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HISTÓRIA FUND.

MÓDULO III
HistÓRiA
VoroNiN76/shutterstocK

uNidAde 1 – Moradia
Capítulo 1 • Habitações e cidades na
história do Brasil ................................... 156
Capítulo 2 • A modernização do espaço
urbano brasileiro .................................... 167

uNidAde 2 – saúde e qualidade de vida


Capítulo 3 • A história da saúde ................................ 178
Capítulo 4 • A saúde no Brasil .................................. 189

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uNidAde 1 – Moradia

Capítulo Habitações e cidades na


1 história do Brasil
JohaNN moritZ rugeNdas - biblioteca muNiciPal mÁrio de aNdrade, são Paulo

s Na tela representada acima, negros escravizados trabalham na extração do ouro, nas proximidades de Vila
Rica, atual Ouro Preto (MG). Johann Moritz Rugendas, Vila Rica (1835). Gravura em Viagem pitoresca através do
Brasil. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo (SP).

TEMAS A questão da moradia no Brasil reflete um histórico


de desigualdades sociais vividas no país desde o Período
◗ Como viviam os Colonial.
primeiros seres humanos
◗ Como viviam os A descoberta de ouro no atual estado de Minas Gerais,
primeiros habitantes do no final do século XVII, foi determinante para a ocupação
Brasil
do interior do Brasil. Até então as pessoas viviam predo-
◗ Aspectos rurais e
urbanos do Brasil minantemente no litoral. Com a mineração, formaram-se
colonial várias vilas próximas umas das outras nas regiões onde
◗ A expansão do território havia ouro. Você sabe como se deu a povoação da região
em que vive? Quando surgiu a sua cidade?

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UNIDADE 1 – Moradia

1 Como viviam os primeiros seres humanos


A necessidade de abrigo e de proteção contra os perigos naturais fez com
que as moradias se tornassem uma das mais antigas construções humanas.
Os primeiros seres humanos viviam em moradias simples, feitas de mate-
riais encontrados na natureza, como madeira, folhas, ossos e peles. Outros,
ainda, se abrigavam em cavernas ou viviam a céu aberto.
Com o passar do tempo, os

ashleY cooPer/corbis/ latiNstocK


seres humanos foram aprenden-
do a lidar com os elementos da
natureza e descobrindo materiais
mais adequados e resistentes
para se proteger contra a chuva,
o frio e o ataque de animais. As-
sim, surgiram diferentes tipos de
moradia, que variavam de acordo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com as características do am-


s Skara Brae: antigo vilarejo formado por oito casas de pedra
biente e com os materiais dispo- datado aproximadamente de 3200 a.C., descoberto pelos
níveis para construí-las. arqueólogos em 1850, na Escócia, Reino Unido. Foto de 2011.

As primeiras cidades
As primeiras cidades surgiram em uma região da Ásia denominada Meso-
potâmia, palavra de origem grega que significa “entre rios”. Esse nome foi dado
à região fértil localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localizam o
Iraque e o Kuwait. A Mesopotâmia foi habitada por vários povos, entre os quais
os sumérios, que fundaram as primeiras cidades: Ur, Uruk, Eridu e Nipur.
Além dos povos mesopotâmicos, outras civilizações nasceram às margens
de rios, tornando-se conhecidas como civilizações fluviais. No vale do Rio Nilo
foram fundadas as cidades egípcias; nos vales dos rios Hoang-Ho (Rio Amarelo)
e Yang-Tsé (Rio Azul), as cidades chinesas; a civilização harapense ocupou o
vale do Rio Indo; e no território que hoje pertence à Turquia ergueu-se, cerca de
9 mil anos atrás, a cidade de Çatal Hüyük.
claudio caPucho/ValeParaibaNo/agÊNcia estado

O trabalho do arqueólogo
“O arqueólogo identifica sítios, os locais onde se encon-
tram vestígios antigos. Trabalha também em museus estu-
dando os vasos de cerâmica, os artefatos de pedra ou ossos.
Dessa forma, descobre-se como viviam os homens no pas-
sado, seus costumes e seus sentimentos.”
FUNARI, Pedro Paulo A. Os antigos habitantes do Brasil. São Paulo: s Escavação arqueológica em São
Editora da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 53. José dos Campos (SP). Foto de 2004.

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2 Os primeiros habitantes do Brasil
A ocupação do território brasileiro é muito antiga. Pesquisas recentes indicam
que os vestígios humanos mais antigos encontrados no país datam de mais de
50 mil anos.
No início do povoamento do Brasil, muitos grupos humanos utilizavam como mo-
radia abrigos naturais, como grutas. Na ausência desses abrigos, construíam habita-
ções que variavam de acordo com as condições geográficas da área em que viviam.
Nas terras altas do sul do Brasil, viviam há cerca de 1,5 mil anos povos que
construíam moradias subterrâneas para proteger-se do frio dessa região. Em ge-
ral agrupadas em aldeias, essas moradias eram escavadas no solo e cobertas por
tetos de palha sustentados por estacas. Observe a ilustração a seguir.
cecília iwashita

Telhado da cabana

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Galerias

Telhado da cabana Cabana sem telhado Entradas da galeria

s Ilustração representativa de uma moradia itararé. Os povos itararé construíam moradias


subterrâneas para proteger-se do frio no sul do Brasil.
Fonte: GUARINELLO, Norberto Luiz. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 1994. p. 39.

