EDITADO PELO

CENTRO DE PUBLICAÇÕES DA
IGREJA METODISTA WESLEYANA

Rua Venância, Nº 17 - Xerém

Duque de Caxias - RJ, CEP
25250-589

www.cpimw.com.br
contato@cpimw.com.br

Presidente:
Pr. Agnaldo Batista Valadares

Coordenação Editorial:
Fernandinho Araújo

Capa:
Daniel Martins

Projeto Gráfico:
Daniel Martins

Diagramação:
Joyce Matos

Revisão:
Priscilla Morandi
Luana Marino

Todos os direitos reservados

(leiº 9.610 de 19/02/1998).
É proibida a reprodução total ou
parcial deste livro, salvo breves
citações com indicação da fonte.

Maturidade.indd 1 08/07/2019 12:23:35

 EFL

ESCOL A DE FORMAÇÃO DE LÍDERES — GCEU

MÓDULO MATURIDADE ESPIRITUAL

COORDENADOR GERAL GCEU

Pr. Gilberto Geraldo da Silva

COORDENADOR GERAL DA EFL

Pr. Rafael Francelino Ferreira Mendes Vieira

COORDENADORES REGIONAIS — GCEU:

1ª Região: 5ª Região:
Pr. Natanael Lima da Silva Pr. Junior da Silveira Araújo
2ª Região: 6ª Região:
Pr. Rafael Francelino Ferreira Mendes Vieira Pr. Wagner Teixeira de Almeida
3ª Região: 7ª Região:
Pr. Flávio Aparecido Alves Coelho Theyveson Francisco Pereira da Silva
4ª Região: 8ª Região:
Pr. Swami Otto Barboza Neto Pr. Marcos José de Jesus Klein

COLABORADORES ESPECIAIS:

Pr. Agnaldo Valadares

Pr. Fabiano Souza

COMISSÃO ORGANIZADORA:

Pr. Almir Mendes

Pr. Esdras Felipe
Pr. Leonardo Campanha
Pr. Rafael Francelino
Pr. Jeferson Rosa

IGREJA METODISTA WESLEYANA

Secretaria Geral de Educação Cristã:
Pr. Ronaldo Cabrera

. 2 .

Maturidade.indd 2 08/07/2019 12:23:36

 PALAVRA DO COORDENADOR GERAL DO GCEU
Todas as pessoas que me conhecem pessoalmente sabem que sou um apaixonado por Pe-
quenos Grupos; ao redor desse tema, minha vida ministerial tem girado nesses últimos dez
anos. Já li dezenas de livros e sou “figurinha carimbada” nos diversos congressos das igrejas em
células.
Creio que as igrejas organizadas em Pequenos Grupos conseguem responder as principais
demandas de seus membros, especificamente no que tange a evangelização, ao discipulado,
a comunhão, o desenvolvimento dos dons espirituais, por meio do serviço cristão, a formação
de novos líderes e ao pastoreio e cuidado do rebanho. Pequenos Grupos é a forma de ser e de
viver o Evangelho.
Para darmos andamento ao projeto GCEU, implementamos a ESCOLA DE FORMAÇÃO DE LÍ-
DERES (EFL), visando ofertar a todas as pessoas que estão nesta visão a capacitação necessária
para a implementação e o desenvolvimento dos Pequenos Grupos.
Objetivamos ofertar à nossa denominação, por meio da EFL (Escola de Formação de Líderes),
uma estrutura funcional e prática que seja capaz de treinar líderes para ganhar e cuidar de
pessoas no ambiente do GCEU.

O QUE É GCEU?
GCEU é a abreviatura de GRUPO DE CRESCIMENTO, EVANGELIZAÇÃO E UNIDADE. Esta é a nomenclatu-
ra que a Igreja Metodista Wesleyana adotou para designar seus Pequenos Grupos.
GCEU é um grupo de sete a 15 pessoas que se reúnem semanalmente em uma casa ou espaço,
distinto do prédio da igreja, para ser e viver a igreja; com foco na evangelização, o discipulado,
a comunhão e o serviço cristão, visando a multiplicação. GCEU não é um culto doméstico que
acontece uma vez por semana, ele é um projeto que visa dinamizar o crescimento da igreja e o
pastoreio das ovelhas.

NOSSA VISÃO
Nossa visão é que cada membro entenda o princípio do sacerdócio universal de todos os
crentes (1 Pe 2.9) e se comprometa com a Grande Comissão (Mt 28.18-20). Que cada casa seja
uma extensão da igreja (At 5.42), para que possamos conquistar toda cidade para Cristo através
dos GCEUs que se multiplicam ano após ano (At 6.7), visando alcançar as multidões (At 5.14).

TRILHO PARA A FORMAÇÃO DA LIDERANÇA GCEU

Ao iniciarmos nossa caminhada, precisamos saber para onde estamos indo e aonde pre-
tendemos chegar. Não é admissível que alguém apenas pegue uma estrada, sem rumo nem
destino.
Apresentamos aos membros da Igreja Metodista Wesleyana, por meio da Escola de Formação
de Líderes – GCEU (EFL), uma trilha que se inicia no Módulo Maturidade Espiritual, passando pela
Visão e Prática dos Pequenos Grupos na Perspectiva Wesleyana, pelo Módulo Liderança e finalizando
no Módulo Liderança Avançada.

Visão e Prática Liderança

Maturidade Liderança
de GCEU Avançada

TRILHA DE TREINAMENTO EFL – GCEU

. 3 .

Maturidade.indd 3 08/07/2019 12:23:36

 SUMÁRIO
06 LIÇÃO 1
O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS

13 LIÇÃO 2
O PROBLEMA DO PECADO E A OBRA DA CRUZ

21 LIÇÃO 3
CONFORME O CARÁTER DE CRISTO

26 LIÇÃO 4
CARACTERÍSTICAS DO CARÁTER CRISTÃO

34 LIÇÃO 5
A FÓRMULA DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL

42 LIÇÃO 6
O CRESCIMENTO PELO ESPÍRITO

51 LIÇÃO 7
O PODER DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS

60 LIÇÃO 8
O PODER DO ESPÍRITO SANTO ATRAVÉS DE NÓS

69 LIÇÃO 9
O DEUS QUE RESIDE

77 LIÇÃO 10
O DEUS QUE REVESTE

85 LIÇÃO 11
O PODER DISPONÍVEL NA ORAÇÃO

93 LIÇÃO 12
A ORAÇÃO E OS SEUS BENEFÍCIOS

. 4 .

Maturidade.indd 4 08/07/2019 12:23:39

 102 LIÇÃO 13
A SUPERABUNDANTE GRAÇA

109 LIÇÃO 14
GRAÇA PARA UMA VIDA ABUDANTE

116 LIÇÃO 15
A BÍBLIA E O DINHEIRO

124 LIÇÃO 16
EDIFICANDO A VIDA FINANCEIRA

130 LIÇÃO 17
AO QUE VENCER

137 LIÇÃO 18
OS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS

. 5 .

Maturidade.indd 5 08/07/2019 12:23:41


LIÇÃO 1
O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS
A Bíblia é o registro do Criador, que traçou
e executou um plano para resgatar a humani-
dade, que se perdeu após a queda, pelo pe-
cado. É o livro que apresenta o amor do Deus
Pai, que proveu todo o necessário para que o
homem pudesse ser salvo.
A nossa vida não passa de uma oportunida-
de para a Salvação, e esse foi o propósito de
Cristo vir ao mundo: buscar e salvar o que se
havia perdido (Lc 19.10). A nossa missão, como
cristãos, segue a mesma linha de nosso Mes-
tre; após entrarmos pela porta da Salvação,
vivemos para levar outras pessoas a Cristo.
. 6 .
Maturidade.indd 6
A Bíblia é riquíssima em temas! Nela apren-
demos sobre matrimônio, amizade, educação
de filhos, administração financeira etc., porém
um assunto ganha destaque especial, que é o
tema central das Escrituras: a Salvação.
Não deveríamos gastar tanto tempo nos as-
suntos que a Bíblia pouco fala. Quanto à Sal-
vação, deveríamos falar dela sempre, pois é o
tema predominante nas Escrituras. Podemos
até dizer que esse é o único tema que a Bíblia
procurou responder a todas as possíveis dúvi-
das que precisavam ser respondidas.
Ao ler esses primeiros parágrafos, você
pode estar pensando que já estamos fazendo
afirmações sobre o propósito eterno de Deus,
mas, com o desenvolvimento dessa lição,
você acabará percebendo que essa questão
não é tão simples assim.
A seguir desenvolveremos a ideia desse
propósito.
1. O PROPÓSITO ETERNO
Ao estudarmos essa questão do propósito
eterno de Deus, precisaremos entender que
ele remonta o próprio tempo, isto é, estamos
tentando descobrir a motivação de Deus com
a criação de todas as coisas; principalmente a
criação do homem.
Sendo assim, o nosso ponto de partida não
pode ser a “queda do homem” por meio do pe-
cado. Se esse fosse nosso ponto de partida, a
linha de chegada seria necessariamente a Salva-
ção, conforme foi dito na introdução dessa lição.
O problema é que o pecado não foi uma escolha
de Deus, mas uma permissão dEle. Quem esco-
lheu o pecado foi o homem! Mediante o mau uso
do livre-arbítrio humano, Deus moveu-se para
a Salvação da humanidade. Essa circunstância
não é o propósito original!
Nas Escrituras Sagradas, o propósito de
Deus está sendo cumprido nos dois primeiros
capítulos de Gênesis e nos dois últimos de
Apocalipse. Entre esses textos, Deus está
movendo-se e agindo para salvar o homem
do pecado e de suas consequências. (Autor
desconhecido).
08/07/2019 12:23:44
 O que estamos afirmando é que a Salvação
não é o propósito eterno de Deus, mas o meio
pelo qual Deus restabeleceu esse propósito.
Veja as palavras de C.H. Spurgeon a respei-
to desse assunto:
Enquanto não recuarmos até ao tempo em que o
Universo inteiro dormia na mente de Deus como
algo que ainda não havia nascido, enquanto
não penetrarmos na eternidade em que Deus,
o Criador, vivia na comunhão da Trindade,
quando tudo ainda dormia dentro dele, quando
a criação inteira repousava em seu pensamento
todo abrangente e gigantesco, não teremos nem
começado a sondar o princípio, o momento em
que Deus nos escolheu. (C.H. Spurgeon).
Algumas pessoas podem interpretar, dentro
desse ponto de vista, que o propósito de Deus
gira em torno das Suas orientações a Adão:
“Sede fecundos, enchei a terra e dominai-a” (Gn
1.28); porém, essas atribuições só dizem res-
peito à maneira como o homem foi projetado
para ser “governador” da terra. Se esse fosse
o propósito de Deus, Ele não seria muito dife-
rente de alguém que constrói uma colônia de
formigas para o próprio entretenimento.
Alguém pode pensar que o propósito eter-
no de Deus está na beleza da criação como
um todo, que tem como “cereja do bolo” a
criação do homem, mas Deus não seria dife-
rente de um pintor que tem prazer em con-
templar um quadro depois de pronto – o que,
de certa forma, Deus fez: “Viu Deus tudo quan-
to fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31).
Afinal, onde poderemos encontrar a res-
posta sobre qual é o propósito eterno de Deus?
1.1. PAULO APRESENTA A RESPOSTA
É perfeitamente perceptível que Paulo foi
quem organizou a teologia da Igreja. A única
intenção dos escritores do Evangelho (Ma-
teus, João Marcos, Lucas e João) foi dar tes-
temunho de Cristo, o Messias que foi prome-
tido no Antigo Testamento e que era o Filho
de Deus. Já o livro de Atos é um documento
histórico dos primeiros acontecimentos após
. 7 .
Maturidade.indd 7
a morte de Cristo e o estabelecimento da
Igreja, por meio dos discípulos de Cristo e dos
apóstolos.
Quem verdadeiramente interpretou os
ensinamentos de Jesus, e até alguns manda-
mentos do Antigo Testamento (à luz da Nova
Aliança), e fundamentou as crenças cristãs foi
Paulo. Ele não foi o único! Pedro, João, Tiago e
o escritor de Hebreus também o fizeram, mas
as cartas de Paulo tornaram-se fundamentais
quando falamos na interpretação do propósi-
to eterno de Deus.
Veja, a seguir, Paulo falando sobre o propó-
sito eterno de Deus:
A mim, o menor de todos os santos, me foi dada
esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual
seja a dispensação do mistério, desde os séculos,
oculto em Deus, que criou todas as coisas, para
que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus
se torne conhecida, agora, dos principados e
potestades nos lugares celestiais, segundo o
eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus,
nosso Senhor. (Efésios 3.8-11)
Se lermos esse texto atentos aos detalhes,
perceberemos que Paulo falou sobre “um
mistério oculto em Deus” que haveria de se
manifestar no tempo da Igreja, conforme o
eterno propósito do Senhor.
No texto que leremos a seguir, Paulo cita
qual é esse propósito:
O mistério que estivera oculto dos séculos e das
gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus
santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual
seja a riqueza da glória deste mistério entre os
gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória. (Colossenses 1.26,27)
Nesse texto de Colossenses, mais uma vez
Paulo cita o “mistério oculto dos séculos e gera-
ções”, mas agora declara qual era esse propó-
sito: Cristo em vós! Isto é, Cristo em nós! Cristo
conosco! Cristo habitando em nós! Cristo ha-
bitando em nossos corações! Esse é o propó-
sito eterno de Deus.
08/07/2019 12:23:44
 Parece simples, mas vamos traduzir o signi-
ficado dessa expressão. O propósito eterno
de Deus era que Jesus fizesse parte da vida
dos homens. O Deus que habitava em uma
tenda, em um templo, em uma arca, agora
desejava habitar nos corações dos homens,
fazendo deles o Seu corpo, a Sua representa-
ção na terra, a Sua Igreja. Deus sempre dese-
jou viver entre o Seu povo.
O que acontecia no jardim do Éden e que
Deus está tentando restabelecer é uma co-
munhão permanente entre Ele e os homens.
Ele quer andar novamente com o homem, to-
dos os dias, da mesma forma como fazia com
Adão no tempo anterior ao pecado.
O pecado nos afastou de Deus, mas, assim
como o Cordeiro de Deus foi morto antes da
fundação do mundo, na eternidade Ele tam-
bém nos escolheu para sermos santos e irre-
preensíveis, para que andarmos com Ele em
intimidade e comunhão.
Pelo precioso sangue, como de cordeiro sem
defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
conhecido, com efeito, antes da fundação do
mundo, porém manifestado no fim dos tempos,
por amor de vós. (1 Pedro 1.19,20).
Assim como nos escolheu, nEle, antes da
fundação do mundo, para sermos santos
e irrepreensíveis perante Ele; e em amor.
(Efésios 1.4).
1.2. O DESENROLAR DO MISTÉRIO NA
NARRATIVA BÍBLICA
Como já explanado acima, o propósito eter-
no de Deus era habitar entre o Seu povo, mas
precisamos entender que esse desfecho se
desenrolou por séculos, e, por mais óbvio
que agora pareça ser, a humanidade não con-
seguiu entender esse mistério. Parece incon-
cebível que Deus, o Criador do Universo, esti-
vesse apenas desejando estar conosco.
O mistério é revelado em Jesus, porque Ele
se manifestou em graça, em simplicidade, em
humanidade, em amor. Ele foi “gente como a
gente”, mesmo sendo Aquele “que no prin-
. 8 .
Maturidade.indd 8
cípio era Deus” ( Jo 1.1), Aquele que “por Ele,
por meio dEle e para Ele são todas as coisas”
(Rm 11.36).
Certamente esse assunto poderia preen-
cher várias páginas de um livro: o revelar do
mistério que esteve oculto desde séculos e gera-
ções (Cl 1.26). Todas as figuras e símbolos do
Antigo Testamento que encontraram signifi-
cado em Jesus.
Nossa pretensão não é desenvolver todo o
assunto, em todos os seus aspectos, apenas
apresentar panoramicamente que Deus “tra-
balhou” desde a Criação do mundo para reve-
lar Cristo a nós, fazendo-o habitar em nossos
corações.
Lembremos que antes do pecado o propó-
sito eterno de Deus estava em perfeito fun-
cionamento. Com o pecado deu-se a queda,
e, na primeira declaração de Deus após a de-
sobediência do primeiro casal, já surge uma
evidência de um mistério. Veja só:
Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a
tua descendência e o seu descendente. Este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
(Gênesis 3.15).
Após confrontar Adão e Eva quanto à de-
sobediência, Deus dirigiu-se à serpente, que
era Satanás, dizendo que “nasceria da des-
cendência da mulher Aquele que feriria a
sua cabeça”. Nós já sabemos que esse texto
é a primeira profecia messiânica, que viria a
se cumprir em Jesus, mas pense com a ca-
beça dos hebreus, que leram pela primeira
vez esse texto, e até mesmo com a mente de
Adão, quando ouviu essas palavras. Eles de-
vem ter pensado: Quem será o descendente que
ferirá a cabeça da serpente? Essa dúvida per-
maneceu até a vinda de Jesus.
Logo após o pecado, o casal do Éden pas-
sou a sentir vergonha da própria nudez, por
isso Deus sacrificou um animal e, com a
pele dele, fez roupas para cobrir a vergonha
(Gn 3.21). Esse animal sacrificado foi outra fi-
gura que apontou para o Messias, que cobriu
a vergonha de Adão e Eva, assim como todo
animal sacrificado no Antigo Testamento co-
08/07/2019 12:23:44
 bria o pecado dos homens, apaziguando a ira
de Deus.
Todos os sacrifícios dos animais, durante
todo o tempo anterior à morte de Jesus, pre-
figuraram o sacrifício de Cristo, que uma vez
por todas redimiu os homens de seus peca-
dos (Hb 7.27).
Quando Jesus manifestou Seu ministério
às margens do Jordão, João Batista anunciou:
“Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado
do mundo” ( Jo 1.29), como se estivesse dizen-
do: Sabem aqueles cordeiros que são sacrifica-
dos no templo? Eles são figuras do Messias, que
em breve será sacrificado por nossos pecados.
Jesus é o Cordeiro que Deus enviou para morrer
em nosso lugar.
Das figuras do Antigo Testamento que nos
interessam analisar para a revelação do mis-
tério, destaca-se o tabernáculo. Deus desejou
habitar entre o Seu povo, por isso mandou
Moisés, ainda no deserto, fabricar uma tenda,
onde, durante todo o tempo, Deus habitaria
entre eles.
O tabernáculo tinha dois compartimentos,
assim como o templo, o lugar santo e o lugar
Santo dos santos (Êx 26.33). O lugar santo era
acessível a todos os sacerdotes, que lá cum-
priam toda a cerimônia da Lei, mas o lugar
Santo dos santos só era acessado uma vez por
ano, somente pelo sumo sacerdote, no dia da
Expiação (Lv 23.27).
Dentro do Santo dos santos foi colocada
uma arca, que chamamos de Arca da Aliança.
Dentro dela foram postas as duas tábuas de
pedra, com os 10 mandamentos, “escritos
pelo dedo de Deus” (Dt 10.5), a vara de amen-
doeiras de Arão e um pote contendo uma
porção do maná (Hb 9.4).
O conteúdo mais precioso da arca da alian-
ça não era nenhum desses utensílios, mas a
presença permanente de Deus, que habitava
dentro da arca, dentro do Santo dos santos,
dentro do tabernáculo e do templo.
A única diferença entre o tabernáculo e o
templo é que um era feito para ser provisório,
pois na época o povo peregrinava pelo deser-
to. O templo foi construído quando o povo se
estabeleceu em Canaã.
. 9 .
Maturidade.indd 9
Imagine o povo ouvindo as ordens de Moi-
sés para sacrificar animais inocentes, cons-
truir uma tenda, uma arca, separar dois espa-
ços na tenda e no templo etc. Eles obedeciam,
mas pouco entendiam qual era o significado
desses misteriosos símbolos. Sabiam, sim,
por meio dos profetas, que um Messias seria
enviado por Deus, mas não imaginavam que
cada um daqueles símbolos apontava para a
revelação do propósito eterno de Deus.
O que separava o lugar santo do lugar Santo
dos santos era um enorme véu, que ia de cima
a baixo (Êx 26.33). Ninguém podia ultrapassar
aquele véu, a não ser o sumo sacerdote, uma
vez ao ano.
No dia da morte de Jesus, quando o sacrifício
pela humanidade foi consumado, a Bíblia diz
que o véu do templo se rasgou de alto a baixo
(Mt 27.51), simbolizando que agora a presen-
ça de Deus já não era mais separada dos ho-
mens por aquele véu. Agora todos poderiam
ter acesso a ela; não só isso: receberiam agora
essa presença em seus próprios corações.
Resumidamente, essa é a revelação do mis-
tério que esteve oculto desde séculos e gerações
(Cl 1.26):
Os animais não precisam mais ser sacrificados,
porque Jesus já morreu, uma vez por todas, por
cada um de nós. O tabernáculo e o templo são
símbolos da vida de cada cristão, porque hoje
nós é que somos o templo de Cristo, através do
Espírito Santo (1 Co 3.16).
A Arca da Aliança é um símbolo do nosso
próprio coração, pois hoje Deus habita em
nós. Realmente Deus desejava habitar no co-
ração dos homens, e assim o fez!
2. O PROPÓSITO DE DEUS AO
CRIAR O HOMEM
Acabamos de aprender sobre o propósito
eterno de Deus, que sempre desejou fazer par-
te da vida dos homens, tendo comunhão com
eles e habitando em seus nos corações, pelo
Espírito Santo.
08/07/2019 12:23:45
 Apesar dos dois tópicos dessa lição pare-
cerem redundantes, agora iremos estudar e
descobrir claramente o principal propósito de
deus ter criado o Homem. Muitas coisas são di-
tas a esse respeito, mas o propósito é mais
simples do que se imagina.
No texto que revela o desejo de Deus de
criar o homem, fica claro qual foi o propósito
principal da criação da humanidade:
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; tenha
ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos,
sobre toda a terra e sobre todos os répteis que
rastejam pela terra. (Gênesis 1.26).
Deus fez o homem de forma diferente do
restante dos animais, até porque colocou
sobre ele a capacidade de “dominá-los”. Nós
não somos “animais racionais”, como dizem
os evolucionistas, nós fomos criados à ima-
gem e semelhança de Deus. Isso por um único
objetivo: para que pudéssemos nos relacio-
nar com Ele.
O propósito de Deus na criação do homem
diz respeito ao relacionamento!
Temos características que nos assemelham
a Deus, a fim de que tenhamos condições
de desenvolver um relacionamento pessoal
com Ele. A criatividade, o discernimento, a
inteligência e a capacidade de domínio são
características divinas compartilhadas com a
humanidade.
Algumas pessoas costumam dizer que fo-
mos criados para a adoração, mas existem
seres angelicais que adoram constantemente
ao Senhor e não têm a mácula do pecado (Is
6.2,3); outros dizem que fomos criados para o
serviço, mas a criação diariamente, de forma
perfeita e coordenada, obedece às leis esta-
belecidas para sustentar o universo, em ser-
viço ao propósito dEle (Sl 19.1-4).
A verdade é que fomos criados para ter um
relacionamento com Deus, e, como o pecado
interrompeu esse relacionamento, o Senhor
moveu os “céus e a terra” para promover re-
conciliação entre Ele e os homens. Tudo tem
. 10 .
Maturidade.indd 10
a ver com o restabelecimento do relaciona-
mento dEle conosco.
2.1. FOMOS CRIADOS À ESPÉCIE DE DEUS
O texto de Gênesis 1.26 revela que fomos
criados à imagem e semelhança do Criador. Já
deixamos claro que isso tem a ver com rela-
cionamento. Assim como os cães são animais
que se relacionam em igualdade com outros
cães, por serem da mesma espécie, nós fo-
mos criados semelhantes ao Criador, para
que pudéssemos nos relacionar com Ele. So-
mos da espécie divina, não deuses, não iguais
a Ele, mas semelhantes.
Para entender com maior profundidade
esse conceito da nossa natureza que nos as-
semelha ao Criador, analisemos alguns versí-
culos de Gênesis:
No princípio, criou Deus os céus e a terra.
(Gênesis 1.1).
Conforme Gênesis 1.1, foi Deus quem criou
os céus e a terra, isto é, tudo o que existe fi-
sicamente passou a existir pela vontade de
Deus. Não foi obra do acaso ou por meio de
uma grande explosão, como a ciência atual
propõe; tudo foi obra da inteligência do Cria-
dor. Ele é quem determinou a natureza de
cada coisa, cada qual com seu propósito es-
pecífico. Nada do que existe tem sentido fora
do Criador.
E disse: Produza a terra relva, ervas que deem
semente e árvores frutíferas que deem fruto
segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele,
sobre a terra. E assim se fez. (Gênesis 1.11).
Conforme Gênesis 1.11, Deus criou as plan-
tas por meio de uma ordem dada à terra: Pro-
duza a terra relva, ervas etc. Quem gerou as
plantas e toda a vegetação foi a terra, como
se as plantas existissem por causa dela. Em
outras palavras, as plantas dependem da ter-
ra, que depende de Deus para existir.
Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento
dos céus, para fazerem separação entre o dia e
08/07/2019 12:23:45
 a noite; e sejam eles para sinais, para estações,
para dias e anos. (Gênesis 1.14).
Conforme Gênesis 1.14, Deus criou os lumi-
nares do céu, que são as estrelas. Elas surgi-
ram no espaço, onde não existe a gravidade,
no meio do nada. Toda estrela é um acúmulo
de gases e de poeira cósmica que se aglome-
ram em um espaço do vácuo. Por isso, precisa
estar no firmamento dos céus para existir. Se,
por exemplo, invadisse a atmosfera da terra,
se deterioraria ao cair em forma de meteoro.
A existência das estrelas está ligada ao es-
paço (o firmamento criado por Deus), assim
como as plantas estão ligadas à terra, que
está ligada ao Criador.
Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos
e todos os seres viventes que rastejam, os quais
povoavam as águas, segundo as suas espécies;
e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu
Deus que isso era bom. (Gênesis 1.21).
Conforme Gênesis 1.21, Deus criou todos
os animais, tanto os aquáticos quanto os ter-
restres e os que voam.
Os peixes, por exemplo, vivem pela água,
longe dela não sobreviveriam, assim como os
animais terrestres e os que voam existem pelo
sustento que a terra produz. Tudo está ligado
ao princípio básico da Criação. O padrão de
que uma coisa está ligada a outra para existir.
Assim como tudo está ligado ao Criador!
Então, formou o SENHOR Deus ao homem do
pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego
de vida, e o homem passou a ser alma vivente.
(Gênesis 2.7).
Conforme Gênesis 2.7, Deus fez o homem
do pó da terra e depois soprou em suas nari-
nas, dando-lhe uma natureza espiritual. Nós
estamos tanto ligados à terra, pela qual fo-
mos formados, como ao Criador, que soprou
parte da Sua natureza para dentro de nós.
As Escrituras dizem: “Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda a Palavra que sai da boca
de Deus” (Dt 8.3; Mt 4.4). O homem depende
tanto do pão, que é produzido através do
. 11 .
Maturidade.indd 11
fruto da terra, como da Palavra de Deus, que
alimenta nosso homem espiritual, a parte que
veio do Criador.
Fazendo uma análise básica daquilo que foi
criado, perceberemos um padrão: nada do
que conhecemos existiria sem Deus! As plantas
não sobrevivem longe da terra, as estrelas
não existiriam fora do espaço, os peixes não
existem fora da água e os outros animais ali-
mentam-se de tudo o que está ligado à terra.
Quanto ao homem, podemos afirmar que,
sem Deus, ele é como um “peixe fora da
água”. Conhecer o Criador e se relacionar com
Ele é encontrar a fonte de vida para o “ser”
interior e espiritual. Não basta o corpo estar
bem alimentado e saudável, o “ser espiritual”
também precisa de alimento.
Em Deus nossa vida ganha sentido, pois
descobrimos que podemos viver com base
na realidade espiritual da mesma forma como
nos movemos, no físico, pelos sentidos na-
turais: visão, audição, olfato, paladar e tato.
Todos esses sentidos nos fazem perceber o
mundo físico, mas existe uma realidade espi-
ritual que é totalmente desconsiderada por
aqueles que estão mortos espiritualmente.
2.2. O PROPÓSITO DA CRIAÇÃO: AS DUAS
ÁRVORES DO ÉDEN
O texto de Gênesis fala que Deus criou duas
árvores em especial e as colocou no centro
do jardim do Éden: a árvore da vida e a árvore
do conhecimento do bem o do mal.
Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de
árvores agradáveis à vista e boas para alimento;
e também a árvore da vida no meio do jardim
e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
(Gênesis 2.9).
O homem foi criado moralmente neutro,
não tendo conhecimento do bem e do mal.
Ele foi criado sem pecado e perfeito!
A criação dessas duas árvores e a proibi-
ção dita ao homem, para não comer do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal,
tiveram um grande significado. O principal
08/07/2019 12:23:45
 deles foi estabelecer o livre-arbítrio, pois sem PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
essa árvore e essa proibição, o homem esta- CONTEÚDO
ria alienado somente a Deus, sem a chance
de abandoná-Lo ou desobedecê-Lo. O fruto 1) Porque a Salvação não é o propósito
proibido significava que todos os dias Adão eterno de Deus?
precisaria decidir continuar em Deus ou de- 2) Qual é o propósito de Deus? Responda
sobedecê-Lo. em poucas palavras.
A capacidade de escolha e tomada de deci-
3) Com base no texto de Gênesis 1.26,
sões é uma das faculdades espirituais que nos
qual foi o propósito principal de Deus
assemelham ao Criador. Deus não criou “ma-
rionetes” sem a opção de abandoná-Lo. Todos ao criar o Homem?

precisam estar com Ele voluntariamente! 4) Explique, com suas palavras, a afirma-
A árvore da vida é a garantia de que o ho- ção: Fomos criados à espécie de Deus!
mem seria eterno, assim como Deus. Essa 5) O que a criação das duas árvores do
vida, encontrada na árvore, é a vida de Deus! Éden representa para nós, hoje?
Ele é a árvore que ficava no jardim para dar
vida ao homem, mas o fruto dessa árvore vi- ________________________________________________
ria a ser Jesus, pois, após o pecado, só pode-
mos ter vida nEle ( Jo 5.40). ________________________________________________
A árvore do conhecimento do bem e do mal era
________________________________________________
um “ingresso” para se afastar de Deus, pois Ele
deixou claro: “Mas da árvore do conhecimento ________________________________________________
do bem e do mal não comerás; porque, no dia
em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn ________________________________________________
2.17). A morte predita por Deus era física e es-
piritual; física porque o homem não foi criado ________________________________________________
para morrer; e espiritual, pois lhe fez adquirir
________________________________________________
a condição de perdido eternamente. Eterna-
mente condenado a viver longe do Criador. ________________________________________________
Todos os dias, diante de Adão e Eva estavam
essas duas árvores: a da vida e a da morte. Eles ________________________________________________
deveriam escolher um caminho. Infelizmente
escolheram alimentar-se da árvore proibida, ________________________________________________
e nós sofremos a consequência daquele ato
________________________________________________
até hoje. Não somos melhores do que Adão
e Eva, certamente faríamos o mesmo se es- ________________________________________________
tivéssemos no lugar deles. Na verdade, todos
os dias temos comido do fruto proibido, e com ________________________________________________
prazer fazemos isso.
A grande questão é que hoje o Fruto da Ár- ________________________________________________
vore da Vida, Jesus Cristo, está à disposição
________________________________________________
daqueles que desejam livrar-se da morte.
Qual é a sua escolha? Vida ou morte? Esco- ________________________________________________
lha hoje! Jesus para a vida ou o pecado para
a morte? ________________________________________________

. 12 .

Maturidade.indd 12 08/07/2019 12:23:45


LIÇÃO 2
O PROBLEMA DO PECADO E
A OBR A DA CRUZ
Na lição anterior, estudamos sobre o pro-
pósito eterno de Deus, que era habitar entre
os homens, tendo um relacionamento íntimo
e pessoal com eles. O pecado foi um “aciden-
te” na história da humanidade, foi consequên-
cia do mau uso da liberdade que Deus havia
dado a Adão, trazendo consequências terrí-
veis para o mundo e para a humanidade.
Não devemos pensar na salvação como um
“plano B”, quando entendemos que esse não
era o propósito eterno de Deus, pois Ele não
foi surpreendido com a decisão errada de
Adão, mas a salvação foi a medida necessá-
. 13 .
Maturidade.indd 13
ria para restabelecer a ordem e o propósito
eterno de Deus. Ele sempre esteve e sempre
estará no controle de todas as coisas.
O fato é que a vida na terra acabou se tor-
nando totalmente diferente do que deveria
ter sido caso o homem não tivesse pecado.
Nesta lição analisaremos o problema do pe-
cado e a obra da cruz, que restabeleceu a von-
tade perfeita de Deus.
1. O PROBLEMA DO PECADO E
SUAS CONSEQUÊNCIAS
O objetivo desse tópico não é analisar a ori-
gem do pecado, mas mostrar como ele criou um
grande problema entre o homem e o Criador.
Cronologicamente, com base nas Escritu-
ras, o primeiro que pecou foi Satanás, que,
desejando ser igual ao Criador (Ez 28.13-19),
foi destituído de seu posto de anjo de luz, tor-
nando-se o adversário da humanidade, como
anjo caído. Não podemos precisar, em tem-
po, quando isso aconteceu, mas a serpente
(usada por Satanás) já demonstrava o engano
antes mesmo de o homem pecar.
Não sabemos com riqueza de detalhes
como foi possível Satanás agir por meio da
serpente, mas o fato é que foi ele quem in-
fluenciou Eva, e posteriormente Adão, a co-
mer do fruto proibido. Satanás já está con-
denado por seus erros, hoje está apenas
aguardando o dia do Juízo Final, onde será
lançado no lago de fogo e enxofre (Ap 20.10),
onde permanecerá por toda a eternidade.
Hoje a batalha dEle não é contra Deus, pois
não teria chance nenhuma, sendo apenas
uma criatura, mas ele tem agido em nós na le-
galidade que o pecado produz, para nos des-
truir e nos influenciar à condenação. O diabo
luta contra nós!
Adão e Eva pecaram contra o Criador, pois
com seu ato expressaram que não queriam
mais se submeter a Ele. Como Deus é justo,
Ele precisava cumprir Sua Palavra em relação
à morte deles (Gn 2.17), por isso expulsou-os
do jardim e de Sua presença, o que se carac-
terizou na morte espiritual do homem. Pos-
08/07/2019 12:23:47
 teriormente ele também viria a morrer fisica-
mente.
O pecado nada mais é do que dar liberda-
de para as forças do mal atuarem em nossas
vidas. Não há a possibilidade de vivermos em
pecado e mesmo assim mantermos um rela-
cionamento com Deus. Nossas escolhas de-
terminarão a quem serviremos, se a Deus ou
ao pecado.
O pecado não passa de um princípio para
a morte. Se fugirmos da tentação e não pe-
carmos, nós nos aproximaremos da vida; se
permanecermos no pecado, adquiriremos a
morte e estaremos fadados à condenação.
Enganam-se aqueles que pensam que a
obra da serpente se limitou ao Éden. Satanás
continua influenciando a humanidade a rebe-
lar-se contra o Criador, por isso devemos bus-
car nos submeter a Deus para ficarmos livres
do diabo e da morte:
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao
diabo, e ele fugirá de vós. (Tiago 4.7)
É importante pensar na estratégia que Sa-
tanás usou com Eva. Ele argumentou com ela
dizendo que “comer daquele fruto não era
nada demais”; e que “na verdade Deus esta-
va guardando em segredo o real sentido da-
quela proibição” (Gn 3.1-5). Ele enganou Eva
dizendo que Deus mentiu, pois, se comessem
do fruto da árvore, tornar-se-iam iguais a Ele.
O diabo sempre argumentará relativizando o
valor do pecado, tentando torná-lo ameno e jus-
tificável. Hoje ele tem usado de estratégias pare-
cidas, a fim de enganar as pessoas. Você prova-
velmente já pensou ou ouviu frases do tipo:
Não adianta continuar lutando com esse
casamento, ele já terminou há muito tempo!
Procure alguém que te valorize, essa pessoa não
merece ter você, ela nunca te valorizou!
Não tem problema você roubar só essa parte,
afinal essa pessoa já tem muito!
Qual é o problema em desejar alguém? Ninguém
é perfeito!
. 14 .
Maturidade.indd 14
A carne é fraca mesmo! Deus te perdoará! Fique
tranquilo! Pode fazer o que está querendo, que
não terá problemas!
Fuja desses pensamentos, eles são malig-
nos e fundamentam-se em engano. São “se-
tas do diabo” para te levar ao pecado. Con-
fronte seus pensamentos, suas atitudes e
conceitos à luz das Escrituras. Se algo parecer
estranho, rejeite! Seja obediente à Palavra de
Deus, pois ela te conduzirá à verdadeira vida!
O diabo sempre colocará em descrédito as
verdades das Escrituras. Não crer na Palavra
de Deus é um dos principais pecados, pois
a incredulidade é a maior porta para todo o
tipo de mal.
Creia na Palavra! Busque a Deus sempre,
lembrando que Ele decidiu se revelar pela
Bíblia! Ela é tudo o que os homens precisam
saber!
A seguir, de forma resumida, citaremos as
principais consequências do pecado na vida
dos homens. Saiba que cada uma dessas con-
sequências é comum a todos, isto é, o pecado
nos leva a todas elas, sem exceção. Se pecar-
mos e permanecermos nessa vida de engano,
certamente teremos sobre nós tudo o que
está listado a seguir.
1.1. O AFASTAMENTO DE DEUS
Sobre a natureza de Deus, entende-se que
a característica que mais se destaca nEle é a
Sua santidade. Isso porque Ele é totalmente
separado da Criação. Nada pode ser compa-
rado a Ele.
O pecado e a santidade de Deus são com-
pletamente opostos, por isso aquele que vive
na prática do pecado está afastado do Se-
nhor. O pecado se torna como uma “parede
intransponível”, um “enorme abismo” entre
Deus e os homens:
Mas as vossas iniquidades fazem separação
entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que vos não
ouça. (Isaías 59.2).
08/07/2019 12:23:47
 Todos pecaram e estão afastados da presença
gloriosa de Deus. (Romanos 3.23 – NTLH).
É possível o homem voltar a se relacionar
com o Criador, mas somente por meio da re-
missão dos pecados, que só Jesus pode pro-
porcionar (1 Jo 1.9). Em Cristo somos transfor-
mados de “miseráveis pecadores” em “santos
homens de Deus”. Em Cristo, nós, que andá-
vamos com nossas vestes sujas, agora vesti-
mos roupas tão claras quanto a neve (Is 1.18).
1.2. UMA ENORME DÍVIDA
E a vós outros, que estáveis mortos pelas
vossas transgressões e pela incircuncisão da
vossa carne, vos deu vida juntamente com
ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra
nós e que constava de ordenanças, o qual
nos era prejudicial, removeu-o inteiramente,
encravando-o na cruz. (Colossenses 2.13,14).
O termo “escrito de dívida”, citado nesse
texto, diz respeito a uma ideia de um docu-
mento legal onde estão registrados todos os
nossos débitos para com Deus. Nós éramos
devedores, e esse preço era altíssimo demais,
preço de sangue. Jesus morreu por nós na
cruz, pagando a nossa dívida.
Esse pagamento de Cristo não é o salário
por serviços prestados, pois Ele pagou mui-
to antes de existirmos, mesmo sabendo que
muitos de nós passaríamos anos longe dEle,
vivendo no pecado. Recebemos a quitação
dessa dívida “de graça”, pela graça! É como se
devêssemos milhões de reais no banco e do
nada essa dívida simplesmente desapareces-
se, porque alguém a pagou para nós.
Geralmente, quando pensamos em algo
que recebemos “de graça”, temos a tendência
de tratar como se fosse algo de pouco valor.
Precisamos entender algo precioso sobre
isso: aquilo que nós recebemos de graça, por
meio de Jesus, foi pago por alto preço. Deus
precisou se fazer homem e morrer por nós. A
dívida foi paga com o sangue de um inocente.
. 15 .
Maturidade.indd 15
1.3. A ESCRAVIDÃO
Veja o versículo a seguir:
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou
se devotará a um e desprezará ao outro. Não
podeis servir a Deus e às riquezas. (Mateus 6.24).
Apesar de esse texto falar sobre amor ao
dinheiro, podemos aplicar esse princípio a
todos os pecados, não apenas ao da avare-
za. Não podemos servir a dois senhores ao
mesmo tempo: servimos a Deus ou servimos ao
pecado.
Escravidão nada mais é do que um impe-
dimento à liberdade de alguém. Aqueles que
não receberam Jesus não têm liberdade! Eles
são escravos do pecado! Se essas pessoas co-
nhecerem a verdade, que é Jesus, elas serão
libertas das algemas da morte ( Jo 8.32,36),
passarão a ser livres, para então escolherem
abrir mão dos próprios desejos para servir ao
Senhor.
C.H. Spurgeon dizia o seguinte: “O livre-arbí-
trio nos faz escravos”. Ele chegava a dizer que
o livre-arbítrio não existia, pois, se existisse,
só serviria para levar o homem a escolher o
pecado.
É claro que o livre-arbítrio existe, mas o
verdadeiro cristão abre mão dele para viver a
vontade de Deus; ou melhor, usa-o para tor-
nar-se escravo voluntário de Cristo.
O livre-arbítrio está em mim, mas eu abro
mão dele para viver a vontade de Deus! Esco-
lha a quem servir! Seja um escravo voluntário
do Senhor ou do pecado! Não existe uma ter-
ceira possibilidade!
1.4. A MORTE
O homem não foi criado para morrer, por
isso é tão difícil encarar essa realidade. A
morte é uma das consequências do pecado.
Deus deixou claro a Adão quando proibiu
que comesse do fruto da árvore do conheci-
mento do bem e do mal: “No dia em que dela
comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Essa
morte foi física e espiritual; a morte física de-
08/07/2019 12:23:48
 morou muitos anos para se consumar, já a
morte espiritual foi imediata.
Quanto à morte espiritual, precisamos
entender que existem dois aspectos nela: a
separação de Deus em vida e a separação de
Deus para a eternidade.
O pecado, quando cometido, imediatamen-
te afasta o homem de Deus, enquanto ainda
vive, no corpo. A menos que essa pessoa se
arrependa, em vida, ela poderá receber a
condenação eterna também.
Muitas pessoas parecem viver, mas estão
mortas. Não têm a mínima noção de como as
coisas funcionam no mundo espiritual, pois
espiritualmente estão mortas. Enquanto es-
tiverem respirando, poderão se arrepender
para receber a vida espiritual na terra e a
vida eterna; caso contrário, experimentarão o
amargo destino de passar toda a eternidade
longe do Criador, em sofrimento.
2. A MANIFESTAÇÃO DO
PROPÓSITO DA CRUZ
Como aprendemos na última lição, o propó-
sito eterno de Deus se manifestou em Jesus
Cristo, o Messias prometido aos judeus, que
deseja salvar toda a humanidade. Essa obra
tinha como objetivo restabelecer o relaciona-
mento entre o Criador e os homens.
Jesus é a manifestação perfeita e justa do
propósito eterno de Deus. Nele manifestou-
-se todo o poder dos céus, que transforma
a vida dos homens e lhes garante a salvação
eterna.
O mais impressionante disso é que essa
manifestação foi por meio de uma cruz, um
símbolo de maldição! Quem imaginaria que o
grandioso Deus do Universo se faria homem
para morrer numa cruz?
Veja o que Paulo fala sobre essa mensagem
da cruz:
Certamente, a palavra da cruz é loucura para os
que se perdem, mas para nós, que somos salvos,
poder de Deus. (1 Coríntios 1.18).
. 16 .
Maturidade.indd 16
A seguir analisaremos a loucura da obra da
cruz (pela ótica humana e natural), destacan-
do duas manifestações principais dessa obra.
2.1. UMA MANIFESTAÇÃO DE AMOR
Pelo pecado, nós estávamos destinados ao
inferno, por isso Deus não seria injusto se nos
mandasse para o lago de fogo e enxofre, pelo
contrário, seria justo. Afinal, como apren-
demos na última lição, todos os dias temos
diante de nós as “duas árvores” e diariamente
“temos comido do fruto proibido”.
Estávamos como cegos, fracos e mortos,
impossibilitados de chegar à fonte da vida,
mas fomos alcançados pelo amor de Deus,
em Jesus Cristo. Muitos de nós, mesmo sendo
perseguidores da fé da cristã e até blasfema-
dores do sagrado, fomos amados de forma
inesperada.
Fomos amados porque Deus assim dese-
jou, por meio de Jesus. É óbvio que Ele espe-
ra gratidão e adoração de nossa parte, mas
Deus nos amou em Jesus, independentemen-
te se um dia nós retribuiríamos esse amor.
Somos como a prostituta Gômer, que foi
amada pelo profeta Oseias e perdoada diver-
sas vezes (livro de Oseias). Tratada como uma
maravilhosa esposa, mesmo após tornar-se
uma mulher adúltera. Não somos diferentes
dela, sempre fomos infiéis, mas mesmo assim
somos amados pelo Senhor.
O amor de Deus é imensurável e jamais po-
derá ser reproduzido por qualquer criatura!
O amor dEle foi tão grande que entregou seu
único filho para morrer por miseráveis ho-
mens ( Jo 3.16).
2.2. UMA MANIFESTAÇÃO DE GRAÇA
A graça nada mais é do que o favor ime-
recido de Deus, expressado na salvação do
homem. É preciso, porém, que seja dito que,
mesmo após entregarmos nossa vida a Cris-
to, ainda assim viveremos por graça, e não
por merecimento. A graça não se manifesta
apenas para a salvação. É uma manifestação
constante daquilo que se iniciou na cruz.
08/07/2019 12:23:48
 Eu e você que nascemos no tempo poste-
rior à morte na cruz, nascemos em pecado,
conforme as palavras de Davi (Sl 51.5), mas
também nascemos com a dívida paga por
Cristo. Hoje basta somente sacar o crédito
que está à nossa disposição!
Ninguém jamais será achado merecedor de
qualquer benefício de Deus, nem mesmo os
homens mais íntegros. O único que passou
por essa terra sem pecar foi Jesus Cristo; fora
Ele, todos os homens teriam motivos para ser
condenados, mas Deus decidiu redimi-los por
meio da obra de Jesus. Essa foi a manifesta-
ção da graça de Deus, por meio de Cristo.
2.3. UMA MANIFESTAÇÃO DA JUSTIÇA
DE DEUS
Uma das coisas mais difíceis de serem com-
preendidas pelos homens não espirituais é o
seguinte: Como é possível que assassinos e ho-
mens cruéis sejam perdoados e transformados
por Deus? Não parece justo o perdão, quando
eles mereciam ser condenados por seus horren-
dos delitos.
Para os ímpios, é injusto que os maldosos
sejam perdoados – como se existisse alguém
que não pudesse ser alcançado pela graça de
Deus, ou pior, alguém que não tivesse pelo
que se envergonhar.
A justiça de Deus é um ato dEle, antes da
Criação do mundo, onde fomos escolhidos
para ser santos (Ef 1.5,11). É uma declaração
que se cumpriu em Jesus, onde Ele pisaria
na cabeça da serpente e perdoaria todos ho-
mens (Gn 3.15). Somos justificados pela obra
de Cristo, não por qualquer obra nossa.
A justiça de Deus pode ser bem entendida
da seguinte forma: somos réus em um julga-
mento e estamos no tribunal sendo acusa-
dos por nossos vários delitos. Após todas as
pontuações da acusação, o juiz está prestes a
bater o martelo e nos condenar, justamente,
porque tudo o que está sendo dito é verdade.
Então, nosso advogado de defesa, Jesus Cris-
to, pede a palavra e diz:
. 17 .
Maturidade.indd 17
Como minha primeira e última declaração,
antes do veredito final, declaro que tudo o
que foi dito em relação ao réu é verdade! Ele
é culpado de todos esses pecados! Ele merece
mesmo ser condenado! Não existe nenhuma
justificativa pelos atos dele! Por isso, antes que
ele seja condenado, preciso lembrar ao júri e ao
excelentíssimo juiz, que Eu vim ao mundo para
morrer por esse réu, e assim o fiz, levando sobre
mim todos os pecados que ele cometeu. Tendo
dito isso, declaro que assumo voluntariamente
o lugar do réu, e assim serei condenado no
lugar dele! Que ele seja perdoado de todas as
acusações!
Imagine esta cena: Jesus saindo do tribunal
algemado e conduzido para a condenação de
morte no lugar de assassinos, de prostitutas,
de pedófilos e de políticos corruptos. Essa é a
justiça de Deus! Maravilhosa demais para que
possamos compreender por nossa mente hu-
mana e limitada!
Nada é mais justo do que Jesus, Aquele que
não pecou, que, por não ter um único cisco
em Seu olho (Mt 7.3,4), tendo condições de
nos julgar e condenar, decidiu assumir o nos-
so lugar, pagando a dívida do nosso pecado.
Após a dívida ser paga, é justo que não seja-
mos mais condenados por aquilo que fomos
perdoados (Rm 8.1) e que, principalmente, já
foi pago com preço de sangue.
3. NA CRUZ CONSUMOU-SE A
SALVAÇÃO
Se o salário do pecado é a morte e a vida
eterna é recebida gratuitamente por Jesus
(Rm 6.23), isso quer dizer que o plano da sal-
vação, que restabeleceu o propósito eterno
de Deus, foi consumado com a morte dEle.
Perceba as últimas palavras de Jesus na cruz:
Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o
espírito. ( João 19.30).
A cruz, que era símbolo de maldição – pois
só os malditos eram condenados a morrer
nela – após a obra de Deus, passou a ser um
08/07/2019 12:23:48
 símbolo da nossa salvação. Nela o plano de
Deus foi consumado.
Por mais que esse assunto já tenha sido de-
senvolvido em vários aspectos, precisamos
observar outras faces dessa maravilhosa
obra, a fim de que o entendimento possa ser
o mais completo possível.
Talvez uma das perguntas mais lógicas que
alguém poderia fazer é a seguinte: Por que
Deus precisaria morrer? É difícil e até aparen-
temente ilógico pensar em Deus morrendo,
mas precisamos entender que Jesus é Deus,
preexistente e eterno ( Jo 1.1,2), mas que se
fez homem ( Jo 1.14). Ele não foi um homem
com privilégios, como uma espécie de semi-
deus (meio Deus e meio homem), Ele foi 100%
Deus e 100% homem, igual a qualquer um de
nós. Isso era necessário para cumprir a mis-
são que culminaria com a nossa salvação.
Jesus precisava ser totalmente Deus, pois so-
mente Deus pode salvar o homem. Somente Ele
tem poder para perdoar pecados; e precisava
ser, ao mesmo tempo, totalmente homem, por-
que somente um homem poderia pagar o preço
dos pecados dos homens. Isso se Ele mesmo
não tivesse pecado, como aconteceu, pois, caso
pecasse, como poderia substituir pecados? Je-
sus não pecou em momento algum dos seus
33 anos como homem na terra. Por isso, pôde
substituir toda a humanidade.
A grande questão é que, com a morte de
Jesus na cruz, toda a humidade teve a oportu-
nidade de ser salva. Tanto os que nasceram e
morreram antes dEle, como todos que nasce-
ram e ainda nascerão depois.
Quando mencionamos a obra da cruz, fa-
lamos em relação a tudo o que foi conquis-
tado com a morte de Jesus, não meramente
da imagem das duas traves que se cruzam.
Veja, a seguir, sete benefícios conquistados
na cruz.
3.1. SETE BENEFÍCIOS DA OBRA DA CRUZ
A propiciação
A palavra propiciação significa “desviar a ira
de Deus”. Isso significa que Jesus atraiu para
. 18 .
Maturidade.indd 18
si toda a ira de Deus, por causa do pecado.
Por isso, a ira e o juízo de Deus não precisam
mais cair sobre os homens. Jesus desviou a
ira do homem para si.
Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o
que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho
não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira
de Deus. ( João 3.36.).
A redenção
Redenção significa “liberdade da escravi-
dão, mediante o pagamento de um resgate”.
A redenção nada mais é do que o ato do pa-
gamento do preço do pecado, por meio da
morte de Jesus. Quando o preço foi pago, nós
fomos redimidos. Agora não precisamos mais
morrer, pois Ele morreu por nós.
E a vós outros, que estáveis mortos pelas
vossas transgressões e pela incircuncisão da
vossa carne, vos deu vida juntamente com
ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra
nós e que constava de ordenanças, o qual
nos era prejudicial, removeu-o inteiramente,
encravando-o na cruz. (Colossenses 2.13,14).
A expiação
Como já mencionado anteriormente, a pri-
meira vez que um animal morreu foi quan-
do Deus matou um para cobrir a nudez de
Adão (Gn 3.21). Com a morte daquele animal,
Deus estava estabelecendo o princípio de um
substituto inocente, que deveria morrer a fim
de oferecer uma cobertura temporária para a
pecaminosidade humana.
O sentido da palavra expiação, no Antigo
Testamento, é “encobrir o pecado dos ho-
mens”. O sangue que vertia dos animais sobre
o altar apenas encobria os pecados, como se
um cheque “pré-datado” fosse preenchido:
bom para... a vinda do Messias! Aqueles sacrifí-
cios não quitavam a dívida, apenas a transfe-
riam para o tempo da manifestação do Mes-
sias Salvador.
O sentido da palavra expiação, no Novo Tes-
tamento, é “eliminar o pecado”. Quando Jesus
08/07/2019 12:23:48
 veio e morreu pela humanidade, seu sangue
vertido na cruz eliminou definitivamente o
pecado da humanidade. Todo “cheque pré-
-datado” foi pago, todo pecado foi eliminado,
e o seu poder sobre o homem deixou de exis-
tir. Depois disso, o que cada pecador precisou
fazer foi ir até Jesus e buscar o crédito para
quitar a dívida.
A reconciliação
Reconciliar é o “ato de reaproximação”;
no caso bíblico, reaproximar o homem com
Deus. Esse aspecto da obra da cruz significa
“uma mudança completa da inimizade para
a comunhão”. A reconciliação é a retomada
do relacionamento que havia se perdido por
causa da desobediência.
A justificação
Como já mencionado anteriormente, a justi-
ficação é o ato de Deus de declarar o homem
justo. Os indivíduos que confiarem em Jesus,
Salvador, tornam-se justos, ou seja, não pre-
cisam pagar por nada que tenham cometido
de errado, uma vez que Cristo ter pagou, com
Sua morte, todo o preço da humanidade.
O perdão
O perdão significa que todos os nossos pe-
cados, tanto os do passado como os do pre-
sente e os do futuro, foram perdoados por
Cristo ao confiarmos nEle como nosso Salva-
dor.
A regeneração
A regeneração significa literalmente “gerar
novamente”. Ela é o centro da nossa expe-
riência de salvação. É o ponto de partida da
nossa relação de vida com Deus. É quando
Deus entra no homem para colocar sua vida
nele. Após receber a vida de Deus, a natureza
maligna, dentro do homem, é expulsa grada-
tivamente.
Na regeneração, recebemos um novo cora-
ção, um novo espírito, e o Espírito Santo de
Deus vem habitar em nós.
. 19 .
Maturidade.indd 19
3.2. OS RESULTADOS DE UMA VIDA DE
CRUZ
Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome
a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser
salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder
a vida por minha causa achá-la-á. (Mateus
16.24,25).
Quando entendemos que a obra da cruz
não acabou com a Salvação, mas que preci-
samos manifestar boas obras, que demons-
trarão que o propósito de Deus nos alcançou,
passamos a manifestar vários resultados des-
sa obra em nossa vida.
Em Cristo nós fomos chamados para a
salvação, mas também para a missão de le-
varmos a nossa própria cruz, a fim de que
apresentemos o plano da Salvação a outros
homens.
Você lembra que aprendemos que o mistério
oculto de Deus era que Cristo habitasse em nós?
Então... quando Ele habita em nós, passa-
mos a viver a mesma vida que Ele viveu. Na
verdade, não vivemos mais, mas Ele é quem
vive em nós (Gl 2.20). Por isso, um indício de
alguém que recebeu a salvação é que essa
pessoa manifestará alguns resultados. Quais
são eles?
A santificação
Na Bíblia, a palavra santificação significa “se-
paração, ser separado daquilo que é comum”
(Lv 10.10).
A santificação é um longo processo que co-
meça na regeneração, prossegue por toda a
vida cristã e se completará na eternidade. Ela
opera em nossas vidas por estarmos cheios
do próprio Cristo, aquele que é santo. É a
presença do Espírito em nosso espírito que
produz a perfeita santificação. Vamos nos
tornando cada vez mais parecidos com Deus.
A transformação
A palavra transformação significa que “uma
substância é mudada em sua natureza e for-
ma”. É uma mudança na natureza interior que
08/07/2019 12:23:48
 causa uma mudança na forma (no exterior).
A transformação é o resultado da santificação ________________________________________________
que modifica o caráter do homem, alterando
________________________________________________
suas atitudes.
É pela transformação que pensaremos, ________________________________________________
amaremos, escolheremos e agiremos segun-
do Cristo. Só seremos semelhantes ao Senhor ________________________________________________
em nossa vida prática quando nosso interior
________________________________________________
for transformado por Cristo, manifestando
essa transformação em boas obras. ________________________________________________

A conformação ________________________________________________
Quanto mais formos transformados, mais
________________________________________________
seremos conformados, e isso acontecerá de
forma gradativa e contínua. A conformação ________________________________________________
faz o homem informe e desfigurado, pelo pe-
cado, tomar a forma e a imagem de Deus. ________________________________________________

________________________________________________
A glorificação
A glorificação é o último estágio do plano de ________________________________________________
salvação.
________________________________________________
Ser glorificado é entrar na glória de Deus
para experimentar e desfrutar, sem medida, ________________________________________________
da infinita e eterna vida de Deus, em Cristo.
Na volta de Jesus, teremos, por um lado, ________________________________________________
Deus nos conduzindo à Sua glória, e, por
________________________________________________
outro, teremos Cristo sendo manifestado
ao mundo a partir de nós. Nosso corpo será ________________________________________________
completamente glorificado em Cristo.
O plano chegará ao fim quando o homem ________________________________________________
se tornar a perfeita imagem e semelhança de
________________________________________________
Deus e quando todo o poder, a autoridade,
o principado e as potestades conhecerem a ________________________________________________
multiforme sabedoria dEle, por meio de Sua
igreja glorificada. ________________________________________________

________________________________________________
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO ________________________________________________

1) O que é pecado? ________________________________________________

2) Qual a relação entre o livre-arbítrio e o
________________________________________________
pecado?
3) Quais são os dois tipos de morte espi- ________________________________________________
ritual?
4) O que é a justificação? ________________________________________________
5) O que a cruz representa para os cris-
________________________________________________
tãos?

. 20 .

