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E GESTÃO
MINISTERIAL
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Roney de Carvalho Luiz
Designer Educacional
Janaína de Souza Pontes
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
Projeto Gráfico
a Distância; FILHO, Wanderlei Galbiatti; SANTOS, Robson Rene
dos; ROSA, Edvaldo Fernandes. Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Liderança e Gestão Ministerial. Wanderlei Galbiatti Filho; Arte Capa
Robson Rene dos Santos; Edvaldo Fernandes Rosa. Maringá-Pr.: Arthur Cantareli Silva
UniCesumar, 2018. Reimpresso em 2022.
241 p. Ilustração Capa
“Graduação - EaD”. Bruno Pardinho
Editoração
1. Liderança. 2. Gestão. 3. Ministerial. 4. EaD. I. Título. Ana Eliza Martins
Qualidade Textual
ISBN 978-85-459-0968-2
CDD - 22 ed. 253 Cintia Prezoto Ferreira
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ilustração
Marta Kakitani
Marcelo Goto
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somen-
te para oferecer uma educação de qualidade, mas,
acima de tudo, para gerar uma conversão integral
das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pi-
lares: intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Diretoria de
transformamos também a sociedade na qual estamos
Planejamento de Ensino
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria Operacional
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
de Ensino
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) aos estudos da disciplina “Liderança e Gestão
Ministerial”! Desejamos que você seja nossa companhia durante esta jornada de conhe-
cimento em que vamos discutir temas muito relevantes para quem está se preparando
para o ministério pastoral ou para atuar em outras áreas da teologia.
Falar de liderança e gestão ministerial pode parecer fora de propósito a você e a seus
colegas. Afinal, para muitos, esses assuntos podem soar como já conhecidos – mais do
que isso, dominados –, especialmente para quem escolheu a profissão de pastor(a) e/ou
teólogo(a). Nossa tarefa aqui, entretanto, é mostrar-lhe que há muito a ser descoberto e
construído a esse respeito e, portanto, provocá-lo a novas reflexões. O que entendemos,
por exemplo, do marketing religioso e das tendências em torno desse assunto? E o que
falar de coaching, mentoria e discipulado? E, mais, qual é a importância da comunicação
interpessoal e do papel do líder como gestor de conflitos?
Pois bem, para darmos conta de apresentar e discutir essas e outras temáticas, nossa
trajetória está dividida em cinco unidades.
Inicialmente, vamos refletir sobre conceitos de liderança. O objetivo é tratar dos prin-
cípios que caracterizam a liderança cristã e identificar modelos bíblicos que protago-
nizaram o papel de líderes. Além disso, abordaremos conceitos como visão, missão e
propósito, e também dedicaremos atenção à formação de líderes e discipulado.
Logo após, falaremos sobre liderança de equipes. Será o momento em que debruçar-
-nos-emos sobre as questões da comunicação e como delas deve se apropriar o líder
para se relacionar com seus liderados – no contexto ministerial, essa relação ocorre ma-
joritariamente entre pastores(as) e as comunidades religiosas que estão sob os seus cui-
dados. Ainda nessa unidade, conversaremos sobre gestão de conflitos e tomada de deci-
sões, temas muitas vezes espinhosos de serem tratados nas igrejas e ministérios, e sobre
coaching, mentoria e discipulado, tarefas presentes no contexto da liderança ministerial.
A unidade seguinte focará em conceitos e processo de gestão. Nesse sentido, serão con-
templados cuidados a serem tomados no âmbito das igrejas em relação a planejamento,
organização, direção e controle. A proposta é trazer termos próprios da Administração,
adaptando-os ao contexto eclesiástico, como os tipos de planejamento (estratégico,
tático e operacional), ferramentas como 5W2H (What, When, Why, Who, Where, How e
How much) e outros. Tais termos, quando aplicados ao ministério, com as devidas ade-
quações, podem trazer resultados significativos para a missão.
Em continuação à unidade anterior, focaremos nas ferramentas e práticas de gestão.
Nesse sentido, serão apresentadas reflexões acerca de planejamento estratégico, ge-
renciamento de projetos e gestão contábil e jurídica. Será abordado, ainda, um tema
cada vez mais discutido por estudiosos e cientistas da religião: o marketing religioso. A
intenção é oferecer pontos de vista distintos a respeito da apropriação do marketing por
parte das comunidades religiosas, bem como identificar os instrumentos que podem
favorecer a tarefa de fazer discípulos.
APRESENTAÇÃO
Por fim, a última unidade dedicará atenção especial a temas atuais na gestão mi-
nisterial. Serão apresentados modelos e características de sistemas de governos
eclesiásticos e abordados aspectos referentes ao empreendedorismo social, à orga-
nização de eventos e à gestão de tempo e produtividade. Completam esse conjunto
de temáticas a responsabilidade social e a sustentabilidade, assuntos presentes em
outras instâncias (sociais, culturais, políticas e ambientais) e que merecem ser olha-
dos com atenção no âmbito das lideranças ministeriais.
Estamos certamente diante de um leque de assuntos que, uma vez tratados com a
profundidade que nos for possível, levará todos a perceber o real alcance da lideran-
ça e da gestão ministerial. Nosso desejo é que você aproveite ao máximo todas as
reflexões, as orientações de leitura e os questionamentos que lhe forem propostos.
Portanto, mãos à obra e bons estudos!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
CONCEITOS DE LIDERANÇA
15 Introdução
40 Considerações finais
46 Referências
48 Gabarito
UNIDADE II
LIDERANDO EQUIPES
51 Introdução
52 Comunicação interpessoal
92 Considerações finais
99 Referências
100 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
105 Introdução
145 Referências
146 Gabarito
UNIDADE IV
151 Introdução
183 Referências
184 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
187 Introdução
238 Referências
240 Gabarito
241 CONCLUSÃO
Professor Esp. Wanderlei Galbiatti Filho
I
UNIDADE
CONCEITOS DE LIDERANÇA
Objetivos de Aprendizagem
■ Conceituar liderança a partir de um referencial bíblico.
■ Identificar alguns exemplos de liderança na narrativa bíblica.
■ Compreender a importância da visão, missão e propósitos no
exercício da liderança.
■ Analisar um modelo para a formação de líderes por meio do
discipulado.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Princípios de liderança cristã
■ Modelos bíblicos de liderança
■ Visão, missão e propósito
■ Formação de líderes e discipulado
15
INTRODUÇÃO
e até mesmo definidos, pela ação direta de seus líderes. Facilmente, compreen-
demos que uma liderança sadia e equilibrada corresponde à expectativa divina
para sua igreja e ministérios, fazendo com que desenvolvam seus trabalhos, glo-
rificando a Deus e edificando os homens.
É fato que nem todos são ou serão líderes, desempenhando responsabilida-
des formais ou não diante da organização a que pertencem. Mas é fato também
que aqueles que assumem estas funções devem estar amparados por uma com-
preensão clara dos papéis que deverão ter e equipados com recursos bíblicos
para o bom desempenho deles.
Nesta primeira unidade, nosso objetivo é refletir com você a respeito de alguns
princípios norteadores de uma liderança sadia. Partiremos da compreensão do
conceito de liderança, suas atribuições e demandas, passando pela análise de
alguns personagens e a forma como desenvolveram sua liderança, trabalhando a
importância de o líder definir com clareza sua visão, missão e propósitos, e con-
cluindo com a análise de um modelo para o discipulado que forma novos líderes.
Durante nosso estudo, é muito importante que você olhe não apenas para as
competências técnicas ou producionais do líder, mas que também considere as
competências do caráter dele que dão alicerce para o exercício de suas funções.
Então, pronto(a) para começar? Boas leituras e bons estudos!
Introdução
16 UNIDADE I
O início de nossa conversa sobre liderança cristã se dá pela busca de uma definição
simples que possa dar suporte a todos os elementos que precisamos considerar
dentro do tema. Para isso, é importante distinguirmos três elementos funda-
mentais sobre a liderança:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entendemos que um líder é alguém que está à frente de um grupo de pessoas
em busca de alvos de benefício comum. O texto bíblico de Efésios 4,11-12 (gri-
fos nossos) dá uma ideia da relação entre esses elementos.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
17
Somada à definição anterior, podemos destacar que a essência dessa relação pro-
positiva está na habilidade do líder de influenciar o grupo para levá-lo aos alvos
indicados. Credita-se ao ex-presidente norte-americano Dwight Eisenhower
a definição de liderança que diz (LEE, 2004, p. 140): “liderança é a habilidade
de decidir o que deve ser feito e então conseguir que os outros façam isso”.
Entre os sinônimos possíveis para
o termo influenciar, o que potencializa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse contexto, apareceu seu sogro, Jetro, que estava hospedando a esposa
e filhos de Moisés enquanto este cumpria sua tarefa designada por Deus. Ao
contemplar a iniciativa de seu genro, Jetro logo percebeu os riscos envolvidos,
sobretudo para o próprio Moisés, e o aconselhou nos versos 21 e 22:
e tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus,
homens de verdade, que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por
maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais
de dez; para que julguem este povo em todo o tempo; e seja que todo o
negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem;
assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo (BÍBLIA
ONLINE, [s.d.]).
A proposta de Jetro era para que Moisés delegasse algumas de suas funções para
outros, que preencheriam um quadro organizacional, dando dinamismo às tare-
fas cotidianas e liberando-o para as atividades fundamentais de sua liderança (vs.
19-20), as quais não poderiam ser executadas por mais ninguém.
Desse modo, esses líderes ocupariam e executariam funções específicas, o que
compreende um dos papéis possíveis para a liderança. Nesses casos, a liderança
está muito definida pelo papel a ser exercido, e não pela pessoa necessariamente
que vai exercê-lo. Essa é uma liderança delegada.
O risco que temos nessas situações é o de concentrar a autoridade do líder
num elemento externo à sua pessoa. A autoridade não é dele, mas do diploma,
do cargo, do anel no dedo, etc. Tal autoridade se impõe, muitas vezes, de modo
não espontâneo.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
19
Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se
alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu
dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça;
se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança,
que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com ale-
gria (BÍBLIA ONLINE, [s.d.], grifo nosso).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como podemos entender o que é dom espiritual? Para Peter Wagner (2001,
p. 42), “dom espiritual é um atributo especial, dado pelo Espírito Santo, a
cada membro do Corpo de Cristo, de acordo com a graça divina, para ser
usado dentro do contexto do Corpo”.
Fonte: Wagner (2001, p. 42).
CONCEITOS DE LIDERANÇA
21
Embora seja evidente a sinalização cautelosa da Bíblia para que a liderança não
seja exercida apenas por vaidade, como no texto de Tiago 3,1, a mesma Bíblia
cobra que os líderes sejam reconhecidos com honra pelo ministério que exer-
cem. Vamos ver alguns textos que reforçam isso:
agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que
se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os
aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Lembrem-se dos seus líderes, que lhes falaram a palavra de Deus. Ob-
servem bem o resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé (Hebreus
13,7; BÍBLIA ONLINE, [s.d.]; grifo nosso).
Nesses textos, fica evidente que a liderança é uma posição valorizada por Deus e que
Ele espera que a comunidade de fé também a valorize. Não se trata de idolatria ao
líder, nem mesmo de uma submissão inconsciente. A mesma Bíblia nos recomenda
ter cuidado com os “falsos mestres”, os “lobos” e outras figuras que precisam ser jul-
gadas pela congregação quanto à fidelidade com que cumprem os seus ministérios.
A Bíblia, no entanto, também nos ensina que a quem devemos honra deve-
mos honrar (Romanos 13,7)! E os líderes que cumprem seus papéis alinhados
com os desígnios de Deus são merecedores de receberem o reconhecimento
pelo trabalho que executam. Esses são os líderes que entendem o que o após-
tolo Pedro escreveu:
Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administran-
do fielmente a graça de Deus e suas múltiplas formas. Se alguém fala,
faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o
com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja
glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para
todo o sempre. Amém (1Pedro 4,10-11; BÍBLIA ONLINE, [s.d.]).
A Bíblia diz que com o rigor com que nós julgamos também seremos julga-
dos. Quem quer que sua liderança seja avaliada de modo justo precisa notar
como tem avaliado os seus líderes hoje.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Depois de nos dedicarmos inicialmente a compreender o que seja a liderança e
como a Bíblia trata esse assunto a partir da pessoa do líder, podemos seguir para
nosso segundo tópico no qual pretendemos olhar novamente para a Bíblia em
busca de modelos de liderança.
Para isso, vamos começar relembrando a definição de liderança que desen-
volvemos no tópico anterior: liderar é inspirar pessoas, por meio do uso de
competências pessoais, para que alvos de interesse comum sejam alcançados.
Nós já consideramos que a liderança pode ser exercida organizacionalmente
(ocupando uma função) ou organicamente (exercendo um dom espiritual).
Independentemente da circunstância, nossa definição anterior diz que esse líder
inspira pessoas mediante o uso de suas competências pessoais. Mas quais são
essas competências pessoais que um líder cristão deve possuir?
Haggai (1990) vai nos dizer que existem doze princípios norteadores de um
líder: visão, estabelecimento de metas, amor, humildade, autocontrole, comu-
nicação, desprendimento para o investimento, entendimento de que tudo pode
se tornar uma oportunidade para algo positivo, energia, poder de persistência,
autoridade e conscientização. Sem dúvida, um belo conjunto de competências
a serem desenvolvidas por qualquer líder!
Maxwell (1999) listou 21 leis de liderança que estão alicerçadas em princípios
sólidos que também precisam ser conhecidos e desenvolvidos por líderes cristãos.
Lee (2004), por sua vez, nos desafia à excelência em seis áreas para uma liderança
mais efetiva: atitudes, fé, habilidades, mordomia, motivação e relacionamentos.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
23
Além desses três autores citados, existem outros com listas extremamente rele-
vantes que nos fazem pensar sobre o desafio de estarmos em constante revisão
e aprimoramento de nossas habilidades, conhecimentos e motivações.