De maneira geral, as moradias eram construídas de madeira, terra, pedra e


folhas, em locais próximos a rios e matas. Nessas áreas, além dos materiais de
construção, eram mais abundantes os alimentos, obtidos da caça e da pesca.
Em algumas regiões da Amazônia, as moradias eram construídas sobre
morros, muitas vezes erguidos pelos próprios habitantes, com o objetivo de
proteger-se contra enchentes e ataques de inimigos. Com o passar do tempo,
algumas dessas aldeias, segundo pesquisas arqueológicas, chegaram a abrigar
aproximadamente 10 mil moradores.

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UNIDADE 1 – Moradia

3 Novas técnicas de construção


Quando os portugueses chegaram, em 1500, depararam com inúmeros povos
que já habitavam o Brasil havia muito tempo.
Nesse período, os povos Tupi-guarani, os principais grupos indígenas encon-
trados pelos portugueses, ocupavam grande parte do território brasileiro.
Eles se organizavam em aldeias e viviam em cabanas circulares, geralmente
próximas de rios. Essas cabanas, denominadas ocas, eram feitas com troncos de
árvores e cobertas com palha ou folhas. Quando essas habitações abrigavam vá-
rias famílias, recebiam o nome de malocas.
Com a colonização portuguesa, técnicas construtivas utilizadas pelos seres
humanos há milhares de anos foram introduzidas no Brasil. Entre elas podem
ser destacadas as que usam a terra como matéria-prima. Assim, principalmente
no Período Colonial, a taipa ou pau a pique foi muito empregada na construção
de casas e até de prédios, como igrejas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Essa técnica de construção consiste numa estrutura de paus, varas ou


bambus entrelaçados, em que os espaços vazios são preenchidos com barro
amassado. Muitos brasileiros, ainda hoje, vivem em casas de pau a pique.
rita barreto

Fabio colombiNi

s Até hoje vários povos indígenas do Brasil vivem em s Casa de pau a pique no Vale do Jequitinhonha
ocas. Aldeia Ipatse Kuikuro, Alto Xingu (MT). Foto de 2011. em Aracuaí (MG). Foto de 2006.

• Observe com atenção as imagens acima.


a) Escolha uma delas e realize uma pesquisa para aprofundar a maneira como
esse tipo de moradia é construído. A pesquisa poderá ser feita em livros,
revistas e na internet.
b) Em seguida, elabore um texto descrevendo a técnica de construção pesquisada.
No caso de conhecê-la pessoalmente, descreva também sua experiência.

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4 Os primeiros povoados
As primeiras vilas e cidades funda- Primeiros povoados do Brasil

aNdersoN de aNdrade PimeNtel


das no Período Colonial localizavam-se
predominantemente no litoral do territó-
rio. Inicialmente eram pequenos povoa-
dos com ruas de terra, casas de taipa e
uma pequena igreja. Igaraçu
Olinda
Os primeiros povoados do litoral
brasileiro foram São Vicente e Santos, Vila do Pereira
Ilhéus
no atual estado de São Paulo; Porto Se- Santa Cruz
guro, Santa Cruz, Ilhéus e Vila do Perei- Porto Seguro

ra (atual Salvador), na Bahia; e Olinda e


Igaraçu, em Pernambuco.

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Santos

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São Vicente
Nesse período, ainda, foram funda-

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dos dois povoados no interior do terri- AT
NO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tório: Santo André da Borda do Campo OC
EA
(elevado à categoria de vila em 1553) e
São Paulo de Piratininga (1554), respec- Nota: A imagem não segue os padrões cartográficos por se tratar de uma ilustração.
Fonte: RODRIGUES, Rosicler Martins. Cidades brasileiras:
tivamente, as atuais cidades paulistas de do passado ao presente. São Paulo: Moderna, 2003. p. 14.
(Coleção Desafios). Nota: o mapa não segue os padrões
Santo André e São Paulo. Para chegar cartográficos por se tratar de uma ilustração
a esses povoados era preciso vencer a
barreira natural da Serra do Mar. Glossário
Com o passar do tempo, surgiram • Vila: Na categoria utilizada pelos portugueses, povoado
alguns importantes centros urbanos, que adquiria autonomia político-administrativa por meio
da criação da câmara dos Vereadores.
como a cidade de Salvador, a capital
da colônia desde 1549, que no final do
século XVIII possuía mais de 50 mil habitantes.
Leia o trecho a seguir sobre a importância das cidades no Brasil colonial.

As cidades no Período Colonial


“[...] Embora o local da atividade produtiva central e dinâmica fosse o campo, as
ligações com o financiamento e o comércio internacionais eram feitas através das ci-
dades, que polarizavam a atividade agrícola, em geral monocultora. Esse papel funda-
mental de viabilizar os interesses mercantilistas europeus na relação com a colônia deu
às cidades coloniais, sedes do capital mercantil, características de grandes centros, con-
ferindo-lhes certo descolamento ou autonomia em relação ao conjunto do território.
Durante esse período, não havia propriamente uma rede de cidades, mas al-
guns grandes polos que concentravam as atividades burocráticas ligadas à admi-
nistração colonial e também às atividades administrativas, comerciais e financei-
ras relativas à produção agroexportadora. [...]”
MARICATO, Ermínia. Habitação e cidade. São Paulo: Atual, 1997. p. 8-9.

