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meios mecânicos, eletrónicos, seja via cópia xerográfica, sem, lesta publicação poderá ser reproduzi43 ,
, a autorização prévia da Editora. "0seja por
1 edição 2009
111 edição 2017 FACOLTA TEOLOGICA DEL TRIENETO
Revista e ampliada Via del Seminario, 29 - 35122 Pad
www.fttr.it 1Ova
lmprimatur
Tradução
Pádua, 6 de novembro de 2008
Pe. José Borto/ini
Onello Paolo Doni, Vig. Ger.
Título original
Diretor editorial: Pe. SIlio Ribas
La Bibbia nella storia - Introduzione generale afia Sacra
Scrittura
Assessoria bíblica: Pau/o Bazaglia
Coordenação de arte: Danilo Alves Lima
ISBN 978-88-250-4569-7 Coordenador da revisão: Tiago José Risi Leme
ISBN 978-88-250-4570-3 (PDF) Preparador do original: Tatianne Francisquetti
Capa e diagramação: Karine Pereira dos Santos
ISBN 978-88-250-4571-0 (EPUB) Imagem da capa: iStock
Impressão e acabamento: PAULUS
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MESSAGGERO DI SANT'ANTONIO- EDITRICE
Basílica dei Santo - Via Orto Botanico, 11-35123 Padova
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A meus pais, pelo dom da vida e da /
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Boscolo, Gastone
A Bíblia na história: introdução geral à Sagrada Escritura/ Gastone Boscolo; tradução de Pe. José Bortolíni.
- São Paulo: Paulus, 2021.-Coleção Biblioteca de estudos bíblicos.
ISBN 978-65-5562-198-3
Título original: La Bibbia nella storia - Introduzione generale alia Sacra Scrittura
1. Bíblia - Introduções 2. Bíblia - História 3. Bíblia - Estudo e ensino 1. Título li. Bortolini, José Ili. Série
1 a edição, 2022
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•
CAPÍTULO 11
O CÂNON DA ESCRITURA
1. INTRODUÇÃO
' Entre os apócrifos do AT temos: o Apocalipse de Moisés, a Ascensão de Isaías, o Testamento de Sa-
lomão; entre os do NT: o Evangelho de Pedro, o Protoevange/ho de Tiago, o Evangelho de Tome, o Epistolário
entre Paulo e o filósofo Sêneca.
'M. Erbetta (org.), Os apócrifos do Novo Testamento, 1/1, Casale Monferrato, 1975, p. 143-144: "Mas na
noite na qual começava a iluminar-se o dia do Senhor, enquanto os soldados montavam guarda, dois a dois,
ecoou no céu um forte grito. Eles viram os céus abertos e dois homens descer de la com grande esplendor
e aproximar-se do sepulcro. A pedra, que havia sido rolada à entrada, deslizou sozinha e se pôs de lado. O
sepulcro assim se abriu e os dois jovens entraram. Vendo isso os soldados acordaram o centurião e os anciãos.
Também estavam aí para a guarda. Enquanto explicavam aquilo que haviam visto, eis que veem novamente
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A Bíblia na história
Capítulo 11
Com base em qual critério foram inseridas na Bíblia as duas cartas de Pedro (que deuterocanônicos, ou que entraram primeiro no cânon em relação aos outros, que
entre outras coisas não remontariam ao apóstolo) ao passo que o seu Evangelho fo· teriam entrado num tempo posterior. Em vez disso, o significado dessa terminologia
considerado apócrifo? Evidentemente não foi a paternidade - autêntica ou supoa é somente um: protocanõnicos são os livros aceitos pela Igreja pós-apostólica sem
- de um apóstolo, ou de um discípulo seu, aquilo que determinou a inserção de um qualquer discussão; ao contrário, os deuterocanônicos são aqueles cuja canonicidade
escrito no cânon. foi debatida em algumas Igrejas, antes de serem definitivamente acolhidos no elenco
A Igreja pouco a pouco chegou à convicção de que alguns escritos eram ins- dos livros inspirados.