Maturidade.indd 20 08/07/2019 12:23:48


LIÇÃO 3
CONFORME O CAR ÁTER DE CRISTO
Os cristãos devem expressar o caráter de
Cristo na terra por meio de suas ações diá-
rias. Para isso, precisam observar as atitudes
e os ensinamentos de Jesus descritos nas Es-
crituras. O caráter começa a ser transforma-
do a partir da conversão e continua durante
toda a vida. Inicialmente, é preciso ser impac-
tado com a mensagem da cruz, e, a partir daí,
entender a graça que leva ao arrependimen-
to dos pecados. Inicia-se, então, um processo
chamado de santificação, em que as caracte-
rísticas de Jesus vão sendo aperfeiçoadas no
cristão por meio da ação diária do Espírito
Santo. Nesta lição estudaremos Cristo como
. 21 .
Maturidade.indd 21
nosso padrão de caráter, para que nos amol-
demos à “forma dEle”.
1. CONFORMADOS COM CRISTO
Porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes
à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos. (Romanos
8.29).
Os cristãos são chamados a expressar Cris-
to na terra. Para isso, precisam se tornar se-
melhantes a Ele. Jesus é o modelo de compor-
tamento deles, mas muitos têm negligenciado
essa verdade. A justificação pela fé nos dá a
salvação. A partir desse ato, iniciamos uma
caminhada de santificação na terra. E o mol-
de para essa santificação é: Aquele que se fez
carne, habitou entre nós e não pecou ( Jo 1.14;
2 Co 5.21).
Somos influenciados pela natureza pecami-
nosa, que herdamos de Adão, ou pela nature-
za divina, que recebemos de Deus. A nature-
za pecaminosa é baseada nos valores deste
mundo, já a natureza divina é evidenciada
pela Palavra de Deus. Ambas são expressa-
das no caráter da pessoa, tendo como resul-
tado o comportamento.
Caráter é a soma total das influências positivas
ou negativas. Ele se manifestará através dos
valores, motivações, atitudes, sentimentos e
ações de cada um.
Jesus Cristo tinha impresso em seu caráter
a imagem perfeita de Deus. Como homem
que foi, Ele utilizava muito bem a razão e as
qualidades espirituais, de forma inteiramen-
te santa; portanto, devemos imitá-Lo! Paulo
enfatizou muito bem isso ao dizer à igreja de
Corinto: Sede meus imitadores, como também
eu sou de Cristo (1 Co 11.1). Um cristão imita
Cristo!
Nossa primeira decisão é crer; a partir daí,
nos tornamos discípulos e, por fim, somos
transformados conforme a Sua imagem. O
propósito de Deus é ter muitos filhos seme-
08/07/2019 12:23:51
 lhantes a Jesus, ou seja, que manifestam o
caráter de Cristo.
Quando falamos em maturidade espiritual,
estamos falando de um caráter semelhante
ao de Cristo. Quanto mais um cristão se com-
porta igual a Cristo, mais maduro ele é. Todo
crescimento espiritual é demonstrado pelo
caráter. O conhecimento sem transformação
de vida mostra-se inútil. Conhecimento sem
revelação não gera vida, não produz fé e não
promove a santificação.
Para exemplificar o significado do caráter
cristão, podemos comparar a igreja primitiva
com algumas igrejas atuais. A igreja primiti-
va revelava a beleza do caráter de Cristo por
meio das atitudes. Isso trouxe um grande im-
pacto evangelístico e um grande crescimento.
Eles avançaram e cresceram! Algumas igrejas
atuais não avançam nem crescem, porque
muitos crentes vivem apenas uma religião,
sem expressar o caráter de Cristo. Isso traz
mal testemunho e vergonha para o Evange-
lho!
Fomos escolhidos para expressar a imagem
de Deus na terra. A vontade de Deus é edificar
o caráter de Cristo em nós. Para crescermos
espiritualmente, precisamos percorrer um
caminho espiritual poderoso e transforma-
dor que envolve a revelação e a aplicação da
cruz no dia a dia de cada discípulo. Quem tem
a revelação clara da cruz age como Cristo. En-
tretanto, quem não conhece o Evangelho da
cruz comporta-se com arrogância e orgulho.
Não há como ter uma igreja saudável, unida,
crescente e vibrante se não houver líderes
transformados e semelhantes a Cristo. Isso é um
requisito fundamental!
Você sinceramente acha que uma igreja pode
ser abençoada através de pessoas cheias de or-
gulho, individualistas, egocêntricas, rebeldes e
arrogantes? Deixe-me ver na sua vida a beleza
do coração de Jesus.
Cristo vive em você? Mostre-me através das
suas obras. Com Cristo sendo evidenciado
na igreja, alcançaremos a nossa geração. So-
mente com quebrantamento, unidade, honra,
. 22 .
Maturidade.indd 22
crucificação, santidade e amor a Jesus tes-
temunharemos e mostraremos a beleza do
Evangelho.
2. O CARÁTER PODE SER
TRANSFORMADO
Quando nos tornamos semelhantes a Cris-
to, nosso caráter é completamente transfor-
mado.
O caráter é o resultado das qualidades e
defeitos que as pessoas adquirem ao longo
da vida. O caráter expõe a forma de agir e rea-
gir perante as circunstâncias, necessidades e
pressões. É através do caráter que a nossa
personalidade e o nosso temperamento, jun-
tos, vão comunicar ao mundo e às pessoas ao
redor quem nós somos, quais valores prati-
camos, qual estilo de vida e comportamento
nós temos.
O caráter é moldável, podendo ser trans-
formado e trabalhado para expressar a bele-
za do Senhor. Um caráter moldado por Deus
redundará em um temperamento controlado
pelo Espírito Santo. O caráter revela seu estilo
de vida, valores e ideologias. Quando trans-
formado por Deus, terá um perfil espiritual
apto a receber a unção do Senhor.
Um caráter santificado evidenciará humil-
dade, coração servil, índole ensinável, que-
brantamento e bondade. Essas coisas não
fruto de uma boa educação, pois isso é ter-
reno. É fruto da ação espiritual de Deus. Deus
trabalha e transforma o caráter, tornando-o
semelhante ao caráter de Cristo.
Caráter e unção devem andar em equilí-
brio. Quando um cristão desenvolve um cará-
ter exemplar sem unção de Deus, tende a ser
apenas intelectual e extremamente racional.
São crentes que não frutificam, apesar de se-
rem boas pessoas. Por outro lado, não adian-
ta ter unção e perder tudo o que construiu,
comportando-se de maneira carnal. O mal
testemunho é fruto de um caráter não traba-
lhado por Deus.
Diante desses dois extremos, caráter sem
unção e unção sem caráter, qual é o equilíbrio
ideal? Onde devemos chegar? A resposta é que
08/07/2019 12:23:51
 devemos conhecer as Escrituras. O conheci-
mento da Bíblia irá moldar o nosso caráter.
Por outro lado, devemos conhecer o poder
sobrenatural de Deus. Oração e Palavra são
duas disciplinas espirituais que nos propor-
cionarão ter o caráter semelhante ao de Cris-
to e andar na unção poderosa e sobrenatural
de Deus.
2.1. A RELAÇÃO DO CARÁTER E DOS
DONS
Os dons são presentes de Deus para todos.
Porém, não podemos colocá-los acima do
caráter, como tem acontecido com frequên-
cia na igreja do nosso tempo: há uma grande
valorização das pessoas cheias de dons, mas o
caráter nem sempre é observado e avaliado.
Um dos textos mais conhecidos da Bíblia
sobre dons é o seguinte:
A manifestação do Espírito é concedida a cada
um visando a um fim proveitoso. Porque a
um é dada, mediante o Espírito, a palavra da
sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito,
a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo
Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito,
dons de curar; a outro, operações de milagres;
a outro, profecia; a outro, discernimento de
espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro,
capacidade para interpretá-las.
(1 Coríntios 12.7-10)
Todos os dons espirituais são muito úteis
para a edificação da igreja e do cristão, po-
rém, quando comparados ao caráter, tornam-
-se secundários.
Pensar, por exemplo, que alguém que pos-
sui um “dom de curar” e de “discernimento de
espíritos” pode vir a ser uma coluna da igreja,
simplesmente por causa dos dons, é um en-
gano. É preciso analisar o seu caráter, ou seja,
se Cristo é expressado nas atitudes diárias
dessa pessoa.
Quando falamos dos dons naturais, como
inteligência, capacidade de tocar um instru-
mento ou praticar um esporte, o raciocínio
deve ser o mesmo. Por exemplo: não é so-
. 23 .
Maturidade.indd 23
mente por conta da capacidade de memori-
zação que uma pessoa estará apta a ensinar
coisas espirituais. É preciso que ela passe
pelo processo da cruz, convertendo-se ver-
dadeiramente.
Em geral, o motivo de vermos tantos escân-
dalos na igreja é este: valorizar os dons e não
provar o caráter.
Quanto mais o homem confia em si mesmo, nos
seus dons naturais e espirituais, menos utilidade
ele tem para Deus. O Senhor procura servos
dependentes, que não depositam confiança em
suas próprias capacidades.
Quem tem o caráter moldado por Deus
comporta-se de acordo com as Escrituras. Os
dons precisam, sim, ser valorizados, porém o
caráter cristão é primordial para que se faça
um bom uso desses dons na igreja.
3. O PODER DA CRUZ NA
TRANSFORMAÇÃO DO CARÁTER
Vejamos a seguir o que Paulo escreveu aos
romanos:
E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
(Romanos 12.2)
O teólogo Warren Wiersbe resumiu muito
bem a interpretação desse versículo ao dizer
que, “se o mundo controla nossa maneira de
pensar, somos conformados; se Deus contro-
la nossa maneira de pensar, somos transfor-
mados”.
Conformar-se significa “tomar a forma de
alguma coisa”. Se nos amoldarmos à forma
desse mundo, conforme os valores e padrões
da sociedade “sem Deus”, estaremos bem
distantes da Palavra de Deus.
A maneira de não nos amoldarmos à forma
do mundo é transformarmo-nos pela reno-
vação da mente, através da Palavra de Deus,
buscando constantemente agir como Cristo
agiu.
08/07/2019 12:23:51
 É uma mudança de dentro para fora, que atinge
o caráter e expressa-se no comportamento.
Colhemos grandes benefícios ao agir as-
sim, pois nada é melhor que experimentar a
“boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Aprenderemos a discernir os valores de Deus,
e as decisões diárias serão tomadas com base
nessa vontade.
Entender essa revelação é importante para
que os valores da Palavra de Deus sejam im-
pressos em nós, o que desencadeará uma
série de transformações em todo nosso ser,
atingindo a nossa alma e trazendo disciplina
ao nosso corpo. Essa é a mudança de dentro
para fora. É a “metamorfose espiritual” que
nos permite manifestar e expressar o caráter
de Cristo.
O entendimento correto da obra da cruz é
fundamental para a ação de Deus em nós. É
por meio da cruz que a velha natureza assu-
me a sua realidade, de morte, e a vida de Cris-
to passará a ser expressada em nós.
A seguir, vejamos alguns conceitos bíblicos
sobre a cruz, como instrumento de transfor-
mação do nosso ser.
3.1. A OBRA DA CRUZ
O sacrifício de Jesus na cruz e a obra que
Ele realizou em substituição a nós foram atos
ligados à salvação e ao perdão dos pecados.
Adão foi criado perfeito, porém falhou. Por
causa de seu pecado, todos os que nasceram
após ele herdaram a natureza pecaminosa.
Jesus Cristo, o filho de Deus, se fez carne, veio
ao mundo e viveu sem pecado. Na cruz do
calvário Ele se entregou para ser crucificado
e derramou do Seu sangue em favor de toda
a humanidade. Deus aceitou esse sacrifício,
imputando a Cristo os nossos pecados.
A obra da cruz é completa, pois Jesus nos
substituiu com perfeição. Ele cumpriu tudo o
que precisava! Nós precisávamos ser castiga-
dos, tínhamos que ser punidos pelos nossos
pecados e, consequentemente, condenados
à morte; porém Ele pagou pelos nossos cri-
mes e transgressões, para que não houves-
. 24 .
Maturidade.indd 24
se mais condenação sobre nós, os que estão
“em Cristo”.
Pela graça, mediante a fé em Jesus, somos
justificados. Em Cristo, somos declarados jus-
tos e salvos. Somos perdoados, pois a justiça
de Deus foi imputada a nós. Assim, temos paz
com Deus, perdão e livre acesso ao Pai, pelo
sangue de Seu Filho.
Essa revelação de graça, pela obra da cruz,
é suficiente para mudar o nosso caráter, o
nosso homem interior, pois é a mais pura ex-
pressão do amor de Deus. O amor que trans-
forma tudo que “toca”.
3.2. O PODER DA CRUZ
O poder da Cruz revela a nós qual é a nossa
realidade diante de Deus, após recebermos
Jesus: a nossa velha natureza morreu e recebe-
mos uma nova natureza, semelhante à de Cristo.
A cruz nos dá autoridade, poder e ousadia
para andarmos como justos, recebermos to-
das as bênçãos espirituais, dignas aos filhos
amados de Deus, que nos tornamos.
O poder da cruz nos livrou da escravidão
do pecado, nos trouxe perdão, salvação e jus-
tificação. Nossa velha natureza é incluída na
morte do nosso Salvador. Morremos com Ele
na cruz, crucificando o velho homem e suas
inclinações. Sendo assim, a mesma fé, que te-
mos para crer no perdão dos nossos pecados
e na nossa salvação, devemos usar para apro-
priar-nos da morte definitiva de nosso velho
homem. Assim, quando a tentação vier, resis-
tiremos sabendo quem realmente somos em
Cristo e qual o poder da cruz sobre nós.
3.3. O PRINCÍPIO DA CRUZ
O entendimento da obra da cruz e do seu
poder nos leva ao próximo passo, a aplicação
prática do princípio da cruz em nossa vida.
O princípio da cruz é a forma de Deus nos
moldar para sermos semelhantes a Jesus. É
importante observar e ressaltar que Jesus
não apenas morreu crucificado; Ele viveu
todos os seus dias crucificado, renunciando
diariamente aos seus direitos e abraçando
08/07/2019 12:23:51
 voluntariamente a perda, a dor e o sofrimen-
to, por amor a nós e à missão do Pai. Foi esse
caminho que possibilitou a salvação, a justifi-
cação e a libertação da humanidade.
O princípio da cruz nos leva a viver uma vida
espiritualmente sadia, seguindo o mesmo es-
tilo de vida que Jesus viveu. Devemos andar
como Ele andou. Para sermos discípulos dEle,
precisaremos seguir os Seus passos.
Quando olharmos para Adão e a natureza
pecaminosa, veremos independência, insub-
missão, rebeldia e individualismo. Quando
olhamos para Jesus, pelo princípio da cruz,
tudo é transformado, pois ela nos leva a ca-
minhar como Ele caminhou, negando a nós
mesmos para segui-Lo. Isso é uma escolha
diária.
Jesus foi bem claro com seus discípulos ao
apresentar o princípio da cruz:
Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem
quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-
la-á; mas quem perder a sua vida por amor de
mim, achá-la-á. (Mateus 16.24-25).
Jesus foi um exemplo perfeito: Ele renunciou
à Sua glória, fez-se homem e humilhou-se para
morrer uma morte de cruz. Ele abriu mão de si
mesmo por nós. Lançou mão do Seu poder
e de Sua autoridade, como Deus que era, vi-
sando a salvação de todos os homens. Nosso
papel agora é semelhante. Precisamos abrir
mão de nós mesmos para vivermos à seme-
lhança de Jesus. Isso inclui abandonar o ego,
o individualismo e os desejos carnais para vi-
vermos a obediência a Cristo. Em outras pa-
lavras, isso é tomar a cruz! Pela renúncia da
velha natureza, recebamos e vivamos a nova
natureza que nos é ofertada.
Temos, porém, este tesouro em vasos de barro,
para que a excelência do poder seja de Deus e
não de nós. (2 Coríntios 4.7).
Esse texto mostra a nossa realidade em
Cristo. O vaso de barro não tem valor algum,
o que tem valor é o tesouro que está em seu
. 25 .
Maturidade.indd 25
interior. O que temos de mais precioso é o
tesouro que habita em nós, a saber, o Evan-
gelho de Cristo. A cruz nos leva ao reconheci-
mento de quem realmente somos.
O que nos identifica com Cristo não é ser-
mos membros de uma igreja, andarmos com
uma Bíblia, participarmos de um pequeno
grupo, devolvermos o dízimo, não roubar-
mos, não xingarmos, não matarmos ou não
batermos na esposa. Os fariseus praticavam
tudo isso, porém não receberam a Cristo,
para serem transformados por Ele. O que nos
identifica com Cristo é o fato de “abraçarmos”
a cruz nas práticas do dia a dia, negando aqui-
lo que temos de pior e seguindo-O em obe-
diência.
Somente pelo princípio da cruz nos tor-
naremos discípulos dEle. Esse princípio é a
solução para a maioria dos nossos dilemas
cristãos.
Viver por esse caminho é uma escolha. Pre-
cisamos optar por morrer para o mundo e
viver para Deus. A cruz é a maneira de Deus
nos libertar de nós mesmos e dos conflitos
originados no ego, por isso, tomemos a nos-
sa cruz, alegremo-nos com a porção do que
Deus nos deu e confiemos nEle.
Que tenhamos a experiência de morrer na
Cruz e deixar que o Espírito Santo nos trans-
forme e controle nosso ser. Assim, teremos
paz conosco, com os outros e com Deus. Isso
só é possível por meio de uma vida completa-
mente submissa ao senhorio de Cristo, pelo
princípio de tomarmos diariamente a cruz.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Com base no texto dessa aula, o que é
ter maturidade espiritual?
2) Quais são as evidências de um caráter
santificado?
3) Por que é um engano supervalorizar os
dons em detrimento do caráter?
4) Como podemos evitar nos amoldar ao
padrão do mundo sem Deus?
5) Resuma com suas palavras o sentido do
tópico 3.3, “O princípio da cruz”.
08/07/2019 12:23:51

LIÇÃO 4
CAR AC TERÍSTICAS DO CAR ÁTER CRISTÃO
Na aula anterior aprendemos sobre a ne-
cessidade de termos um caráter semelhante
ao de Cristo, não permitindo que sejamos
amoldados conforme o padrão do mundo
“sem Deus”, mas vivamos a fim de conhecer a
“boa, agradável e perfeita” vontade do Senhor
(Rm 12.2).
A verdade é que caráter é algo que flui do
interior do homem, é algo do coração; porém,
existem evidências claras daqueles que expe-
rimentam essa transformação. A seguir estu-
daremos algumas dessas características.
. 26 .
Maturidade.indd 26
1. O CARÁTER CRISTÃO É
EXPRESSADO DE DENTRO PARA
FORA
A verdade é que todos os cristãos desejam
agradar a Deus e ter um caráter aprovado por Ele.
A vida cristã resume-se na revelação do propósi-
to eterno de Deus, do “Cristo em vós” (Cl 1.27), ou
seja, na manifestação do caráter de Cristo com o
auxílio do Espírito Santo que habita em nós.
O Espírito Santo á aquele que “nos ensina
todas as coisas e nos faz lembrar de todos os
ensinamentos de Cristo” ( Jo 14.26). Ele é que
transforma os nossos desejos e nos capacita
a andar como Cristo andou. Tudo que pre-
cisamos para viver como cristãos já está na
pessoa do Espírito Santo.
Se tivermos em mente que existe um mo-
delo de Cristo para a conduta cristã, tendo o
auxílio do Espírito Santo, isso fará com que,
naturalmente, as qualidades espirituais bíbli-
cas tomem forma em nossas vidas.
A mudança do caráter e a transformação
do homem se dão de dentro para fora, como
uma metamorfose. Não adianta inverter essa
ordem e trabalhar a mudança de fora para
dentro, como quando simplesmente baixa-
mos uma lista de ordens e condutas, sem in-
vestir na transformação interior.
Agimos de forma correta quando semea-
mos no nosso coração, para que haja o ple-
no trabalhar de Deus em nós: a libertação do
poder do pecado, a justificação pela fé, a rege-
neração em Cristo, a completa dependência do
Espírito Santo e o andar no Espírito. Tudo isso
levará a uma transformação interna, que será
evidenciada em comportamentos semelhan-
tes ao de Cristo.
A graça de Deus nos capacitará a fazer as coi-
sas certas diante dEle. Pela graça é que recebe-
mos a natureza de Cristo. Com esse poder dian-
te de nós, precisamos decidir ser semelhantes a
Cristo em cada ação. Será um operar de trans-
formação diária, um processo. Como tal, damos
um passo de cada vez, e cada passo correspon-
de a um nível de maturidade alcançado.
Deus nos capacita, cabendo a nós aplicar
essa realidade em nossas ações. Um cristão
08/07/2019 12:23:54
 é aquele que segue ao Senhor e responde
positivamente ao desejo dEle de expressar o
caráter de Cristo na terra.
Quando falamos de virtudes que fluem do
coração, não podemos achar que elas sim-
plesmente aparecerão do nada. Precisamos
saber que Deus é quem opera a transforma-
ção, mas a partir de uma decisão nossa de
viver dessa forma.
O cristianismo não é meramente a obediên-
cia de mandamentos, mas é uma expressão
da fé do coração. Deus deseja produzir em
nós um coração quebrantado.
A palavra “quebrantar” significa “abater ou
quebrar”; essa quebra atinge a alma e o ego.
Tudo aquilo que está corrompido em nós, pelo
pecado, precisa ser quebrado, para que Cristo
se revele ao mundo através de nós. O cristão
que não está disposto a permitir essa trans-
formação diária não está alinhado com Deus.
O Senhor deseja relacionar-se com pessoas
ensináveis, dispostas a mudar e aprender mais
de Deus. Deus usa pessoas que se entregam
dia após dia através desse quebrantamento,
para a transformação e a santificação. Esse
processo acontece durante toda a vida.
As principais ferramentas que Deus usa
para transformar o coração do homem são
as seguintes:
1.1. A CRUZ
A cruz é a ferramenta mais importante para
a formação do nosso caráter, pois foi através
dela que se abriu “a porta da salvação”. A cruz
nos fala da libertação do poder do pecado,
sendo a resposta de Deus para a transfor-
mação humana. É a maneira que Deus utiliza
para nos libertar de nós mesmos.
Tomar a cruz é seguir as pegadas de Cris-
to. É decisão de renúncia e de alinhamento à
vontade de Deus.
Precisamos andar na caminhada cristã,
sempre com os olhos voltados para a cruz.
Ela sempre comunicará vários princípios im-
portantes para a verdadeira expressão do
caráter de Cristo.
. 27 .
Maturidade.indd 27
1.2. AS CIRCUNSTÂNCIAS
Outra ferramenta importante para a forma-
ção do caráter de Cristo em nós são as cir-
cunstâncias da vida.
Deus usa as circunstâncias do dia a dia para
nos moldar. Quando algo ruim acontece na vida
de um cristão, ele precisa tomar decisões sábias.
A primeira delas é confiar em Deus e crer que
tudo coopera para a sua transformação (Rm
8.28). Após ter a confiança no coração, é preciso
colaborar com Deus, tomando a cruz, negando a
si mesmo e seguindo-O com sabedoria. Uma ati-
tude contrária a tudo isso seria rebelar-se contra
Deus e contra as pessoas.
Um cristão falha quando não consegue en-
xergar que Deus tem o controle de tudo, ape-
sar do sofrimento e dos dias ruins. Agir com
sabedoria o fará vencer e sair da situação ain-
da mais parecido com Cristo.
1.3. O DESERTO
Uma outra forma que Deus usa para nos
moldar é o deserto. Deserto nos lembra de
dificuldades e sofrimento; é o lugar em que
há escassez de opções e escolhas. Diferente-
mente dos problemas comuns do dia a dia,
onde poderemos agir de alguma forma, no
deserto conseguimos apenas meditar acerca
da vida, seu valor, perdas e escolhas.
O deserto lança luz sobre nossas atitudes,
pois refletimos sobre como tem sido a nossa
vida em relação a Deus e às pessoas à nos-
sa volta. Não podemos cair no erro de pen-
sar que Deus só permite desertos em caso
de pecado. Deus permite o deserto para to-
dos: para os que têm falhado e para os que têm
andado à sombra da cruz. Ambos são trans-
formados na imagem de Cristo quando con-
seguem passar pelas tribulações com a sabe-
doria do alto.
2. CARACTERÍSTICAS DO CARÁTER
CRISTÃO
O caráter expressa aquilo que a pessoa é ver-
dadeiramente. Uma das perguntas para uma au-
toanálise do caráter é: Quem tenho sido quando
08/07/2019 12:23:54
 ninguém está vendo? O verdadeiro caráter costu-
ma revelar-se exatamente quando a pessoa está
sozinha, sem ninguém para observá-la.
O Sermão do Monte (Mt 5-7) é um dos mais im-
portantes sermões descritos nos Evangelhos,
porque nele estão representados grandes valo-
res do Reino de Deus. Os fariseus, líderes religio-
sos da época, preocupavam-se com os mínimos
detalhes da conduta e, equivocadamente, deixa-
vam de lado o caráter, que é uma expressão do
coração. Jesus ensinou nesse lindo sermão que
a conduta cristã é decorrente de uma transfor-
mação interna, no caráter.
Estudaremos, a seguir, algumas caracterís-
ticas de um caráter transformado, com base
no sermão do monte.
Primeiro analisaremos o trecho chamado
de “as bem-aventuranças” (Mt 5.3-12), poste-
riormente citaremos mais três caraterísticas
de outros textos desse sermão.
2.1. CARACTERÍSTICAS DO CARÁTER
CRISTÃO NAS “BEM-AVENTURANÇAS”
A expressão bem-aventurado significa, literal-
mente, “feliz, afortunado, ditoso”. Refere-se a
mais que uma emoção superficial. Jesus estava
descrevendo o bem-estar concedido por Deus
àqueles que expressam o caráter de Cristo.
Humildade de espírito
Bem-aventurados os humildes de espírito,
porque deles é o reino dos céus. (Mateus 5.3).
Humildade é a primeira característica ensi-
nada no Sermão do Monte.
A humildade é o primeiro e mais importan-
te traço do caráter de Cristo. Deus trabalha
em Seus filhos para que esses sejam humil-
des. Os demais traços virão em consequência
de uma vida humilde. Humildade não depen-
de do tempo de igreja ou da quantidade de
atividades executadas dentro dela, tampouco
do conhecimento intelectual ou teológico. Ela
depende de como respondemos, diariamente
e de forma prática, aos ensinamentos da Pa-
lavra de Deus.
. 28 .
Maturidade.indd 28
Humildade não significa “pobreza, fraque-
za, boa educação ou timidez”. Humildade,
pela ótica bíblica, significa “agir de acordo
com a realidade de que somos servos de um
Rei”. Ela é produzida em nós quando conhe-
cemos a nós mesmos, a ponto de saber o
quão dependentes somos do Senhor. Assim,
teremos a certeza de que todo o poder vem
de Deus e que a salvação não é mérito nosso,
mas simplesmente graça de Deus.
Martin Lloyd Jones define a humildade como
“o processo conduzido por Deus para nos levar
ao completo esvaziamento de nós mesmos”.
Tudo deve passar pela cruz de Cristo. Nosso ca-
risma, inteligência, habilidades naturais, lideran-
ça, eloquência, criatividade e experiência; nada
disso – nada mesmo – é útil para Deus se não
passarmos tudo pela cruz. A humildade nos leva
a depender totalmente de Deus.
Uma pessoa humilde aceita correção, pede
perdão com facilidade, é transparente em
suas ações, compreensiva com as limitações
e falhas do próximo e frequentemente honra
os outros. Uma pessoa sem humildade age de
maneira diferente. Ela preocupa-se excessiva-
mente com sua reputação, busca pelos melho-
res lugares e posições, quer sempre a justiça
humana, age com nervosismo ao ser corrigida,
vive uma vida secreta em várias áreas, elogia
pouco e gosta de trazer a glória para si mesma.
Esses não são humildes, são altivos de espíri-
to, deles não é o Reino dos Céus.
Choro pela própria realidade espiritual
Bem-aventurados os que choram, porque serão
consolados. (Mateus 5.4).
O mundo constantemente incita às pessoas
a não chorar, como se fosse uma atitude de
fraqueza, mas em Deus essa atitude demons-
tra muita virtude de coração. A busca intensa
pelos prazeres e por enriquecimento, bem
como a energia e o entusiasmo despendidos
no entretenimento de pessoas, é expressão
do grande objetivo da sociedade, que é evitar
o choro. Viva sem arrependimentos! Essa é a
máxima de uma sociedade sem Deus.
08/07/2019 12:23:55
 Quando um servo de Cristo confronta a pró-
pria vida com a santidade de Deus, percebe o
quão miserável é, a ponto de faltar-lhe esperan-
ça de mudar, por meios naturais ou por virtudes
de si mesmo. O choro desse texto é uma tristeza
piedosa, que faz “o coração chorar” pelo pecado
e pela natureza pecaminosa. Jesus elogiou aque-
les que choram em seu espírito, e esses, esclare-
ce o Senhor, são muito felizes.
Esse choro não é aquele que acontece por
coisas naturais (morte, crise familiar etc.), é na
verdade um profundo lamento pelos próprios
pecados e falhas. Isso desperta na pessoa
uma grande virtude do cristão!
Aquele que é cristão verdadeiro e que chora
por sua natureza pecaminosa também chora
pelos pecados da sociedade. O mal que age no
mundo lhe incomoda profundamente. Ao con-
trário do que se pensa, o homem que chora
em seu espírito é muito feliz, pois é o homem
que é capaz de arrepender-se e que tem o Es-
pírito Santo trabalhando nele. Ninguém pode
conhecer a Cristo como Salvador e Redentor
sem lamentar-se profundamente no coração.
Somos consolados em todo esse proces-
so, pois essa é a promessa de Jesus aos que
choram. A primeira consolação recebida é o
perdão dos pecados, pelo arrependimento e
pela crença na obra redentora de Cristo. Após
isso, recebemos a segunda consolação, que
é a comunhão com os santos, que terá a sua
plenitude na vida eterna prometida aos que
creem.
Mansidão
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a
terra. (Mateus 5.5).
A sociedade atual valoriza a força, o pode-
rio, as habilidades pessoais, a autosseguran-
ça e a agressividade nas atitudes. Eles costu-
mam dizer: Nesse mundo só sobrevivem os mais
espertos e fortes. Essa é a ideia que o mundo
tem de conquista e predomínio para alcançar
o sucesso em todas as áreas.
Os judeus tinham uma visão parecida com
essa quanto à vinda do Messias. Eles esperavam
. 29 .
Maturidade.indd 29
um líder com grande poderio militar, que os li-
bertaria do Império Romano, mas Cristo agiu
diferente do esperado: foi manso e humilde,
conquistando o mundo pelo amor e pela miseri-
córdia. Nós também devemos agir assim.
A mansidão bíblica é “a total submissão à
vontade de Deus”. Ela não significa fraqueza
de caráter ou de personalidade, pelo contrá-
rio, é compatível com grande força de caráter,
pois é o autocontrole capacitado pelo Espírito
Santo. Os mansos são aqueles que se humi-
lham diante de Deus, por reconhecerem sua
total dependência dEle.
Uma evidência da mansidão no cristão é a
forma gentil no trato com os outros. O cris-
tão, mesmo podendo devolver a ofensa, de-
cide abrir mão desse direito. Por exemplo:
Se algum indivíduo manso escuta de outra
pessoa algo ríspido e sem educação, mesmo
podendo responder na mesma intensidade,
decide controlar a sua língua e abrir mão do
seu direito à resposta.
Os mansos têm “o poder” sob controle. Os
cristãos que agem assim vivem em conten-
tamento na terra, como Paulo bem disse em
2 Coríntios 6.10b: Nada tendo, mas possuindo
tudo. Além de uma vida muito feliz aqui na
terra, herdarão a vida eterna. Quem é salvo
anda como salvo, ou seja, expressa o caráter
de Cristo demonstrando mansidão.
O próprio Jesus se descreve como manso e
humilde, em Mateus 11.29: “Tomai sobre vós o
meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a
vossa alma”. Vemos essa virtude na vida inteira
do Mestre, mesmo diante da perseguição e da
zombaria contra Ele. A atitude de Cristo com
os Seus inimigos e Sua completa submissão ao
Pai demonstram a Sua mansidão.
Fome e sede de justiça
Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque serão fartos. (Mateus 5.6).
Neste versículo encontramos uma das mais
belas declarações do Evangelho de Cristo e de
tudo quanto o mesmo pode nos oferecer. É
08/07/2019 12:23:55
 uma afirmação a todos que se sentem “infe-
lizes no tocante a si mesmos e no tocante ao
seu estado espiritual”, os quais também an-
seiam por uma nova ordem e por uma nova
qualidade de vida de que até agora não pude-
ram usufruir. Essa fome e sede de justiça é a
respeito de si mesmos, não de outras pessoas.
Os que têm fome e sede de justiça são os
que anseiam por ver o triunfo final de Deus
sobre o mal e anseiam também por fazer
o que é justo e reto aos olhos de Deus. É o
oposto da hipocrisia dos fariseus, que viviam
uma vida de aparências diante dos homens
e com o coração corrupto perante Deus. Ter
fome e sede de justiça é a atitude daqueles
que buscam a justiça de Deus em vez de ten-
tar estabelecer a sua própria justiça.
O pastor e teólogo Martyn Lloyd Jones trou-
xe luz sobre esse texto ao dizer que ter fome
e sede de justiça não é outra coisa senão “o
desejo do homem de ser positivamente san-
to”. É o homem que deseja exibir o fruto do
Espírito em cada uma de suas ações e deseja
ser um exemplo das bem-aventuranças em
seu viver diário. Em última análise, é o supre-
mo desejo de conhecer a Deus e desfrutar do
seu companheirismo.
Há uma promessa para os cristãos que se
encaixam no desejo por justiça: Eles serão far-
tos. Em outras palavras, eles receberão o que
desejam. Deus haverá de conceder-nos essa
dádiva bendita: “E o que vem a mim, de modo
nenhum o lançarei fora” ( Jo 6.37b). Mas, como
é lógico, finalmente essa promessa terá um
cumprimento absoluto e final na eternidade,
pois Jesus Cristo buscará a Sua igreja.
Misericórdia
Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia. (Mateus 5.7)
O cidadão do Reino deseja justiça, por isso
busca os padrões de Deus e procura agir cor-
retamente consigo mesmo. Ao mesmo tempo
é misericordioso, reconhecendo sua imper-
feição e o fato de que, sem a misericórdia de
Deus, seria um pecador condenado. Conse-
. 30 .
Maturidade.indd 30
quentemente, esforça-se para demonstrar
misericórdia ao próximo no convívio diário. É
interessante que, quando temos sede de jus-
tiça, quanto aos outros, podemos nos tornar
implacáveis na punição dos faltosos, mas Jesus
ensina sobre a necessidade de misericórdia.
A misericórdia contempla especialmente as
miseráveis consequências do pecado. Com
isso, está ligada à compaixão, ou seja, ao de-
sejo de aliviar o sofrimento do outro. É um
sentimento de compaixão acrescido de ati-
tude. O cristão misericordioso tem grande
preocupação com homens e mulheres em so-
frimento e profunda miséria, bem como um
grande desejo de aliviá-los.
Tomemos como exemplo Jesus Cristo e Sua
obra redentora na cruz. A humanidade foi
criada perfeita, mas, pelo pecado, foi separa-
da de Deus. Havia necessidade de um sacrifí-
cio perfeito para abrir a porta da salvação à
humanidade, que se encontrava em profun-
da miséria. Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi
misericordioso e demonstrou uma atitude de
entrega para aliviar a miséria humana. A obra
de salvação através da fé na morte de cruz e
ressurreição de Jesus foi o maior ato miseri-
cordioso da história. O cristão que reconhece
isso age com misericórdia em seu dia a dia,
pois entende que foi perdoado. E os que per-
doam alcançarão a misericórdia.
Pureza de coração
Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus. (Mateus 5.8).
Deus não vê apenas a aparência, Ele vê
também o coração. Há pessoas que por fora
parecem tão boas e religiosas, mas que, em
seu coração, não agradam a Deus. Ser limpo
de coração não é simplesmente ser limpo por
fora, com boa reputação, é ser puro no ínti-
mo, no caráter, é ser sincero com Deus. Os
limpos de coração são íntegros, livres de um
“eu” dividido que fica tentando servir a Deus
e ao mundo ao mesmo tempo.
Precisamos lembrar que a fé cristã não é
somente uma questão de doutrinas, de en-
08/07/2019 12:23:55
 tendimento e de intelecto; antes, é uma con-
dição do coração.
Há um outro sentido incluído na expressão
limpos de coração, que é a ideia de estar puri-
ficado e vivendo para a glória de Deus. Redu-
zindo essa questão a termos mais simples, ter
o coração limpo quer dizer que vivemos para
a glória de Deus em todos os aspectos da
vida. Desejamos Deus, desejamos conhecê-
-lo, amá-lo e servi-lo. Somente esses cristãos
de coração limpo e puro verão a Deus. He-
breus 12.14 diz: “Segui a paz com todos e a san-
tificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.
Pacificador
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão
chamados filhos de Deus. (Mateus 5.9).
A grande necessidade do mundo moderno
é um bom número de pacificadores. Assim,
os problemas e dificuldades entre as pes-
soas diminuiriam drasticamente, sendo que a
maioria dos problemas que enfrentamos são
de ordem relacional.
Nesta bem-aventurança encontramos mais
uma consequência de ter o caráter transfor-
mado. Os pacificadores são os que estão em
paz com Deus e, por onde passam, jamais
promovem o conflito; ao contrário, são pro-
motores da paz e da reconciliação. O desejo
dos pacificadores é que todos os homens te-
nham paz com Deus, e, além disso, fazem de
tudo para promover a paz no dia a dia. O úni-
co objetivo do pacificador é a glória de Deus
entre os homens. Essa era a preocupação de
Jesus Cristo, por isso dedicou a Sua vida para
a glória do Pai.
Uma das formas mais práticas de pacificar é
através do controle da língua. Tiago mostrou
muito bem o poder de uma palavra dita: “As-
sim, também a língua, pequeno órgão, se gaba
de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe
em brasas tão grande selva!” (Tg 3.5). O cristão
transformado se esforça para falar só o neces-
sário e no momento certo. Caso ocorra o con-
trário, não agirá como um pacificador, caindo
na possibilidade de causar grandes confusões.
. 31 .
Maturidade.indd 31
Perseguido
Bem-aventurados os perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-
aventurados sois quando, por minha causa,
vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo,
disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e
exultai, porque é grande o vosso galardão nos
céus; pois assim perseguiram aos profetas que
viveram antes de vós. (Mateus 5.10-12).
Pode parecer que quem demonstra em sua
vida os traços do caráter de Cristo será sem-
pre amado, admirado e bem-aceito, mas não é
assim que acontece. Em geral, quem vive como
verdadeiro discípulo é perseguido por causa
da justiça; não porque faz algo de errado, mas
justamente porque a integridade e a santidade
do discípulo incomodam a sociedade.
Felizes são estes que não aceitam fazer con-
cessões para agradar as pessoas, mas vivem
de modo a agradar a Deus. O mundo é contra
os princípios de Deus e será também contra
os servos dEle. Todo aquele que quiser seguir
Jesus fielmente será perseguido (2 Tm 3.12).
As bem-aventuranças não terminam com
perseguição e sofrimento. Pelo contrário, ter-
minam com a revelação da grandeza do galar-
dão nos céus, daquele que expressa Cristo na
terra. Os nossos corpos mortais serão trans-
formados e glorificados, e desconhecerão
qualquer enfermidade. Desaparecerá a tris-
teza e a dor, também todas as lágrimas serão
enxugadas. Não haverá mais guerras. Haverá,
sim, alegria, glória, santidade, pureza, mara-
vilhas e grandes recompensas por tudo que
passamos em vida.
2.2. OUTRAS TRÊS CARACTERÍSTICAS
DO “SERMÃO DO MONTE”
Como mencionado no início dessa aula, o
sermão do monte é recheado de característi-
cas de uma pessoa que foi transformada por
Cristo, manifestando o Seu caráter em suas
atitudes.
Já apresentamos oito características extraí-
das do trecho das “bem-aventuranças”, agora
08/07/2019 12:23:55
 aprenderemos sobre mais três característi-
cas fundamentais ao caráter cristão, de ou-
tros textos do sermão do monte.
Disposição para servir
Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai
com ele duas. (Mateus 5.41).
Jesus falou nesse texto que devemos ter
o coração preparado para as dificuldades e
para o serviço. Ter a obrigação de andar uma
milha nos faz pensar em tarefas difíceis. Ofer-
tar a possibilidade de caminhar mais uma mi-
lha nos ensina sobre a disposição do cristão
para servir.
Observando o comportamento de Jesus
Cristo, podemos perceber claramente que
Ele serviu a todos. Serviu aos discípulos, para
edificá-los, e também serviu aos pecadores,
para ganhá-los. A disposição para servir am-
bos os grupos de pessoas deve também fa-
zer parte da nossa missão. Somos chamados
para servir, por isso, a necessidade que nutri-
mos em nossa natureza pecadora, de sermos
servidos, precisa ser levada à cruz.
O nosso papel como discípulos de Cristo é
servir, é vestir, é amar, é trabalhar, é doar o que
temos, é repartir e contribuir sem esperar nada
em troca, entendendo que haverá recompensas
eternas por cada ação nossa na terra. Quem tra-
balha esperando retornos aqui na terra precisa
reavaliar seu coração de servo.
O cristão trabalha sem expectativas de ga-
nhos ou vantagens, pois a motivação de ser-
vir é fazer a vontade de Deus.
Coração ensinável
Todo aquele, pois, que ouve estas minhas
palavras e as pratica será comparado a um
homem prudente que edificou a sua casa sobre a
rocha. (Mateus 7.24).
Nesse texto, Jesus apresentou aos seus dis-
cípulos dois tipos de homem: aquele que ouve
e pratica as Suas palavras e aquele que ouve e
não pratica. Os dois ouvem os ensinamentos
. 32 .
Maturidade.indd 32
do Mestre, porém apenas um tem o coração
ensinável, que transforma as palavras de sa-
bedoria de Jesus em ações práticas. Ao pri-
meiro homem, Jesus chama de “prudente”,
enquanto ao segundo, aquele que não teve
o coração ensinável, é chamado de “insensa-
to”. As dificuldades foram comuns aos dois,
porém somente aquele que havia ouvido e
praticado permaneceu firme.
Para se tornar um cristão que expressa o cará-
ter de Cristo, é preciso ter um coração ensinável.
A Bíblia nos mostra que os grandes líderes de
sucesso, na tarefa de evangelização e discipu-
lado, tinham um coração ensinável. Foram pes-
soas abertas ao aprendizado com outras pes-
soas. Líderes falham quando estão dispostos a
ensinar, mas nunca se assentam para aprender.
Quem não aceita aprender com o próximo fica
estagnado e evidencia soberba.
Não podemos andar na filosofia de vida do
“eu acho que deve ser assim” ou “sempre fiz
assim” para ditar as nossas ações. É preciso
ser guiado pelo Espírito Santo e andar con-
forme a Palavra de Deus. Para ser guiado, é
preciso ter um coração ensinável. E, para isso,
deve haver renúncia do próprio eu. Para ser-
mos cristãos ensináveis, é preciso reconhe-
cermos que não sabemos de tudo e que não
temos todas as respostas. Automaticamente,
dependeremos de Deus e de outras pessoas
para o aprendizado diário.
Submissão
Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim
na terra como no céu. (Mateus 6.10).
Jesus ensinou aos Seus discípulos a orar,
e, no meio do modelo de oração, conhecido
como “Pai Nosso”, Ele apresentou o princípio
da submissão a Deus. Como Mestre, Ele esta-
va ensinando aos Seus discípulos o princípio
de submissão a Deus, nossa maior autorida-
de. A expressão “faça-se a tua vontade” traz
a ideia de servos confiando em Deus e sujei-
tando-se a Ele.
A forma como lidamos com a autoridade
define a maioria dos nossos comportamen-
08/07/2019 12:23:55
 tos. Se temos problemas com as pessoas que
exercem autoridade sobre nós, nos compor-
tamos com atitudes de rebeldia, porém, se
reconhecemos o valor espiritual do respeito
a eles, colhemos muitos frutos espirituais.
Deus estabeleceu o princípio das autoridades
para definir um limite de ação de cada um.
Isso, quando exercido de forma bíblica, é uma
grande bênção para todos.
As autoridades nos protegem, nos ensinam
e nos fazem crescer em sabedoria e experiên-
cia, mas, ao mesmo tempo, restringem algu-
mas das nossas ações para que vivamos de
maneira saudável e em comunidade.
Imagine uma sociedade sem nenhuma lei e
sem nenhuma autoridade para organizá-la.
Imagine uma igreja sem pastor ou líder. Ao ima-
ginarmos esses dois cenários, só consegui-
mos enxergar caos, desorganização e brigas.
Deus estabeleceu a autoridade na terra para
que vivêssemos em harmonia, porém, muitos,
que ainda não passaram pela cruz, entendem
a autoridade como uma forma de bloqueio, e
não gostam disso. Um discípulo é testado por
Deus por meio de sua convivência com as au-
toridades, quando o ego tenta falar mais alto,
ao ouvir um “não” como resposta.
Cristo foi um grande exemplo de obediên-
cia ao Pai. Ao se submeter ao plano de salva-
ção para a humanidade, Ele deixou um gran-
de exemplo de submissão para todos nós.
Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido,
com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas
a quem o podia livrar da morte e tendo sido
ouvido por causa da sua piedade, embora sendo
Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o
Autor da salvação eterna para todos os que lhe
obedecem, tendo sido nomeado por Deus sumo
sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
(Hebreus 5.7-10).
Esse texto de Hebreus nos mostra que a
obediência é um princípio de muito valor para
Deus. Jesus obedeceu, e, como imitadores
dEle, devemos obedecer também.
. 33 .
Maturidade.indd 33
Alguém que não se sujeita à autoridade e
tem dificuldade com a obediência não conse-
guirá trabalhar em equipe. Seguir ordens pas-
sa a ser um peso para esse tipo de cristão.
Normalmente essas pessoas trocam de igre-
ja com a mesma frequência com que trocam
de roupas, mas isso não é certo nem bíblico.
Somente com o caráter de Cristo evidenciado
em nós conseguiremos agir como servos sub-
missos e obedientes.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) O que significa dizer que “o caráter cris-
tão é expressado de dentro para fora”?
2) Quais são as três ferramentas que Deus
usa para transformar o coração do ho-
mem?
3) Qual é a diferença entre as “circunstân-
cias” e o “deserto” como ferramentas
de Deus para transformar o coração do
homem?
4) O que significa a característica “fome e
sede de justiça” no caráter de um cris-
tão?
5) Resuma com suas palavras o significado
de um “coração ensinável”.
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
08/07/2019 12:23:55