• De acordo com o texto, quais eram as principais funções das cidades coloniais?
Responda no caderno.

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UNIDADE 1 – Moradia

5 No campo: escravizados e senhores


No Período Colonial, a maior parte

João PrudeNte/Pulsar imageNs


da população brasileira se concentra-
va nas áreas rurais, onde ficavam as
grandes propriedades. Nessas áreas,
além de casebres habitados por traba-
lhadores livres e pobres, havia também
as moradias dos grandes proprietários
de terra e as senzalas, reservadas aos
negros escravizados.
Apesar de os indígenas também
terem sido escravizados durante esse
período, a mão de obra predominante
era a de negros escravizados. Nas áre- s Antiga senzala em Jaboticatubas (MG). Foto de 2011.
as rurais, eles eram alojados em moradias precárias chamadas senzalas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Muitas vezes, as senzalas eram os apertados e abafados porões das casas dos
grandes proprietários. Em outros casos, eram galpões de médio ou grande porte,
feitos de barro e cobertos de sapé. As senzalas exigiam constantes reparos e apre-
sentavam poucas janelas. Internamente, o espaço individual era pequeno, com di-
visória de palha trançada ou pau a pique, o que dificultava a privacidade. Os negros
escravizados dormiam todos juntos sobre o chão duro ou sobre palha.
Nos séculos XVI e XVII, a produção de cana de açúcar, concentrada no litoral
do Nordeste, era a maior riqueza da economia colonial. Durante esse período, os
grandes produtores de açúcar, os senhores de engenho, constituíam o grupo so-
cial mais poderoso da colônia. Suas residências eram as casas-grandes.
As primeiras casas-gran-

JohaN moritZ rugeNdas - coleÇão Particular


des tinham paredes de barro e
teto de sapé, com o passar do
tempo tornaram-se mais sóli-
das, com alicerces de pedra e
telhados de barro.
Essas residências podiam
ser térreas, embora as asso-
bradadas (com mais de um
andar) fossem mais aprecia-
das. As casas-grandes tinham
muitos cômodos. Até o sécu-
lo XVIII, as sedes das grandes
propriedades rurais raramente
foram luxuosas, com poucos s Johann Moritz Rugendas, Família de fazendeiros (1835).
móveis e objetos decorativos. Litografia. Coleção particular.

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6 A expansão do território
No início do século XVII, os moradores

hélio Nobre – museu Paulista da usP, são Paulo


de São Paulo de Piratininga, atual cidade
de São Paulo, dedicavam-se principalmen-
te à agricultura para o consumo local. Em
São Paulo, prevalecia o trabalho escravo
indígena, havendo pouquíssimos negros
escravizados.
O principal problema enfrentado pelos
paulistas era a constante falta de mão de obra
nas lavouras. Para resolver esse problema,
organizaram-se expedições, chamadas ban-
deiras, que partiam de São Paulo em direção
ao interior para capturar indígenas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O número de integrantes dessas ex-
pedições variava. Algumas contaram com
centenas e até milhares de indivíduos, que
ficaram conhecidos como bandeirantes,
pois à frente das expedições erguia-se uma
bandeira, como sinal de guerra.
No início, as bandeiras eram organi- s Henrique Bernardelli, Ciclo de caça ao índio (1923).
zadas para capturar indígenas nas aldeias Óleo sobre tela. Museu Paulista da Universidade
de São Paulo (SP).
mais próximas. Contudo, passaram a aden-
trar cada vez mais o interior da colônia, na medida em que os indígenas fugiam
para locais mais distantes, temendo os violentos ataques dos paulistas. Assim,
ao penetrar o interior da colônia, as bandeiras estenderam as fronteiras do terri-
tório colonial português para além da linha do Tratado de Tordesilhas.

Nem só de açúcar vivia o Brasil colonial


Ao longo do século XVII, a pecuária tornou-se uma atividade complementar praticada
em áreas mais afastadas do litoral, contribuindo para a expansão do território. Destacou-se
nas áreas próximas ao Rio São Francisco, no nordeste do Brasil. Os animais eram usados
para transportar pessoas cargas e como força motriz de moendas e moinhos na produção
açucareira. Dos animais de criação também se obtinham o couro, a carne e o leite.
Outros produtos como o fumo, a cachaça e o algodão também tiveram destaque durante
o Período Colonial. O fumo era destinado aos mercados europeus, além disso, juntamente
com a cachaça era usado na África como moeda de troca no mercado de escravos.
O algodão, até o século XVIII, era usado principalmente para a confecção de tecidos
rústicos para os escravos e para a população pobre. A partir da segunda metade do século
XVIII, o produto passou a ser exportado regularmente.

