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História – 1º ano – Ten Monteiro

ROMA ANTIGA
Texto complementar

A sociedade no tempo da monarquia

Durante a monarquia, a sociedade romana era formada basicamente por quatro camadas sociais. Os
patrícios eram os nobres romanos, donos de muitas terras e de gado e os únicos a possuir direitos políticos.
Os plebeus formavam a maioria da população e trabalhavam como pequenos agricultores, artesãos ou
mercadores. Não tinham o direito de participar do governo da cidade e podiam ser escravizados por dívidas.
Os clientes eram servidores ou protegidos do chefe de uma família com grande poder e prestígio; esse chefe
era chamado de patrono. Quanto mais clientes um patrono possuísse, maior o seu prestígio social e político.
Havia ainda um pequeno número de escravizados: prisioneiros de guerra, pessoas que não conseguiam
saldar suas dívidas ou que tinham sido condenadas pela justiça.

A política no tempo da monarquia

Nos tempos em que Roma era uma monarquia, o rei era a maior autoridade da cidade, mas não a
governava sozinho. Além dele havia o Senado (formado pelos chefes das principais famílias patrícias), e
uma Assembleia, (composta por soldados com até 45 anos). Na Roma antiga, o cargo de rei não passava de
pai para filho; quando um rei morria, o Senado escolhia quem iria sucedê-lo e a Assembleia se manifestava
contra a escolha ou a favor dela. Portanto, o rei tinha o seu poder limitado pelo Senado e pela Assembleia.
Os patrícios, que controlavam o Senado romano, nunca se conformaram com o domínio etrusco
sobre Roma. Em 509 a.C., aproveitando-se do enfraquecimento dos etruscos por causa de guerras com os
povos vizinhos, os patrícios derrubaram o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, e fundaram a República.

A política na República

A República Romana era governada pelos magistrados, auxiliados pelo Senado e pelas Assembleias.
Conheça os principais magistrados e suas atribuições:
- Cônsules: os cônsules comandava o exército, administravam a cidade e presidiam o Senado. O cargo
de cônsul era o mais alto da República.
- Pretores: eram responsáveis pela aplicação da justiça.
- Questores: cuidavam da arrecadação de impostos e das despesas públicas.
- Edis: eram os responsáveis pelo policiamento, abastecimento, conservação das ruas e organização
dos espetáculos.
- Censores: faziam a contagem da população e as dividiam de acordo com suas posses.

Havia ainda o ditador. Ele governava Roma com plenos poderes por um período de seis meses, em
caso de grave ameaça à República (guerra, por exemplo). Era eleito pelo Senado. O Senado era formado por
trezentos membros vitalícios, todos patrícios. Suas principais funções eram controlar o tesouro público e
propor a guerra ou a paz. Na República Romana, somente os patrícios podiam ocupar altos cargos no
governo, isto é, os cargos de magistrado e de senador.
As Assembleias eram três:

• Assembleia das tribos reunião dos cidadãos conforme o local de residência ou a origem; elegia os
questores e os edis;
• Assembleia centuriata reunião dos cidadãos em centúrias (unidades do Exército) segundo o grau de
riqueza; votava as declarações de guerra, os acordos de paz e elegia os cônsules;
• Assembleia da plebe composta apenas pelos plebeus; votava assuntos de interesse da plebe.

Mulheres e escravos eram excluídos da política e, portanto, não podiam participar de nenhuma dessas
assembleias.

Os plebeus

Os plebeus eram maioria em Roma. No período monárquico os plebeus não faziam parte do exército,
pois era uma honra dos patrícios. Com o aumento dos conflitos, passaram aos poucos a ser incluídos. No
período republicano já eram convocados com frequência. Quando isso ocorria, eram forçados a deixar suas
pequenas propriedades e, com isso, se endividavam; quando não conseguiam pagar suas dívidas, perdiam a
terra e eram escravizados. Além de servir ao exército, pagavam impostos. Apesar disso, eles não podiam
exercer nenhum cargo importante no governo romano. O casamento entre plebeus e patrícios também era
proibido.