pirados porque continham uma tradição segura, indicações confiáveis, ajudavam 4 Os . deuterocanônicos são sete para o AT: Tobias > Judite,o 1-2 Mtacabveus,
b B iaruc,
•• -
aprofundar a fé; a Igreja descobriu que neles agia o Espírito de Deus, porque a men- Sabedoria, Sirácida,. e as seçoes de Daniel 3.13-14 e Ester 10,4-16.24:
, , , e sete para
sagem deste ou daquele escrito dava frutos. Ao contrário, viu que outros livros não
o NT: Hebreus, Trago, Judas, 2-3 João, 2 Pedro, Apocalipse. As Bíblias católicas e
reforçavam da mesma forma a fé do leitor e/ou até favoreciam o surgimento de cor-
protestantes de hoje, naquilo que se refere ao NT, trazem os mesmos livros na mesma
rentes heréticas. Portanto, chegou-se à conclusão de que não eram inspirados e não
ordem, exceto breves seções de atestação incerta no testemunho manuscrito. Em vez
se distinguiam em nada da literatura comum. O processo de formação do elenco dos
disso, para o AT, as Bíblias protestantes trazem somente os protocanônicos.
livros da Bíblia durou alguns séculos. No vocabulário relativo ao cânon bíblico, se acha também o termo pseudoepi-
gráfico ou pseudoepígrafe (pseudês grafe = falsa inscrição), introduzido pelos protes-
tantes para indicar os nossos apócrifos, ao passo que chamam apócrifos os livros do
2. TERMINOLOGIA
AT que nós chamamos deuterocanônicos. Portanto, para nós, Sirácida é livro deute-
Cânon deriva de kanón (caniço), porque um caniço era o instrumento para me- rocanônico, ao passo que Apocalipse de Moisés é livro apócrifo; para os protestantes,
dir, o termo assumiu o significado de medida, do qual derivou por sua vez o de regra, Sirácida é livro apócrifo, e o Apocalipse de Moisés é livro pseudoepigráfico.
norma. Com efeito, para o apóstolo Paulo, cânon é a norma que governa e regula a O cânon bíblico é a lista oficial dos livros que a Igreja reconhece como normati-
vida do cristão: "De minha parte, que eu não me glorie a não ser na cruz de nosso vos para a vida do cristão, como parte da sua fundação como comunidade de fé. Os
Senhor Jesus Cristo [...]. Com efeito, o que conta não é a circuncisão nem a não cir- livros canônicos são aqueles que constituem a regra da fé, transmitem as verdades
cuncisão, mas ser nova criatura [ ... ]. E para todos os que seguirem esta nonna [kai reveladas, estruturam a vida cristã. O reconhecimento oficial do cânon não exclui que
hósoi to(i) kanóni toúto(i) stoichésousin] haja paz e misericórdia, assim como para outros livros possam ter sido compostos com a assistência e guia do Espírito e depois
todo o Israel de Deus" (GI 6,14-16). se perdido. É o caso da carta aos Laodicenses (cf. CI 4,16).
Começando no século IV, o termo cânon passa a indicar o elenco das Sagradas
Escrituras oficialmente reconhecido pela Igreja. Atanásio (351) é o primeiro a distin-
3. FORMAÇÃO E FIXAÇÃO DO CÂNON HEBRAICO DAS ESCRITURAS
guir entre livros canônicos e apócrifos.? A distinção de Santo Atanásio entre livros
canônicos e apócrifos evoca a distinção de Eusébio de Cesareia (por volta de 300), Os escritos sagrados de Israel não se formaram por encantamento. Israel não co-
que, em referência aos "livros testamentários (endiáthekos)" fala de homologoúmena meçou sua história escrevendo livros. Primeiramente, viveu e, a seguir, após longa fase
(livros aceitas por todos), antilegómena (discutidos) e nótha (espúrios).' de tradição oral, escreveu para recordar aquilo que vivera e compreendera e, assim,
Após o Concílio de Trento, Sisto de Siena ( 1569) introduziu na Igreja católica oferecê-lo como lição de vida para as gerações seguintes.