LIÇÃO 5
A FÓRMUL A DO CRESCIMENTO
ESPIRITUAL
Não é preciso muita argumentação para cons-
tatarmos que existem muito mais coisas além do
que os olhos podem ver. Existe um mundo es-
piritual! Isso é evidente na própria humanidade,
pois todas as culturas da terra se relacionam de
alguma forma com o mundo espiritual.
Dentro desse tema, poderíamos falar so-
bre anjos, demônios e forças espirituais que
atuam nas dimensões “não físicas”, mas nos
limitaremos ao homem e ao seu desenvolvi-
mento espiritual.
A seguir estudaremos a natureza do ho-
mem, para então entendermos que sua natu-
. 34 .
Maturidade.indd 34
reza vai muito além do físico, e como é possí-
vel ele desenvolver sua vida espiritual.
1. O HOMEM ESPÍRITO, ALMA E
CORPO
Há uma frase de C. S. Lewis que explica mui-
to bem a natureza do homem e a relação das
três partes dele: Você não tem alma. Você é uma
alma. Você tem um corpo. É claro que Lewis,
quando falou em alma, estava se referindo ao
corpo espiritual, formado por alma e espírito.
Essas três divisões são questionadas por
alguns estudiosos, pois eles dizem que são
apenas duas divisões: corpo físico e corpo es-
piritual. Nós preferimos seguir a divisão que a
Bíblia nos apresenta:
Que o próprio Deus da paz os santifique
inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o
corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis
na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (1
Tessalonicenses 5.23).
Sobre a espiritualidade, ela é tão básica ao
homem como a necessidade de ele se alimen-
tar todos os dias para sobreviver. Em outras
palavras, “alimentar-se” espiritualmente é tão
essencial quanto a alimentação física. Sem o
alimento não há continuidade de vida.
Em Mateus 4.4, Jesus citou o texto de Deute-
ronômio 8.3 (durante a tentação do deserto),
dizendo: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda palavra que procede da
boca de Deus’”. O que fica claro é que o ho-
mem tem tanto necessidades físicas, que são
supridas pelo pão, como necessidades espiri-
tuais, que são supridas pela Palavra de Deus.
Em Gênesis 2.7 está escrito: “Então, formou
o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe
soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
passou a ser alma vivente. Esse texto fala que o
homem é formado basicamente de duas subs-
tâncias: A matéria física, que veio da terra, e a
matéria espiritual, que veio do sopro de Deus”.
Na segunda parte do versículo de 1 Corín-
tios 15.44, Paulo escreveu o seguinte: “Se há
corpo natural, há também corpo espiritual”. Ele
08/07/2019 12:23:58
 escreveu isso durante sua argumentação a
respeito da ressurreição espiritual, que acon-
tece na vida dos cristãos após receberem a
Cristo, crendo em Sua obra realizada na Cruz,
assim como também acontecerá na ressurrei-
ção futura e eterna, no dia do Senhor.
O que queremos deixar claro com essas
citações todas é que não há dúvidas de que
o homem é também espiritual, sendo assim,
precisamos nos preocupar com essa área, as-
sim como com a saúde do corpo físico.
1.1. CORPO
O corpo é a parte física do homem, que se
relaciona com o mundo físico. Apesar do cor-
po se comunicar com a parte espiritual do ser,
ele compõe-se somente daquilo que é físico e
material. Pele, músculos, nervos e ossos!
Entendemos, a respeito do corpo, que ele
tem cinco sentidos: visão, audição, tato, pa-
ladar e olfato. Todos dotados de atributos
físicos que garantem a comunicação com o
mundo material: os olhos para a visão, o siste-
ma auditivo para a audição, a pele e o sistema
nervoso para o tato, a língua para o paladar e
o sistema olfativo para o olfato.
Nossos corpos também participam do culto
a Deus. Essa adoração deve ser completa, de
corpo, alma e espírito (Mt 22.37). Na adoração
do corpo, nosso cérebro dispara impulsos
elétricos para todo o corpo a fim de manifes-
tar pensamentos, palavras e gestos que ado-
rem a Deus.
Quando oramos em voz alta ou cantamos
louvores a Deus, lábios e cordas vocais estão
envolvidos na adoração. Podemos usar tam-
bém as palmas (Salmo 47.1) e o levantar das
mãos, como forma de rendição (Salmos 28.2).
Além disso, tocar instrumentos musicais, na
adoração, é um ato que envolve o corpo físi-
co (Sl 150.3-5). Nós adoramos ao Senhor com
todo nosso ser.
1.2. ALMA
A alma é a “vontade do homem, o instinto
natural, a fonte de onde se originam as emo-
. 35 .
Maturidade.indd 35
ções e os sentimentos”. É o lugar da consciên-
cia de si mesmo, o que podemos chamar de
“personalidade”, ou então o nosso “eu”.
O pecado corrompeu o homem, principal-
mente na alma; já o espírito estava “morto”
pelo pecado, tendo sido ressuscitado na nova
vida em Cristo.
Aquilo que a Bíblia chama de “carne” é a
alma. Óbvio que a carne atende também os
desejos do corpo, mas tudo se origina nos de-
sejos, que são próprios da alma. Agora, que
estamos em Cristo, o espírito luta todos os
dias contra a carne, influenciando-nos a satis-
fazer os desejos do Espírito de Deus, enquan-
to a carne (a alma) está inclinada aos desejos
pecaminosos.
Em 1 Coríntios 3.1, Paulo fez uma declara-
ção interessante, que diz respeito à diferença
da alma e do espírito: “Eu, porém, irmãos, não
vos pude falar como a espirituais, e sim como a
carnais, como a crianças em Cristo”. O apóstolo
estava dizendo que não pode falar ao espíri-
to dos irmãos, por eles viverem no âmbito da
alma. Ao invés de um discurso espiritual, pre-
cisou usar de argumentos naturais, pois, caso
contrário, poderia ser mal compreendido. Po-
deríamos dizer que o cristão almático (alma)
vive no âmbito natural, enquanto o cristão
espiritual vive no âmbito do Espírito de Deus.
1.3. ESPÍRITO
O espírito é a parte do corpo espiritual que
nos conecta com Deus, nosso Criador. É o fô-
lego de vida que Deus soprou nas narinas do
homem (Gn 2.7).
O sopro de Deus compartilhou ao homem da
própria essência do Criador. Recebemos parte
daquilo que forma o próprio Deus. É a “centelha”
dEle em nós. É a parte do homem que anseia se
relacionar com Deus, todos os dias.
Precisamos entender que esse espírito não
é o Espírito Santo. É o homem espiritual que
existe dentro de nós, o espírito humano. É
a essência espiritual de todas as pessoas, a
parte mais íntima, secreta e poderosa que
existe em nós. É do espírito que procedem as
principais necessidades do homem.
08/07/2019 12:23:58
 As funções do espírito humano são “conhe-
cer, pensar, perceber, decidir etc.”. É a parte
que nos diferencia dos animais, nos fazendo
semelhantes a Deus. Quando as Escrituras
dizem que somos a imagem e a semelhança de
Deus (Gn 1.26), é principalmente no espírito.
1.4. O PERIGO DE VIVER PELA ALMA
O conceito de viver uma vida no âmbito da
alma, em nosso tempo, diz respeito a uma
vida com base nas emoções e nos impulsos
naturais. É viver no natural e no humano, ao
invés de mover-se espiritualmente, conforme
a direção do Espírito Santo de Deus.
Todo ser humano tem dentro de si uma ten-
são natural: Emoção x Razão. A alma é prin-
cipalmente emoção, já o espírito é principal-
mente razão. Não quer dizer que a alma não
pense e faça somente coisas irracionais, mas
ela é influenciada por sentimentos e emoções
que nem sempre dizem respeito à direção de
Deus, mas muito mais aos desejos humanos
e pecaminosos. Ser espiritual é, muitas vezes,
não dar vazão aos desejos pessoais, e racio-
nalmente decidir por obedecer a Palavra de
Deus.
Como citado acima, quando Paulo chamou
os cristãos de Corinto de “crianças em Cris-
to” (1 Co 3.1), ele estava querendo dizer que
aqueles irmãos estavam vivendo apenas pela
alma, dando vazão apenas aos desejos hu-
manos e pecaminosos. Apesar desses irmãos
terem sido regenerados em Cristo, eles ainda
eram dominados pela carne (pelos impulsos
do corpo e da alma). Tanto que as manifesta-
ções deles eram parecidas com as descritas
na carta aos Gálatas: “As obras da carne são
manifestas, as quais são: Imoralidade […], fei-
tiçaria […], ciúme […], ambição […], inveja […] e
coisas desse tipo” (Gl 5.19-21).
Precisamos tomar cuidado, porque muitas
manifestações que percebemos em meio às
igrejas são mais almáticas do que espirituais.
Não quer dizer que o Espírito Santo não pos-
sa se manifestar em nossas emoções, mas
precisamos lembrar que o culto a Deus, em to-
. 36 .
Maturidade.indd 36
dos os seus âmbitos, é mais racional do que
emocional:
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias
de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional. (Romanos 12.1).
2. O DESENVOLVIMENTO DO
HOMEM ESPIRITUAL
É um mistério para nós a maneira como
Adão e Eva viviam no jardim do Éden, antes
de terem pecado. O que fica claro nas Escritu-
ras é que eles tinham uma relação consciente
com as coisas espirituais. Por exemplo: todos
os dias eles conversavam com Deus, na vira-
ção do dia (Gn 3.8). Não existia diferença, para
eles, entre aquilo que era físico e espiritual.
O grande problema é que tudo mudou após
a queda, levando-os a perder essa conexão e
o acesso ao mundo espiritual. Eles morreram
espiritualmente.
Existe, no ser humano, a capacidade de
acessar as coisas espirituais, mas tal capaci-
dade nos foi ocultada por Deus, pois, pelo pe-
cado, nossas intenções são mais malignas do
que benignas. Essa ocultação é para nosso
próprio bem, pois destruiríamos a nós mes-
mos e aos outros.
Para que o cristão tenha acesso ao mun-
do espiritual, ele dependerá do Senhor e de
Seus propósitos para isso. Na maior parte do
tempo, estaremos vivendo pela fé nas coisas
invisíveis: a convicção de fatos que não se veem
(Hb 11.1b). Aquilo que deveria ser natural ao
homem (ter acesso ao espiritual) passou a ser
algo esporádico e para propósitos específicos.
Precisamos tomar cuidado com essa questão,
pois quem procurar acessar o mundo espiritual
“sem Deus” estará sendo influenciado pelas for-
ças espirituais da maldade, aquelas mesmas que
se rebelaram contra o Criador e foram destituí-
das de seu estado original (Ap 12.3,4).
A seguir, citaremos algumas maneiras pelas
quais o homem pode desenvolver sua vida
espiritual, a ponto de alcançar a maturidade.
08/07/2019 12:23:58
 2.1. ATRAVÉS DE UM RELACIONAMENTO
PESSOAL COM DEUS
Em João 4.24 está escrito que a natureza de
Deus é espiritual, por isso Ele é Espírito!
Como já mencionado anteriormente, nós
fomos criados à imagem e semelhança do Se-
nhor (Gn 1.26), temos uma ligação com o físico
porque fomos feitos do pó, mas também es-
tamos ligados no Senhor porque recebemos
o sopro dEle em nós (Gn 2.7).
É importante entender que Deus é Espírito,
porque não chegaremos a Ele pelos sentidos
naturais: visão, audição, tato, paladar e olfato.
O que não quer dizer que Ele não possa se
manifestar fisicamente, mas são por meios
espirituais que nos relacionamos com o Se-
nhor.
Por que você acha que fomos criados à ima-
gem e semelhança do Senhor? Algumas pes-
soas poderiam dizer: para a adoração! Mas a
resposta é: para o relacionamento, conforme
aprendemos na lição 1!
A ciência, que acredita na Teoria da Evolu-
ção, diz que o homem é um animal racional.
Eles nos interpretam assim, apenas como ani-
mais evoluídos, porém não somos semelhan-
tes a eles; somos semelhantes a Deus! Nossa
espécie é divina! Somos eternos e espirituais,
como o Deus Criador é. Por isso, precisamos
resgatar essa capacidade e esse privilégio
que nos foi tirado pelo pecado, de conversar
e andar diariamente com Deus.
2.2. ATRAVÉS DE UM NOVO NASCIMENTO
ESPIRITUAL
Certa vez, um homem importante chamado
Nicodemos foi falar com Jesus, questionan-
do-O a respeito de coisas espirituais. Jesus,
sabendo onde a conversa chegaria, poupa o
tempo daquele homem e interrompe-o com a
seguinte exclamação: “Em verdade, em verdade
te digo que, se alguém não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus” ( Jo 3.3).
Aquele homem, não entendendo as pala-
vras de Jesus, questiona-O:
. 37 .
Maturidade.indd 37
Como seria possível um homem nascer de novo?
Acaso, teria como ele voltar ao ventre da mãe e
passar novamente pelo processo do parto? Jesus
novamente falou algo intrigante: Em verdade,
em verdade te digo: quem não nascer da água
e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
( João 3.5).
O que é o nascer da água e o nascer do Espí-
rito, citados nesse texto?
No princípio, Deus havia dito a Adão que,
caso ele desobedecesse e pecasse, certa-
mente morreria (Gn 2.17). Ao lermos o con-
texto desse texto de Gênesis, perceberemos
que Adão não morreu imediatamente no cor-
po, mas morreu imediatamente no espírito, fi-
cando afastado de Deus e consequentemen-
te contraindo a morte física, que viria alguns
anos à frente.
O homem havia sido criado para não mor-
rer, mas o pecado trouxe a morte. A Bíblia é
clara ao dizer que todos os descendentes de
Adão, incluindo todos nós, hoje, adquirimos
essa morte física e espiritual pelo pecado (Rm
5.12).
O nascer da água tem a ver com a decisão
que os pecadores arrependidos tomam, dian-
te da pregação do Evangelho da Salvação. De-
cisão essa que os leva a crer na obra salvadora
de Jesus, recebendo-O em suas vidas e deci-
dindo por servi-lO para sempre (Mt 28.19; Mc
16.15,16). Essa decisão é racional e consciente,
trazendo remissão à alma aflita e aprisionada
pelo pecado. É uma declaração de morte ao
velho homem, para decidir por uma nova vida
em Cristo. Essa decisão humana pelas águas
faz com que Deus decida por batizar o homem
com o fogo, pelo Espírito Santo.
O espírito do homem, que estava morto no
pecado, passa a ter contato com Deus após
as águas, através de Jesus, e o Espírito Santo
reaviva o espírito humano também através
de um batismo. Não por água, mas por fogo
(Mt 3.11). Esse batismo, com o Espírito Santo,
transforma completamente o homem, dando
a ele dons espirituais e revestindo-o do po-
der, que fará dele uma testemunha das coisas
do Reino dos Céus.
08/07/2019 12:23:58
 2.3. ATRAVÉS DE UM PROCESSO
PROGRESSIVO DE CRESCIMENTO
Ser cristão é ter o desafio de viver no
mesmo mundo de todas as pessoas, ver as
mesmas coisas que elas veem (fisicamente
falando), mas conseguir guiar-se por leis es-
pirituais, estabelecidas por Deus por meio da
Bíblia. É viver na terra como um cidadão do
Reino dos Céus.
Assim como uma criança nasce e aos pou-
cos descobre o mundo à sua volta, o cristão
também desenvolve progressivamente o co-
nhecimento espiritual. O cristão, ao nascer de
novo, após a decisão por Cristo, torna-se um
“bebê espiritual”.
Em 1 Pedro 2.2, o apóstolo escreveu: “De-
sejai ardentemente, como crianças recém-nasci-
das, o genuíno leite espiritual, para que, por ele,
vos seja dado o crescimento para a salvação”.
Perceba como a ilustração usada por Pedro
é uma referência ao processo de crescimento
de uma pessoa natural. Ele fala de um bebê
espiritual, que deve desejar ardentemente o
leite espiritual, para que então possa crescer
espiritualmente. Nesse texto, vale destacar
que a palavra espiritual (leite espiritual), no
original grego é a palavra logikos, que no por-
tuguês poderia ter sido traduzido como “leite
lógico” ou “leite racional”.
A ideia da palavra logikos é a construção de
um conhecimento progressivo relacionado à
razão e à consciência. É como um discurso
que tem introdução, desenvolvimento e con-
clusão. Beber desse leite é como ir descobrin-
do verdades lógicas, racionais e conscientes.
Por exemplo: a ciência afirma que um bebê
só descobre que ele é um corpo à parte da
mãe depois de alguns meses de vida. Ele des-
cobre que tem mãos, umbigo e que consegue
reproduzir sons que façam sentido (a comuni-
cação). Os bebês espirituais também vão des-
cobrindo aos poucos a realidade do espírito
de forma progressiva (logikos).
Não existe um dom que produza, de um
dia para o outro, maturidade espiritual. É um
processo de construção de um conhecimento
lógico e racional. É passar a ter consciência da
. 38 .
Maturidade.indd 38
realidade espiritual, aquela que os olhos hu-
manos não veem; é um descobrimento diário
que nos levará a viver espiritualmente.
Paulo, fazendo um paralelo entre o homem
natural e o homem espiritual, citou o seguin-
te: “Ora, o homem natural não aceita as coisas
do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e
não pode entende-las, porque elas se discernem
espiritualmente” (1 Co 2.14).
A palavra discernimento é reveladora quan-
to à realidade do crescimento espiritual, pois
discernir é “ter a capacidade de julgar corre-
tamente os fatos”. Por exemplo: as pessoas
naturais não conseguem entender como os cris-
tãos mantêm a calma diante de grandes pro-
blemas. O discernimento espiritual, conclui,
mostra que Deus tem algum propósito com
tal situação, mesmo sem saber qual; esse
discernimento produz confiança e descanso
no Senhor, sabendo que a luta é passageira e
ainda será um instrumento para abençoar o
homem e fazê-lo crescer.
Que você descubra a realidade espiritual
ao seu redor! Que você cresça e amadureça!
Como um bebê que precisa do leite, que você
“mame” todos os dias! Saiba que logo seus
dentes nascerão e então poderá começar a
se alimentar de coisas mais sólidas!
3. A FÓRMULA DO CRESCIMENTO
ESPIRITUAL
A maturidade espiritual pode demorar para
algumas pessoas, até porque um bebê não
virará adulto da noite para o dia. O interes-
sante é que existe uma fórmula para acelerar
o crescimento espiritual.
No crescimento natural, o processo é cons-
tante e igual para todos, apenas diferencian-
do um crescimento saudável ou não. Já no
crescimento espiritual, é possível acelerar o
processo por meio da seguinte fórmula:
Experiência + Conhecimento + Prática =
Crescimento
A seguir, desenvolveremos esse conceito da
fórmula para o crescimento espiritual. Para isso
08/07/2019 12:23:58
 continuaremos usando o paralelo entre o cres-
cimento natural e o crescimento espiritual.
3.1. O SEGREDO PARA O CRESCIMENTO
ESTÁ NO PAI
Com o desenvolvimento da Psicologia, des-
cobriu-se a grande importância que o pai tem
na formação do caráter do filho. Não é dife-
rente no crescimento espiritual, o Pai celes-
tial é imprescindível para todos que desejam
crescer em suas vidas espirituais. Não por
acaso, o Criador apresentou-se na figura de
Pai.
Usaremos como base de entendimento a
promessa de Deus na vida de Abraão e en-
tenderemos qual é o objetivo do Pai para a
humanidade:
Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra,
da tua parentela e da casa de teu pai e vai para
a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande
nação, e te abençoarei, e te engrandecerei
o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os
que te abençoarem e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra. (Gênesis 12.1-3).
Temos a tendência de ler esse texto e pen-
sar que a promessa de Deus estava ligada à
quantidade de descendentes que Abraão te-
ria, até porque existia a promessa de um fi-
lho, com Sara, que ainda não havia nascido.
O que precisamos entender é que a “unção
de multiplicação de pessoas” já existia desde
a criação do mundo. Deus ordenou a Adão
que se multiplicasse e enchesse a terra, repetin-
do a ordem a Noé (Gn 1.28; 9.7).
A promessa de Deus, para Abraão, não estava
meramente ligada à quantidade de pessoas
que viriam dele, mas era de abençoar toda essa
multidão de descendentes, fazendo com que se
multiplicassem o número de pessoas parecidas
com ele, Abraão. A ideia do Pai era de multiplicar
o número de justos e fiéis, como Abraão. Por
isso não é de se admirar que Abraão passou a
ser chamado de “Pai” de todos os que creem nas
promessas de Deus. (Lucas 16.24).
. 39 .
Maturidade.indd 39
Lembremos também que somos filhos de
Deus por adoção (Ef 1.5), porque o Pai ce-
lestial decidiu nos adotar através da obra de
Cristo e desejou nos transformar: de peca-
dores corrompidos, transformou-nos em ho-
mens semelhantes a Jesus, seu único Filho, o
qual veio ao mundo, mas não pecou, deixan-
do um exemplo para a humanidade e sendo
nosso padrão de conduta.
Jesus foi a exata imagem do Pai ( Jo 14.9), e
todos aqueles que são transformados pas-
sam a se parecer com Jesus, cumprindo, as-
sim, a promessa de Deus a Abraão:
A multiplicação do número de justos sobre a
terra, à semelhança de Abraão e Jesus.
Nosso segredo para crescer é estar o maior
tempo possível na presença do Pai. Ele nos
influenciará e nos transformará à Sua própria
imagem.
Imagine um adolescente que conheceu seu
pai biológico somente aos 14 anos. Por mais
que eles sejam parecidos fisicamente, não
tiveram a experiência da convivência. O me-
nino precisará passar tempo com o pai, para
então ser influenciado por ele e adquirir suas
características, além das físicas. Igualmente
se aplica a paternidade de Deus em nós.
Tendo entendido que o segredo para o
crescimento está no Pai, analisemos agora a
fórmula do crescimento espiritual:
3.2. A ORAÇÃO NOS LEVA A TER
EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL COM O PAI
A sociedade judaica do tempo de Jesus era
extremamente religiosa e legalista. Os douto-
res da Lei criaram uma teologia que distan-
ciava as pessoas de Yahweh (o Deus do Antigo
Testamento), transmitindo a ideia de um Deus
que permanecia nos céus, com Sua Glória e
Santidade, e os homens estavam perecendo
aqui na terra, em suas misérias e pecados.
Um Deus totalmente distante e inacessível
aos homens!
Jesus, logo no início de Seu ministério, pre-
gou um sermão no monte das oliveiras con-
08/07/2019 12:23:58
 frontando a maneira como os judeus obser-
vavam as Escrituras em relação a Deus. Um
trecho em especial ficou conhecido como a
oração do Pai nosso (Mt 6.9-13), e justamente
as primeiras palavras da oração são surpreen-
dentes. Jesus disse: “Portanto, vós orareis assim:
Pai nosso (Mt 6.9)”. Agora imagine os legalistas,
doutores da Lei, ouvindo Jesus incentivar as
pessoas comuns e pecadoras a se dirigirem ao
Criador como “Pai”. Era uma afronta à forma
como eles interpretavam as Escrituras.
Deus nunca foi alguém distante e inaces-
sível, sempre esteve próximo dos fiéis, dos
justos e daqueles que ousavam crer em Suas
palavras. Também é perceptível em todo o
relato bíblico que Ele moveu-se em favor dos
rejeitados, dos perdidos e dos menos afortu-
nados. Exemplos como o da prostituta Raabe,
da moabita Rute e da pregação de Jonas aos
ninivitas deveriam ter sido suficientes para
que os judeus conhecessem a verdadeira face
de Yahweh. Um Deus que ama, que salva o ho-
mem e que deseja se relacionar com ele.
Quando estivermos orando a sós, não pre-
cisamos engrossar a nossa voz e escolher as
palavras mais bonitas, como a seguir: “Oh,
grandioso Deus e maravilhoso Pai, chego em Tua
magnífica presença, por teu imensurável amor!”.
Não, não! Isso não é necessário! Bastará di-
zer: Pai, aqui estou. Sei que o Senhor conhece a
minha vida, mas desejo conversar contigo. Não
só para falar, como também para ouvir a Tua
voz e sentir a Tua presença. Ele não só ouvirá,
como se apresentará a você! Deus é Pai e res-
ponde a oração de Seus filhos!
O maior benefício da oração não é o fato
de ter alguém para ouvir nossas lamúrias,
até porque os que fazem isso são aqueles
que “falam, falam, falam e falam muito”, fa-
zem de Deus apenas um alvo para despejar
preocupações e desejos. A grande questão é
que aquele que nos ouve nos responde, fala
conosco, se apresenta a nós, nos mostra coi-
sas espirituais e manifesta o Seu poder em
nossas vidas.
Oração é um diálogo! Eu falo com Deus e Ele fala
comigo!
. 40 .
Maturidade.indd 40
Nenhuma prática bíblica é tão eficiente
para dar experiências com Deus como a ora-
ção. Ela leva o homem a “experimentar” Deus.
Para quem ora, Deus não é uma filosofia,
mas uma realidade “palpável”. Eles não só sa-
berão citar textos da Bíblia, mas saberão “o
gosto, o cheiro, a textura, a forma e reconhe-
cerão a voz” do Pai. Terão experiências com
Deus, em todos os sentidos.
3.3. A ADORAÇÃO NOS LEVA AO
CONHECIMENTO ESPIRITUAL DO PAI
Adorar a Deus é prestar-Lhe culto em todos
os momentos do dia e independentemente das
circunstâncias. É reverenciar a presença dEle em
todos os lugares. É dedicar honra e respeito ao
que Ele é e representa em nossas vidas. É des-
cobrir a maneira como Ele deseja revelar-se ao
homem e aprofundar-se nesse conhecimento.
Já citamos anteriormente o texto onde está
escrito que Deus é Espírito ( Jo 4.24), mas no
versículo anterior ( Jo 4.23) está escrito que
“aqueles que desejam adorar ao Senhor de-
vem fazer isso em espírito e em verdade”. “Em
espírito” está falando “de coração”, semelhan-
te ao texto de Lucas 10.27: “Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento”; e “Amarás o teu próximo como a
ti mesmo”. É amar ao Senhor com sinceridade
e como a expressão mais íntima do “ser”, não
só com expressões externas e palavras, mas,
principalmente, “de coração”.
Em verdade remete à Palavra de Deus. É
pela Bíblia que o Senhor decidiu revelar-se ao
homem. As experiências nos ensinam mui-
tas coisas sobre Deus, mas a Bíblia é a maior
fonte de conhecimento espiritual. Nenhuma
manifestação que fira algum princípio bíbli-
co deve ser considerada boa para o cristão.
Nunca conheceremos um cristão maduro e
saudável que não tenha prazer na Bíblia, fa-
zendo dela ferramenta essencial para a vida.
A adoração nos aproxima de Deus e faz com que
conheçamos a Ele. O conhecimento de Deus nos
faz crescer, pois Ele expressa Sua vida em nós.
08/07/2019 12:23:58
 3.4. O SERVIÇO É A FORMA DE
COLOCARMOS EM PRÁTICA O QUE
APRENDEMOS COM O PAI
Aprendemos até aqui sobre a fórmula do
crescimento, que, pela oração, teremos expe-
riências com Deus e por meio da adoração O
conheceremos. Entendamos que as experiên-
cias espirituais e o conhecimento de Deus
nos mostrarão caminhos, regras e verdades,
mas de nada valerá sabermos de tudo isso
se não colocarmos em prática o que apren-
demos. De nada valerá todas as experiências
espirituais e todo o conhecimento se não pra-
ticarmos tudo o que sabemos. Precisamos
ser reconhecidos por aquilo que fazemos,
muito mais do que por aquilo que entende-
mos e falamos.
Para um cristão, servir a Deus é fazer tudo o
que Jesus fez: Pregar a Palavra, curar os enfer-
mos, expulsar os demônios, discipular pessoas
etc. (Mc 16.15-18). É fazer aos outros aquilo
que fizeram a nós para que chegássemos à
Salvação.
Orar durante horas é importante, estar na
igreja adorando e louvando ao Senhor tam-
bém é importante, mas nosso serviço é tão
fundamental quanto.
Quem serve a Deus está abandonando o
egoísmo de apenas desejar receber, para se
dedicar ao “dar”, “oferecer” e “abençoar” pes-
soas.
Somente através do serviço descobriremos a
verdadeira essência do Evangelho, que não é
apenas sobre “mim”, mas sobre todos aqueles
que o Senhor deseja salvar.
Você precisa descobrir uma forma de prati-
car aquilo que for aprendendo na caminhada
da fé. Envolva-se no trabalho, disponha-se a
estar junto dos irmãos. Decida fazer de sua
casa um Pequeno Grupo, decida liderar um
Pequeno Grupo, decida limpar, cuidar, ensi-
nar, hospedar, aconselhar, administrar, inter-
ceder, convidar, abraçar, ofertar, levar, trazer,
cozinhar e tudo o mais que beneficiará outras
pessoas.
. 41 .
Maturidade.indd 41
O texto de Marcos 10.45 diz: “Pois o próprio
Filho do Homem ( Jesus) não veio para ser servi-
do, mas para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos”. Não pode ser diferente conosco.
Se Jesus fez do servir a Sua missão, nós tam-
bém deveremos fazer o mesmo.
Quem não vive para servir não serve para viver!
Pelo menos, não viverá os propósitos de Deus.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Quais são as divisões da natureza do
homem? Como manter saudáveis a par-
te física e a parte espiritual dele?
2) Explique a frase: “Fomos criados à ima-
gem e semelhança de Deus”. O que isso
significa?
3) O que significa nascer da água e nascer
do Espírito?
4) O que significa um “crescimento pro-
gressivo”? Como o crescimento físico e
natural do homem tem relação com o
crescimento espiritual?
5) Explique com suas palavras o significa-
do da fórmula do crescimento espiritual.
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
08/07/2019 12:23:58
 1. A NATUREZA TRIÚNA DE DEUS
Já aprendemos na última lição que a natu-
reza humana é composta por corpo, alma e
espírito, mas é interessante que essa é como
uma “impressão digital” do Criador, pois Ele
também é triuno. Na verdade, essa questão
está presente em toda a criação.
Veja o primeiro texto da Bíblia:

No princípio, criou Deus os céus e a terra.

(Gênesis 1.1).

A ciência diz que tudo que existe no Univer-

so se resume a três aspectos: tempo, espaço
e matéria. Nada do que existe foge de algum
desses três aspectos. Veja novamente o tex-
to de Gênesis 1.1 com uma devida divisão: No
princípio (tempo), criou Deus os céus (espaço) e
a terra (matéria).

Deus é três em um, o homem foi criado três em

um, e toda a criação também revela o mistério
do três em um.

Veja que interessante:

LIÇÃO 6 • Como se define o TEMPO? Passado, pre-

sente e futuro – Três em um!

• Como se define o ESPAÇO? Altura, lar-

O CRESCIMENTO PELO ESPÍRITO gura e profundidade –­ Três em um!

• Como se define a MATÉRIA? Sólido, lí-

quido e gasoso – Três em um!
Na lição anterior, aprendemos a fórmula do
Passado é tempo? Sim! Presente é tempo?
crescimento espiritual, mas precisamos lem-
Sim! Futuro é tempo? Sim! Os três juntos são
brar que também foi dito que o “segredo para
tempo? Sim. A mesma lógica se aplica a Deus!
o crescimento está no Pai”, isto é, não existe a
Observe os textos a seguir, como eles apre-
chance de crescermos espiritualmente se não
sentam essa realidade de um Deus triuno:
for pela ação de Deus em nós. Óbvio que isso
não anula as nossas práticas de piedade, mas Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
é Deus quem produz em nós o crescimento. batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Nessa lição estudaremos a natureza de Espírito Santo. (Mateus 28.19)
Deus e a maneira como Ele se relaciona com Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
os homens, proporcionando-lhes crescimen- santificação do Espírito, para a obediência e a
to espiritual, a fim de realizarem Sua obra na aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz
terra. vos sejam multiplicadas. (1 Pedro 1.2).

. 42 .

Maturidade.indd 42 08/07/2019 12:24:01

 Fica claro nos textos acima, pelas palavras
do próprio Jesus (Mt 28.19), pelo apóstolo
Paulo (2 Co 13.13) e pelo apóstolo Pedro (1
Pe 1.2), que existe uma realidade espiritual e
divina, de um Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Uma “unidade composta de três pessoas dis-
tintas”, que não forma um politeísmo.
Outro texto esclarecedor, sobre essa reali-
dade do Deus triuno da Bíblia, é o seguinte:
Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se
lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus
descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis
uma voz dos céus, que dizia (Deus): Este é o meu
Filho amado, em quem me comprazo. (Mateus
3.16,17).
Nesse texto do batismo de Jesus, fica evi-
dente a realidade das três pessoas divinas
que compõem Deus. Jesus sendo batizado
nas águas do Jordão, o Espírito Santo descen-
do sobre Ele em forma de pomba e Deus Pai
falando dos céus a respeito do Filho.
O que precisamos entender, em relação à
Trindade, é que não existe diferença em qual-
quer uma das três pessoas quanto à essên-
cia. Poderíamos dizer que Eles são formados
da “mesma substância”. Existem desde a eter-
nidade, sem uma hierarquia celestial, onde o
Pai formou o Filho e o Espírito. Essa denomi-
nação Pai, Filho e Espírito é unicamente em
relação à função e propósito de cada um de-
les. Jesus não foi Criado por Deus, só recebeu
a denominação de Filho porque, tendo se
tornado homem, precisou dizer que não era
filho de José, mas seu Pai era o Criador.
O objetivo desse trecho não é abordar toda
a questão que envolve a doutrina da Trinda-
de, mas queremos apresentar uma base con-
sistente para crermos nessa verdade.
1.1. O CRIADOR, O PAI
Para entendermos a maneira como o Deus
Pai e Criador se relaciona com o homem, pre-
cisamos olhar para os escritos de Gênesis, en-
tendendo que Moisés foi o autor desse livro
(ou coautor, pelo Espírito). Ele escreveu o livro
. 43 .
Maturidade.indd 43
no período em que o povo estava no deserto,
depois do livramento de Deus da escravidão
do Egito.
Voltemos um pouco antes na história da-
quele povo e lembremos que eles eram des-
cendentes diretos de Abraão, Isaque e Jacó.
Cresceram ouvindo sobre o Deus de seus
pais (Êx 3.6). Deus que não conheceram, além
das histórias de seu antepassado Abraão e
seus filhos. Um Deus que, de certa forma, até
estava desacreditado por eles, pois estavam
cativos há muito tempo, sem ter suas orações
e súplicas respondidas.
Moisés, após a saída do Egito liderando
uma multidão pelo deserto, acompanhado
de sinais miraculosos vindos dos céus, apre-
sentou, nos primeiros capítulos de Gênesis,
quem era “esse Deus” que os havia livrado
da escravidão, o mesmo Deus de seus pais.
Ele apresentou um Deus que não apenas es-
colhia pessoas e as abençoava (como fez a
Abraão), mas também era o Criador de todas
as coisas. O Deus Criador de tudo, inclusive
do homem!
Entenda que esses hebreus haviam nasci-
do no Egito, em meio a uma cultura politeísta
que atribuía a outros deuses a origem “das
coisas”. Entenda também que esse mesmo
povo entraria em uma terra não menos idó-
latra que os egípcios (Canaã). Eles precisavam
saber que o Deus deles era o único Deus,
incomparável a qualquer outro deus que en-
contrariam pelo caminho.
Moisés começou escrevendo o primeiro
dos cinco livros, apresentando quem era esse
Deus, que esperava ser único na adoração de
Seu povo. Quando os hebreus entendessem
que o “Deus deles” era o Criador de todas as
coisas, não ousariam curvar-se a outros deu-
ses.
Quanto a Deus como Criador, é exatamente
isso que precisamos entender. Ele, e somente
Ele, deve ser adorado por nós. Ninguém pode
ocupar o lugar dEle em nossa vida. Somos
obras dEle.
Para melhor compreendermos o Deus do
Antigo Testamento, é necessário olharmos
08/07/2019 12:24:01
 para o “Novo”, principalmente nas palavras e
na vida de Jesus Cristo.
Em Jesus, o Deus todo-poderoso, oniscien-
te, onividente, onipresente, santo, eterno e
imensurável, torna-se o “Pai Amoroso” (Lucas
15.11-32).
Deus é Pai na essência do que nós, ho-
mens, entendemos por um bom pai: duro,
justo, exigente, intransigente, corretivo e doutri-
nador; isso em relação ao pecado. Não tratará
jamais do pecado com relatividade e corrigirá
e disciplinará sempre seus filhos, porque os
ama (Hb 12.5-6). Na mesma proporção, Ele
“investe”, “abençoa” e “ama” Seus filhos. Ele
Faz com que todas as coisas cooperem para o
bem daqueles que o amam (Rm 8.28).
1.2. JESUS CRISTO, O FILHO
Falar sobre Jesus não é algo simples, pode-
ríamos escrever vários livros sobre Ele (o que
já existe aos milhares). Como já foi mencio-
nado anteriormente, Ele é o cumprimento de
todas as profecias do Antigo Testamento, que
prometiam um Messias, um Salvador para a
humanidade. Já foi falado também que Ele é a
revelação do Pai, a face amorosa de um Deus
temido pelos judeus.
Jesus é o Deus que se fez homem e habi-
tou entre os homens ( Jo 1.14). É o Deus que
deixou Sua glória para habitar em um corpo
humano (Fp 2.5-7).
Quanto à Sua natureza humana, foi cuidado
por José e Maria, como pais por adoção – isso
porque nenhum dos dois contribuiu de forma
genética. Jesus foi concebido pelo poder do
Espírito Santo no ventre de Maria (Mt 1.18).
Jesus aprendeu a profissão de José e traba-
lhou com ele na arte da carpintaria até seus
29 anos. Passou por todas as etapas de uma
criança normal, foi criado na observação da
Lei de Moisés, conforme os preceitos do ju-
daísmo. Recebeu todas as influências, boas e
más, que qualquer criança receberia.
O que precisa ficar claro é que, mesmo vul-
nerável a todo tipo de influências, Jesus não
pecou. Alguém pode pensar que Ele teve pri-
vilégios por ser Deus, mas não é verdade. Ele
. 44 .
Maturidade.indd 44
abriu mão de todo tipo de vantagem, estando
sujeito às mesmas tentações que qualquer
um de nós (Hb 4.15).
Deus não se fez homem como em uma en-
cenação, Jesus não foi um ator “no palco do
mundo”, Ele verdadeiramente nasceu homem
para morrer como homem. Sua principal mis-
são não era viver, mas morrer, a fim de pagar
o preço do pecado do homem ( Jo 1.29; Hb
9.22). Por isso Ele precisou ser homem, por-
que só um homem poderia substituir a huma-
nidade na cruz (Hb 2.14-18).
Não poderia ter sido outro homem para subs-
tituir a humanidade? Não! Porque também é
verdade que somente Deus pode salvar o
homem. Por isso acreditamos que Jesus foi
100% homem e 100% Deus. É difícil explicar
como essa harmonia funcionou, mas é a reali-
dade da natureza de Jesus. Não deixou de ser
Deus, mas abriu mão de qualquer capacidade
divina para se tornar totalmente homem.
Jesus é o Caminho que conduz os homens
a Deus, isso através de Seu sacrifício que pro-
porcionou a reconciliação entre Deus e os ho-
mens ( Jo 14.6).
Jesus é o exemplo de tudo o que o homem
pode vir a ser em Deus. Ele é nosso padrão
de espiritualidade. Conforme o texto de Efé-
sios 4.13, nosso padrão de crescimento é “a
medida da estatura da plenitude de Cristo”. Ele
é o nosso padrão de conduta! Por isso somos
chamados de cristãos!
1.3. O ESPÍRITO DE DEUS, O ESPÍRITO
SANTO
É preciso diferenciar na Bíblia o espírito do
homem e o Espírito de Deus, o Espírito San-
to. Todos os tradutores preocuparam-se em
destacá-los com a inicial em letra maiúscula
para o Espírito Santo e com a inicial em letra
minúscula para o espírito humano.
O Espírito Santo foi a promessa de Jesus
pouco antes dEle subir ao céu:
Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai;
permanecei, pois, na cidade, até que do alto
sejais revestidos de poder. (Mt 24.49).
08/07/2019 12:24:01
 Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e
Samaria e até aos confins da terra. (At 1.8).
Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu
vá, porque, se eu não for, o Consolador não
virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo
enviarei. ( Jo 16.7).
Não gastaremos muitas palavras nesse tó-
pico do Espírito Santo, porque, a seguir, Ele
será estudado nos mínimos detalhes. Limi-
taremo-nos a destacar aqui a relação que o
Espírito tem com o Pai e com o Filho.
O Espírito Santo é a expressão do poder
do Pai, o todo-poderoso, e testifica em nosso
espírito quanto a toda obra de Cristo. É Deus
dentro de nós, trazendo a vida dos céus aos
limitados homens. É a capacitação para uma
vida espiritual saudável e frutífera.
A seguir analisaremos detalhes sobre a pes-
soa do Espírito e como Ele é essencial para o
nosso crescimento espiritual.
2. O ESPÍRITO SANTO E O
CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Nunca se escreveu tanto sobre o Espírito
Santo como nos últimos anos da história da
igreja. Grande parte disso foi pelo surgimento
dos movimentos carismáticos, assim como do
pentecostalismo.
O termo carismático vem da palavra “dom”,
que no grego é karisma (os dons sempre são
associados ao Espírito Santo). O pentecosta-
lismo faz referência ao primeiro grande der-
ramamento do Espírito Santo na história no
dia da festa de Pentecostes (Atos 2.1-4); der-
ramar esse que vem se repetindo em vários
momentos da história.
Muito se escreveu sobre o Espírito Santo,
mas o que todo esse conteúdo tem produ-
zido são inúmeras correntes teológicas, al-
gumas delas completamente místicas, que
parecem fazer do Espírito o único assunto
relevante das Escrituras. Sabemos que Ele é
fundamental para nosso crescimento espi-
ritual, mas nossa base de estudo é a Bíblia
. 45 .
Maturidade.indd 45
como um todo, e ela apresenta a obra com-
pleta da Trindade, onde o Pai, o Filho e o Espí-
rito Santo trabalham em conjunto para salvar
e transformar o homem.
Billy Graham escreveu o seguinte sobre a
obra da Trindade na Bíblia, em seu livro The
Holly Spirit (O Espírito Santo - Edições Vida
Nova): “Estudando a Bíblia, constataremos que
o Antigo Testamento enfatiza principalmente a
atuação de Deus Pai. Os evangelhos enfatizam
a obra de Deus Filho. E do dia de Pentecostes
até hoje a ênfase é na atuação de Deus Espírito
Santo”.
As três pessoas da Trindade foram impor-
tantes em algum momento da história. Esse é
o tempo de o Espírito Santo atuar diretamen-
te entre nós.
Em relação ao Espírito Santo e ao cresci-
mento espiritual, a primeira questão a ser
analisada é a seguinte.
2.1. O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA
O Espírito Santo é a 3ª pessoa da Trindade
e é tratado na Bíblia como “Ele”, nunca como
“isto” ou “aquilo”. Não podemos pensar que
o Espírito Santo seja uma pomba, uma força
sobrenatural ou uma emanação do corpo de
Deus, assim como os raios solares fluem do
sol. Ele é uma pessoa que se relaciona com o
homem, devendo ser conhecido dessa forma.
Veja a seguir alguns textos bíblicos que
apresentam características pessoais do Espí-
rito Santo:
Ele fala
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o
Espírito Santo: separai-me agora a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado. (At
13.2).
Ele intercede
Também o Espírito, semelhantemente, nos
assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos
orar como convém, mas o mesmo Espírito
08/07/2019 12:24:01
 intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis. (Rm 8.26).
Ele dá testemunho
Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos
enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade,
que dele procede, esse dará testemunho de mim.
( Jo 15.26).
Ele dá ordens
E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo
sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a
palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam
ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o
permitiu. (At 16.6,7).
Ele nomeia
Atendei por vós e por todo o rebanho sobre
o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos,
para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele
comprou com o seu próprio sangue. (At 20.28).
Pode-se blasfemar contra Ele
Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia
serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada. (Mt 12.31).
Pode-se entristecê-lo
E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual
fostes selados para o dia da redenção. (Ef 4.30).
O Espírito Santo não é uma força impessoal,
como a força da gravidade ou o magnetismo.
Ele é uma pessoa com todos os atributos de
uma personalidade. Por isso, podemos nos
relacionar com Ele da mesma forma como
nos relacionamos com pessoas de nosso cír-
culo de relacionamento – por meios espiri-
tuais, obviamente.
O objetivo com esse trecho é apenas des-
mistificar a 3ª pessoa da Trindade, para, ao
invés de ser tratado como “algo”, ser visto
. 46 .
Maturidade.indd 46
como o Deus pessoal que habita em nós e se
relaciona conosco.
2.2. O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO
Na famosa frase de Billy Graham, citada an-
teriormente, destacamos que, após o evento
do Pentecostes, o Espírito Santo é que passou
a atuar entre os homens, conforme o plano
perfeito de Deus na história da humanidade.
Quais são os aspectos dessa atuação? Como
poderíamos descrever o ministério (serviço) do
Espírito Santo? Como podemos descrever o pro-
pósito dEle entre os homens?
Ele é o Conselheiro
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador. ( João 14.16a).
A palavra traduzida originalmente do grego
como “consolador” é parakletos, que significa
literalmente “chamado ou convocado a estar
ao lado de alguém, encorajador, conselheiro”.
Essa palavra era muito conhecida na cultura
da época, principalmente entre os militares
romanos.
Por mais que os romanos treinassem seus
exércitos, como nenhum outro reino, em mui-
tas batalhas eles eram acompanhados pelos
parakletos, que eram oficiais nomeados para
acompanhar os pelotões, literalmente enco-
rajando os soldados. Eles gritavam palavras
de encorajamento e entoavam canções de vi-
tórias, que relembravam antigas vitórias e a
fraqueza dos inimigos.
O Espírito Santo tem como principal obje-
tivo ser o nosso acompanhante pessoal em
todas as nossas batalhas. Ele nos confronta-
rá, nos aconselhará e nos encorajará a pros-
seguir.
Ele é o Mestre
Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas
as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos
tenho dito. ( João 14.26).
08/07/2019 12:24:01
 Jesus foi o grande Mestre da humanidade,
mas o Espírito Santo foi quem deu sequência
a essa obra, acompanhando os discípulos de
Cristo e lhes ensinando o que fosse necessá-
rio, também relembrando tudo o que Jesus
disse.
Diante de desafios, como o que devemos
falar em situações de pressão e de enorme
responsabilidade, a Bíblia nos diz que Ele nos
inspirará a falar da melhor forma, para não
sermos envergonhados (Lc 12.11,12).
Ele é o Espírito da verdade
Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele
vos guiará a toda a verdade; porque não falará
por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido
e vos anunciará as coisas que hão de vir. ( João
16.13).
Ao estudarmos a Bíblia, perceberemos
que todo o Antigo Testamento aponta para
Jesus Cristo, tanto pelas profecias messiâni-
cas como pelas simbologias de Israel. O Novo
Testamento é formado pela biografia de Cris-
to, nos quatro evangelhos, e por interpreta-
ções de todos os Seus ensinos no restante
dos livros.
Se Jesus é o personagem principal das Escri-
turas e tudo culmina nEle, não é de surpreen-
der que o Espírito trabalhe para cumprir a
obra de Cristo, aquele que se apresentou
como a Verdade ( Jo 14.6).
O Espírito da verdade nos conduzirá por
toda a verdade, ajudando-nos a cumprir os
propósitos de Cristo na terra.
Ele é o autor das Escrituras
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para
o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça. (2 Timóteo 3.16).
Tudo que cremos e fazemos é baseado na
Bíblia, as Escrituras Sagradas, que concorda-
mos ser a Palavra de Deus.
Podemos dizer que tanto o Antigo como o
Novo Testamento têm como autor o Espírito
. 47 .
Maturidade.indd 47
Santo, que inspirou mais de quarenta escri-
tores diferentes. Essa verdade é apresenta-
da também por Pedro: “Porque nunca jamais
qualquer profecia foi dada por vontade humana;
entretanto, homens [santos] falaram da parte de
Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21).
A Bíblia é o livro que tem seu autor presen-
te em todos os momentos de leitura. Para
entendê-la, basta pedir esclarecimento a Ele.
Ele está envolvido na Salvação de
todos os crentes
A salvação é algo que acontece pela graça,
por meio da fé e do arrependimento dos pe-
cados. Para todo esse processo acontecer, o
Espírito Santo é fundamental.
Quando Nicodemos questionou Jesus a res-
peito de entrar no Reino dos Céus (salvação),
Jesus falou-lhe a respeito de um Novo Nasci-
mento da água e do Espírito ( Jo 3.5). Podería-
mos definir esse duplo nascimento da seguinte
forma: o nascer da água é a minha decisão para
com Deus, e o nascer no Espírito é a decisão de
Deus para comigo. O nascer do Espírito é a ca-
pacitação sobrenatural e pela graça para que
o homem consiga cumprir tudo o que decidiu
no batismo das águas.
Quanto ao convencimento de pecado, que
produz arrependimento para salvação, em
João 16.7,8 está registrado que isso é obra do
Espírito Santo.
Ele é quem nos santifica
Porque, se viverdes segundo a carne,
caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito,
mortificardes os feitos do corpo, certamente,
vivereis. (Romanos 8.13).
É pelo poder do Espírito Santo que conse-
guiremos mortificar os desejos da carne, para
cumprir a vontade de Deus.
Algumas pessoas desculpam-se por seus
pecados sob a justificativa de que “a carne é
fraca”. Ela realmente é fraca, mas o texto aci-
ma nos mostra que, pelo Espírito Santo, po-
deremos mortificar as obras do corpo, fazen-
do a vontade de Deus. Isso é a santificação!
08/07/2019 12:24:01
 O homem só se tornará santo com o auxílio
do Espírito Santo.
Ele mostra quem somos no corpo de
Cristo
Todo cristão é chamado por Jesus a servi-
-Lo. A maioria das pessoas não sabe para que
área elas foram chamadas e como podem
servir a Deus no corpo de Cristo (a igreja).
Para isso, o Espírito Santo dá dons aos ho-
mens. Naturalmente esses separam os discí-
pulos para áreas específicas do corpo.
No Antigo Testamento, as pessoas eram se-
paradas para o serviço através dos profetas
e da unção com óleo. No Novo Testamento
as pessoas são separadas pelo Espírito Santo
através dos dons.
2.3. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
Como já mencionado anteriormente, a Bí-
blia trata de dois batismos distintos, que são
indispensáveis a todos os cristãos.
João Batista, no rio Jordão, batizava as pes-
soas e anunciava que o Messias, aquele que
haveria de vir, batizaria as pessoas com o Es-
pírito Santo (Mt 3.11). Jesus deu continuidade
ao discurso de João Batista e falou sobre a
necessidade de um nascimento pela água e
pelo fogo, fazendo menção aos dois tipos de
batismo ( Jo 3.5).
Existe diferença entre a decisão pessoal do
batismo nas águas e o batismo com o Espírito
Santo. Por mais que o Espírito faça parte do
processo de convencimento para a decisão
da pessoa que recebeu a Cristo, receber a in-
fluência do Espírito Santo não é evidência de
ter sido batizado com Ele.
Vamos analisar por partes essas questões.
O Espírito Santo faz parte do processo
de decisão pelo batismo nas águas
A Bíblia é clara quando diz que é o Espírito
Santo quem “convence o homem do pecado,
da justiça e do juízo” ( Jo 16.8), por isso não
existiriam decisões por Cristo se Ele não esti-
vesse presente e influenciando o homem ao
arrependimento dos pecados.
. 48 .
Maturidade.indd 48
Após o arrependimento, o homem decide
receber Jesus como Senhor e Salvador pes-
soal, decidindo também definitivamente por
uma nova vida. Essa influência do Espírito e a
decisão por abandonar o pecado não aconte-
ce apenas até o dia do batismo, ela continua
em todos os momentos da vida cristã, o que
não quer dizer necessariamente que a pes-
soa tenha sido batizada no fogo.
John Stott escreveu o seguinte: “Cada cristão
têm uma experiência com o Espírito Santo, des-
de os primeiros momentos da vida cristã […], de
maneira que a presença do Espírito é o privilégio
que todos os filhos de Deus têm em comum”.
Ter o Espírito Santo habitando em nós não
é um privilégio somente de alguns cristãos,
mas de todos. Não há a mínima possibilidade
de um filho de Deus não ter o Espírito. Veja
alguns textos que comprovam isso:
Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito,
se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E,
se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal
não é dele. (Romanos 8.9).
E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso
coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,
Pai! (Gálatas 4.6)
Ter o Espírito Santo em nós diz respeito à
Salvação, ao relacionamento com o Criador e
à transformação pessoal. É óbvio que o fato
de Ele habitar em nós nos leva aos níveis mais
profundos da promessa de Cristo, que diz
respeito ao batismo com fogo, que é diferen-
te do batismo nas águas. É interessante des-
tacar isso, pois João Batista falou sobre um
batismo com o Espírito Santo e com fogo (Mt
3.11). O que significa isso?
O batismo “com fogo”
Antes de abordarmos a questão do fogo
em si, precisamos deixar claro que não tem
como ser batizado com o Espírito Santo “sem
o fogo”, da mesma forma como não há arre-
pendimento de pecados para o batismo nas
águas sem a atuação do Espírito Santo.
08/07/2019 12:24:01
 Precisamos desmitificar a ideia de um fogo de
“euforia, manifestações externas de emoção e
demonstrações de espiritualidade”, conforme a
tradição evangélica brasileira parece entender. O
fogo que acompanha o batismo com o Espírito
Santo é um “fogo purificador”.
É semelhante à purificação do ouro, que
precisa do fogo para queimar impurezas e
manter apenas o ouro (Ap 3.8). O fogo do Es-
pírito Santo consome pecados, destacando
somente o que há de valor em nós.
Por mais que o homem tenha decidido viver
uma vida de integridade e fidelidade a Deus e
tenha “morrido” nas águas do batismo e “res-
suscitado” como novo homem, o pecado ain-
da fará parte de sua natureza. Para que seja
possível a santificação plena, Deus enviou
o Espírito Santo para auxiliar o homem com
suas fraquezas.
O objetivo do batismo com o Espírito
Santo
Apesar de o Espírito Santo estar presente
na vida do cristão desde o dia da conversão,
precisamos entender que o batismo com o
Espírito Santo é uma “segunda bênção”. É um
evento totalmente distinto do arrependimen-
to e da conversão, podendo até acontecer no
momento da decisão por Cristo, o que não
anula o caráter de um segundo evento, dis-
tinto do primeiro. O que geralmente acontece
é que as pessoas decidem por Cristo e de-
moram um certo tempo até serem batizadas
com o Espírito Santo.
O batismo com o Espírito Santo leva o ho-
mem a uma dimensão espiritual totalmente
diferente de até então. Myer Pearlman escre-
veu o seguinte a respeito disso: “O batismo
com o Espírito Santo é uma experiência de poder
e de caráter carismático, a julgar pelas descri-
ções dos resultados desse revestimento”. Pearl-
man estava falando sobre evidências que
sinalizam uma “segunda bênção”, distinta da
primeira experiência de conversão.
O batismo com o Espírito Santo é um ba-
tismo de capacitação, de revestimento de
poder, para o cumprimento da missão. En-
. 49 .
Maturidade.indd 49
gana-se aquele que pensa que Cristo apenas
deseja salvar o homem, pois, além da salva-
ção, somos desafiados a ser instrumentos de
Deus para salvar outros. O batismo com fogo
promove essa capacitação sobrenatural para
a realização da obra de Deus.
Para essa missão completamente espiri-
tual, que é tirar pecadores do reino das trevas
para a luz (1 Pe 2.9), o Espírito Santo é envia-
do para capacitar os discípulos. É o poder de
Deus atuando por meio das nossas vidas. As
formas como o Espírito capacita são várias,
principalmente através dos dons espirituais.
Quanto às evidências, por muito tempo se
defendeu que o falar em “línguas estranhas”
seria a principal evidência, mas nem sempre
é assim. O que geralmente acontece é que
Deus dá primeiro o dom de “diversidade de
línguas”, porque esse dom auxiliará o cristão
em toda a caminhada, até mesmo a alcançar
os outros dons. Não queremos entrar em
polêmicas nem gastar tanto tempo nessa
questão, mas certamente aqueles que foram
batizados com o Espírito Santo demonstrarão
vários indícios de que já não vivem no “natu-
ral”, mas experimentaram o poder de Deus e
agora se movem pelo “sobrenatural”.
Não podemos resumir o batismo com o
Espírito Santo a uma experiência mística. É
um ato tão arbitrário a Deus e tão misterioso
que é difícil traçar muitos parâmetros a res-
peito dele. Não é algo que possamos ensinar
a recebê-lo em um “passo a passo”. Só Deus
batiza com o Espírito Santo e isso acontece
quando Ele deseja.
Nosso objetivo é apenas apresentar a reali-
dade dessa promessa, para que todos creiam
e recebam essa bênção destinada à igreja. To-
dos devem desejar e buscar tal “revestimento
de poder” (Lc 24.49), ele não é exclusividade
para alguns, todos podem e devem receber.
Não queremos desenvolver demais o as-
sunto, apenas apresentar o batismo com o
Espírito Santo como uma das principais, se-
não a principal, forma de crescer espiritual-
mente.
Perceba a diferença básica entre o batismo
nas águas e o batismo com o Espírito Santo:
08/07/2019 12:24:01
 Batismo nas Batismo com o
águas Espírito Santo ________________________________________________
Eu decido por Deus Deus decide por mim
________________________________________________
Eu decido me Deus dá poder para
santificar santificação ________________________________________________

Eu decido servir a Deus capacita para o ________________________________________________

Deus serviço
________________________________________________
O quadro anterior não quer dizer que Deus
________________________________________________
é reagente ao homem; mas, a partir da minha
decisão por Cristo, por meio do livre-arbítrio, ________________________________________________
Deus envia Seu Espírito sobre nós como um
auxílio dos céus para o cumprimento de toda ________________________________________________
obra. Isso não anula a graça de Deus, afinal,
Ele nos amou muito antes de nós O amarmos ________________________________________________
(1 Jo 4.19).
________________________________________________

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE ________________________________________________

CONTEÚDO
________________________________________________
1) Qual evidência encontrada em Gênesis
1.1 faz relação com a ciência? ________________________________________________
2) Por que Jesus precisava ser 100% ho-
________________________________________________
mem e 100% Deus?
3) Quais evidências temos para afirmar ________________________________________________
que o Espírito Santo não é “algo, mas é
uma pessoa”? ________________________________________________
4) O que significa o batismo com fogo?
________________________________________________
5) Qual o objetivo de Deus em batizar com
o Espírito Santo, além da purificação? ________________________________________________

________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 50 .

Maturidade.indd 50 08/07/2019 12:24:01


LIÇÃO 7
O PODER DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS
Nas duas lições anteriores estudamos a
realidade espiritual que envolve o homem e
a necessidade que ele tem de crescer espi-
ritualmente. Estudamos a natureza espiri-
tual dele, que foi corrompida pelo pecado, e
aprendemos sobre a possibilidade de viver
uma nova vida em Jesus, por meio do Espírito
Santo.
Nessa lição, aprenderemos sobre o poder
do Espírito Santo atuando em nós, isto é, pri-
meiramente o Espírito transforma a nossa
vida, o nosso interior, para posteriormente
nos usar para cumprir a missão de Cristo.
. 51 .
Maturidade.indd 51
A seguir analisaremos a maior luta que o
homem enfrenta.
2. A LUTA INTERNA DO HOMEM
A maior luta que o homem enfrenta é aque-
la que acontece em seu interior, haja vista que
uma das doenças que mais crescem nesses
últimos anos é a depressão e todo tipo de dis-
túrbios da mente. Uma pessoa que conseguir
vencer a batalha “do coração” estará mais
suscetível a uma vida bem-sucedida.
Conta-se a história de um homem do cam-
po que, vez ou outra, ia para a cidade com-
prar mantimentos, acompanhado de seus
dois cães: um branco e um preto. Os homens
da cidade aguardavam o homem com ansie-
dade, pois seus cães eram postos em batalha
para que apostas em dinheiro fossem feitas.
Aquilo gerava diversão e lucro para os ganha-
dores.
Um dos apostadores percebeu que o cam-
ponês era quem mais lucrava com as apostas,
pois parecia sempre saber qual cão ganharia
a briga. Questionando-o a respeito disso, ou-
viu: Eu sempre sei quem ganhará, pois não dou
de comer a um deles por uma semana, enquan-
to o outro é alimentado. Assim, aquele que está
mais forte acabará vencendo.
A realidade do nosso coração não é diferen-
te dessa ilustração. Existem “dois cães” lutan-
do dentro de nós, a carne e o Espírito:
Porque a carne milita contra o Espírito, e o
Espírito, contra a carne, porque são opostos
entre si; para que não façais o que, porventura,
seja do vosso querer. (Gálatas 5.17).
A vida que busca satisfazer os desejos pe-
caminosos é chamada, na Bíblia, de “vida na
carne”. A palavra no grego que traduz carne é
sarx, que significa “a natureza humana inclina-
da ao pecado”. Já o viver no Espírito é a busca
por agradar a Deus.
Nessa batalha de carne x Espírito, sempre
vencerá quem melhor estiver alimentado.
Entenda: não é o Espírito Santo que precisa
ser alimentado, pois Ele é Deus; é nosso espí-
08/07/2019 12:24:04
 rito que é alimentado pelo Espírito de Deus.
Somos fortalecidos espiritualmente quando
obedecemos à vontade dEle em nós.
Não deixamos de ser pecadores quando
recebemos Cristo, o que não anula a justifi-
cação de Cristo e a total condição de sermos
santos, pela graça de Deus. O fato é que cons-
tantemente a carne lutará contra a vontade
do Espírito. Essa tensão resume a maior bata-
lha do ser humano, não aquela que acontece
por vias externas, mas aquela que acontece
dentro do “coração” de cada cristão. Todos
os dias vivemos sob a influência dessas duas
forças, a carne nos levando ao pecado e o Es-
pírito nos aproximando de Deus.
O homem por si só não conseguirá vencer
sua natureza pecadora, da mesma forma que
um leão não resiste a um pedaço de carne.
Veja o que Paulo diz a respeito de sua própria
natureza:
Porque nem mesmo compreendo o meu próprio
modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim
o que detesto […]. Então, ao querer fazer o bem,
encontro a lei de que o mal reside em mim […],
mas vejo, nos meus membros, outra lei que,
guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro da lei do pecado que está nos meus
membros. (Romanos 7.15,21,23)
O homem é escravo de seus desejos pe-
caminosos, a menos que Cristo o liberte ( Jo
8.32), para então verdadeiramente ser livre
( Jo 8.36) e só então poder decidir pelo Se-
nhor. Não existe liberdade sem Jesus, só es-
cravidão.
2.1. A NATUREZA DA “CARNE”
A natureza pecadora do homem pode ser
traduzida pelos três aspectos do versículo de
1 João 2.16: “A concupiscência da carne, a concu-
piscência dos olhos e a soberba da vida”.
A palavra concupiscência significa literal-
mente “desejo desenfreado ou desejo que
não ‘tem freios’”. São impulsos para o pecado
que não podem ser controlados por capaci-
. 52 .
Maturidade.indd 52
dade natural e humana. Nenhum homem é
forte contra o pecado por si mesmo.
A concupiscência da carne diz respeito aos
instintos mais primitivos dos homens, limi-
tando-os a impulsos irracionais. Os principais
pecados, ligados a esse aspecto da natureza
pecadora, são os pecados sexuais. Alguns
dos pais da Psicologia, principalmente Freud,
chegaram a afirmar que o homem é movido
basicamente por seus desejos sexuais.
A concupiscência dos olhos diz respeito à in-
satisfação com aquilo que se tem, gerando
assim desejos pecaminosos. É uma cobiça
maligna por aquilo que os olhos alcançam e
desejam. Para o sexo masculino, essa con-
cupiscência poderia estar ligada à concupis-
cência anterior (sexual), porque, para eles,
os olhos são uma porta de entrada para os
desejos sexuais; porém, essa concupiscência
vai muito além dos desejos sexuais, tem a ver
com tudo aquilo que se pode ver e desejar.
O dinheiro, por exemplo, é um instrumento
para adquirir aquilo que se deseja, aquilo que
é visível e possível. Quem ama demais o di-
nheiro provavelmente esteja dominado pela
concupiscência dos olhos.
A soberba da vida diz respeito à exaltação
do “eu”. É a expressão mais íntima do orgulho,
da vaidade e do egoísmo. É o desejo que cada
pessoa tem dentro de si, de fazer a si mesmo
poderoso. É nada mais, nada menos, do que
a sede por poder e status.
Você já deve ter ouvido a expressão: Todo
homem só precisa tomar cuidado com três coi-
sas - dinheiro, poder e sexo. Essa frase é uma
interpretação dos três aspectos do pecado
na vida do homem. O desejo por satisfação
pessoal (principalmente sexual), o desejo por
ter aquilo que agrada aos olhos (dinheiro) e o
desejo por tornar-se poderoso entre as ou-
tras pessoas (poder).
Um fato interessante sobre esses três as-
pectos é que eles estão relacionados à triu-
nidade do homem (corpo, alma e espírito). A
concupiscência da carne para o corpo, a concu-
piscência dos olhos para a alma e a soberba da
vida para o espírito.
08/07/2019 12:24:04
 A seguir, apresentaremos as consequências
de uma vida na carne e uma vida no Espírito.
2.2. OS FRUTOS DA CARNE
Quanto às consequências da batalha entre
a carne e o Espírito, o capítulo 5 do livro de
Gálatas é o mais específico nesse assunto. O
que Paulo escreve nesse capítulo é que Cristo
nos libertou para que vivêssemos no Espírito,
mas é possível que voltemos à escravidão do
pecado se formos dominados pelas concupis-
cências da carne.
Veja a declaração de Paulo no versículo 16:
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfa-
reis à concupiscência da carne” (Gl 5.16). É uma
clara advertência aos cristãos gálatas, para
fugirem dos desejos da carne. Veja a seguir
os frutos ou consequências de dar vazão a
esses desejos:
Ora, as obras da carne são conhecidas e são:
prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções, invejas,
bebedices, glutonarias e coisas semelhantes
a estas, a respeito das quais eu vos declaro,
como já, outrora, vos preveni, que não herdarão
o reino de Deus os que tais coisas praticam.
(Gálatas 5.19-21).
Diante de nós só existem duas possibilida-
des de vida: Vivemos para satisfazer os desejos
pecaminosos ou vivemos para Deus. Não existe
uma terceira possibilidade! Não há, por exem-
plo, a possibilidade de rejeitarmos a direção
do Espírito Santo e ainda assim permanecer-
mos sem pecar. Aqueles que geralmente se
autodeclaram boas pessoas, sem Deus, cer-
tamente manifestarão um ou mais desses
frutos da carne. É como diz o ditado popular:
Não podemos ficar em cima do muro, pois, se ele
existir, é do diabo!
Tiago, irmão de Jesus, em sua carta, argu-
mentou algo interessante enquanto falava
sobre o poder das palavras: “Acaso, pode a
fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o
que é amargoso?” (Tg 3.11). Se o coração do ho-
. 53 .
Maturidade.indd 53
mem é a fonte para todas as saídas da vida (Pv
4.23), como é possível, portanto, que alguém
não peque se ainda está sobre o domínio
do pecado? É impossível! O coração que es-
tiver dominado por desejos da carne jorrará
águas amargas (morte), e o coração que esti-
ver cheio do Espírito Santo jorrará água doce
(vida).
No texto de Gálatas 5.19-21 existe uma lista
de quinze pecados, sendo que a lista poderia
ser maior (“[…] e coisas semelhantes a essas”).
Essa lista pode ser dividida em três grupos. A
seguir detalharemos esses grupos.
Pecados sexuais – Concupiscência da
carne
Os pecados desse grupo são a prostituição,
a impureza e a lascívia.
A prostituição, do grego porneia, diz respeito
a todo tipo de pecado sexual, não apenas no
sentido literal da definição, do “comércio do
corpo para fins sexuais”. O termo no original,
traz a ideia de “imoralidade sexual, sexo antes
do casamento, sexo fora do momento, sexo
anormal, incesto, prostituição (sexo como
comércio), e também os pecados sexuais do
coração (os desejos que são alimentados na
mente)”.
Os dois pecados citados na sequência, im-
pureza e lascívia, também se enquadram na
categoria dos pecados sexuais, por isso são
semelhantes à prostituição (porneia).
É importante associar essa categoria dos
pecados sexuais com a concupiscência da car-
ne, citada anteriormente, porque são os peca-
dos que satisfazem os desejos sexuais.
Pecados de insatisfação –
Concupiscência dos olhos
Os pecados desse grupo são a idolatria, a
feitiçaria, a bebedice e a glutonaria.
A idolatria é um pecado que leva as pessoas
a criarem imagens e conceitos de deuses que
atendam às suas expectativas pecaminosas.
Os deuses do Olimpo (cultura grega), por
exemplo, são criações humanas, até mesmo
sob inspiração demoníaca, pois reproduzem
“seres divinos”, com um senso de justiça e
08/07/2019 12:24:04
 santidade, totalmente distorcidos da verdade.
Zeus, Ares, Afrodite e Poseidon mais se asse-
melham aos homens do que ao Deus Criador.
A idolatria perverte a adoração dos ho-
mens, que só deveria ser destinada ao Cria-
dor, fazendo deles escravos de doutrinas e
conceitos demoníacos.
A feitiçaria, que no original é pharmakeia, faz
alusão ao uso de drogas de qualquer espécie,
desde drogas alucinógenas à administração
de “poções mágicas” (por isso comumente a
palavra é traduzida por feitiçaria).
Não é preciso argumentar muito para
concluirmos que as drogas são uma grande
forma de aprisionamento dos homens. É es-
tranho e ao mesmo tempo curioso como as
pessoas que fazem uso de tais substâncias
transformam-se em seres humanos deplo-
ráveis, cometendo atrocidades inimagináveis
em nome do próprio vício. Tornam-se verda-
deiros “mortos-vivos”.
Sem querer espiritualizar demais essa prá-
tica, parece que os seres espirituais do mal
apropriam-se do efeito das substâncias alu-
cinógenas para perverter o coração dos ho-
mens, transformando-os em verdadeiros ani-
mais, que vivem apenas para satisfazer o vício
que adquiriram.
A bebedice é o pecado onde o consumo de
bebida alcoólica é praticado em altos níveis,
comprometendo a saúde do corpo e alteran-
do o comportamento social de quem a prati-
ca. Esse pecado poderia ser classificado junto
com a feitiçaria, pois o álcool é uma das espé-
cies de drogas que existem.
O pecado da glutonaria, cujo termo vem
do grego komos, também pode ser traduzido
como “orgia”. O sentido dessa palavra é muito
além de “comer com excesso” ou “um pecado
de sexo coletivo” (orgia); diz respeito às festas
regadas a muita bebida e comida que acon-
teciam nos tempos antigos em homenagem
ao deus do vinho, Dionísio (ou Baco). Assim
sendo, é um pecado que pode estar ligado a
todos os anteriormente citados.
Como já mencionado, a concupiscência dos
olhos gera insatisfação naqueles que são do-
minados por ela. Essa concupiscência nem
. 54 .
Maturidade.indd 54
sempre aponta para algo, mas apenas eviden-
cia uma insatisfação pessoal, aquilo que ge-
ralmente é chamado de “buraco existencial”.
Por exemplo: a idolatria é fruto de uma insa-
tisfação pessoal que busca preencher tal sen-
timento em contato com um deus que atenda
às suas expectativas. A feitiçaria – ou consumo
de drogas, em melhor tradução – transfere a
insatisfação pessoal para os vícios, que, por
certo tempo, fazem a pessoa esquecer dos
problemas, mas sem resolvê-los. As bebedi-
ces e glutonarias, assim como as drogas, não
beneficiam em nada quem as pratica, a não
ser por evidenciar problemas de ordem emo-
cional.
Esse grupo de pecado encaixa-se perfei-
tamente na descrição da concupiscência dos
olhos, mais propriamente dito na insatisfação
que ela gera naqueles que são dominados
por ela.
Pecados de egoísmo – Soberba da vida
Todos os outros pecados do texto ainda
não destacados são expressões do egoísmo:
as inimizades, as porfias, os ciúmes, as iras, as
discórdias, as dissensões, as facções e as invejas.
O egoísmo é a evidência de alguém que faz
tudo em benefício próprio. É o sentimento
que move alguém a só pensar em si mesmo,
esquecendo-se completamente das pessoas
à sua volta. Vivemos em sociedade, por isso o
que deve nos mover é o altruísmo; caso con-
trário, não nos relacionaremos bem com as
pessoas à nossa volta.
Conforme destacamos, na soberba da vida,
o indivíduo que é dominado por ela faz do
próprio “eu” o “centro do Universo”. Para
quem é dominado por essa concupiscência,
o que importa é satisfazer o próprio desejo,
não importando quem possa ser ferido para
isso.
As concupiscências da carne, dos olhos e a
soberba da vida resumem todas as formas de
pecado. Fujamos desse modo de viver pela carne
e vivamos pelo Espírito Santo. Será o mesmo que
abandonarmos a morte para a vida.
08/07/2019 12:24:04
 2.3. O FRUTO DO ESPÍRITO
Assim como no viver pela carne eviden-
ciam-se os “frutos maus e azedos” do pecado,
na vida pelo Espírito evidenciam-se as carac-
terísticas do próprio Deus em nós. No texto
de Gálatas 5.22,23, isso é chamado de fruto
do Espírito. Esse fruto é único, porém mani-
festado em nove características. Veja cada
uma delas:
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra
estas coisas não há lei. (Gálatas 5.22-23).
Quando Deus se manifesta na vida do ho-
mem, nunca é de forma parcial, sempre é de
forma integral. Por exemplo: quando existir em
nós o Poder de Deus, não há a possibilidade de
“muito poder” ou “pouco poder”, será “todo o
poder”. É importante entender essa integra-
lidade de Deus por meio do Espírito Santo,
pois não são “vários frutos do Espírito” ope-
rando em nós, mas um único fruto com várias
características. Não há como ter uma das ca-
racterísticas e não ter as outras; se temos o
fruto do Espírito, teremos todas as caracte-
rísticas dEle.
Vejamos a seguir, detalhadamente, cada
uma das nove características do fruto do Es-
pírito:
Amor
Alguns estudiosos entendem que o fruto do
Espírito é o amor e que todas as característi-
cas a seguir estão fundamentadas nele. Essa
ideia é muito plausível, mas não entraremos
nessa discussão. Abordaremos nove carate-
rísticas do fruto.
O que o Português traduz por amor no gre-
go é ágape, que tem o sentido de um “amor
sacrifical e incondicional”, geralmente atribuí-
do ao amor de Deus.
A relação que o amor exerce na anatomia
humana começa no espírito, onde conscien-
temente e racionalmente decidimos amar,
para depois passar pela alma (fonte das emo-
ções), e só após ser externado pelas atitudes.
. 55 .
Maturidade.indd 55
O amor não se fundamenta necessariamen-
te nas emoções, é uma decisão ou escolha,
consciente e racional.
Não precisamos sentir vontade de amar,
precisamos decidir amar. Amor sentimental é
paixão! Amor é razão e consciência!
Se entendemos que as características do
fruto são o próprio caráter de Deus, nenhu-
ma característica O define melhor do que o
amor, pois Ele é amor (1 Jo 4.8). Isso significa
que Deus é movido inteiramente por amor,
isto é, todos os seus atos expressam amor.
Essa característica do fruto, o amor (ágape),
abrange dois sentidos, um vertical e outro ho-
rizontal: amar a Deus e amar ao próximo.
Jesus respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com
todo o coração, com toda a alma e com toda a
mente”. Este é o maior mandamento e o mais
importante. E o segundo mais importante é
parecido com o primeiro: “Ame os outros como
você ama a você mesmo”. Toda a Lei de Moisés e
os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses
dois mandamentos. (Mateus 22.37-40).
Amar a Deus é dedicar-se integralmente a
agradá-Lo – inclusive, se preciso for, entre-
gando a própria vida para isso. É viver de for-
ma digna e conforme os mandamentos dEle
para nós. Não existe amor a Deus que não
esteja ligado à obediência aos mandamentos
( Jo 14.21; 1 Jo 2.4).
O amor ao próximo não é apenas o amor
por familiares, amigos e pessoas que nos fa-
zem bem, mas, como já mencionado, o verda-
deiro amor manifesta-se aos que não mere-
cem ser amados. Não faz sentido o Espírito
Santo estar em nós para nos ajudar a amar
aqueles que “são fáceis de serem amados”;
Ele nos ensinará a amar principalmente os
inimigos e os traidores.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo
e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo:
amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem. (Mateus 5.43,44).
08/07/2019 12:24:04
 Alegria
No original grego, o termo que designa
alegria é chara, que significa “regozijo, bem-
-estar, satisfação, alegria de espírito”. Não é
um estado de espírito resultante de situações
agradáveis, mas é um estado permanente de
contentamento, que independe das circuns-
tâncias.
O melhor texto bíblico para resumir a es-
sência dessa característica talvez seja o se-
guinte:
Neemias, que era o governador, e Esdras,
sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam
todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado
ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis,
nem choreis. Porque todo o povo chorava,
ouvindo as palavras da Lei. Disse-lhes mais: ide,
comei carnes gordas, tomai bebidas doces e
enviai porções aos que não têm nada preparado
para si; porque este dia é consagrado ao nosso
Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque
a alegria do SENHOR é a vossa força. (Neemias
8.9,10).
Vale destacar que o texto apresenta a rea-
lidade de um povo entristecido e chorando
porque tinha voltado da Babilônia sabendo
que a escravidão foi consequência dos seus
pecados. Choravam pois o segundo templo
estava muito longe de ter o esplendor do pri-
meiro, e estavam constrangidos por ouvirem
a Lei do Senhor sabendo que não eram mere-
cedores de tal graça.
Neemias precisou motivá-los, enquanto
ouviam as Escrituras, falando que deveriam
estar alegres, e não tristes, pois a alegria do
Senhor era a força deles. Precisamos enten-
der que era Deus quem estava alegre, não
eles, pois estavam tristes e chorando. Quan-
do alegramos o Senhor, mesmo sofrendo,
somos fortalecidos por Ele. Esse é o conceito
da palavra chara, a alegria que independe de
situações agradáveis. É um contentamento
do coração.
Não precisamos estar com um sorriso no
rosto e sem problemas para sermos alegres,
. 56 .
Maturidade.indd 56
precisamos apenas saber que o Senhor está
conosco e está alegre com nossas atitudes. Isso
produzirá um estado de espírito inabalável, uma
satisfação interior indescritível. Quando “damos
alegria ao Senhor”, mesmo que chorando, Seu
Espírito enche nosso coração de satisfação e
contentamento.
Enquanto as pessoas sem Deus vivem in-
satisfeitas e frustradas, nós, cristãos, somos
felizes com a vida que nos é proporcionada.
Nossa alegria não depende do que temos ou
desejamos, ela é fruto da alegria do Senhor,
que é fonte da nossa alegria.
Paz
Semelhante à característica anterior, a paz
desse texto, do grego eirene, não tem relação
com fatores externos e circunstâncias favo-
ráveis, ela é incondicional. Algumas pessoas
podem entender a paz como a “ausência de
problemas”, mas, no sentido mais amplo do
termo, é exatamente o contrário, é “ter se-
gurança e tranquilidade, mesmo em meio à
guerra”. É ter a capacidade de descansar no
Senhor e confiar que Ele está no controle de
todas as coisas, mesmo que tudo pareça es-
tar “desabando” ao nosso redor.
Uma das coisas mais difíceis de fazer é
manter a calma diante das adversidades. Na
maioria das vezes, nossa mente acelera na
busca por soluções, porém nada é mais pre-
judicial diante dos problemas do que o deses-
pero e a falta de tranquilidade. Ter a capaci-
dade de parar e refletir na melhor solução é o
segredo de sucesso da maioria das pessoas.
Isso quando houver algo a ser feito, porque
muitos dos nossos problemas dependerão
de uma intervenção divina.
“Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a ale-
gria vem pela manhã” (Salmos 30.5b). Esse
texto é emblemático, pois apresenta uma
resolução aparentemente mágica, como se
“estivéssemos chorando, pelos nossos pro-
blemas, antes de dormir, e, quando acordás-
semos, os problemas simplesmente tivessem
desaparecido”. É claro que o texto é poético,
por isso não expressa literalmente a ideia
08/07/2019 12:24:04
 dele. Quando é apresentada a ideia de um
momento de sono, o texto se refere a “des-
cansar”: não um “descanso de conformidade”,
mas um descanso “em Deus”, um descanso
de confiança na providência do Senhor.
Os problemas não são resolvidos por mágica! Se
eu não os resolver, alguém precisará resolver por
mim! Deus é um Deus que resolve problemas,
mas Ele gosta de trabalhar “enquanto
dormimos”, isto é, enquanto descansamos nEle.
A ideia do texto é que, enquanto estamos
dormindo, não estamos tentando fazer algo,
pois é muito comum as pessoas tentarem
“ajudar Deus”, quando na verdade só atrapa-
lham o Seu agir. Outros tentam resolver do
próprio jeito, mas só acabam piorando ou
adiando o problema.
Aprenda a descansar no Senhor! Mesmo
que chorando, apresente a Ele os seus pro-
blemas e confie que Ele agirá da melhor for-
ma. Descansar é confiar, é esvaziar a mente
da preocupação e da ansiedade. É esperar
pela ação divina, que poderá ser de um jei-
to inesperado, porém surpreendente. Essa
capacidade de descansar no Senhor só o Es-
pírito Santo produz em nós, por meio da paz
(eirene).
Longanimidade
O Português facilita o entendimento des-
sa característica do Espírito Santo. A ideia é
de um “longo ânimo”, isto é, “paciência, tole-
rância, constância, firmeza, perseverança”; é
uma caraterística que se manifesta principal-
mente diante das adversidades.
Essa característica é a capacidade que o
Espírito produz em nós de nos mantermos
constantes e perseverantes, mesmo quando
os problemas se opõem a nós. É não desis-
tir diante dos desafios e das contrariedades!
É enfrentar a força dos “ventos contrários” e
mesmo assim continuar andando.
Billy Graham, em seu livro O Espírito Santo,
disse: “A longanimidade é a paciência personifi-
cada” (p. 216).
. 57 .
Maturidade.indd 57
O contrário do termo longo ânimo seria uma
pessoa de “pavio curto”, sem paciência, sem
tolerância, irritadiça, vingativa e ressentida.
Benignidade
A benignidade, do grego chrestotes, indica
uma “doçura de temperamento”, sobretudo
com os “inferiores” (no sentido de hierarquia,
classe social e níveis de maturidade). É a ca-
racterística que produz no homem a capaci-
dade de agir de maneira agradável e cortês,
até mesmo diante de agressividade. Seria a
personificação da expressão “Ele é doce com
todos”.
Benignidade diz respeito a integridade de
coração, a uma “bondade moral”; já a bondade
diz respeito a “gentileza, qualidade do gene-
roso, ação gentil, para com outras pessoas”.
Poderíamos dizer que benignidade é o mes-
mo que “ser bom”, enquanto a bondade é o
mesmo que “fazer o bem”. Ao detalhar essas
duas características, poderemos parecer re-
petitivos, mas isso acontece porque as duas
trabalham completamente interligadas.
Em Mateus 11.30 o termo chrestos é tradu-
zido por “suave”. Jesus falou sobre seu jugo
ser suave, o que nos leva a entender que essa
característica produz suavidade naqueles que
a possuem. Uma aplicação dessa suavidade
talvez seja a expressão “Oh quão bom e quão
suave, que os irmãos vivam em união”, do tex-
to de Salmos 133.1, afinal, o oposto é o “clima
pesado”, quando não existe comunhão nos
relacionamentos.
Bondade
A bondade, do grego agathosune, é a qua-
lidade do “generoso, aquele que age gentil-
mente com outras pessoas”. A bondade se
origina, obviamente, de um caráter “intima-
mente bondoso” (benigno). Como já foi escri-
to anteriormente, é a capacidade de “fazer o
bem”, fruto de um coração benigno. Não exis-
te uma pessoa boa que não “faça o bem”, por
isso, se alguém é benigno, expressará essa
característica por meio de “atos de bondade”.
Oseias 6.4 diz: “Porque o vosso amor é como
a nuvem da manhã e como o orvalho da madru-
08/07/2019 12:24:04
 gada, que cedo passa”. Esse texto evidencia a
fragilidade do amor humano, pois fomos cor-
rompidos pelo pecado, nos tornando egoís-
tas e mesquinhos. Subentende-se que a bon-
dade humana é da mesma espécie do amor
humano, pois não existe bondade que não
seja uma manifestação de amor.
Nossa bondade é conveniente, parcial e limitada.
Para manifestarmos a “agathosune”, precisamos
do auxílio do Espírito, por isso a bondade não
pode ser comparada ao simples ato humano de
“fazer o bem”. É uma bondade sobrenatural.
Várias religiões e até seitas orientam seus
adeptos a praticarem boas obras, mas não
quer dizer que sejam manifestações da bon-
dade do Espírito.
Fidelidade
A fidelidade, do grego pistis, também pode
ser traduzida por “confiança”. Por isso, o sen-
tido dessa característica é de “alguém fiel,
confiável, leal”.
Pistis é traduzida também por “fé”, mas não
pode ser confundida com “um credo” ou “um
conjunto de doutrinas”, como geralmente
acontece. O sentido da palavra é de “alguém
digno de confiança”. Por exemplo: Em He-
breus 11, a fé que é apresentada no capítu-
lo diz respeito aos homens que foram fiéis à
missão que receberam de Deus.
Na parábola dos talentos (Mt 25.14-30), o
senhor que confiou aquelas moedas aos ser-
vos elogiou o primeiro, citando a bondade
(agathosune) e a fidelidade (pistis): “Disse-lhe o
senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no
pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo
do teu senhor” (Mt 25.21). Deus espera fideli-
dade de Seus servos até mesmo nas peque-
nas coisas, naquelas mais simples e menos
honrosas.
Ser fiel (pistis) é ter responsabilidade por tudo
aquilo que nos foi confiado. O Espírito Santo
deseja produzir isso em nós para que sejamos
dignos de confiança. Sejamos fiéis ao Senhor e
fiéis à missão de amarmos o próximo.
. 58 .
Maturidade.indd 58
Mansidão
A melhor definição para mansidão, que no
grego é prautes, é “humildade”, pois engloba
todas as características da mansidão. Prautes
também pode ser traduzido por “modéstia,
gentileza e bondade de espírito”.
Em Mateus 11.29, Jesus prometeu que todos
os que desejarem podem adquirir nEle essa
característica: “Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração; e achareis descanso para a vos-
sa alma”. O interessante desse texto é que
a promessa para os mansos e humildes é o
descanso para a alma. Isso porque o soberbo,
que é o oposto do humilde, é alguém agitado
de alma, inquieto e essencialmente insatisfei-
to.
Não podemos presumir que essa caracte-
rística possa ser algo “imitável”, pois é algo
que deve fluir “do coração”, que não pode ser
aprendido e reproduzido por meio de repeti-
ção. Não é por esforço humano que se adqui-
re essa humildade, mas pelo agir sobrenatu-
ral do Espírito Santo.
A mansidão também é a capacidade de rea-
gir positivamente e com humildade diante de
situações adversas, que tendem a provocar
nossa ira.Não existe maior grandeza do que
a humildade. Mesmo que nós nunca sejamos
alguém importante, e até que não sejamos
reconhecidos por nossos esforços, se formos
humildes (mansos), herdaremos a terra (Mt 5.5).
Essa terra faz referência ao Reino futuro de
Cristo, que se estabelecerá na terra. É uma
recompensa aos humildes.
Domínio próprio
O domínio próprio, que no original grego é
egkrateia, pode ser traduzido também como
“temperança ou autocontrole”. É a capacida-
de que uma pessoa recebe do Espírito para
controlar os próprios desejos e paixões.
Quando estudamos os frutos do pecado,
analisamos a realidade das concupiscências,
que produzem em nós “desejos desenfrea-
dos”. O domínio próprio, que o Espírito Santo
produz no homem, é o “freio” para esses de-
08/07/2019 12:24:04
 sejos, é a capacidade de dominar aquilo que ________________________________________________
tenta nos escravizar.
Aristóteles tinha consciência da dificuldade ________________________________________________
que existe em dominar os próprios desejos. ________________________________________________
Veja suas palavras a respeito disso: “Considero
mais corajoso aquele que domina os seus pró- ________________________________________________
prios desejos do que aquele que conquista os
________________________________________________
seus inimigos; pois a vitória mais difícil é a vitória
sobre o próprio ‘eu’”. ________________________________________________
Com base no poder que o pecado exerce
sobre nós, é impossível dominar os desejos ________________________________________________
por meios naturais. Seria o mesmo que pro-
________________________________________________
curar “delicadeza em um touro”. Podemos
até dominar um ou outro desejo, mas acaba- ________________________________________________
remos cedendo àqueles que demonstrarem
confrontar nossas fraquezas. ________________________________________________
É somente pelo Espírito Santo que a bata-
________________________________________________
lha contra o “eu” é vencida.
________________________________________________
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
________________________________________________
CONTEÚDO
1) O que significa a luta interna do homem? ________________________________________________
2) Fale sobre as características dos peca-
________________________________________________
dos de egoísmo:
3) Por que o fruto do Espírito é único, e ________________________________________________
não plural?
4) Qual a diferença entre benignidade e ________________________________________________
bondade?
________________________________________________
5) Qual é a relação entre as concupiscên-
cias e o domínio próprio? ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 59 .