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UNIDADE 1 – Moradia

O crescimento da vida urbana


Com a descoberta do ouro, por expedições paulistas, no final do século XVII,
e com a exploração das regiões mineradoras (Minas Gerais, Goiás e Mato Gros-
so), o número de povoações pelo interior do Brasil começou a aumentar.
Ao contrário da sociedade açucareira do nordeste, o centro da vida nas
minas não eram as fazendas, mas as cidades, onde se aglomeravam milhares
de pessoas. Ali os habitantes cuidavam de seus negócios, promoviam festas e
participavam das atividades religiosas.
A descoberta de ouro atraiu pessoas de várias partes do Brasil e da Europa. Em
torno das minas surgiram casas, ruas e os primeiros espaços públicos. As novas ci-
dades cresciam espontaneamente, de acordo com as necessidades de ocupação.
Em Minas Gerais, apenas a Vila do Ribeirão do Carmo, atual Mariana, teve o
seu traçado planejado por um engenheiro militar. Em Vila Rica, atual Ouro Preto,
as ruas formaram-se sem nenhuma organização.
O atropelo da ocupação das vilas mineiras explica em parte a instabilidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

social que caracterizou a região, a pobreza em que vivia a maior parte da popula-
ção e a dificuldade de estabelecer atividades econômicas estáveis e duradoras.
Assim, as moradias das cidades mineiras eram muito simples, pequenas e
pobres, construídas com barro, madeira ou pedras. Com exceção das famílias
ricas, que geralmente habitavam sobrados, a população vivia em casas térreas,
de chão de terra batida, com poucas portas, janelas e móveis.
Apesar da abundância de ouro, poucos habitantes das cidades mineiras
acumularam fortunas. O próprio critério da Coroa para conceder a exploração
das minas, conforme o número de escravos de cada proprietário, resultou em
um grupo muito pequeno de homens ricos.
rubeNs chaVes/Pulsar imageNs

s Vista do centro histórico de Ouro Preto (MG), em 2011. Observe o traçado irregular da cidade,
antiga Vila Rica, resultado de uma ocupação não planejada.

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AtividAdes

1 Por que o ser humano passou a construir habitações?

2 Como viviam os primeiros seres humanos? Responda no caderno.


3 Qual é a importância dos grandes rios para a origem das cidades?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4 Observe este mapa e responda no caderno às questões a seguir.

As primeiras cidades
FerNaNdo José Ferreira

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MEDITERRÂNEO Mari ates MESOPOTÂMIA Harapa
Jericó Mehrgarh Erlitou Tseng-tsou
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Gizé Mênfis Nipur Ur IRÃ


Mohenjo-Daro CHINA PACÍFICO
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NO NE Mesopotâmicos
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0 630 km Cidades
80°L

Fonte: A aurora da humanidade. Rio de Janeiro: Time-Life; São Paulo: Abril, 1993.
(Coleção História em Revista).

a) Qual é o título do mapa?

b) Em quais continentes surgiram as primeiras cidades?

c) Quais civilizações estão destacadas no mapa?

d) Qual recurso natural mais influenciou a formação das primeiras cidades?

e) Relacione os rios que banhavam os territórios de cada uma das civilizações em


destaque no mapa.

f) Cite ao menos uma cidade de cada uma das civilizações em destaque.

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UNIDADE 1 – Moradia

5 Como viviam os primeiros habitantes do Brasil?

6 Como se chama o profissional dedicado ao estudo dos vestígios mais antigos


deixados pelos seres humanos? Descreva como é o trabalho dele.

7 Quais foram os primeiros povoados do Brasil? Onde esses povoados estavam


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

concentrados?

8 Além do açúcar, que outros produtos tiveram destaque durante o Período Colonial?

9 Qual é a relação entre as atividades dos bandeirantes e a expansão das fronteiras


do território colonial do Brasil?

10 É possível apontar aspectos de desigualdade social durante o Período Colonial


observando-se apenas os tipos de moradias?

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TEXTO COMPLEMENTAR
Moradias indígenas
“As casas são construídas obedecendo

Edson sato/Pulsar ImagEns


aos padrões culturais de cada povo. Para
alguns povos nativos, a casa pode ser ape-
nas um lugar onde se mora, mas para outros
pode ser, também, um lugar onde se dão os
acontecimentos sociais, os rituais. A casa
pode, portanto, ser um lugar de relação en-
tre o humano e o sagrado.
Para alguns povos indígenas, como
os Mundurukú, Guarani e Yawalapití, por
exemplo, mesmo construída pelos homens,
a casa é um espaço essencialmente femini-
no, onde as mulheres exercem seu poder e
têm domínio absoluto.
Embora varie de sociedade para socie-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dade, dentro da casa são mantidos objetos
s Moradia Yanomami no estado de Roraima (RR).
de uso doméstico como: cestos, panelas de
Foto de 2000.
barro, redes, arcos e flechas, remos...
O fogo pode estar presente dentro da Todos os espaços são respeitados. Todos
casa, para espantar insetos ou aquecer as os indivíduos são responsáveis pela manu-
pessoas durante a noite. Ele é mantido aceso tenção da vida social da aldeia.
durante a noite toda, sob a responsabilidade As casas são, normalmente, muito con-
das mulheres. fortáveis, com ventilação e luz suficientes. São
Numa casa pode morar apenas uma famí- construídas para refrescar durante o dia e
lia nuclear: pai, mãe e filhos, ou uma família aquecer durante a noite, por causa da concen-
extensa: várias famílias nucleares e outros pa- tração do calor do sol. Alguns povos colocam
rentes, como tios, primos e sogros. O número portas e janelas para embelezamento, como é
de pessoas pode variar bastante. O povo Ya- o caso dos Mundurukú. Outros deixam uma
nomami constrói uma única aldeia-casa para abertura única no meio do telhado, como os
todo um grupo de parentes. A Shabono, como Yanomami.
eles chamam essas casas, abriga normalmen- O material utilizado na construção das
te de 65 a 85 indivíduos, podendo ter no máxi- casas é, quase sempre, o mesmo para todos
mo 180 e no mínimo 35 pessoas. os grupos, exceto para aqueles que já têm um
contato permanente com a sociedade brasi-
É importante frisar que as casas onde leira e que sofreram algumas influências da
moram muitas pessoas ou famílias são di- arquitetura urbana. São usados cipós para a
vididas de tal maneira que cada grupo tem amarração dos caibros que farão a sustenta-
seu espaço. Nesse espaço montam sua resi- ção das casas, que depois são cobertas com
dência, na qual as outras famílias nunca ‘en- palhas de palmeiras, como babaçu, açaizeiro
tram’ sem a permissão dos donos do espaço ou pupunheira. [...]”
e de onde nunca tiram um único objeto do MUNDURUKU, Daniel. Coisas de índio. São Paulo:
lugar sem autorização. Callis, 2000. p. 39-42.