a terminologia protocanônicos e deuterocanônicos. É uma terminologia pouco feliz,
porque poderia fazer pensar que os livros protocanônicos são mais canónicos que os
3.1.0 prólogo do Sirácida
sair do túmulo três homens: dois sustentavam o terceiro, enquanto uma cruz os seguia. A cabeça dos dois
primeiros alcançava o céu, ao passo que a cabeça do conduzido por eles pela mão superava o céu. A segU" Dentro do judaísmo as primeiras informações acerca de coletânea de livros sa-
ouviram uma voz do alto que dizia: 'Pregaste aos que dormem?' A seguir ouvia-se a resposta que vinha da grados encontram-se no prólogo do livro do Sirácida (130 a.C., aproximadamente).
cruz: 'Sim'. Então eles decidiram juntos ir a Pilatos e colocá-lo a par do acontecimento",
Nele, o neto de Jesus ben Sirá explica o motivo de sua tradução - do hebraico para o
Atanásio, em 351, escreve que O Pastor de Hermas "não faz parte do cânon", e, em 367, na 39 carta
festal, após haver elencado os livros do AT e do NT, os chama "livros incluídos no cânon (kanonizoména) e grego - do livro do seu avô:
acreditados como divinos" e os contrapõe aos "livros apócrifos (apókrypha)" que os hereges misturam com @>
Escrituras divinamente inspiradas.
Visto que a Lei e os Profetas e outros escritores que se seguiram a eles deram tan-
• Tod avia,
• nao
- sa ib emos se os livros "canônicos" de Atanásio correspondem aos homologoúmena de tas e tão grandes lições pelas quais convém louvar Israel por sua instrução e sua
'b·º
E use 10. sabedoria [...] também meu avô Jesus, depois de dedicar-se intensamente à leitura
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A Bíblia na história
Capitulo 11
d a Lei dos Profetas e dos outros livros dos antepassados e depois de adquirir neles
9 • • 1 Flávio Josefo não fornece a indicação exata de quais são os treze livros dos
grande experiência, ele próprio sentiu a necessidade de escrever algo sobre a i4
Profetas e os outros quatro livros; mas, das indicações que oferece nos outros escritos
truça-0 e a sabedoria > a fim de que os que
.
amam a mstruçao, submetendo-se a
• • essa
disciplina, progridam muito mais no viver segundo a Lei (Prólogo do Sirácida) seus, o elenco pode ser facilmente reconstruído. Os treze livros dos Profetas corres-
pondem a Js, Jz com Rt (um único livro), 1-2Sm (um único livro), 1-2Rs (um único
livro), Is, Jr com Lm, Ez, e os doze profetas menores (um único livro), J6ó, Est, Dn, Esd
E depois de haver anotado as dificuldades de traduzir do hebraico para Ogre
e Ne (um único livro), 1-2Cr (um único livro). Os outros quatro livros correspondem
e exaltado a indubitável força do ongma +l hebr·
<.
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A Bíblia na história
Capítulo 11
os debates sobre Qo e Ct, e O texto hebraico de Sirácida foi lido e transcrito n significa
_ simplesmente que . não tiveram oportunidad e dee rerenr-se
r,.:.
a e ] es. De resto
sinagogas também nesse período. Pode-se falar de cânon hebraico definitivo (isto ~s não são expressamente citados também livros prot , • '
. E , . ocanomcos, por exemplo: Rute
limitado aos 24 livros da atual Bíblia Hebraica) somente por volta do século III 4o' Esdras, Neemias, ster,. Cântico, Qohélet,, Abdias,, Naaum. No entanto, temos alusoes.'