Maturidade.indd 59 08/07/2019 12:24:05


LIÇÃO 8
O PODER DO ESPÍRITO SANTO ATR AVÉS
DE NÓS
Na lição anterior estudamos a influência
que o Espírito Santo exerce sobre o nosso es-
pírito, transformando todo o nosso ser. Pelo
fruto do Espírito, nós vamos recebendo as ca-
racterísticas de Deus, nos tornando cada vez
mais parecidos com Ele. É o poder do Espírito
Santo agindo em nós.
Nessa lição vamos entender que, muito
mais de que realizar uma obra na vida de
todo cristão, o Espírito Santo deseja usá-lo
para realizar a obra de Cristo. Descobriremos
a seguir que o poder do Espírito Santo pode
fluir através de nós.
. 60 .
Maturidade.indd 60
1. MOVER-SE PELO ESPÍRITO
SANTO
Conforme já aprendemos em lições ante-
riores, ser cristão é muito mais do que ape-
nas ter tido um encontro com Jesus e receber
dEle a salvação. Ser cristão é aceitar o chama-
do do Mestre para ser e fazer discípulos (Mt
28.19,20).
Podemos dizer que um discípulo de Cris-
to é alguém que creu nEle e se entregou por
completo a Ele. Como então podemos levar
as pessoas a crerem em Jesus? A resposta en-
contra-se no próprio Cristo, pois, entendendo
a forma como Jesus se movia, compreendere-
mos como devemos nos mover.
4.1. JESUS MOVIA-SE NO ESPÍRITO SANTO
Estudando as Escrituras, descobriremos
que Jesus precisava ser homem para cumprir
o sacrifício na cruz. E, por mais que a natu-
reza divina dEle estivesse “à Sua disposição”,
Ele não poderia fazer uso dela, porque, caso
contrário, anularia a legitimidade daquilo que
estava se propondo a fazer: substituir a huma-
nidade na cruz do Calvário. Somente um ho-
mem poderia morrer pelos homens.
Se entendemos que Jesus não “usou” sua
natureza divina enquanto esteve na terra, só
podemos concluir que Ele era cheio do Espíri-
to Santo. Lembremos que no texto que regis-
tra Seu batismo está registrado que o Espírito
veio sobre Ele:
Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que
se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de
Deus descendo como pomba, vindo sobre ele.
(Mateus 3.16).
Encontramos nas Palavras registradas pelo
profeta Isaías outro texto claro sobre a forma
como seria o ministério de Jesus na terra, que
foi lido por Cristo e anunciado como cumpri-
mento nEle próprio:
Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e,
abrindo o livro, achou o lugar onde estava
escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim,
08/07/2019 12:24:07
 pelo que me ungiu para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos
cativos e restauração da vista aos cegos, para
pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o
ano aceitável do Senhor. Tendo fechado o livro,
devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos
na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então,
passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a
Escritura que acabais de ouvir. (Lucas 5.17-21).
Quando Jesus declarou ser aquele que tem
o Espírito do Senhor, declarou que Seu ministé-
rio seria feito por meio da unção do Espírito.
Isso nos leva a concluir que Jesus curava os
enfermos, expulsava os demônios, transfor-
mava a vida das pessoas e as convencia da
salvação por meio do poder do Espírito San-
to, que estava sobre Ele.
4.2. O ESPÍRITO SANTO QUER SE MOVER
POR MEIO DE NÓS
Jesus falou algo extremamente impactante
antes de subir aos céus:
Em verdade, em verdade vos digo que aquele que
crê em mim fará também as obras que eu faço
e outras maiores fará, porque eu vou para junto
do Pai. ( João 14.12).
Ele disse que, se crêssemos nEle, faríamos
obras maiores do que as que Ele fez. Logo na
sequência do texto, Ele prometeu o Espírito
Santo, o Consolador ( Jo 14.16), demonstrando
que esse poder para realizar grandes coisas
viria justamente do Espírito. Se essa foi a pro-
messa de Jesus, o Espírito veio para cumpri-la
em nós. Ele quer se mover por meio de nós.
O livro de Atos é considerado, pelos estu-
diosos, um livro inacabado, porque, por mais
que tenha acabado com o relato de Paulo
em Roma, não apresentou uma boa conclu-
são. Entendemos que isso foi planejado pelo
Espírito Santo, o verdadeiro autor da Bíblia,
porque nós estamos dando continuidade aos
Atos dos Apóstolos. Nós, agora, por meio do
poder do Espírito Santo, levamos o Evangelho
até os confins da terra (At 1.8).
. 61 .
Maturidade.indd 61
4.3. O ESPÍRITO SANTO OPERA PELOS
DONS
Os dons espirituais são conhecidos por três
listas mais comuns, nas Escrituras: em Roma-
nos 12.6-8, em 1 Coríntios 12.8-10 e em Efésios
4.11. Existe uma quarta lista, mas parece re-
petir os mesmos dons citados nos três textos
anteriores (1 Pedro 4.10,11).
O sentido da palavra dom é o de “um pre-
sente que é dado sem merecimento”. É uma
graça dos céus para auxiliar os discípulos de
Cristo a desempenharem suas funções.
Não podemos confundir os dons naturais
com os dons espirituais. Existem pessoas que
nascem com dons naturais, como desenhar,
falar bem e praticar bem algum esporte. Dom
espiritual é diferente, é o poder do Espírito
Santo realizando coisas extraordinárias, por
meio de nós, que glorifiquem a Deus.
2. DONS MINISTERIAIS
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos,
outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres. (Efésios 4.11).
Esse grupo de dons é geralmente chamado
de dons ministeriais ou também dons de gover-
no, porque são diferentes dos dons do Espírito.
Enquanto os dons do espírito são “presentes”
dados a pessoas, os dons ministeriais são
pessoas dadas à igreja.
Em outras palavras, aqueles que são ca-
racterizados por um desses cinco dons ma-
nifestam não apenas um dom espiritual, mas
um grupo de dons. São pessoas escolhidas e
formadas por Deus para servir ao povo dEle.
Quando falamos que existem algumas pes-
soas que “têm ministério”, geralmente esta-
mos nos referindo a alguém que manifestou
algum desses cinco dons. Essas são aquelas
pessoas que geralmente servem a Deus e às
pessoas com maior integralidade de tempo e
disposição. Enquanto alguém que recebe um
dom será usado por Deus eventualmente,
08/07/2019 12:24:07
 os dons ministeriais formam pessoas que em
todo o tempo manifestam dons espirituais.
2.1. APÓSTOLO
A palavra no original para apóstolo, do grego
apostolous, significa “alguém enviado com uma
missão”. O sentido mais exato da palavra é de
“algo que é lançado ou enviado para longe”.
No Novo Testamento, encontraremos pelo
menos três formas principais para o uso da
palavra apóstolo:
1) Para designar os doze primeiros discípu-
los de Jesus, e também Paulo (Lc 6.12,13;
1 Co 1.1);
2) Como referência a todos nós, cristãos,
que fomos enviados pelo Mestre para
cumprir a missão apostólica da igreja ( Jo
17.18; 20.21);
3) Como um dom especifico dado a algu-
mas pessoas para desempenhar um mi-
nistério apostólico, no corpo de Cristo (Ef
4.11);
Em relação a essas três formas para o uso
da palavra apóstolo, no Novo Testamento, po-
demos concluir o seguinte:
1) Que “apóstolo”, como título que denota
grau de autoridade diante da igreja, ces-
sou em Paulo. Ele foi o último apóstolo;
2) Que todo cristão foi enviado e comissio-
nado por Cristo para ir por todo o mundo
e pregar o Evangelho a toda criatura (Mc
16.15);
3) Que realmente existem pessoas que
receberam o dom de apóstolo, fazendo
delas cristãos “especialistas” na missão
de ir.
Alguém já disse que o apóstolo é alguém
que recebe um dom para “abrir igrejas”. É
claro que bons fundadores de igreja geralmen-
te manifestam dom de apóstolo, porém esse
dom vai além disso. Está ligado a uma “gra-
ça” para ser frutífero em lugares e situações
desafiadoras. Na analogia de uma igreja que
invade uma mata selvagem, para evangelizar
índios, o apóstolo é o que “desbrava” o desco-
nhecido, sendo seguido pelos outros minis-
térios.
. 62 .
Maturidade.indd 62
Resumidamente, quem manifesta esse
dom demonstra uma ousadia além do normal
para aceitar desafios, treinar pessoas e levar
o Evangelho para lugares onde ele ainda não
foi estabelecido, seja para povos que nun-
ca ouviram sobre Jesus, seja para um bairro
onde ainda não existe uma igreja.
2.2. PROFETA
O profeta aqui citado não pode ser confun-
dido com o profeta do Antigo Testamento,
que, além de exercer o ofício profético, tinha
uma posição de autoridade, semelhante à
dos apóstolos de Jesus Cristo no Novo Tes-
tamento.
No Novo Testamento, ser profeta significa
ser um “expositor público, um pregador da
vontade de Deus”.
Conforme o texto de 1 Coríntios 14.3, o pro-
feta profetiza para “edificar, exortar e conso-
lar”. É comum as pessoas pensarem no profe-
ta como aquele que traz a dura mensagem de
Deus, “puxando a orelha” das pessoas, mas,
assim como Deus não só corrige, mas tam-
bém motiva, edifica, consola e orienta, o pro-
feta também transmitirá a mensagem com
essas características.
Vale ressaltar que não existe a possibilida-
de de “novas profecias”, isto é, mensagens
que sejam além daquela que ficou registrada
nas Escrituras Sagradas. O que o Espírito San-
to produz, naquele que tem o dom de profeta,
é uma capacidade sobrenatural para inter-
pretar e apresentar a mensagem bíblica, com
profundidade e com aplicação viva e eficaz na
vida dos ouvintes.
A Bíblia incentiva que os cristãos julguem
as profecias (1 Co 14.29), analisando a mensa-
gem que é transmitida, porque infelizmente,
em nosso meio, assim como nos tempos anti-
gos, existem falsos profetas (Mt 7.15).
2.3. EVANGELISTAS
O termo “evangelista” vem de uma palavra
grega que significa “aquele que anuncia boas
notícias”.
08/07/2019 12:24:07
 Por mais que um evangelista eventualmen-
te possa ensinar e pastorear, sua mensagem
sempre apresentará a “boa notícia dos céus”.
O resumo dessa notícia é o seguinte: Jesus
morreu, ressuscitou e deseja salvar os homens.
O evangelista, pela atuação do Espírito por
meio dele, leva as pessoas ao arrependimen-
to dos pecados e à decisão por uma vida com
Cristo.
Todo cristão deve evangelizar, mas aquele
que recebeu o dom de evangelista recebeu
uma graça especial. Ele contagia as pessoas
através da própria fé, ele motiva as pessoas
a se aproximarem de Deus. Ele constrange as
pessoas a entregarem suas vidas por comple-
to ao Senhor.
Enquanto um pastor pregará toda a sema-
na, permanecendo por muito tempo sem ver
alguém decidindo por Cristo, o evangelista,
com uma única mensagem, levará todo um
auditório aos pés de Jesus.
Apresentar o Evangelho às pessoas não é
uma opção, é uma ordem do Senhor. Inde-
pendentemente de termos o dom ou não,
precisamos evangelizar. O desafio da igreja é
encontrar aqueles que têm o dom de evange-
lista, pois estes produzirão frutos de conver-
são de forma sobrenatural, também servindo
de modelo para todos à sua volta.
2.4. PASTORES
A palavra pastor não aparece muitas vezes
na Bíblia, mas geralmente é usada no contex-
to do pastoreio de ovelhas, literalmente.
Jesus é chamado de o bom pastor ( Jo 10.11)
e de o grande Pastor das ovelhas (Hb 13.20). Pe-
dro falou sobre o Supremo Pastor que virá um
dia, que é o próprio Jesus (1 Pe 5.4). Se Jesus é
esse Supremo Pastor, podemos presumir que
existam outros pastores abaixo de Sua lide-
rança. Estes são os pastores, que receberam
esse título ou não. Um pastor é usado pelo
Espírito para “aconselhar, orientar, advertir e
guardar o rebanho”.
Na Segunda Guerra Mundial existiam pi-
lotos chamados de pastores. Eles tinham a
incumbência de guiar aviões que tivessem
. 63 .
Maturidade.indd 63
sofrido algum tipo de pane em seus painéis
de volta aos hangares. Esses aviões voavam à
frente ou ao lado, de forma visível, para guiar
seus companheiros ao lugar seguro.
Todos aqueles que se propuserem a guiar
pessoas estarão fazendo o trabalho de um
pastor, mas algumas pessoas recebem um
dom especial para essa função, manifestan-
do uma capacidade sobrenatural para o pas-
toreio.
Nem todo pastor do nosso tempo (quanto
ao título) tem o dom de pastor. Por isso, é im-
portante que aqueles em quem esse dom é
evidenciado sejam colocados na função do
cuidado de pessoas, mesmo que não tenham
o título.
2.5. MESTRES
Existem alguns estudiosos que defendem
a união desses dois últimos dons, como se
Paulo estivesse fazendo referência ao dom
de “pastor-mestre”. Isso porque, na verdade,
todo mestre é potencialmente um bom pastor.
O mestre é um “instrutor”, pois, após o
evangelista fazer o seu trabalho, de levar as
pessoas a Cristo, o pastor e o mestre deve-
rão conduzir as pessoas ao crescimento es-
piritual. O mestre é aquele que apresenta a
Palavra de Deus aos novos convertidos, le-
vando-os a descobrirem e guardarem os en-
sinamentos de Cristo, conforme a parte final
da Grande Comissão: “Ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt
28.20).
Hoje em dia, com milhares de denomina-
ções e confusões teológicas, nunca foi tão im-
prescindível a manifestação dos mestres, pois
eles eliminarão falsas interpretações e ensi-
narão a mensagem com fidelidade ao propó-
sito do autor da Escrituras.
O desafio de toda igreja que desejar ser relevante
é encontrar e desenvolver esses cinco ministérios
– o apóstolo, o profeta, o evangelista, o pastor
e o mestre. Lembrando que nem sempre
eles carregarão um título eclesiástico, mas
certamente estarão entre os nossos irmãos.
08/07/2019 12:24:07
 3. DONS DO ESPÍRITO
Os dons do Espírito servem para edificar a
igreja. Eles são dados por Deus para todos os
cristãos que desejarem servir ao Senhor.
Ser cheio do Espírito Santo sempre foi algo
valorizado pela igreja, desde o seu início, por-
que os homens cheios do Espírito Santo ma-
nifestam os dons do Espírito e assim se tornam
relevantes na missão que Cristo nos deu.
Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de
boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria,
aos quais encarregaremos deste serviço. (Atos
6.3).
Como já mencionado anteriormente, a lista
dos dons do Espírito é enorme. Poderíamos ci-
tar: dom de socorro e de governo (1 Co 12.28),
dom de misericórdia, dom para exortar, con-
tribuir e presidir (Rm 12.8). Deteremo-nos em
analisar os mais comuns e conhecidos, que
são os nove dons de 1 Coríntios 12:
Porque a um é dada, mediante o Espírito, a
palavra da sabedoria; e a outro, segundo o
mesmo Espírito, a palavra do conhecimento;
a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro,
no mesmo Espírito, dons de curar; a outro,
operações de milagres; a outro, profecia; a outro,
discernimento de espíritos; a um, variedade de
línguas; e a outro, capacidade para interpretá-
las. (1 Coríntios 12.8-10).
3.1. PALAVRA DE SABEDORIA
A sabedoria pode ser definida como a “cor-
reta aplicação do conhecimento”. Quando se
tem conhecimento de algo, não há garantia
de sucesso naquilo, a menos que se saiba o
que fazer – isso é sabedoria.
Digamos que a palavra de sabedoria é a ca-
pacidade sobrenatural que o Espírito Santo
dá a uma pessoa para que ela dê orientação e
direção a outras pessoas. Não é uma sabedo-
ria contínua sobre a vida daquele que a pos-
sui, mas é uma manifestação específica para
um momento específico. A pessoa receberá e
. 64 .
Maturidade.indd 64
transmitirá uma palavra de sabedoria, dando
direção às pessoas.
Nas Escrituras, encontramos um exemplo
da manifestação desse dom no texto de Atos
27.31: “Disse Paulo ao centurião e aos soldados:
Se estes não permanecerem a bordo, vós não
podereis salvar-vos”.
Quando Paulo foi preso e estava sendo le-
vado para Roma, sob a escolta de uma tropa
de soldados romanos, uma enorme tempes-
tade atingiu o barco, fazendo com que todos
temessem pelas suas vidas. O apóstolo per-
cebeu que os marinheiros estavam querendo
abandonar o navio, pois já haviam tentado
tudo o que era possível para manter o bar-
co em segurança. Paulo deu uma palavra de
sabedoria ao capitão que liderava sua escol-
ta, dizendo que eles não sobreviveriam se os
experientes marinheiros os deixassem para
trás. Os soldados, então, com base nas pala-
vras de Paulo, cortaram as cordas que segu-
ravam os botes salva-vidas, fazendo os mari-
nheiros permanecerem no barco.
Existem três divisões nos nove dons do Espí-
rito, fazendo com que a palavra de sabedoria
faça parte da primeira divisão: os dons de re-
velação, que são compostos pela “palavra de
sabedoria”, “palavra de conhecimento” e “dis-
cernimento de espíritos”.
3.2. PALAVRA DE CONHECIMENTO
Veja nos versículos a seguir como o após-
tolo Paulo relacionou a sabedoria com o co-
nhecimento:
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria
como do conhecimento de Deus! (Romanos
11.33a).
Em quem todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento estão ocultos [Cristo]. (Colossenses
2.3).
A palavra de conhecimento revela fatos do
passado, do presente e do futuro. As neces-
sidades para a manifestação desse dom são
várias: Dissipar confusões, influenciar decisões,
localizar problema e apresentar a necessidade
08/07/2019 12:24:07
 de determinada ação. É um dom que “traz à luz
coisas ocultas e pessoais”, a fim de dar uma
orientação específica quanto ao que foi reve-
lado.
Já citamos anteriormente um exemplo de
manifestação da palavra de sabedoria na vida
de Paulo, em Atos 27. O interessante é que
Paulo manifestou também a palavra de conhe-
cimento neste relato:
Senhores, vejo que a viagem vai ser trabalhosa,
com dano e muito prejuízo, não só da carga e do
navio, mas também da nossa vida. (Atos 27.10).
Nesse texto, Paulo demonstrou ter recebi-
do uma palavra de conhecimento, preparando
a todos para algo terrível que lhes acontece-
ria na viagem, o que acabou se confirmando.
A palavra de conhecimento revela uma pe-
quena parte do infinito conhecimento de
Deus. Não é uma manifestação contínua,
assim como na palavra de sabedoria, mas é a
graça que Deus dá para que fatos específicos
sejam revelados ao que possuem esse dom.
Como já mencionado, existe uma relação
importante entre os dons, por isso, não basta
“conhecer algo oculto”, muito menos “ver algo
de forma sobrenatural”, é necessário que,
junto da palavra de conhecimento, busque-se
a palavra de sabedoria, para saber o que fazer
e como interpretar corretamente os fatos.
3.3. FÉ
O dom da fé é diferente da fé que todos
exercemos por sermos cristãos. Esse dom
é uma capacidade sobrenatural dada ao ho-
mem pelo Espírito Santo para crer em algo
específico, em um momento específico, para
o cumprimento do propósito de Deus. É uma
capacidade para crer em algo impossível, nas
mais variadas áreas em que Deus deseja ope-
rar.
Assim como já mencionado nos dons an-
teriores, não é uma manifestação contínua,
como se a pessoa passasse a ter uma fé so-
brenatural em todos os momentos. É uma
manifestação esporádica, que pode levar al-
. 65 .
Maturidade.indd 65
guém a “ordenar que a chuva pare, e assim
acontecerá”.
Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque
em verdade vos afirmo que, se alguém disser a
este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não
duvidar no seu coração, mas crer que se fará o
que diz, assim será com ele. (Marcos 11.22,23).
Na maioria das vezes que esse dom se ma-
nifesta, é difícil identificá-lo, pois ele pode se
confundir com outros dons. A manifestação
dele pode gerar curas ou realizar milagres, jus-
tamente porque o dom da fé faz parte do gru-
po dos dons de poder, que incluem os “dons
de curar” e o dom de “operação de milagres”.
3.4. DONS DE CURAR
Os dons de curar são manifestações sobre-
naturais para “curar todo o tipo de doenças,
males e indisposições existentes”. Esse é um
dom plural, pois pode dar a diferentes pes-
soas diferentes dons para curar diferentes
tipos de enfermidades. Por exemplo: Alguém
pode receber um dom para curar câncer, outro
para curar infertilidade e outro para curas emo-
cionais (da alma).
Precisamos entender que não existem ape-
nas doenças físicas, elas também se mani-
festam na alma. Muitas pessoas jamais serão
usadas para fazer “caroços” desaparecerem
ou paralíticos andarem, mas receberão uma
graça especial para ministrar cura “para a
alma” das pessoas.
Nos Evangelhos, muitas vezes Jesus não
curou as pessoas devido à falta de fé delas
(Mc 6.5-6), assim como muitas curas foram
frutos da fé daqueles que buscavam o mila-
gre (Mt 9.2). Nesses dois casos, não existiu a
manifestação dos dons de curar; porém houve
momentos onde Jesus simplesmente curou a
todos, sendo provável que pelo menos uma
pessoa, dentre todas, tivesse uma fé deficien-
te (Mt 8.16). Isso demonstra que os dons de
curar estavam em Jesus, independentemente
da fé das pessoas.
08/07/2019 12:24:08
 Vale ressaltar que as curas fazem parte es-
sencial da pregação do Evangelho, pois a “boa
notícia”, para os enfermos, é que Jesus tem
poder para curá-los. Nossa pregação precisa
ser acompanhada dos sinais, sendo as curas
um dos principais.
3.5. OPERAÇÃO DE MILAGRES
Antes de tudo, precisamos definir o conceito
de “milagre”. No original grego, quando esse
dom é citado no texto de 1 Coríntios 12.10, a
palavra é dunamis, que significa “poder”. Esse é
um dom que manifesta o poder de Deus.
Como já mencionado anteriormente, o
“dom da fé”, o “dom das curas” e o “dom da
operação de milagres” fazem parte do grupo
dos dons de poder, sendo difícil de identificá-
-los em separado, pois todos operam situa-
ções impossíveis.
Os milagres, na Bíblia, estão relacionados
aos sinais e maravilhas. Em vários textos, es-
sas três palavras são mencionadas juntas (At
2.22; 6.8; 2 Co 12.12; Hb 2.4). Todo milagre, si-
nal ou maravilha tem o objetivo de apontar
para Deus. Não existe milagre que não tenha
o objetivo de promover fé em Deus no cora-
ção das pessoas.
Observe as palavras de Jesus no texto a se-
guir:
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em
Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres
que em vós se fizeram, há muito que elas se
teriam arrependido com pano de saco e cinza.
(Mateus 11.21).
A advertência de Jesus para os habitantes de
Corazim e Betsaida diz respeito aos inúmeros
milagres que aconteceram nos limites de suas
cidades, sem resultar em fé para arrependi-
mento e salvação. Para esses habitantes, de
nada valeram os milagres, pois o principal ob-
jetivo deles era levá-los à salvação.
3.6. PROFECIA
O dom de profecia faz parte de um grupo
de dons que pode ser chamado de dons da
. 66 .
Maturidade.indd 66
Palavra. Fazem parte desse grupo os dons de
“variedade de línguas”, “interpretação de lín-
guas” e o de “profecia”.
Dois versículos resumem a importância da
profecia:
Mas o que profetiza fala aos homens para
edificação, exortação e consolação. O que fala
em língua edifica-se a si mesmo, mas o que
profetiza edifica a igreja. (1 Coríntios 14.3,4).
O dom de profecia traz edificação, exortação
e consolação da parte de Deus à igreja. Por
isso a profecia é tão importante! Ela abrange
todas as necessidades que as pessoas têm!
Tudo o que Deus deseja falar com o homem
tem a ver com esses três âmbitos de atuação
da profecia.
• Edificar nada mais é do que “fortalecer,
construir e ensinar princípios da Pala-
vra de Deus”, para o crescimento espi-
ritual do cristão;
• Exortar é “estimular, animar, motivar” o
cristão a permanecer fiel e compromis-
sado com o Senhor;
• Consolar é trazer conforto ao coração
daqueles que estão sofrendo ou ten-
do problemas na caminhada da fé, e
é combustível para continuar a cami-
nhar;
Quem é usado em profecia se torna “boca
de Deus” entre os irmãos.
3.7. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITO
Como mencionado anteriormente, o dom do
discernimento de espíritos faz parte do grupo
dos dons de revelação. Isso porque esse dom
também “traz à luz aquilo que está oculto aos
olhos e à percepção natural dos homens”.
Quais são os espíritos que são discernidos
por esse dom? Os espíritos malignos, o espírito
humano e o Espírito Santo. É a capacidade de
ter contato e perceber as coisas que aconte-
cem no mundo espiritual.
Uma boa maneira de explicar a manifes-
tação do dom de discernimento de espíritos é
08/07/2019 12:24:08
 através dos cinco sentidos do homem: visão,
audição, tato, paladar e olfato.
A visão é uma das formas de discernir os es-
píritos. Aqueles que têm esse dom frequente-
mente verão demônios ou manifestações es-
pirituais, como se seus olhos fossem abertos
para o mundo espiritual.
A audição espiritual é uma realidade para
aqueles que têm o dom do discernimento de
espíritos, pois poderão ter a experiência de
ouvir seres espirituais, seja no espírito, seja
de forma audível. Existem vários relatos de
pessoas que ouviram anjos (Ex: profeta Da-
niel e Maria).
O tato se manifesta, nesse dom, como a ca-
pacidade de sentir a presença de seres espiri-
tuais. A pessoa pode ser literalmente tocada,
assim como senti-los por meio de sensações
boas ou ruins.
O paladar espiritual nada mais é do que ter
em nossa própria boca a vida ou a morte. Não
é somente uma experiência individual, como
se pudéssemos sentir algum gosto estranho
(o que pode acontecer), mas é perceber, por
meio de palavras, qual a natureza do espírito
que está se manifestando.
O olfato se manifesta, literalmente, median-
te a capacidade de sentir cheiros. Um odor de
podridão poderá significar que um espírito de
morte está próximo, assim como um perfu-
me agradável e de “boa sensação” poderá ser
evidência da presença de Deus ou de anjos
do Senhor.
Esse é um dom fundamental e muito impor-
tante entre os discípulos, pois as Escrituras
dizem que até mesmo Satanás pode se fazer
passar por anjo de luz (2 Co 11.14). Sem o dis-
cernimento de espíritos, podemos ser facilmen-
te enganados pelas forças espirituais do mal.
3.8. VARIEDADE DE LÍNGUAS
O dom da variedade de línguas não se mani-
festa apenas na “capacidade de falar línguas
inteligíveis e desconhecidas dos homens”,
mas também de “levar uma pessoa a falar
outra língua terrena que não seja a sua nati-
va”. Essa segunda manifestação aconteceu no
. 67 .
Maturidade.indd 67
dia do derramamento do Espírito Santo, em
Atos 2. As palavras ouvidas não eram línguas
estranhas, mas línguas de povos presentes na
festa de Pentecostes. Cada homem ouvia o
grupo de discípulos falando em suas próprias
línguas (At 2.4-11).
Conforme Paulo ensinou aos coríntios (1
Co 14.4), o dom da variedade de línguas serve
para a própria edificação, assim como para a
edificação da igreja e de outras pessoas. Inte-
ressante que esse é um dos primeiros dons
do Espírito que se manifestam no cristão,
porque ele auxilia-nos a alcançar os outros
dons. Todos os cristãos não só podem, como
devem buscar a manifestação desse dom em
suas vidas (1 Co 14.5).
3.9. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
O significado do termo interpretação de lín-
guas é autoexplicativo. Esse dom dá a capaci-
dade a uma pessoa “para interpretar línguas
desconhecidas das pessoas à volta”. Essa
pessoa recebe a capacidade de traduzir uma
língua desconhecida para que todos enten-
dam o que está sendo dito.
Como já mencionado, esse dom faz par-
te dos dons da palavra. A profecia é exalta-
da como um dos principais dons, por isso,
quando a “interpretação de línguas” traz ao
entendimento comum das pessoas a palavra
da “variedade de línguas”, ela se torna profe-
cia. Os três dons dessa categoria trabalham
juntos.
O dom de interpretação de línguas é essen-
cial à igreja. Leia as palavras de Paulo aos co-
ríntios sobre isso:
No caso de alguém falar em outra língua,
que não sejam mais do que dois ou quando
muito três, e isto sucessivamente, e haja quem
interprete. Mas, não havendo intérprete, fique
calado na igreja, falando consigo mesmo e com
Deus. (1 Coríntios 14.27,28).
Na tabela a seguir serão apresentadas as
três divisões dos nove dons, conforme men-
cionado no texto anterior:
08/07/2019 12:24:08
 DONS ESPIRITUAIS
Palavra de sabedoria
Dons de revelação Palavra de conhecimento
Discernimento de espíritos
Fé
Dons de poder Dons de curar
Operação de milagres
Profecia
Dons da Palavra Variedade de línguas
Interpretação de línguas

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE ________________________________________________

CONTEÚDO
________________________________________________
1) Explique o conceito de Jesus mover-Se
no Espírito Santo. ________________________________________________
2) Qual a diferença entre dons ministeriais e
dons do Espírito? ________________________________________________
3) Resuma os três sentidos para a palavra
________________________________________________
apóstolo no Novo Testamento:
4) Qual a relação entre o dom da palavra ________________________________________________
de conhecimento e o da palavra de sabe-
doria? ________________________________________________
5) Quais são as três divisões dos nove
________________________________________________
dons? Cite os nove dons dentro das di-
visões. ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 68 .

Maturidade.indd 68 08/07/2019 12:24:08

 é katoiketerion, que significa “residência per-
manente”.
Deus não tem uma residência física ou uma
localidade geográfica, Ele não habita no topo
dos montes. Deus é onipresente, isto é, está
em todos os lugares, ao mesmo tempo, por
isso Sua presença preenche todos os espaços
do Universo. A Palavra de Deus revela que Ele
faz habitação em nós, por meio do Espirito
Santo. Nós que somos lavados e remidos pelo
sangue de Jesus, somos habitação dEle.
Deus começa a habitar em nós quando
entregamos a nossa vida para Cristo. Nesse
momento, a presença de Cristo preenche
o nosso espírito, que estava morto, mas foi
ressuscitado pelo Espírito Santo. Além disso,
o Espírito testifica em nosso espírito que so-
mos filhos de Deus (Rm 8.16).

Como dono ele pôs a sua marca em nós e

colocou no nosso coração o Espírito Santo, que
é a garantia das coisas que ele guarda para nós.
(2 Coríntios 1.22 NTLH)

A seguir, vamos desenvolver melhor esse

conceito, com mais detalhes acerca desta ver-
dade libertadora na vida do cristão, desmis-

LIÇÃO 9 tificando alguns paradigmas de religiosidade

e alcançando maturidade na fé viva e eficaz.

O DEUS QUE RESIDE

1. A REVELAÇÃO BÍBLICA DA
RESIDÊNCIA DE DEUS EM NÓS

Não sabeis que sois santuário de Deus e que o

Todo cristão deve compreender que Deus
Espírito de Deus habita em vós? (1 Coríntios 3.16)
não mora em templos construídos por mãos
humanas (At 17.24), Ele escolheu habitar em
No passado, Deus ordenou que lhe cons-
nós. Todos os que estão em Cristo consti-
truíssem um tabernáculo com detalhes que
tuem o Seu templo, Sua habitação, Sua resi-
Ele mesmo havia ordenado, e o povo de Israel
dência permanente (1 Co 3.16). Nós somos a
o fez, sob a liderança de Moisés. O tabernácu-
“residência de Deus” na terra!
lo servia como lugar de encontro entre Deus
No qual também vós juntamente estais sendo
e os homens, e desta forma ficou conhecido
edificados para habitação de Deus no Espírito.
como a “tenda da congregação”:
(Efésios 2.22)
Ora, Moisés costumava tomar a tenda e
armá-la para si, fora, bem longe do arraial; e
Habitação é um lugar de moradia. A pala-
lhe chamava a tenda da congregação. Todo
vra para habitação, nesse versículo, no grego
aquele que buscava ao Senhor saía à tenda da

. 69 .

Maturidade.indd 69 08/07/2019 12:24:10

 congregação, que estava fora do arraial.
(Êxodo 33.7)
O tabernáculo era uma tenda móvel, para
atender a necessidade de peregrinação do
deserto. Mais tarde, Salomão construiu um
imponente templo no lugar do tabernáculo.
O templo era o lugar onde o povo se reunia
para ter comunhão com Deus, e ali o Senhor
manifestava sua glória. O templo era um lugar
especial para os judeus, pois era onde Deus
se revelava às pessoas. Apesar dEle só se ma-
nifestar aos sacerdotes.
Quando o povo de Israel foi levado cati-
vo para a Babilônia, o templo foi saqueado,
destruído e incendiado. Somente depois do
regresso da nação, sob a liderança de Zoro-
babel, Esdras e Neemias é que ele foi recons-
truído. Na Antiga Aliança, Deus escolheu um
lugar físico para habitar. Esse lugar era o ta-
bernáculo, que depois virou o templo.
Quando Jesus morreu, o véu do templo se
rasgou de alto a baixo:
Eis que o véu do santuário se rasgou em duas
partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-
se as rochas. (Mateus 27.51)
Esse véu separava as pessoas comuns da
presença de Deus. A morte de Cristo abriu
caminho para que todos pudessem ter conta-
to direto com Deus, em qualquer lugar. Hoje,
quem receber a Jesus como seu Senhor e
Salvador receberá o Espírito Santo, que fará
morada em seu coração. Assim, cada cristão
se torna templo de Deus, um lugar onde Deus
pode manifestar sua glória.
No Evangelho de João, no capítulo 4, rela-
ta a história de uma mulher samaritana que
questionou Jesus sobre em qual lugar deveria
ser prestada adoração a Deus.
Nossos pais adoravam neste monte; vós,
entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar
onde se deve adorar. ( João 4.20)
Ao mencionar estes dois lugares, a mulher
tinha dúvidas sobre questões religiosas, so-
bre tradições de lugares sagrados. Os judeus
. 70 .
Maturidade.indd 70
diziam que o lugar de adoração a Deus era
no templo de Jerusalém, já os samaritanos re-
verenciavam o monte Gerizim como sagrado
para adoração. Ela achava que o lugar certo
para adoração e sacrifício era o monte Ge-
rizim, mas naquele momento estava diante
de um profeta, conforme as palavras dela ( Jo
4.19), e tinha certeza de que Ele tinha a res-
posta certa.
Jesus ensinou àquela mulher algo muito
importante: Que para adorarmos a Deus e Ele
manifestar a Sua Glória, não estamos limitados
a um espaço físico. A adoração não estava li-
mitada ao monte ou ao templo, onde os reli-
giosos acreditavam que Deus habitava. Jesus
respondeu assim:
Deus é espírito; e importa que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade.
( João 4.24)
Quando alguém nasce do Espírito ( Jo 3.5),
pode se comunicar com Deus aonde quer
que esteja. A adoração é algo do coração, algo
espiritual, “de dentro para fora”.
Na igreja primitiva, percebe-se uma nova
ênfase quanto ao conceito da presença de
Deus, que já não estava ligada ao templo ou
qualquer edifício construído por mãos huma-
nas. Estevão antes do martírio declarou:
Entretanto, não habita o Altíssimo em casas
feitas por mãos humanas. (Atos 7.48)
Esta mensagem chegou ao coração de seu
perseguidor, Saulo, que observava Estevão ser
morto à pedradas. Mais tarde, Saulo foi o gran-
de apóstolo dos gentios, que escreveu que o
santuário de Deus somos nós (1 Co 3.16)!
No Antigo Testamento, a glória do Senhor
enchia o tabernáculo e o templo. Agora, a gló-
ria dEle, por intermédio do Espírito Santo, en-
che o coração de cada cristão e, consequen-
temente, enche todo o corpo de Cristo, que
é a igreja.
Os sacerdotes do Antigo Testamento não
poupavam esforços para manter o santuário
purificado, para a presença de Deus. Assim
08/07/2019 12:24:10
 todo cristão também deve ter o zelo de cuidar
do seu corpo e de sua vida espiritual, na cons-
ciência de que é templo do Espírito Santo.
Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que
uma pessoa cometer é fora do corpo; mas
aquele que pratica a imoralidade peca contra
o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso
corpo é santuário do Espírito Santo, que está em
vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não
sois de vós mesmos? Porque fostes comprados
por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso
corpo. (1 Coríntios 6.18-20)
Somos templo, morada, habitação, Casa de
Deus, Corpo de Cristo, porque o nosso Deus é
um Deus residente.
2. A BÍBLIA É UM “GRANDE
ROMANCE”
A narrativa bíblica pode ser considerada
um grande romance, pois ela descreve a re-
lação de amor do Criador com o homem, a
obra mais excelente dEle. De Gênesis a Apoca-
lipse, leremos na Palavra Deus manifestando
seu amor aos homens. Ele nunca teve dificul-
dade para amar, mesmo quando o homem o
desagradou, pois “Deus é Amor” (1 Jo 4.8), e
esse amor é Incondicional, isto é, nada que o
homem faça pode aumentá-lo ou diminui-lo,
Deus simplesmente Ama profundamente a
humanidade.
O grande problema nesse relacionamento,
sempre esteve do lado dos homens. Desde
que foram criados, homem e mulher demons-
traram inconstância no seu relacionamento
com o Criador. Haja vista que eles deram ou-
vidos à serpente e foram contaminados pelo
pecado, abrindo mão do estado de obediên-
cia (Gn 2.16,17). Mesmo diante das péssimas
escolhas do homem, com seu grande amor,
Deus não abriu mão do seu plano.
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa
do grande amor com que nos amou, e estando
nós mortos em nossos delitos, nos deu vida
juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos.
(Efésios 2.4,5)
. 71 .
Maturidade.indd 71
O amor de Deus é superior ao amor hu-
mano, ele não é recíproco, pois o homem
jamais conseguiria praticá-lo na plenitude.
O amor de Deus é incomparável e ilimitado!
Este amor rompe barreiras e tem o poder de
transformar o coração mais endurecido.
Foi pelo amor de Deus que surgiu o plano
da salvação, e sem esse amor, Jesus nunca
teria morrido na cruz para nos resgatar do
poder do pecado e da morte. Agora, toda a
humanidade tem a oportunidade de se re-
conciliar com Deus, mediante o sacrifício de
Jesus na cruz do Calvário.
Na linguagem bíblica, Jesus é chamado de Noi-
vo, que espera Sua noiva, que é a Igreja, para o
grande dia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7), ou,
em outras palavras, o dia em que nos “casare-
mos com Ele” (conforme a alegoria bíblica).
Essa figura nos apresenta a ideia de um
grande romance, pois o casamento é usado
frequentemente nas Escrituras, para repre-
sentar a relação entre Deus e seu povo; como
acontece no livro de Oseias.
No Antigo Testamento, no livro de Ezequiel,
o profeta apresenta Deus como “o marido”
e o povo de Israel como “a esposa” (Ez 16.8-
14). Assim como no Novo Testamento, Cristo
é retratado como “o noivo” e a igreja, a noi-
va (Ef 5.25-27,32). Ao compreender a riqueza
dessa alegoria, daremos maior importância à
obediência e ao relacionamento com Deus no
nosso dia-a-dia.
O amor de Cristo pela igreja é tão real quan-
to a cruz. O sacrifício não foi por obrigação,
foi pelo zelo do Noivo pela Sua noiva. Jesus
entregou sua própria vida pela igreja.
Maridos, amai vossas mulheres, como também
Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou
por ela. (Efésios 5.25)
A alegoria do “casamento de Cristo com a igre-
ja” nos apresenta uma das experiências mais
profundas e mais íntimas, o casamento, que nos
tornará “um com Ele”. O relacionamento de Deus
não está baseado em uma necessidade dEle, Ele
quer estar próximo do homem para abençoá-lo
e revelar seu grande amor.
08/07/2019 12:24:10
 Na obra da redenção, Cristo, que é Deus,
se tornou homem. Agora, após a execução da
obra dEle, nós, que éramos humanos e cria-
turas de Deus, recebemos a possibilidade de
nos tornarmos filhos e a igreja. Agora nosso
relacionamento pode ser estreito, profundo e
íntimo com Ele.
3. O RELACIONAMENTO ÍNTIMO
É PARA OS “NASCIDOS DUAS
VEZES”
Conforme já estudamos em lições anterio-
res, o homem é constituído de três elementos
distintos: espírito, alma e corpo. A base bíblica
para esta conclusão se encontra em 1 Tessa-
lonicenses 5.23, onde se lê: E o mesmo Deus
de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente con-
servados irrepreensíveis para a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo.
O homem é um espírito, possui uma alma e
habita em um corpo. C.S. Lewis
O espírito do homem é o “sopro ou o fôle-
go” de Deus (Gn 2.7). Ele é a região mais ele-
vada da natureza humana, pois através dele é
que nos relacionamos com o nosso Senhor e
pelo nosso espírito podemos ouvir a Sua voz,
recebermos Suas direções, bem como ser-
mos edificados. Entretanto, com a queda do
homem (Gn 3.6-7), esse propósito se perdeu.
O espírito do homem, que antes tinha uma
natureza de vida, passou a ter uma natureza
de morte, evidentemente, perdendo a comu-
nhão com Deus, tornando o homem carnal e
escravo do pecado.
A alma, que é a nossa mente, também foi
afetada pela natureza de morte, tornando-
-nos escravos do pecado e dos desejos na-
turais. Por isso, perdemos a percepção es-
piritual e ficamos perdidos, aguardando a
salvação, o dia em que seríamos tirados des-
sa condição e nasceríamos de novo.
O teólogo A. W. Tozer , de uma maneira
esclarecedora e muito inteligente, escreveu
o livro: Homem, a habitação de Deus, sobre a
. 72 .
Maturidade.indd 72
questão do nascimento e da cidadania celes-
tial. Lá, ele explica que, no que diz respeito
à difícil classificação dos seres humanos, se
quisermos de fato pensar como Deus, só
existem dois tipos de pessoas: os nascidos
uma vez e os nascidos duas vezes. Isso porque
uns permanecem na vida do pecado e outros
recebem o segundo nascimento em Cristo.
O novo nascimento torna-se o meio para
o homem voltar a ter comunhão com Deus,
para conhecê-lo e estar conectado com Ele.
Novo nascimento não é mudar de religião,
ser batizado ou ser membro de uma igreja
somente, novo nascimento é uma mudança
radical e sobrenatural, livre e soberana, de
Deus em sua vida. O nascer de novo ou o nas-
cer do Espírito é o processo que nos transfor-
ma novamente em seres espirituais.
A história de Nicodemos, muito conhecida
no Evangelho de João, retrata a dúvida de
um homem sobre coisas espirituais. Jesus foi
enfático em dizer: Quem não nascer de novo
não pode ver o reino de Deus ( Jo 3.3), e disse
mais: Quem não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no reino de Deus ( Jo 3.5). Fina-
lizou dizendo: Necessário é vos nascer de novo
( Jo 3.7). O novo nascimento é uma condição
indispensável ao cristão.
Aquele que nasceu uma única vez conhece
o reino material, onde tudo pode ser visto e
experimentado de forma natural. Ele vive em
um nível de existência que todas as criaturas
experimentam: Vivem, comem e morrem. Uma
existência limitada, que nunca provará o so-
brenatural de Deus.
Os nascidos duas vezes experimentam algo
diferente, que não pode ser racionalizado e
que lhes dá a certeza de que, uma vez tendo
nascido pela segunda vez no Espírito, não per-
tencem mais a esse mundo. Nascer de novo
é uma experiência espiritual que muda o nos-
so ser, e somos colocados assentados nas
regiões celestiais (Ef 1.3). Transforma-nos em
cidadãos de outro Reino, onde passamos a ser
governados imediatamente pelo Rei Jesus.
Mesmo habitando nesse tabernáculo de
carne, que é o nosso corpo, e caminhando
nessa terra, se nascemos do Espírito, somos
08/07/2019 12:24:11
 espirituais. Com isso, nos tornamos novamen-
te qualificados para nos relacionar com Deus.
4. AMALGAMADOS COM CRISTO
Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito
com Ele. 1 Coríntios 6.17)
Amalgamado vem do verbo “amalgamar”,
é o mesmo que “mesclado, combinado, mis-
turado, fundido, reunido”, ou seja, estamos
unidos com Cristo. Essa é uma verdade que
precisa ser compreendida por todos que re-
ceberam a Cristo como Senhor. Todo aquele
que nasceu de novo se uniu ao Senhor e tor-
nou-se um só espírito com Ele. Fomos amal-
gamados em Cristo.
O apóstolo Paulo afirma em Gálatas 2.20a:
Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim. A certeza de Paulo é que Cristo re-
sidia dentro dele. Sua vida agora era para
agradá-Lo, sua convicção era que tudo o que
Cristo é, e possui, ele tinha também.
Jesus quer se misturar conosco, por isso em
uma das últimas orações que ele fez, registra-
das por João, Ele pediu ao Pai que promoves-
se essa união entre Ele e a igreja:
Não rogo somente por estes, mas também
por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra; a fim de que todos
sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu
em ti, também sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho
transmitido a glória que me tens dado, para
que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu
em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na
unidade, para que o mundo conheça que tu me
enviaste e os amaste, como também amaste a
mim. ( João 17.20-23)
Sermos um com Cristo e o Pai não pode ser
uma ideia vaga, em nossa mente. Precisamos
absorver essa verdade das páginas da nos-
sa Bíblia e nos apropriarmos dela. Só iremos
desfrutar desta realidade espiritual à medida
que tivermos revelação e tomarmos posse
. 73 .
Maturidade.indd 73
desse texto, e assim passaremos a andar com
base nessa verdade.
Acredite! Deus está mais perto de nós do
que muitos imaginam. Nos quatro Evangelhos,
Jesus é chamado de Deus Emanuel, que signi-
fica “Deus conosco” (Mt 1.23), mas Ele mesmo
fala de uma nova realidade e de um novo tem-
po, em que não estaria mais conosco e, sim,
em nós ( Jo 14.17), através do Espírito Santo.
Esse entendimento muda completamente a
nossa percepção da presença de Deus, bem
como a nossa vida de adoração, santidade e
até a nossa maneira de orar. Cristo não está
distante, Ele está dentro de nós! Está conosco
em todos os momentos do nosso dia!
Por mais que sejamos regenerados, muitos
de nós vivem pensando que Deus está do
lado de fora. Oramos como se Ele estivesse
na estratosfera, bem longe de nós e tivesse
de descer para nos visitar.
Deus não precisa vir, Ele já veio! O Espírito de
Deus já foi enviado!
A Palavra de Deus nos ensina que do nos-
so interior fluirão rios de água viva ( Jo 7.38).
Assim, é a partir do nosso interior que fluem
a vida, a unção, percebemos o Seu operar,
e é de onde toda a autoridade é liberada. É
através de nosso espírito que temos essas
impressões.
5. RELACIONAMENTO DE
PROFUNDIDADE
Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo. (Atos 1.8a)
O Espírito Santo é o nosso “selo” ou nosso
“distintivo”, como cristãos! Ele nos capacita,
nos direciona e nos conduz a viver, para a gló-
ria de Deus. Todo aquele que recebeu o Espí-
rito Santo tem dentro de si o maior poder que
um ser humano pode ter.
O significado da palavra poder nos revela
algo importante. Poder significa “exercer sua
autoridade, soberania, a posse de um domí-
nio, da influência ou da força”. A palavra grega
08/07/2019 12:24:11
 para esse poder é dunamis, que passa a ideia
de “força ou poder miraculoso, a habilidade
de realizar milagres, um poder vivo”; gerado
pelo Espírito Santo, nos dando autoridade
contra todas as hostes malignas, potestades
e principados.
Quando o Senhor Jesus nos disse que nós
receberíamos poder, subentende-se que o
Espírito Santo não pode ser um mero espec-
tador na vida do cristão, ele precisa ser um
agente de poder. Nós, os cristãos, devemos
viver uma vida celestial, ainda que vivamos
neste mundo de trevas, pois não somos des-
se mundo.
A profundidade de nosso relacionamento com
Deus vai além de conhecermos o Seu amor, mas
em fazer esse amor conhecido, através da obra
do Espírito Santo.
Dentro de nós habita o “Poder dos pode-
res”. O mesmo poder que curou enfermos,
libertou cativos, ressuscitou mortos e ao pró-
prio Jesus. Esse poder habita em nós e está
em operação através da nossa vida.
À medida que amadurecemos espiritual-
mente, nesse conceito do Deus residente,
nossas maiores experiências acontecerão
quando estivermos a sós com Ele. Não será
mais necessário corrermos em busca de de-
terminada pessoa que orará pela nossa cura,
ou de um líder religioso que tenha um dom,
ou da irmã que é usada para profetizar, pois
a Bíblia diz que: E estes sinais seguirão aos que
crerem (Mc 16.17).
A certeza de que em nós habita o Deus resi-
dente, mudará a nossa percepção da presen-
ça do Espírito Santo.
A fim de poderdes compreender, com todos os
santos, qual é a largura, e o comprimento, e a
altura, e a profundidade e conhecer o amor de
Cristo, que excede todo entendimento, para que
sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora,
àquele que é poderoso para fazer infinitamente
mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos,
conforme o seu poder que opera em nós.
(Efésios 3.18-20)
. 74 .
Maturidade.indd 74
Esse texto de Efésios expressa a profundi-
dade da compreensão do apóstolo Paulo. Ele
reconhece Deus como Pai e a posição do Se-
nhor como o grande Criador e sustentador
de todas as coisas. O apóstolo não desejou
algo material para esses cristãos de Efésios,
mas desejou que eles fossem fortificados
pelo Espírito Santo, no homem interior, ou
seja, que fossem fortalecidos espiritualmen-
te. Paulo desejou que eles compreendessem
a profundidade do amor de Deus, que excede
todo entendimento, para que fossem cheios
de toda a plenitude do Senhor.
Deus deseja que nos aprofundemos em
intimidade com Ele. Não há limites para essa
intimidade. Quanto mais tempo investirmos
em Sua presença, mais cheios do Espírito se-
remos e mais sensíveis à Sua voz.
6. NÃO OLHE PARA CIMA! OLHE
PARA DENTRO!
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco, o Espírito da verdade, que o mundo
não pode receber, porque não o vê, nem o
conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós. ( João 14.16,17)
Nestes versículos, vemos a Trindade sendo
mencionada. Jesus orou ao Pai para que en-
viasse o Espírito Santo. Esse texto possui três
preposições que descrevem a relação entre o
Espírito Santo com o cristão:
1) O Espírito está com os cristãos para ter co-
munhão com eles;
2) O Espírito Santo permanecerá junto a eles
para defendê-los;
3) O Espírito Santo estará neles como uma
fonte de poder;
No contexto desta narrativa, percebe-se
os discípulos com certa insegurança. Após o
prenúncio da traição de Judas ( Jo 13.21), Sua
partida iminente ( Jo 13.33) e a negação de Pe-
dro ( Jo 13.38), Jesus disse aos Seus discípulos
para não ficarem turbados. Não terem mais
Jesus por perto, pois isso estava gerando in-
08/07/2019 12:24:11
 segurança neles, para a continuação da cami-
nhada. Em resposta a essa inquietação deles,
Jesus disse que não os deixaria órfãos, mas
que enviaria o Consolador, o Espírito Santo.
Vimos no livro de Atos, no dia da festa de
Pentecostes, que essa promessa se cumpriu.
Os discípulos foram cheios do Espírito Santo!
Cristo, agora, é revelado dentro de nós. Podemos
olhar para dentro e ver que existe um Deus, que
habita em nosso espírito.
Nele temos comunhão, pois Ele permanece
conosco e por isso temos a certeza de que
Ele é uma fonte de poder, para enfrentarmos
qualquer adversidade.
Isso pode passar despercebido na vida de
alguns cristãos, quando a mente é domina-
da pelas preocupações com as coisas deste
mundo, quando vivem uma vida de pecado,
e se tornam cristãos almáticos. Aquele que
toma as suas decisões por emoções e não
vive mais guiado pelo Espírito Santo. Através
de uma alma independente e uma mente des-
governada, ele dá oportunidade para o inimi-
go atacar a sua mente.
Apesar de termos o Espírito residindo em
nós, ainda estamos em um corpo carnal, su-
jeito ao pecado. Quando cedemos às tenta-
ções, entristecemos o Espírito. Ele até perma-
nece em nós, mas é entristecido.
E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes
selados para o dia da redenção. (Efésios 4.30)
É preciso que vivamos uma vida para agra-
dar ao Espírito, para então vivermos uma vida
digna Daquele que habita dentro de nós.
7. CRISTO EM NÓS
Porque todos quantos fostes batizados em
Cristo, de Cristo vos revestistes. (Gálatas 3.27)
A expressão em Cristo vai aparecer diversas
vezes no Novo Testamento. Observe o privi-
légio quando estamos em Cristo Jesus, veja o
que isto significa:
. 75 .
Maturidade.indd 75
1) Em Cristo, você recebeu graça antes de o
mundo ter sido criado (2 Tm 1.9);
2) Em Cristo, você foi escolhido antes da cria-
ção (Ef 1.4);
3) Em Cristo, você é amado com um amor in-
separável (Rm 8.38–39);
4) Em Cristo, você foi redimido e perdoado de
todos os seus pecados (Ef 1.7);
5) Em Cristo, fomos feitos justiça de Deus (2
Co 5.21);
6) Em Cristo, você se tornou uma nova criatu-
ra (2 Co 5.17);
7) Em Cristo, você foi assentado nos lugares
celestiais (Ef 2.6);
8) Em Cristo, você está sendo santificado (1
Co 1.2);
9) Em Cristo, tudo o que você realmente ne-
cessita será suprido (Fp 4.19);
10) Em Cristo, a paz de Deus guardará o seu
coração e sua mente (Fp 4.7);
11) Em Cristo, você tem vida eterna (Rm 6.23);
12) Em Cristo, você será ressuscitado dos mor-
tos (1 Co 15.22);
CRISTO ESTAR EM NÓS É
EXTRAORDINÁRIO!
Por que tantos cristãos ainda não estão viven-
do tudo aquilo que é para eles em Cristo? O após-
tolo Paulo usa a expressão em Cristo para falar
do direito dos cristãos, na posição de filhos de
Deus, o que lhes é dado pela graça.
A ênfase do em Cristo é compreender que
podemos fazer as mesmas coisas que ele fez
e até realizar obras maiores.
Em João, no capítulo 15, vamos ver a pará-
bola da videira, que nos dá um exemplo ma-
ravilhoso. Ele se apresenta como a videira e
nós somos os ramos. A biologia explica a fun-
ção do caule. Ele é uma parte da planta que
tem principalmente a função de condução de
substâncias e sustentação, sendo o eixo onde
se desenvolvem os ramos. As duas principais
funções do caule são suporte e condução. Es-
tar em Cristo nos garante uma vida vitoriosa,
pois nEle recebemos suporte e os nutrientes
espirituais para a vida, assim como o caule
conduz vida aos ramos.
08/07/2019 12:24:11
 Se estivermos em Cristo, crescemos na gra- ________________________________________________
ça e no conhecimento, então seremos trans-
formados à “Sua imagem e semelhança”, as- ________________________________________________
sim como: Ele é a imagem do Deus invisível, o ________________________________________________
primogênito de toda a criação (Cl 1.15). Nosso
crescimento espiritual deve continuar... Até ________________________________________________
que todos cheguemos à unidade da fé e ao co-
________________________________________________
nhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à
medida da estatura completa de Cristo (Ef 4.13). ________________________________________________
Precisamos deixar para trás as nossas des-
culpas, deixar de sermos meninos inconstan- ________________________________________________
tes e nos aprofundar em um relacionamento
________________________________________________
com Ele:
________________________________________________
Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. ________________________________________________
(Efésios 4.15)
________________________________________________
Precisamos aprender a expressar o que
________________________________________________
nós somos em Cristo. Precisamos renovar a
nossa mente, nos despirmos do “velho ho- ________________________________________________
mem” e nos revestirmos do “novo homem”.
Precisamos viver como Cristo Jesus planejou ________________________________________________
que vivêssemos: no poder do Espírito Santo.
________________________________________________