As lutas sociais

Dispostos a lutar por igualdade de direitos, os plebeus promoveram várias revoltas. Uma tática muito
usada por eles era se retirar de Roma e ameaçar não participar mais do exército romano. Como os plebeus
constituíam a maioria dos trabalhadores e dos soldados, os patrícios tinham de ceder. Assim, aos poucos, os
plebeus foram conquistando mais direitos.
Posteriormente, os plebeus conseguiram uma lei que proibia a escravidão por dívidas e outra que
dava a eles o acesso a todas as magistraturas. Mas, como apenas os plebeus ricos tinham posses suficientes
para fazer carreira política, somente eles chegavam ao poder. Formou-se, então, uma nova aristocracia,
composta de patrícios e plebeus enriquecidos. Ao final do período república já não havia mais essa distinção
social e o termo plebeu ou patrício passaram a ser utilizados como sinônimos de riqueza ou pobreza.
Ainda assim, muitas lutas sociais permaneceram. Os habitantes mais pobres de Roma reivindicavam
mudanças, como a participação de todos no exército (até então apenas quem poderia comprar seu
equipamento se alistava). Além deles, havia a insatisfação dos escravos, que tinham uma vida privada de
direitos básicos.

Escravismo e grande propriedade

Com as guerras de conquista, milhares de prisioneiros de guerra foram trazidos para a Península
Itálica. Os ricos tinham, às vezes, centenas de escravizados, pessoas das mais diversas cores e origens:
gregos, macedônios, asiáticos etc.
As terras e os escravos obtidos nas guerras originaram grandes propriedades escravistas na Península
Itálica. Estas produziam vinho e azeite de oliva, que eram vendidos às províncias por altos preços. A
pequena propriedade camponesa, porém, não desapareceu, mas passou a produzir apenas para a subsistência
e para mercados locais. Na propriedade escravista, os escravos eram maioria, mas havia também
trabalhadores livres.
Espártaco: a resistência à escravidão

Durante a expansão romana pelo Mediterrâneo, ocorreram várias revoltas de escravos nos domínios
romanos. Porém, a maior delas ocorreu em Cápua, no sul da Península Itálica, e foi liderada por Espártaco.
Ele foi capturado pelos romanos no norte da Grécia. Conta-se que, por ser forte e corajoso, foi escolhido
para ser um gladiador. Em busca de liberdade, dezenas de escravos liderados por Espártaco iniciaram, em
73 a.C., uma das maiores rebeliões do mundo antigo. Milhares de escravizados e homens livres pobres
aderiram à rebelião. À frente de um exército de ex-escravos, que chegou a ter cerca de 100 mil combatentes,
Espártaco venceu tropas romanas por diversas vezes e dominou boa parte do sul da Itália. Em 71 a.C., as
legiões romanas se uniram e conseguiram vencer os rebeldes. Como castigo exemplar, Espártaco e cerca de
6 mil seguidores foram presos, crucificados e expostos ao longo da via Ápia, estrada que ligava Roma a
Cápua.

A luta pela terra

Os homens ricos apossavam-se das terras obtidas nas guerras de conquista e nelas montavam
fazendas escravistas. Assim, ao final de uma guerra, eles se tornavam mais ricos. Já para os pequenos
agricultores, a guerra geralmente significava prejuízo. Muitos deles morriam combatendo a pé e nas
primeiras fileiras; os que conseguiam voltar para casa, depois de anos de ausência, encontravam sua
propriedade devastada ou invadida. Além disso, com o aumento da entrada de escravos, muitos camponeses
ficaram sem trabalho e tiveram de se mudar para as cidades. Assim, o número de pobres nas cidades e nos
campos aumentou muito.
Diante disso, em 133 a.C., o tribuno da plebe, Tibério Graco, propôs uma reforma agrária que
limitava o tamanho da terra que um indivíduo podia ter e distribuía lotes de terra aos pobres. A reforma teve
total apoio dos camponeses, mas foi mal recebida por uma parte dos ricos. A tensão entre uns e outros
aumentou e, em um tumulto ocorrido em uma assembleia, Tibério foi assassinado. Em 123 a.C., seu irmão
Caio Graco foi eleito tribuno da plebe e deu continuidade à reforma iniciada por Tibério. Caio teve o mesmo
fim de seu irmão.