, .
bastante explícitas a Sir 5,11 em Tg 1,19; a Sb 2,24 em Rm 5,12: 2M
en Hb 11,34. >'5a 1c6,18-7,42
3.4. Por que os judeus têm cânon reduzido? Também em época pós-apostólica, o texto oficial da Igreja para o AT foi o da
LXX ou uma tradução
, completa dela (Vetus Latina). • Unma con f, rmaçao a iavor do
=,
0 caráter divino dos escritos mais recentes, ou confirmasse o caráter sagrado de es- pelas catacumbas. Encontramos numerosas cenas que re 'presentam episódios · 'd' narra-
critos mais antigos a respeito dos quais os profetas não se haviam expressado clara-
dos pelos escritos deuterocanônicos misturadas com c . ,
mente. Esse motivo é focalizado por Flávio Josefa em Contra Apião (1,8), onde, após · .· ' :enas que representam episó-
dios narrados nos protocanônicos
- (jamais cenas que represent f d
.am atos narra os nos
haver enumerado os escritos canônicos, acrescenta: "De Artaxerxes (século V) até
apócrifos do AT). São frequentes: a representação dos três jovens na fornalha (Dn 3,
nós, tudo foi escrito, porém esses livros não têm entre nós a mesma autoridade dos
seçao deuterocanomca); a ·representaçao de Daniel na cova d tos 1 teoes,
- com o proteta r
anteriores, porque nunca houve uma segura sucessão dos profetas".
Habacuc que lhe leva comida (Dn 14, também seção deuterocanônica).
Isso é acompanhado por outros dois motivos: a) segundo os fariseus, um escrito
A partir do final do século II d.C., dois fatores contribuíram para fixar a ex-
não podia ser considerado sagrado se não fosse escrito em língua hebraica ou aramai-
tensão do AT cnstao: a) a heresia de Marcião; b) a opção pelo cânon mais breve por
ca (única língua considerada digna de expressar a Palavra de Deus); b) além disso,
parte do judaísmo.
devia ter sido composto na Palestina (único lugar adequado para a revelação divina).
A reação da Igreja à posição de Marcião (t 160 aproximadamente), para O qual
o AT não unha nenhuma importância para o cristão, pelo contrário, era de atribuí-lo
a um Deus malvado, teve consequências de amplo relevo. Justino, Ireneu, Origenes
4. O CÂNON CRISTÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
e outros defenderam o AT, considerado necessário pela riqueza do seu ensinamento
Se no século I d.C. a extensão do terceiro grupo dos livros sagrados no judaísmo especialmente em relação à história da salvação, concebida e atuada pelo único Deus,
ainda era incerta, não podemos esperar da Igreja apostólica (e, portanto, dos escritos que é ao mesmo tempo Deus de Israel e Pai de Jesus Cristo. A defesa do AT é acompa-
do NT) uma resposta exata e definitiva a esse problema. Todavia, o NT focaliza a nhada inevitavelmente pelo problema da sua exata extensão.
grande consideração dada às Escrituras de Israel. Sobre a canonicidade e inspiração dos deuterocanónicos, discutiu-se, tanto no
A respeito das Escrituras de Israel, Jesus afirma que não podem ser anuladas (Jo Oriente quanto no Ocidente, até o século IV. Orígenes, Atanásio e Cirilo de Jerusalém
10,35); afirma que não veio ab-rogar, mas conduzir ao cumprimento (Mt 5,17-18); re- optaram pelo cânon breve dos judeus; no Ocidente, Agostinho foi tenaz defensor do
fere-se a elas com peremptório está escrito (gégraptai), que encerra toda discussão (Mt cânon longo, evocando o uso desses livros na liturgia de numerosas Igrejas, evocando
4,4-10). A mesma coisa fazem os outros escritores do NT mediante as fórmulas: Para também sua preciosa contribuição para a doutrina e a fé. Jerônimo, após ter se apai-
que se cumprisse a Escritura, ou: A Escritura diz. Esse uso indica que as Escrituras de xonado pela hebraica veritas, foi convicto sustentáculo do cânon breve, limitado aos
Israel, para a Igreja apostólica, são também Escrituras "cristãs". livros escritos originariamente em hebraico. Todavia, não teve a pretensão de absolu-
A comunidade cristã se desenvolveu sobretudo no âmbito da diáspora, onde Rs._ tizar o seu ensinamento contra o ensinamento comum da Igreja.