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE ________________________________________________

CONTEÚDO ________________________________________________
1) Por que somos chamados por Paulo de
________________________________________________
templos do Espírito Santo em 1 Coríntios
3.16? ________________________________________________
2) Explique a analogia do nosso “casamen-
to com Cristo”: ________________________________________________
3) O que significa sermos amalgamados
________________________________________________
com Cristo?
4) Cite algum aspecto que evidencie al- ________________________________________________
guém que tem um relacionamento pro-
fundo com Deus: ________________________________________________
5) Cite pelo menos 3 benefícios por Cristo
________________________________________________
habitar em nós:
________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

. 76 .

Maturidade.indd 76 08/07/2019 12:24:11


LIÇÃO 10
O DEUS QUE REVESTE
Apesar de já ter sido abordada a questão
do batismo com o Espírito Santo em lições
anteriores, vamos analisá-la com maior pro-
fundidade nessa lição. Vamos abordar a ação
e as promessas do Espírito Santo no Antigo
Testamento, assim como a ação dEle no Novo
Testamento.
Pode parecer repetitivo, mas é de suma im-
portância nos aprofundarmos neste assunto,
e acima de tudo termos uma experiência real
com Ele, vivendo a vida sob a sua ação pode-
rosa. O objetivo é conscientizar você quanto
aos propósitos do Espírito Santo, cativando-o
a viver essa promessa em sua vida.
. 77 .
Maturidade.indd 77
Após a salvação, o desejo de Deus é que
os cristãos sejam cheios do Espírito Santo e
revestidos com poder para testemunhar das
obras do Senhor (At 1.8).
1. A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento, o conceito da Trin-
dade ainda não tinha sido compreendido. É
somente no Novo Testamento, com a manifes-
tação como de Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
que essa ideia começou a ser esclarecida.
O Antigo Testamento relata as ações princi-
palmente do Pai, que promete a vinda do Mes-
sias, que viria a ser o Filho. O Filho, Jesus, antes
de ser glorificado aos céus, prometeu enviar o
Espírito Santo; o que se cumpriu no relato de
Atos 2, durante a festa do Pentecostes.
Apesar de os escritores do Antigo Testa-
mento não terem entendido bem o conceito
da Trindade, eles registraram diversos textos
sobre o Espírito do Senhor ou o Espírito de Deus.
O Espírito Santo participou do planejamen-
to geral da criação do mundo e da glória de
todos os seres vivos. Ele atuou desde o prin-
cípio, conforme o texto a seguir:
A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia
trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de
Deus pairava por sobre as águas. (Gênesis 1.2)
Além de participar na Criação, a atuação do
Espírito de Deus é notória em todo o Antigo
Testamento. Ele eventualmente manifesta-
va-se através dos grandes personagens do
Antigo Testamento. Nenhum homem pode
ser separado, santificado e salvo do pecado,
sem que houvesse a obra do Espírito Santo.
Ele equipou aqueles homens para que cum-
prissem essas obras no Antigo Testamento, da
mesma forma como acontece na Nova Aliança.
A seguir veja um dos primeiros textos que
fazem referência a alguém ser cheio do Espí-
rito Santo, no Antigo Testamento:
Disse mais o SENHOR a Moisés: Eis que chamei
pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da
tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de
08/07/2019 12:24:13
 habilidade, de inteligência e de conhecimento, em
todo artifício, para elaborar desenhos e trabalhar
em ouro, em prata, em bronze, para lapidação de
pedras de engaste, para entalho de madeira, para
toda sorte de lavores. (Êxodo 31.1-5)
Durante os 40 anos no deserto, nos quais
Moisés liderou os filhos de Israel, o Espírito
de Deus estava sobre ele. Quando Moisés fi-
cou sobrecarregado, Deus colocou Seu Espí-
rito sobre setenta anciãos do povo para auxi-
liar na tarefa de liderança (Nm 11.16-30). Josué
também tinha o Espírito do Senhor sobre ele:
Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de
Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-
lhe as mãos. (Números 27.18)
Depois de longos 40 anos de peregrinação,
proteção e sobrevivência, o povo chegou em
Canaã e tomou posse da terra. Após morte de
Moisés e de Josué, até a implantação da mo-
narquia, não havia rei em Israel, e cada um fazia
o que bem queria ( Jz 21.25). Os juízes, que o
sucederam na liderança do povo, também re-
ceberam o Espírito do Senhor. Nessas situa-
ções, o Espírito sobreveio a essas pessoas em
determinados momentos, mas não permane-
ceu com elas definitivamente. Um exemplo foi
Sansão, Deus o capacitou e deu a ele habili-
dade, e depois o abandonou ( Jz 13.25; 16.20).
Então, o Espírito do SENHOR de tal maneira se
apossou dele [Sansão], que ele o rasgou como
quem rasga um cabrito, sem nada ter na mão;
todavia, nem a seu pai nem a sua mãe deu a
saber o que fizera. ( Juízes 14.6)
Passados os tempos dos juízes, a monar-
quia foi estabelecida, e surgiu a linhagem dos
reis de Israel. Nas páginas das Escrituras, des-
taca-se o Espírito que revestiu os dois primei-
ros reis, Saul e Davi. Quando Samuel ungiu
Saul para ser rei de Israel, disse-lhe diversas
coisas que aconteceriam e que, quando elas
ocorressem, o Espírito de Deus lhe ajudaria.
Saul desobedeceu a muitas das orientações
de Samuel, por isso o Espírito de Deus, pos-
teriormente, saiu dele. Entendemos que não
. 78 .
Maturidade.indd 78
havia garantia da presença permanente do
Espírito no Antigo Testamento.
O Espírito foi dado a Davi, tempos antes de
ele se tornar rei, na mesma época que o Espí-
rito saiu de Saul:
Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio
de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito
do SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se
levantou e foi para Ramá. (1 Samuel 16.13)
A obra do Espírito do Santo também veio
sobre os profetas do Antigo Testamento, ins-
pirando-os, tanto que costumavam iniciar
suas profecias dizendo: Assim diz o Senhor.
Pelo Espírito que falava ao coração deles.
O apóstolo Pedro referiu-se às profecias
encontradas no Antigo Testamento, afirman-
do que os profetas recebiam suas mensagens
do Espírito Santo:
Acima de tudo, lembrai-vos de que nenhuma
profecia da Escritura é de particular
interpretação. Pois a profecia nunca foi
produzida por vontade dos homens, mas os
homens santos da parte de Deus falaram
movidos pelo Espírito Santo. (2 Pedro 1.20, 21)
No Antigo Testamento, o Espírito de Deus
estava claramente ativo de diversas maneiras.
Quando Ele preenchia ou revestia de poder
as pessoas, parecia ser para uma situação es-
pecífica ou por um tempo limitado. O Espírito
podia revestir alguém, mas não estava per-
manentemente sobre a pessoa. Cremos que
a concessão do Espírito no Antigo Testamen-
to não envolvia a morada ou a permanência,
que é característica no Novo Testamento.
2. AS PROMESSAS DO ANTIGO
TESTAMENTO SOBRE O ESPÍRITO
SANTO
No Antigo Testamento, o Espírito do Senhor
revestia indivíduos específicos de forma tem-
porária, para determinada função e ocasião
específica; porém Deus havia predito, por meio
do profeta Joel, que no futuro derramaria Seu
Espírito sobre toda carne e habitaria dentro das
08/07/2019 12:24:14
 pessoas. Essa promessa não teria distinção de
homem ou mulher, poder aquisitivo, raça e na-
cionalidade. Veja o que diz na profecia de Joel:
Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos,
os vossos mancebos terão visões; e também
sobre os servos e sobre as servas naqueles dias
derramarei o meu Espírito. ( Joel 2.28, 29)
Lemos também, nas profecias messiânicas
que Deus poderosamente ungiria Cristo, o
Messias, com o Espírito de Deus e faria gran-
des coisas entre os homens:
O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque
o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos
mansos; enviou-me a restaurar os contritos de
coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a
abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano
aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso
Deus; a consolar todos os tristes; a ordenar acerca
dos que choram em Sião que se lhes dê uma
grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez
de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito
angustiado; a fim de que se chamem árvores de
justiça, plantação do Senhor, para que ele seja
glorificado. (Isaías 61.1-3)
Os judeus não esperavam um Messias
como foi Jesus, o Cristo. Eles aguardavam um
Messias diferente, e até hoje alguns esperam
um rei, majestoso, cheio de pompa e dotado
de grande autoridade militar e política.
Referindo-se ao Messias, Isaías profetizou:
Do tronco de Jessé brotará um rebento, e das
suas raízes um renovo frutificará. Repousará
sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de
sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho
e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de
temor do Senhor. (Isaías 11.1,2)
No período interbíblico, de aproximadamen-
te 400 anos, entre o Antigo e o Novo Testamen-
to, houve um silêncio profético, porém Deus
nunca deixou de agir. Foi um período onde o
Senhor deixou que o homem vivesse por seus
. 79 .
Maturidade.indd 79
próprios esforços, sem orientações. Sem a voz
profética, houve um grande avanço da filoso-
fia, onde os gregos dominaram o mundo com
sua cultura. Nessa época, o homem ficou pro-
curando respostas, como um “cego tateando”.
Ele buscou por respostas a respeito de sua
origem, do propósito de sua existência e o que
havia de vir no futuro da humanidade.
Passados esses 400 anos, aparece João Ba-
tista pregando no deserto e anunciando que
o Messias estava prestes a se manifestar (Mt
3.1-3). Jesus com 29 anos de idade vai às mar-
gens do Rio Jordão a fim de ser batizado por
João Batista, e, logo após, recebe o Espírito
Santo (Mt 3.16).
Os quatro Evangelhos falam sobre Ele ter
sido cheio com o Espírito ao ser batizado.
Imediatamente após isso, o Espírito o condu-
ziu ao deserto, onde o diabo o tentou, a fim
de derrotá-lo. Após vencer as tentações, Je-
sus retornou a Nazaré e leu o texto de Isaías
61.1-3, confirmando ser Ele o Messias sobre
quem o Espírito do Senhor havia de descer.
Nesse ato, Jesus estava anunciando que Seu
ministério começaria, que Ele proclamaria as
boas novas, trazendo liberdade aos cativos,
realizando curas e libertando os oprimidos,
pois o Espírito de Deus estava sobre Ele. Ele
passou a ministrar aos outros no poder do
Espírito.
O Espírito Santo, que revestiu Jesus, de-
sempenhou um papel importantíssimos em
seu ministério: orientou, guiou e lhe deu poder.
Lembremos que apesar dos Evangelhos esta-
rem na segunda parte da Bíblia, os relatos acon-
tecem na Antiga Aliança. A Nova Aliança só dá
início com a morte e ressureição de Cristo.
3. A PROMESSA DO BATISMO
COM O ESPÍRITO SANTO APÓS A
RESSURREIÇÃO DE JESUS
Nos 40 dias que se seguiram à ressurrei-
ção de Jesus, são narradas aproximadamente
12 aparições dEle aos cristãos, confirmando
a promessa de que ressuscitaria dentre os
mortos. Na última dessas aparições, Jesus re-
uniu os seus discípulos e ordenou-lhes que
08/07/2019 12:24:14
 não saíssem de Jerusalém (At 1.4). Jesus rea-
firmou a promessa do Pai, do batismo com
o Espírito Santo e que seriam revestidos de
poder (At 1.8).
Pouco antes de Jesus subir ao céu, tendo
já estabelecido a Nova Aliança, Ele disse aos
Seus discípulos que enviaria a promessa do
Pai, que era o Espírito Santo, o poder de Deus,
que eles deveriam aguardar em Jerusalém até
que do alto recebessem esse poder:
Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai;
permanecei, pois, na cidade, até que do alto
sejais revestidos de poder. (Lucas 24.49)
Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto
em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria,
e até os confins da terra. (Atos 1.8)
O impressionante evento, do derramamen-
to do Espírito Santo aconteceu 10 dias depois
de Jesus subir aos céus, no Dia de Pentecoste:
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam
todos reunidos no mesmo lugar. De repente
veio do céu um ruído, como que de um vento
impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
sentados. E lhes apareceram umas línguas como
que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada
um deles pousou uma. E todos ficaram cheios
do Espírito Santo, e começaram a falar noutras
línguas, conforme o Espírito lhes concedia que
falassem. (Atos 2.1-4)
Conforme havia sido prometido por Jesus, o
Espírito Santo entrou na vida dos discípulos,
revestindo-os de poder e permanecendo com
eles. Com um propósito desse revestimento
era ajudar os discípulos a cumprir a missão
de “serem testemunhas de Cristo, por todo o
mundo, pregando o Evangelho a toda criatura,
fazendo discípulos e batizando-os em nome
do Pai, do Filho e do Espirito Santo” (Mt 28.19).
No livro de Atos está registrada a história da
igreja, com riqueza de detalhes. Vemos que
a fé cristã não está edificada sobre especu-
lações ou mitos, mas está firme sobre atos
soberanos e comprovadamente históricos.
. 80 .
Maturidade.indd 80
Prova disso é que esse mover registrado em
Atos 2 chegou até os nossos dias, propiciando
que a mesma obra seja realizada.
Agora, todos nós que cremos somos bati-
zados pelo Espírito Santo, passando a atuar
no corpo de Cristo. Com esse batismo somos
revestidos de poder. Recebemos os dons es-
pirituais, para não nos movermos por esforço,
dedicação e habilidades naturais. O evangelho
não consiste somente em palavra, mas na ma-
nifestação do poder de Deus. Devemos buscar
e manifestar em nós essa vida de poder.
A igreja cristã não começou ou cresceu por
seu próprio poder ou entusiasmo, os discí-
pulos foram capacitados e revestidos pelo
Espirito Santo. Pedro, por exemplo, pregou
corajosamente e realizou muitos milagres.
Suas atitudes demostram a fonte e os efeitos
do poder, quando o cristão é revestido com o
Espírito Santo.
O apóstolo Paulo, após ser batizado com
O Espírito Santo, tornou-se o maior líder do
cristianismo, pois nenhuma pessoa, exceto
Jesus, deu forma à história da Igreja como
ele. Paulo foi transformado por Deus; de um
perseguidor de cristãos tornou-se um prega-
dor do Evangelho. Anunciou o Evangelho em
muitas cidades do Império Romano, através
de três viagens missionárias. Escreveu várias
cartas para várias igrejas, que estão regis-
tradas no Novo Testamento. Ele nunca teve
medo de enfrentar desafios, pois o Espírito
Santo estava sobre ele capacitando-o para a
realização dessa obra.
O batismo com Espírito Santo demonstrou
que o cristianismo não é um movimento de
ordem natural, mas é um mover sobrena-
tural. Deste modo, a igreja cristã continuou
crescendo e se espalhando sobre a terra,
apesar dos seus muitos problemas quanto às
oposições, às prisões, aos espancamentos, às
perseguições e às mortes.
Pela fé, qualquer crente pode pedir e re-
ceber esse poder para fazer a obra de Cris-
to. Quando o Espírito Santo trabalha, existe
movimento, entusiasmo e crescimento. Ele
nos dá a motivação, a energia e habilidade
08/07/2019 12:24:14
 necessária para levarmos o Evangelho aos
perdidos.
4. PARA “QUEM” E PARA “QUÊ”
O batismo com o Espírito Santo sempre é
apresentado nas Escrituras como uma obra
simultânea ou posterior ao novo nascimento.
Existem pessoas que defendem que o ba-
tismo com o Espírito acontece no exato mo-
mento da conversão e que todas as manifes-
tações que possam ocorrer posteriormente
sejam apenas experiência de “enchimento do
Espírito”.
Nós entendemos o batismo com o Espírito
Santo como uma segunda bênção concedida
por Deus após a salvação, onde o cristão é re-
vestido de poder para a realização da missão
que Jesus confiou a nós.
Um texto bíblico muito claro a respeito dessa
distinção encontramos no livro de Atos, quando
pela pregação de Filipe muitos samaritanos se
convertem e só posteriormente, quando Pedro
e João dirigem-se para aquela região aqueles
cristãos recebem o Espírito Santo:
Quando, porém, deram crédito a Filipe, que
os evangelizava a respeito do reino de Deus e
do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados,
assim homens como mulheres. O próprio
Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado,
acompanhava a Filipe de perto, observando
extasiado os sinais e grandes milagres
praticados. Ouvindo os apóstolos, que estavam
em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra
de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; os quais,
descendo para lá, oraram por eles para que
recebessem o Espírito Santo [batismo com
Espírito Santo]; porquanto não havia ainda
descido sobre nenhum deles, mas somente
haviam sido batizados em o nome do Senhor
Jesus [batismo nas águas]. (Atos 8.12-16)
Entendendo essa distinção entre a conver-
são, que resulta na decisão pelo batismo nas
águas, e o revestimento de poder, pelo batis-
mo com o Espírito Santo, a seguir aprendere-
. 81 .
Maturidade.indd 81
mos para “quem” é esse batismo e para “que”
ele serve:
4.1. O BATISMO É PARA CONVERTIDOS
É muito comum ouvirmos em nosso meio
o conceito da diferença que existe entre con-
vencimento e convertimento. Uma pessoa con-
vertida é alguém que foi convencida pelo Es-
pírito Santo a mudar de vida, e essa pessoa
moveu-se em direção à mudança.
Em lições anteriores já abordamos a obra
do Espírito Santo de convencer o homem do pe-
cado, da justiça e do juízo, conduzindo-o à sal-
vação ( Jo 16.8).  Na obra da conversão, quem
opera no coração dos pecadores é o Espírito
Santo.
Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que
eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não
virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E,
quando ele vier, convencerá o mundo do pecado,
e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não
creem em mim; Da justiça, porque vou para meu
Pai, e não me vereis mais; E do juízo, porque já o
príncipe deste mundo está julgado. ( João 16.7-11)
Nesse texto Jesus explicou que o Espírito
Santo convenceria o mundo e ensinaria a ver-
dade aos apóstolos. A vinda do Espírito Santo
seria uma nova e maravilhosa realidade para
os cristãos, já que agora Cristo habitaria no
coração de cada um deles (Cl 1.26, 27).
O significado da palavra convencer é “per-
suadir e também reprovar”. Nesse sentido, o
Espírito confronta o ser humano quanto a sua
via e prática, compelindo-o a mudar de atitu-
de e direção de vida.
Interessante que é por intermédio dos cris-
tãos revestido do Espírito Santo que o mundo
conhece o testemunho de Jesus:
Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei
da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do
Pai procede, esse dará testemunho de mim; e
também vós dareis testemunho, porque estais
comigo desde o princípio. ( João 15.26,27)
08/07/2019 12:24:14
 Nós cristãos somos os embaixadores de
Deus. E o conteúdo do Seu testemunho, que
é confirmado pelo Espírito Santo, inclui a ver-
dade sobre o pecado, a justiça e o juízo.
Quanto a convencer do pecado, observe que
a palavra pecado está no singular, pois se re-
fere à “pecaminosidade humana”, isto é, tudo
o que diz respeito a transgredir a Lei de Deus.
O foco do nosso testemunho está no fato de
Cristo ter pago um alto preço por todo peca-
do. Receber a Jesus é a única opção para ser
liberto da escravidão. O Espírito Santo mostra
aos homens o peso do pecado deles, promo-
vendo arrependimento para a salvação.
Quanto a convencer da justiça, o sentido da
sentença é que depois que Cristo partisse, o
Espírito Santo convenceria o mundo sobre a
natureza da justiça celestial e sobre a neces-
sidade de recebê-la. A obra de Jesus na cruz
satisfez a justiça de Deus, por isso quando
cremos e aceitamos essa obra, somos justi-
ficados por Ele.
Quanto a convencer do juízo, satanás, que é
o dominador deste mundo, que reina no co-
ração daqueles que não foram regenerados,
tem cegado o entendimento deles, conforme
o texto a seguir:
Na verdade, entre os perfeitos falamos
sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo,
nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo
reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria
de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual
Deus preordenou antes dos séculos para nossa
glória; a qual nenhum dos príncipes deste
mundo compreendeu; porque se a tivessem
compreendido, não teriam crucificado o Senhor
da glória. (1 Coríntios 2.6-8)
Satanás foi julgado e condenado na cruz, e
a partir de então o Espírito Santo convence as
pessoas da realidade do juízo vindouro. Sa-
tanás que já foi julgado e condenado, tenta
levar outros consigo, e assim acontecerá com
todos que ficarem do seu lado.
Resumidamente, o batismo com o Espírito
Santo é uma realidade na vida de pessoas
. 82 .
Maturidade.indd 82
que experimentam ou estão experimentando
uma transformação de vida.
4.2. O BATISMO É PARA SERVOS
Existe um relato curioso na passagem de
Pedro e João pela região de Samaria, quando
eles impõem as mãos sobre os convertidos
samaritanos e esses recebem o batismo com
o Espírito (At 8.17). O texto apresenta um ho-
mem chamado Simão, que foi um homem que
praticava magias e aderiu a fé cristã através
de Filipe (At 8.9,13).
Quando Simão observa que Pedro e João
impõem as mãos sobre as pessoas e elas
são batizadas com o Espírito Santo, ele se
empolga com tal feito e oferece dinheiro aos
apóstolos para que eles concedam tal dom a
ele. Pedro repreende-o porque evidencia que
o propósito de seu coração não era correto
diante de Deus. Inclusive aconselhando-o
a se arrepender para não ser surpreendido
pelo juízo de Deus (At 8.18-22).
Por mais que não vejamos em nossos dias
pessoas oferecendo dinheiro para serem ba-
tizadas com o Espírito Santo, más intenções
no coração continuam sendo o maior empeci-
lho para que alguém receba essa bênção.
A cultura pentecostal presente na igreja
cristã atual tem dado muito valor “ao mover
do Espírito” nas reuniões, através das “línguas
estranhas”, das profecias, das manifestações
emocionais e das orações efusivas. Isso criou
um senso de que ser batizado com Espírito
Santo é sinônimo de evidenciar essa bênção
através de manifestações externas. O proble-
ma dessa ideia é que ela promove o senso de
“evidenciar espiritualidade através do Espíri-
to”, quando o propósito não é esse, apesar de
que na ação do Espírito Santo podem haver
manifestações externas.
Enquanto as pessoas buscam o batismo
com o Espírito para fazer parte do “mover”,
desejando apenas as “línguas”, as profecias
e as manifestações emocionais, a igreja tem
distorcido o real sentido dessa bênção.
A melhor intenção do coração de um cris-
tão para receber esse batismo é o profundo
08/07/2019 12:24:14
 desejo de servir a Deus, através dos dons que
o Espírito dará após esse revestimento.
As manifestações do Espírito Santo, como
o batismo com fogo e os dons espirituais
servem para ‘servir às pessoas’. Entender essas
manifestações para outro propósito que não seja
servir é engano e falta de conhecimento bíblico.
4.3. O BATISMO É PARA CAPACITAÇÃO
O propósito principal para o batismo com o
Espírito Santo é dar “start” a uma Nova Vida,
assim como acontece no batismo nas águas.
Na última referência de Cristo, na terra, sobre
essa promessa, fica evidente o principal pro-
pósito dela:
Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia, e
Samaria, e até aos confins da terra. (Atos 1.8)
Jesus prometeu enviar “poder” dos céus para
capacitar os discípulos a serem testemunhas
de tudo o que viram e ouviram. Digamos que
eles receberiam daquilo que ainda não tinham,
isto é, sem o poder que estava por vir, eles não
conseguiriam testemunhar do reino de Deus,
à altura da forma como Cristo testemunhou.
É fato no estudo da Bíblia que o evento
de Atos 2 mudou completamente a vida dos
apóstolos, haja vista que Pedro, por exemplo,
de um “covarde” que negou a Cristo pouco
antes de sua morte, levantou-se diante de
uma multidão falando:
A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós
somos testemunhas. (Atos 2.32)
A mudança é muito maior do que apenas na
coragem de se expor como testemunha de Je-
sus, mas na própria graça que se manifestaria
através dele, levando mais de 3 mil almas a se
converterem a Cristo (At 2.41).
O batismo com o Espírito Santo leva os cris-
tãos a uma vida completamente diferente da
anterior. É como se o cristão acessasse uma
. 83 .
Maturidade.indd 83
dimensão mais profunda no Espírito, onde ele
descobre que aquilo que a Escritura promete,
sendo impossível à capacidade humana, pas-
sa a ser real e possível. Junto à manifestação
do Espírito para revestir o cristão, Cristo dá
dons a ele (Ef 4.8), que o capacitam para ma-
nifestar o poder dos céus.
Prova de que junto ao batismo Cristo dá
dons ao cristão é que a principal evidência do
batismo é o “falar em línguas”. Essa manifes-
tação é tão comum nos batizados pelo Espí-
rito que se chega a discutir se essa deve ser
a principal evidência ou não. Fato é que esse
geralmente é o primeiro dom que se mani-
festa, porque ele auxilia o homem a alcançar
outros dons. Demonstrando que Deus deseja
“ferramentar” seus servos nessa nova vida.
5. COMO RECEBER O BATISMO
COM ESPÍRITO SANTO?
Existe uma razão clara do porquê de algu-
mas pessoas simplesmente não receberem
esse batismo. É claro que existem condições
para que recebamos o batismo, se não todos
os cristãos seriam batizados e manifestariam
uma vida espiritual de plenitude.
A seguir será citado quatro princípios para
receber o batismo com o Espírito Santo:
5.1. OBEDECER
Veja o que Pedro disse sobre aqueles que
recebem o Espírito Santo:
Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem
assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos
que lhe obedecem. (Atos 5.32)
É bem frequente que algumas pessoas de-
morem a receber o batismo com o Espírito
Santo até que corrijam algumas coisas em suas
vidas, para que então estejam alinhadas com
os propósitos de Deus. Isso não quer dizer que
dependerá de “nossa santificação”, pois sem-
pre teremos situações a serem corrigidas em
nós, mas digamos que aqueles que não vivem
a vontade de Deus não podem ser instrumen-
tos dEle através dos dons do Espírito.
08/07/2019 12:24:14
 Por exemplo: Uma pessoa que tenha sido
chamada para pregar a Palavra de Deus e
investir sua vida em prol de ensinar e cuidar de
pessoas não poderá ser plenamente cheia do
Espírito enquanto continuar desejando apenas
o sucesso financeiro. Afinal, por que Deus daria
dons de serviço aos santos para alguém que só
está desejando dinheiro?
5.2. CRER
Outro requisito básico para alguém receber o
batismo com o Espírito Santo é crer nessa pro-
messa. Veja como isso é confirmado por João:
Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam
de receber os que nele cressem; pois o Espírito até
aquele momento não fora dado, porque Jesus não
havia sido ainda glorificado. (João 7.39)
Esse é um dos requisitos mais básicos para
alguém receber o batismo, precisa crer nessa
promessa. Existindo incredulidade, será im-
possível viver a promessa do batismo no fogo.
É preciso crer na Palavra de Deus! É preciso
crer na promessa de Jesus! É preciso crer que
você pode receber o poder que te levará a ser
testemunha do Reino de Deus!
5.3. DESEJAR
Precisamos também desejar em nosso co-
ração o batismo com o Espírito, pois Deus
deseja usar todos os cristãos, mas somente
aqueles que o buscarem serão cheios. Veja
evidências bíblicas disso:
Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
( João 7.37b)
Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons.
(1 Coríntios 12.31a)
O motivo de muitas pessoas não recebe-
rem o batismo de fogo é porque elas não o
desejam. Elas estão satisfeitas em ouvir a
Palavra de Deus, receberem oração nos cul-
tos e serem abençoadas por outros servos.
Elas simplesmente não querem acessar níveis
mais profundos.
. 84 .
Maturidade.indd 84
5.4. PERSISTIR
Um texto revelador sobre a necessidade de
persistir na busca por algo que se deseja, en-
contra-se no texto a seguir:
Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai,
e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo
o que pede recebe; o que busca encontra; e a
quem bate, abrir-se-lhe-á(...) Ora, se vós, que sois
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,
quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo
àqueles que lho pedirem? (Lucas 11.9-11,13)
No texto original grego, os verbos “pedir,
buscar e bater” encontram-se em um tempo
verbal que dá o seguinte sentido ao texto: Peça
e continue pedindo; busque e continue buscando;
bata e continue batendo. Em outras palavras,
Jesus estava dizendo o seguinte: Persevere em
oração, pedindo pelo Espírito Santo, pois o Pai
celestial dará a todos aqueles que perseverarem.
Algumas pessoas simplesmente não com-
preendem que Deus deseja batizar todos os
cristãos com o Espírito Santo, por isso desis-
tem de buscar. Quem buscar e continuar bus-
cando, sem desistir, cedo ou tarde receberá
essa promessa em sua vida.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Com base no último parágrafo do tópico
1, qual a diferença entre a manifestação
do Espírito Santo no Antigo e no Novo
Testamento?
2) Qual foi o papel do Espírito Santo no mi-
nistério de Jesus?
3) Por que o batismo com o Espírito Santo
é apenas para servos?
4) Como o cristão é capacitado por Deus
no batismo com o Espírito Santo?
5) Explique qual o real sentido do texto de
Lucas 11.9-11, 13; em relação ao batismo
com o Espírito Santo:
________________________________________________
________________________________________________
08/07/2019 12:24:14

LIÇÃO 11
O PODER DISPONÍVEL NA OR AÇÃO
A oração é uma das disciplinas espirituais
mais importantes para o cristão. Longe de
ser um fardo, ela é um privilégio da graça de
Deus, que mesmo sendo Santo, criou a pos-
sibilidade de um relacionamento entre Ele e a
humanidade.
Através de uma vida de oração, acessare-
mos uma realidade espiritual de grande ma-
nifestação de poder. Nessa lição, analisare-
mos esse poder disponível em uma vida de
oração.
. 85 .
Maturidade.indd 85
1. A ORAÇÃO É UMA DISCIPLINA
ESPIRITUAL
Quando pensamos em disciplina, logo nos
vem à mente “algo pesado”, uma espécie de
“fardo a carregar”, mas devemos pensar no
significado real da palavra, que é algo que
“assegura o bem-estar de um indivíduo”. Já
aprendemos que a oração traz grandes bene-
fícios espirituais para quem a pratica, por isso
que o apóstolo Paulo nos exorta a orar sem
cessar (1 Ts 5.17). A oração deve ser praticada
constantemente por todos os cristãos. Sem
oração não há crescimento espiritual. Pode-
mos afirmar que a oração é um dos principais
fundamentos da vida cristã.
A seguir, citaremos algumas características
que evidenciam o poder dessa disciplina espi-
ritual, atuando em nossas vidas:
1.1. ELA É UM PRIVILÉGIO DA GRAÇA
Orar a Deus é um grande privilégio! Quando
o pecado separou o homem de Deus, houve
uma ruptura da comunhão perfeita entre a
criatura e o Criador. Quando Deus ordenou a
construção de um tabernáculo, Ele também
ordenou a construção de uma área separada,
chamada Santo dos santos, onde ficava a arca
da aliança. Essa área simbolizava a presença
manifesta de Deus. Somente o Sumo Sacerdo-
te tinha permissão para entrar ali. Esse local
era separado dos demais por um véu. Esse véu
separava a presença manifesta de Deus da
humanidade. A Bíblia afirma que quando Jesus
morreu na cruz do Calvário, o véu foi rasgado:
“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, en-
tregou o espírito. Eis que o véu do santuário se
rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu
a terra, fenderam-se as rochas” (Mt 27.50-51). A
Nova Aliança da graça nos dá acesso a Deus
por meio de Jesus Cristo.
Agora cada crente em Jesus Cristo é um
sacerdote e tem livre acesso à presença de
Deus: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva
de Deus, a fim de proclamardes as virtudes da-
quele que vos chamou das trevas para a sua ma-
ravilhosa luz” (1 Pe 2.9). Por isso, a oração não
08/07/2019 12:24:17
 é um peso espiritual, e sim um privilégio da
graça. Um presente de Deus. Tão importante
quanto ter acesso a Deus através da oração é
entender que o Espírito Santo habita em nós.
1.2. ELA É UMA FONTE DE CRESCIMENTO
E DE PODER
Nós perdemos muito quando deixamos de
orar, porque a oração é mais do que uma con-
versa entre o homem e Deus; ela é um encon-
tro transformador. A oração é uma resposta à
revelação de Deus, à revelação de quem Deus
É e do que Ele deseja fazer em nós.
A.W. Tozer disse algo interessante: Eu me recor-
do de um homem de Deus a quem fora perguntado:
― O que é mais importante, ler a Palavra de Deus
ou orar? Ele respondeu: ― O que é mais importan-
te para um pássaro, a asa da direita ou a da es-
querda? Quando oramos, crescemos. Oração e
leitura da Palavra são as disciplinas espirituais
mais importantes. Oração é alimento espiritual,
é base e fundamento, como o leite materno de
uma criança e a comida de um adulto. O cresci-
mento vem de Deus, por isso precisamos coope-
rar com esse crescimento orando.
Além de ser uma fonte de crescimento, a
oração é fonte de poder para uma vida vitorio-
sa. Toda fonte produz algo. Uma fonte de água,
chamada de mina, é um ponto da terra em que
brotam águas cristalinas que trazem vida para
o local em que nascem. Se construirmos algo
em cima dessa fonte, nós a mataremos. Da
mesma maneira, se colocarmos alguns impe-
dimentos sobre a nossa vida de oração, inter-
romperemos a fonte de vida vitoriosa. A única
pessoa que pode parar essa fonte é você mes-
mo, não orando. Oração é fonte de livramento,
cura, crescimento espiritual, libertação, respostas
de Deus, orientação do Espírito, dons espirituais e
batismo com o Espírito Santo. Quando deixamos
de orar, estamos perdendo esses benefícios.
1.3. ELA EVIDENCIA NOSSA
DEPENDÊNCIA DE DEUS
Quem depende de Deus, ora. Quem não
depende, não ora. Quando resolvemos fazer
. 86 .
Maturidade.indd 86
tudo com nosso esforço e no nosso braço,
estamos excluindo Deus e o poder DEle em
nós. Quanto mais nos aproximarmos de nós
mesmos, mais nos distanciaremos de Deus.
Qualquer trabalho deverá ser precedido pela
oração. A obra de Deus deve ser gerada em
oração e sustentada por ela, sendo fruto de
fé e de dependência de Deus.
O livro “Crescimento explosivo da igreja em
células”, de Joel Comiskey, ilustra muito bem
como o trabalho com pequenos grupos deve
ser sustentado pela oração. O livro é fruto de
uma tese de doutorado do autor, em que ele
observou as oito igrejas em células com maior
crescimento no mundo. Joel diz: Se você quer
saber como as igrejas crescem, estude igrejas em
crescimento. Ele passou em média oito dias
em cada igreja. Mais de setecentos líderes de
célula preencheram uma pesquisa com 29
questões elaboradas a fim de identificar por
que alguns líderes têm sucesso e outros fra-
cassam ao evangelizar e multiplicar células.
Veja alguns aspectos da conclusão que ele
chegou, em relação à pratica de oração:
• O tempo devocional do líder da célula (es-
tudo, oração etc…): os líderes que inves-
tem pelo menos 90 minutos em devo-
cionais diários multiplicam seus grupos
duas vezes mais que os que investem
menos que 30 minutos por dia;
• A intercessão do líder da célula pelos
membros de seu grupo: aqueles que
oram diariamente pelos membros da
célula têm maior probabilidade de mul-
tiplicar seus grupos;
• O tempo que o líder gasta com Deus em
seu preparo para o encontro da célula:
investir tempo com Deus e preparar
o coração para um encontro da célula
são mais importantes que o preparo
do estudo;
Charles H. Spurgeon reforçou a ideia de
dependência de Deus na oração quando afir-
mou: Quando Deus deseja fazer uma grande
obra, Ele primeiro coloca seu povo para orar.
08/07/2019 12:24:17
 Quando oramos segundo a vontade de Deus,
podemos ser ousados em fé.
2. A ORAÇÃO É FONTE DE
SANTIFICAÇÃO
O Espírito Santo trabalha em nós para nos
levar à estatura de Cristo. O seu objetivo é
nos transformar para sermos semelhantes a
Ele. Isso depende da nossa cooperação medi-
tando na Palavra e praticando a oração.
Deus ao criar o homem à sua imagem e se-
melhança fez seres racionais e lhes comuni-
cou alguns atributos, como a justiça e o amor.
Antes da queda, a imagem de Deus em nós
era perfeita, porém o pecado desfigurou essa
imagem, e aquilo que era perfeito em nós foi
corrompido na queda. A partir disso, todos
que nasceram de Adão nasceram com uma
natureza pecaminosa e corrompida.
O plano de salvação veio para dar uma
chance ao homem de se religar a Deus, por
meio de Jesus Cristo. Pela fé em Jesus e em
sua obra redentora na cruz somos justifica-
dos. A justificação é um ato de Deus em nos
declarar justos, como veremos mais à frente,
mas a partir da justificação inicia-se um pro-
cesso no homem chamado de santificação,
que nos leva a ser transformados à imagem
de Cristo.
Justificação e santificação promovem a res-
tauração da imagem de Deus em nós. Esta
imagem é restaurada pela fé e começa na
conversão. Essa é a obra da graça de Deus,
que progressivamente termina na glorificação
dos santos.
Conforme já mencionado, a Palavra e a ora-
ção são fundamentais para o crescimento es-
piritual. A seguir, entenderemos como estes
elementos colaboram com a santificação do
homem.
2.1. A SANTIFICAÇÃO PELA PALAVRA
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias
de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional. E não vos conformeis com
. 87 .
Maturidade.indd 87
este século, mas transformai-vos pela renovação
da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
(Romanos 12.1-2)
O que Paulo está nos alertando nesse texto
é que o cristão não pode tomar a forma deste
mundo caído. O teólogo Warren Wiersbe diz
que “se o mundo controla nossa maneira de
pensar, somos conformados. Se Deus contro-
la nossa maneira de pensar, somos transfor-
mados. E somos transformados pela renova-
ção da mente, é através da Palavra de Deus”.
A Bíblia nos orienta, renova, indica o ca-
minho, corrige, repreende, dá instrução e
alimenta espiritualmente. O benefício de ser
transformado pela Palavra é experimentar a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Pela Palavra recebemos a graça de discernir
os valores de Deus. Decisões diárias são to-
madas de maneira correta por uma mente
transformada.
2.2. A SANTIFICAÇÃO PELA ORAÇÃO
E todos nós, com o rosto desvendado,
contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo
Senhor, o Espírito. (2 Coríntios 3.18)
Precisamos contemplar e refletir a glória do
Senhor. À medida que nós o contemplamos,
nós o refletimos. Na Antiga Aliança, Moisés
subiu ao monte e contemplou a glória de
Deus. Na Nova Aliança, esse chamado é para
todos os cristãos.
Paulo confrontou a Antiga Aliança com a
Nova Aliança. A letra (Lei) com o Espírito (gra-
ça). O ministério da condenação (Lei) com o
ministério glorioso do Espírito (graça). A Lei é
representada por um véu, como o que Moisés
colocou em seu rosto, para esconder a glória
que havia cessado. O véu nos remete ao le-
galismo, às tradições humanas, aos tipos e às
aparências.
A expressão “rosto desvendado” significa
acesso livre para a contemplação e a reflexão
08/07/2019 12:24:17
 da glória de Deus. O véu de separação foi ras-
gado, do coração e do rosto. Nada nos sepa-
ra do acesso à glória de Deus. Contemplar é
observar atentamente, é gastar tempo com
oração: sejam petições, ações de graças, louvor,
adoração, consagração, entrega, intercessão etc.
A transformação é a mudança que acontece
em nós através da contemplação, e isso é refle-
tido para fora. De glória em glória, somos trans-
formados na própria imagem do Senhor. É um
processo gradual, dia após dia, como resultado
da disciplina diária da oração, pelo poder do Es-
pírito Santo de Deus que atua em nós.
Precisamos cooperar com a restauração da
imagem de Deus em nós, orando e lendo a
Bíblia. Temos a tendência de nos tornar se-
melhantes àquilo que contemplamos. Há uma
propensão inevitável de retermos os valores e
comportamentos daquilo que contemplamos
diariamente. Se valorizamos uma amizade
com alguém que não segue os caminhos do
Senhor, teremos a tendência de nos compor-
tar como essa pessoa. Somos influenciados
por pessoas, pela mídia e pela sociedade em
geral. Da mesma maneira, se contemplarmos
a glória do Senhor todos os dias, seremos in-
fluenciados por Ele e seremos transformados
pela graça.
A imagem de Deus precisa se sobressair à
imagem do pecado. O que Deus faz é através
da Palavra e pela oração. Não há transforma-
ção sem oração. O crente que não ora não
tem a imagem de Deus sendo formada em
sua vida.
3. A ORAÇÃO É FONTE DE
RELACIONAMENTO COM DEUS
Através da oração nos relacionamos com
Deus, e à medida que nos relacionarmos com
Ele, o Senhor trabalhará em nós. Somente
o conhecimento intelectual não muda nin-
guém; é preciso ter experiências com Deus
para que Ele trabalhe em nós. Alguns cris-
tãos conhecem as Escrituras apenas de for-
ma intelectual, tornando-se frios e teóricos.
No entanto, outros cristãos buscam somen-
te o poder de Deus, tornando-se místicos e
. 88 .
Maturidade.indd 88
baseando suas vidas apenas em experiências
pessoais. É preciso encontrar equilíbrio entre
essa tensão de razão e experiência.
Na oração somos tratados por Deus. Má-
goas, ressentimentos, falta de perdão e amar-
gura são diretamente tratados pelo Criador.
Por muitas vezes entramos no “quarto de ora-
ção” tentando mudar Deus a nosso favor. Mas
o que acontece é diferente, nós é que somos
mudados. Muito mais que bênçãos, recebe-
mos diretamente o tratamento do nosso ca-
ráter.
Com tantas bênçãos que recebemos ao
orar, por que muitos não crescem em seu rela-
cionamento com Deus por meio dessa disciplina
espiritual? Por que muitas pessoas têm difi-
culdade de orar? Tentaremos responder es-
sas questões a seguir.
3.1. PORQUE NÃO CONHECEM A
VONTADE DE DEUS
A vontade de Deus é ouvir as nossas ora-
ções. Na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensi-
nou a orar dizendo: Faça a tua vontade aqui na
terra (Mt 6.10). Em outras palavras: Estabeleça
o teu governo; o teu reino e a tua vontade sejam
constituídos aqui na terra. Através da oração
recebemos fortalecimento, curas, bênçãos,
direções e novas oportunidades para vencer.
Deixamos de receber quando não oramos.
Recebemos quando oramos de acordo com a
vontade de Deus.
Jesus ecoa sua voz para a igreja falando so-
bre a postura de um pai ao ouvir os pedidos
de seu filho no texto a seguir:
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o
que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-
lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se
porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?
Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra?
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,
que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe
pedirem? (Mateus 7.7-11)
08/07/2019 12:24:17
 O apóstolo João segue na mesma argumen-
tação, afirmando que nossas orações segun-
do a vontade de Deus são respondidas:
E esta é a confiança que temos para com ele:
que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua
vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos
ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos
de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.
(1 João 5.14,15)
3.2. PORQUE DUVIDAM DA
BONDADE DE DEUS
Deus é bom e deseja manifestar essa bon-
dade em nós. Porém duvidamos disso. Uma
prova de uma convicção errada é a expressão
“pela fé”. Ela se tornou sinônimo de sofrimento,
necessidade e miséria. Por exemplo: se um ho-
mem chegar do médico e disser “Agora só Deus
pode me salvar!”, essa frase será interpretada
como uma declaração de que ele irá morrer.
Se um missionário disser que está em um país
“vivendo pela fé”, logo pensaremos que ele
está na mais profunda miséria e sofrimento.
Tudo isso porque “viver pela fé”, em nosso en-
tendimento, tornou-se sinônimo de aflição.
Estamos errados nesse conceito, pois
quando analisamos as Escrituras, vemos que
os homens mais bem-sucedidos da Bíblia se
tornaram referência por “viverem pela fé”. Ve-
jamos o registro do capítulo 11 de Hebreus:
Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a
convicção de fatos que se não veem. Pois, pela
fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela
fé, entendemos que foi o universo formado pela
palavra de Deus, de maneira que o visível veio
a existir das coisas que não aparecem. Pela fé,
Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício
do que Caim; pelo qual obteve testemunho de
ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto
às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo
depois de morto, ainda fala. Pela fé, Enoque
foi trasladado para não ver a morte; não foi
achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes
da sua trasladação, obteve testemunho de haver
agradado a Deus. De fato, sem fé é impossível
. 89 .
Maturidade.indd 89
agradar a Deus, porquanto é necessário que
aquele que se aproxima de Deus creia que ele
existe e que se torna galardoador dos que o
buscam. Pela fé, Noé, divinamente instruído
acerca de acontecimentos que ainda não se
viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma
arca para a salvação de sua casa; pela qual
condenou o mundo e se tornou herdeiro da
justiça que vem da fé (...) Pela fé, também, a
própria Sara recebeu poder para ser mãe, não
obstante o avançado de sua idade, pois teve
por fiel aquele que lhe havia feito a promessa
(...) Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como
por terra seca; tentando-o os egípcios, foram
tragados de todo. Pela fé, ruíram as muralhas
de Jericó, depois de rodeadas por sete dias. Pela
fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os
desobedientes, porque acolheu com paz aos
espias. E que mais direi? Certamente, me faltará
o tempo necessário para referir o que há a
respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de
Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas, os quais,
por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram
a justiça, obtiveram promessas, fecharam a
boca de leões, extinguiram a violência do fogo,
escaparam ao fio da espada, da fraqueza
tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra,
puseram em fuga exércitos de estrangeiros.
(Hebreus 11.1-7,11,29-34)
O texto bíblico acima nos mostra que viver
pela fé traz grandes benefícios. A fé foi uma
marca dos heróis bíblicos citados em He-
breus 11. Por isso, devemos exercê-la através
da oração e nunca nos esquecermos de que
Deus é bom.
3.3. PORQUE NÃO PERSEVERAM NA
ORAÇÃO
Precisamos perseverar em oração, mesmo
que a resposta não seja como esperávamos.
Orar “até o fim” significa orar até que receba-
mos uma resposta de Deus. Paulo orou por
três vezes para que Deus removesse o espi-
nho de sua carne. A resposta veio diferente
do que ele desejava, porém foi o que ele pre-
cisava:
08/07/2019 12:24:17
 E, para que não me ensoberbecesse com a
grandeza das revelações, foi-me posto um
espinho na carne, mensageiro de Satanás, para
me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por
causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o
afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha
graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa
na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me
gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim
repouse o poder de Cristo. (2 Coríntios 12.7-9)
A sociedade está acostumada com tudo de
forma rápida. Se desejamos um filme, temos
vários serviços na internet. Se precisamos
da previsão do tempo, não temos mais que
aguardar o momento do jornal na TV; basta
consultar no celular. Se estivermos com fome,
temos muitas opções de fast food.
Nos acostumamos com “tudo na mão” e te-
mos a tendência de abandonar aquilo que é
demorado. Mas para sermos bem-sucedidos
na oração, devemos perseverar até o fim. É
necessário gastar tempo, dias, meses e anos
em busca de respostas. Deus trabalha em
seu próprio tempo e feliz será o cristão que
depender DEle em oração.
3.4. PORQUE DESCONHECEM
A GRAÇA DE DEUS
Satanás é especialista em acusar os cris-
tãos. Ele trabalha para colocar dúvidas em
nossas mentes, impedindo-nos de orar. Por
exemplo: Não adianta você orar! Você é um pe-
cador! Deus não te responderá!
A grande verdade é que Deus não responde
nossas orações porque nós somos bons, mas
sim porque Ele é bom. Não é por mérito, mas
sim por graça.
De fato, existe uma barreira entre o Deus
Santo e o homem pecador, mas Jesus é a
“ponte” que liga o cristão a Deus. O Mestre se
fez pecado por nós e sobre si foi derramada
a ira de Deus. Jesus pagou o preço da conde-
nação, e pela fé nEle somos justificados. Isso
basta para termos livre acesso a Deus. Essa
é a graça de Deus em nós, um favor que não
merecemos, porém recebemos do Pai. Pela
. 90 .
Maturidade.indd 90
fé, podemos ter ousadia de orar ao Deus San-
to e obter suas bênçãos.
4. A ORAÇÃO DO JUSTO E O SEU
PODER
Como uma pessoa que nasceu em pecado e
que tem uma natureza corrupta pode se aproxi-
mar de um Deus Santo? Como um cristão pode
ter ousadia, confiança e liberdade de aproximar-
-se de Deus? Deus só responde a oração dos
justos, e em Cristo somos declarados justos.
Os sentimentos de incapacidade e culpa ao
estarmos diante de Deus nos impedem de
ter uma vida de oração bem-sucedida. Com
esses sentimentos, nunca teremos ousadia
para orar com fé.
O pecado traz culpa. Veja o primeiro sinal do
pecado na vida de Adão: ele sentiu vergonha e
culpa por ter desobedecido, por isso se escondeu
(Gn 3.8). Isso acontece com todas as pessoas
que se sentem culpadas pelo pecado. Elas não
conseguem achegar-se a Deus, pela vergonha
que sentem de si mesmas, não se achando
dignas do Senhor. A boa notícia é que a cons-
ciência da libertação em Cristo traz ousadia e
produz esperança: “Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres” ( Jo 8.36). No mo-
mento em que cremos que fomos justificados
em Cristo, a fé e a ousadia invadem o nosso
coração. O medo dá lugar à fé.
As últimas palavras de Jesus na cruz foram
“está consumado” ( Jo 19.30). O termo grego
utilizado foi tetelestai, que significa “está pago,
está encerrado”. Jesus estava dizendo que
naquele momento estava consumada a obra
para a nossa redenção. Ele nos resgatou da
condenação e nos trouxe a salvação.
Paulo declarou que Jesus riscou o escrito de
dívida, tirando-o do meio de nós, cravando-
-o na cruz (Cl 2.14); ou seja, Jesus Cristo com
sua morte vicária (substitutiva) pagou a dívi-
da que tínhamos com Deus. Assim, oramos
como justos, pois fomos justificados pela fé
em Cristo Jesus.
Cremos que se morrêssemos hoje entraría-
mos no céu? Essa fé torna possível acreditar
que o céu pode vir até nós através da oração.
08/07/2019 12:24:17
 Podemos ter a certeza de que a oração feita
por um justo tem muitos efeitos. Ela é eficaz e
produz resultados reais aqui na terra.
Detalharemos, a seguir, como acontece o
processo da justificação do homem em Cristo.
4.1. EM CRISTO SOMOS JUSTIFICADOS
Justificação é o ato de Deus perdoar o peca-
dor, declarando-o sem culpa e, ainda, aceitan-
do-o como justo. A Lei não veio para justificar,
ela veio para condenar. É impossível cumprir
toda a Lei com a natureza pecaminosa. Só
existiu um que é justo entre os homens, que
foi Cristo Jesus.
Somos justificados quando cremos nEle,
e a justificação é por meio da fé. Por isso,
crer é nossa única opção. Quando cremos,
somos justificados. Essa verdade nos auxilia
na prática da oração. Como já citado, o diabo
insiste em tentar tirar o nosso foco, jogando
em nossa mente que não podemos ter comu-
nhão com Deus. Mas o Espírito Santo testifica
que somos filhos, herdeiros de Deus e coer-
deiros com Cristo, ou seja, temos acesso ao
Pai, pois temos um advogado que nos fez re-
ceber a declaração de justos. Nós estávamos
condenados. O Justo Juiz tinha suficientes
argumentos morais para nos julgar e nos con-
denar. Porém, Jesus agiu como um advogado
de defesa, morrendo em nosso lugar e nos
representando no tribunal de Deus. Tendo
ele assumido o nosso lugar de condenação,
fomos declarados justos.
4.2. EM CRISTO RECEBEMOS O DOM DA
JUSTIÇA
Nunca poderemos ter uma vida de oração
debaixo de culpa. O novo nascimento vem
com o presente do dom da justiça. Jesus se
fez pecador para salvar o pecador. Ele tomou
sobre si os pecados da humanidade: os do
presente, do passado e do futuro. Ele tornou-
-se culpado por nós para que nEle recebêsse-
mos a justiça de Deus.
Na cruz, o pecado foi julgado e a justiça de
Deus satisfeita, para que essa mesma justiça
. 91 .
Maturidade.indd 91
fosse transferida para todo aquele que crê. O
preço da condenação já foi pago. O cálice da
ira de Deus foi derramado em Jesus. Se es-
tamos enxertados em Cristo, pela fé, já não
há condenação e culpa que recaia sobre nós.
Cristo tornou-se a nossa justiça. Podemos
ver essa verdade na Bíblia em 2 Coríntios
5.21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez
pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos
justiça de Deus”.
4.3. EM CRISTO DEVEMOS ORAR COMO
JUSTOS
A consciência da justificação e do dom da
justiça (presente recebido em Cristo) nos fará
orar como justos. Podemos ter fé, esperança
viva e ousadia para crer. Ao orar, recebere-
mos as mais diversas bênçãos de Deus.
Essa oração nos levará a alcançar coisas
grandes e que não podemos imaginar. Por
mais que tentemos imaginar o que Deus pode
fazer por nós, não conseguiremos mensurar
o seu poder em plenitude. Paulo descreve
isso em Efésios 3.20: “Ora, àquele que é podero-
so para fazer tudo muito mais abundantemente
além daquilo que pedimos ou pensamos, segun-
do o poder que em nós opera”.
5. A ORAÇÃO EM NOME DE JESUS
Como já estudamos, somos justificados
pela fé em Jesus Cristo. A partir desse mo-
mento, Deus nos olha pelas lentes da cruz.
Essa é a direção “de cima para baixo”. Na di-
reção contrária, “debaixo para cima”, das nos-
sas orações em direção a Deus, também de-
vemos nos aproximar do Criador pelas lentes
de Cristo. Para isso devemos orar em nome
de Jesus.
Não oramos em nosso próprio nome, pois
não temos as credenciais necessárias para
isso. Somente Cristo foi perfeito e morreu
sem pecado. Seu sacrifício na cruz foi aceito
por Deus, e através de sua obra redentora
temos acesso ao Pai. Não oramos através de
nossas obras ou capacidade. Muito menos
podemos orar através do nosso poder aqui
08/07/2019 12:24:17
 na terra. Só há um caminho para orar: Pelo mento. Há grandes recompensas espirituais
nome de Jesus. O nome de Jesus é a chave de na prática do jejum. nEle estamos matando a
acesso ao coração do Pai. Cristo é o nosso carne e alimentando o espírito. Isso traz be-
Mediador, Intercessor, Advogado e Senhor. nefícios para quem o pratica. O jejum desper-
ta o espírito, mortificando a carne. Através
6. A ORAÇÃO COM AUTORIDADE dEle, a nossa fé é liberada. O jejum nos faz
mais sensíveis ao Espírito Santo e à vontade
Todo cristão precisa ser revestido de auto-
de Deus. Ele turbina nossas orações, pois es-
ridade e poder. Vejamos um exemplo de au-
tamos mais conectados ao Senhor e menos
toridade:
ligados a nós mesmos.
Jesus incentivou a prática do jejum em di-
Quando um guarda de trânsito faz um sinal
versos momentos de sua obra na terra, mas
para um carro parar, o carro deve parar. Se
sempre como uma disciplina espiritual no se-
for um caminhão, por maior que seja, esse
caminhão também para. E isso acontece não
creto. Veja o versículo a seguir:
pela força do guarda, mas pela autoridade e
Quando jejuardes, não vos mostreis contristados
poder que ele tem representados por sua farda.
como os hipócritas; porque desfiguram o rosto
Vamos refletir um pouco mais nesse exemplo.
com o fim de parecer aos homens que jejuam.
E se um guarda desconhecido e sem farda fizer
Em verdade vos digo que eles já receberam
um sinal para um carro parar, esse carro irá
a recompensa. Tu, porém, quando jejuares,
atender? Acredito que no mundo de hoje, em que
unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não
há muita insegurança, ninguém daria crédito a
parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu
um cidadão vestido com roupas comuns. A farda
indica a autoridade do guarda. Ela representa Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te

o revestimento, ou seja, o acabamento de sua recompensará. (Mateus 6.16-18)

vestimenta.