Roma conquista a Itália e, depois, o mundo

Desde cedo, os romanos guerrearam para se defender de seus vizinhos. Mas com o aumento das
lutas sociais e da participação política da plebe, os romanos passaram a guerrear com dois outros objetivos:
a conquista de terras e o controle das rotas de comércio. As terras conquistadas eram convertidas em "terra
pública" (ager publicus, em latim), e os povos vencidos eram transformados em aliados dos romanos,
chegando inclusive a integrar seu exército. Entre os séculos V e III a.C., as legiões romanas conquistaram
quase toda a Península Itálica.
Depois de conquistar a Península Itálica, Roma passou a disputar a liderança com outra potência
daquela época: Cartago. A disputa pelo controle do comércio no Mediterrâneo ocidental deu origem a três
guerras entre Roma e Cartago, as Guerras Púnicas, assim chamadas porque os romanos denominavam os
fenícios de "punici", fenícios. As Guerras Púnicas se desenrolaram entre 264 e 146 a.C. e foram vencidas
pelos romanos. Após a vitória final, os romanos arrasaram a cidade de Cartago, venderam seus poucos
sobreviventes como escravos e transformaram seu território em província romana. Depois de conquistar
terras a oeste, os romanos voltaram-se para o leste, onde conquistaram a Macedônia, a Grécia e parte da
Ásia Menor.
O exército romano, composto pelas legiões, tornou-se referência na doutrina militar. Praticamente
imbatíveis, os romanos foram aprimorando suas técnicas e treinamentos militares, chegando à excelência. A
engenharia militar romana construía estradas, acampamentos e muralhas em tempo recorde e sitiava cidades
e aldeias inimigas utilizando armas de cerco poderosas. A disciplina militar e a ordem unida foram
aprimoradas, de modo que os romanos obedeciam aos comandos no campo de batalha com destreza e
uniformidade.
O exército romano ainda passou por grandes reformas com o cônsul Mário. Nas reformas de Mário,
possibilitou-se a entrada de todos romanos no exército, pois deixaram de ter que bancar seus equipamentos.
A partir deste momento, tanto a gládio quanto o pilo, armamentos padronizados dos romanos, passaram a
ser entregues pelo estado. Além disso, Mário instituiu o soldo, permitindo que os legionários fossem
remunerados, profissionalizando o soldado, que agora não precisava mais ter outro emprego, dedicando-se
exclusivamente à vida na sua legião.
No século I a.C., sob o comando do general Júlio César, a legião romana chegou ao seu apogeu.
Completaram a conquista da Gália, invadiram o Egito e o norte da África. Assim, em fins do século I a.C.,
os romanos eram os senhores de todo o Mediterrâneo, mar que eles passaram a chamar de Mare Nostrum
(Nosso Mar).

A ascensão dos militares

Além do problema da terra, outro sinal da crise da República provinha do exército. Após as reformas de
Mário, os legionários passaram a receber de seus generais o soldo e parte do saque e das terras conquistadas.
Com isso, esses novos soldados se ligaram aos seus líderes militares por laços de lealdade e solidariedade.
Apoiados por suas tropas, os generais ganharam força e passaram a disputar o poder político. Um dos
generais que se sobressaiu na época foi Júlio César, o conquistador da Gália.

Júlio César contra o Senado

Aproveitando sua enorme popularidade, Júlio César juntou-se aos generais Pompeu e Crasso e
formou com eles o Primeiro Triunvirato, um acordo entre os três generais pelo qual um se comprometia a
ajudar o outro para controlar o poder em Roma. Com a morte de Crasso, abriu-se uma guerra entre César e
Pompeu. Vitorioso, César tomou o poder em Roma e promoveu reformas que aumentaram ainda mais sua
popularidade, como a doação de terras a milhares de ex-soldados e plebeus empobrecidos. Os senadores
acusaram César de trair a República e desejar a volta da Monarquia e, com base nisso, o assassinaram em 44
a.C.

Otávio e o Império

Com a morte de César, formou-se o Segundo Triunvirato, integrado pelos generais Otávio (ou
Otaviano), Marco Antônio e Lépido. A disputa pelo poder opôs as tropas de Otávio às de Marco Antônio e
Cleópatra, rainha do Egito. A vitória coube a Otávio que, ao retornar a Roma, pressionou o Senado a lhe dar
vários títulos, entre eles o de Príncipe (líder do Senado e o mais importante cidadão de Roma); o de Augusto
(venerado); e o de Imperador (comandante supremo dos exércitos), fato ocorrido em 27 a.C. Com isso teve
início o Império. Na condição de imperador, Otávio Augusto podia agora propor e rejeitar leis, convocar o
Senado e as assembleias e intervir militarmente em Roma, na Itália, e em todas as províncias romanas.
Aproveitando-se disso, ele promoveu uma série de reformas importantes:

• definiu os limites do Império Romano e enviou tropas para proteger suas fronteiras;
• distribuiu terras aos seus soldados;
• confiou a administração de algumas províncias aos senadores, enquanto manteve outras, como o Egito
(importante fornecedor de trigo a Roma), sob sua responsabilidade;
• modernizou a cidade de Roma que, na época, tinha cerca de 1 milhão de habitantes e passou a ter um
prefeito, um corpo de bombeiros e monumentos que glorificavam o governo.
Com essas reformas, o governo de Otávio Augusto (27 a.C. a 14 d.C.) conheceu um longo período
de estabilidade, conhecido como Pax Romana, que durou mais de 200 anos. Durante esse período, as
cidades ganharam estradas e teatros e as fronteiras do Império foram fortificadas. E, sob o imperador
Trajano, em 117 d.C., o império adquiriu sua máxima extensão.
A relativa estabilidade política vivida pelo Império Romano nos dois primeiros séculos da nossa era
favoreceu o crescimento da economia e a expansão do comércio romano. A existência de bons portos, de
uma rede de estradas bem construídas e o uso de uma moeda única em todo o império (o denário) também
ajudaram nessa expansão comercial.

Diversão e lazer no Império Romano

Entre os principais espaços de diversão e lazer no Império Romano estavam os anfiteatros e os


circos. Nos anfiteatros ocorriam as lutas entre os gladiadores, e entre estes e as feras famintas (tigres, ursos,
entre outros). Na arena, as bandas de músicas entretinham a plateia antes de cada luta. Uma vez anunciados,
os gladiadores entravam armados de capacetes, lanças, escudos, espadas, redes e tridentes, e lutavam até que
um deles tombasse. Então o perdedor tirava o capacete e oferecia o pescoço ao vencedor. Nesse momento, o
público decidia: os polegares para cima indicavam que o perdedor devia continuar vivo; os polegares para
baixo significavam que ele devia ser executado.
Os espetáculos eram financiados por políticos e eram gratuitos para o público. Entre os grandes
anfiteatros romanos, o mais famoso era o Coliseu de Roma, inaugurado em 80 d.C. Nos circos realizavam-
se as corridas com carros puxados por cavalos. Havia carros puxados por dois cavalos (as bigas), e outros
eram puxados por quatro (as quadrigas). Os corredores, chamados aurigas, se vestiam com uma túnica leve,
protegiam a cabeça com um capacete de metal e portavam um chicote em uma das mãos. As corridas eram
patrocinadas pelo governo romano e a entrada era gratuita. Os corredores eram, em sua maioria, escravos,
mas havia também homens livres que ganhavam somas fabulosas. O risco de morte era muito grande e,
como nas corridas de carro atuais, o perigo maior estava na ultrapassagem e nas curvas.
Os espetáculos começavam pela manhã e se prolongavam pelo resto do dia. As pessoas levavam
comida e bebida de casa para consumir no local. As torcidas eram divididas por cores: verde, azul, branco e
vermelho. Havia policiamento, mas, muitas vezes, a rivalidade entre as torcidas terminava em pancadaria.

Jesus e o cristianismo

A principal fonte para o estudo da vida de Jesus são os evangelhos, livros escritos por seus
seguidores por volta de 70 d.C. e que fazem parte do Novo Testamento, a segunda parte da Bíblia. Segundo
esses textos, Jesus, filho de Maria e José, nasceu em Belém, lugarejo próximo a Jerusalém, na Judeia, que,
na época, era uma província do Império Romano, sob o governo de Otávio Augusto.
Aos 30 anos, aclamado como o Messias esperado, filho de Deus, Jesus começou a percorrer as
aldeias e cidades da Judeia pregando o amor a Deus e ao próximo, a humildade e a igualdade entre as
pessoas e prometendo aos justos o paraíso. Com isso, conseguiu um grande número de seguidores entre os
judeus pobres. Acusado de pregar contra as autoridades romanas e de dizer que era rei dos judeus, Jesus foi
condenado à morte na cruz pelos romanos. Após sua morte, os seus seguidores passaram a transmitir seus
ensinamentos a vários povos do Império Romano, já que a proposta cristã era uma religião universal.

A perseguição aos cristãos

Com as pregações dos apóstolos, o cristianismo começou a se expandir entre diferentes grupos
sociais e povos (como os gregos, os romanos, os samaritanos, entre outros) e regiões ao redor do Mar
Mediterrâneo. Conforme o cristianismo se expandia, as autoridades romanas passaram a persegui-lo. Os
cristãos eram perseguidos por não crerem nos deuses romanos, por se recusarem a cultuar o imperador e por
defenderem a existência de um Deus único e universal. Resistindo à perseguição romana, os cristãos
reuniam-se nas catacumbas, galerias subterrâneas onde oravam e sepultavam seus mortos.
Apesar de perseguido pelo governo romano, o cristianismo (com sua crença na vida pós-morte) continuou
atraindo o povo romano. Inicialmente, vendo que o cristianismo crescia, os imperadores romanos
intensificaram a perseguição, ordenando a morte de cristãos e a destruição de suas igrejas. Posteriormente,
decidiram aliar-se a eles, a fim de conservar seu poder. Em 313, o imperador Constantino se converteu e
concedeu liberdade de culto aos cristãos, por meio do Édito de Milão. Em 380, outro imperador, de nome
Teodósio, transformou o cristianismo em religião oficial do Império Romano. Nascido entre os pobres, o
cristianismo passava a ser agora uma das bases do Estado romano.