se usava a Bíblia dos LXX. Com efeito, eram poucos os que ainda conseguiam com- /' - Do século V ao Concílio de Trento, remos a unanimidade moral dos escritores
preender e usar o hebraico. A primitiva Igreja falava grego, celebrava em grego, e cristãos a favor dos deurerocanônicos. Os aurores que ainda levantaram dúvidas con-
se escrevia em grego, consequentemente, as leituras litúrgicas eram tiradas da Bíblia tra os deuterocanônicos são poucos: no Oriente, João Damasceno; no Ocidente, Gre-
Alexandrina. Ao escrever, quando se citava a Bíblia, tomava-se a LXX.° gório Magno (t 604) e Ugo de São Vítor (século XII). A partir de 1546, ano da defini-
Os autores do NT, mediante o uso, aprovaram e reconheceram O cânon como ção tridentina, nenhum católico pôs em dúvida a canonicidade dos deurerocanônicos.
se encontrava na versão dos LXX. Esse argumento conserva toda a sua força mesmo A respeito dos deuterocanônicos do AT:
que se tenha de admitir que os apóstolos, em seus escritos, nunca citam explicitamente 1. Não se pode pretender que rodo antigo escritor cristão cite de todos os escri-
passagens dos deuterocanônicos. Todavia, 0 silêncio não equivale a desaprovação; tos deurerocanônicos do AT. Era natural a citação do AT quando a ocasião se
apresentava e, evidentemente, não se apresentava a cada Padre da Igreja a oca-
6
Das 350 citações do AT no NT, aproximadamente 300 são tiradas da LXX. sião de citar de todos os deuterocanônicos.
252 253
Capitulo 1
A Bíblia na história
Igrei·a cita como Palavra de Deus algum escrito deute a início do século II, treze cartas de Paulo (corpus paulinum) eram 1he{
d d 1a
2 Se um Padre ·id : . d "TOcan NO . [[. 9 conhecidas
• d resumir que ele cons1 erasse msp1ra o também O - , • na Ásia Menor e na ta 1a. No curso da primeira metade d ,
nico do AT, pode-se p! 2Soutr, Gréc1a, .- " 1o século
1 II,
namos pO ucos testemunhos em relaçao .
aos outros escritos aJJostólicos·
. ,na segun a
d
deuterocannicos.
re d do século II, os Atos dos Apóstolos, o Apocalipse e pelo menos a 1Jo e a 1Pd
p dre da Igreja nunca cita algum escrito deuterocannico do A metal€ ·
3. Se um a p d ,h , nem siderados canomcos.
. d
da.
considerá-lo adversário 1o canon ongo. o era aver fort eram con
por isso se eve . e sus.
. d ma certeza moral, se de 1 e se conservam mmtas obras nas .
peita em vez Ie u» : quais
. frequenrtemente os escritos protocanomcos e nunca os deuterocano'n·I cos,
1 cita
ele mo à formação do cânon do Novo Testamento
5.2. R iU
4 A controvérsia com os judeus induzia alguns escritores a conferir valor somen- No século II, dois fatores contribuíram para a fixação do cânon do NT: a heresia
t~ àqueles livros sobre os quais era possível basear-se para um diálogo com eles,
de Marcião e o gnosticismo.
Marcião não re1e1tou somente o AT na sua totalidade, mas negou também parte
d NT. Aceitou como textos sagrados dez cartas de Paulo (excluía Hb, 1-2Tm, Tt e
5. o CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Fm) e uma versão do Evangelho de Lucas depurada de todos os acenos ao Deus do
5.1. Memórias de Jesus e dos apóstolos AT. O gnosticismo do século II caminhou na direção contrária: orgulhando-se de re-
velações particulares obtidas em encontros secretos com Cristo ressuscitado, produziu
Grande parte dos escritos do NT surgiu por motivos ocasionais e era destinada novos Evangelhos e cartas que garantia serem de origem apostólica.