A nossa autoridade é o revestimento do po- PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE

der de Deus. É invisível aos olhos humanos, CONTEÚDO
mas satanás percebe. Em muitos momentos,
1) Cite aquilo que a oração é fonte, com
precisamos utilizar essa autoridade espiri-
base no tópico 1.2:
tual, orando com ousadia e fé. Nossa auto-
2) Explique como é possível a oração ser
ridade, ousadia e fé nos farão dar ordens às
fonte de santificação:
montanhas em nosso caminho (Mc 11.23). O
3) Com base no tópico 3, por que algumas
monte é aquilo que aparece diante de nós,
pessoas têm dificuldade de orar?
bloqueando nossa caminhada. É todo obstá-
culo que nos impede de avançar. Com auto- 4) Como o cristão se torna justo, para que
ridade, através da oração, todo impedimento sua oração seja poderosa?
de avançar será removido em nome de Jesus. 5) Qual a relação entre a oração e o jejum?
Pela autoridade com que fomos revestidos,
________________________________________________
podemos desfazer as obras do diabo e colo-
car limites em suas ações. ________________________________________________

7. A ORAÇÃO E O JEJUM
O jejum é a abstinência de alimento, acom-
panhada de oração e consagração. Ele pode
ser total, incluindo a abstinência de água, ou
parcial, em que somente há privação de ali-
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

. 92 .

Maturidade.indd 92 08/07/2019 12:24:17


LIÇÃO 12
A OR AÇÃO E OS SEUS BENEFÍCIOS
Muitos são os benefícios da oração na vida
do cristão, pois ela promove um encontro
transformador do homem com o Senhor.
Apesar de todos os benefícios, muitos cris-
tãos ainda negligenciam essa prática por di-
versos motivos.
Nesta lição, aprenderemos sobre alguns as-
pectos da oração, como as formas que exis-
tem de orar, a sua importância para a vida
espiritual, assim como os muitos benefícios
para aqueles que oram.
. 93 .
Maturidade.indd 93
1. AS DIFERENTES FORMAS DE
ORAR
Antes de mais nada entendamos que ora-
ção é basicamente “um diálogo entre os ho-
mens e Deus, uma conversa, pela fé, que o
homem tem com o Criador”. Dentre os vários
tipos de oração que abordaremos nesta lição,
elas podem ser realizadas de três formas: a
sós, em concordância com outra pessoa ou cole-
tivamente no Corpo.
A seguir detalharemos cada uma dessas
formas:
1.1. ORAÇÃO A SÓS
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto
e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará. (Mateus 6.6)
O contexto desse texto apresenta Jesus
condenando a oração hipócrita dos fariseus,
que iam para as praças a fim de serem vis-
tos. Com isso, ele ensinou que devemos pra-
ticar nossas orações diárias, a sós, ou seja,
em secreto. Essa oração consiste em nosso
momento a sós com Deus, em que o nosso
coração deve estar conectado somente a Ele.
A oração diária, a sós, requer muita disci-
plina. Ela deve ser praticada de forma cons-
tante, para que possamos desfrutar das ricas
bênçãos do Senhor.
1.2. ORAÇÃO DE CONCORDÂNCIA
Em verdade também vos digo que, se dois dentre
vós, sobre a terra, concordarem a respeito de
qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-
lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.
(Mateus 18.19)
Nesse texto, Jesus está falando em uma
unidade de propósitos na oração. É a ação
de orar em concordância com outra pessoa
para receber respostas de Deus. A unidade,
na Bíblia, é mais que estar juntos fisicamente.
08/07/2019 12:24:20
 Podemos estar distantes, porém no mesmo
propósito de oração.
É preciso observar que pelo menos duas
pessoas precisam concordar nessa forma de
oração. A oração de concordância evidencia
uma verdade poderosa da Palavra de Deus, a
unidade de propósito. Essa forma de orar é po-
derosa, pois Deus promete conceder aquilo
que se pede em unidade.
1.3. ORAÇÃO COLETIVA
Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a
Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que
fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há
(...) Agora, Senhor, olha para as suas ameaças e
concede aos teus servos que anunciem com toda
a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes
a mão para fazer curas, sinais e prodígios por
intermédio do nome do teu santo Servo Jesus.
Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam
reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo
e, com intrepidez, anunciavam a palavra de
Deus. (Atos 4.24,29-31)
Quando Pedro e João foram soltos, após te-
rem sido presos por anunciar o Evangelho, a
Bíblia diz que os discípulos, cheios de alegria,
oraram unânimes para que Deus abrisse mais
portas para a evangelização do mundo. A Bí-
blia nos mostra que quando alguma situação
oferecia perigo aos apóstolos, a igreja reagia
em oração coletiva.
A oração coletiva é uma oração de concor-
dância, mas ela multiplica o poder da oração
em concordância. Essa forma de oração pro-
move uma grande unidade de propósito, não
de apenas duas ou três pessoas, mas de vá-
rias. Quando a igreja ora dessa forma, haven-
do acordo no corpo de Cristo, Deus tem prazer
em responder conforme está sendo pedido.
2. OS DIFERENTES TIPOS
DE ORAÇÃO
Oração é prioridade e necessidade. É bên-
ção e graça de Deus! É uma disciplina espiri-
tual que nos faz crescer. O problema é que
. 94 .
Maturidade.indd 94
existem diversos tipos de oração, por isso
precisamos conhecê-los, para nos aprofun-
darmos ainda mais nessa prática. Cada tipo
diferente de oração tem regras e propósitos
diferentes.
A seguir estudaremos os principais tipos de
oração:
2.1. ORAÇÃO DE ADORAÇÃO
Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia,
onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara
dentre os mortos. Deram-lhe, pois, ali, uma ceia;
Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam
com ele à mesa. Então, Maria, tomando uma
libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso,
ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus
cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume
do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus
discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por
que não se vendeu este perfume por trezentos
denários e não se deu aos pobres? Isto disse ele,
não porque tivesse cuidado dos pobres; mas
porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que
nela se lançava. (João 12.1-6)
Maria teve uma atitude de valorizar Jesus,
através de uma atitude de adoração. Ela sabia
quem Ele era, por isso ofereceu o melhor que
tinha para honrar o Mestre.
A adoração é “o reconhecimento de quem
Deus é”. Deus é santo, sábio, perfeito, onipresen-
te, onipotente, onisciente, soberano, infinito, eterno,
sublime, justo e amor. Na adoração, precisamos
nos concentrar nos atributos de Deus, em sua
natureza e em seu caráter justo e amoroso.
Maria é um exemplo de adoradora, pois en-
tregou seu melhor a Jesus por quem Ele era.
Maria valorizou a presença do Senhor, lan-
çando-se aos seus pés. Devemos ter a mesma
atitude. O Espírito Santo habita em nós, e a
consciência disso deve nos levar à adoração.
Uma postura de adoração deve fazer parte
de todas as nossas orações a Deus. Começar
a oração com essa postura faz com que nos-
so coração se volte para Ele, dando a Ele a
glória devida. Essa postura transmite a men-
08/07/2019 12:24:20
 sagem de que nós O amamos e desejamos
Seu governo.
Adoração “em verdade”, conforme o texto
de João 4.23, é a expressão daquilo de que
o coração está cheio. É fruto de um coração
que conhece a Palavra de Deus e expressa
todo o amor possível, para engrandecer ao
Senhor.
2.2. ORAÇÃO DE LOUVOR
Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam
e cantavam louvores a Deus, e os demais
companheiros de prisão escutavam. De repente,
sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os
alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e
soltaram-se as cadeias de todos. (Atos 16.25,26)
Nesse texto, Paulo e Silas estavam presos
por pregarem o Evangelho na cidade de Fili-
pos. Eles foram colocados em uma situação
difícil, foram açoitados e presos na área mais
inferior da cadeia. Era um ambiente favorá-
vel à murmuração, porém o que o texto nos
apresenta é que mesmo em uma situação
terrível, os corações de ambos estavam em
Deus, que os levou a orar e louvar.
Muitos de nós reclamaríamos nessa situa-
ção, mas eles louvaram a Deus. De repente,
um terremoto aconteceu, as portas da cadeia
foram quebradas e todos estavam livres. A
oração de louvor “reconhece os feitos do Se-
nhor”. Por isso devemos louvá-Lo pelo que
Ele fez, está fazendo e irá fazer.
Deus realiza muitas boas obras em nossas
vidas diariamente. Somente um coração que
reconhece isso conseguirá louvar a Deus.
Com esse coração, seremos levados a um ní-
vel extraordinário de louvor a Ele.
2.3. ORAÇÃO DE AÇÃO DE GRAÇAS
Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças,
distribuiu-os entre eles; e também igualmente os
peixes, quanto queriam. ( João 6.11)
. 95 .
Maturidade.indd 95
Antes da multiplicação dos pães e peixes,
Jesus deu graças a Deus.
A oração de ação de graças é a expressão
de reconhecimento e gratidão a Deus pelas
bênçãos que Ele tem derramado sobre nós.
Deus tem salvado, alimentado, trazido provi-
são, emprego, abençoado famílias, distribuí-
do dons, ministérios e abençoado a sua igre-
ja. Um coração ingrato retira os méritos de
Deus, trazendo-os para si. Quando não vol-
tamos para agradecer ao Senhor, é como se
tivéssemos produzido nossa própria bênção.
A gratidão agrada a Deus.
C. S. Lewis ensinou a respeito da gratidão, o
que procurava fazer diariamente. Ao ver o sol
nascendo, ele dizia:
Obrigado por tão grande bênção que nos
faz viver. Que Deus é esse que fez tamanha
maravilha? E ainda dizia: Se não conseguimos
agradecer e louvar por coisas simples, como
conseguiríamos fazê-lo por coisas grandes?
Que tenhamos um coração grato, orando a
Deus com ações de graças. Louvor, adoração
e gratidão são decisões nossas. Precisamos
ter a mesma motivação para agradecer, assim
como temos para pedir.
2.4. ORAÇÃO DE CONFISSÃO
Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua
benignidade; e, segundo a multidão das tuas
misericórdias, apaga as minhas transgressões.
Lava-me completamente da minha iniquidade
e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço
as minhas transgressões, e o meu pecado está
sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti
somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos,
de maneira que serás tido por justo no teu falar e
puro no teu julgar. (Salmos 51.1-4)
Davi reconheceu seus erros em profundo
arrependimento, por isso foi perdoado de
suas transgressões e realizou grandes obras
para o Senhor.
Devemos examinar a nossa vida e encontrar
os pecados que tentam se enraizar em nós, pois
08/07/2019 12:24:20
 muitas vezes nos esquecemos de fazer essa
análise e acabamos nos acostumando com eles.
É necessário separar um tempo de nossas ora-
ções para a confissão de pecados. Um bom guia
para esse autoexame pode ser as obras da carne
e o fruto do Espírito (Gl 5.19-24). Precisamos ava-
liar se nosso comportamento tem se aproxima-
do mais de um ou de outro. Se percebermos que
estamos vivendo as obras da carne, confessemos
todas ao Senhor.
Na oração de confissão, fazemos um autoe-
xame espiritual para confessarmos os nossos
pecados a Deus com profundo arrependi-
mento. Isso exige humildade, zelo, amor pró-
prio e um olhar voltado para o Senhor.
Deus perdoa os pecados de um cristão ar-
rependido. Sua obra na cruz nos permite re-
ceber essa graça. É possível vencermos mes-
mo após momentos de transgressões. Basta
voltarmos nosso coração para Deus em con-
fissão e arrependimento.
2.5. ORAÇÃO DE PETIÇÃO
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o
que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-
lhe-á. (Mateus 7.7,8)
A oração de petição “contém os pedidos que
fazemos para Deus”. Normalmente, os cristãos
têm o costume de gastar mais tempo pedindo
do que louvando, adorando e agradecendo.
Os pedidos são apresentados a Deus quando
temos situações que precisam ser mudadas.
Uma boa prática da oração de petição é
apresentar a Deus o motivo dos nossos pe-
didos. Isso nos fará pensar em por que pre-
cisamos daquilo e encontrar descanso ao fim
da oração, pois assim entregaremos o nosso
fardo a Deus. Timothy Keller apresenta dois
grandes propósitos nos pedidos ensinados
por Jesus, na oração do Pai Nosso: endireitar o
mundo (“Venha o Teu Reino”) e alinhar os nos-
sos desejos (“Faça-se a Tua vontade”) (Mt 6.10).
Outra boa prática na oração de petição é orar
a Palavra. Por exemplo: se necessitamos de sa-
. 96 .
Maturidade.indd 96
bedoria, podemos utilizar o versículo que fala
que Deus dá sabedoria a quem pede (Tg 1.5).
O comportamento após a oração é tão im-
portante quanto durante. Se duvidarmos da
resposta depois de orar, estaremos dizendo
a Deus que não cremos no que fizemos e
nem em Seu poder. Apresente seus pedidos
a Deus e descanse nEle.
2.6. ORAÇÃO DE INTERCESSÃO
Busquei entre eles um homem que tapasse o muro
e se colocasse na brecha perante mim, a favor
desta terra, para que eu não a destruísse; mas a
ninguém achei. Por isso, eu derramei sobre eles a
minha indignação, com o fogo do meu furor os
consumi; fiz cair-lhes sobre a cabeça o castigo do
seu procedimento, diz o SENHOR Deus.
(Ezequiel 22.30,31)
Deus intervém na terra quando nós oramos
e intercedemos. Precisamos da oração de in-
tercessão para que a vontade de Deus seja
feita. Foi Jesus quem nos ensinou a orar, pe-
dindo para que a vontade de Deus fosse feita
na terra como é nos céus (Mt 6.10).
A intercessão é “a oração em favor do outro”.
Um exemplo de intercessão é quando oramos
pelos governantes de um país, pela cura de
um vizinho ou pela salvação de um parente.
Somos chamados a guerrear de joelhos, inter-
cedendo por conversões, pelas autoridades,
pela liderança da igreja e pela família. C. S. Le-
wis demonstrou muito bem o sentimento da
intercessão quando disse: Orar por alguém é
dizer “eu te amo” escondido, é amor sem ser visto,
sem plateias ou aplausos. Orar é fortalecer o ou-
tro, abraçá-lo invisivelmente.
2.7. ORAÇÃO DE ENTREGA
Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão
de Deus, para que ele, em tempo oportuno,
vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa
ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
(1 Pedro 5.6,7)
08/07/2019 12:24:20
 A oração de entrega é feita quando os cuida-
dos, inquietações, angústias, incertezas e pesos
da vida nos batem à porta. É depositar esses far-
dos aos pés do Senhor e descansar nEle.
Há um grande perigo em guardar os sen-
timentos e sofrimentos para nós mesmos. A
inquietação da alma produz estresse, esgota-
mento e até mesmo a morte. Na oração de
entrega, transferimos nosso pesado fardo a
Deus. Após isso, descansamos no Senhor.
2.8. ORAÇÃO EM CONSAGRAÇÃO
Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor;
que se cumpra em mim conforme a tua palavra.
E o anjo se ausentou dela. (Lucas 1.38)
O significado da palavra consagrado no
dicionário é “dedicado a Deus, investido em
funções sagradas”. A oração de consagração
alinha a nossa vontade com a vontade de
Deus, a fim de trazer a Sua bênção e o Seu
favor em uma determinada situação.
Essa oração deve ser realizada em mo-
mentos de importantes decisões, em que
caminhos precisam ser mostrados. Somente
em profunda consagração a Deus, consegui-
remos declarar com ousadia: Seja feita a Tua
vontade! Para isso, é preciso que haja submis-
são, dependência e obediência, porque os ca-
minhos de Deus são sempre melhores que os
nossos (Is 55.8-9).
2.9. ORAÇÃO EM LÍNGUAS
Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé
santíssima, orando no Espírito Santo. ( Judas 20)
A oração em línguas foi inaugurada pelo ba-
tismo com o Espírito Santo. O batismo com o
Espírito Santo é uma bênção que deve ser bus-
cada por todo cristão ( Jo 3.5). É um revestimento
de poder para encarar o dia a dia e a obra do
Senhor. É a segunda bênção do crente. Vemos a
oração em línguas como um dos principais sinais
do batismo com o Espírito Santo. É um dom do
. 97 .
Maturidade.indd 97
Espírito que se caracteriza por “uma linguagem
sobrenatural para a edificação própria”.
Algumas pessoas esperam “um arrepio”,
uma imposição de mãos, uma unção com
óleo ou uma oração especial para se conec-
tarem com Deus e orar em línguas. Devemos
orar em línguas independentemente de ma-
nipulações externas. É uma prática de ora-
ção que nos conecta profundamente com o
Senhor. Quando oramos em espírito, falamos
segredos e mistérios espirituais.
3. PRINCÍPIOS DA ORAÇÃO
RESPONDIDA
São muitas as promessas bíblicas em re-
lação à oração, porém é preciso observar
alguns princípios, para que nossas orações
sejam respondidas.
A seguir, abordaremos alguns desses prin-
cípios:
3.1. ORAR EM SECRETO
Em tempos de exposição com as mídias e re-
des sociais, quando se trata de oração, é melhor
desenvolvê-la no secreto. Nossa sociedade é ca-
paz de deixar uma comida esfriar no prato para
tirar uma foto. Da mesma forma, avisam a todos
pelas redes sociais que irão orar.
Jesus disse que a oração que traz recom-
pensas de Deus é a oração feita em secreto.
E citou os fariseus, que iam para as praças pú-
blicas e utilizavam-se de vãs repetições para
serem vistos pelos homens. O Mestre apontou
que a recompensa desses fariseus é a admira-
ção de homens. Já a recompensa de quem ora
em secreto são as ricas bênçãos de Deus.
E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas; porque gostam de orar em pé nas
sinagogas e nos cantos das praças, para serem
vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles
já receberam a recompensa. Tu, porém, quando
orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,
orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará.
(Mateus 6.5,6)
08/07/2019 12:24:21
 3.2. TER A ATITUDE DE ORAR COM
SINCERIDADE
Ter atitude significa não ficar esperando as
coisas acontecerem. É preciso agir e decidir
orar. Pedir, buscar e bater são termos bíblicos
sobre oração que nos remetem a uma atitude.
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que
busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.
Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura
o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe
pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se
vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está
nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?
(Mateus 7.7-11)
A atitude de orar nos fará encontrar Deus,
“abrir portas” e receber respostas dEle. Não
devemos esperar que a vida nos leve e as si-
tuações se modifiquem sozinhas. Devemos
ter a atitude de orar e pedir a Deus que mude
aquilo que necessita ser mudado.
A oração deve ser sincera. Isso é diferente
de orar de forma decorada e repetida. Deus já
sabe o que queremos e precisamos, mas Ele
deseja ouvir a voz do nosso coração.
3.3. SER ESPECÍFICO
No texto de Marcos 10.46-52, o pedido de
misericórdia feito pelo cego Bartimeu não
foi suficiente para Jesus curá-lo. Jesus lhe fez
uma pergunta que, para todos nós, tem uma
resposta óbvia: “O que queres que eu te faça?”
(Mc 10.51). Ele sabia o que aquele homem
queria e estava disposto a conceder o que ele
necessitava. Mas antes de operar o milagre,
Jesus solicitou que o cego fosse específico em
seu pedido.
Um pedido específico nos levará a um
maior autoconhecimento, pois passaremos a
refletir no que realmente queremos. O auto-
conhecimento nos levará ao aperfeiçoamen-
to. O pedido específico glorifica a Deus, pois
admitimos que somos incapazes de ter aquilo
que desejamos por nós mesmos, e reconhe-
. 98 .
Maturidade.indd 98
cemos a grandeza de Deus, que poderá fazer
o milagre. Todo esse processo produz grati-
dão pelas bênçãos recebidas.
3.4. TER UM DESEJO PROFUNDO
O desejo profundo nos levará a orar com
fé. Quando conhecemos um produto novo e
nossos olhos se enchem de desejo, esse pro-
duto vira um sonho de consumo, e trabalha-
remos para tê-lo. O mesmo deve acontecer
nos assuntos espirituais: devemos desejar e
trabalhar em oração até conquistar o que de-
sejamos, sempre buscando saber a vontade
de Deus (como já aprendemos).
Temos um desejo profundo? Só conseguire-
mos perseverar em oração se esse desejo es-
tiver bem forte dentro de nós, motivando-nos
a orar.
3.5. PERSEVERAR EM ORAÇÃO
Perseverar significa “conservar-se firme e cons-
tante”. Vejamos o exemplo de Abraão. Ele havia
recebido uma promessa de Deus de que seria
pai de multidões. Apesar da promessa, havia
um quadro circunstancial complicado, porque
Abraão já era idoso e Sara, além de idosa, era
estéril. Abraão recebeu a promessa com 75 anos
de idade e essa promessa se cumpriu apenas 25
anos depois. Concluímos, através do registro da
história de Abraão que nem sempre as coisas
acontecem em nosso tempo.
O que não podemos é crer mais nas cir-
cunstâncias em nossa volta do que na Palavra
de Deus. Isso nos fará parar. Podemos até ne-
gar a realidade e tentar seguir em frente, mas
isso também pode causar traumas em nós. A
melhor atitude diante do tempo sem respos-
ta é encarar as circunstâncias e a realidade
presentes firmes na Palavra de esperança
que está em nosso coração. Isso nos levará a
orar e perseverar em oração.
O fato é que em todos os momentos, Deus
tem o controle de nossas vidas. Precisamos
sempre confiar e depender dEle.
08/07/2019 12:24:21
 4. OBSTÁCULOS À ORAÇÃO
Alguns obstáculos impedem que nossas
orações sejam respondidas. Por mais que en-
tendamos a justificação, a ousadia em entrar
em comunhão através da oração e a fé para
receber bênçãos, existem algumas barreiras
que podem impedir a chegada das respostas
das orações.
A seguir, detalharemos alguns desses obs-
táculos.
4.1. PECADO NÃO CONFESSADO
Eis que a mão do SENHOR não está encolhida,
para que não possa salvar; nem surdo o seu
ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas
iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto
de vós, para que vos não ouça. (Isaías 59.1,2)
O pecado estabelece um muro entre nós
e Deus, espiritualmente falando. Ignorar um
pecado e não o confessar é não aproveitar-
mos a oportunidade diária que temos de nos
arrepender de nossos erros. O pecado sepa-
ra e destrói a comunhão com Deus.
Pecado de estimação é igual perfume, com
o tempo nos acostumamos com o cheiro. A
verdade é que todos pecamos e se dissermos
que não, somos mentirosos (1 Jo 1.8). É preci-
so reconhecer isso diariamente e confessar a
Deus com profundo arrependimento. Confes-
sar pecados tira um grande peso de nossas
costas e abre caminho para o desfrutar da
plena e perfeita comunhão com Deus.
Precisamos dar nome aos pecados e re-
conhecer cada um deles. Eles podem ser
mágoas, ressentimentos, falta de perdão, amar-
guras, idolatrias, pornografia ou pensamentos
impuros. Através do arrependimento e da
confissão dos pecados, removeremos essas
barreiras que impedem Deus de nos aben-
çoar e teremos comunhão com Ele.
. 99 .
Maturidade.indd 99
4.2. INCREDULIDADE
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando;
pois o que dúvida é semelhante à onda do mar,
impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse
homem que alcançará do Senhor alguma coisa.
(Tiago 1.6,7)
As dúvidas ou a falta de fé nos farão ser agi-
tados de um lado para o outro, assim como
as ondas do mar. Ao mesmo tempo em que
confiamos na fonte divina, começaremos a
entregar-nos e beber de outras fontes. Sata-
nás é o pai da mentira e mestre em colocar
dúvidas que geram incredulidade ( Jo 8.44).
Essa é uma de suas principais armas.
Devemos questionar as nossas dúvidas e
crer nas promessas de Deus. Devemos olhar
firmemente para o Autor e Consumador da
nossa fé (Hb 12.2), pois Ele nos levará a uma
vida de esperança. Não seremos distraídos e
nem confundidos.
4.3. ORGULHO
Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes
concede a sua graça. (1 Pedro 5.5)
O orgulho está ligado à altivez e à soberba. É o
contrário de ser humilde. Os orgulhosos agem
como se não precisassem de Deus, eles são au-
tossuficientes. A humildade nos leva a reconhe-
cer diariamente que dependemos do Senhor.
Precisamos orar a Deus para que o Espíri-
to Santo trabalhe em áreas intocáveis dentro
de nós, principalmente no que diz respeito
ao ego. Precisamos deixar Deus nos moldar,
como um vaso nas mãos do oleiro. Assim
tomaremos a forma de Deus, recebendo os
valores do Reino, e praticaremos a perfeita
vontade do Pai.
4.4. RECUSA A AJUDAR OS NECESSITADOS
O que tapa o ouvido ao clamor do pobre
também clamará e não será ouvido.
(Provérbios 21.13)
08/07/2019 12:24:21
 Recusar a ajudar um necessitado, quando
nós pudermos fazer, impedirá nossas ora-
ções de serem ouvidas e respondidas. Deus
se alegra com a generosidade. Assim como
Ele estendeu a mão para a humanidade e de
graça a salvou, Ele quer que essa atitude es-
teja em nossos corações e sejamos constan-
tes em nosso amor ao próximo.
Deus expressou cuidado especial aos po-
bres, necessitados, órfãos, viúvas e doentes.
A Igreja deve expressar esse mesmo cuidado.
4.5. RELACIONAMENTO ERRADO
COM A FAMÍLIA
Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do
lar, com discernimento; e, tendo consideração
para com a vossa mulher como parte mais frágil,
tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente,
herdeiros da mesma graça de vida, para que não
se interrompam as vossas orações. (1 Pedro 3.7)
A falha no relacionamento conjugal impede
as respostas de Deus. O marido deve amar a
esposa, assim como Cristo amou a igreja (Ef
5.25). O casamento do cristão deve ser me-
lhor que o dos incrédulos, pois os cristãos
têm o Espírito Santo à disposição para ajudá-
-los em suas ações.
As estatísticas em relação à família são alar-
mantes:
• Segundo o IBGE, na pesquisa de 2016,
um em cada três casamentos termi-
nam em separação no Brasil. Esse nú-
mero representa um dado triplicado
nas últimas décadas.
• 50% dos divórcios envolve casais com
filhos menores de idade.
• Os casos de violência doméstica cres-
cem a cada ano. Como exemplo, tive-
mos 145 mil em Minas Gerais e 18 mil
em Belo Horizonte, somente em 2017.
Diante desses dados, fica a grande ques-
tão: as famílias cristãs têm comportamentos
melhores que as não cristãs? Isso deveria ser
uma realidade, mas infelizmente não tem
. 100 .
Maturidade.indd 100
sido. As respostas das orações não chegam
para as famílias que vivem em guerra. Somos
cristãos, por isso devemos ser diferentes.
Somos capazes de perdoar e pedir perdão, te-
mos humildade para reconhecer nossos erros e
aprendemos o valor de ouvir e de falar.
4.6. INDISPOSIÇÃO PARA PERDOAR
E, quando estiverdes orando, se tendes alguma
coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai
celestial vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se
não perdoardes, também vosso Pai celestial não
vos perdoará as vossas ofensas.
(Marcos 11.25,26)
Em uma igreja, como em qualquer lugar com-
posto de pessoas, muitas desavenças acontece-
rão. Somos pessoas em construção, ou seja, em
processo de santificação. O desafio do perdão
se fará necessário em vários momentos.
Qual a base para o perdão? Precisamos
entender que fomos perdoados de uma dí-
vida maior. A parábola do servo impiedoso
(Mt 18.23-35) conta a história de um rei que
resolveu ajustar as contas com seus servos.
Um servo que devia 10 mil talentos não tinha
como pagá-lo. O rei, então, mandou que o
vendessem junto com sua família e seus bens
para pagar a dívida. Esse servo devedor pros-
trou-se e pediu ao rei que fosse paciente com
ele, pois lhe pagaria. O rei, compadecendo-se,
perdoou a dívida. Ao sair, o servo perdoado
encontrou um conservo que lhe devia 100
denários. O servo que foi perdoado exigiu o
pagamento. O conservo prostrou-se da mes-
ma maneira e pediu paciência. O servo, porém,
não quis perdoá-lo, enviando o devedor para a
prisão. O rei, ao saber disso, mandou chamar
o servo e perguntou: Te perdoei de uma gran-
de dívida, você não deveria ter feito o mesmo? E
lançou-o aos torturadores para ser castigado.
Jesus concluiu essa parábola dizendo: Assim
também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo
não perdoardes cada um a seu irmão. (Mt 18.35).
Só não perdoa quem não olha para si mes-
mo. Perdoar é uma decisão e não uma vonta-
08/07/2019 12:24:22
 de que virá. Perdoar é libertar-se de orações ________________________________________________
sem respostas.
________________________________________________

4.7. MOTIVAÇÕES ERRADAS ________________________________________________

________________________________________________
Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada
podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. ________________________________________________
Nada tendes, porque não pedis; pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em ________________________________________________
vossos prazeres. (Tiago 4.2,3)
________________________________________________
As motivações das nossas orações são im- ________________________________________________
portantes para Deus. O motivo é a “intenção
do nosso coração” é “o que realmente quere- ________________________________________________
mos no ato de orar”. Motivações erradas im-
pedem Deus de nos responder. Ele não res- ________________________________________________
ponde orações impuras, egoístas, vingativas,
________________________________________________
manipuladas ou por ciúmes.
A motivação da oração de um líder de pe- ________________________________________________
queno grupo deve ser vidas transformadas.
Compaixão é o que deve mover o coração do ________________________________________________
líder. Nada promove uma pessoa tão rápido
________________________________________________
no Reino de Deus quanto um coração com
motivações corretas. ________________________________________________

________________________________________________
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO ________________________________________________
1) Qual é a poderosa verdade da Palavra
________________________________________________
de Deus, que é evidenciada na oração
de concordância? ________________________________________________
2) Qual a relação apresentada entre as
obras da carne e a oração de confissão? ________________________________________________
3) O que significa a oração de intercessão?
________________________________________________
4) Qual a relação de Abraão como a perse-
verança na oração? ________________________________________________
5) Quais são as características de uma ora-
ção com motivações erradas? ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 101 .

Maturidade.indd 101 08/07/2019 12:24:22


LIÇÃO 13
A SUPER ABUNDANTE GR AÇA
Estudaremos nessa lição a abundante gra-
ça, e iniciaremos com um exame pontual da
Palavra de Deus, usando algumas citações
que nos revelarão o significado maior da nos-
sa dependência de Deus, nosso Criador e Pai.
Todos nós, filhos de Deus, que certamen-
te recebemos a graça do Pai por intermédio
de Jesus Cristo, constatamos como é maravi-
lhosa e incomparável, essa graça. Sabemos,
sentimos e temos certeza da graça! Entretan-
to, qual é o significado da expressão graça de
Deus?
A definição da graça de Deus pelo dicionário
é a seguinte: O favor imerecido que Deus conce-
. 102 .
Maturidade.indd 102
de ao homem. Embora tal definição seja ver-
dadeira, ela, até mesmo por reducionismo, é
incompleta. Graça é um atributo de Deus,
um componente do caráter divino, demons-
trada por Ele através da bondade para com o
ser humano pecador que não merece o Seu
favor.
Um Deus todo-poderoso e santo não tem
nenhuma obrigação de conceder graça a pe-
cadores, mas Ele assim o faz segundo o que-
rer da Sua vontade. Ele demonstra graça ao
estender Seu favor, Sua misericórdia e Seu
amor para suprir a necessidade do ser huma-
no. O caráter de Deus é composto de graça,
movido por bondade e, por este detalhe, Ele
espontaneamente se dispõe a conceder Sua
graça à humanidade pecadora.
Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida;
o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê
em mim jamais terá sede. Porém eu já vos disse
que, embora me tenhais visto, não credes. Todo
aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que
vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
( João 6.35-37)
Outra definição da graça de Deus pode ser
feita da seguinte forma:
Aquela qualidade intrínseca da essência de Deus,
pela qual Ele, em Sua disposição e atitudes, é
espontaneamente favorável a outorgar favor
imerecido, amor e misericórdia àqueles que
aceitam a oferta do Evangelho livremente.
1. A GRAÇA NAS ESCRITURAS
A graça de Deus age em todas as dimen-
sões das necessidades da pessoa humana.
Ao longo de toda a Bíblia, a graça de Deus se
manifestou em três estágios:
• 1º estágio: Deus revelou Sua Graça ao
demonstrar misericórdia, favor e amor
para com todos os homens, mas para
com Israel de forma especial e parti-
cular. Neste estágio inicial da graça,
Deus comissionou exclusivamente este
08/07/2019 12:24:25
 povo como o “povo da promessa”, para
que, através da Lei de Moisés, o mundo
viesse a ter conhecimento de Deus, e,
posteriormente, por Jesus, o descen-
dente de Abraão, receber o Evangelho
da graça.
• 2º estágio: Deus apresentou Sua gra-
ça de forma mais clara, através de Je-
sus Cristo, o qual veio ao mundo para
anunciar as Boas Novas de salvação e
pagar pelos pecados do homem, me-
diante Sua morte na cruz;
• 3º estágio: A graça de Deus propor-
ciona salvação a todos os que, pela fé,
confiam em Jesus Cristo como salvador
e Senhor de suas vidas;
No Antigo Testamento, o conceito de graça
encontra uma expressão mais precisa, rica e
completa no termo grego charis, o qual ocor-
re, no mínimo, por 170 vezes na Septuaginta
(uma antiga tradução das Escrituras do AT do
hebraico para o grego Koinê, o grego comum).
Já aqui nesta tradução, a graça de Deus, cha-
ris, assume uma dimensão pessoal e que se
torna evidente ao ser humano ao apontar
para o Salvador e Redentor Jesus Cristo, seja
em Salmos ou em Isaías. Que prova maior da
graça de Deus poderia ser dada do que essa
da salvação, profetizada bem antes pelo sal-
mista e pelo profeta evangelista?
Ainda no Antigo Testamento, vemos Deus
liberando graça em inúmeras ocasiões quan-
do agiu com abundante graça. Quando o ho-
mem e a mulher pecaram no Jardim do Éden,
o Criador agiu com extrema graça ao poupar
as suas vidas e ao sacrificar um animal para
que lhes fossem feitas roupas com as quais
cobrisse a sua nudez. Foi o próprio Deus que,
em Sua bondade e graça, tomou a iniciativa
de providenciar a salvação para o homem
após a queda de Adão no pecado.
Em relação a Israel, tudo foi por graça, ou
seja, Deus, por seu propósito, formou este
povo do nada, a partir de Abraão, e depois
o manteve por toda a história até os dias de
hoje. Isto tudo foi e é por graça de Deus. Deus
não outorgou Seu amor e graça a Israel por
. 103 .
Maturidade.indd 103
qualquer mérito dessa nação. Deus escolheu
Israel para que fosse o povo de Sua proprie-
dade exclusiva através de um ato de pura gra-
ça, para que atendesse aos Seus propósitos
na história humana (Dt 7.6-9).
Em outra ocasião do AT, vemos o amor do
profeta Oseias por sua esposa Gômer, uma
prostituta, como uma ilustração da graça e
misericórdia de Deus para com Israel. Embo-
ra Gômer fosse uma esposa infiel, Oseias de-
monstrou-lhe graça, misericórdia e amor ao
resgatá-la do mercado de escravos pelo pa-
gamento de um preço. Ela tipificava a nação
de Israel redimida da escravidão do pecado.
Pela graça de Deus, também a ímpia cidade
de Nínive foi poupada da destruição ao arre-
pender-se de seu pecado mediante a prega-
ção do profeta Jonas.
A graça de Deus se revela à humanidade
através de duas maneiras fundamentais: a
graça comum e a graça efetiva.
A graça comum se refere ao imerecido favor,
amor e cuidado providencial de Deus, esten-
didos a toda a raça humana corrupta, pelos
quais Deus derrama Suas bênçãos sobre to-
dos em geral, tanto sobre os salvos quanto
sobre os descrentes (Sl 145.8, 9). Deus re-
freia Sua ira contra a humanidade pecadora,
concedendo a uma nação ou a uma pessoa
o tempo necessário para que se arrependa.
Esta é a graça comum, a todos os seres huma-
nos em geral. A graça comum também pode
ser constatada na obra do Espírito Santo,
quando este move o coração de uma pessoa
ao persuadi-la e convencê-la da necessidade
de buscar a salvação por intermédio de Jesus
Cristo ( Jo 16.8-11).
A graça efetiva é a segunda maneira de Deus
revelar Seu favor à humanidade. A graça de
Deus é eficaz na medida em que produz sal-
vação na vida dos indivíduos que depositam
sua fé na morte de Cristo e no sangue que Ele
derramou na cruz para remissão de seus pe-
cados. A graça efetiva se manifesta naquele
exato momento em que ocorre a conversão,
pelo convencimento que o Espírito Santo efe-
tua, quando alguém recebe as Boas Novas de
salvação. Como aprendemos em Apocalipse
08/07/2019 12:24:25
 3:20: Eis que estou à porta, e bato; se alguém
ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em
sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
A graça eficaz é também a graça salvadora,
pois tem uma função essencial no contexto
da salvação: Levantar o homem caído e religá-lo
novamente ao Pai. A palavra salvação refere-
-se ao ato redentor de Deus, em Cristo, pelo
qual Ele, no presente momento, redime o in-
divíduo da penalidade e do poder do pecado,
e, no futuro, libertará o crente em Cristo da
presença do pecado na ocasião da glorifica-
ção dos salvos.
A salvação é um dom gratuito de Deus, con-
cedido a uma pessoa em virtude da graça,
por meio da fé, independentemente de qual-
quer obra ou mérito da parte da pessoa que
o recebe. No momento da salvação, a graça
imerecida e a fé do crente são dons que pro-
cedem diretamente do Senhor àqueles que
põem sua fé em Cristo (Ef 2.8-9). Quando Deus
nos criou nos proveu de liberdade de escolha
e, assim, podemos resistir aos apelos para a
nossa salvação. Cabe a nós apenas ouvirmos
as Boas Novas do Evangelho, tomarmos a
decisão de entregarmos totalmente a nossa
vida nas mãos do Senhor Jesus, crermos e
aceitarmos a obra redentora do Senhor Jesus
por nós e em nós.
2. A GRAÇA PARA A SALVAÇÃO
Graça significa, primeiramente, favor não
merecido, disposição bondosa da parte de
Deus; bondade genuína e favor que mesmo
que quiséssemos não poderíamos recom-
pensar. A graça nunca incorre em dívida, pois
o que Deus concede, concede-o como favor e
não poderemos recompensá-lo ou pagar-lhe.
A salvação é o tema mais abordado da Bí-
blia, mas também é o menos compreendido
dela. Vejamos os dois textos a seguir e enten-
damos a base da manifestação da salvação
de Deus aos homens:
Mas cremos que fomos salvos pela graça do
Senhor Jesus, como também aqueles o foram.
(Atos 15.11)
. 104 .
Maturidade.indd 104
Sendo justificados gratuitamente, por sua graça,
mediante a redenção que há em Cristo Jesus.
(Romanos 3.24)
Com base nesses dois textos, podemos vis-
lumbrar a primeira lição a se aprender a res-
peito da graça:
Somos salvos pela graça, não por obras que
possamos fazer, mas pelo favor imerecido
com que Deus nos presenteou, em Cristo. A
nossa redenção foi manifesta nEle, para que
pudéssemos ser livres da perdição eterna.
Veja outra promessa dentro desse mesmo
aspecto da manifestação da graça:
Porque o pecado não terá domínio sobre vós;
pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.
(Romanos 6.14)
Sobre a garantia de que estamos salvos do
pecado, essa é uma promessa e uma realida-
de pela fé na obra redentora e regeneradora
do Senhor Jesus. Essa obra operada em nós
é a graça de Deus, que garante que mesmo
estando sujeitos a pecar, enquanto não expe-
rimentarmos a regeneração completa e eter-
na, em Cristo não seremos mais escravos do
pecado. Em outras palavras, o pecado ainda
fará parte da vida do cristão, mas pela graça
poderemos viver uma vida santa, pois tudo
o que precisamos para essa vida, pela graça,
nos é concedido.
Deus é poderoso para fazer abundar em
nós toda a graça, a fim de que tendo sempre,
em tudo, toda a suficiência, nós, os filhos de
Deus, abundemos em toda a boa obra e nos
revistamos da promessa infalível de Deus, em
Cristo, de que tudo o que precisamos virá in-
variavelmente da graça de Deus, que nos su-
pre e fortalece.
Muitos de nós, para alcançarmos caminhos
mais excelentes que os terrenos, temos bas-
tante o que aprender sobre a graça, que nos
dá descanso em Cristo. O apóstolo Paulo é
categórico quando nos dá testemunho do
que Cristo disse a ele em 2 Coríntios 12.9: E
disse-me: A minha graça te basta! Essa deve ser
08/07/2019 12:24:25
 a realidade de todo cristão: a graça de Cristo é
suficiente para nós!
Salvação é dom de Deus, um favor não me-
recido e impossível de ser recompensado; é
um benefício legítimo de Deus, conforme o
texto a seguir:
Porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus, nosso Senhor. (Romanos 6.23)
O serviço cristão, decorrente do ide, não é
pagamento pela graça de Deus; serviço cris-
tão é somente um meio pelo qual o crente
aproveita para expressar sua obediência, de-
voção e amor a Deus. Nós o amamos porque
ele primeiramente nos amou (1 Jo 4.19).
Nós não seremos salvos por praticar boas obras,
nós praticamos boas obras por que fomos salvos
por Cristo.
A graça, enfim, é a transação entre Deus e
o homem, absolutamente independente da
questão de merecer ou não merecer. Graça
não é tratar a pessoa como ela merece, mas
tratá-la graciosamente sem aguardar a míni-
ma referência aos méritos do seu feito. Graça
é amor infinito expressando-se em bondade
infinita. Graça não significa que Deus é de co-
ração tão magnânimo que abranda a pena-
lidade ou desiste dum justo juízo, mas que,
pela Sua graça, amor e bondade, oferece a
todos todas as condições para que se salvem.
3. A GRAÇA PARA A VIDA CRISTÃ
Entendamos que a vida religiosa, indepen-
dente do credo, diz respeito a “leis, regras e
normas”. Por mais que não tivéssemos o cos-
tume de praticar nenhum tipo de fé, antes de
nosso encontro pessoal com Cristo, temos a
tendência de ser influenciados por um tipo de
religiosidade legalista. Precisamos entender
que a vida pela graça nada tem a ver com o
peso da Lei.
O apóstolo Paulo, escrevendo à Igreja em
Roma, lançou luz sobre a questão da Lei e da
graça de forma cristalina, que não deixa dú-
. 105 .
Maturidade.indd 105
vidas nem mesmo ao mais novo convertido.
Vejamos:
Se, pela ofensa de um e por meio de um só,
reinou a morte, muito mais os que recebem
a abundância da graça e o dom da justiça
reinarão em vida por meio de um só, a saber,
Jesus Cristo. Pois assim como, por uma só
ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também, por um só ato
de justiça, veio a graça sobre todos os homens
para a justificação que dá vida. Porque, como,
pela desobediência de um só homem, muitos se
tornaram pecadores, assim também, por meio
da obediência de um só, muitos se tornarão
justos. Sobreveio a lei para que avultasse
a ofensa; mas onde abundou o pecado,
superabundou a graça. (Romanos 5.17-20)
Quando Deus criou Adão e Eva, os fez sem
pecado, conforme encontramos no início do
livro de Gênesis. Deus os fez à Sua imagem e
semelhança, com as capacidades que o pró-
prio Criador determinou colocar neles. Uma
destas capacidades era a liberdade, para de-
cidir sobre o que fazer.
O Criador deu a eles uma única instrução
que exigiria decisão, arbítrio, escolha, que
consistia em não comerem do fruto da árvore
do bem e do mal. Eram duas árvores: uma era
a árvore da vida e a outra era a árvore do bem
e do mal (Gn 2.9). Enquanto não comessem da
árvore do bem e do mal, poderiam continuar
experimentando a vida eterna e abundante
do propósito da Criação.
Interessante notar que eles não tinham
a malícia ou a rebeldia em si. Eram santos e
inocentes! O Criador falava com eles todas as
tardes, tamanha era a comunhão do Criador
com a Criatura. Entretanto, a serpente, que
era satanás, observando esta brecha, que era
a capacidade de livre escolha, dada por Deus
ao homem e à mulher, os atacou com sutileza
e os levou a desobedecerem a Deus, com o
ato de comerem da árvore da ciência do bem
e do mal.
Foi neste momento que os que viviam na
glória graciosa da criação agora experimen-
08/07/2019 12:24:25
 tavam as trevas. O homem voltou-se contra
Deus, e, assim, foi introduzido na história hu-
mana o pecado, a morte e a perdição eterna.
Ao chegar o Criador ao Éden, na viração do
dia, não encontrou seus dois filhos amados, pois
eles estavam escondidos, constrangidos por es-
tarem nus. O pecado mostrou a eles esta condi-
ção, que, antes da queda, era normal.
Deus, então, sacrificou um animal e, com o seu
couro, preparou para eles roupas adequadas
para cobrirem a nudez. Ali neste momento, esta-
va prefigurada a GRAÇA DE DEUS. Um animal, que
pode ter sido muito bem um cordeiro, foi morto
para que a nudez do pecado de Adão e Eva fosse
coberta. Este animal era uma tipologia de Jesus,
que morreu por nós, para que ficássemos livres
da morte e do pecado.
Parecia tudo perdido para a humanidade,
mas o plano de redenção da humanidade es-
tava ali prefigurado. Jesus, o Cordeiro de Deus,
viria à terra como o Emanuel, Deus Conosco, e
ligaria novamente a Deus todo aquele que bus-
casse a sua graça, o seu favor, o seu perdão. E
assim foi. Jesus manifestou-se entre nós para
morrer a morte que era nossa por herança, e
tomou sobre si todos os nossos pecados, nos
tornando justos outra vez. A partir daí todo
aquele que aceita a mensagem do Evangelho,
entregando a sua vida ao Senhor Jesus, recebe
a GRAÇA SALVADORA do próprio Deus.
E do modo por que Moisés levantou a serpente
no deserto, assim importa que o Filho do Homem
seja levantado, para que todo o que nele crê tenha
a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que julgasse o mundo, mas para
que o mundo fosse salvo por ele. (João 3.14-17)
Jesus não utilizou a palavra graça, mas a
sua vida e atitudes eram cheias do “favor de
Deus”, para com todos os que precisavam
dele. Ele afirmou que ninguém tem maior amor
do que este: De dar a vida por outro amigo ( Jo
15.13). Ele deu a vida por todos, individual-
mente, e isto é a graça. Todos nós, por causa
. 106 .
Maturidade.indd 106
do pecado de Adão e Eva no Jardim do Éden,
merecíamos a condenação, mas Ele veio e
nos deu algo que jamais poderíamos imaginar
merecer: a salvação.
No dia em que o homem pecou, um dilema
se estabeleceu: Deus é justo, e a Sua justiça sen-
tenciou que o homem deveria morrer por causa
da desobediência. Entretanto, Deus é justiça,
mas também é amor. Como lemos no texto
acima, de João 3, entendemos este encontro
no calvário. O Deus amoroso cumpriu com
este amor inigualável ao dar o Seu próprio Fi-
lho Jesus como o Cordeiro de Deus que tira todo
o pecado do mundo ( Jo 1.29). Assim, ali no Gól-
gota, se encontraram o amor de Deus e a Sua
justiça. Jesus nos substituiu na morte, para
que tivéssemos vida, e vida em abundância.
Diante da possibilidade de vivermos a graça
de Deus, não só para a salvação como para a
vida cristã, entendamos que tudo o que co-
nhecemos, experimentamos, recebemos e
alcançamos em Deus é unicamente por gra-
ça, não por obediência a mandamentos, afi-
nal, mesmo quando o homem desobedeceu,
Deus manifestou sua graça para o abençoar.
Assim como as obras procedem da vida de
quem recebeu a salvação, a obediência e a fi-
delidade a Deus são frutos de uma vida cheia
de graça.
4. A SUPERABUNDANTE GRAÇA
Porque, como, pela desobediência de um só
homem, muitos se tornaram pecadores, assim
também, por meio da obediência de um só,
muitos se tornarão justos. Sobreveio a lei para
que avultasse a ofensa; mas onde abundou
o pecado, superabundou a graça, a fim de
que, como o pecado reinou pela morte, assim
também reinasse a graça pela justiça para a
vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.
(Romanos 5.19-21)
O texto do apóstolo Paulo aos Romanos nos
comunica algo alvissareiro. Onde foi gerado o
pecado, Deus mesmo providenciou o remédio: a
maravilhosa graça. O amor de Deus é maior que
08/07/2019 12:24:25
 todo o pecado. Por causa desta graça podemos
vencer o pecado! Parafraseando o texto bíblico:
o pecado aumentou a desgraça do homem, mas a
graça de Deus transbordou e superabundou todo o
poder do pecado. A graça é maior e anula todo o
poder do pecado!
4.1. ONDE ABUNDOU O PECADO
Quando Adão e Eva desobedeceram, o pe-
cado e a morte entraram no mundo e toda a
raça humana ficou terrivelmente corrompida.
Desde Adão, todos pecamos e nos tornamos
merecedores do castigo eterno (Rm 5.12). O
pecado separou a criatura do Criador.
Importante entender que a Lei foi introdu-
zida para que a transgressão fosse evidencia-
da. A Lei aponta para o pecado!
Por causa do pecado, Deus deu Sua Lei a
Moisés, para mostrar como devemos viver.
Essa Lei mostrava claramente que todos
pecamos e ninguém segue perfeitamente a
vontade de Deus. A Lei de Deus realça nossos
pecados e nos condena.
Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que
vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e
todo o mundo seja culpável perante Deus, visto
que ninguém será justificado diante dele por
obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno
conhecimento do pecado. Mas agora, sem lei,
se manifestou a justiça de Deus testemunhada
pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante
a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos]
os que creem; porque não há distinção, pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus,
sendo justificados gratuitamente, por sua graça,
mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
a quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua
justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado
impunes os pecados anteriormente cometidos.
(Romanos 3.19-25)
4.2. SUPERABUNDOU A GRAÇA
A graça superabundou em Cristo Jesus. Nós
recebemos o pecado por Adão e Eva, e con-
. 107 .
Maturidade.indd 107
tinuamos pecando geração após geração, até
os dias de hoje, mas o amor de Deus foi der-
ramado sobre nós de forma substitutiva na
morte de cruz do Seu filho Jesus.
Deus enviou Seu filho Jesus para que le-
vasse o castigo de nossos pecados na cruz.
Esse ato de Jesus foi muito maior que o ato
de Adão. Agora, por causa de Jesus, podemos
ter uma vida nova, limpa e livre da condena-
ção do pecado. Esta é a superabundância da
graça de Deus.
Por causa de Adão, todos foram condena-
dos, mas, por causa de Jesus, todos podemos
ser salvos. A graça de Deus venceu o poder
do pecado (Rm 5.15,16).
4.3. CONTINUAREMOS PECANDO?
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,
para que seja a graça mais abundante? De modo
nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós
os que para ele morremos? (Romanos 6.1,2)
Interpretar a graça fora do contexto poderá
levar alguém a entender que, agora, debaixo
da graça, podemos continuar pecando, pois
afinal, a graça é maior que o pecado; mas não
é isso o que a Bíblia nos comunica, muito pelo
contrário; a graça de Deus vence o pecado dia
após dia. Quem é salvo e vive pela graça, ago-
ra vive para fazer a vontade de Deus e não do
pecado, pois a graça de Deus superabundou
e o pecado foi vencido.
5. A GRAÇA É MULTIFORME
Servi uns aos outros, cada um conforme o
dom que recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus. (1 Pedro 4.10)
A graça de Deus age em nós e por nós de
múltiplas formas.
Quando Deus apresenta Suas ofertas de
dádivas a nós, por meio do Seu Evangelho,
o Senhor se antecipa em nos oferecer aqui-
lo que verdadeiramente necessitamos, ainda
que nós, em situação de ignorância espiritual,
08/07/2019 12:24:26
 ainda não saibamos ao certo do que preci-
samos ou ainda que estejamos procurando
equivocadamente aquilo que nos é tão ne-
cessário.
As próprias Escrituras nos ensinam que a
graça não pode ser confinada sob um único
aspecto, atribuindo a esta graça uma carac-
terística de múltiplas faces e múltiplas formas
de atuação e expressão.
Quando as pessoas deixam de ver a graça
na sua perspectiva multiforme e procuram re-
duzi-la a um conceito único, como, por exem-
plo, dizer que a graça se resume a ser “um
favor imerecido”, estas pessoas não somen-
te correm o risco de tentarem reduzir aquilo
que é multiforme, e que não pode ser concei-
tuado por uma só expressão, como elas ficam
sujeitas ao risco de criarem as mais variadas
interpretações distorcidas do que vem a ser
a graça celestial e de como ela atua em favor
dos seres humanos.
O fato do Evangelho de Deus ser também o
Evangelho da graça, e o fato deste Evangelho
nos ser “concedido pela graça”, não significa
que ele deva ser recebido com leviandade e
sem uma busca mais profunda da compreen-
são da amplitude do que vem a ser esta graça
e de como ela atua. O fato de Deus nos con-
ceder o Evangelho, pela graça, e tantas imen-
suráveis maravilhas celestiais que a acom-
panham nos levam a buscar cada vez mais
entendimento do Evangelho.
Apesar das dádivas do Evangelho estarem
disponíveis a todos os seres humanos, pela
graça de Deus, as pessoas podem receber
essa graça em vão, pelo fato de não a conhe-
cerem e não a receberem de forma mais am-
pla como ela deveria ser recebida. Veja o que
foi exposto por Paulo no texto a seguir:
E nós, na qualidade de cooperadores com ele,
também vos exortamos a que não recebais em
vão a graça de Deus. (2 Coríntios 6.1)
A graça é preciosa demais para ser vista e
recebida como um aspecto corriqueiro e na-
tural da vida, ou por um simples conceito limi-
tado. A graça de Deus é sobremodo elevada,
. 108 .
Maturidade.indd 108
imensuravelmente valiosa e preciosa, sendo
digna de toda a atenção, reverência e amor
para ser compreendida, recebida e experi-
mentada.
É por meio desta graça que as pessoas po-
dem alcançar o que de fato importa, para a
vida delas no presente, mas também, e prin-
cipalmente, para a eternidade: a salvação pela
graça e a graça para a vida em Cristo Jesus.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Resuma os três estágios da graça nas
Escrituras:
2) Se não recebemos a salvação pelas
boas obras, qual a relação das boas
obras com o cristão?
3) A graça tem a ver apenas com a salvação
ou ela continua na vida cristã? Justifique
sua resposta:
4) Com base no texto de Romanos 5.19-21,
qual a relação do pecado e da graça de
Deus?
5) O que significa o termo “a graça de Deus
é multiforme” ?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
08/07/2019 12:24:26