Para nossa consideração, neste tópico vamos propor três competências a
serem desenvolvidas ou três áreas de concentração nas quais devemos focar nosso
desenvolvimento como líderes: carisma, caráter e capacitação.
O CARISMA DO LÍDER
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por carisma, neste nosso estudo, não estamos usando a denotação do termo a
partir de seu original no grego – charismata – que é traduzido por dom, aquela
capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo como já foi tratado
anteriormente.
O termo aqui designa uma competência relacional do líder, ou seja, um
atributo que promove ou facilita suas relações interpessoais. Carisma, neste con-
texto, é a capacidade de gerar respeito e admiração por meio da simpatia pessoal.
Nosso conceito de liderança define sua função primaz como sendo a capa-
cidade de inspirar outros. Logo, fica evidente que o líder precisa ter habilidade
para se relacionar com as pessoas, criar vínculos e gerar confiança.
Uma pessoa pode ser extremamente competente na realização de tarefas, na
execução de planos e no alcance de resultados, porém não ter nenhum tato para
as relações interpessoais. Ele empreende sozinho e tem ótimos resultados. Mas
isso não é liderança. A liderança é exercida em coletividade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
namentos, começa com o desenvolvimento de seu carisma.
O CARÁTER DO LÍDER
CONCEITOS DE LIDERANÇA
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antes de tudo, uma marca de compromisso com os valores de Deus, que leva as pes-
soas a zelarem por uma vida em conformidade com esses valores e as ajuda a retornar
a eles quando vêm a se desviar. É exatamente essa postura que permitiu que Davi
ficasse registrado postumamente como um homem “segundo o coração de Deus”.
Quando Salomão, filho de Davi, após concluir as obras de construção do
templo de Jerusalém, pediu a Deus que o abençoasse para ser bem-sucedido na
tarefa de substituir seu pai no trono de Israel, recebeu a seguinte resposta regis-
trada em 1Reis 9,3-5 (grifo nosso):
o Senhor lhe disse: Ouvi a oração e a súplica que você fez diante de
mim; consagrarei este templo que você construiu, para que nele habite
o meu nome para sempre. Os meus olhos e o meu coração estarão sem-
pre nele. E se você andar segundo a minha vontade, com integridade
de coração e com retidão, como fez o teu pai Davi, se fizer tudo o que
eu lhe ordeno, obedecendo aos meus decretos e às minhas ordenanças,
firmarei para sempre sobre Israel o teu trono, conforme prometi a Davi,
seu pai, quando lhe disse: Nunca lhe faltará descendente para governar
Israel (BÍBLIA ONLINE, [s.d.]).
Veja como Deus colocou Davi como referência para Salomão, sabendo que
Salomão conhecia muito bem a história do pai e as consequências dentro de sua
casa quando o pai vacilou na condução de sua vida moral.
No Novo Testamento, vemos o apóstolo Paulo exortando Timóteo a atentar
a esse cuidado especial com seu caráter, pois isso o legitimaria em seu minis-
tério mesmo sendo ainda muito jovem diante de sua comunidade. O apelo de
Paulo foi para que ele buscasse ser um exemplo para os fiéis na palavra, no pro-
cedimento, no amor, na fé e na pureza (1Timóteo 4,12).
Assim, concluímos que o caráter do líder é que autentica sua capacidade de ins-
pirar seus liderados. O seu carisma cria pontes de aproximação e abre portas
para relacionamentos que se firmarão a partir da manifestação de um compro-
misso com a integridade.
A CAPACIDADE DO LÍDER
Nem só de boas intenções vive um líder! Ele precisa demonstrar que possui capa-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cidades inerentes à função que ocupa. Não se trata de anular a capacitação que
o Espírito Santo lhe dá por meio dos dons e talentos, mas de valorizar o desen-
volvimento dessas habilidades.
Voltando à experiência de Moisés com Jetro, seu sogro, destacamos que,
entre os elementos a serem considerados nos líderes que Moisés deveria estabe-
lecer, está a declaração de que deveriam ser “homens capazes” (Êxodo 18,21).
Da mesma forma, em Atos 6, quando a igreja deliberou a instituição de diá-
conos para liderarem o serviço de assistência às viúvas, cuidou de estabelecer
critérios que deveriam ser preenchidos por aqueles que ocupariam tais funções,
destacando a sabedoria como uma dessas competências (v. 3).
Ainda lembramos da orientação de Paulo, em Romanos 12,8, sobre a neces-
sidade daqueles que possuem o dom de liderança de exercê-lo com zelo ou
dedicação. O apóstolo diz que devemos ser fiéis administradores dos dons que
recebemos para servir aos outros (1Pedro 4,10).
Assim, soma-se à capacitação do Espírito todo o conhecimento e aprimoramento
que pudermos adquirir para melhor servir. Conhecimentos de gestão, desenvolvi-
mento da comunicação, técnicas para a construção de projetos e todas as demais
habilidades producionais que possam agregar para o bom desempenho da liderança
devem ser considerados. Seminários, congressos, clínicas e oficinas de desenvolvi-
mento, assim como leituras constantes, devem fazer parte da prática do líder.
Concluímos este segundo tópico ampliando nosso entendimento sobre as
competências pessoais do líder que são suas ferramentas para o trabalho de
inspirar pessoas para o alcance dos alvos de seu ministério ou organização.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
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Líder-Servo
Modelo de Jesus
Fonte: o autor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VISÃO
CONCEITOS DE LIDERANÇA
29
“Para o capitão que não sabe para onde vai, todos os ventos lhe são contrários.”
(Sêneca)
Saber traduzir as ideias em ações é parte da gestão de projetos. Esse assunto será
tratado em uma unidade dentro desta disciplina, mas vale considerar as pala-
vras de Jesus em Lucas 14,28-31:
qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e
calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?
Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primei-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar
aquele que vem contra ele com vinte mil? (BÍBLIA ONLINE, [s.d.]).
MISSÃO
Fazer uma distinção clara entre visão e missão é muito importante até mesmo
para os processos de planejamento de uma organização.
Bittencourt (2013) nos apresenta um esquema comparativo que pode ser
observado no quadro a seguir.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
31
VISÃO MISSÃO
É um quadro da realidade que quere- É o que fazemos. A declaração de mis-
mos construir ao cumprirmos nossa são nos diz em que negócio estamos
missão. A visão é uma ideia ou sonho envolvidos. Esta missão está embutida
de como gostaríamos que nossa orga- em uma declaração de propósito da
nização fosse. entidade que define suas prioridades
hierárquicas, preferências metodológi-
cas, público alvo, etc.
Fonte: Bittencourt (2013).
mos para o alcance da visão. O líder é alguém profundamente tomado pela visão
de futuro ideal para sua organização e capaz de conduzir seu grupo no cumpri-
mento das tarefas/atividades (missão) que os levam até lá. Uma declaração de
missão explicita a razão de ser da organização.
PROPÓSITO
■ Evangelização
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os propósitos podem ainda ajudar a definir os valores da organização que
vão dirigir suas escolhas metodológicas, descrever seus critérios de avaliação e
estabelecer as normativas de ação e relacionamento dentro das equipes.
Embora este assunto pareça ser técnico demais e firmado apenas em conhe-
cimento de gestão acadêmica, ele faz eco às prerrogativas bíblicas, como em
Provérbios 11,14 (BÍBLIA ONLINE, [s.d.]), que diz: “sem diretrizes a nação cai;
o que a salva é ter muitos conselheiros”.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
33
Mais uma vez, Jesus é o maior modelo de mestre discipulador para nós. O resul-
tado do seu investimento em doze homens num período de convivência de cerca
de três anos atravessou a história e permanece até hoje.
Mas na Bíblia nós temos outros casos de relacionamentos discipuladores
em que líderes geraram outros líderes. Vamos considerar alguns deles a seguir.
MOISÉS E JOSUÉ
saem vencedores. Depois, no capítulo 24, dos versos 12 a 18, temos novamente
Josué próximo a Moisés quando este sobe ao Monte Sinai para receber as Tábuas
da Lei. E assim vemos Josué servindo a Moisés com fidelidade em outras circuns-
tâncias (Êxodo 33,11) e ficamos sabendo que era assim desde a sua juventude
(Números 11, 28). Isso forjou não apenas as habilidades de Josué, mas princi-
palmente seu caráter. Sem dúvida, o momento crítico desta formação se dá em
Números 13 e 14, quando Moisés delega a um grupo de doze homens a tarefa
de espiar a terra de Canaã em função da proximidade em que se encontravam
e a necessidade de se prepararem para sua tomada. O relatório frio dos espiões,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
falando das virtudes do lugar, mas destacando a força dos inimigos dali, teve um
efeito negativo sobre o povo, colocando-o contra Moisés (Números 14,1). Apenas
Josué e Calebe incentivaram uma perspectiva de encorajamento e fé, que acabou
por dar-lhes a garantia de herança nesta nova terra. Tal postura legitimou Josué
diante de Deus. Em Números 27,12-23, Moisés pede a Deus que designe um líder
para o povo e a indicação de Deus é Josué, a quem Moisés deveria compartilhar
de sua autoridade e que viria a sucedê-lo efetivamente na etapa final da chegada
e conquista de Canaã, como narrado em todo o livro de Josué.
A escola que transformou Josué num grande e leal líder militar de Moisés foi
a convivência com este, a partilha cotidiana dos desafios e a manutenção de uma
postura de servo em todo o tempo. O testemunho bíblico é de que Josué manteve-se
íntegro em sua relação com Deus (Números 32, 12) enquanto seus compatriotas duvi-
davam que Deus poderia cumprir sua promessa de entregar-lhes a terra prometida.
O relacionamento intencional de Moisés com Josué moldou seu caráter e o
habilitou para a liderança. Em Deuteronômio 34, 9, nós lemos que, após a morte
de Moisés, o povo seguiu a Josué o obedecendo, pois ele estava cheio de sabedo-
ria ao receber de Moisés a delegação para a liderança.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
35
ELIAS E ELISEU
ação cuidando de Elias, mas pedindo a ele que preparasse um sucessor, Eliseu, a
quem ele toma como um auxiliar (1Reis 19,16).
Seguindo a narrativa bíblica, nós só vamos reencontrar estes personagens
em 2Reis, nos capítulos 1 e 2, que falam do arrebatamento de Elias e da suces-
são de seu posto profético por Eliseu. O que aconteceu neste intervalo impreciso
de tempo foi o estabelecimento de um relacionamento entre ambos. Este rela-
cionamento teve impacto sobre Eliseu, que chamou Elias de pai quando este foi
sobrenaturalmente arrebatado aos céus enquanto caminhavam juntos próximo
ao rio Jordão (2Reis 2,11-12).
O desejo de Eliseu era suceder Elias com o mesmo poder que este tinha, e
assim acontece ao vermos quando este reproduz o milagre de abrir as águas do
rio Jordão como antes fizera Elias (2Reis 2,13-14), o que lhe respaldou ante o
grupo dos demais discípulos que o reconhecem como líder e se submetem à sua
liderança (2Reis 2,15-16).
O relacionamento intencional de Elias com Eliseu, em obediência a uma
ordem de Deus, produziu um novo líder que realizou um ministério igual-
mente poderoso diante de Deus.
PAULO E TIMÓTEO
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de sua viagem (Atos 16, 1-5).
O discipulado de Paulo com Timóteo é prático; dá-se entre as lidas do tra-
balho missionário. Assim, Timóteo observa Paulo em suas tomadas de decisão
e resolução de conflitos. Aprende a pregar e ensinar, a cuidar de aspectos admi-
nistrativos do trabalho missionário, a fazer contatos estratégicos. Participa com
Paulo da escrita de cartas, orientando as igrejas de Filipos, Colossos e Tessalônica.
Aprende a suportar as dificuldades mantendo um espírito servil.
Esse relacionamento gerou empatia. Paulo refere-se a Timóteo como seu filho
amado e fiel (1Coríntios 4, 17), cuidando, instruindo e exortando-o de modo
muito especial por intermédio das duas cartas que escreveu para ele e que temos
registradas nas páginas da Bíblia: 1 e 2Timóteo.
Mais uma vez, vemos um relacionamento intencional desenvolvendo um
novo líder. E, assim como coube a Josué e Eliseu darem continuidade ao processo
de formação de novos líderes, Paulo instrui a Timóteo em 2Timóteo 2,2: “e as
coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens
fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros”.
A ORDEM DE JESUS
CONCEITOS DE LIDERANÇA
37
UM MODELO DE TRABALHO
A partir das considerações já feitas, podemos encerrar este tópico avaliando um modelo
de formação de discípulos para aplicação na igreja. O quadro a seguir apresenta um
esquema de orientação para levar pessoas de um contato inicial com a fé em Cristo até o
serviço ativo na igreja, passando pelo estabelecimento de relacionamentos intencionais.
S P ERTAMENT
D E O
/""Tgvktqu /""Ewnvqu"Gurgekcku
/""Eqpitguuqu /""Korcevqu"gxcpignîuvkequ
/""Ugokpâtkqu /""Gve"000
VOLVIMENT
UG
KT
EN O
VT
TX
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ENVOLVIMEN
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
KT
ES
D Fkuekrwncfq TO
G0D0F0
Figura 1 - Modelo de formação de discípulos
Fonte: o autor.
Vamos tratar muito brevemente sobre esses três estágios: despertamento, envol-
vimento e desenvolvimento.
Despertamento
CONCEITOS DE LIDERANÇA
39
Envolvimento
A partir deste primeiro contato, podemos convidar a pessoa para um nível mais
profundo de relacionamento, denominado envolvimento em nosso quadro. Aqui,
temos atividades mais regulares, propostas para grupos de afinidade (casais,
jovens, adolescentes, empresários, etc).