QuEsTõEs

1 Qual é a importância das moradias para os povos indígenas?


2 Quantos indivíduos podem habitar uma moradia indígena? Dê exemplos, de acordo com o
texto.

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UNIDADE 1 – Moradia

Capítulo A modernização do
2 espaço urbano brasileiro
auGusTo malTa — arQuIVo Geral da cIdade do rIo de JaneIro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

s Obras na rua da Carioca, na região central da cidade do Rio de Janeiro, em 1906.

TEMAS O início do século XX foi um período marcado por refor-


mas urbanas nas principais cidades brasileiras da época,
◗ O desafio do acesso à entre elas São Paulo, Salvador, Recife e, principalmente, o
moradia no Brasil
Rio de Janeiro.
◗ Século XIX: os fatores
que contribuíram para Essas transformações urbanísticas, contudo, foram re-
as transformações sultado de uma série de eventos ao longo do século XIX,
urbanísticas
◗ As reformas urbanas
como a abolição da escravidão e a chegada de imigrantes.
◗ As políticas públicas de Em sua opinião, como esses eventos podem ter cola-
habitação borado para a modernização dos centros urbanos? Será
que as reformas urbanas asseguraram melhores condições
de moradias à população em geral?

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1 As cidades brasileiras e seus desafios
Pense na cidade onde você vive ou estuda: os bairros e as ruas são organiza-
dos e dispostos da mesma maneira? As residências têm padrões de construção
ou valor comercial equivalente? As pessoas de diferente poder aquisitivo distri-
buem-se em áreas específicas?
Nas cidades, existem diversos tipos de moradias e construções que evidenciam
as condições financeiras de seus habitantes. Observe as fotografias a seguir, que
exemplificam duas situações de habitações bem distintas em Porto Alegre (RS).
1
Gerson Gerloff/Pulsar ImaGens

s
Moradia em condomínio
de luxo na zona sul de Porto
Alegre (RS). Foto de 2011.
2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fernando Gomes/aGêncIa rBs/folhaPress
s Moradias precárias na
periferia de Porto Alegre (RS).
Foto de 2012.

O bairro mostrado na fotografia 1 localiza-se em uma área que concentra


parcelas pobres da população, privadas não só do direito a uma moradia digna
e segura, mas também de muitos outros direitos básicos. Sofrem com o precon-
ceito e muitas vezes são vítimas da violência.
Esse é um desafio enfrentado por muitas cidades do Brasil, principalmente pe-
las de grande e médio porte. Trata-se de um fator de estratificação social, segundo
o qual uma parcela de alta renda da população mora em regiões centrais ou mais
bem localizadas, em moradias de alto padrão, enquanto a população em geral ocu-
pa áreas pouco valorizadas, muitas vezes degradadas ou de risco e mais afastadas,
habitando, em muitos casos, moradias precárias, devido à baixa renda.

• Observe novamente as fotografias 1 e 2 desta página. Compare-as com bairros de


sua cidade ou da cidade mais próxima e identifique as diferenças e as semelhanças
entre as imagens e a sua cidade. Converse com seus colegas.

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UNIDADE 1 – Moradia

2 O século XIX e o início da modernização urbana


A partir do século XIX, o Brasil passou por um intenso processo de moderni-
zação que foi determinante para a modificação do espaço urbano, especialmente
nas principais cidades da época, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Entre os principais fatores que contribuíram para esse processo estão: a vinda
da família real portuguesa para o Brasil; a instalação de ferrovias; a abolição da
escravidão; a chegada de imigrantes; e a industrialização.

A chegada da família real portuguesa


No início do século XIX, Portugal estava prestes a ser invadido pelas tropas de
Napoleão Bonaparte – imperador francês que pretendia dominar toda a Europa –,
fato que forçou a família real portuguesa a transferir-se para o Brasil, chegando
em março de 1808 ao Rio de Janeiro, que se tornou, provisoriamente, a sede ad-
ministrativa da Coroa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Com a família real vieram centenas de altos funcionários, criados e membros


da nobreza. Para acomodar todas essas pessoas, diversos moradores do Rio
de Janeiro foram despejados de suas casas, o que deixou a população muito
insatisfeita.
Além disso, a cidade foi submetida a uma série de adequações, pois agora
seria a sede do Império Português: as ruas foram limpas, as fachadas dos pré-
dios, pintadas, e os animais soltos foram recolhidos. As medidas adotadas para
atender às necessidades da Corte alteraram não só a paisagem urbana do Rio de
Janeiro, mas também aspectos políticos, econômicos e sociais do Brasil.