LIÇÃO 14
GR AÇA PAR A UMA VIDA ABUDANTE
Na lição anterior, descobrimos que existe
uma realidade de graça prometida nas Escri-
turas Sagradas. Nessa lição, vamos nos apro-
fundar mais no assunto e descobrir outras
faces desse tema tão relevante para a maturi-
dade da vida cristã.
1. A GRAÇA E A LÓGICA DE DEUS
João testemunha a respeito dele e exclama: Este
é o de quem eu disse: o que vem depois de mim
tem, contudo, a primazia, porquanto já existia
antes de mim. Porque todos nós temos recebido
da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a
. 109 .
Maturidade.indd 109
lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
( João 1.15-17)
Há uma lógica humana de que todo aquele
que comete injustiça, pecado ou transgres-
são, de alguma forma, precisa pagar por isto.
A lógica de Deus é diferente da do homem;
nela, a graça é baseada no preço que Jesus
pagou na cruz para o perdão e salvação de
todos os homens.
É essencial entender que toda a dor, so-
frimento, agressão que Jesus sofreu no pro-
cesso de condenação e crucificação, as lace-
rações no corpo, o assédio moral e psíquico,
bem como o sangue derramado por causa
dos ferimentos, nos revela o similar processo
de sacrifício de um cordeiro que era morto
nos rituais judaicos. Todavia, o mais impor-
tante foi o que Jesus substituiu na cruz. Ele
levou sobre si todos os pecados, de toda a
humanidade. Não foi o pecado de uma só
pessoa individualmente, Ele substituiu ali
todo tipo de gente, de “mocinhos a bandidos
da pior espécie”. Esta foi a culpa que estava
no cálice que Jesus bebeu: o pecado e a culpa
de toda a humanidade.
Assim, podemos afirmar categoricamente
que Jesus, o filho de Deus, desceu do céu,
encarnou em um corpo humano através de
Maria, sua mãe, por obra e graça do Espírito
Santo, nos mostrando toda a graça de Deus,
que não é humana, mas divina. Não é deste
mundo, mas do céu.
A seguir analisaremos quatro parábolas
que expressam a profundidade da graça de
Deus, manifestando uma lógica divina, estra-
nha e até incompreensível, totalmente dife-
rente da lógica humana:
1.1. A GRAÇA NA PARÁBOLA DA OVELHA
PERDIDA
Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e
pecadores para o ouvir. E murmuravam os fariseus
e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores
e come com eles. Então, lhes propôs Jesus esta
parábola: Qual, dentre vós, é o homem que,
08/07/2019 12:24:28
 possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não
deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca
da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-
na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para
casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha
perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo
no céu por um pecador que se arrepende do que
por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento. (Lucas 15.1-7)
Jesus, por meio desta parábola nos mostra
que a graça de Deus foge do nosso padrão
humano de valores. Quem dentre nós deixa-
ria noventa e nove ovelhas para ir buscar ape-
nas uma que tinha se extraviado? Este pastor
por excelência guardou as 99 em um lugar
seguro, no aprisco, e foi atrás dessa única
ovelhinha que estava vulnerável nos perigos
do ambiente de fora.
Deserto é lugar de predadores, e, certamen-
te, esta ovelha seria morta por um deles, caso o
pastor não a buscasse. Que amor maravilhoso é
esse…. Que graça! Jesus, o bom pastor, sempre
está em busca dessa ovelha perdida. Se você
fosse o único pecador na face da terra, Jesus, ain-
da assim, teria morrido em seu lugar, porque Ele
o ama e o conhece pelo nome. Você consegue
compreender esse amor em sua vida? Quando
percebemos e sentimos este amor, ele nos cura
e dá um novo rumo à nossa vida. Isto é a graça
abundante de Deus. Este é o favor imerecido de
Deus para com todo aquele que se volta humil-
demente para Ele.
Todas as vezes que encontrarmos pessoas
desprezíveis pelo pecado que desfigurou a
imagem delas, toda vez que pensar em desis-
tir ou abandonar alguém, lembre-se de que
Cristo deixaria as 99 por aquela alma.
1.2. A GRAÇA DE DEUS NA
OFERTA DA VIÚVA
Assentado diante do gazofilácio, observava
Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora,
muitos ricos depositavam grandes quantias.
Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou
duas pequenas moedas correspondentes a um
. 110 .
Maturidade.indd 110
quadrante. E, chamando os seus discípulos,
disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva
pobre depositou no gazofilácio mais do que o
fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles
ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da
sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o
seu sustento. (Marcos 12.41-44)
Jesus estava no templo e, ao observar o
momento do ofertório, viu que não só gran-
des somas eram depositadas no gazofilácio,
mas também pequenos valores. Ali, uma viú-
va pobre depositou duas moedas que valiam
centavos, mas o que Jesus ensinou aos seus
discípulos foi surpreendente: a oferta da viú-
va foi a maior, porque ela depositou tudo o
que tinha, enquanto os ricos depositaram um
pouco apenas das fortunas que possuíam.
A graça de Deus não pode ser medida pelo
valor dos bens materiais; não é uma troca
que pudéssemos fazer. O favor de Deus, a
Sua graça, antecede e supera qualquer coisa
que possamos fazer. Aquela foi uma oferta
total para Deus, porque foi motivada por um
coração entregue completamente. Temos um
hino em nosso Cânticos de Adoração, sob o
número 193, que nos fala de forma magnífica
sobre a graça de Deus, como veremos:
Graça abundantemente
Sobre mim já derramou
Onde abundou o pecado
Graça superabundou
A graça de Deus deve ser vista e vivida de
tal forma que nada a nosso respeito será tão
grande que Deus não possa fazer e, ao mes-
mo tempo, nada será tão pequeno que seja
sem importância para Ele. Deus se importa
conosco em todos os sentidos, em todas as
situações, pois Ele nos criou, Ele é o nosso Pai
de amor, e nós somos Seus filhos queridos.
1.3. A GRAÇA DE DEUS NA PARÁBOLA
DOS TRABALHADORES DA VINHA
Vindo os da hora undécima, recebeu cada um
deles um denário. Ao chegarem os primeiros,
08/07/2019 12:24:28
 pensaram que receberiam mais; porém também
estes receberam um denário cada um. Mas,
tendo-o recebido, murmuravam contra o dono
da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam
apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós,
que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas
o proprietário, respondendo, disse a um deles:
Amigo, não te faço injustiça; não combinaste
comigo um denário? (Mateus 20.9-13)
Para entender todo o contexto, leia todo o
trecho da parábola, que está no texto de Ma-
teus 20.1-16.
Esta parábola de Jesus nos ensina definiti-
vamente sobre a graça, que não é por vista,
mas pelo que Deus vê de fidelidade e since-
ridade em nós. Jesus nos mostra que a gra-
ça de Deus nos alcança pelos Seus atos, e
não pelos nossos. Aquele patrão contratou
trabalhadores para trabalharem com cargas
horárias diferentes, uns trabalharam 8 horas;
outros, apenas 1 hora. E pagou a todos igual-
mente um mesmo salário.
Na parábola, o patrão contratou trabalha-
dores às 8 da manhã; depois contratou outro
grupo ao meio dia; posteriormente, contratou
outro grupo às três horas da tarde. Às cinco
contratou outro grupo, faltando apenas uma
hora para o fim do expediente. Todos foram
contratados pelo mesmo salário. Isto gerou
insatisfação dos que trabalharam mais horas.
É provável que também questionássemos
esta forma de pagamento como uma injusti-
ça com os que trabalharam mais, mas nesta
parábola, Jesus nos doutrina a respeito do
tempo de trabalho, da idade, da importância
do trabalho e o galardão de cada um. Para
Deus, o galardão será o mesmo para todos os
crentes fiéis ao Senhor, independentemente
de tempo e importância de suas realizações.
Deus não olha o quanto fazemos ou o quanto
fomos importantes em Sua obra. O Senhor
olha e observa o quanto somos fiéis a Ele no
que fazemos.
O senhor da vinha, nesta parábola, é o Se-
nhor Jesus. Ele nos chama em todas as épocas
e idades para a Sua Obra de evangelização,
pois os campos estão brancos. Seja fiel ao Se-
. 111 .
Maturidade.indd 111
nhor e você terá a mesma recompensa, pois
esta é exclusivamente pela graça de Deus.
1.4. A GRAÇA DE DEUS NA PARÁBOLA DO
FILHO PRÓDIGO
O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei
depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe
um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei
também e matai o novilho cevado. Comamos
e regozijemo-nos, porque este meu filho estava
morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E
começaram a regozijar-se. (Lucas 15.22-24)
Para entender todo o contexto, leia todo o
trecho da parábola, que está no texto de Lu-
cas 15.11-32.
Nesta parábola do filho pródigo, podemos
ver com clareza o coração do Pai. Jesus nos
conta essa parábola destacando a importân-
cia de cada um dos membros da família: o pai,
o filho pródigo e o irmão mais velho.
O filho pródigo, interessado em conhecer a
vida lá fora, pediu ao seu pai a parte da he-
rança que lhe cabia. O pai sabia que não seria
o melhor para o filho, mas mesmo assim lhe
entregou a parte que cabia. Este filho rebelde
foi para o mundo desfrutar de sua herança e
assim gastou tudo que recebera de seu pai.
Ele chegou a uma miséria tal que se tornou
tratador de porcos, vindo a desejar comer as
bolotas que os porcos comiam. Foi aí que se
lembrou do seu querido pai e resolveu voltar
correndo para casa. O pai estava lá, esperando,
observando, aguardando pela volta do filho.
A graça de Deus não leva em conta os nos-
sos erros e pecados. Ele nos aceita de volta
dia após dia, e, quando confessamos os nos-
sos pecados a Ele, ele nos perdoa e nos ad-
mite outra vez à condição de filhos (1 Jo 1.9).
Nesta parábola, Jesus nos mostra um pai
compassivo, amoroso e pronto a receber seu
filho pródigo de volta. Mesmo sob protestos
do irmão mais velho, o gracioso pai o recebeu
com grande alegria, festa e presentes.
Em seu ministério terreno, Jesus demons-
trou simpatia por pessoas que honestamente
08/07/2019 12:24:28
 assumiam seus erros e procuravam mudar.
Os fariseus tentavam demonstrar exterior-
mente uma santidade, uma vida correta, sen-
do que por dentro não eram assim tão retos.
Eram como um sepulcro caiado, pintado de
branco por fora, mas que por dentro somen-
te tinham podridão. A esta conduta hipócrita,
Jesus se contrapôs severamente, pois ali não
havia sinceridade de coração.
2. A VIDA PELA GRAÇA PROMOVE
RECOMPENSAS
Mais uma vez falaremos da parábola dos
trabalhadores da vinha (Mt 20.1-16), onde en-
contramos luz para as nossas dúvidas a res-
peito da recompensa que receberemos de
Deus, por Sua própria medida e vontade. Isto
é, por mais que vivamos uma vida de graça,
onde tudo é dado a nós por Deus, ainda as-
sim somos recompensados por Ele.
Nesta parábola, Jesus trata especificamente
sobre a questão da recompensa e começa com
a seguinte frase: Pois o Reino dos céus é como um
proprietário que saiu de manhã cedo para contra-
tar trabalhadores para a sua vinha (Mt 20.1).
A palavra proprietário vem de um termo
grego que literalmente significa “mestre da
casa ou pai de família”. Esse homem saiu de
madrugada para contratar trabalhadores
para sua vinha. Naquela época, as pessoas
que queriam trabalhar se reuniam por volta
das seis da manhã nas praças das cidades
à espera de alguma oferta de trabalho para
o dia. Para os primeiros trabalhadores, que
começaram às seis da manhã, o proprietário
da vinha ofereceu um denário romano, como
pagamento. Essa moeda era usada como pa-
gamento da diária de um trabalhador comum.
Aos outros que começaram depois, prometeu
um pagamento justo.
Ao longo do dia, esse proprietário recrutou
outros trabalhadores para sua vinha às 9h,
12h, 15h e 17 horas. Ao contratá-los, não com-
binou um valor específico. O proprietário ape-
nas disse: Ide vós também trabalhar na vinha, e
Eu vos pagarei o que for justo (Mt 20.4). Até mes-
mo estes trabalhadores, que foram contrata-
. 112 .
Maturidade.indd 112
dos depois do início da jornada de trabalho
normal, esperavam que receberiam um paga-
mento proporcional às horas trabalhadas.
Pelo costume à época, os trabalhadores re-
cebiam o pagamento no final do dia trabalha-
do. O proprietário começou pagando aos que
chegaram por último até chegar aos primeiros.
Para os que chegaram por último, o proprietá-
rio lhes pagou um denário. Isso significa que
mesmo tendo eles começado a trabalhar por
volta das cinco horas da tarde, eles receberam
o pagamento integral pelo dia de trabalho.
Quando chegou o momento de pagar os
trabalhadores que foram contratados primei-
ro, houve um problema, pois estes imagina-
ram que receberiam mais que os outros, pois
haviam trabalhado mais. Os trabalhadores
que começaram a trabalhar na vinha às seis
horas da manhã receberam um denário. Mes-
mo isso tendo sido o combinado, eles se sen-
tiram injustiçados.
2.1. ENTENDA O SIGNIFICADO DA
PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA
VINHA
Sem dúvidas, essa parábola traz a ideia
principal de que a recompensa de Deus é
dada conforme a Sua soberana vontade. Ele é
justo e totalmente bondoso, embora essa jus-
tiça não pareça coerente aos olhos humanos.
Na nossa mera interpretação humana, real-
mente pode parecer ter sido injusto o fato
de o fazendeiro prover o mesmo pagamento
para todos os trabalhadores da vinha, mas
aqueles que chegaram por último também
precisavam sustentar as suas famílias, da
mesma forma que os que chegaram primei-
ro. Dessa forma, o proprietário foi generoso e
bom para com todos.
O interessante é que a bondade do proprie-
tário pareceu ser injusta e má aos olhos dos
outros trabalhadores. Por isso, o proprietário
da vinha disse:
Amigo, não estou sendo injusto contigo. Não
combinamos que te pagaria um denário pelo dia
trabalhado? Sendo assim, toma o que é teu, e
08/07/2019 12:24:28
 vai-te; pois é meu desejo dar a este último tanto
quanto dei a ti. Porventura não me é permitido
fazer o que quero do que é meu? Ou manifestas
tua inveja porque eu sou generoso?
(Mateus 20.13-15)
2.2. A RECOMPENSA TAMBÉM É
IMERECIDA
Com o que temos visto, podemos extrair
um princípio claro do Reino de Deus: Assim,
os últimos serão primeiros, e os primeiros, serão
últimos (Mt 19.30; 20.16).
Basicamente, quando Jesus incluiu o ele-
mento tempo de forma extremamente sábia,
Ele queria ensinar o que o apóstolo Paulo en-
tendeu perfeitamente em Efésios 2.8-9: Por-
que pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto
não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie. O apóstolo
Paulo clareia bem o assunto nesse texto.
A recompensa não vem pela importância de
uns sobre os outros. Não é pela quantidade de
serviços feitos ou por tempo de casa, tempo de
igreja ou quantidade de obras realizadas. A re-
compensa é pela graça, determinada segundo a
soberana, justa e perfeita vontade de Deus.
Digamos que a recompensa tem a ver com
a nossa fidelidade ao que Cristo nos confiou.
Seja para trabalhar um dia inteiro ou apenas
uma hora, a fidelidade nos trará recompen-
sas. Sermos fiéis não é mais do que a nossa
obrigação, diante de tantas coisas que o Se-
nhor fez e faz a nós, mas mesmo assim Deus
tem prazer em nos recompensar.
2.3. OUTRAS LIÇÕES RETIRADAS DESSA
PARÁBOLA
Todos nós podemos nos encaixar no ensino
desta parábola, extraindo muitas lições para
as nossas vidas. Algumas lições são essen-
ciais na questão da recompensa que teremos
ou que esperamos.
Todos éramos imprestáveis
Estávamos nas praças da vida, ociosos,
imprestáveis, sem rumo ou proveito algum,
. 113 .
Maturidade.indd 113
mortos em delitos e pecados e escravos do
mal. Deus, o pai da família, nos convocou pri-
meiro para a salvação, depois para o trabalho
em Sua seara. Esse trabalho basicamente se
resume em anunciar o Evangelho, e quem nos
recompensará por isso é o próprio Deus.
A recompensa que receberemos de Deus
não está baseada no fato de termos traba-
lhado, mas simplesmente no fato de termos
sido chamados para esse trabalho. Isso deixa
claro que não somos merecedores de reco-
nhecimento algum. Por isso é que Ele nos re-
compensa unicamente por sua graça, porque
mesmo que fizéssemos tudo, ainda seríamos
servos inúteis.
Logo, todo o mérito é dEle. Ele é o proprie-
tário, Ele foi ao nosso encontro e nos cha-
mou. Alguns Ele chamou de madrugada, ou-
tros, logo pela manhã, outros, no meio do dia,
outros, um pouco mais à tarde, e ainda ou-
tros quase ao fim do dia. Ainda assim, todos
éramos igualmente imprestáveis. Estávamos
perdidos, de modo que não havia um justo
sequer. A nós apenas coube crer e obedecer,
e continuar crendo e obedecendo.
Às vezes somos tomados de inveja
Em muitas situações, ainda que não fale-
mos, somos tentados a pensar em questionar
a Deus por ter abençoado alguém que julga-
mos ser menos digno, preparado ou aplicado
que nós.
Às vezes vemos uma pessoa recém-che-
gada na obra de Deus sendo grandemente
abençoada, o que nos leva a precipitados
julgamentos. Temos de lutar contra esse tipo
de sentimento de todas as formas, pois Deus
manifesta a sua extraordinária graça a quem
Ele quer. Quanto a nós, devemos apenas ser
gratos por também termos sido alcançados
por essa mesma graça, e seguir buscando
agradar a Deus em tudo.
No final do dia, teremos surpresas
Haverá muita surpresa quando formos cha-
mados, todos, à presença de Deus. Alguém
pensará: “Como pode esta pessoa ter sido
salva?” Muitos se surpreenderão com quem
08/07/2019 12:24:28
 encontrarão na consumação do Reino de
Deus. Algumas pessoas são chamadas no fi-
nal de suas vidas, mas mesmo assim elas são
para Deus tão importantes quanto aquelas
que serviram na obra, durante muitos anos.
Devemos nos lembrar de que lá encontrare-
mos tanto o ladrão que se arrependeu, pres-
tes a morrer ao lado de Jesus na cruz, como
também o jovem Timóteo que trabalhou na
obra desde a sua juventude.
Devemos entender o nosso lugar
Esta quarta lição é a mais importante de
todas, que extraímos da presente parábo-
la. Precisamos entender que Deus não deve
nada para homem algum, e é impossível para
o homem negociar com Deus. A recompensa é
dEle, e Ele dá a quem quiser, o quanto quiser e
da forma que quiser. Cabe a nós reconhecer-
mos que Ele é sempre justo em todas as Suas
decisões. A bondade do Senhor não pode ser
medida pelas expectativas humanas, mas ex-
clusivamente pelo amor, bondade e graça de
Deus, o provedor de tudo em todos.
3. VIDA ABUNDANTE PELA
ABUNDÂNCIA DA GRAÇA
E, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.
(Efésios 2.6)
Através da operação do Espírito Santo em nós,
hoje estamos assentados nos lugares celestiais
em Cristo, pois o sacrifício perfeito e definitivo
do Cordeiro de Deus já foi realizado completa-
mente, e nós somos seus beneficiários.
Por este motivo extraordinário, somos de-
pendentes em tudo do favor de Deus, e não
do nosso próprio esforço. É claro que temos
de nos esforçar, entretanto é Deus quem nos
contempla com as vitórias e conquistas.
A graça de Deus é superabundante; isto é,
há fartura, há um derramar da graça de Deus
sobre aqueles que o buscam e creem na sua
providência.
. 114 .
Maturidade.indd 114
Porque, se pela ofensa de um só, a morte
reinou por esse, muito mais os que recebem
a abundância da graça, e do dom da justiça,
reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
(Romanos 5.17)
E os apóstolos davam, com grande poder,
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e
em todos eles havia abundante graça. (Atos 4.33)
A Igreja relatada no Livro de Atos dos Após-
tolos tinha recebido esta abundante graça,
como observamos pelo seu tremendo êxito
e o quanto seus líderes, obreiros e apósto-
los eram bem-sucedidos ministerialmente.
Aquele povo de Deus parecia ter uma fé po-
derosa e inabalável, e, mesmo diante de per-
seguições, as suas vidas eram marcadas por
milagres, conversões, abundante alegria e um
crescimento estrondoso do cristianismo.
Essa era a marca da igreja e dos cristãos de
Atos. Qual foi então o segredo dessa pujan-
ça espiritual? O entendimento e a prática da
graça: E em todos eles havia abundante graça
(At 4.33). Aquele maremoto de fé era fruto
da maravilhosa graça de Deus. Não era algo
escasso e raro, mas abundante, transbordan-
te, exuberante. Este era o motivo: abundante
graça nas igrejas, nas famílias, nos ministérios,
onde quer que estivesse um grupo de cristãos, ali
se manifestava a abundante graça!
Necessitamos da abundante graça com
urgência. Vidas cristãs salutares, ministérios
exitosos e alegria incontida. A solução encon-
tra-se na abundante graça. E como a abun-
dante graça se manifesta em nós? Quando
entendemos que dependemos realmente, em
tudo, de Deus, da Sua graça, e começamos a
buscar as promessas de Deus baseadas nes-
te entendimento, então a manifestação plena
do reino Deus em nós se torna uma realidade.
Quando entendemos graça abundante e a
queremos para nós e em nós, então, a graça
será derramada pelo Espírito Santo e as obras
em poder, em ações, em caráter vão aconte-
cer na sociedade, na igreja, individualmente,
coletivamente. A ação grandiosa e sobrenatu-
08/07/2019 12:24:28
 ral de Deus irá se manifestar sobre nós como
foi na Igreja Primitiva.
A respeito do ministério, há um perigo a
evitar: a crença demasiada na própria força,
projetos e capacidade humana. Deus usa tudo
isto apenas como algo secundário (Fp 3.8). A
obra de Deus feita na força do nosso braço
não leva em conta a abundante graça. Longe
da graça abundante, dada por Deus aos Seus
servos, o resultado é nenhum. Os pecadores
não são verdadeiramente alcançados, os tra-
balhos são sem vida e não produzem verda-
deiros resultados. Corremos de um lado para
o outro, gastando recursos e energia, geran-
do cansaço e doença, apelando para técnicas,
pressão psicológica etc… Onde está a abun-
dante graça dos primeiros cristãos? Vejamos
e aprendamos com o apóstolo Paulo:
3) Onde manifesta-se a graça na parábola
do filho pródigo?
4) Com base na parábola dos trabalhadores
da vinha, fale sobre “recompensa”:
5) Cite alguns aspectos de uma vida abun-
dante, pela abundância da graça:
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

A minha palavra, e a minha pregação, não ________________________________________________

consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração de ________________________________________________
Espírito e de poder. (1 Coríntios 2.4)
________________________________________________

Que a abundante graça seja infiltrada em ________________________________________________

cada um de nossos GCEUs e que o Espírito
Santo seja convidado diariamente a trabalhar ________________________________________________
em nós, em todas as nossas atividades. Jesus
é o nosso maior exemplo: ________________________________________________

________________________________________________
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito ________________________________________________
do Pai, cheio de graça e de verdade. ( João 1.14)
________________________________________________
Jesus se fez homem e foi enchido de graça,
a abundante, superabundante e maravilhosa ________________________________________________
graça. Ele mesmo disse que poderíamos usu-
________________________________________________
fruir dessa graça. Que preciosidade desejável
para uma pessoa ter a abundante graça. ________________________________________________

________________________________________________
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO ________________________________________________
1) Apresente um exemplo de como a ló-
________________________________________________
gica de Deus é totalmente diferente da
humana: ________________________________________________
2) Onde manifesta-se a graça na parábola
da oferta da viúva? ________________________________________________

. 115 .

Maturidade.indd 115 08/07/2019 12:24:29


LIÇÃO 15
A BÍBLIA E O DINHEIRO
Vivemos em tempos difíceis na igreja por-
que existe um rótulo da sociedade para co-
nosco de que toda igreja evangélica manipu-
la seus membros para arrecadar dinheiro.
Quem nunca ouviu entre os familiares não
cristãos, amigos e colegas de trabalho que “dí-
zimo e oferta são uma invenção da igreja para
tirar dinheiro das pessoas!”, ou algo semelhan-
te a isso?
Sabemos que a origem de tal preconceito
é muito pela exposição da igreja na televisão,
em que os “telepregadores”, para se mante-
rem “no ar” em seus programas de custo fi-
nanceiro altíssimo, precisam, literalmente,
. 116 .
Maturidade.indd 116
pedir dinheiro para continuarem em suas ati-
vidades.
Diante de toda essa pressão da sociedade
em torno desse assunto, nossos pastores e
líderes acabaram cedendo e comprometen-
do a veemência com que pregam o assunto
financeiro da Bíblia. Falar sobre dinheiro tor-
nou-se um tabu.
Ensinar sobre finanças nunca deixou de ser
importante, pois o dinheiro sempre foi parte
fundamental da estrutura social das pessoas.
Haja vista o grande número de problemas
que enfrentamos, por um mal entendimento
ou pela má administração dos bens.
Um exemplo do impacto dos problemas fi-
nanceiros na vida das pessoas foi evidencia-
do por uma pesquisa realizada em 2018 pela
Universidade de Kansas (EUA). Nesta pesqui-
sa, 4,5 mil casais que se divorciaram foram
consultados sobre os motivos da separação,
constatando-se que o principal motivo havia
sido problemas financeiros.
Se problemas financeiros afetam casamen-
tos, naturalmente afetam famílias, que são
a base da sociedade. Tudo tende a “desmo-
ronar” quando faltam os recursos para uma
vida de conforto mínimo.
Evidentemente que a vida espiritual tam-
bém é afetada pelos problemas financeiros.
Por isso, esse capítulo será de extrema im-
portância, tendo como objetivo orientar você
sobre como ter uma vida equilibrada e aben-
çoada, com relação a todos os recursos que
você tem ou ainda terá em suas mãos.
O que a Bíblia fala sobre dinheiro e bens?
Como podemos viver felizes com muito ou pou-
cos recursos financeiros? Essas e outras per-
guntas serão respondidas a seguir.
1. A PROSPERIDADE FINANCEIRA
BÍBLICA
A maioria das pessoas, de uma forma ou
outra, sonha com a riqueza. Se não, qual seria
o sentido de estudar por anos numa faculda-
de, se não fosse para ganhar mais do que um
salário mínimo e crescer financeiramente? To-
das as pessoas, por mais simples que sejam
08/07/2019 12:24:31
 suas profissões, sonham em crescer financei-
ramente, para ganhar mais e conquistar aqui-
lo que desejam.
O que a Bíblia fala sobre a riqueza? Todos po-
dem ser ricos?
1.1. RIQUEZA É DOM DE DEUS
A Bíblia nos traz um entendimento interes-
sante a respeito da riqueza, através do tes-
temunho do Rei Salomão, que provavelmente
foi o homem mais rico da história:
Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber
e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho,
com que se afadigou debaixo do sol, durante os
poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque
esta é a sua porção. Quanto ao homem a quem
Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para
deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu
trabalho, isto é dom de Deus. (Eclesiastes 5.18,19)
Salomão revela que a riqueza é um dom de
Deus, pois é Ele que dá riquezas e bens ao
homem. Baseado nesse conceito da riqueza
como um dom, entenderemos que alguns ho-
mens serão ricos e outros nunca serão, por
mais que se esforcem ao máximo, pois assim
como nem todos os dons são comuns a todas
as pessoas, Deus dá a capacidade da riqueza
para alguns e não para todos.
Qual o objetivo de Deus dar dom de riqueza
para alguém? Quem recebe o dom de riqueza
tem que servir e amar os mais pobres.
O apóstolo Paulo escreveu o seguinte:
Quem é que fez você superior aos outros? Por
acaso não foi Deus quem lhe deu tudo o que
você tem? Então por que é que você fica todo
orgulhoso como se o que você tem não fosse
dado por Deus? (1 Coríntios 4.7)
Paulo alerta os ricos para que eles reconhe-
çam que suas riquezas são fruto da graça de
Deus, exorta-os para que não se vangloriem
por aquilo que não é mérito deles, mas me-
ramente a bondade do Criador que lhes fez
com uma capacidade diferente de outros.
. 117 .
Maturidade.indd 117
O mesmo Paulo, ao escrever aos Romanos,
quando estava citando uma lista de dons, fez
referência ao dom de contribuir:
Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que
contribui, com liberalidade; o que preside,
com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria. (Romanos 12.8)
Deus dá riqueza aos homens para que eles
possam manifestar amor pelos mais necessi-
tados, contribuindo para que eles sejam res-
gatados.
Salomão ainda escreveu sobre os perigos
do amor ao dinheiro, no contexto do texto em
que falou sobre o dom da riqueza:
Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e
quem ama a abundância nunca se farta da
renda; também isto é vaidade. Onde os bens se
multiplicam, também se multiplicam os que deles
comem; que mais proveito, pois, têm os seus
donos do que os verem com seus olhos? Doce é
o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer
muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.
(Eclesiastes 5.10-12)
1.2. CUIDADO COM A TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE
Em meados da década de 50, nos Estados
Unidos, surgiu a chamada teologia da prospe-
ridade, com a influência dos movimentos de
cura e avivamento, chamados Healling Revi-
vals. Os ensinamentos dessa teologia mais
tarde ganharam proeminência no movimento
palavra de fé e no televangelismo dos anos 80.
No período de 1990 a 2000, essa teologia foi
adotada por líderes influentes do movimen-
to carismático e promovida por missionários
cristãos em todo o mundo, levando à cons-
trução das primeiras megaigrejas. Líderes
proeminentes no desenvolvimento da teolo-
gia da prosperidade incluem: E.W. Kenyon, Oral
Roberts, T.L. Osborn e Kenneth Hagin.
A ideia aqui não é desenvolver detalhada-
mente todos os aspectos desta teologia, mas
08/07/2019 12:24:31
 apresentar o entendimento básico acerca dos
principais conceitos.
A teologia da prosperidade é uma doutrina
religiosa cristã que apresenta conceitos ba-
seados na prosperidade de vida do homem,
principalmente no que diz respeito à sua
vida financeira. Nela prega-se que todo cris-
tão que liberalmente ofertar para o Reino de
Deus terá sua vida financeira abençoada, fa-
zendo com que sua oferta seja multiplicada.
Esse conceito é errado porque essa matemá-
tica não é exata. É lógico que Deus abençoa
as pessoas que dão ofertas, mas mesmo que
alguns ofertem tudo o que têm em vários mo-
mentos de suas vidas, ainda assim não será
garantido que eles serão milionários.
Os adeptos desse movimento sempre irão
exaltar o texto de Malaquias 3.10 como se
fosse uma espécie de contrato entre Deus
e a pessoa que colabora financeiramente.
Para eles, aquele que não é fiel ao Senhor
nos dízimos receberá sobre si uma classe de
demônios de destruição chamados de: gafa-
nhoto cortador, gafanhoto migrador, gafanhoto
devorador e gafanhoto destruidor (baseado no
texto de Joel 1.4). Para eles também, aqueles
que não ofertam jamais conhecerão o poder
de multiplicação de Deus nem viverão uma
vida de provisão básica. Esses estariam so-
frendo de falta de fé, ou até mesmo estariam
debaixo da maldição de Mamon, o demônio
do dinheiro, que lhes impede de ofertarem e
serem abençoados. É fato que a infidelidade
leva os homens ao sofrimento e até a ações
demoníacas, mas a ideia da crítica desse ar-
gumento “dos gafanhotos”, é porque funda-
menta-se no medo e na culpa. Quando o dí-
zimo precisa ser motivado em Deus, e não no
medo de retaliações malignas.
Outra característica marcante na teologia
da prosperidade é a aplicação das promessas
do Antigo Testamento que foram destinadas
ao povo de Israel sendo citadas como válidas
para a vida dos fiéis dizimistas e ofertantes.
Frequentemente citam: “Onde você colocar a
planta dos teus pés será teu por direito” (basea-
dos em Josué 1.3); “Deus não nos chamou para
ser cauda, fomos escolhidos para ser cabeça” (ba-
. 118 .
Maturidade.indd 118
seados em Deuteronômio 28.13). Precisamos
tomar cuidado, porque nem toda promessa
para Israel é também para a igreja de Cristo.
Eles citam também o texto de João 14.13, 14,
que diz: E tudo quanto pedirdes em meu nome,
isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado
no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu
nome, eu o farei. Citam esse texto, como se o
nome de Jesus fosse uma espécie de “cheque
em branco, assinado” para nos levar a con-
quistar tudo o que desejamos. Eles chegam
ao extremo de afirmar que o sentido do texto
não é nem “pedir a Jesus”, mas “determinar”
que seja feito, e assim se fará. Essa teologia
afirma que há poder nas “declarações de fé”
do homem, e que a vontade de Deus é que
seu povo seja feliz, bastando apenas usar da
fé e do “Nome Poderoso de Jesus” para não
mais sofrer com dívidas, doenças e maldições.
Nessa doutrina, o homem torna-se o centro
do universo, e Deus não passa de um servo da
humanidade, abençoando e realizando todos
os desejos deles. Os textos bíblicos são detur-
pados, e as mensagens incentivam as pessoas
a ofertarem mais, como se toda a adoração a
Deus se resumisse a ofertas financeiras.
A maioria dos fiéis que seguem esses líde-
res está sendo levada por esse engano, e até
muitos desses líderes não têm consciência de
que estão errados, pois aprenderam a Bíblia
por essas interpretações. No Brasil, essa dou-
trina ganhou força em várias denominações,
mas com maior destaque nas chamadas igre-
jas neopentecostais.
Nosso objetivo não é menosprezar e nem ridi-
cularizar a fidelidade daqueles que dão o dízimo
e ofertam nessas igrejas, até porque existem sim
bênçãos para aqueles que praticam essas coi-
sas; mas não podemos resumir todo o conceito
de prosperidade à vida financeira.
Nos princípios a seguir, desenvolveremos a
correta interpretação do que a Bíblia fala so-
bre finanças.
2. OS DÍZIMOS
Da mesma forma com que o termo prospe-
ridade é imediatamente associado a um su-
08/07/2019 12:24:31
 cesso financeiro, ao falar sobre vida financeira
à luz da Bíblia, logo pensa-se no assunto dos
dízimos e das ofertas.
É um assunto tão mal compreendido em
nosso tempo, que precisamos tratá-lo já no
início do capítulo para que o restante do as-
sunto possa fluir, sem a ansiedade de chegar
nessa que é a parte mais polêmica.
Quanto a qualquer mandamento bíblico,
precisamos compreender que eles não são
impositivos, como forma de obrigação. Deus,
na ilustração do pai do filho pródigo, de-
monstra que todos os filhos têm liberdade de
permanecer ou abandonar a casa, cabendo
a cada um sofrer as consequências de suas
decisões:
Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o
mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte
dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os
haveres. Passados não muitos dias, o filho mais
moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para
uma terra distante e lá dissipou todos os seus
bens, vivendo dissolutamente. (Lucas 15.11-13)
Nesse texto, não é surpreendente que o pai
tenha deixado o filho partir com todo aquele
dinheiro? Será que esse pai não sabia que o
filho era imaturo e gastaria com futilidade? É
claro que ele sabia, mas Deus é assim tam-
bém, não obriga ninguém a nada; por isso
quando falamos em contribuição financeira,
precisamos entender primeiramente que ela
é voluntária.
Entender que Deus não nos obriga a obede-
cer aos seus mandamentos não torna o peso
deles menor. Veja uma famosa frase atribuída
a Martinho Lutero sobre o verdadeiro cristão
e a sua postura mediante todos os seus deve-
res: Como cristão, sou um livre senhor de todas
as coisas, não estando sujeito a ninguém e nem
a nada, mas ao mesmo tempo, voluntariamen-
te, me faço escravo de todos, sujeito a todos e
servindo em tudo. Em outras palavras, não so-
mos obrigados por Deus a contribuir financei-
ramente, mas por termos entregado nossas
vidas ao senhorio de Cristo, nos submetemos
a esses mandamentos com voluntariedade.
. 119 .
Maturidade.indd 119
O dízimo será santo ao SENHOR. (Levítico 27.32c)
Muitos cristãos de nosso tempo têm deixa-
do de receber grandiosas bênçãos do Senhor
por desconhecerem o conceito, a importân-
cia e o significado do dízimo.
O dízimo, como a própria palavra sugere,
significa a décima parte ou 10% de tudo que se
recebe. É uma prática comum na Bíblia, mas
não pode ser atribuída a sua origem ao povo
hebreu, porque desde que se existe registro
das civilizações é comum que as pessoas en-
tregassem partes dos seus bens para as enti-
dades que acreditavam prover as plantações,
a fertilidade dos animais etc.
2.1 DÍZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO
O dízimo aparece primeiramente na Bíblia
em Gênesis 14.20, em que Abraão, ao conhe-
cer Melquisedeque, rei de Salém, entregou-
-lhe o dízimo.
Melquisedeque é um personagem misterio-
so e pouco conhecido, mas de valor profético
enorme, pois é citado em Hebreus como uma
figura de Cristo no Velho Testamento (Hb 5.6).
O que parece é que Abraão reconheceu esse
rei como um legítimo sacerdote do Deus Altís-
simo, e por isso entregou-lhe o dízimo.
Durante o período da Lei de Moisés, o dí-
zimo passou a ser regulamentado como um
dos mandamentos imprescindíveis a todo he-
breu fiel. Vejam as três principais formas que
um hebreu dava o dízimo:
2.2 O DÍZIMO PARA OS LEVITAS (NM
18.21,31; 2 CR 31.4-6,11,12)
Toda a terra de Canaã que foi prometida aos
filhos de Israel foi dividida entre as tribos, que
são os descendentes de Jacó e José; porém, a
tribo de Levi não recebeu nenhuma porção
de terra, por serem uma tribo sacerdotal que
viveria entre as outras tribos, desenvolvendo
a vida religiosa do povo.
Por não terem terra para plantar e se sus-
tentar, eles eram sustentados pela lei do dízi-
mo, em que as pessoas destinavam a décima
08/07/2019 12:24:31
 parte do que possuíam e colhiam para o sus-
tento dos sacerdotes levitas.
2.3 O DÍZIMO DAS FESTAS
(DT 12.4-6,11,17,18; 14.22,23)
Outra décima parte era solicitada pelo Se-
nhor além do dízimo dos levitas. Esse dízimo
era para festas especiais, de comemoração
coletiva, como a festa da colheita, a festa de
pentecostes e a festa dos tabernáculos. As
pessoas traziam seus dízimos e ofertas para
juntas se alegrarem, em honra ao Senhor.
2.4 O DÍZIMO DOS DESAMPARADOS – A
CADA TRÊS ANOS (DT 14.28,29; 26.12)
Esse dízimo era entregue a cada três anos
aos levitas para o sustento deles e também
dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas.
Diz-se a respeito dessa espécie de dízimo
como dízimo dos desamparados, porque Deus
sempre orientou seu povo a cuidar dos levi-
tas, estrangeiros, órfãos e viúvas, classes de
pessoas que dependem do Senhor, por ge-
ralmente não terem humanamente quem os
socorra.
Se levarmos em consideração apenas essas
três modalidades de dízimo, um hebreu de-
veria separar anualmente a porcentagem de
23,33% (porque o dízimo dos desamparados
era a cada 3 anos – 3,33% ao ano) de tudo o
que recebesse ou produzisse. Sem contar as
ofertas que também eram muitas.
Além da análise bíblica, temos o relato de
Flávio Josefo, um conceituado historiador ju-
deu, que afirma existirem essas 3 modalida-
des de dízimos: Além desses dois dízimos que já
falei e que tereis que pagar a cada ano, um para
os levitas e outro para as festividades, tereis que
trazer de três em três anos um dízimo para ser
distribuído pelos necessitados, incluindo tam-
bém as viúvas e os órfãos.
É fácil perceber que no Velho Testamento
o sentido dos dízimos sempre estava ligado
a abençoar pessoas, por isso estava funda-
mentado num princípio de generosidade.
. 120 .
Maturidade.indd 120
2.5 DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO
O termo dízimo aparece nove vezes no
Novo Testamento (Mt 23.23; Lc 11.42; 18.12;
Hb 7.2,4,5,6,8,9). Sempre em referência à prá-
tica da lei do Antigo Testamento.
Não existe uma orientação clara para a
igreja sobre a importância de dar o dízimo.
Mas sabemos que a igreja primitiva surgiu
primeiramente de judeus, que estavam pro-
fundamente familiarizados com essa práti-
ca. Inclusive, continuaram entregando-os no
templo, durante o pouco tempo que ainda
puderam frequentá-lo, antes de começarem
a ser perseguidos.
Um fato chama a atenção no início da igreja:
a liberalidade com que os primeiros converti-
dos davam tudo o que possuíam e colocavam
aos pés dos apóstolos. Por mais que enten-
damos como oferta, não existia dificuldade
alguma nos primeiros cristãos com relação à
contribuição financeira:
Pois nenhum necessitado havia entre eles,
porquanto os que possuíam terras ou casas,
vendendo-as, traziam os valores correspondentes
e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se
distribuía a qualquer um à medida que alguém
tinha necessidade. (Atos 4.34, 35)
Jesus, em determinado discurso contra a hi-
pocrisia dos fariseus, disse o seguinte:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho
e tendes negligenciado os preceitos mais
importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a
fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir
aquelas! (Mateus 23.23)
Em outras palavras, Jesus disse que eles
não deveriam sustentar-se no fato de darem
o dízimo até mesmo de hortaliças tão pe-
quenas, mas negligenciando a misericórdia.
Da mesma forma como a misericórdia não
eliminava a necessidade de serem fiéis nos
dízimos. Os fiéis deveriam fazer os dois: dar
o dízimo e praticar a misericórdia, disse Jesus.
08/07/2019 12:24:31
 Um texto interessante para entendermos
o dízimo no Novo Testamento é Hebreus 7.9,
que diz: Podemos ainda dizer que o próprio
Levi, o antecessor dos sacerdotes que cobram os
dízimos, pagou ele próprio o dízimo a Melqui-
sedeque na pessoa de Abraão, seu antecessor
(Versão OL – O Livro).
Sobre esse versículo, Josué de Oliveira, em
seu livro O Dízimo (1987), comentou o seguinte:
Aqui se afirma categoricamente que há duas
espécies de dízimos; o dízimo da Lei e o dízimo da
Graça, que os crentes geralmente confundem. O
dízimo da Lei foi criado dentro da própria Lei, com
todos os seus rigores, ou foi copiado dos crentes da
antiguidade – Abraão, Melquisedeque e Jacó (Gn
14.20-22). O Espírito Santo, na passagem em foco,
estabeleceu um contraste entre os dízimos de Levi
e o dízimo de Abraão, vinculando ao sacerdócio
de Melquisedeque, o qual foi substituído pelo
sacerdócio de Cristo. E a Palavra de Deus põe em
relevo a superioridade do dízimo da graça sobre
o dízimo da Lei. Está escrito que os sacerdotes
levitas pagaram dízimos a Melquisedeque,
quando eles, ainda não existindo, se achavam
representatividade na pessoa do patriarca Abraão.
O principal argumento daqueles que se
opõem à prática dos dízimos é que “o dízimo
terminou no Velho Testamento”. Mas lembre-
mo-nos de que nas mudanças das chama-
das dispensações não existe a anulação da
anterior, isto é, o tempo da graça veio, mas
não anulou a Lei. Ela ainda está em vigência!
Óbvio que os rituais de simbologia messiâni-
ca foram abolidos na pessoa de Cristo, o que
não inclui a prática do dízimo.
Paulo em um dos seus discursos sobre a or-
ganização da igreja cristã falou sobre a remu-
neração dos ministros do Evangelho:
Devem ser considerados merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que
presidem bem, com especialidade os que
se afadigam na palavra e no ensino. Pois a
Escritura declara: Não amordaces o boi, quando
pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do
seu salário. (1 Timóteo 5.17,18)
. 121 .
Maturidade.indd 121
Quando ele fala no sustento dos presbíte-
ros, que eram semelhantes aos pastores do
nosso tempo, faz referência à forma como
os sacerdotes eram sustentados no Velho
Testamento: Através dos dízimos e das ofertas.
Subtende-se que a igreja deveria continuar
na prática de entregar o dízimo, para que os
obreiros pudessem ser sustentados por ele e
pela prática das ofertas.
No nosso Regimento Interno, Art. 2°, Alínea
XIII, declara-se que: Os planos de Deus para o
sustento de Sua obra são: os dízimos e as ofer-
tas. O dízimo é anterior à Lei Mosaica, na qual foi
cumprido e exigido, e permanece como princípio
neotestamentário (Ml 3.10; Mt 23.23; 2 Co 9.5-7).
3. AS OFERTAS
Cada um contribua segundo tiver proposto no
coração, não com tristeza ou por necessidade;
porque Deus ama a quem dá com alegria.
(2 Coríntios 9.7)
Sobre ofertas, fica claro nas Escrituras que
é um desejo mais dos homens para com Deus
do que um desejo do Senhor. Isso fica claro
logo no início da humanidade, quando Caim e
Abel desejaram ofertar:
Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim
do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel,
por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho
e da gordura deste. (Gênesis 4.3,4a)
Esse é o primeiro relato sobre ofertas na
Bíblia, de forma concreta, apesar de não ser
a primeira menção. Em Gênesis 3.15, após a
queda do homem, Deus declarou à serpente
(satanás) que enviaria do ventre de uma mulher
aquele que lhe feriria a cabeça. Uma menção à
oferta que Deus deu à humanidade para sal-
vá-la, mandando seu Filho ao mundo.
Partindo desse princípio, toda oferta que a
humanidade entregar ao Senhor jamais che-
gará perto do valor daquilo que Deus ofere-
ceu a nós. Nós só fazemos aquilo que Deus
fez e faz todos os dias, nos abençoando,
protegendo, sustentando e amando, não por
08/07/2019 12:24:31
 méritos, mas pela graça que nos é ofertada 3.2 INDIVIDUAIS
diariamente.
Paulo disse: Cada um de vós (1 Co 16.2), o que
O importante é destacar que ofertar é uma
remete a uma responsabilidade individual.
necessidade inerente ao homem, em todas as
Por mais que muitas vezes os líderes pos-
culturas. É uma prática presente inclusive nos
sam proclamar a igreja a uma contribuição
povos pagãos, que sempre fizeram oferendas
coletiva, a disponibilidade em ofertar precisa
aos seus deuses. Em alguns casos, até com
ser individual.
sacrifícios de seres humanos, como forma de
aplacar a ira dos deuses.
No tempo da Lei de Moisés, as ofertas fo- 3.3 PROPORCIONALMENTE
ram regulamentadas e faziam parte dos man-
Paulo, tendo consciência que se dirigia tan-
damentos do Senhor (Êx 20.24; 22.29).
to a pessoas de muitas posses como a pes-
Apesar das ofertas serem voluntárias e
soas pobres, disse:
individuais, elas deveriam ser agradáveis ao
Senhor, por isso existia uma série de orienta-
No primeiro dia da semana, cada um de vós
ções nas Escrituras para guiar o povo.
ponha de parte, em casa, conforme a sua
Basicamente as ofertas deveriam ter as se-
prosperidade. (1 Coríntios 16.2)
guintes características:
Porque, se há boa vontade, será aceita conforme
• Deveriam ser o melhor que a pessoa tinha o que o homem tem e não segundo o que ele não
a oferecer ao Senhor (Gn 4.4); tem. (2 Coríntios 8.12)
• Deveriam ser apresentadas conforme as
orientações da Lei, para serem agradáveis Esses textos demonstram que todos po-
ao Senhor; dem ofertar, conforme as suas possibilidades.

• Deveriam ser oferecidas com espontanei-

dade, para que fossem aceitáveis ao Se-
nhor (Dt 16.10);
De forma simples, a Bíblia fala em vários lu-
gares sobre adoração a Deus através dos nos-
sos bens: Honra ao SENHOR com os teus bens
e com as primícias de toda a tua renda (Pv 3.9).
A seguir destacaremos alguns princípios
das ofertas no Novo Testamento:
3.1 SISTEMÁTICAS
Paulo escreve aos assalariados semanais,
dizendo:
3.4 CONSCIENTES
No primeiro dia da semana, cada um de vós
ponha de parte, em casa, conforme a sua
prosperidade, e vá juntando, para que se não
façam coletas quando eu for. (1 Coríntios 16.1,2)
Paulo falou sobre a oferta que é separada
em casa, não por pressão emocional, durante
uma reunião de fé. Quem dá deve ter cons-
ciência do que está fazendo, mesmo que es-
teja fazendo por sacrifício. Toda oferta preci-
sa ser premeditada!

Quanto à coleta para os santos, fazei vós

também como ordenei às igrejas da Galácia. No
primeiro dia da semana, cada um de vós ponha
de parte. (1 Coríntios 16.1,2)
É importante para a organização da igreja e
da obra de Deus que os fiéis ao Senhor, atra-
vés das ofertas, deem-nas de forma sistemá-
tica, assim como acontece com os dízimos.
3.5 VOLUNTÁRIAS
Paulo deixa claro que nenhum líder ou igre-
ja deve criar um sistema de ofertas obrigató-
rias, pois todas elas precisam ser voluntárias:
Porque eles, testemunho eu, na medida de suas
posses e mesmo acima delas, se mostraram
voluntários. (2 Coríntios 8.3)

. 122 .

Maturidade.indd 122 08/07/2019 12:24:32

 A respeito do auxílio que vocês estão mandando
ao povo de Deus na Judeia, de fato, não tenho
nada que escrever a vocês. Sei que estão
querendo ajudar. (2 Coríntios 9.1,2)
3.6 GENEROSAMENTE
Paulo deu um lindo testemunho da pobre
igreja da Macedônia:
Porque, no meio de muita prova de tribulação,
manifestaram abundância de alegria, e a profunda
pobreza deles superabundou em grande riqueza
da sua generosidade. (2 Coríntios 8.2)
Eles, mesmo sendo uma igreja pobre, su-
perabundaram em generosidade, desejando
abençoar os irmãos necessitados da Judeia.
3.7 ALEGREMENTE
Infelizmente poucos conseguem descobrir
a alegria da contribuição, mas ela é real e deve
nortear nossas contribuições:
Deus ama quem dá com alegria. (2 Coríntios 9.7)
3.8 CONSAGRADAMENTE
A verdadeira contribuição começa com uma
consagração e entrega completa ao Senhor:
E não somente fizeram como nós esperávamos,
mas também se deram a si mesmos primeiro ao
Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus.
(2 Coríntios 8.5)
3.9 HUMILDEMENTE
Quando alguém dá uma oferta, deve dá-la
de forma discreta, sem fazer “para aparecer”
ou se vangloriar:
Quando, pois, deres esmola, não toques
trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas,
nas sinagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo
que eles já receberam a recompensa. Tu, porém,
. 123 .
Maturidade.indd 123
ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o
que faz a tua mão direita. (Mateus 6.2,3)
3.10 INCONDICIONALMENTE
Ofertar incondicionalmente é ofertar inde-
pendentemente das circunstâncias. Algumas
pessoas pensam que só devem ofertar quan-
do lhes estiver sobrando ou quando estive-
rem em boas condições financeiras. Um ver-
dadeiro cristão oferta sempre, as coisas indo
bem ou não, até além do que poderia dar:
Porque eles, testemunho eu, na medida de suas
posses e mesmo acima delas, se mostraram
voluntários. (2 Coríntios 8.3)
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Qual é a principal conclusão, a respeito
da riqueza, que podemos extrair no tex-
to de Eclesiastes 5.18,19?
2) Qual o objetivo de Deus em dar riqueza
a algumas pessoas?
3) Quais são as três formas de dízimos do
Antigo Testamento?
4) Qual o primeiro relato sobre oferta na
Bíblia? No que se referia essa oferta?
5) O que significa ofertar de forma siste-
mática?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
08/07/2019 12:24:32