Neste nível de atividades, o foco é possibilitar a construção de relacionamen-
tos mais efetivos. A pessoa veio a um retiro que acontece uma vez por ano e teve
seu interesse despertado. Agora, ela é convidada para participar de encontros
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Desenvolvimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cia inspiradora por meio das competências pessoais do líder. Tal liderança pode
ser exercida como o preenchimento de uma função no organograma da organi-
zação e pode ser exercida como o desenvolvimento de um dom dado por Deus
que capacita a pessoa para aquela tarefa. Independentemente da circunstância,
vimos que a liderança é tratada como um privilégio, que envolve muitas respon-
sabilidades, mas que é digna do devido reconhecimento.
A partir daí, entendemos que, no modelo bíblico de liderança, as competên-
cias pessoais do líder correspondem também às expectativas de Deus para ele.
Essas competências podem ser entendidas em três áreas: o carisma – qualidades
relacionais; o caráter – qualidades pessoais; e a capacidade – qualidades produ-
cionais. Concluímos também que tais competências precisam estar alicerçadas
por um coração de servo, segundo o modelo de Jesus.
No terceiro e quarto tópicos, pudemos analisar não só conceitos essenciais
para o desenvolvimento da liderança, como também um modelo de programa
intencional que visa gerar relacionamentos discipuladores que possam desen-
volver novos líderes para a comunidade.
Esses tópicos objetivam estabelecer uma base sobre a qual o tema da lide-
rança é desdobrado, colocando o líder em ação. A partir daqui, suas competências
são aprimoradas e a expectativa é que você seja um instrumento valoroso nas
mãos de Deus, inspirando pessoas a alcançarem a excelência nas realizações
para o Reino de Deus.
CONCEITOS DE LIDERANÇA
41
A ESCOLA DO DESERTO
fúria do ímpio rei Acabe e trazer de volta a treina na escola do deserto e depois os usa
nação apóstata para a presença de Deus. com grande poder na Sua obra. Não preci-
Porque Paulo passou três anos no deserto samos ter medo do deserto se aquele que
da Arábia ele foi preparado por Deus para nos leva para essa escola está no comando
ser o maior líder do Cristianismo. Quando desse treinamento. O programa do deserto
Deus nos leva para o deserto, é para nos é intenso. O curso é muito puxado. Mas,
equipar e depois nos usar com graça e aqueles que se graduam nessa escola são
poder em Sua obra. Deus não desperdiça instrumentalizados e grandemente usa-
sofrimento na vida dos seus filhos. Ele os dos por Deus!
Invictus
Ano: 2009
Sinopse: após o fim do apartheid, o recém-eleito presidente Nelson Mandela lidera
uma África do Sul que continua racial e economicamente dividida. Ele acredita
que pode unificar a nação por meio da linguagem universal do esporte. Para isso,
Mandela junta forças com François Pienaar, capitão do time de rúgbi, promovendo
a união dos sul-africanos em favor do time do país na Copa Mundial de Rúgbi de
1995.
Comentário: o filme ilustra conceitos de liderança como visão, inspiração, busca
por resultado de benefício comum e outros estudados nesta unidade.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
ASSUNÇÃO, Maycon. Liderança cristã: necessária & vital. São Paulo: Clube de Auto-
res, 2016.
BARNA, George. O poder da visão. Trad. João Bentes. 3. ed. São Paulo: Abba Press
Editora, 1999.
BÍBLIA ONLINE. Almeida corrigida e revisada fiel. [S.d.]. Disponível em: <www.bi-
bliaonline.com.br>. Acesso em: 28 jul. 2017.
BITTENCOURT, Ebenézer. Qual o tamanho dos seus sonhos? Transformando seus
sonhos em projetos de Deus. 4. ed. Santa Bárbara d’Oeste: Noutética Publicações
Ltda, 2009.
BLANCHARD, Ken; HODGES, Phil. Lidere como Jesus. Trad. Regina de Veiga Pereira e
Sonia Maria Moitrel Schwarts. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.
BUGBEE, Bruce; COUSINS, Don; HYBELS, Bill. Rede ministerial – pessoas certas, nos
lugares certos, pelas razões certas – Guia do Participante. Trad. e adap. pela Igreja
Batista Central de Fortaleza. São Paulo: Editora Vida, 1997.
CAMPANHÃ, Josué. Planejamento estratégico. São Paulo: Editora Vida, 2001.
CLOUD, Henry. Integridade: a coragem de enfrentar as demandas da realidade.
Trad. Denise Avalone. São Paulo: Vida Nova, 2011.
HAGGAI, John Edmund. Seja um líder de verdade. Trad. Amantino A. Vassão. Venda
Nova: Editora Betânia, 1990.
HYBELS, Bill. Liderança corajosa. Trad. James Monteiro dos Reis. São Paulo: Editora
Vida, 2002.
LEE, P.K.D. Liderando com excelência: desenvolvendo seu potencial de influenciar
pessoas. Trad. Eliane P. C. Mendes. 2. ed. Santa Bárbara d’Oeste: SOCEP Editora Ltda,
2004.
LOPES, Hernandes Dias. A escola do deserto. Disponível em: <http://hernandes-
diaslopes.com.br/portal/a-escola-do-deserto/>. Acesso em: 25 jul. 2017.
MAXWELL, John C. As 21 irrefutáveis leis da liderança. Trad. Eduardo Pereira e Fer-
reira. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
________. Dia a dia com John Maxwell. [On-line]. Rio de Janeiro: Thomas Nelson
Brasil, 2007.
________. O livro de ouro da liderança. [On-line]. Trad. Omar de Souza. Rio de Ja-
neiro: Thomas Nelson do Brasil, 2011.
OGDEN, Greg. Elementos essenciais do discipulado – um guia para edificar sua
vida em Cristo. Trad. Maria Emília de Oliveira. São Paulo: Editora Vida, 2010.
SCHWARZ, Christian A. O teste dos dons. Trad. Valdemar Kroker. Curitiba: Editora
Evangélica Esperança, 1999.
47
REFERÊNCIAS
WAGNER, C. Peter. Descubra seus dons espirituais. Trad. João Bentes. 3. ed. São Pau-
lo: Abba Press Editora, 2001.
WARREN, Rick. Uma igreja com propósitos. Trad. Carlos de Oliveira. São Paulo: Edi-
tora Vida, 1997.
GABARITO
1. Opção correta é a A.
2. Opção correta é a D.
3. Opção correta é a D.
4. Visão é uma imagem de um futuro desejável que impulsiona o líder e o grupo
para seu alcance.
5. Opção correta é a C.
Professor Esp. Robson Rene dos Santos
II
UNIDADE
LIDERANDO EQUIPES
Objetivos de Aprendizagem
■ Analisar a importância da comunicação interpessoal para que o líder
crie e estimule a sintonia com os liderados.
■ Conceituar equipe, suas características e critérios para que esta
alcance seu máximo potencial e identificar ferramentas e posturas
que otimizem o desempenho dela.
■ Refletir sobre sentimentos, estratégias e ferramentas para minimizar
e eliminar conflitos e entender como o líder deverá se posicionar e
tomar decisões.
■ Apresentar caminhos de aperfeiçoamento do líder, por meio da
descrição e reflexão das ferramentas de coaching, mentoria e
discipulado.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Comunicação interpessoal
■ Desenvolvimento de equipes e ministérios
■ Gestão de conflitos e tomada de decisões
■ Coaching, mentoria e discipulado
51
INTRODUÇÃO
Introdução
52 UNIDADE II
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
caminhar rumo ao conforto e bem-es-
tar em cenários ideais por ele mesmo
idealizado. Mesmo nesta posição de
destaque na hierarquia das criaturas,
o homem pode, ainda, no transcurso
de sua existência, assumir uma posi-
ção ainda mais elevada.
Na plenitude de sua condição de Homo sapiens, por interagir de forma inten-
cional com os seus, por meio das linguagens, ele avança à condição de Homo
socialis, promovendo relações que ampliem seu conforto e bem-estar a partir
de relacionamentos saudáveis e equilibrados que ampliarão o impacto de sua
existência criando para si condição de harmonia e satisfação, permitindo-lhe
experimentar segurança, afeto, aprovação social, prestígio e autorrealização. A
fundamental ferramenta para esta produção de novos cenários, marcados pelo
bom convívio com o outro e bem-estar consigo mesmo, é obtida por meio do
saudável processo de comunicação interpessoal.
Acredite: líderes excelentes têm caráter, conteúdo e capacidade de se comu-
nicar estabelecendo conexões com seus interlocutores.
É incrível o número de casais em conflito cuja raiz é a ausência de comuni-
cação. Da vida conjugal às relações geopolíticas e diplomáticas, temos uma base
comum: onde houver conflitos, haverá um desafio – a comunicação –; por tra-
tar-se de lei, é fato observável também nas organizações.
A mais elementar de todas as falhas de liderança é supor ser óbvio aquilo que está
apenas em sua cabeça, cometendo a falha primária de achar que a outra parte já sabe.
LIDERANDO EQUIPES
53
Você pode ter por intuitiva a importância da comunicação, o impacto das falhas
nesta e como alianças ou guerras tem como ponto decisivo a habilidade em se
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Comunicação Interpessoal
54 UNIDADE II
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Figura 1 – Torre de Babel
Fonte: Shutterstock
LIDERANDO EQUIPES
55
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
■ Mensagem
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Emissor
Receptor
É (são) a(s) parte(s) para a(s) qual(is) se direciona a mensagem. Num primeiro
momento, o receptor encontra-se de forma passiva, ou seja, ele recebe a men-
sagem sem nenhuma ação, contudo, o processo de comunicação só se completa
ou diz-se efetivo quando o receptor reage à mensagem recebida e interage com
o emissor sinalizando a compreensão e decodificação da mensagem transmitida.
Mensagem
Comunicação Interpessoal
56 UNIDADE II
a) Meio
Ambiente físico ou virtual por onde flui a mensagem, também identificado como
canal de comunicação. Por intermédio da identificação das características do
meio, a mensagem poderá ser melhor compreendida e obstáculos à transmis-
são destas podem ser minimizados e contornados. Agências de Comunicação e
profissionais de Marketing usam com frequência a frase do filósofo canadense
Herbert Marshall McLuhan (1911-1980) “O meio é a mensagem” para enfatizar
o impacto do veículo que conduz a mensagem e a realidade que este exerce, não
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tendo papel coadjuvante. Pelo contrário, uma mesma mensagem por meios dis-
tintos pode chegar a fins completamente antagônicos.
b) Ruídos de comunicação
LIDERANDO EQUIPES
57
do
uí
R
MEIO
Emissor Receptor
Parte da
Mensagem
Perdida
Contexto
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ELEMENTOS DESCRIÇÃO
A objetividade da mensagem em sua clareza dos códigos e
Mensagem
concisão dará menos margens a falhas na comunicação.
Adequação aos códigos inteligíveis ao receptor, ou seja, uti-
lizar-se do conjunto de recursos e regras compatíveis com
Código aqueles dominados pela pessoa que receberá a mensagem
(o comunicador deve atentar para não falar de maneira que
só ele entenda).
A mensagem transmitida é conduzida por um elemento que
Veículo faz a ponte entre o emissor e o receptor; seja um e-mail ou
um vídeo, por exemplo, deve ser cuidadosamente escolhido.
Comunicação Interpessoal
58 UNIDADE II
COMUNICAÇÃO EFICAZ
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de CONEXÃO.
Para Maxwell, o auge da comunicação para o líder e a certeza de que se
atingirá o resultado almejado está em conectar-se com aquele que o ouve, uma
criação de vínculos que avança rumo ao interesse e emoções, seja ele um indi-
víduo, um grupo ou uma plateia. Todo processo de comunicação deve visar ao
estabelecimento de conexão entre o emissor e o receptor. O líder, na condição
de emissor, deverá atentar-se, portanto, não só àquilo que tem a dizer, mas para
quem ele dirá e como aquilo que foi comunicado afetará quem recebe a mensa-
gem para que, a partir desta correta leitura, estabeleça-se a conexão.
Tal sensibilidade cobrada do líder em estabelecer conexão pede que este aten-
te-se para os sinais dados por aqueles que recebem a mensagem, leve em conta
e busque este “feedback” de seus interlocutores.
Entre os sinais mais perceptíveis de forma imediata estão:
■ Esforço extra ao ouvir
■ Apreciação não solicitada
■ Respostas corporais (abertura da guarda)
■ Rápidas interações, comentários e gestuais de aceitação
■ Sinais de vínculos emocionais e afetivos
■ Energia positiva
■ Sinergia crescente
LIDERANDO EQUIPES
59
Nossos dias são marcados por relacionamentos mais rápidos, superficiais e redu-
ção de formalidade. A aproximação do líder, seu posicionamento como parte do
todo, inclusive com disposição para servir, e a resistência a qualquer inclinação
de arrogância e prepotência seguramente serão facilitadores para o processo de
comunicação interpessoal.
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Comunicação Interpessoal
60 UNIDADE II
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Nela, encontramos a importância
do coletivo, a complementaridade
das partes, a ponte de ter como
ilustração de si o corpo (Romanos
12,5; BÍBLIA DO EXECUTIVO,
2004). A Igreja tem sua força na
diversidade e a abrangência de
sua atuação está na soma de seus
talentos, assumindo a condição
de irresistibilidade (Mateus 16,18;
BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004).
De forma apaixonada, Hybels repete como um mantra ao longo de suas
obras, bem como dos eventos mundiais que promove com vistas a equipar lide-
ranças, a seguinte frase: “A igreja local é a esperança do mundo, a igreja local é a
esperança do mundo, eu podia ver isto claramente” (HYBELS, 2002, p. 16). Uma
vez que a definição de Igreja é a comunidade dos salvos e que estes têm dons,
talentos e potencialidades distintas, é muito grande o privilégio de poder orga-
nizá-los e direcioná-los para um fim que honre seu Senhor.