museu da InconfIdêncIa, ouro PreTo


D. Maria I (1734-1816)
Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, veio
também a primeira mulher a ocupar o trono de Portugal:
D. Maria I, mãe de D. João VI. Por apresentar graves pro-
blemas mentais, D. Maria I ficou conhecida como “a louca”.
Antes de vir para a colônia, a rainha deixara em Por-
tugal um importante legado de ações que promoveram
mudanças sociais, econômicas e políticas.
Muito religiosa, D. Maria I compadecia-se com os
desprotegidos, por isso era conhecida também como “a
piedosa”. Durante seu reinado, mandou libertar mais de
800 presos políticos e reabriu as audiências populares;
inaugurou a iluminação pública de Lisboa em 1780 e im-
s Anônimo, Retrato de
plantou a Academia das Ciências, a Real Academia da
D. Maria I de Portugal (século
Marinha, a Real Biblioteca Pública de Lisboa, entre outras XVIII). Óleo sobre tela. Museu da
importantes ações. Inconfidência, Ouro Preto (MG).

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A instalação das ferrovias
Em meados do século XIX, teve início a instalação das primeiras ferrovias no
Brasil. A construção e a implantação do transporte ferroviário facilitaram a ligação
entre as cidades, a mobilidade dos moradores e o escoamento de produtos, prin-
cipalmente do café (voltado para exportação e em ascensão naquele momento).
Leia o texto a seguir sobre a construção da primeira ferrovia do Brasil.
“A construção da primeira ferrovia do Brasil foi concedida em 1852 a Irineu Evan-
gelista de Souza (o Barão de Mauá). O trecho saía da Baía de Guanabara, na cidade do
Rio de Janeiro, e seguia em direção à cidade de Petrópolis (RJ), tinha 14,5 quilômetros
de extensão e foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854 por dom Pedro 2 o.
Ela foi a primeira operação intermodal do Brasil, pois permitia a integração
do transporte hidroviário e ferroviário.”
PAREJO, Luiz Carlos. Ferrovias no Brasil: história dos trens no país. UOL Educação,
1o out. 2007. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/
ferrovias-no-brasil-historia-dos-trens-no-pais.htm>. Acesso em: 14 nov. 2012.

Até o início do século XX já existiam diversas ferrovias, ligando diferentes

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pontos do Brasil. Em torno delas surgiram muitas cidades, que acompanhavam
o desenvolvimento do café.
Observe no quadro a seguir algumas ferrovias construídas no Brasil entre os
anos 1850 e 1900.

Construção de ferrovias no Brasil (1850-1900)


Ferrovias Data da inauguração
rio de Janeiro a Petrópolis (rJ) 30/4/1854
recife a são francisco (Pe) 8/2/1858
d. Pedro II a central do Brasil (rJ) 29/3/1858
Bahia a são francisco (Ba) 28/6/1860
santos a Jundiaí (sP) 16/2/1867
companhia Paulista (sP) 11/8/1872
companhia mogiana (sP) 3/5/1875
Paranaguá a curitiba (Pr) 18/12/1883
Porto alegre a novo hamburgo (rs) 14/4/1884
dona Tereza cristina (sc) 4/9/1884
corcovado (rJ) 9/10/1884
Fonte: PAREJO, Luiz Carlos. Ferrovias no Brasil: história dos trens no país. UOL Educação, 1o. out. 2007.
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/ferrovias-no-brasil-historia-dos-
trens-no-pais.htm>. Acesso em: 14 nov. 2012.

• De acordo com o texto “Ferrovias no Brasil: história dos trens no país”, a primeira
estrada de ferro do país foi inaugurada em 1854. Em sua opinião, a instalação
das estradas de ferro foi importante para a economia do país na época? Por quê?
Converse com seus colegas.

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UNIDADE 1 – Moradia

A abolição da escravidão
O trabalho de negros escravizados foi praticado no Brasil por mais de
300 anos, chegando ao fim, em 1888, com a assinatura da Lei Aurea, que
extinguiu a escravidão no país.
A abolição da escravidão, contudo, não significou uma vida melhor para
os negros que eram cativos. Embora livres, eles foram abandonados à própria
sorte. O governo imperial não criou políticas públicas que os integrassem à
sociedade. Assim, muitos negros decidiram permanecer nas fazendas onde já
viviam, na condição de trabalhadores assalariados.
Mas nem todos tiveram essa sorte. A grande maioria foi substituída pela
mão de obra europeia imigrante, sobretudo nas lavouras de café.
Muitos passaram a viver nas cidades, ocupando tanto as áreas centrais co-
mo as periferias. Vários se tornaram mendigos, e outros realizavam trabalhos co-
mo limpar latrinas e varrer as ruas, ou, então, trabalhavam em casas de famílias.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A população negra das grandes cidades passou a ocupar, principalmente,


velhos casarões abandonados, formando moradias coletivas chamadas cortiços.
Os cortiços eram formados por
habitações precárias e com péssi-
mas condições de higiene. Essas
moradias também abrigavam a po-
pulação branca pobre. Os cortiços

auGusTo malTa – arQuIVo Geral da cIdade do rIo de JaneIro


não eram bem-vistos pelas autorida-
des e pela população mais abastada
das cidades, que os consideravam
uma ofensa à moral e uma ameaça
à saúde pública.

