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FICHAMENTO:

CAPITALISMO & ESCRAVIDÃO


ERIC WILLIAMS

 “Com a população reduzida da Europa no século XVI, não haveria como prover a
quantidade necessária de trabalhadores livres para uma produção em grande escala
de cana de açúcar, tabaco e algodão no Novo Mundo. Por isso foi necessária a
escravidão; e, para conseguir escravos os europeus recorreram primeiro aos
aborígenes e depois à África”. P. 33

 “ O trabalho escravo é mais caro que o livre, sempre que exista uma abundância de
trabalho livre”. P. 33

 “A escravidão não nasceu do racismo: pelo contrário, o racismo consequência da


escravidão”. P. 34

 Engajados: “calcula-se que, durante o período colonial, mais de 250 mil pessoas
pertenciam a essa categoria”. P. 39

 Quando a especulação comercial passou a integrar o quadro, iniciaram-se os abusos.


O sequestro passou a ser altamente incentivado e se converteu em atividade regular
em cidades como Londres e Bristol. P. 39

 “O transporte de engajados e degredados gerou um poderoso setor de interesses


econômicos na Inglaterra. Quando foi criado o Departamento Colonial em 1661,
uma de suas funções mais importantes era o controle de trânsito de engajados. P. 43.

 “A condição dos engajados foi piorando nas colônias de agricultura para exportação.
A prestação de serviços, que originalmente era uma relação pessoal livre baseada
num contrato voluntário por prazo determinado, em troca do transporte e do
sustento, tendia a se converter numa relação de prioridade que acabava por exercer
um controle de extensão variável sobre o corpo e os direitos da pessoa durante o
prazo do contrato, como se ela fosse um objeto”. P. 46.

 “Defoe declarou sumariamente que o engajado branco era um escravo. Não era. A
privação da liberdade do engajado era por tempo limitado, o negro era escravo por
toda vida”. P. 48.

 “Os engajados não chegavam a América em quantidade suficiente para substituir os


que haviam cumprido o prazo do contrato. Nas fazendas, para o engajado branco era
fácil fugir; mais fácil do que para o negro, o qual, se era alforriado, costumava, por
uma questão de autodefesa, continuar na mesma localidade onde era conhecido e
estaria menos sujeito a ser capturado, como fugitivo ou vagabundo. O engajado
esperava receber terra ao término do contrato; o negro, num ambiente estranho,
destacando-se pela cor e pelos traços, ignorando a língua e os costumes do homem
branco podia jamais vir a ter acesso a um lote de terra”. P. 49

 “Bristol, o centro do tráfico de engajados, tornou-se um dos centros do tráfico de


escravos. O capital acumulado num financiou o outro. O serviço forçado branco foi
a base histórica sobre a qual se edificou a escravidão negra” (...) “Em larga medida,
os africanos chegaram depois, inserindo-se num sistema já desenvolvido”. P. 50

 “Os brancos pobres começaram a se mudar, passando de um lugar a outro em todo


Caribe. (...) por toda parte eram perseguidos e expulsos pela mesma força
econômica inexorável: o açúcar”. P. 56

 Tinha passado do índio para o branco, e do branco para o negro. Agora, privado do
negro, voltava ao branco e do branco ao índio, dessa vez o indiano das Índias
Orientais. A Índiia substituiu a África; entre 1833 e 1917, Trinidad importou 145
mim trabalhadores das Índias Orientais, e a Guiana Inglesa, 238 mil. P. 61.

 Sobre a disputa entre monopólio e livre-comércio, ver p. 65.

 “Assim, o comércio marítimo triangular deu um triplo estímulo a indústria britânica.


Os negros eram comprados com artigos britânicos; transportados para as fazendas,
eles produziam açúcar, algodão, anil, melaço e outros produtos tropicais, cujo
processamento criava novas indústrias na Inglaterra; e, enquanto isso, a manutenção
dos negros e seus donos na fazenda fornecia mais um mercado a indústria britânica,
à agricultura da Nova Inglaterra e aos pesqueiros da Terra Nova. Em 1750,
praticamente não existia nenhuma cidade mercantil ou manufatureira na Inglaterra
que não estivesse ligada de alguma maneira ao comércio colonial triangular ou
direto. Os lucros obtidos forneceram um dos principais fluxos da acumulação do
capital que, na Inglaterra, financiou a Revolução Industrial”. P. 90

