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LIBERTOS NO
BRASIL COLONIAL
NEGROS E MULATOS LIVRES NA ECONOMIA DA AMÉRICA
PORTUGUESA
À conduta comercial e social eram estabelecidas por uma minoria branca
A pessoa de cor enfrentava o problema básico de como conseguir um grau maior
de integração neste que era, econômica e socialmente, um “mundo branco”
3 premissas pela participação igualitária e
pela integração:
A primeira era que o negro ou mulato nascido livre tinha mais oportunidades que seu coetâneo nascido
escravo e que mais tarde ganhou ou comprou a liberdade. Isso se devia primariamente a razões psicológicas; a
instituição da escravatura sufocava a iniciativa, o potencial de tomar decisões, a oportunidade de demonstrar
liderança e a capacidade de autocontrole.
“Uma segunda premissa era que, apesar do fato de serem iguais aos olhos da lei em virtude das cartas de
alforria, os escravos negros nascidos no Brasil tinham vantagens visíveis, quando libertados, sobre os negros
nascidos na África e transportados para a América portuguesa e para a escravidão e que só mais tarde foram
alforriados
A terceira premissa era que, em termos gerais, um mulato ou uma pessoa de pele não muito escura tinha mais
possibilidade de ser assimilado pelo “mundo branco” do que um negro
3 possibilidades de ganhar a vida :
O negro ou mulato livre que fosse artesão especializado tinha um meio de vida
garantido, embora na maior parte pouco lucrativo.
Para abrir a própria oficina, ´precisava obter uma licença da Câmara Municipal.
Esta só era concedida depois da avaliação dos juízes da guilda. A exigência básica
para todos os candidatos no relatório apresentado pelo “mestre”.
Os juízes então recomendavam à Câmara Municipal que a licença fosse
concedida ou negada.
Os artesões qualificados tinham de renovar a licença todo ano, obedecer às
normas de emprego e seguir os preços determinados pelo regimento da guilda,
modificados a cada ano
Barbeiro e Parteiras
As profissões de “barbeiro” e parteira ambas eram praticamente monopolizadas por indivíduos de ascendência africana.
Numa tentativa de reduzir o grande número de médicos charlatães que a lei exigiu que todos os “barbeiros” e parteiras
tirassem uma licença para praticar abertamente a profissão. Esta só era concedida a pedido e depois do pagamento de
uma taxa a uma banca examinadora composta de um comissário local, nomeado pelo cirurgião-mor do reino, e dois
médicos qualificados
Embora a arte do “barbeiro” fosse igualmente praticada por escravos ou libertos, a da parteira costumava limitar-se às
negras e mulatas livres.
Uma atividade similar, embora não sujeita a licença, era a das amas-de-leite. O grande número de enjeitados era um
aspecto importante de toda cidade ou vila colonial brasileira. Entre eles havia crianças brancas, assim como mulatas e
negras. Segundo a lei, sua criação era responsabilidade da Câmara Municipal da cidade ou vila; as câmaras contratavam
negras ou mulatas livres como amas-de-leite dessas crianças
As câmaras costumavam negligenciar a realização desses pagamentos. Era frequente que as mulheres de cor livres,
muitas vezes totalmente dependentes dos pagamentos regulares para se manter, vendessem, negligenciassem ou até
matassem as crianças sob sua guarda
Agricultura:
Havia espaço para o negro ou mulato livre ser rendeiro de uma área modesta. O
acordo entre o rendeiro e o proprietário da fazenda podia assumir muitas formas.
Basicamente, a questão era se o rendeiro estava ou não obrigado, como parte de
seu contrato de arrendamento, a moer cana no engenho do dono da fazenda. No
primeiro caso, o custo do arrendamento podia ser reduzido em troca do
cumprimento do contrato. No segundo, rendeiro estava livre para moer sua cana
no engenho de sua preferência
Fumo:
O cultivo de fumo também era viável para o negro ou mulato livre de meios
limitados
Assim como havia lavradores de cana com riqueza e prestigio, o mesmo ocorria
com os donos de sítios ou arrendamentos de fumo (os rendeiros).
Mas o fumo tinha duas vantagens distintas do açúcar: além de ser plantado em
grande escala, podia ser cultivado em escala modesta com pouca despesa
financeira; e dava flexibilidade. No segundo aspecto, o plantador podia colher
duas ou, possivelmente três safras por ano se quisesse, ou eliminar uma delas e
dedicar sua terra seu trabalho e seu tempo a outros objetivos mais lucrativos.
Aparentemente havia mais oportunidade econômica para o liberto de cor na região
fumageira que na zona açucareira
Mandioca:
Apesar da gama de oportunidades abertas a elas, enfrentar a sociedade livre mostrou-se tarefa dura demais para
muitas pessoas de cor livres. Escorregavam do emprego para o biscate e do biscate para fazer parte do grande
número de mendigos e prostitutas que proliferavam em todas as vilas e cidades
Apesar de suas cartas de alforria, este grupo heterógeno de negros, mulatos e mestiços era socialmente
marginalizado, praticamente desprovido de recursos financeiros e vivia em condições mais precárias que os
escravos
Com excessiva frequência a renuncia e a autodestruição física e mental eram inteiramente voluntarias,
motivadas pela ideologia colonial predominante de que o trabalho manual era degradante e adequado apenas a
escravos. Os brancos, mulatos e negros nascidos livres, até mesmo ex-escravos que tinham comprado ou
recebido sua liberdade, obedeciam com firmeza este conceito.
A Coroa Portuguesa e as autoridades municipais do Brasil Colonial deixaram de combater as causas sociais e
econômicas desta pobreza. Não havia política de recuperação social ou ajuda financeira.
Os pedintes eram tratados como delinquentes. Presos e mendigos eram alistados à força no serviço militar em
qualquer emergência ou mesmo pelo pretexto mais tolo.