Cortiço no centro
s

da cidade do Rio de
Janeiro (RJ), em 1906.

O cortiço retratado na literatura


Em 1890, o escritor Aluísio Azevedo publicou o romance O cortiço. Nele retratou o am-
biente dos cortiços, seus moradores e a condição de vida dessas pessoas.
A obra evidencia a grande desigualdade social existente no Brasil no fim do século XIX.
Mostra, ainda, o quanto os moradores dessas moradias coletivas eram marginalizados,
tanto pela sociedade quanto pelo poder público – uma vez que as políticas públicas não
os beneficiavam.

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Imigração e industrialização
A ascensão do café e os altos lucros obtidos com esse produto a partir da
década de 1940 geraram a necessidade de maior quantidade de trabalhadores
nas lavouras de café, especialmente no interior do estado de São Paulo – onde
se concentrava grande parte da produção cafeeira no Brasil. Por isso, o governo
passou a importar mão de obra da Europa. Porém, apenas a partir da década de
1870 a imigração tornaria-se mais intensa.
A maioria dos imigrantes que entraram no Brasil a partir da década de 1940
foi trabalhar nas lavouras de café. Contudo, uma parcela permaneceu nos cen-
tros urbanos onde instalaram pequenas manufaturas que mais tarde, em alguns
casos, se tornariam grandes indústrias.
reProduÇÃo - coleÇÃo ParTIcular

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Vista panorâmica do
s
bairro do Brás, na
década de 1940, um
dos primeiros bairros
operários da cidade
de São Paulo.

No início do século XX, houve o desenvolvimento da indústria no Brasil in-


centivado pelo governo – o que causou o aumento da oferta de trabalho nos
centros urbanos. Por isso, muitos trabalhadores do campo migraram para as
cidades em busca de melhores oportunidades de trabalho nas fábricas.
Formou-se, então, nas cidades uma classe operária – o conjunto dos tra-
balhadores das indústrias.
Para obter maior produtividade, os patrões tomaram a iniciativa de construir
conjuntos de moradias próximas às fábricas, chamadas vilas ou bairros operários
– assim os trabalhadores evitavam atrasos e custos com transporte. Como as vilas
operárias pertenciam aos industriais, eles exerciam um certo controle sobre os mo-
radores. Em geral, tratava-se de moradias simples e sem conforto. Nas vilas, exis-
tiam ainda pequenos comércios para atender às necessidades dos trabalhadores.
Além das vilas, surgiram ainda os bairros populares nas regiões mais afas-
tadas das cidades. Eles eram ocupados por trabalhadores das ferrovias, pela
população negra e também por operários das fábricas.

• Em sua opinião, quais são os pontos favoráveis e os não favoráveis de os


trabalhadores das fábricas viverem nas vilas operárias do início do século XX?
Converse com seus colegas.

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UNIDADE 1 – Moradia

3 As reformas urbanas
Todas as mudanças ocorridas no país ao longo do século XIX colabora-
ram para o aumento populacional das cidades brasileiras. Sem infraestrutura
para atender à demanda cada vez maior de habitantes, as cidades do início
do século XX passaram a enfrentar problemas de diversas naturezas, como
habitação, saúde, transporte etc.
Esses problemas, na visão de muitos políticos e das elites — formada, em es-
pecial, pelos grandes industriais e pelos ricos fazendeiros — afetavam a imagem
do Brasil no exterior, passando a ideia de um país atrasado. Por isso, a partir do
início do século XX, várias cidades brasileiras passaram por reformas urbanas,
tendo como modelo as cidades europeias e norte-americanas.
As transformações urbanísticas ocorreram, em menor ou maior escala, nas
principais cidades brasileiras como São Paulo, Recife, Salvador, Rio de Janeiro
etc. As reformas previam a abertura de ruas e avenidas, a implantação de redes
subterrâneas de esgotos e água tratada, a demolição de prédios antigos nas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

áreas centrais e a construção de edifícios modernos.


Uma das maiores reformas ocorreu durante o governo do presidente Rodri-
gues Alves, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Os cortiços que
existiam no centro da cidade foram demolidos para dar lugar a largas avenidas.
Essa ação ficou conhecida como bota abaixo.
A população expulsa do centro da cidade, em sua maioria pertencente à
classe trabalhadora urbana, passou a ocupar os morros e as áreas periféricas.
Assim, originaram-se as primeiras favelas e cresceu muito o número de mora-
dores dos subúrbios.
A área central passou a ser ocupada sobretudo pela elite, em belas e am-
plas construções, enquanto a população pobre se abrigava em moradias pre-
cárias nos morros e na periferia da cidade, sem as mínimas condições sanitá-
rias e de segurança.
acerVo IconoGraPhIa

Morro da Favela,
s

primeira favela
carioca – atual
Morro da
Providência, Rio
de Janeiro (RJ), na
década de 1920.