 “ A “longa viagem” era uma escola notável para os marinheiros; os navios


mercantes representavam um auxílio inestimável para as forças navais em tempos de
guerra; e os defensores do comércio de escravos sustentavam que a extinção do
tráfico negreiro aniquilaria a marinha ao cortar uma grande fonte de marinheiros”. P.
97

 “O crescimento de Manchester estava intimamente ligado ao de Liverpool, com sua


saída para o mar e o mercado mundial. O capital acumulado por Liverpool com o
tráfico de escravos foi para o interior, fertilizando as energias de Manchester; os
artigos de Manchester para a África eram levados até a costa nos navios negreiros de
Liverpool”. P. 111
 “Foi o capital acumulado do comércio com as Índias Ocidentais que financiou
James Watt e a máquina a vapor”. P. 153

 “O crescimento do mercado interno na Inglaterra, com o investimento dos lucros da


indústria dentro do próprio país para gerar mais capital e obter o crescimento ainda
maior, desempenhou um papel significativo. Mas esse desenvolvimento industrial,
incentivado pelo mercantilismo, veio mais tarde a supera-lo e a destruí-lo. ” P. 157.

 “A independência americana destruiu sistema mercantilista e lançou o antigo regime


ao descrédito”. P. 175.

 “Mas a maior calamidade para os fazendeiros canavieiros britânicos foi que a


revolta da Américo os deixou frente a frente com seus rivais franceses. A
superioridade das colônias açucareiras francesas foi, para os fazendeiros britânicos,
o principal mal a sair daquela caixa de Pandora que era a Revolução Americana.
Entre 1783 e 1789, o progresso das ilhas açucareiras francesas, em particular de São
Domingos, foi o fenômeno mais assombroso no desenvolvimento colonial. A
fertilidade do solo francês foi um elemento decisivo”. P 177.

 “Em todos os aspectos, as colônias açucareiras tinham se tornado imensamente mais


essenciais para a França do que para a Inglaterra”. P. 178

 “O centro de gravidade do Império Britânico se deslocou do mar do Caribe para o


oceano Índico, da Índias Ocidentais para a Índia”. P 179.

 “ As Índias Ocidentais, assim, iam se tornando cada vez mais insignificantes para o
capitalismo britânico, e isso foi de profunda importância para uma época em que a
doutrina da maior rentabilidade se implantava no conjunto do pensamento
econômico” (...) “Além disso, em 1825, as Leis de Navegação tinham sofrido
alterações, e as colônias receberam autorização de comerciar diretamente com
qualquer parte do mundo”. P 189.

 “O ataque se enquadra em três fases: o ataque ao tráfico de escravos, o ataque à


escravidão e o ataque às tarifas preferenciais sobre o açúcar. O tráfico de escravos
foi abolido em 1807; a escravidão, em 1833; as tarifas preferenciais, em 1846. Os
trâs fenômenos são indissociáveis. Os mesmos interesses econômicos que tinham se
fundado no sistema escravista agora se viravam contra ele e o destruíam”. P. 193.

 “Era claro que as Índias Ocidentais britânicas tinham perdido o monopólio


canavieiro. Não conseguiam concorrer com São Domingos em 1789, nem com as
ilhas Maurício em 1820, nem com o Brasil em 1830, nem com Cuba em 1840.
Estavam ultrapassadas. Com área limitada, e fosse a mão de obra livre ou escrava,
não tinham como concorrer com áreas maiores, mais férteis, menos cansadas, onde a
escravidão ainda era lucrativa. Em Cuba caberiam todas as ilhas britânicas do
Caribe, incluindo a Jamaica. Um grande rio brasileiro, sozinho, podia conter todas
as ilhas das Índias Ocidentais sem que sua navegação fosse obstruída. A Índia era
capa de produzir rum numa quantidade que afogaria as Índias Ocidentais”. P. 213.

 “Os capitalistas inicialmente encorajaram a escravidão nas Índias Ocidentais e


depois ajudaram a destruí-la. Enquanto o capitalismo britânico dependeu das Índias
Ocidentais, eles ignoraram ou defenderam a escravidão. Quando o capitalismo
britânico passou a considerar o monopólio das Índias Ocidentais um entrave,
destruíram a escravidão naquelas colônias como primeiro passo para destruir o
monopólio das Índias Ocidentais” P. 234.

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