a cada comunidade, e não à Igreja universal. Cada comunidade vivia da pregação oral o fato de que Marcião (t 160 aproximadamente) tenha encurtado o cânon pro-
do apóstolo que a fundara, complementada por seus eventuais escritos.7 va indiretamente que no seu tempo havia um cânon mais longo; com efeito, Ireneu o
O cânon do NT foi fixado em época pós-apostólica. Em cada Igreja se passa- acusa de havê-lo mutilado. Tertuliano, após haver afirmado que os Testamentos são
rá lentamente de uma coletânea incompleta a uma coletânea mais completa, até os dois afirma que o NT se compõe por quatro Evangelhos, por treze cartas de Paulo,
elencos e decisões do magistério dos séculos IV e V. Os critérios para a conservação pela epístola aos Hebreus, pela primeira carta de João e pelos Atos dos Apóstolos. Se-
e aceitação eram: a) a origem apostólica real ou presumida; b) a importância da co- rapião, bispo de Antioquia, aproximadamente no ano 190, assim se pronuncia ace~ca
munidade para a qual o escrito foi feito; c) a conformidade com a regra da fé; d) às do "Evangelho apócrifo de Pedro": "Nós, irmãos, acolhemos Pedro e os outros após-
vezes também o caso (como para Filêmon em relação a outras cartas de Paulo que se tolas como Cristo em pessoa, mas somos bem perspicazes em re1e1tar os_ escmos que
perderam). falsamente trazem o nome deles, sabendo que não os recebemos como tais por nossos
Os quatro Evangelhos, ainda que não sejam os escritos mais antigos do NT,8 mensageiros" (em Eusébio, História Eclesiástica VI, 13,3). .
foram os primeiros a ser colocados no mesmo plano dos escritos do AT e reconheci- .. da formaçao
Na história - do canon neotes t ame. ntário um documento impor-
a
dos como normativos para a comunidade cristã [canônicos]. Os Padres apostólicos tante é o Cânon Muratoriano que re fl ete o canon
, d Igrei·a de Roma de 200 d.C.,
ª lh
fornecem a prova de que, no início do século II, as grandes Igrejas possuíam uma aproximadamente O cânon sustenta o carater norm 1ativo dos quatro Evange, . os,
,,
coleção de livros designada com o nome Evangelhos. Por volta de 140, Pápias, • 1· d outras três cartas apostoltcas 1
d os Atos dos Apóstolos, de treze cartas pau mas, e . d pd
bispo de Hierápolis, conhecia Marcos e Mateus. Justino (por volta de 150) põe • e o Apocalipse te e ro, que,
(Jd; 1-2 Jo) e do Apocalipse; ao lado d este nomeia-s , _ f h
os Evangelhos no mesmo plano das Escrituras hebraicas: "No dia chamado do sol . . - , . I • Esse cânon nao raZ nen uma
ias todavia, se considera "não apto à leitura na Igreja'. _.,,, [ 4.Sa
nos reummos num só lugar, da cidade e do campo, e se faz a leitura das Memor ·ta como cnstao o 1vro a
referência a Hb 1-2Pd Tg e 3Jo, e estran h amente ace ,, [e+ somente
dos apóstolos [Evangelhos] e dos escritos dos Profetas, até que o tempo permita b d ..> dAT);e recomeu a a e1tura, s
(PG 6,429).
•
e!oria de Salomão (que pertence ao canon
a.
° '
privada, do Pastor de Hermas. , . d C sareia comunica que
6
U steto depois, por vota de 310 4.€, É,","$'~ aaas tereis Hit.
ainda subsistiam discrepâncias nas listas dos livros h ciclos por todos
Ee·
cl.
III, 25,1-14). Não participavam dos [1vros O fcialmente
ci
reconte
11
Do NT, parece que somente alguns escritos eram destinados a mais de uma comunidade: Tg_ ' ':
doze tribos dispersas no mundo; 2Cor 1,1: A todos t de tode A i-
1
p 1,1:4os fiéis dispe
no Ponto, na Galácia na Ca , os san os e o a a ca,a; .'... mais de urna - de Paulo no mesmo plano
idade ; ' 3padócia, na Asia e na Bitínia; ou giravam como circulares dirigidas a "u, 3,15-16, que põe as cartas 1 artas
comuni ª e (da, surge um caráter normativo que transcende a comunidade local). ·
das outr
ma confirmação vem da segunda carta de Pedro
E. .
,' ?
eb iro escrito neotestamentano foi a primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, escrita "° na .d d postólica.
entre d lezemlro de 50 e março di 51 d e 'aulo usufruíam junto com os Evangelhos garantia e autor ta e a
e , lurante a segunda viagem missionária.