A desagregação do Império

A partir do século III, no entanto, uma crise prolongada, motivada por fatores internos e externos,
desorganizou o Império Romano e contribuiu para a sua desagregação. Internamente, a raiz da crise está nos
gastos crescentes do Império Romano para conservar províncias, pagar funcionários e manter soldados em
toda a sua extensa fronteira. Para cobrir esses gastos, os imperadores romanos aumentavam os impostos
sobre a população. Nessa mesma época, os povos germanos (chamados de “bárbaros”) aumentaram sua
pressão sobre as fronteiras do Império Romano, gerando pânico entre a população. Empobrecidos pela crise
econômica e com medo dos germanos, muitos moradores das cidades foram viver no campo; as cidades se
esvaziaram, e a Europa viveu um processo de ruralização. Como no campo as terras cultiváveis estavam nas
mãos dos grandes proprietários, os pobres que para lá foram passaram a trabalhar para eles na condição de
colonos. O colono era um trabalhador que cultivava um pedaço de terra do proprietário e, em troca,
entregava a ele uma parte da colheita como pagamento pelo uso da terra. A essa relação de trabalho dá-se o
nome colonato.

Em busca de soluções para a crise

A crise econômica enfraqueceu o governo imperial que, por vezes, ficava sem pagar seus soldados
ou atrasava seus salários. Aproveitando-se dessa situação, generais ambiciosos nascidos nas províncias
romanas marchavam sobre Roma com seus soldados e tomavam o poder à força. Nesse tempo, o assassinato
de imperadores tornou-se um fato comum, e a anarquia militar tomou conta do Império.
Alguns imperadores, no entanto, buscaram soluções para a crise. Um deles, de nome Diocleciano,
criou em 285 a tetrarquia, um modelo de governo de quatro imperadores, cada um responsável por uma
grande região do Império. Essa reforma surtiu efeito, mas, assim que Diocleciano deixou o poder por
motivos de doença, os generais do Exército voltaram a disputar o cargo de imperador.
Outro imperador que buscou soluções para a crise foi Constantino. Além de combater os germanos
com eficiência, por motivo de segurança, ele mudou a capital do Império Romano para a cidade de
Bizâncio, cidade que, em sua homenagem, passou a se chamar Constantinopla.
Outra tentativa de solucionar a crise e facilitar a administração foi feita por Teodósio. Em 395, ele
dividiu o território romano em duas partes: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império
Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.

Germanos no Império Romano

Os germanos viviam na Europa, ao norte dos rios Reno e Danúbio, e estavam divididos em vários
grupos: alamanos, burgúndios, francos, godos, jutos, ostrogodos, saxões, suevos, vândalos, visigodos, entre
outros. Todos estes povos germânicos possuíam culturas diferentes entre si, mas tinham em comum o fato
de serem povos guerreiros, agricultores e de tradição oral.
Desde o início do Império Romano, os contatos entre germanos e romanos eram frequentes e, quase
sempre, pacíficos. Entre os séculos I e IV, os germanos foram entrando no Império Romano pouco a pouco
e de diversas formas:
a) na função de soldados, chegando a ocupar os mais elevados postos no exército romano;
b) na condição de lavradores, trabalhando nas grandes propriedades romanas como colonos;
c) por meio do comércio: os germanos forneciam trigo, madeira e peles para os romanos e compravam deles
ferramentas;
d) por meio de casamentos entre pessoas desses povos.

No final do século IV, porém, um fator novo veio acelerar o processo: os hunos, povo nômade vindo
da Ásia central, atacaram os germanos. Estes, por sua vez, cruzaram as fronteiras do Império Romano e
passaram a atacar e saquear. Interessados nas terras e tesouros dos romanos, os germanos multiplicaram
seus ataques a Roma. Saqueando por diversas vezes a cidade. Finalmente, em 476, os germanos
conquistaram Roma e puseram fim ao Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente, no
entanto, resistiu à invasão germânica e conseguiu sobreviver por mais de mil anos, com o nome de Império
Bizantino.

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