Na segunda seção desta unidade, definiremos equipe, esboçaremos suas
características e critérios para que estas alcancem seu máximo potencial, iden-
tificaremos ferramentas e posturas que otimizem o desempenho da equipe
e outras percepções pela combinação dos saberes que também brotarão de
forma natural.
LIDERANDO EQUIPES
61
Se o líder é, por definição, aquele que produz resultados desejados por meio de
pessoas, estar cercado das melhores pessoas e desenvolver nelas ao máximo o
potencial para que se realizem e contribuam com o todo será o trabalho digno de
toda a atenção e cuidado do líder. Entremos juntos por este estimulante caminho.
DEFINIÇÕES
Vamos tratar aqui de alguns termos que dizem muito quando estamos conver-
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Grupo
Equipe
Quando o grupo ou parte dele é orientado numa direção e seus vínculos visam
a resultados – objetivos comuns – e seus integrantes interferem de forma direta
sobre os resultados, passamos a ter uma equipe. Assim, quando muito mais que
aspectos circunstanciais unem pessoas, temos a formação desta estrutura sofis-
ticada magnífica; podemos dizer, ainda, que este é o aperfeiçoamento do grupo
que passa a reagir coordenadamente em um nível de incerteza. Enquanto os
torcedores em sua função de espectadores (ainda que apaixonados) formam um
grupo, o time em campo na união das forças, talentos, funções e aproveitamento
das oportunidades, por seu objetivo comum, formam uma equipe.
Ministérios
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estrutura organizada que suporta essa equipe, convergindo seus esforços e auxi-
liando-a nas relações com o contexto que o envolve, é o ministério.
MONTANDO A EQUIPE
O líder tem sua extensão naqueles que compõem sua equipe; o privilégio de trei-
nar a equipe é precedido pela responsabilidade de captar talentos que farão com
eficiência que a efetividade do líder chegue além; afinal, “líderes formam equi-
pes para multiplicar sua influência” (WILKES, 2000, p. 225).
Sempre é valioso insistir com você que o paradigma cristão de liderança
é a pessoa bendita do Senhor Jesus que, não obstante sua divindade, com-
pletude e suficiência, exerceu seu ministério cercado de discípulos para os
quais delegou poder, ensinou pelo exemplo, motivou e os presenteou com
parte de si – na multidão que o seguia, um grupo; nos discípulos, uma equipe.
Observando Marcos 6, 7 (BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004), podemos chegar
a interessantes conclusões. Relembremos o versículo: “chamando os Doze
para junto de si, enviou-os de dois em dois e deu-lhes autoridade sobre os
espíritos imundos”. Podemos destacar:
■ Recrutamento voluntário – “Chamou”.
■ Vínculos afetivos transcendendo a impessoalidade – “Junto de si”.
LIDERANDO EQUIPES
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Vença o orgulho
Vença a miopia
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lidade de equipar por um lado e de se habilitar do outro. Quando pensamos em
aspectos motivacionais, as pessoas se realizam também por meio de status, visi-
bilidade social, autorrealização, etc.
Quando o líder confia em seus liderados, torna pública sua confiança nos
integrantes da equipe, o que eleva a autoestima do grupo, contribuindo não só
com a estruturação como também com a manutenção do grupo. Delegue!
Vença a arrogância
Sempre deverá estar viva em nossa mente a imagem de Jesus cingindo-se de uma
toalha e lavando os pés de seus discípulos (João 13,5; BÍBLIA DO EXECUTIVO,
2004). Ao montar uma equipe, tenha em mente a realidade, que se fará neces-
sário deixar parte de si naquele grupo, investir neles o melhor, acompanhá-los,
equipá-los e defendê-los. Sirva!
LIDERANDO EQUIPES
65
MANUTENÇÃO DA EQUIPE
O mundo corporativo tem dito que tão importante quanto recrutar é man-
ter talentos, por conta do impacto da perda de colaboradores nos quais
foram feitos investimentos e que começam a integrar o capital intelectual da
empresa. Com esta consciência, manter a equipe íntegra e motivada deverá
ser alvo do líder.
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Da base para o cume, são eles:
■ Necessidades fisiológicas – aquelas que garantem a existência intrínsecas
ao ser humano como alimento, hidratação, recuperação do cansaço por
meio do descanso e sono, proteção de intempéries da natureza e demais
aspectos fisiológicos como sexo e excreção.
■ Necessidades de segurança – aquelas que criam um estado psicológico
de estabilidade como o lar e certeza de amparo garantidas por um seguro
saúde e a estabilidade de seu emprego.
■ Necessidades sociais ou afetivas – aquelas que apontam ao senso de pertenci-
mento, reconhecimento e acolhida como ser sócio de um clube por exemplo.
■ Necessidades de estima – aquelas relacionadas ao reconhecimento público
e iniciativas que deem a sensação de realização pessoal.
■ Necessidades de autorrealização – ponta da pirâmide onde se vive a vir-
tude de poder ser aquilo que se entende que nasceu para ser, aquele estágio
máximo em que não se cumpre uma função não por precisar, mas por
prazer (MASLOW, 1962).
LIDERANDO EQUIPES
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Somado a estas, de forma mais prática, cabem algumas áreas dignas de investi-
mento na manutenção da equipe:
a) Clareza de propósito
O líder é o dono da visão e esta precisa ser compartilhada para que aqueles que o
cercam se apropriem dela e sintam-se parte do que está sendo construído, o que
resulta em maior motivação e resiliência. Citando ainda Dr. Shedd (2000, p. 72):
Robert Kennedy percebeu a importância de uma visão quando disse:
“Você vê as coisas como elas são; e pergunto, por quê? Mas eu sonho
acerca de realidades que nunca existiram e pergunto, ‘por que não”’?
A famosa frase de Martin Luther King: “Eu tenho um sonho” foi um
caminho memorável de se referir a essa visão.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
para realizar sua visão.
b) Treinamento
Líderes que alcançam resultados são ótimos líderes e, transformando seus lide-
rados em pessoas melhores, são extraordinários.
Somos impactados pela liderança de Jesus, pois em seu processo fez com que
seus liderados fossem transformados. Em seu convite, já está a expectativa do
resultado surpreendente: “Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de homens”
(Mateus 4,19 – BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004, p. 898).
O ato de seguir o líder lhes asseguraria o florescimento de novas habilidades
dado o tom professoral de seu líder. Assim como Jesus, o líder cristão deve enfa-
tizar o ensino para formar outros líderes, garantindo o crescimento do liderado
e o cumprimento e ampliação da missão. Com este olhar, Paulo recomendou
a Timóteo: “e as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas,
confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros” (2Timóteo
2,2 – BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004, p. 1155).
Ensinar é garantir o crescimento dos integrantes da equipe assegurando-lhes
o amadurecimento e direcionando-os a autonomia. Vale lembrar o provérbio
chinês citado por Roberto A. Orr (2000, p. 247): “Ouço, me esqueço / Vejo, me
lembro / Faço, então aprendo”.
LIDERANDO EQUIPES
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
também traz segurança a seus integrantes por meio do senso de realização.
c) Provisões
d) Clima da equipe
Caberá também ao líder zelar pelo clima organizacional, ambiente, boas relações
entre as pessoas envolvidas em um projeto comum, em especial nosso contexto
que prevê voluntariado em um clima favorável. Isso é importante fator de ade-
são e permanência no ministério.
LIDERANDO EQUIPES
71
e) Reconhecimento
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“devemos promover a coragem onde há
medo, promover o acordo onde existe
conflito e inspirar esperança onde há
desespero.” (PALAS ATHENA, 2016).
Em nossa jornada nesta unidade, você já descobriu que o líder de verdade é
aquele que é seguido por pessoas; que, em sua jornada, o líder tem responsabili-
dade sobre as pessoas tanto no que tange às suas funções quanto no aprimoramento
delas; observou o papel crucial da comunicação no alinhamento da visão, mis-
são e valores bem como na consecução dos objetivos intermediários; e percebeu
sua responsabilidade não só na atração como na manutenção de sua equipe. Este
contexto, infelizmente, não flui de maneira natural; nele, há muitos desafios a
serem vencidos (forças externas) e pessoas da equipe interagindo (forças inter-
nas) inevitavelmente resultado em conflitos.
Neste capítulo, tomaremos como referência o livro bíblico de Neemias,
pensaremos juntos sobre sentimentos, posturas, estratégias e ferramentas
para minimizar e até mesmo eliminar conflitos, pensaremos também como
o líder deverá se posicionar e veremos aspectos fundamentais para o pro-
cesso de tomada de decisão.
Seguramente, este capítulo será transformador e mudará sua postura em
relação à vida; invista tempo nele, aprofunde-se e experimente a alegria de se
tornar uma pessoa melhor.
LIDERANDO EQUIPES
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GESTÃO DE CONFLITOS
Você sabe o que significa a gestão de conflitos? Tem ideia do papel do líder nesse
contexto? Essa desafiadora tarefa de quem exerce a liderança será abordada a
seguir. Vamos conhecer esse conceito, suas origens e seus tipos, bem como pas-
sos para gerenciar os conflitos preventivamente.
Definição de termo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A origem dos conflitos está ligada à insatisfação – por vezes, esta tem motivos
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justos, mas nem sempre. Insatisfações podem ter motivos reais ou imaginários,
podem ser produto da vaidade e da carência. Nem sempre nos referimos a moti-
vos tangíveis e mensuráveis.
A história do líder judeu chamado Neemias, responsável pela reconstrução
dos muros e portas de Jerusalém após o exílio babilônico, traz para nós incrí-
vel exemplo de liderança, administração, influência, gestão de recursos e tantas
outras qualidades administrativas. Em meio a uma jornada exitosa, Neemias
lidou com insatisfações.
Ora, o povo, homens e mulheres, começou a reclamar muito de seus
irmãos judeus.
E havia ainda outros que diziam: “Tivemos que tomar dinheiro empres-
tado para pagar o imposto cobrado sobre as nossas terras e as vinhas.
LIDERANDO EQUIPES
75
Tipos de conflito
a) Conflito pessoal
b) Conflito interpessoal
São aqueles oriundos entre o choque de valores do indivíduo com aqueles com
os quais se relaciona, sejam participantes da mesma equipe (choque intragru-
pal), seja com participantes de outras equipes que componham o grupo maior
(choque intergrupal) no ambiente das corporações. Este pode se dar entre depar-
tamentos; em nosso contexto, podemos falar em choque entre ministérios.
Caberá ao líder criar harmonia interna entre as pessoas, facilitar canais de
comunicação e enfatizar os pontos em comum, além da realidade de que as par-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tes componentes de um todo será saudável quão maior for a harmonia delas. A
oração de Jesus em João 17 é uma forte ilustração da importância da harmonia
para a conquista de objetivos maiores.
c) Conflitos organizacionais
LIDERANDO EQUIPES
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■ Respeito às diferenças.
Estes pequenos gestos refletirão de maneira preventiva e farão muito para que
sejam evitados males maiores. Sempre devemos nos lembrar de que não existe
“a gota d´agua”; o que transborda o recipiente são as várias gotas somadas ao
longo do período.
Pode ser que uma postura preventiva não foi assumida perante a equipe, pode
ser também que o(a) amigo(a) tenha adotado uma postura preventiva e, ainda
assim, alguma situação tenha fugido do controle dada a imprevisibilidade da
natureza humana. Quais passos devem ser dados para gerenciar esta situação?
Vejamos juntos voltando ao evento envolvendo Neemias:
b) Ouça as partes
Alguém já disse que existe a verdade de uma das partes, a verdade de outra das
partes e a verdade dos fatos.
Por mais bem intencionada que seja a pessoa, por mais bem contada que seja
sua história e por mais lógica que tenham seus argumentos, estamos tratando
de uma das partes; sempre será necessário ouvir a outra com a maior neutrali-
dade possível para se estabelecer um caminho de reconciliação ou de confronto
com vistas ao bem maior.
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“Fiz uma avaliação de tudo e então repreendi os nobres e os oficiais...”
(Neemias 5,7 – Bíblia do Executivo, 2004, p. 438).
Será fundamental ao líder separar responsabilidades, pois, costumeiramente,
ambos os lados têm razão em suas queixas.
No conflito entre as partes, numa primeira etapa, cabem as falas individuais. Numa
segunda parte, cabe o encontro das partes com vistas à criação de um novo caminho
no qual o bem global esteja em foco. Mesmo havendo perdas, a presença do líder é de
fundamental importância para deixar clara a compensação feita pela conquista maior.
A posição de Neemias foi clara e contundente: “Por isso prossegui: ‘O que
vocês estão fazendo não está certo’. Vocês devem andar no temor do Senhor para
evitar a zombaria dos outros povos, os nossos inimigos” (Neemias 5,9 – BÍBLIA
DO EXECUTIVO, 2004, p. 438).
O líder sempre deverá medir a disposição das partes da qual concluirá se a aproxi-
mação é possível ou se ânimos acirrados farão da tentativa de aproximação um conflito
explícito, piorando ainda mais o clima. Deverá medir a possibilidade de harmoniza-
ção, disposição de uma das partes para ceder, existência de uma terceira via em que
todas as partes ganhem (e, consequentemente, todas as partes percam) e a existência
de valores maiores que obriguem uma postura autocrática, podendo resultar, inclu-
sive, no desligamento de uma das partes por ferir um princípio fundamental ou valor
inegociável. Por vezes, não será possível salvar ambas as partes e promover acordo.