255
254
A Bíblia na história Capitulo 11
..:. . H} T 2Pd, Jd, 2-3Jo (antilegómena); discutia-se ainda acerca d para AT e o NT um cânon idêntico ao de Hipona. A Igreja do Ocidente apresenta
como canomcos.
.
, g, ' ' • ,
d J a-o que O próprio Eusébio não tem certeza quanto a situa- 1 o entre os
° esse mesmo canon longo no Decreto Gelasiano (aproximadamente 492, , EB 26) , por
/ fi .
A pocalipse te 1o , ~f;)
isso se pode a rmar que a Igreja, desde o século IV, sustentou em seus pronunciamen-
homologoúmena ou entre os nótha (= espúrios ou apocr1ros).
. d nda metade do século V, acerca do canon do NT, há consenso tos O atual cânon longo.
A partr la segu .
.d d unânime. Somente os nestoranos se apartam desse con. A Igreja do Oriente aceitou o cânon longo no Concílio Trullano II ou Quinis-
que pode d ser considerado dr' id
. N ,
sentimento. 1o secuio 1 XVI ' algum grupo da Reforma teve. uv1d as• acerca de alguns sexto (692). O patriarca Fócio (+ 891) o confirmou e declarou mais uma vez obriga-
,:. rtanto, a Igreja, nos séculos III-V foi gradativamente tomando tório para toda a Igreja oriental.
deuterocanomcos, por , ' . .
...· d s longo do NT As causas que determinaram incertezas e dúvidas A primeira intervenção da Igreja em nível universal relativa ao texto sagrado
consciência to canon '
a respeito da canonicidade de alguns livros foram: aconteceu no Concilio de Florença (1442). No último decreto desse concílio ecumêni-
a) A falta de elenco oficial e definitivo dos livros sagrados. co, foi apresentado um elenco dos livros sagrados em conformidade com O dos con-
cílios africanos e com o Decreto Gelasiano (Bula Cantate Domino, 4 de fevereiro de
b) As dificuldades de comunicação entre uma e outra Igreja e as dificuldades
1442, EB 4 7). Porém não se trata de definição solene, mas de profissão de fé no cânon
referentes ao idioma, que às vezes impediram as Igrejas de se informarem reci- bíblico. O cânon do Concílio de Florença é idêntico àquele que será expresso median-
procamente acerca dos escritos apostólicos, comunicando-os entre elas. te definição do Concílio de Trento, quer por aquilo que diz respeito ao conteúdo do
c) O exagerado cuidado ao excluir os numerosos apócrifos em circulação às elenco, quer pela disposição dos livros bíblicos (única exceção: Atos dos Apóstolos é
vezes envolveu também algum livro de origem apostólica e inspirado; ao con- colocado antes do Apocalipse:
trário O cuidado deficiente impeliu outros a inserir algum apócrifo entre os
A Igreja confessa um só, idêntico Deus como autor do antigo e novo Testamento
'
inspirados. [ ... ] porque os santos de um e de auto Testamento falaram sob inspiração domes-
d) O mau uso praticado por seitas hereges em relação a certos livros (Hebreus e mo Espírito Santo. Desses aceita e venera os livros compreendidos sob os seguintes
títulos [ ...] (EB 47).
Apocalipse)."%
e) A brevidade exagerada e o valor doutrinal não relevante de alguns escritos
deuterocanônicos, como 2 e 3 ]o e judas. Contra Judas há desconfiança por citar 6.2. A definição do cânon no Concílio de Trento
um livro apócrifo, Henoc.
