hades).
No canto IX, manifesta essa vontade com melancolia:
E se algum deus me ferir no mar cor de vinho aguentarei: pois tenho no peito
um coração que aguenta a dor.
Não há homem mortal que consiga tal proeza pela sua inteligência, a não ser
que um deus viesse ao seu auxílio...
Isso fica evidente, por exemplo, com as palavras de Circe para Ulisses, no
canto XII, quando vem avisá-lo sobre os perigos que o esperam:
(...) já não te passarei a contar de modo contínuo como será a direção do teu
caminho, mas tu próprio terás de decidir (...)
As suas opções são voltar para casa do pai ou escolher um novo marido
que possa conduzir o reino, entre a sua vasta lista de pretendentes. Mesmo
assim, descrita como "sensata" e notável pelo seu "bom senso", Penélope
encontra uma forma de fugir ao seu destino.
Embora passe o dia inteiro no tear, durante a noite desfaz todo o trabalho
das horas passadas, para que o tecido nunca fique pronto. Não se
resignando com aquilo que os deuses parecem ter decidido para ela,
Penélope mostra ser o paralelo feminino de Ulisses.
Alcínoo, rei dos Feaces, recebe o herói e quer saber mais sobre o seu
percurso atribulado. É durante o jantar que Ulisses começa a narrar a sua
viagem, da qual vamos destacar apenas os episódios mais marcantes.
Episódio de Calipso
Quando Hermes, mensageiro dos deuses, desce à ilha para pedir que a
ninfa liberte o marido de Penélope, é visível a sua tristeza e a sua
revolta. Rodeada de perfeição, mas solitária, se revolta com os deuses
que condenam o amor de uma divindade feminina por um homem mortal,
mas são hipócritas e cometem os mesmos atos.
Episódio do Ciclope
Assim, quando ele grita em busca de auxílio, os amigos pensam que está
brincando e não correm para ajudar. Graças à inteligência do herói, Ulisses
e seus homens conseguem escapar, mas o ciclope pede ao pai, Poseidon,
que os castigue e jamais os deixe voltar a Ítaca.
Episódio de Circe
Um deles, que ficou do lado de fora porque estava com medo, vê tudo e
corre para contar. Surge então Hermes, o mensageiro, que aconselha o
herói a não aceitar nada da figura misteriosa e fazer um acordo com ela.
Aqui, é visível que o poder está nas mãos da figura feminina; ao contrário
de Penélope que é "boa", Circe é feroz e implacável.
Mais adiante, no canto XII, Circe surge de novo para aconselhar e guiar a
tripulação. Suas palavras indiciam desgraças, embora prevejam a
sobrevivência de Ulisses. Entre as ameaças fantásticas que vão cruzar o seu
caminho, Circe alerta o herói sobre as sereias.
Com a ajuda dos Feaces, Ulisses finalmente consegue chegar a Ítaca, onde
encontra Atena novamente. A deusa e o mortal conversam, ela confessa
que tem auxiliado durante todo o caminho e juntos planejam a morte dos
pretendentes. Para se proteger, finge ser um mendigo e se esconde em
casa de Eumeu, um homem velho que criava porcos.
Nessa noite, Atena inspira a mulher a levar o arco de Ulisses para o jantar.
Telémaco, a mando do pai, retira todas as armas e escudos do local,
fingindo que queria evitar os conflitos entre os homens. Diante do arco e de
Penélope, todos falam sobre as próprias capacidades como guerreiros,
para impressioná-la, e procuram desmerecer Ulisses.
Este ato final surge como uma surpresa para o leitor, que esperava ver
Ulisses correndo logo para os braços da mulher. Embora seja inteligente e
muitas vezes tome uma postura racional face aos desafios, trata-se de
um herói falível, comete erros e perde o controle da sua fúria.
Reencontro familiar
Uma das empregadas do palácio vai acordar Penélope, avisando que seu
marido regressou. Controlando o entusiasmo, pensa que pode ser um
impostor ou um deus disfarçado.
Cenas finais
Mais uma vez, Atena pede ajuda ao pai, Zeus, para defender Ulisses.
Disfarçada de Mentor, se junta ao exército do herói e acaba afugentando os
inimigos com o seu grito divino ameaçador.
Significado da obra
Embora a Odisseia seja uma narrativa repleta de monstros, deuses e
lugares fantásticos, aquilo que realmente conquista o coração do leitor é o
seu protagonista.
Na verdade, é graças à ajuda dos Feaces que Ulisses consegue voltar para
Ítaca. No canto VIII, enquanto conta suas desventuras ao rei, a resposta de
Alcínoo resume esse espírito de entreajuda.