LIDERANDO EQUIPES
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O acordo de Neemias chegou a bom termo com a retratação da parte que estava
extorquindo seus irmãos, mas não podemos fugir à realidade da existência de
homens impiedosos cuja recomendação bíblica é desligá-los das relações fraternas.
Como vimos, conflitos são inevitáveis; aliás, bem gerenciados, conflitos podem
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TOMADA DE DECISÃO
Neste tópico, dada a natureza de nosso curso, seremos mais práticos na identifi-
cação de ferramentas para a tomada de decisão. Classificações mais específicas,
filosofias e metodologias poderão ser obtidas em especializações.
O líder está continuamente exposto à necessidade de tomar decisões, mas,
afinal de contas, quais os caminhos para a tomada de decisões?
Nosso curso enfatiza a liderança no contexto eclesiástico. Sendo assim, para ele
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podemos considerar apontamentos inicialmente idealizados para o mundo cor-
porativo, valendo-nos da definição de Chiavenato (2003, p. 348):
a organização é um sistema de decisões em que cada pessoa participa
consciente e racionalmente, escolhendo e decidindo entre alternativas
mais ou menos racionais que são apresentadas de acordo com sua per-
sonalidade, motivações e atitudes. Os processos de percepção das situ-
ações e o raciocínio são básicos para a explicação do comportamento
humano nas organizações: o que uma pessoa aprecia e deseja influencia
o que se vê e interpreta, assim como o que vê e interpreta influencia o
que aprecia e deseja. Em outros termos, a pessoa decide em função de
sua percepção das situações. Em resumo, as pessoas são processadores
de informação, criadoras de opinião e tomadoras de decisão.
LIDERANDO EQUIPES
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As decisões serão mais acertadas quanto menor forem os riscos que as envol-
vem. Os riscos, por sua vez, são produtos do grau de incerteza. Sendo assim, é
trabalho do líder munir-se de informações e dados de toda ordem que dimi-
nuam seu grau de incerteza.
É verdade que as decisões podem ser de natureza não programada, exigidas
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Processo decisório
Existem alguns aspectos que devem ser objeto de especial cuidado por parte do líder
antes da tomada de decisão. A tabela a seguir, de modo não exaustivo, os apresenta.
ITEM COMENTÁRIOS
Definição clara do objeto que exige uma decisão, ou
Diagnóstico
seja, foco específico no problema.
Contextos internos e externos devem ser observados
Análise dos Contextos
considerando o impacto da decisão nestes.
Quando transformamos em enunciado a realidade
Definição de Objetivos que gostaríamos de ver, tornar-se realidade a partir da
escolha da melhor decisão.
Na hipótese de haver mais de um caminho para a
Análise das Alternativas solução, deve-se projetar a relação de cada alternativa
em questão com seu impacto.
Olhar as informações objetivas ligadas à questão,
Análise dos Dados estabelecendo relações de custo-benefício; alinha-
Gerenciais mento com o objetivo institucional; contribuição para
imagem e missão, etc.
ITEM COMENTÁRIOS
Como processo de escolha das alternativas e princi-
palmente com a alternativa escolhida, é fundamental
Simulação de Cenários simular o novo cenário com a alternativa implementa-
da, considerando os efeitos internos e externos dessa
escolha.
Momento em que o processo se encerra, pois a toma-
Implementação da
da de decisão só se efetiva após a implementação da
Decisão
alternativa escolhida.
Fonte: o autor.
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Não há dúvidas de que é importante que o líder conheça os aspectos que são leva-
dos em consideração em um processo de tomada de decisão. Entretanto, mais
do que dominar os conceitos, é essencial que ele saiba como colocá-los em prá-
tica para que o caminho escolhido seja o mais adequado e sábio.
a) Diagrama de Ishikawa
LIDERANDO EQUIPES
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b) Brainstorming
c) Análise de Pareto
Uma frase atribuída ao general Napoleão Bonaparte – “Nada é mais difícil, por-
tanto mais precioso, do que a habilidade de decidir” – nos convida a este importante
investimento em nossa carreira. Ao final desta aula, a sugestão é que você aumente
sempre seu repertório, se cerque de dados, esteja sensível a pessoas e situações para
escolher as ações que melhor contribuam com os resultados e, dentro da missão
maior, glorifique mais a Deus e abençoe o maior número de pessoas.
Tenho absoluta certeza de que numa postura diligente, ampliando seus
conhecimentos, você terá êxito nesta missão.
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COACHING, MENTORIA E DISCIPULADO
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apresentamos neste capítulo três importantes recursos com vistas a seguir ao seu
lado, ao longo da caminhada, propondo trocas, alívio e ferramentas que farão
de você alguém mais efetivo no exercício da liderança.
Neste capítulo, também tenho por objetivo colocar esses facilitadores não
só como alternativa para equipar você, mas também como modelo, como alvo
para um momento de sua carreira, quando você poderá servir de outra forma,
impactando de maneira mais pessoal a vida de líderes que trilharão os caminhos
já palmilhados por você. Por isso, aproveite esta última seção, pois certamente
ela será instrutiva e inspiradora.
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Certamente não. Pelo contrário, estamos falando sobre a volta de antigos valo-
res. Em dias de individualismo exacerbado, egos inflados e “carreiras solo” de
toda espécie, em que jovens seminaristas almejam grandes igrejas e estagiários
esperam CEO em dois anos, as imagens de mentoria, direcionamento e modelo
trazem bom senso e pé no chão.
A figura dos seguidores, dando continuidade às ideias, estava presente na
Grécia antiga, ilustrada por Platão registrando o que aprendeu com Sócrates; na
China de Confúcio e na Palestina de Jesus e seus doze. Estamos falando, por-
tanto, do conceito milenar de se aprender com a vivência, de ter alguém que
tira o melhor de nós e exemplifica a partir da prática conjunta ou dos relatos
das experiências que viveu. Tais personagens podem se apresentar na forma de
coach, mentor ou discipulador, cujas diferenças veremos a seguir.
COACH
Histórico e definição
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Ainda na Inglaterra, três séculos e meio depois este título é utilizado no
ambiente acadêmico. Em 1850, a palavra designava aquele professor especial
que ajudava a preparar os alunos para os exames (MACEDO, 2016).
A associação mais direta está no mundo dos esportes: o coach do time de
futebol é o que chamamos de técnico.
Em 1980, alguns programas de liderança incluíram o conceito de coaching
executive, conquistando cada vez maior respeito e penetração nas mais diver-
sas áreas.
Temos, então, os termos:
■ Coach – profissional que orienta.
■ Coaching – o processo de orientação.
■ Coachee – a pessoa que compartilha sua meta e recebe orientação para
alcançá-la.
Um marco fundante do processo de coaching é o livro de Timothy Gallwey, The
Inner Game of Tennis (1974), em que o bem-sucedido técnico ensina lições da rela-
ção entre treinadores e atletas para o mundo corporativo. Segundo a definição do
próprio Timothy, podemos identificar coaching como: “a relação de parceria que
revela e liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar seu desempenho e
ajudá-las a aprender, ao contrário de as ensinar...” (MARQUES, 2017, p. 15).
Stanley (2008) lembra da entrevista com o incrível tenista André Agassi, em
que este brilhante e incomparável atleta faz muito mais do que uma menção,
mas uma verdadeira homenagem a seu treinador Gil Reyes, destacando que sua
importância crescia à medida que André envelhecia e melhorava. Stanley ficou
LIDERANDO EQUIPES
87
um pouco perplexo com esta questão. Por que o melhor tenista do mundo de
então precisava de alguém que joga pior do que ele? A resposta era que um olhar
externo, sensibilidade e verdade o ajudavam a corrigir falhas sutis que escapa-
riam aos outros olhos e seriam imperceptíveis à autocrítica; só com um técnico
(coach) ele podia se tornar melhor.
A atuação do coach
Conforme a imagem mais antiga sugere, o coach não é responsável pelo destino,
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“Para ser o melhor líder da próxima geração que você pode ser, é preciso an-
gariar ajuda de outras pessoas. A autoavaliação é útil, mas a avaliação feita
por outra pessoa é essencial. Você precisa de coaching em liderança!”
(Andy Stanley)
MENTORIA
Você sabe o que é mentoria e o que faz o mentor? Imagina que ele esteja presente
também no contexto cristão? Vamos, neste tópico, tratar desse tema, dando des-
taque a seu conceito e características, além de abordar como se dá a atuação dele.
Definição
No contexto cristão, a mentoria parece ser mais praticada ainda que informalmente
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e não sistematizada. Nela, alguém normalmente mais velho e mais experiente dá
conselhos àquele que está iniciando sua jornada.
Erlich, citado por Costta Jr. (2017, p. 133), define mentoria como:
processo que ocorre em relacionamentos interpessoais. Uma parceria
em que uma pessoa que tem determinados conhecimentos e experi-
ências utiliza voluntariamente esta bagagem para estimular o desen-
volvimento de outra pessoa. Este desenvolvimento pode ocorrer em
diversas dimensões: aumentando o domínio sobre determinada área de
conhecimento, oferecendo suporte emocional para pensar e agir, ou so-
cializando a pessoa em um meio onde ela precisa atuar. Quem promove
este desenvolvimento é chamado de mentor. Quem recebe esta ajuda é
chamado de mentoreado.
Uma vez que travamos contato com a definição de mentoria, vamos avançar
em nossos estudos. É hora de conhecer de que forma atua o mentor e como ele
deve se comportar.
Atuação do mentor
LIDERANDO EQUIPES
89
DISCIPULADO
que se formam discípulos de Jesus, assim, a Igreja não muda o mundo quando
gera convertidos, a Igreja muda o mundo quando gera discípulos.
Você que investe seu tempo na formação cristã e nesta unidade se dedica à lide-
rança, seguramente tem em vista gerar mudanças e ajudar a Igreja a expandir sua
atuação e influência, assumindo o protagonismo que já citamos aqui como única orga-
nização capaz de mudar essencialmente as mazelas do mundo conforme Hybels (2002).
Vivemos o triste cenário de atuação não tão expressiva, e por perdermos a
profundidade da relação discipuladora, é que nos empenharemos em defini-la
e resgatá-la no próximo tópico.
A advertência paulina anula o tradicional “não olhe para mim, olhe para Cristo”.
Cada um de nós, com humildade e submissão, deve viver uma vida digna de ser
imitada e não hesitar em pedir para que olhem para nós, com especial destaque
para aqueles que estão no ministério, cujos requisitos para tal posição incluem
ser exemplo: “ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão
dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” (1Timóteo
4,12 – BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004, p. 1148).
Em suma, a relação de discipulado, no contexto cristão, que é nosso foco neste
curso, consiste na identificação de um seguidor de Jesus de caráter, fruto e boas
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obras que reflitam a personalidade de Cristo e sejam dignas de serem reproduzidas.
Atuação do discipulador
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A jornada do líder por muito tempo tendeu a ser solitária. Com a retomada das
figuras do coach, do mentor e do discipulador, tanto aspectos técnicos quanto
aspectos emocionais podem ser supridos de forma magnífica de acordo com sua
necessidade e objetivo.
Isolar-se não é saudável nem para o líder nem para a equipe; sendo assim,
desenvolver esta figura para a qual serão prestadas contas, expostas intenções
e com a qual exercitaremos humildade será importante fator rumo a uma lide-
rança madura e em contínuo crescimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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receberá a mensagem para que o processo seja facilitado, os ruídos sejam remo-
vidos e a comunicação seja otimizada mediante as conexões.
Você viu que equipes são desenvolvidas como fruto da sensibilidade, per-
cepção e empenho do líder em identificar e potencializar talentos, cuidando de
cada um dos elementos que gravitam em torno do liderado, visando protegê-lo
e contribuir com seu crescimento.
Compreendeu que conflitos sempre existiram, mas terão pequeno impacto
e até se tornarão fatores positivos, pois, por intermédio deles, o grupo pode
crescer e amadurecer passando para outro patamar à medida que forem geren-
ciados. Descobriu instrumentos ligados ao comportamento humano, aspectos
motivacionais e ferramentas que o ajudarão na gestão de conflitos e nas contí-
nuas exigências de se tomar decisão.
Finalmente, você foi instado ao crescimento como líder pelo contato com
os que serão instrumento para seu aprimoramento e crescimento e que contri-
buirão para sua saúde emocional.
Nossa jornada foi magnífica, com subsídios para você se tornar um líder
extraordinário. Líderes extraordinários olham para o resultado, mas não se
esquecem dos liderados; eles envolvem pessoas comunicando-se bem, respeitan-
do-as, usando as ferramentas certas e fazendo-as se sentirem seguras. Estamos
certos de que se dedicando a isso você será um deles, marcando a vida de pes-
soas, chegando a excelentes resultados e desenvolvendo aqueles que estão na
equipe sob sua liderança.
LIDERANDO EQUIPES
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■ Os rumores. ■ Disciplina.
O clima pode ser avaliado por meio de uma Quando a pesquisa de clima é bem realizada,
pesquisa que identifique e avalie atitudes e tendo continuidade o trabalho, há melho-
padrões de comportamento, com vistas a ria do ambiente de trabalho, possibilitando
orientar políticas de ação e correção de pro- que os funcionários se sintam melhor e mais
blemas. Na pesquisa de clima organizacional, envolvidos. Com ela, veem-se as fraque-
devem ser avaliados os seguintes itens: zas de uma gestão deficiente e os pontos
fortes de uma gestão competente. Deve
■ O trabalho em si.
ser encarada apenas como instrumento
■ A integração entre os departamentos. para auxiliar na gestão. Ela é fundamental,
principalmente nas grandes organizações,
■ Salário. porque, nelas, a avaliação informal é dificul-
tada por vários fatores: tamanho, estrutura
■ Supervisão. complexa, comunicação, etc. Neste particu-
lar, as de pequeno porte levam vantagem,
■ Comunicação.
pois nelas o contato entre os empregados
■ Progresso profissional. e os dirigentes é mais frequente e direito,
o que lhes permite conhecer melhor o seu
■ Relacionamento interpessoal. ambiente de trabalho.