Após o Concílio de Florença, parecia estar estabelecido definitivamente quais
livros pertenciam à Sagrada Escritura, mas Lutero acendeu novas disputas. Na sua
6. O MAGISTÉRIO ECLESIÁSTICO E O CÂNON tradução da Bíblia em alemão, traduziu também os deuterocanônicos do AT, mas
colocou-os no fim, declarando-os expressamente apócrifos e livros a não serem con-
6.1. As declarações do magistério acerca do cânon siderados no mesmo plano da Sagrada Escritura, mas que no entanto são úteis e bons
de ler.''
A primeira declaração do magistério a respeito do cânon aconteceu no Concílio
O Concílio de Trento viu-se obrigado a decidir definitivamente a questão do
de Hipona (393, assembleia plenária dos bispos da província da África; EB 16-18),
cânon. No dia 8 de abril de 1546, com o decreto De libris sacris et de traditionibus
que traz o cânon longo não só para o AT, mas também para o NT, e difere do atual
recipiendis (sessão 4), definiu solenemente o elenco dos livros do Antigo e Novo Tes-
apenas por alguma diversidade na sucessão dos livros. O mesmo cânon foi confirma-
tamento, e concluiu assim:
do pelo 3º (397) e 4° (419) Concílio de Cartago. Os Padres do Concílio de Hipona
haviam afirmado expressamente que o cânon devia ser confirmado pela Igreja de Se alguém não aceitar como sagrados e canónicos esses livros, na sua integridade
Roma (EB 18 e 20). Não resulta que aos bispos desses concílios tenha chegado a con- e com todas as suas partes, como se costuma lê-los na Igreja católica e como se
firmação de Roma; todavia, pode-se presumir. Com efeito, resulta que naquela época encontram na antiga edição da Vulgata Latina e desprezar conscientemente as pre-
também a Igreja de Roma possuía o mesmo cânon. Em 405, papa Inocêncio I despa· anunciadas tradições: seja anátema (EB 60).
cha ao bispo de Tolosa, Exuprio, uma carta (Consulenti tibi, EB 21) na qual reproduz
" Não está clara a atitude de Lutero em relação a Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse. Na sua tradução
10 Po 1 . . e. apósta
r exemplo, os novacianos invocavam Hb 6,4-6 para negar a possibilidade do perdão para os do NT de 1522 e 1546, são traduzidos e impressos, mas não têm, diferentemente dos outros livros, uma enu-
tzs: ·ile • q+ar dos
as; os milenaristas, por sua vez, apelavam com insistência ao Ap 20,4.6, onde se fala do reinado milen meração e índice.
eleitos.
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A Bíblia na história
Capítulo 11
A santa mãe Igreja, , segundo a fé apost6li - cons1·id era como santos e canomcos
s o 1ca, ... os
6.3. Notas sobre o decreto tridentino livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas
. . · - as suas partes, porque,
escritos por inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor. e como tais foram
1. Não se faz qualquer distinção entre escritos protocanónicos e deuterocanón.
confiados à própria Igreja (DV 11 ). '
cos; os deuterocanônicos estão inseridos entre os protoca110111cos.
O. Cullmann, lntroduzione ai Nuovo Testamento, Bolonha, li Mulino, 1968. "Dei Verbum, 81-87.
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A Bíblia na história
Capítulo 11
7.3. Tentativas católicas de fundação teológica do cânon conteúdo (o escrito coincide com o kerygma apostóli- 1b
Ico, em ora nao remon-
a=
CAPÍTULO 12
9. QUESTÕES ABERTAS
:
A união de Abraão com Agar, a escrava da esposa, não é de nenhum modo con-
denada. Alguém poderia deduzir desta passagem o direito ao amor livre ou à Polia
• t não conhecer o 1re1to onenta
mia ou até à barriga de aluguei; mas isso somen e se_. -id
. , •1 d sse conceder a própria escrava ao mar4o.
antigo que previa que a esposa ester pute: .. .. :
Neste caso os filhos da escrava eram considerados filhos legmmos dos coniuges.
'
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