LIÇÃO 16
EDIFICANDO A VIDA FINANCEIR A
Por entendermos que falar de dinheiro na
igreja é um assunto “espinhoso”, estudamos
na última lição algumas questões principais
sobre esse tema pelas Escrituras Sagradas.
Nesta lição, pretendemos abordar outros
aspectos sobre este tema, a fim de que pos-
samos edificar nossa vida financeira de forma
saudável e também fazendo dela um instru-
mento para servir ao Senhor.
Hoje em dia, as pessoas têm como principal
fonte de pesquisa a internet, onde qualquer
pessoa, independentemente da formação,
pode postar o que bem entender. Por isso
precisamos tomar muito cuidado com teólo-
. 124 .
Maturidade.indd 124
gos de internet, que têm disseminado todo tipo
de heresias e confusões de interpretação,
principalmente nesses assuntos polêmicos.
Não dê ouvidos àqueles que desvalorizam
a generosidade através das entregas finan-
ceiras ao Senhor. Deus não precisa do nos-
so dinheiro, Ele é dono e Criador de todo o
universo, mas continua provando o coração
dos homens quanto à generosidade que eles
têm. Todo dinheiro, em Deus, é investido para
abençoar pessoas. Não ouça os críticos aos dí-
zimos e ofertas, abençoe pessoas através da
fidelidade a esses princípios tão generosos, e
certamente Deus terá prazer em te abençoar.
Nós vivemos em um tempo em que o dinhei-
ro norteia toda a nossa vida. Não vivemos mais
em uma sociedade feudal, em que se semeava
para colher e trocar por outros mantimentos.
Nossa sociedade é basicamente capitalista.
Para você ir ao trabalho, precisa pelo me-
nos ter o dinheiro para a passagem de ôni-
bus; para comer qualquer coisa, precisa ter
dinheiro para comprar; para ter o saneamen-
to básico, precisa pagar as taxas de cada ser-
viço etc. O mundo gira em torno de ter e sa-
ber usar bem o dinheiro.
Entendemos que existiram outros tempos
na história da humanidade em que o dinhei-
ro poderia ter uma importância menor, mas
em nosso tempo ele é fundamental. Por isso,
precisamos ter consciência de que a gene-
rosidade, o socorro e as demonstrações de
amor passam muito pelo ato de compartilhar
o dinheiro que passar pelas nossas mãos.
O dinheiro é seu! E até pode ser fruto do
seu suor e do seu sacrifício! Porém a saúde,
os talentos, as oportunidades e a força para
permanecer no trabalho são sustentados
pelo Senhor, para que sejamos pessoas gene-
rosas e abençoadoras.
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou
se devotará a um e desprezará ao outro. Não
podeis servir a Deus e às riquezas. (Mateus 6.24)
A Bíblia nos fornece outros princípios que
podemos aplicar na vida financeira. Por isso,
08/07/2019 12:24:35
 a seguir destacaremos outros pontos que nos
mostrarão como podemos ser abençoados e
abençoadores através dos recursos que pas-
sarem por nossas mãos.
1. TUDO É PARA GLÓRIA DE DEUS
A Bíblia é bem clara em dizer para que ser-
vem as nossas práticas de fé. Tudo o que é pra-
ticado serve para glorificar a Deus, assim como
está escrito na Epístola de Paulo aos Romanos:
Porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas
as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!
(Rm 11.36). Se a Palavra de Deus diz que todas
as coisas são para glorificar a Deus, todas as
nossas práticas precisam ser analisadas à luz
das Escrituras, pois elas foram Escritas para
testemunhar e glorificar ao Senhor.
No primeiro versículo da Bíblia já consegui-
mos identificar esse princípio com clareza: No
princípio, criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1).
Fica claro, nesse texto que tudo o que há no
universo foi criado e pertence ao Deus Cria-
dor. Veja também a declaração de Levítico
25.23a: Também a terra não se venderá em per-
petuidade, porque a terra é minha.
Todas as coisas pertencem ao Senhor, tudo
o que há na terra como animais, árvores, mi-
nerais e as águas: Minha é a prata, meu é o
ouro, diz o Senhor dos exércitos (Ag 2.8). Deus
faz questão de mostrar que o que Lhe per-
tence vai além das coisas físicas, como está
escrito em Ezequiel: Eis que todas as almas são
minhas; como a alma do pai, também a alma do
filho é minha (Ez 18.4).
Para não ficar apenas no Antigo Testamen-
to, o Novo também mostra a posse do Senhor
em relação ao homem, como forma de reden-
ção: No qual também vós juntamente estais sen-
do edificados para habitação de Deus no Espíri-
to (Ef 2.22); e também: Acaso, não sabeis que o
vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que
está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e
que não sois de vós mesmos? Porque fostes com-
prados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus
no vosso corpo (1 Co 6.19, 20).
Deus é Criador e também Redentor do cor-
po do homem. Seu plano de redenção não
. 125 .
Maturidade.indd 125
visa somente o corpo, mas também a alma.
Desta forma aprende-se:
Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
nem ofereçais cada um os membros do seu corpo
ao pecado, como instrumentos de iniquidade;
mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre
os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça. (Romanos 6.12-13)
Essa é a forma correta de glorificar o Se-
nhor, no Espírito e no corpo.
Se todas as coisas pertencem a Deus, como
está escrito nas Escrituras, também o é no
que diz respeito à vida financeira. Tudo o que
temos faz parte das posses do Senhor. Deve-
mos, portanto, reconhecer que tudo o que
recebemos veio das “mãos do Senhor”. Tudo
temos, precisamos dedicar ao Criador, para
com isso glorificar o nome do Senhor.
Na questão específica do dinheiro, o ho-
mem tem a tendência de amá-lo mais do que
a Deus, que foi o Criador de tudo. Nesses
tempos muitos cristãos têm perdido a essên-
cia do serviço a Deus e têm amado mais o
dinheiro, usando da fé como meio para alcan-
çar bênçãos financeiras.
Jesus veio para a salvação de pessoas, e a
igreja é formada por pessoas, portanto, ela
deve trabalhar para que as pessoas enten-
dam que o foco de tudo é o Senhor Jesus. O
dinheiro é importante e muito bom, mas não
pode ser maior do que o Senhor. O dinheiro
não deve ser idolatrado.
Os homens que são infiéis ao Senhor agem
como se o que possuem é fruto de seus pró-
prios esforços. Os homens de Deus consa-
gram tudo a Ele, como o salmista escreveu:
Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o
que há em mim bendiga ao seu santo nome.
Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te
esqueças de nem um só de seus benefícios.
(Salmos 103.1,2)
O poema desse salmo é uma declaração do
salmista para sua própria alma: Não se esque-
08/07/2019 12:24:35
 ça dos benefícios do Senhor! Honre-o em tudo,
pois tudo veio dEle!
2. INVESTINDO NO REINO
DE DEUS
A parábola dos talentos (Mt 25.14-30) geral-
mente é relacionada a dons dados por Deus,
talentos, no sentido de habilidades; mas ela
fala sobre finanças, dinheiro. É um texto que
nos leva a entender a necessidade de inves-
tirmos nossos recursos financeiros, desejan-
do a multiplicação deles.
Nesta parábola, o próprio Jesus nos ensi-
na como devemos proceder em relação aos
recursos que nos foram confiados por Deus.
Recebemos, sim, habilidades para o trabalho,
com intuito de que cada um se torne mordo-
mo das coisas do Senhor. Apesar de possuir-
mos muitas coisas, não passamos de despen-
seiros do Senhor.
É nobre desejarmos riquezas, desde que esse
desejo inclua honrar ao Senhor com as nossas
posses e abençoar pessoas. Podemos acres-
centar que ao ofertar nosso dinheiro na igreja,
abençoaremos aqueles que foram chamados
ao ministério da fé para que a obra de Deus seja
mantida e espalhada por toda terra. O dinheiro
também serve aos propósitos de Deus, por isso
podemos e devemos investir em Sua obra.
A Bíblia mostra também que algumas pes-
soas receberão o dom da contribuição:
Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça
que nos foi dada: se profecia, seja segundo a
proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos
ao ministério; ou o que ensina esmere-se no
fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação;
o que contribui, com liberalidade; o que preside,
com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria. (Romanos 12.6-8)
É claro que nesse texto Paulo estava falando
sobre dons espirituais. Curiosamente ele fala
sobre o dom de contribuir. Dom esse que leva
uma pessoa a tornar-se uma coluna na igreja
de Cristo, provendo recursos financeiros para
o sustento e para os desafios que surgirem.
. 126 .
Maturidade.indd 126
Se Deus dá a alguém um dom para contri-
buir, certamente fará essa pessoa extrema-
mente próspera, financeiramente falando,
para que ela possa repartir cada vez mais os
recursos que receber.
3. FIDELIDADE AO SENHOR
Nos tempos atuais, os homens têm se per-
dido na fidelidade ao Senhor quanto aos dízi-
mos e às ofertas. Deus nos deixou um prin-
cípio a ser seguido no registro de Malaquias:
Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me
roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos
dízimos e nas ofertas. Com maldição sois
amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós,
a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do
Tesouro, para que haja mantimento na minha
casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu
e não derramar sobre vós bênção sem medida.
(Malaquias 3.8-10)
Em um tempo de grande preconceito con-
tra as igrejas evangélicas, muito pela corrup-
ção e ganância de alguns líderes, nunca foi
tão importante praticarmos o ato entregar
nossos dízimos e ofertas. Deus tem provado
o coração de muitas pessoas nessa área e, in-
felizmente, muitos têm sido reprovados.
Por mais que falemos sobre a importância
de investirmos nossos recursos no Reino de
Deus, seja para abençoar alguém em necessi-
dade, para abençoar algum ministro do Evan-
gelho e atender as necessidades e projetos
da igreja, nós precisamos entender que da-
mos por fidelidade ao Senhor.
Não devemos ser fiéis apenas pelas bên-
çãos que receberemos. Devemos ser fiéis
simplesmente porque amamos o Senhor e
queremos honrá-lo por tudo o que fez, tem
feito e ainda fará por nós.
Mesmo que no Novo Testamento os man-
damentos não carreguem o peso de obriga-
toriedade, eles continuam estabelecendo o
princípio da bênção ou da maldição (Dt 11.26).
Caso você queira viver uma vida financeira
08/07/2019 12:24:35
 abençoada, experimente ser fiel ao Senhor
nos princípios dos dízimos e ofertas. Você
não se arrependerá disso! Deus têm compro-
misso em abençoar aqueles que se compro-
metem em ser fiéis a Ele!
4. DEUS PROVA O CORAÇÃO DO
HOMEM
Como já foi mencionado anteriormente,
Deus prova o coração do homem nos assun-
tos financeiros. Basicamente o homem é pro-
vado em três aspectos: Prova de qualidade,
prova do tempo e prova das circunstâncias.
Na prova de qualidade, cada ser humano
deverá prestar contas diante de Deus daquilo
que fez com os recursos que recebeu, confor-
me abordamos na parábola dos talentos. Jesus
ensinou que aqueles que usam e investem
seus recursos, naturalmente os multiplicarão.
O senhor da parábola não estava interessado
necessariamente na quantidade de moedas,
mas na multiplicação delas, conforme a capa-
cidade que cada um recebeu.
Podemos dizer que muitos falham nessa
prova, esperando fazer a obra de Deus ape-
nas quando tiverem com abundância. O bom
despenseiro multiplicará tanto uma como cin-
co moedas.
Infelizmente, muito jamais chegarão na abun-
dância pois não conseguem ser fiéis no pouco:
Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e
quem é injusto no pouco também é injusto no
muito. (Lucas 16.10)
A prova do tempo acontece porque mui-
tos no começo se mostram fiéis, mas com o
passar do tempo suas atitudes vão mudando.
Temos como exemplo Judas Iscariotes, que
no início de sua caminhada foi fiel; tanto que
recebeu a função de cuidar da tesouraria do
ministério de Jesus e dos apóstolos, porém
em apenas dois anos se tornou infiel.
Existem muitos que permanecem na fide-
lidade desde o início de sua conversão. Para
esses, Jesus promete: Não temas as coisas que
tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar
em prisão alguns dentre vós, para serdes postos
. 127 .
Maturidade.indd 127
à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até
à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap 2.10).
Pedro também disse: Portai-vos com temor du-
rante o tempo da vossa peregrinação (1 Pe 1.17).
Jesus advertiu seus discípulos dizendo:
Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o
senhor confiou os seus conservos para dar-
lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado
aquele servo a quem seu senhor, quando vier,
achar fazendo assim. Em verdade vos digo que
lhe confiará todos os seus bens. Mas, se aquele
servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu
senhor, demora-se, e passar a espancar os seus
companheiros e a comer e beber com ébrios,
virá o senhor daquele servo em dia em que não
o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á,
lançando lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá
choro e ranger de dentes. (Mateus 24.45-51)
Na prova das circunstâncias, cada cris-
tão é provado, pois ser fiel quando as coisas
vão bem é fácil, mas são nos momentos di-
fíceis e de aperto que demonstramos onde
está o nosso coração.
Em Gênesis 39.10, o jovem José sofreu uma
grande tentação, mas permaneceu fiel a
Deus. Sofreu calúnia e injustiça, mas pela fi-
delidade dele Deus foi fiel em cumprir todos
os Seus propósitos na vida do rapaz.
Em outro caso, na Babilônia, Daniel estava
sendo obrigado pela lei local a prostrar-se
diante de um ídolo, porém mesmo sendo es-
cravo, não se prostrou, mostrando sua fide-
lidade independente das circunstâncias. Sua
obediência fez Deus realizar o milagre de ele
não ser comido por leões famintos (Dn 6).
Não importam as circunstâncias, não have-
rá desculpas que justifiquem a falta de fideli-
dade a Deus.
5. PRUDÊNCIA E BOA
ADMINISTRAÇÃO
Prudência e boa administração precisam
fazer parte da vida dos cristãos que desejam
viver felizes financeiramente. O que acontece é
que não é menor o número de pessoas endivi-
dadas entre os cristãos em relação aos ímpios.
08/07/2019 12:24:35
 Um bom exemplo bíblico de imprudência
e má administração vemos no texto a seguir:
Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos
profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido,
teu servo, morreu; e tu sabes que ele temia ao
SENHOR. É chegado o credor para levar os meus
dois filhos para lhe serem escravos. Eliseu lhe
perguntou: Que te hei de fazer? Dize-me que é o
que tens em casa. Ela respondeu: Tua serva não
tem nada em casa, senão uma botija de azeite.
(2 Reis 4.1,2)
O discípulo dos profetas, que morreu, até
pode ter sido um “homem de Deus”, mas foi
extremamente imprudente em ter adquirido
dívidas tão pesadas a ponto de seus filhos se-
rem ameaçados de terem de trabalhar como
escravos para quitar o débito. Não só isso,
mas a família ficou em tamanha necessidade
que no dia em que o profeta Eliseu passou
pela vida deles, não lhes restava quase nada
além de uma botija de azeite.
Alguém poderá dizer: “Mas o homem não pre-
via sua morte! Talvez ele tenha sido surpreendi-
do por um acidente”! O que acontece é que para
todas as pessoas os imprevistos podem aconte-
cer, por isso não podemos ter dívidas.
Vale ressaltar que dívida é todo compromis-
so financeiro que está atrasado. Não é aquilo
que se compra para pagamento parcelado,
que está no orçamento familiar e que cabe na
medida daquilo que se recebe.
Precisamos buscar orientações para uma
boa administração financeira e pensar na
segurança financeira dos nossos familiares,
para que quando os imprevistos e acidentes
vierem, nos sacrificarmos e diminuirmos nos-
so padrão de vida para não contrair dívidas.
A Bíblia fala sobre a sabedoria estar à dis-
posição de todos que a pedirem a Deus. Pe-
ça-a diariamente para ser prudente e bom
administrador.
Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria,
peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada
lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. (Tiago 1.5)
. 128 .
Maturidade.indd 128
6. PLANEJAMENTO E DISCIPLINA
FINANCEIRA
O grande problema das pessoas é que elas
não planejam suas vidas. Veja o que Salomão
declara no livro dos Provérbios:
O coração do homem pode fazer planos, mas a
resposta certa dos lábios vem do SENHOR. Todos
os caminhos do homem são puros aos seus
olhos, mas o SENHOR pesa o espírito. Confia ao
SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão
estabelecidos. (Provérbios 16.1-3)
Geralmente esse texto é lido apenas pelo
versículo 1, chegando-se a errada interpreta-
ção de que os planos dos homens são maus,
por isso Deus precisa confirmar os seus pas-
sos; porém precisamos entender que o pro-
blema não está no planejamento dos homens,
pelo contrário, Deus apenas pesa nossas in-
tenções do coração (versículo 2) e avalia se
confiamos nEle para o sucesso ou confiamos
em nossos próprios esforços. Deus deseja
confirmar os planos dos homens que plane-
jam suas vidas em oração e temor (versículo 3).
Quantas pessoas passam pela vida tendo
ganhado altos salários na juventude, mas na
velhice não têm onde morar, sem ter como
pagar aluguel? Nem sempre teremos o vigor
para trabalhar muito e ganhar bem; chega-
rá um tempo em que precisaremos diminuir
nossos gastos, porque as forças não nos aju-
darão a cobrir altos custos.
Quantas pessoas não pensam nos filhos
que poderão querer fazer uma cara faculda-
de, deixando-os a mercê da medíocre pos-
sibilidade que os pais, sem planejamento,
os permitem sonhar? Precisamos trabalhar
como se nossos filhos quisessem ser médi-
cos. Nem que seja apenas para lhes dar uma
ótima educação, que os fará passar no vesti-
bular de uma faculdade federal ou para ga-
nhar uma bolsa de estudos.
Outras pessoas até planejam suas vidas,
mas seus planos frustram-se logo que saem
do papel, porque aquilo que entendem com
facilidade não conseguem pôr em prática. Pla-
nejamento sem disciplina financeira é como
08/07/2019 12:24:35
 ir viajar e gastar todo o dinheiro na primeira
parada, ficando sem recursos para abastecer
o carro e continuar até o destino final.
Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre,
não se assenta primeiro para calcular a despesa
e verificar se tem os meios para a concluir? Para
não suceder que, tendo lançado os alicerces e não
a podendo acabar, todos os que a virem zombem
dele, dizendo: Este homem começou a construir e
não pôde acabar. (Lucas 14.28-30)
7. DESPRENDIMENTO SEM
IRRESPONSABILIDADE
Com muita frequência ouvimos em nossas
igrejas que “não somos dessa terra e que so-
mos cidadãos dos céus. Não devemos acumu-
lar bens aqui, mas precisamos juntar tesouros
celestiais”. O problema é que algumas pessoas
parecem levar “ao pé da letra” essas frases, vi-
vendo de forma completamente irresponsável.
É louvável alguém que não se prende a bens
materiais, vivendo intensamente as coisas de
Deus, mas também é lamentável conhecer
algumas pessoas que vivem num mundo de
fantasia, onde Deus todos os dias mandará
dos céus o maná que os sustentará. Não que Ele
não garanta nosso sustento diário, até por-
que Jesus nos ensinou a orar pelo pão nosso
de cada dia (Mt 6.11), sabendo que Deus tem
compromisso com nosso sustento.
O problema é que algumas pessoas se tornam
“pesadas” a outras pessoas. Isso porque pare-
cem não gostar de trabalhar e ficam na depen-
dência de alguém que os socorra todo fim do
mês, que lhes dê carona por anos a fio, que lhes
pague lanche e os convide a almoçar, porque es-
tão sempre apertados e sem dinheiro.
Deus não tem compromisso em sustentar
“pedintes mendicantes”, mas sim necessitados
por falta de amparo e oportunidades. Deus
corrige muitas pessoas irresponsáveis, dei-
xando-as a mercê de suas próprias escolhas.
Não ame demais o dinheiro, mas também
não seja daqueles que desvalorizam o traba-
lho que o faz conquistar. Trabalhe, busque o
. 129 .
Maturidade.indd 129
mínimo de conforto, sirva ao Senhor com ale-
gria, tendo condições para abençoar a obra e
as pessoas. Cuide-se para não ser um irres-
ponsável que sempre depende do socorro
dos outros. Lembre-se da sentença de Deus
a Adão, após o pecado, lembrando que o ho-
mem é a figura da provisão financeira do lar:
E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua
mulher e comeste da árvore que eu te ordenara
não comesses, maldita é a terra por tua causa;
em fadigas obterás dela o sustento durante os
dias de tua vida. (Gênesis 3.17)
Sem a fadiga do trabalho e o suor no rosto,
não existe provisão financeira. Deus é mise-
ricordioso para nos socorrer, mas é justo em
nos deixar passar dificuldades financeiras até
aprendermos a ser responsáveis.
Avalie seus ganhos mensais e descubra o
padrão de vida que você pode manter. Seja
honesto com você mesmo! Viva com pouco,
mesmo que possa ter mais! Valorize cada
centavo que passar pelo seu bolso e não seja
irresponsável de gastar além do que você pu-
der pagar com seu salário!
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Em poucas palavras, explique como a
contribuição financeira pode ser um in-
vestimento do reino de Deus:
2) Quais são os três aspectos pelos quais
Deus prova o coração do homem?
3) Qual a relação entre o texto de 2 Reis
4.1-2 com prudência e boa administração?
4) Qual a importância do planejamento e da
disciplina financeira?
5) Defina o que seria um desprendimento
irresponsável:
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
08/07/2019 12:24:36

LIÇÃO 17
AO QUE VENCER
Nesta lição, vamos analisar o assunto da es-
perança que todos os cristãos têm quanto às
promessas de Cristo para os últimos dias da
humanidade e para a eternidade.
Veja o versículo a seguir e posteriormente
entenda quem é o vencedor desse texto:
Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu
trono, assim como também eu venci e me sentei
com meu Pai no seu trono. (Apocalipse 3.21)
Os vencedores são todos os verdadeiros
cristãos. A esses, Jesus prometeu acesso ao
seu trono, que será um grande privilégio con-
cedido na vitória final dos santos. O reino de
. 130 .
Maturidade.indd 130
Deus não é algo que começa na segunda vin-
da de Cristo; na verdade, ele já começou, ape-
sar de ser visível somente aos olhos da fé (Lc
17.20-21). O mundo não conhece o senhorio
e reino celestial de Jesus. Os poderes demo-
níacos ainda têm permissão para atuar atra-
vés das pessoas, a fim de afligir e perseguir
o povo de Deus, mas o versículo destacado
no início deste tópico contém uma mensa-
gem para toda a igreja que sofre na terra: A
situação de sofrimento é temporária; Cristo já
está entronizado como Senhor e Rei; seu rei-
no será implantado em plenitude, em breve, e
todos os seus inimigos serão derrotados.
Ao que vencer é dada a certeza de que par-
ticipará do Reino de Deus quando este for
estabelecido em plenitude. Em cada uma das
sete cartas às igrejas no livro de Apocalipse,
a promessa ao vencedor está dirigida a todos
os discípulos de Cristo, na expectativa de que
todos os cristãos fiéis irão vencer (Ap 2.7; 2.11;
2.17; 2.26-28; 3.5; 3.12; 3.21).
Todos os vencedores um dia estiveram con-
denados. A Bíblia afirma que todos pecaram e
carecem da glória de Deus (Rm 3.23); não há um
justo sequer (Rm 3.10). Ela também afirma que
estávamos mortos em nossos próprios pecados
(Ef 2.1). A partir desse entendimento, come-
çamos a perceber a necessidade de salvação.
O termo salvação pode ser estudado sob
dois aspectos:
1º aspecto da salvação: É no sentido li-
mitado, refere-se à ação de Deus na vida do
pecador que crê na obra redentora de Jesus
Cristo. Isso inclui perdão dos pecados, rege-
neração (novo nascimento, conversão) e ado-
ção. A partir desse ato, tornamo-nos filhos de
Deus, perdoados e salvos.
2º aspecto da salvação: É um conceito
amplo, refere-se a tudo aquilo que Deus reali-
za na vida do pecador, desde a sua conversão,
passando pelo contínuo processo de santifi-
cação, até que ele seja levado à glória eterna.
Os vencedores são os que permanecem
firmes e fiéis até o fim: Convertem-se a Cristo,
obtendo a salvação mediante a fé, vivem uma
vida em santificação e, assim, serão glorificados
quando ocorrer o arrebatamento da igreja.
08/07/2019 12:24:39
 1. A RELAÇÃO ENTRE FÉ E OBRAS
NA VIDA DO VENCEDOR
Muitos líderes cristãos não entendem e, por
consequência, não ensinam corretamente a
relação entre fé e obras na vida do cristão. Al-
guns colocam as obras como condição para a
salvação. Outros afirmam que após salvos, não
há a necessidade de praticar nenhuma obra
na terra. Com isso, criam-se grandes dúvidas
com relação a esse assunto importantíssimo.
O vencedor deve ter somente a fé em Jesus Cristo?
O vencedor precisa de obras para a salvação? Qual
a relação entre fé e obras na vida de um vencedor?
Para explicar a relação entre a fé e as obras,
lançaremos mão de dois versículos do Novo
Testamento, que estão em Romanos 3.28 e
Tiago 2.24. Vejamos a seguir:
Concluímos, pois, que o homem é justificado
pela fé, independentemente das obras da lei.
(Romanos 3.28)
A justificação pela fé é uma doutrina bíblica
importantíssima. É o ato pelo qual Deus decla-
ra justo o pecador que crê na obra de Cristo na
cruz. A justiça do Evangelho é uma dádiva con-
cedida por meio da fé. Paulo explicou isso no
momento em que desejava detalhar a relação
entre o Evangelho da graça e a Lei, uma vez
que alguns dos seus leitores eram judeus que
foram doutrinados na Lei de Moisés.
Na carta aos Romanos, Paulo ensina que a
vida, a morte e a ressurreição de Jesus cumpri-
ram integralmente o que a Lei exigia, algo que
nenhum homem seria capaz de fazer. Ao viver
sem erros ou pecados, Jesus Cristo foi o sacri-
fício perfeito para a expiação dos pecados de
toda a humanidade. Nosso papel a partir da
condenação de Jesus na cruz é crer. Quando cre-
mos, por meio de Jesus, Deus nos declara justos.
Se a salvação fosse por obras de nossas mãos,
teríamos muitos motivos para tomarmos a glória
de Deus. Deus não divide a sua glória.
Concluímos, portanto, que a salvação não
se dá por meio do que podemos fazer, falar,
doar, praticar ou pensar, mas sim pela graça
de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo. Esse
. 131 .
Maturidade.indd 131
princípio torna impossível qualquer vanglória
por parte da humanidade.
Verificais que uma pessoa é justificada por obras
e não por fé somente. Tiago 2.24
A fé para a salvação é real, tem poder e
resulta em uma vida transformada e frutífe- Cri por isso
falei. 2 Cor 4:
ra. Essa fé é baseada na Palavra e envolve o
13 Cri por
ser humano como um todo. Diante de Deus,
isso falei,
aquele que crê é justificado, e a partir daí ini- tambem nós
cia uma caminhada de obras na terra. cremos por
A verdadeira fé salvadora conduz o salvo à isso tambem
ação. A fé morta, ou seja, sem obras, toca so- falamos
mente o intelecto, porém, a fé salvadora que
conduz às obras expressa a igreja e os valores
de Cristo para a sociedade. Em outras palavras,
não basta apenas dizer que tem fé; a verdadeira
fé é evidenciada por ações, ou seja, por obras. As
ações são os frutos que externam a convicção
interior. Tiago utiliza muito bem dois exemplos
para mostrar que o salvo realiza obras: Abraão,
que ofertou seu filho como sacrifício, e Raabe, que
ofereceu esconderijo aos homens de Deus que espia-
vam Jericó. Ambos realizaram obras como conse-
quência de uma fé verdadeira.
Após a análise dos textos acima, concluí-
mos que tanto a fé quanto as obras são im-
portantíssimas na vida de um discípulo de
Cristo. Mediante a fé, somos salvos, ou seja,
justificados por Cristo. A partir do ato da jus-
tificação, iniciamos uma caminhada na qual
evidenciamos dia a dia a nossa salvação, atra-
vés das obras que praticamos. A fé nos justi-
fica perante Deus e as obras nos justificam
perante a sociedade. Com a fé, obtemos as
credenciais para o céu. Com as obras, obte-
mos as credenciais como igreja que represen-
ta os valores do céu na terra. Um vencedor é
salvo mediante a fé e demonstra isso com ati-
tudes. Alguém resumiu tudo isso muito bem atitude
ao dizer: Somos salvos pela fé e para as obras.
2. AS PARÁBOLAS DO REINO
Jesus utilizou algumas parábolas para nos
ensinar sobre a vida que devemos ter na terra
enquanto Ele não arrebata a igreja. Em Mateus
08/07/2019 12:24:39
 24 Ele diz que voltará. Após falar do seu re-
torno, falou a respeito da vida que devemos
viver enquanto igreja na terra.
Antes de analisarmos cada parábola, pode-
mos adiantar que todas elas apontam para
uma vida ativa e não para uma espera pre-
guiçosa pelo retorno de Jesus. Nas três pará-
bolas, o Senhor faz considerações sobre as
atitudes de seus servos em sua ausência.
Vejamos a seguir a parábola do bom servo e
do mau, a parábola das dez virgens e a parábo-
la dos talentos:
2.1. A PARÁBOLA DO BOM SERVO E DO
MAU (MT 24.45-51)
A primeira parábola é uma história que
contrasta o comportamento de dois servos:
um bom e outro mau. O senhor desses servos
precisou ausentar-se por um tempo e confiou
a eles a responsabilidade de cuidar dos seus
conservos. Ele pediu a esses homens que
cuidassem dos seus companheiros durante o
tempo de sua ausência. O recado foi simples:
quem executasse a tarefa seria recompensado,
porém quem não executasse seria castigado.
O bom servo compreendeu essa ausência
e teve um maior senso de responsabilidade.
Entendeu que precisava trabalhar ainda mais
e estar mais atento com a nova realidade, não
importando se o Senhor retornaria cedo ou
tarde. Entretanto, o servo mau aproveitou a
ausência de seu Senhor para se livrar de to-
das as suas responsabilidades, castigando
os seus companheiros. Quando o senhor re-
tornou de forma inesperada, o servo bom foi
considerado fiel e prudente, recebendo re-
compensas. Já o servo mal foi desmascarado
e seu castigo foi severo.
A parábola do servo bom e fiel nos ensina
que devemos nos preparar para o retorno de
Cristo, não supondo se Ele virá cedo ou tarde.
Ensina, também, que o líder espiritual, a pes-
soa chamada para cuidar de outras, ou seja,
todo cristão, deve aguardar a vinda de Cristo,
trabalhando em obediência, e os que assim
forem encontrados serão recompensados,
pela sinceridade de sua fé. Essa recompensa
. 132 .
Maturidade.indd 132
será reinar com Cristo (Ap 20.6). Outro ensino
importante dessa parábola é que se o líder
espiritual se comportar como o servo mau,
vivendo como se o seu Senhor não fosse ja-
mais retornar, e maltratar os seus conservos,
sofrerá grandes danos espirituais. A ideia de
choro e ranger de dentes está associada às
consequências da morte eterna no inferno.
Portanto, essa parábola nos ensina que o sal-
vo pela fé demonstra com obras e obediência
ao Senhor sua condição de salvo, e que cada
ação na terra reflete nosso futuro eterno.
Desde o momento em que fomos salvos, o
Senhor espera que Lhe sejamos fiéis, toman-
do-O como único Senhor e Deus e fazendo
toda a Sua vontade. Um dos propósitos de
Deus para a igreja é que vivamos em comu-
nhão, respeitando uns aos outros. Como cris-
tãos, não podemos viver de qualquer manei-
ra, agindo precipitadamente, sem medir as
consequências de nossos atos. Por vivermos
pela vida de Deus, andamos neste mundo
com prudência, para que todo nosso viver
expresse o Senhor. Isso é especialmente im-
portante no que diz respeito ao cuidado com
os companheiros cristãos. Há muitos filhos
de Deus precisando de cuidado, alimento es-
piritual e edificação, e Deus nos chamou para
realizar esse trabalho.
2.2. A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS
(MT 25.1-13)
As dez virgens dessa parábola são madri-
nhas de casamento, que, segundo o costume
da época, deveriam ser solteiras. Elas sairiam
para receber o noivo e acompanhá-lo com
suas lâmpadas pela cidade até o seu desti-
no, marcando o início das atividades cerimo-
niais. O noivo, porém, não veio no momento
em que elas esperavam. As virgens caíram no
sono e o combustível de suas lâmpadas co-
meçou a acabar. Cinco delas eram prudentes
e levaram azeite extra para reabastecer suas
lâmpadas. As outras cinco eram néscias e não
tinham azeite extra para executarem a sim-
ples tarefa que lhes cabia.
08/07/2019 12:24:39
 Tudo estava preparado para a cerimônia
quando o noivo chegou, com exceção das
virgens néscias, que haviam se afastado para
comprar azeite. Elas falharam com o noivo,
pois era tarefa delas manterem as lâmpadas
acesas. Em vez disso, dormiram, antes de
saírem às pressas em busca de azeite. Final-
mente voltaram para a festa, porém o noivo
firmemente não as deixou participar daquela
cerimônia. A resposta do noivo é assustado-
ra: A verdade é que não as conheço (v. 12).
O azeite simboliza o Espírito Santo. Somado
a isso, o azeite também pode simbolizar a Pa-
lavra de Deus. Há um chamado para a igreja
atitude ter comunhão diária com o Espírito Santo, ser
guiada por Ele e preservar a Palavra de vida
no mundo cruel em que vive.
A parábola das dez virgens nos ensina que
Cristo está vindo, por isso devemos estar pre-
parados para o seu retorno, que pode ser a
qualquer momento. Ainda que aparentemen-
te Ele demore, não devemos ser pegos de sur-
presa. A verdadeira espera exige equilíbrio na
expectativa por parte da igreja. Precisamos
permanecer alerta, acordados e prontos.
2.3. A PARÁBOLA DOS TALENTOS
(MT 25.14-30)
A parábola dos talentos conta a história de
um homem rico que viajou para um lugar dis-
tante. Antes dessa viagem, ele delegou a três
servos a atividade de administração de partes
de sua riqueza, chamadas de talentos. Dois
deles investiram o dinheiro, dobrando suas
partes. Porém um servo enterrou o talento
o medo
paralisa, a que recebera, não lucrando para seu senhor.
obediência Essa parábola nos lembra de que, indepen-
impulsiona. dentemente do dia e da hora, seja cedo ou
tarde, Jesus quer nos encontrar ocupados tra-
balhando para seu Reino. Aqui há o completo
equilíbrio: permanecer atento, esperar e traba-
lhar. O homem rico representa Cristo e cada
servo representa os cristãos. Recebemos res-
ponsabilidades no Reino, por isso devemos
atender às expectativas de nosso Senhor.
Devemos ser como os servos prudentes, que
multiplicaram aquilo que o Senhor os confiou.
. 133 .
Maturidade.indd 133
As responsabilidades atribuídas a eles foram
executadas de maneira clara. O Senhor vol-
tou feliz ao ver que os dons, tarefas, valores e
encargos dados a eles foram valorizados. Por
isso foram recompensados com autoridade
maior, maiores oportunidades e um lugar de
alegria e favor. Sua recompensa ilustra clara-
mente o céu, que será repleto de exaltação e
honra, de oportunidades maiores para o ser-
viço e da maior alegria de todas: a comunhão
infinita com Cristo.
Já o servo infiel foi paralisado pelo medo
sem sentido do seu senhor. O seu medo de
falhar o impediu de tentar acertar. A pior coisa
que ele poderia ter feito seria enterrar aquilo
que lhe foi confiado, não rendendo nenhum
lucro. O servo infiel demonstrou que não tinha
respeito pelo seu mestre. Seu castigo foi terrí-
vel: E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas.
Ali haverá choro e ranger de dentes (Mt 25.30).
Devemos usar os dons que recebemos do
Senhor sem desperdiçá-los, pregando o evan-
gelho, ministrando vida e verdade a outros e
pastoreando os que precisam de cuidado. As
responsabilidades que Cristo deixou para a
igreja são para serem cumpridas. O resultado
disso será a edificação da igreja e a multipli-
cação de nossos talentos. Todos os cristãos
são importantes no Reino e receberam pelo
menos uma responsabilidade. Cabe a cada
um valorizar, usar e multiplicar aquilo que o
Senhor o confiou. Haverá uma grande revo-
lução na igreja se cada servo de um talento
desenterrar aquilo que o Senhor o entregou.
A parábola dos talentos é um lembrete para
a igreja de que precisamos continuar traba-
lhando com diligência enquanto esperamos a
Cristo. Ela ensina à igreja sobre a necessidade
do trabalho fiel e do planejamento prudente.
Corremos sempre o risco de perder aquilo
que não usamos para o Senhor.
3. CONCLUSÕES SOBRE AS
PARÁBOLAS DO REINO
Como podemos perceber, as três parábo-
las do Reino descritas acima transmitem uma
mensagem simples e única sobre a importân-
08/07/2019 12:24:39
 cia da fidelidade da igreja à luz do iminente
retorno de Jesus Cristo. O Mestre deixou claro
sobre a impossibilidade de se saber o dia e a
hora de seu retorno. Em vez de responder à
pergunta dos discípulos sobre o dia e a hora
de sua volta, ele os incentivou a uma espera
com serviço ativo e fiel enquanto ele não vem.
Essas três histórias contrastam a fidelidade
com a descrença, a sabedoria com a tolice, o
preparo com a indiferença. Esses detalhes re-
velam-se como características que separam
o cristão vencedor daqueles que não estão
agindo como deveriam à espera de Cristo.
A mesma graça que salva a igreja a ensina a
renunciar as paixões mundanas, viver de ma-
neira sensata e piedosa, enquanto aguarda a
bendita esperança: a manifestação de nosso
grande Deus e Salvador Jesus Cristo.
3.1. FIDELIDADE VS. DESCRENÇA
A segunda vinda de Cristo pode ser compa-
rada com a promessa dEle de que ressuscita-
ria três dias depois de ter sido morto.
Ao analisarmos a atitude dos discípulos
durante aqueles três dias em que Jesus per-
maneceu na mansão dos mortos, evidencia-
remos uma total descrença da parte deles de
que realmente Jesus ressuscitaria.
Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe
de Tiago, e Salomé compraram aromas para
embalsamarem Jesus. E, muito cedo, no primeiro
dia da semana, ao despontar do sol, foram ao
túmulo. (Marcos 16.1,2)
Costumamos ressaltar as atitudes das três mu-
lheres que, na manhã do domingo (terceiro dia),
foram ao túmulo de Jesus e acabaram por ser as
primeiras a saber sobre a ressurreição dEle.
Entendamos que a ida delas ao túmulo não era
uma demonstração de fé na ressurreição, mas
de amor; pois o texto acima deixa claro que o
desejo delas era embalsamar o corpo de Cristo.
Se elas tivessem crido nas palavras de Jesus, sa-
beriam que não haveria corpo para embalsamar.
Você não acha que os discípulos deveriam
ter ficado de vigília, ao terceiro dia da morte
. 134 .
Maturidade.indd 134
de Jesus, diante da grande pedra que fecha-
va o túmulo, aguardando o cumprimento da
promessa?
O que eles fizeram demonstra que não
criam naquela promessa:
Um, porém, chamado Cleopas, respondeu,
dizendo: És o único, porventura, que, tendo
estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências
destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E
explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno,
que era varão profeta, poderoso em obras e
palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como
os principais sacerdotes e as nossas autoridades
o entregaram para ser condenado à morte e o
crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse
ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois
de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais
coisas sucederam. (Lucas 24.18-21a)
Os discípulos do caminho de Emaús de-
monstraram tristeza e desapontamento por
Jesus ter morrido, aquele que era a esperan-
ça de sua libertação das mãos dos romanos.
Claramente eles não creram que Jesus voltaria,
fazendo com que Cristo fosse ao seu encontro.
Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe
Queriam voltar
os outros: Também nós vamos contigo. Saíram,
para a vida
e entraram no barco, e, naquela noite, nada antiga, por que
apanharam. Mas, ao clarear da madrugada, sua fé não
alcançava a
estava Jesus na praia; todavia, os discípulos não
ressurreição.
reconheceram que era ele. ( João 21.3, 4)
Os apóstolos Simão Pedro, Tomé, Natanael,
João, Tiago e mais dois discípulos, em vez de
estarem aguardando a aparição de Jesus,
voltaram a pescar, tendo sido surpreendidos
pelo Mestre, que se apresentou a eles, res-
surreto, na praia.
Se nossa atitude com relação à segunda
vinda de Cristo for semelhante à de seus dis-
cípulos quanto à ressurreição, seremos sur-
preendidos e deixados para trás.
Que nossas atitudes sejam semelhantes às
dos discípulos após o derramar do Espírito
Santo, em que a convicção deles de que Cris-
to voltaria ainda naqueles dias era tão grande,
08/07/2019 12:24:39
 que chegaram ao extremo de vender tudo o
que possuíam, sabendo que nada aproveita-
riam dos bens materiais no lugar onde Cristo
os levaria (At 4.34, 35).
Que nossa convicção do cumprimento da
promessa da segunda vinda de Cristo seja se-
melhante à de Paulo:
Assim, pois, não durmamos como os demais;
pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios.
(1 Tessalonicenses 5.6)
Vivamos como se Cristo fosse voltar HOJE!
3.2. SABEDORIA VS. TOLICE
Paulo foi um dos escritores bíblicos que
mais abordou a questão da segunda volta de
Cristo. Ele detalhou muitos conselhos para to-
dos aqueles que esperam a volta do Senhor.
A seguir, aprenda como viver com sabedoria,
sabendo que Cristo cumprirá sua promessa
de voltar, assim como se cumpriu tudo o que
Deus prometeu nas Escrituras:
Vigilância e atenção:
Pois vós mesmos estais inteirados com precisão
de que o Dia do Senhor vem como ladrão de
noite (...) Assim, pois, não durmamos como
os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos
sóbrios. (1 Tessalonicenses 5.2,6)
Paulo, ao comparar a segunda vinda de
Cristo com a vinda inesperada de um ladrão
à noite, declara que precisamos estar atentos
e vigilantes, pois assim como os homens do
tempo de Noé viveram suas vidas sem preo-
cupar-se com Deus e foram surpreendidos
com o dilúvio que os destruiu, nós também
podemos ser surpreendidos com a segunda
vinda de Cristo (Mt 24.37-39).
Respeito aos líderes espirituais:
Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com
apreço os que trabalham entre vós e os que
vos presidem no Senhor e vos admoestam (...)
Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis
. 135 .
Maturidade.indd 135
os insubmissos, consoleis os desanimados,
ampareis os fracos e sejais longânimos para com
todos. (1 Tessalonicenses 5.12,14)
Paulo demonstra que não é sábio viver em
desobediência e rebeldia, principalmente
nesses tempos que antecedem a segunda
vinda de Cristo. Aqueles que são sábios não
vivam a insubmissão.
Vida santificada:
O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e
o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo. (1 Tessalonicenses 5.23)
Paulo também destaca que é uma sábia ati-
tude manter-se santificado antes da segunda
vinda de Cristo. Assim como o noivo espera que
a noiva esteja pura e adornada para a sua chega-
da, assim sejamos nós à espera de Cristo.
3.3. PREPARO VS. INDIFERENÇA
A parábola dos talentos demonstra que o cris-
tão recebe uma missão enquanto aguarda a se-
gunda volta de Cristo, missão essa que pode ser
recompensada pelo cuidado com que servimos
a esse propósito ou até evidenciar nossa falta de
compromisso com nosso Senhor.
O fato de os primeiros trabalhadores terem
multiplicado seus talentos não significa mere-
cimento ou não de salvação ou arrebatamen-
to, mas evidencia o compromisso deles com a
ordem do Senhor. Assim como a atitude da-
quele que enterrou seu talento não o fez ser
rejeitado simplesmente por não ter produzi-
do, mas por demonstrar falta de compromis-
so e indiferença à ordem do Senhor.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) O que você entende por vencedor? Com
base na lição.
2) Explique a relação entre fé e obras na
vida do vencedor:
08/07/2019 12:24:40
 3) Explique como podemos aplicar a pará- ________________________________________________
bola do servo bom e do servo mau na vida
________________________________________________
de um cristão:
4) Com relação à parábola das dez virgens, ________________________________________________
como podemos agir hoje em dia de for-
ma semelhante às virgens prudentes? E ________________________________________________
quais atitudes devemos evitar para não
________________________________________________
sermos negligentes como as virgens
néscias? ________________________________________________
5) Qual a relação que podemos fazer entre
a atitude dos discípulos de Cristo quan- ________________________________________________
to à promessa de ressureição dEle e as
________________________________________________
virgens néscias, da parábola das dez vir-
gens? ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 136 .

Maturidade.indd 136 08/07/2019 12:24:40


LIÇÃO 18
OS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS
Os acontecimentos dos últimos dias com-
preendem os fatos entre as duas vindas de
Jesus na terra. A primeira vinda aconteceu
quando o Verbo se fez carne, nascendo
do ventre de Maria e vivendo entre nós ( Jo
1.1,14). Nesse tempo, Jesus andou pela terra
curando, libertando os oprimidos pelo diabo,
levando palavras de salvação e esperança a
todos. Ele viveu de forma reta, justa e sem pe-
cado, porém foi condenado à morte de cruz;
e ao terceiro dia de sua morte, de forma mila-
grosa, Cristo ressuscitou. Passou mais alguns
dias na terra, dando as últimas instruções aos
seus discípulos. E ao fim de sua primeira vin-
. 137 .
Maturidade.indd 137
da, subiu aos céus e hoje está assentado à
direita de Deus, o Pai.
A mensagem do Evangelho de Cristo cres-
ceu, e a igreja multiplicou-se na terra. Essa
mesma igreja, ou seja, o conjunto de salvos
de todos os lugares da terra, aguarda pela
segunda vinda de Jesus Cristo para buscá-la.
Cristo voltará e arrebatará a sua igreja para
viver eternamente com Ele. Contudo, os acon-
tecimentos que permeiam as duas vindas de
Jesus e os acontecimentos do fim são desco-
nhecidos pela maioria dos cristãos.
Infelizmente, alguns líderes olham para
temas como o arrebatamento, a grande tribu-
lação, o milênio, o julgamento, os novos céus
e a nova terra e os tratam como assuntos a
serem evitados. Outros até impedem seus
liderados de estudarem os acontecimentos
do fim, alegando falta de maturidade para o
entendimento. Todavia, não é isso que a Bí-
blia nos ensina a fazer. O apóstolo João disse
que os cristãos que aprendem as revelações
do Apocalipse são bem-aventurados, ou seja,
são muito felizes:
Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles
que ouvem as palavras da profecia e guardam
as coisas nela escritas, pois o tempo está
próximo. (Apocalipse 1.3)
Os “últimos acontecimentos”, tema conhe-
cido na Teologia como “Escatologia”, referem-
-se às fases finais do ser humano no mundo.
Existe uma agenda escatológica que estabe-
lece uma organização dos eventos no fim dos
tempos.
Cremos no método futurista dos eventos
escatológicos, ou seja, para nós, a maior par-
te desses eventos acontecerá no futuro, as-
sim como era para aqueles que viviam nos
tempos bíblicos. Cremos que Jesus Cristo
voltará para o cumprimento do restante das
profecias messiânicas.
A seguir, veremos de forma básica alguns
desses acontecimentos. Para isso, tomare-
mos como base o Manual de Doutrinas Assim
Cremos, da Igreja Metodista Wesleyana.
08/07/2019 12:24:43
 1. SINAIS PRECURSORES DA
SEGUNDA VINDA DE CRISTO
A segunda vinda de Cristo será precedida
por alguns sinais na Terra. Entre eles estão o
surgimento de falsos profetas, fomes, guerras
e terremotos. Tudo isso em maior intensidade
do que já vem acontecendo desde os tempos
de Jesus. Haverá também uma acentuação na
perseguição aos servos que permanecerem
fiéis, maior desobediência à Palavra de Deus,
aumento das famílias com relacionamentos
deteriorados, da crueldade, do orgulho, da
ganância, da traição, da promiscuidade, da
corrupção, da imoralidade, além de condi-
ções climáticas em constantes mudanças,
muito além do que é considerado normal.
A maioria desses eventos vêm se intensifi-
cando nos últimos séculos, por isso cremos
que esse é o pano de fundo que precede o
arrebatamento da igreja (Mt 24.4-7; 1 Tm 4.1;
2 Tm 3.1-9).
2. O ARREBATAMENTO DA IGREJA
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra
de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a
trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos
em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós,
os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados
juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois,
uns aos outros com estas palavras.
(1 Tessalonicenses 4.17-18)
A Igreja será arrebatada na primeira fase da
Segunda Vinda do Senhor Jesus. Essa segun-
da fase é o retorno de Cristo após a grande
tribulação. Não sabemos quando será o arre-
batamento, só temos a certeza de que pode
acontecer a qualquer momento. É errado
determinar datas, todavia alguns tentam adi-
vinhar quando ocorrerá através de cálculos,
supostas revelações ou teorias. Jesus Cristo
deixou bem claro que ninguém sabe o dia e
a hora em que Ele buscará a sua Igreja. Será
um evento repentino e sem aviso prévio. Por-
. 138 .
Maturidade.indd 138
tanto, devemos andar vigilantes e praticantes
da fé que nos deu a salvação, para que no
grande dia não sejamos pegos de surpresa e
despreparados.
Paulo menciona dois grupos de pessoas
que serão arrebatadas: Os que dormem, ou
seja, as pessoas que receberam a salvação,
mas morreram fisicamente, e os vivos, a igre-
ja que estará viva no momento do arrebata-
mento. Os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro, depois os que estiverem vivos se
juntarão a eles nos ares.
A realidade da volta de Cristo é um consolo
para aqueles que se entristecem pela perda de
alguém, pois todos os salvos se encontrarão
com Cristo nos ares. Teremos nossos corpos
transformados. Todos receberemos um corpo
glorificado, incorruptível, infalível e imortal, da
mesma maneira que Cristo recebeu ao ressus-
citar. Concluímos de maneira triunfante e feliz
que a morte não é o fim para aqueles que es-
tão em Cristo. Essa é uma mensagem de paz e
segurança para os vencedores.
O termo arrebatamento vem do grego
harpazo, que significa “dominar por meio de
força, levar embora, capturar”. Cristo pega-
rá para si a igreja de forma rápida, tomará à
força para si e a levará para outro lugar, para
estarmos livres de todos os perigos que apa-
recerão de forma intensificada na terra. Será
glorioso o encontro com o Senhor. Todos os
sofrimentos presentes na vida dos fiéis serão
trocados pela glória eterna. Estaremos para
sempre com o Senhor e livres da ira de Deus.
Nossa esperança não é incerta ou improvável.
Nossa esperança é tão segura quanto qualquer
outra coisa que possuímos. O único motivo da
promessa da nossa ressurreição, do nosso cor-
po glorificado, do nosso reinar com Cristo e do
nosso futuro eterno ser chamado de “esperan-
ça” é porque ainda não os alcançamos.
Para finalizar, uma observação importan-
te precisa ser feita a todos os estudantes da
classe de maturidade. Existem diversas linhas
teológicas quanto à ordem dos acontecimen-
tos das últimas coisas, e por muitas vezes
seremos questionados sobre isso. Portanto,
é importante saber que cremos na linha pré-
08/07/2019 12:24:43
 -tribulacionista, que acredita que o arrebata-
mento da Igreja ocorrerá antes dos sete anos
da grande tribulação. Com isso, a Igreja do
Senhor não passará pelos sofrimentos dessa
época (Ap 3.10; Tt 2.13), pois estará em glória
com Cristo. Por tudo isso, Paulo diz para con-
solarmos uns aos outros com essas palavras,
pois esse acontecimento glorioso é esperan-
ça e motivo de muita alegria para a Igreja mi-
litante na terra.
3. O TRIBUNAL DE CRISTO
Porque importa que todos nós compareçamos
perante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o bem ou o mal que tiver feito
por meio do corpo. (1 Coríntios 5.10)
O encontro da Igreja com o Senhor também
será uma ocasião de prestação de contas.
Esse é o chamado Tribunal de Cristo, que se
refere ao julgamento de todos os cristãos se-
gundo as suas obras na terra. Todos os cris-
tãos prestarão contas diante de um tribunal.
Nesse tribunal nossos pecados não serão
julgados, pois nossa culpa foi expiada pelo
sangue do Senhor Jesus, que Ele derramou
na cruz do Calvário, quando pagou por toda a
nossa culpa de uma vez por todas. O que será
I julgado são as nossas obras, e as recompen-
Corintios sas, conhecidas como galardões, serão distri-
3:12 buídas. Esse julgamento acontecerá após o
arrebatamento da Igreja.
Galardão significa salário ou recompensa.
O motivo de cada um recebê-lo são as obras.
Subentendem-se nessa palavra, também, ta-
refas prazerosas diversas que executaremos
na eternidade com o novo corpo glorificado,
incorruptível e imortal. Outra recompensa
possível é uma posição ou postura que tere-
mos na eternidade. O importante em relação
ao Tribunal de Cristo é que a Igreja será re-
compensada dentro da Nova Jerusalém por
tudo que viveu na terra. Nenhuma obra que
executamos aqui é em vão. Tudo está sob os
olhos do Senhor.
. 139 .
Maturidade.indd 139
O Tribunal de Cristo não será um evento para
castigo ou zombaria. Podemos compará-lo a
uma cerimônia de premiação, em que cada
pessoa vencedora receberá o seu prêmio. Mas
o que são as boas obras? Quais os critérios
utilizados por Cristo para essa recompensa?
As escrituras nos dão a orientação sobre isso.
Em Mateus 5.16 Jesus diz aos seus discípulos:
Assim brilhe também a vossa luz diante dos ho-
mens, para que vejam as vossas boas obras e glo-
rifiquem a vosso Pai que está nos céus.
Concluímos que as boas obras são os atos
e as palavras que contribuem para a glorifica-
ção do nome de Deus na terra. Que sejamos
a igreja militante que pratica boas obras para
a glória do Senhor, a fim de comparecermos
ao tribunal de Cristo e recebermos a nossa
recompensa.
4. AS BODAS DO CORDEIRO
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória,
porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja
esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi
dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente
e puro. Porque o linho finíssimo são os atos
de justiça dos santos. Então, me falou o anjo:
Escreve: Bem-aventurados aqueles que são
chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E
acrescentou: São estas as verdadeiras palavras
de Deus. (Apocalipse 19.7-9)
O casamento judaico era dividido em três fa-
ses. A primeira delas consistia no noivado, um
compromisso que era firmado entre os pais
dos noivos, pois os noivos propriamente ditos
geralmente eram jovens no momento desse
compromisso. O noivado era um compromis-
so sério e só podia ser rompido por meio de
um tipo de divórcio. A infidelidade durante o
noivado era considerada adultério. A segunda
fase era a apresentação dos noivos, que acon-
tecia em um momento antes da cerimônia. Na
apresentação, o noivo buscava a noiva a fim
de tomá-la para si. Em seguida, a levava para
a casa dele, onde acontecia a terceira fase do
casamento, que era a cerimônia propriamente
08/07/2019 12:24:43
 dita. Na cerimônia, as festas duravam dias e os
noivos trocavam votos, concluindo assim o ca-
samento em sua plenitude.
A figura do casamento é utilizada para o
ensinamento sobre a união de Cristo com a
igreja. Deus enviou seu Filho Jesus Cristo para
morrer por todos. Alguns escutam essa boa
notícia e aceitam a Jesus como Salvador. Essa
consiste na primeira fase do casamento entre
Cristo e a igreja, um compromisso firmado
de fidelidade ao Salvador Jesus Cristo, o noi-
vo. Nessa simbologia, o arrebatamento será
a fase da apresentação, onde ocorrerá o en-
contro dos noivos nos ares. Cristo buscará a
igreja, sua noiva, para levá-la ao céu. Por fim,
ocorrerá a festa das Bodas do Cordeiro, que
consiste na cerimônia final dessa união. As Bo-
das do Cordeiro simbolizam a plenitude do ca-
samento entre Jesus Cristo (o Noivo) e a igreja
(a noiva). Estaremos com Jesus para sempre.
Bem-aventurados serão os vencedores, que
são chamados para as bodas do cordeiro.
5. A GRANDE TRIBULAÇÃO
Porque nesse tempo haverá grande tribulação,
como desde o princípio do mundo até agora não
tem havido e nem haverá jamais. (Mateus 24.21)
Em seguida ao arrebatamento da igreja, na
terra dar-se-á o início do período de sete anos
chamado de Grande Tribulação. Serão anos
de grande atividade satânica, com foco nos
que não subiram com Cristo. Na escatologia,
alguns teólogos chamam a primeira metade
da Grande Tribulação somente de Tribulação,
deixando o nome Grande Tribulação para a
segunda metade dos sete anos. Importante é
saber que, nos primeiros três anos e meio, o
sinal mundial será uma falsa paz e união en-
tre as nações. E nos três anos e meio finais, o
Anticristo quebrará o acordo mundial de paz,
dando início a um grande período de perse-
guição e sofrimento na terra.
A grande tribulação será um tempo de
grande aflição e sofrimento sem medida,
como nunca houve em toda a história da hu-
. 140 .
Maturidade.indd 140
manidade. Deus tem propósitos claros para
esse período: disciplinar e tratar com Israel e
executar juízo sobre a terra. O Senhor, após re-
tirar a sua igreja da terra, derramará sua ira e
juízo em todo o planeta e seus habitantes. A
terra será marcada por agonia e sofrimento.
O Anticristo será um governante mundial in-
teligente, carismático, porém maligno, a ponto
de conseguir unir o mundo. Ele aparecerá como
um governador global durante a grande tribula-
ção, com a mente dominada e controlada pelo
próprio Satanás. Alguns teólogos chamam o go-
verno do Anticristo de “Nova Ordem Mundial”.
O fato é que, com seu carisma e habilidade de
liderança, ele conseguirá várias alianças entre
as nações, que se submeterão a ele, pois todos
verão nele a solução para a economia, para a so-
ciedade e para a religião, porém, após três anos
e meio de acordo, ele se revelará um grande di-
tador e exigirá adoração de todos, caso contrá-
rio, perseguirá para matar.
Na Grande Tribulação também surgirá um
grande falso profeta, que subverterá as Es-
crituras e levará ensinamentos contrários ao
Reino de Deus para a humanidade que não
foi arrebatada. A Palavra de Deus será colo-
cada em xeque, somando-se a isso a perse-
guição do Anticristo. Podemos perceber por
essas poucas palavras que será um período
muito difícil de se viver. Para completar essa
oposição maligna, surgirá uma besta que fará
muitos sinais e maravilhas entre o povo, tra-
zendo, de forma satânica, mentira e engano.
João relata no livro de Apocalipse uma série
de castigos e juízos de Deus sobre a Terra no
período da Grande Tribulação. Vemos os de-
talhes disso entre os capítulos 6 e 19. Há in-
formações sobre os sete selos, as sete trom-
betas e as sete taças. Cada selo retrata uma
demonstração do castigo de Deus sobre a
terra no período da Grande Tribulação. Esses
selos de juízo incluem todos os castigos até
o final. O sétimo selo contém as sete trom-
betas, e a sétima trombeta contém as sete
taças. As trombetas são de maior intensida-
de que os selos, mas não são tão destrutivas
quanto o castigo das taças, que será no final.
Importante notar quantos males virão sobre
08/07/2019 12:24:43
 os filhos da desobediência por ocasião da
Grande Tribulação. Será a ira de Deus sobre
aqueles que não são vencedores, ou seja, que
desprezaram a mensagem da cruz e viveram
uma vida sem Deus.
Considerando que na Grande Tribulação a
Igreja, que é composta pelos vencedores, es-
tará arrebatada e com Cristo, e consideran-
do, também, os juízos de Deus nesse período
sombrio na terra, uma pergunta tem sido feita
ao longo da história da Igreja de Cristo: Haverá
salvação durante o período da Grande Tribula-
ção? Cremos que sim. O Manual de Doutrinas
Assim Cremos explica isso da seguinte manei-
ra, baseado no livro de Apocalipse:
Encontramos no capítulo sete, dos versículos
um ao oito, que uma multidão de judeus será
salva na Terra. Nos capítulos seis e sete, nos
versículos de nove a onze, respectivamente nos
dois capítulos (6 e 7), também se faz menção dos
gentios salvos no Céu, todavia procedentes da
Terra após sofrerem o martírio.
Como podemos ver, haverá salvação na
Grande Tribulação, porém o contexto para
isso acontecer será muito mais difícil do que
hoje. Haverá muita perseguição e sofrimento
na Terra. Diante disso, a Igreja deve perseverar
firme na fé, atuante nas obras até a gloriosa
vinda do Senhor para arrebatá-la. Vivendo as-
sim, não haverá necessidade de passar pela
Grande Tribulação, pois todos os vencedores
estarão com Cristo nas Bodas do Cordeiro.
6. A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do
Homem; todos os povos da terra se lamentarão
e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens
do céu, com poder e muita glória. (Mateus 24.30)
A segunda vinda de Jesus Cristo é conside-
rada como o evento escatológico mais impor-
tante. Ela é dividida em duas fases: a primei-
ra, em que ocorre o arrebatamento da Igreja,
e a segunda, após a Grande Tribulação, em
que Jesus vem definitivamente à Terra, e que
. 141 .
Maturidade.indd 141
marca o fim da Grande Tribulação. Como já
vimos, o arrebatamento ocorrerá de forma
repentina. A segunda vinda de Cristo, por sua
vez, será visível (aparecerá um sinal no céu) e
nela Cristo triunfará sobre o Anticristo e seus
exércitos, na batalha do Armagedom.
A palavra Armagedom significa “derrubar”,
“matar”, “cortar”, “decepar”. Conhecida tam-
bém como “lugar de mortalidade”, essa bata-
lha ocorrerá no Vale do Megido, no final da
Grande Tribulação. As nações aliadas ao Anti-
cristo virão contra Israel. Porém, o Senhor Je-
sus Cristo virá com seus exércitos celestiais e
derrotará os exércitos terrenos (Ap 19.11-21).
Haverá um massacre indescritível, pois Deus
triunfará sobre o mal (Ap 16.16; Ap 19.17-18).
Podemos destacar também que, em sua se-
gunda vinda, Jesus Cristo não voltará só; Ele
virá acompanhado dos cristãos arrebatados
antes da Grande Tribulação, dos anjos e dos
que se converteram durante a Grande Tri-
bulação. Por fim, Satanás será preso por mil
anos, marcando o início do Milênio, período
governado por Jesus e de muita paz na terra
(Ap 20.2; Ap 19.11-21).
7. O MILÊNIO
Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles
aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi
ainda as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus, bem como por causa da
palavra de Deus, tantos quantos não adoraram
a besta, nem tampouco a sua imagem, e não
receberam a marca na fronte e na mão; e
viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
Os restantes dos mortos não reviveram até que
se completassem os mil anos. Esta é a primeira
ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele
que tem parte na primeira ressurreição; sobre
esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele os mil anos. (Apocalipse 20.4-6)
O Milênio será um período de tempo cro-
nológico de mil anos, que terá seu início logo
após o encerramento da Grande Tribulação.
08/07/2019 12:24:43
 Os que creram durante a Grande Tribulação,
juntamente com os redimidos das eras do
Antigo e do Novo Testamento, reinarão com
Cristo durante esse tempo. Podemos ver
que aqueles que suportarão e conseguirão
sobreviver à Grande Tribulação, crendo no
Evangelho, poderão desfrutar desse período
milenar junto com os que foram arrebatados.
O governo de Cristo no Milênio será com ple-
na paz, justiça, alegria e segurança. Satanás
estará preso com todos os demônios. Os que
morrem no Senhor serão muito felizes (bem-
-aventurados) por terem o privilégio de reinar
com Cristo durante o Milênio.
Após o término do Milênio, haverá a cha-
mada “última revolta de Satanás”. A respeito
desse episódio, o Manual de Doutrinas Assim
Cremos descreve:
Refere-se à batalha de Gogue e Magogue,
após o término do milênio. Deus mandará
um anjo soltar Satanás da prisão, que sairá
novamente com o intuito de seduzir as nações
para guerrearem contra Israel; na verdade, será
a batalha entre o diabo com seus aliados, e o
próprio Deus. Pela narrativa bíblica, entende-se
que eles não ferirão ninguém, pois não terão
tempo. Deus destruirá a todos
(Apocalipse 20.7-10).
O estado final de Satanás, dos demônios
e dos seres humanos não salvos será de tor-
mento contínuo e sem a possibilidade de alí-
vio no sofrimento.
8. O JULGAMENTO FINAL, NOVOS
CÉUS E NOVA TERRA
Aos homens está ordenado morrerem uma
só vez. Após a morte virá o juízo. Não há uma
segunda chance de vida (Hb 9.27). Após a der-
rota final de Satanás, Deus ressuscitará toda
a humanidade de todas as épocas para o jul-
gamento final diante do Seu Trono (Ap 20.11-
15). Os perdedores, ou seja, aqueles que não
creram em Cristo, serão condenados. Esses
viverão eternamente no lago de fogo, o infer-
no final e eterno.
. 142 .
Maturidade.indd 142
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra passaram, e o mar já não existe.
(Apocalipse 21.1)
Os vencedores habitarão na Nova Jerusa-
lém, a cidade bela, santa e celestial. Há um
destino de glória para todos os salvos, e sa-
ber disso é maravilhoso. Deus habitará com
os vencedores, ou seja, a igreja glorificada
terá sobre si a plenitude da glória de Deus (Ap
21.4b: e Deus mesmo estará com eles). Não ha-
verá nenhuma lágrima no céu, nem tristeza
ou dor. Nenhum mal encontraremos lá.
E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a
morte já não existirá, já não haverá luto, nem
pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram. (Apocalipse 21.4)
O céu e a glória são realidades na vida da
igreja. Precisamos pensar também no Reino
com Cristo. Deus nos salvou não apenas para
irmos para o céu, mas para reinarmos com
Cristo no céu. Além da glória, Ele nos levará
para o trono, pois os vencedores reinarão
com o Salvador pelos séculos dos séculos (Ap
22.5b). Cristo irá compartilhar com os vence-
dores sua glória, sua autoridade e seu poder.
O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei
Deus, e ele me será filho.(Apocalipse 21.7)
Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar
estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração
de Davi, a brilhante Estrela da manhã. O Espírito
e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga:
Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser
receba de graça a água da vida.
(Apocalipse 22.16,17)
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DE
CONTEÚDO
1) Quais sinais da segunda vinda de Jesus
podemos ver em nossa sociedade hoje?
08/07/2019 12:24:43
 2) Quando acontecerá o arrebatamento: ________________________________________________
antes ou depois da Grande Tribulação? E
quem serão os arrebatados? ________________________________________________
3) O que você entende por galardão? Cite ________________________________________________
algumas atitudes que redundarão em
recompensas no tribunal de Cristo. ________________________________________________
4) Descreva com suas palavras o que você
________________________________________________
entendeu por Grande Tribulação.
5) O Milênio acontecerá realmente ou é ________________________________________________
somente uma expressão figurada para
a igreja? Descreva esse período. ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 143 .

Maturidade.indd 143 08/07/2019 12:24:43

 ________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________ ________________________________________________

. 144 .

Maturidade.indd 144 08/07/2019 12:24:43