4. Estudamos, nesta unidade, sobre o papel do líder e termos que gravitam ao seu
redor, como grupo, equipe e outros. Com base nisso, analise as afirmações a se-
guir e identifique com (V) a(s) verdadeira(s) e com (F) a(s) falsa(s):
I. ( ) Grupo e equipe referem-se igualmente a pessoas reunidas no mesmo local
com o mesmo interesse e propósito.
II. ( ) Conhecer os membros da equipe e motivá-los leva à perda de tempo e
compromete negativamente os resultados.
III. ( ) O líder não tem papel transformador na vida dos liderados; ele está ali para
alcançar objetivos e os liderados para fazer sua função.
IV. ( ) O líder cristão tem em Jesus seu modelo. Jesus chamou seus liderados,
aproveitou suas características, acompanhou de perto e ensinou por meio do
exemplo; prática esta que deve nos inspirar.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) F – F – F – V.
b) V – F – F – V.
c) V – F – V – F.
d) F – F – V – V.
e) V – F – F – F.
5. Quando pode haver um conflito pessoal? Como o líder pode agir para minimizá-
-lo?
6. Como vimos, o líder enfrenta situações nas quais é necessário que tome decisões
a respeito do que deve fazer e até mesmo sobre a postura a assumir. Nesse sen-
tido, é correto dizer que:
a) Nos processos decisórios, a intuição do líder é mais importante do que levan-
tar o maior número possível de dados.
b) Pareto, também conhecida como espinha de peixe, é uma ferramenta que
pode auxiliar na tomada de decisão.
c) Tomar decisão é escolher de forma consciente entre as alternativas existentes
com vistas aos melhores resultados.
d) Quando não tomamos uma decisão, estamos protegidos, pois não nos expu-
semos; logo, não temos responsabilidade pelos acontecimentos.
e) O brainstorming é uma ferramenta que auxilia na tomada de decisão e se
caracteriza pelo cuidado com que as ideias são expostas, evitando as que se
mostrem fora do contexto em questão.
97
1. Opção correta é a B.
2. O líder que exerce comunicação interpessoal eficaz utiliza os meios de comuni-
cação corretos e de códigos que sejam comuns ao receptor, elimina ruídos de
comunicação e esforça-se para estabelecer conexão com os receptores ganhan-
do destes atenção e simpatia.
3. Opção correta é a D.
4. Opção correta é a A.
5. Conflito é um estado antagônico de ideias, pessoas ou interesses e não passa,
basicamente, da existência de opiniões e de situações divergentes ou incompa-
tíveis. O líder não pode agir fingindo que nada está acontecendo e se posicio-
nando, ouvindo as partes e baseando-se em fatos para mediar a questão.
6. Opção correta é a C.
7. O coach conhece o objetivo da pessoa que ele apoia e, a partir de escuta ativa e
questionamento faz com que a pessoa apoiada ache suas próprias respostas. O
mentor, por sua vez, traz suas experiências e conhecimento para que a pessoa
apoiada use como parâmetro. No coaching, as respostas são internas ao auxilia-
do; na mentoria, as respostas são externas ao auxiliado.
8. Opção correta é a B.
Professor Esp. Robson Rene dos Santos
CONCEITOS E PROCESSO
III
UNIDADE
DA GESTÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Definir planejamento e apresentar as filosofias que o sustentam, os
tipos existentes e os caminhos para torná-lo concreto nos ministérios
e igrejas.
■ Conceituar organização e identificar seus elementos básicos,
benefícios e áreas a serem consideradas.
■ Definir direção, refletir a relação com poder, bem como apresentar
requisitos para uma direção honrada e apontar os tipos existentes.
■ Conceituar controle, identificar passos para que ele se dê de modo
adequado e as principais formas de controle.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Planejamento em ministérios e igrejas
■ Organização em ministérios e igrejas
■ Direção em ministérios e igrejas
■ Controle em ministérios e igrejas
103
INTRODUÇÃO
um organismo. Por meio dela, os homens são atendidos nos aspectos metafísi-
cos, mas também nos aspectos físicos. Na verdade, nem deveríamos dicotomizar
quem serve à criatura por respeito e honra ao Criador. Assim, mesmo nos aspec-
tos organizacionais, temos também oportunidade espiritual de edificação dos
irmãos, facilitação do exercício dos dons, maior abrangência da atuação, refle-
tindo até sobre aqueles que não são da comunidade de fé local e, obviamente,
glorificando o nome do Senhor. Por conta disso, devemos nos sentir à vontade
em usar conceitos e ferramentas da administração. Com isso em mente, avança-
remos com tranquilidade e segurança subordinados ao roteiro seguinte.
Inicialmente, justificaremos a necessidade do planejamento e seus conceitos
principais, incluindo um modelo básico de itens contemplados no planeja-
mento cristão.
Depois, falaremos sobre organização, sua definição e importância. Estas
informações serão abordadas por meio de indicações práticas com impacto
direto sobre o sistema.
Nesta sequência, abordaremos itens voltados ao direcionamento das atividades
em seus aspectos operacionais, sua importância e os passos básicos desta função.
Por fim, apresentaremos justificativas para o controle, identificaremos os parâ-
metros e as ferramentas básicas utilizadas com vistas às boas práticas de gestão.
Vencidas essas etapas, seguramente você estará mais bem equipado para os
desafios que tem pela frente.
Desejamos-lhe uma maravilhosa jornada. Bons estudos!
Introdução
104 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é proteger os valores da organi-
zação e aqueles para quem os
resultados se destinam, bem como aqueles que produzem os referidos resultados.
Administrar, no contexto cristão, é sinal de temor, responsabilidade e com-
promisso – marcas de uma boa mordomia.
A frase dita no primeiro século por Sêneca – importante filósofo, escritor,
mestre da arte da retórica, membro do Senado, questor e magistrado da Justiça
Criminal durante o Império Romano –, e posteriormente empregada no clássico
Alice no País das Maravilhas, mesmo sendo tantas vezes citada, nos será preciosa
aqui mais uma vez. O diálogo incluía as seguintes falas:
(Alice) - “O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que
devo tomar para sair daqui?”
“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.
“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato (CAR-
ROL, 2002).
Para quem não sabe para onde vai qualquer lugar serve!
Ministérios saudáveis sabem para onde vão; logo, a escolha do caminho e
os critérios para se escolher são imperativos, o que permite afirmar que admi-
nistração também é função do ministério.
Quando pensamos em ministérios, temos a intencionalidade das práti-
cas, resultados em vista e pessoas no contexto; logo, todas as ações merecem
ser objeto de reflexão, considerando o caminho para implementá-las, os
DEFINIÇÃO
Sabemos que a organização tem uma posição que almeja para seu futuro, aquilo
que ela deseja ser (visão); tem seus compromissos quanto àquilo que fará para pro-
duzir seu futuro (missão); e tem um motivo que justifica sua existência levando
a responder à pergunta “por que existimos?” (propósito). Diante desta estrutura,
fica evidente a diferença entre o presente e o futuro. Fica clara também a neces-
sidade de se agir ao longo do tempo para se manter a coerência das ações no
ajuste e alinhamento desses fatores. Para reunir tais critérios numa frase com-
pacta, podemos afirmar que: “planejamento é um processo para predeterminar
o curso de uma ação” (HENDRICKS; DOUGLAS, 1999, p. 27).
Nota-se que, por meio do planejamento, as ações não são fruto do acaso; pelo
contrário, são produto de escolha racional quando surpresas são evitadas. Tanto
quanto possível, obstáculos são identificados e contornados e o líder pode se
antecipar aos fatos e, de forma preventiva, se posicionar, preparado para todas
as exigências, evitando interrupções e prejuízos. No contexto cristão, sinal prá-
tico de seu temor, engajamento e compromisso.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As palavras do Senhor Jesus apresentam no planejamento um critério para
um estilo de vida que não é envergonhado, não se decepciona e honra seu
senhor. Vejamos a ilustração do mestre:
“Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e cal-
cula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?
Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão
dele, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’”.
“Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro
não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele
que vem contra ele com vinte mil?
Se não for capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda está lon-
ge, e pedirá um acordo de paz.
Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui
não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14,28-33 – BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004,
p. 986-987)
Fonte: o autor.
Planejamento é...
Estamos diante de assunto amplo, com reflexo no tempo, no espaço e nas relações.
O planejamento pode se fazer notado nos diversos níveis. A ideia de apresentar o
quadro seguinte é ajudar você a perceber a abrangência do assunto e, para tanto,
nos valeremos das cinco dimensões destacadas por Oliveira (1987) ao citar Steiner.
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não é apenas dizer o que pode acontecer.
FILOSOFIAS DE PLANEJAMENTO
Filosofia da satisfação
Filosofia da otimização
Filosofia da adaptação
Nesta filosofia, as ações visam ao equilíbrio das forças internas e externas, a adap-
tação é resposta aos estímulos e mudanças geradas pela dinâmica do sistema
em que estamos inseridos. Tal filosofia, por seu caráter responsivo aos estímu-
los externos, é chamada também de homeostase.
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TIPOS DE PLANEJAMENTO
Planejamento estratégico
O termo estratégia tem sua etimologia na língua grega, inicialmente ligada à arte
de liderar um grupo de soldados rumo à batalha. Sendo assim, seu foco era a
área militar, com o objetivo de assegurar a vitória na guerra para além do com-
bate pontual. A administração se apropriou do termo para se referir às escolhas
da alta administração; refere-se a olhar, portanto, com vistas ao impacto macro.
nomo). Pense no amigo numa igreja que estabelece um tema anual ou um foco
de suas ações. Estamos falando, por conta da abrangência, de decisão estratégica.
E como se constitui um roteiro básico do planejamento estratégico? Existe vasta
literatura sobre o tema com alguns títulos destacados em nossa bibliografia para um
olhar mais detalhado e aprofundado. Esboçamos, a seguir, de forma elementar, uma
lista que apenas destaca os itens críticos que devem ser levados em consideração.
1. Propósito: para que existimos.
2. Objetivo primário: caminho rumo ao propósito.
3. Objetivo secundário: caminho para o objetivo primário.
4. Alvos: ponto de chegada definido e mensurável identificado no objetivo.
5. Missão: o que faremos para assegurar que cumpriremos nosso propósito
e nos moveremos rumo aos objetivos.
6. Avaliação de ambiente: olhar abrangente sobre o contexto que estamos
inseridos e as relações neste.
7. Provisões: identificar os recursos (materiais e imateriais) necessários para
se atingir o alvo e os objetivos bem como o caminho para obtenção deles.
8. Indicadores: delimitar as políticas, padrões e limites de atuação.
Planejamento tático
A palavra tática, também de origem grega, tem a mesma raiz de nossa palavra
“técnica”. Refere-se às medidas pontuais que permitem a realização da estraté-
gia, ou seja, quais os passos necessários em cada situação envolvida para que
a estratégia idealizada seja operacionalizada com sucesso. Voltando às origens
militares, a tática diz respeito às manobras de uma batalha específica que é parte
integrante da guerra.
Desenvolvido em níveis intermediários, por meio do planejamento tático, o
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bom aproveitamento dos recursos disponíveis é conseguido e a estrutura adquire
um maior nível de coesão alinhado com o todo.
Cabe destacar que a tática concorda com a estratégia. Infelizmente, quando
falamos em ministério cristão, por vezes estamos sujeitos a olhares míopes que
desconsideram a interação com o todo, muitas vezes julgando o ministério um
fim em si mesmo, comprometendo, com isso, a estratégia.
Pensando em nosso contexto, tendo ocorrido o planejamento estratégico
para a denominação, como os departamentos ou igrejas contribuirão com este
plano? Quais participações, agenda e iniciativas requeridas destes confirmam
o plano maior? Eis aí a aplicação do planejamento tático: são os planos para as
partes intermediárias.
Planejamento operacional
TIPO DE
FATO GERADOR AÇÃO A SE PLANEJAR
PLANEJAMENTO
Tema do Ano (uma Igre- Medidas denominacionais para evi-
Estratégico ja que estende a mão ao denciar que esta Igreja tem compro-
necessitado). missos sociais.
Quais áreas de excelência da Igreja
Impacto social nos arre-
Tático local e como ela interagirá com a
dores das igrejas locais.
comunidade.
Todos os aspectos envolvendo o
programa, quem serão os animado-
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Programa pontual, um
res, prestadores de serviço, equipe
Operacional evento como Dia das
de alimentação, o que será distribu-
Crianças, por exemplo.
ído, qual a abrangência (só as crian-
ças ou seus familiares também), etc.
Fonte: o autor.
CAMINHOS DO PLANEJAMENTO
Neemias, grande líder e personagem principal do livro bíblico que leva seu nome,
numa atitude magnífica de liderança, sai de sua zona de conforto em Susã, onde
já estava estabilizado com uma posição bem definida na corte servindo como
copeiro do rei Artaxerxes I, e empreende a retomada e reconstrução dos muros
de Jerusalém (Neemias 1), destruídos na invasão babilônica. O livro de Neemias
cobre um período aproximado de 20 anos. Numa nobre e detalhada empreitada,
descrita com riquíssimos detalhes, temos ótimos caminhos para planejamento,
execução de projeto, liderança de pessoas, contorno de contingências, etc.
É extremamente recomendável que você faça a leitura bíblica deste “tratado de
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liderança” que é o livro de Neemias, antes de prosseguir os estudos desta Unidade.