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4 O acesso à moradia
Ao longo do século XX, o processo de modernização dos centros urbanos
tornou-se mais intenso. O Brasil – que até a década de 1940 contava com ape-
nas 31% de habitantes nas áreas urbanas – chegou ao final do século como um
país urbano, com mais de 60% da população vivendo em cidades.
Esse crescimento foi motivado principalmente pelo impulso que a indústria
ganhou a partir de meados do século XX, o que motivou a abertura de muitos
postos de trabalho. A oferta de emprego causou a migração de populações das
áreas rurais para as áreas urbanas do país.
Por isso, desde a década de 1930, o governo brasileiro começou a investir em
programas sociais que visavam enfrentar o déficit habitacional. Contudo, muitos
dos programas implantados atendiam apenas às necessidades da classe média,
marginalizando a população de baixa renda. Esse foi o caso, por exemplo, das po-
líticas habitacionais durante o Regime Militar, nas quais a situação dos moradores

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de favelas foi tratada como caso de polícia.
Os programas e as políticas habitacionais eram prejudicados, ainda, pela
burocracia e pela falta de investimentos, o que muitas vezes impediu o avanço
dos projetos e sua concretização. Por isso, até o final do século XX, diversos
programas foram implantados, apesar de ineficientes e pouco duradouros.
Assim, as iniciativas oficiais, embora válidas, não foram suficientes. As
construções em áreas de risco, os moradores de rua e a ocupação de pré-
dios abandonados são situações ainda comuns e frequentes nas grandes e
médias cidades brasileiras.

Moradias em áreas de risco


No dia 8 de abril de 2010, ocorreu
fáBIo moTTa/aGêncIa esTado
um deslizamento no Morro do Bum-
ba, em Niterói (RJ), que resultou em
48 mortes.
Foi uma consequência trágica da
ocupação de áreas inadequadas para
a habitação. Em situações como essa,
além de agredir o meio ambiente, co-
loca-se em risco a vida dos moradores
que habitam essas regiões.
A construção de moradias em mor-
ros ou próximos a margens de rios são
as principais causas de desastres que
vitimam um grande número de pessoas s Deslizamento de terra no Morro do Bumba
anualmente no Brasil. em Niterói (RJ). Foto de 10 de abril de 2010.

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UNIDADE 1 – Moradia

ATIVIDADES

1 Quais foram os principais fatores que contribuíram para o processo de modernização do espaço
urbano brasileiro a partir do século XIX?

2 Com relação à questão da moradia, quais impactos podem ser observados para a população do
Rio de Janeiro com a chegada da família real portuguesa em 1808?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3 Releia o texto da página 171 e responda às questões a seguir.


a) Após abolir a escravidão, os negros foram integrados à sociedade brasileira?

b) Relacione a entrada dos imigrantes no fim do século XIX com a dificuldade da população
negra em conseguir trabalho.

4 Pode-se afirmar que as transformações urbanísticas ocorridas no início do século XX


colaboraram para evidenciar as desigualdades sociais no Brasil? Como? Converse com
seus colegas.
5 Você conhece algum tipo de ação realizada pelos governantes, pela sociedade ou por entidades
privadas que busca proporcionar moradia digna para a população carente? Cite exemplos.

175

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6 Quais são os principais problemas enfrentados pela cidade em que você vive?

7 A superpopulação das cidades e a falta de infraestrutura são as causas de uma série


de problemas enfrentados pela população urbana, como o déficit habitacional, estudado
neste capítulo. A charge a seguir representa outro problema muito comum nos grandes
centros urbanos.
fernando BasTos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Charge de

s
Fernando
Bastos
publicada
em 2008.

a) De qual problema se trata?

b) Em sua opinião, a quem compete a resolução desse problema? O que a população


em geral pode fazer para colaborar?

8 Releia o boxe da página 174 e responda. Em sua opinião, por que as pessoas ainda
insistem em construir suas moradias em áreas de risco como encostas e próximo a
margens de rios? Converse com seus colegas.

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TEXTO COMPLEMENTAR
As favelas do Brasil
Na atualidade, um grande número de brasileiros mora em favelas, principalmente, nas
grandes capitais do país.
As condições de vida a que essas pessoas estão sujeitas levam à discriminação e ao
preconceito social. A favela é vista muitas vezes como um lugar de criminalidade e aban-
dono, estereótipos que marcam seus moradores, como se fossem comuns a todas as pes-
soas que vivem em favelas.
Por isso, muitos artistas e estudiosos têm procurado demonstrar uma outra ideia de fave-
la, a fim de modificar o modo pejorativo com que seus moradores são vistos.
Leia este trecho da canção a seguir.

maurIcIo sImoneTTI/Pulsar ImaGens


[...]
Favela, ô
Favela que me viu nascer
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Só quem te conhece por dentro


Pode te entender!
O povo que sobe a ladeira
Ajuda a fazer mutirão
Divide a sobra da feira
E reparte o pão
Como é que essa gente tão boa
É vista como marginal
Eu acho que a sociedade
Tá enxergando mal
Minha Favela!
Entendo esse mundo complexo
Favela é minha raiz
Sem rumo, sem tiro, sem nexo
E ainda feliz
[...]
SAPUCAHY, Leandro. Favela.
Em: SAPUCAHY, Leandro. Warner, 2006.
Faixa 11. s Favela na cidade de Salvador (BA). Foto de 2011.

QUESTÕES

1 Você conhece, já visitou ou morou (mora) em uma favela? Quais são suas impressões?
2 A canção “Favela” denuncia o preconceito social em relação aos moradores de favelas. Em
sua opinião, por que existe esse preconceito? Você concorda com essa maneira de pensar?

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