Identifique a necessidade
Conforme visto, o ponto de partida pode ser interno ou externo. Pode ser exigido
pelo contexto ou um produto de um anseio. No caso em questão, Neemias foi
provocado diante de uma necessidade real que lhe era cara e urgente e comprou
uma briga que a priori nem era dele. Para tanto, seu ponto de partida foi ficar
a par da situação (1,2) (BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004), envolvendo-se para
além das meras informações (1,4) (BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004) e tomando
como sua causa. Ouvir que seus irmãos padeciam fez com que ele se sentisse mal.
■ Qual a necessidade?
Ore a Deus
Uma ferramenta de planejamento simples que o líder poderá usar para organi-
zar num formulário as informações críticas é denominada 3Q1POC, em que as
letras são acrósticos das perguntas críticas ao planejamento:
Quadro 03 – Ferramenta 3Q1POC
Fonte: o autor.
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Podemos perceber, portanto, quão importantes são o levantamento de dados
e a identificação precisa das necessidades tendo em vista a tarefa do planejamento.
O Capítulo 3 de Neemias
(BÍBLIA DO EXECUTIVO,
2004) mostra a alocação de
recursos. Numa estratégia
logística e motivacional, o líder
identifica os recursos humanos
e aloca cada um daqueles que
seria responsável por uma ati-
vidade considerando a melhor posição de trabalho (levando em conta a
proximidade de sua casa – 3,22).
Numa linda imagem, Neemias não só sabia o que tinha como também tinha
uma visão clara sobre até onde seus homens podiam chegar, por isso não se priva
de dar-lhes palavras motivacionais. No capítulo 4, verso 14, lemos:
fiz uma rápida inspeção e imediatamente disse aos nobres, aos oficiais
e ao restante do povo: “Não tenham medo deles. Lembrem-se de que
o Senhor é grande e temível, e lutem por seus irmãos, por seus filhos e
por suas filhas, por suas mulheres e por suas casas”. (BÍBLIA DO EXE-
CUTIVO, 2004, p. 437)
Essas ideias deixam evidente que é necessário que haja uma visão clara dos
recursos disponíveis e suas potencialidades quando o que está em jogo é um
planejamento bem-sucedido.
Senhor vem a resposta da língua”, você entende essa afirmação como uma
instrução para planejar ou para não planejar?
Essas reflexões aqui propostas nos mostram que planejamento é uma das mais
nobres funções do líder. Por meio dele, você evidenciará sua seriedade e com-
promisso. Cada cristão tem consciência de sua condição de mordomo – pessoa
que cuida dos bens de seu senhor – e esta responsabilidade se amplia na pessoa
dos líderes que têm sobre si a incumbência de ser despenseiro de Deus, palavra
que transliterada do original resultou em nossa palavra economista, aquele que
administra as necessidades da casa.
Você deve se empenhar em levantar os dados críticos para sua função, tratar
os dados, identificar os recursos necessários e traçar os caminhos para aloca-
ção desses recursos.
Nosso planejamento leva em conta dados, mas ele traz consigo também
aspectos místicos. Use do planejamento para exercitar sua fé. Lembre-se de pla-
nejar para além de suas forças, assim será assegurada a glória de Deus.
Exercitando esta função com critério e empenho, você reduzirá custos, eli-
minará perdas de toda natureza e chegará de maneira otimizada aos resultados
almejados, medidas que terão como consequência natural a bênção sobre as par-
tes envolvidas e o nome do Senhor sendo glorificado.
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ORGANIZAÇÃO EM MINISTÉRIOS E IGREJAS
DEFINIÇÃO
que as conecte, sem tarefas que ocupem os integrantes, sem relação entre estas
e sem direção, tenderão ao caos.
Assim, torna-se óbvio que se faz necessário alocar os recursos humanos
numa divisão de trabalho criteriosa, feita de forma contínua, visando a um obje-
tivo comum, garantindo, assim, a desejada sinergia. Tal estrutura denominamos
de organização.
Temos primado por definições compactas; assim, organização é:
Um grupo de pessoas unidas, num mesmo ambiente ou não, trabalhando
em conjunto orientadas e direcionadas para um fim comum.
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Nesse sentido, organizações, com e sem fins lucrativos, se igualam, pois ambas
reúnem pessoas com tarefas que se complementam, evidenciam uma missão e
conduzem a um propósito maior para onde todos devem apontar.
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■ Relações – as pessoas com suas atividades não estão postas como máquinas,
como parte integrante deste grupo social que é a organização, interagem e
estabelecem relações que podem afetar na motivação, fluência da tarefa e
clima organizacional. Cabe também destacar os aspectos de prestação de
contas, hierarquia, delegação de tarefas e surgimento de lideranças como
itens contidos nas relações com caráter mensurável. Relações saudáveis
e bem integradas criarão sinergia, potencializarão as pessoas e amplia-
rão os efeitos do plano preestabelecido.
■ Ambiente – todos os aspectos exteriores ligados aos meios físicos e recur-
sos garantindo bem-estar, salubridade, dignidade.
Sinergia
Economia
“Koinonia” (Comunhão)
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Esses dois itens têm desdobramentos em atividades, o que nos permite expandir um
pouco mais nosso olhar, identificando elementos que merecem especial considera-
ção na criação ou otimização da organização. Levá-los em conta não só garantirá a
sobrevivência como contribuirá com o crescimento da organização. Vamos a eles:
Planejamento
Uma justa e compatível distribuição das atividades que devem ser efetuadas (tare-
fas) resultará na fluência das atividades, anulará insatisfações que facilmente se
manifestam em cenários injustos, trará equilíbrio, impedindo que colaborado-
res fiquem sobrecarregados ou frustrados.
Neste item, também podemos incluir a estrutura lógica do trabalho. Imagine, lei-
tor(a), o sentimento de terminar uma atividade que não será usada no momento ou
que depende de outro colega para continuidade e que nem recebeu sua tarefa ainda
ou, ainda, desenvolver uma tarefa em duplicidade com outro colega... São alguns
exemplos de desencontros, produtos de organização falha, gerando desmotivação
e prejuízos. Por isso, um olhar sobre “o que fazer” é fundamental à organização.
os melhores meios.
Hierarquia
Neste tópico, vimos que as páginas da Bíblia Sagrada são ricas em exemplos de
organização do trabalho, delegação de tarefas, processos com sequência lógica
e medidas que criam harmonia entre aqueles que estão envolvidos numa mis-
são. Vimos até mesmo que os desafios iniciais da Igreja Primitiva demandaram
medidas específicas aplicadas à organização.
Pensar em organização é pensar numa disciplina rica com muitos desafios.
Nestes nossos dias de mudanças tão velozes, em todas as áreas ainda predomi-
nam modelos mais clássicos das gerações iniciais da administração em seus
modelos organicista ou comportamentalista.
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Diante dos desafios desta nova sociedade, movida por um maior fluxo de infor-
mações e bem mais exigente que seus antecessores, cumpre a cada líder cristão ter
a visão global do sistema e sensibilidade para perceber as exigências coletivas no
seio da sociedade. Isso além das particulares, manifestas nos indivíduos para, a
partir desta percepção, otimizar a estrutura existente e ousar criar novas estruturas
se valendo do senso de organização e explorando alguns princípios aqui expostos.
Até aqui, nossa ênfase recaiu sobre o “o quê”. Destacamos, nas seções anteriores, as
medidas que permitem tornar operacional a visão, os caminhos críticos para a execu-
ção e o destaque dos itens de maior relevância no capítulo sobre PLANEJAMENTO.
Também falamos da estrutura que dá suporte, o veículo por meio do qual o plane-
jado se operacionaliza, esta estrutura é a ORGANIZAÇÃO.
Agora, neste terceiro tópico, nossa ênfase recai sobre o “quem”. Olharemos a fun-
ção que traz à realidade aquilo que foi idealizado enquanto sistema. Falaremos
deste comando que dá curso à ação chamado direção.
DEFINIÇÃO
DIREÇÃO E PODER
Há de se deduzir que esta voz de comando, determinando o que deve ser feito,
exija validação e isto é verdade. A posição de direção é possibilitada, garan-
tida e validada pelo tipo de poder de quem lidera. Tal poder pertence a uma
das categorias que vamos descrever a seguir, cuja natureza também refletirá
no grau de influência.
Poder legítimo
O líder teve poder delegado por outrem; seu poder provém da hierarquia e não
é passível de ser questionado. Contudo, o poder desta natureza pode degene-
rar, fazendo do líder um “chefe” obedecido única e tão somente pela legítima
posição que ocupa.
Poder da recompensa
O líder mantém sua atuação em curso por conta daquilo que pode oferecer em
troca, na forma de benefícios. Seguramente, ele dirige as ações, mas não tem o
coração daqueles que a executam, visto que só respondem por interesse.
Poder coercitivo
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nado contra o assédio moral, mas,
infelizmente, este se observa em
algumas lideranças. A direção por
força coercitiva vale-se de amea-
ças, sejam elas sutis ou nem tanto,
para chegar a seu objetivo. Entre os
meios de coerção, podemos citar as
ofensas verbais, multas, remoção de
privilégios, exposição pública, etc.
Poder do especialista
O líder direciona com parâmetros certos pelo capital intelectual que acumulou
em sua área de atividade, contudo, muitas vezes, a resistência dos liderados é
notória, pois a ênfase do especialista em sua área pode manifestar efeitos cola-
terais como orgulho e limitações em outros quesitos fundamentais à liderança.
Com isso, os liderados podem se tornar reféns de uma direção insensível, pouco
relacional e desconecta do todo. Claro que estamos nos referindo a tendências.
Este autor, após anos lecionando em seminário teológico denominacional, já
Poder inerente
Líder natural que se identifica com as pessoas, dirige respeitando, servindo, colo-
cando-se no lugar daqueles que estão sob sua direção, pessoas com as quais ele
se identifica e em hipótese alguma as humilha ou menospreza.
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Integridade
As ações devem ser direcionadas a partir de princípios éticos, numa escala de valo-
res irrepreensível, sempre em conformidade com os preceitos bíblicos e fugindo
de atitudes dúbias ou de relativizações que demandem elaborada explicação.
Sabedoria
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mento é a marca de uma boa direção.
Renúncia
As ações devem ser direcionadas sem ter em vista interesses pessoais exclusivos
do dirigente. A capacidade de olhar o todo e até a condição de negar a si mesmo
do líder fará deste um diretor excepcional, digno do respeito e da admiração de
seus liderados por sua empatia, interesse e respeito.
Um dos passos mais elementares de renúncia é a capacidade de ouvir. Muitos
querem se impor e sinalizam seu desrespeito pelo outro. Ainda que não digam,
sua postura grita: “sua opinião não me interessa”.
Uma direção voltada para aqueles que servem:
■ Cria empatia.
■ Desperta fidelidade.
■ Colhe os frutos do respeito.
■ Desperta o melhor nas pessoas.
Coragem e iniciativa
Entusiasmo e perseverança
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As ações devem ser direcionadas a partir da firme crença sobre a relevância delas
e da força interior que transmite segurança àqueles que executarão as ordens de
serviço ou as tarefas inerentes à função sob esta diretoria.
FUNÇÕES DA DIREÇÃO
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fazem uma leitura distinta dos colaboradores o que sempre deverá ser consi-
derado na prática da direção. Nosso cenário eclesiástico, na maioria dos casos,
refere-se ao voluntariado que exigirá de nós sensibilidade no exercício da dire-
ção. Sempre atente-se para isso!
Dirigir é dar curso à ação, interpretar os planos e transformá-los em instru-
ções claras direcionadas aos objetivos.
DEFINIÇÃO
JUSTIFICATIVA A AÇÃO
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comparação com um padrão.
Podemos concluir que controlar a partir de parâmetros claros e legítimos é
atitude lógica, inteligente e amorosa. O controle adapta os planos às realidades,
mostrando-se o braço direito do planejamento; evita perdas; reforça os critérios;
revela áreas problemáticas ou passíveis de melhorias. Assim, um olhar atento
para esta atividade deverá ser objeto da atenção da liderança.
Alguns verbos nos ajudam na roteirização dos passos para um eficiente controle:
identificar, estabelecer padrões, quantificar, comparar, avaliar e ajustar. Vejamos
juntos cada um deles com um pouco mais de detalhe.
Identificar
Estabelecer padrões
Quantificar
Uma máxima referindo-se a este item vaticina que o que não pode ser medido não
pode ser controlado. Considerar a comparação de valores e índices sempre condu-
zirá à avaliação mais objetiva. Sei que este item nos induz a elementos numéricos
como tempo, prazo, valores, dimensões, etc., mas não nos limitaremos ao número.
Considerando a avaliação dos parâmetros de controle de caráter adimensional
como possível, imagine a inspeção de frutas para exportação: o controle pode ser
feito com um parâmetro numérico (dimensão da fruta, por exemplo), mas pode
ser feito também por um parâmetro não numérico, como coloração da casca ou
ausência de marcas externas a exemplo das feitas por insetos ou aves.
Comparar
Avaliar
A avaliação pode levar a mudanças na forma de fazer, mas também pode resul-
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tar em mudanças daquilo que se espera, por exemplo, com a impossibilidade de
se alcançar determinado padrão que teoricamente seria atingível.
O maior desafio da avaliação é separar causa de efeito. Muitas vezes, estamos
quantificando um “sintoma”, e não a “doença”. O líder deverá ter especial aten-
ção na identificação dos dados a controlar e utilizá-la de tal maneira que chegue
aos reais motivos da ocorrência.
Ajustar
FERRAMENTAS DE CONTROLE
Nosso olhar neste tópico recai sobre a verificação, ou seja, o controle, identifi-
cado na roda pela letra C como item gerencial crítico.
Os sistemas de qualidade total popularizaram o termo “gestão à vista”. Este
previa a publicação de números, índices, tabelas e gráficos. Parâmetros contro-
lados foram usados inclusive como elemento motivacional e de conscientização
dos colaboradores. Muitos de nós já vimos um tipo de “outdoor” no pátio de
alguma empresa informando: “Estamos há 230 dias sem acidentes”.
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Figura 3 - Exemplos de placas indicativas de gestão
Método que foca o olhar sobre os pontos em que se observou os maiores desvios.
Assim, no processo, são controladas as maiores anomalias reduzindo o volume
de dados para a análise e otimizando o tempo do gestor.
Análise de índices
Orçamentos
Nosso olhar cristão e nossos valores, que apontam para a dignidade da pessoa,
não podem nos distanciar das realidades demonstradas pelos dados passíveis
de serem controlados. Do ponto de vista organizacional, os colaboradores estão
sujeitos a medidas de desempenho, comprometimento, pertencimento e estas
devem ser consideradas como parâmetro de controle.
Por meio das atividades de controle com seus instrumentos próprios, sua
análise precisa e as eventuais intervenções necessárias, obtém-se maior qua-
lidade, confiabilidade, progresso e melhores retornos daquilo que investimos
em termos de tempo e demais recursos. Como afirma Orr (2000, p. 201),
“precisamos desenvolver métodos de avaliação e controle que nos indiquem
quaisquer desvios do planejamento, de modo que se possam tomar provi-
dências corretivas”.
Controlar evita danos e perdas de toda natureza. Não nos perderemos em
nossa escala de valores procurando elementos desnecessários ou inúteis; só
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controlaremos itens relevantes com vistas a melhorias dos processos, produtos,
pessoas e sistema com plena consciência de que as atividades de controle são a
atividade meio, e não o objetivo final. Controlamos para efetivamente chegar,
com o menor desgaste, ao objetivo final.
Numa linda ilustração, o apóstolo Paulo disse: “Porque, se a trombeta der
sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (ICoríntios, 14,8 - BÍBLIA
DO EXECUTIVO, 2004, p. 1094). Um tipo de toque, dentro de parâmetros pre-
viamente estabelecidos, ainda que não quantificável, ou seja, sob controle, era a
garantia da correta reação. Nesta ilustração militar, podemos dizer questão de
vida ou morte.
Os dados não podem ficar soltos. Será um grande prejuízo se os projetos,
ministérios e eventos forem ações a esmo, sem parâmetros, sem alvo e sem acom-
panhamento ao longo do processo. Uma negligência desta ordem não somente
comprometeria o presente como também o futuro da organização.
Você é convidado, a partir de agora, a considerar em seus projetos quais
parâmetros devem ser controlados ao longo do processo e se comprometer a
avaliar tais dados, melhorando, com isso, todo o sistema. Estamos certos de
que, com os controles corretos e as intervenções necessárias, você conduzirá
a área sob sua responsabilidade à excelência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegar até aqui é passar por conceitos nobres e valores inegociáveis subjacentes
aos temas da unidade. Falamos de mordomia, falamos de temor a Deus, fala-
mos sobre ser um tipo de gente que faz o melhor que pode com os recursos que
lhe são disponibilizados, falamos de se responsabilizar pelos resultados, de que-
rer o melhor para os seus, falamos de honrar a Deus por meio daquilo que se
faz, algo completamente possível e ao encontro do esclarecido pelo Senhor Jesus
em Mateus 5,16 (BÍBLIA DO EXECUTIVO, 2004, p. 899) quando disse: “... para
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que os homens vejam vossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus”.
Claro que focalizamos questões técnicas, apresentamos roteiros, critérios e
itens críticos a se considerar. Falamos, sim, sobre planos como a maneira de se
estabelecer um roteiro consistente para chegar ao lugar desejado, falamos de
organização como veículo que permite a execução coordenada dos planos dan-
do-lhe todo suporte e base para a execução, destacamos com critérios claros
e parâmetros de fácil visualização a responsabilidade da direção como aquela
que mantém a rota correta e evita desvios, destacamos a importância do con-
trole para que a viagem seja tranquila e cumpra as previsões, mas, por trás de
tudo isso, está um único item: o desejo de servirmos melhor a Deus e os proces-
sos em seus meios e forma de condução nos permitem isso.
Está aqui diante de você a fala do apóstolo que segue a ecoar: “procura apre-
sentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade” (2Timóteo 2,15 – BÍBLIA DO EXECUTIVO,
2004, p. 1155).
As ferramentas aqui apresentadas farão de você alguém aprovado e que,
diante das demandas da vida organizacional, ao dominá-las, não terá do que se
envergonhar. Tais subsídios dados nesta unidade somam-se ao manejar bem a
palavra da verdade, são complementares, e não excludentes.
Considerações Finais
140
Nos dias de hoje, as pessoas estão cada precisa ter significado. Assim, é fundamen-
vez mais atentas e exigentes em relação tal que as organizações fundamentem suas
às organizações, sejam públicas, sejam causas em seus valores.
privadas, sejam com fins lucrativos, sejam
filantrópicas. O comportamento que elas Transparência – as pessoas estão em busca
têm ou as posturas que assumem não da verdade. Qualquer suspeita de falta de
passam despercebidas aos cidadãos. A transparência as desmotiva. Elas não estão
esse propósito e com vistas a estimular tão preocupadas com organizações que
a sua reflexão a esse respeito, apresenta- mantenham a tradição, mas sim com aque-
mos a seguir uma análise a respeito do las que são transparentes.
que as pessoas esperam das organiza-
ções. Valem a pena a leitura e os insights Relacionamentos verdadeiros – as pessoas
que o texto traz. se cansaram da falsa camaradagem e de fal-
sas amizades. Elas querem relacionamentos
O QUE AS PESSOAS ESPERAM DAS ORGA- profundos e verdadeiros. Mesmo a tenta-
NIZAÇÕES tiva dos integrantes da nova geração de
ter centenas de relacionamentos mostra a
As organizações do futuro não podem ape- expectativa deles de encontrar um em que
nas se preocupar em assumir uma posição possam se aprofundar.
de destaque ou manter estratégias. Se não
estiverem atentas às necessidades dos indi- Um legado – todos querem trabalhar por
víduos, elas serão organizações de fachada. um legado. Como a mudança é inevitável,
As pessoas esperam das organizações que a tecnologia evolui a cada dia, o estresse
participam: da vida urbana enlouquece e alguns valo-
res da sociedade se tornaram relativos, as
Um propósito consciente – todos querem pessoas procuram algo pelo qual possam
fazer parte de algo que faça diferença no dedicar suas vidas para deixar um legado
mundo, que os realize e que gere trans- para a geração vindoura. Elas querem des-
formação na vida dos outros. Pode ser um cobrir algo pelo qual possam lutar e que
produto, um serviço ou uma causa, mas deixe uma marca no mundo.
1. O que é planejamento?
2. Estudamos, nesta unidade, que há três tipos de planejamento: estratégico, tático
e operacional. Com base nisso, analise as afirmações a seguir:
I. Planejamento estratégico e tático limitam-se ao âmbito militar.
II. Planejamento operacional concentra-se na etapa mais próxima da execução.
III. Planejamento estratégico tem impactos a longo prazo e é responsabilidade
dos níveis mais altos na hierarquia.
IV. Planejamento tático diz respeito às etapas cumpridas pelos níveis interme-
diários e sua contribuição para se cumprir etapas que compõem o planeja-
mento estratégico.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
3. Leia com atenção a seguinte situação:
Sua denominação definiu a filosofia de trabalho para o ano considerando maior
proximidade da comunidade. Sua igreja local definiu que faria 4 eventos ao lon-
go do ano. Você recebeu a incumbência de, dia 12 de outubro, dirigir um evento
social com recreação e evangelismo na vizinhança da igreja.
Com base nesse relato, analise as afirmações a seguir:
I. Será minha responsabilidade fazer o planejamento operacional.
II. Preciso fazer um planejamento estratégico para o evento.
III. Utilizarei a ferramenta 3Q1POC (5W1H) para definir as pessoas nas várias ati-
vidades do evento, definir duração, preparação inicial, custos, etc.
IV. As etapas de planejamento são dispensáveis para o evento em questão.
Está correto o que se diz em:
a) I e III, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) II, III e IV, apenas.
142
BÍBLIA DO EXECUTIVO: nova versão internacional. São Paulo: Editora Vida, 2004.
CAMPANHÃ, J. Luz! Plano! Ação!: como planejar à luz da realidade e agir para criar a
visão de futuro. São Paulo: Hagnos, 2010.
CARROL, L. Alice no país das maravilhas. Tradução Clélia Regina Ramos. Petrópolis:
Editora Arara Azul, 2002. E-book. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org-/
eLibris/alicep.html>. Acesso em: 10 ago. 2017.
HENDRICKS, H. G.; DOUGLAS, S. B. O ministério de administração. Tradução Minis-
tério Asas do Socorro. São Paulo: Editora Candeia, 1999.
JOINER, B. L. As metas gerenciais: gerência de quarta geração. Tradução de Eliane
Kanner. São Paulo: Makron Books, 1995.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceito, metodologia e práticas. São
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ORR, R. A. Liderança que realiza: como dominar princípios de liderança e técnicas
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Goiás: Asas do Socorro, 2000.
GABARITO
FERRAMENTAS E PRÁTICAS
IV
UNIDADE
DE GESTÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Conceituar e contextualizar o planejamento estratégico, incluindo os
termos missão, visão e valores.
■ Conceituar e diferenciar planejamento e gerenciamento de projetos.
■ Conceituar e estabelecer a importância do marketing na instituição
religiosa.
■ Estabelecer a importância da manutenção e atualização legal da
instituição.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Planejamento estratégico
■ Gerenciamento de projetos
■ Marketing religioso
■ Gestão contábil e jurídica de igrejas
149
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), liderança e gestão são termos recentes, ainda que ao longo de
toda a história humana e especificamente da história bíblica encontremos exem-
plos de personagens que se utilizaram destas práticas antes que se tornassem
termos e conceitos de uma disciplina.
A conceituação deles se deu a partir do mundo corporativo no século XIX
e, desde então, é tema recorrente em farta literatura. Eles surgem no contexto da
modernidade e da Revolução Industrial e são emprestados a diversos campos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
150 UNIDADE IV
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
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serão líderes e gestores da Sua obra.
Planejar, portanto, não admite o acaso. É uma forma de trabalhar com dados
precisos. Descobrir onde se está e até onde e como se pretende chegar.
A estratégia tem a ver exatamente com este controle das condições.
Especialmente, determinar onde estamos para criar as condições para chegar onde
desejamos chegar. É o uso eficaz das condições e dos recursos de que se dispõe.
Um planejamento estratégico precisa determinar alguns vetores para que
seja bem elaborado, bem executado e alcance os alvos a que se propõe. O plane-
jamento estratégico existe porque há um desejo das organizações quanto a um
futuro diferente do presente.
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A mudança que as organizações desejam não pode desfigurar uma boa ima-
gem ou reputação que eventualmente tenham perante seus clientes. As mudanças
propostas num planejamento estratégico são, na realidade, uma busca por mais
eficácia naquilo que a organização se propõe realizar e, portanto, um cliente
ou público-alvo cada vez mais satisfeito e cativo com o serviço adquirido. Sair
do status atual para um futuro é uma busca de reforço da imagem ou da marca
perante a clientela. Costa (2007, p. 33) define que propósito de uma organização
é “aquilo que ela almeja ser no futuro, a vontade, o seu desejo de ser e de agir. É
representado pelos conceitos de visão, missão, abrangência, princípios e valores
da organização e, eventualmente, de sua opção estratégica”.
Você deverá, então, dominar pelo menos os três conceitos mais populares
que são a visão, missão e valores. Algumas organizações têm esses pilares mesmo
sem ter consciência e conseguem caminhar bem; outras, no entanto, não os têm
de forma alguma e sofrem por não terem um rumo.
Visão e missão são dois conceitos distintos, mas complementares como as duas
faces de uma moeda (COSTA, 2007). Vamos, a seguir, tratar desses três conceitos.
VISÃO
Planejamento Estratégico
152 UNIDADE IV
Visão responde o que a organização quer ser hoje e sempre. O que ela persegue
constantemente.
“[Visão...] é o modelo mental de um estado ou situação altamente de-
sejado, de uma realidade futura possível para a organização” (COSTA,
2007, p. 36).
George Barna faz a ponte deste conceito para a realidade das igrejas e define a
visão ministerial como:
uma clara imagem do futuro preferível, proporcionado por Deus aos
Seus servos escolhidos, com base em uma acurada compreensão da von-
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tade de Deus, do próprio eu e das circunstâncias (BARNA, 1995, p. 12).
Além de explanar sobre cada sentença desta sua definição, Barna (1995) traz
uma lista de adjetivos para a visão:
■ A visão é clara.
■ A visão é preferível ao estado atual.
■ A visão enfoca o futuro.
■ A visão vem de Deus.
■ A visão é um dos dons conferidos aos líderes adaptados às suas
circunstâncias.
■ A visão reflete uma perspectiva realista.
■ A visão consiste no sonho mais possível.
■ A visão constrói a partir da realidade.
■ Um pastor visionário é um pastor bem-sucedido.
A visão deve ser ao mesmo tempo clara e simples; ambiciosa e inspiradora, ou seja,
deve proporcionar à organização e a todos os seus colaboradores uma autoimagem
simples e objetiva, além de gerar convicção e entusiasmo contínuos. Por isso, deve
ser constantemente lembrada, pois está no alicerce do propósito da organização.
zendo que nosso desejo é: Amar a Deus como Jesus ensinou (Mt 22,33-
37). Porque amamos a Deus, queremos amar o próximo, envolvê-lo
na obra de Deus e servir com a mesma atitude de Jesus e cumprir a
grande comissão no bairro do Morumbi, na cidade de São Paulo, no
Brasil e no mundo porque amamos a Deus (IGREJA BATISTA DO
MORUMBI, [s.d.]).
Planejamento Estratégico
154 UNIDADE IV
MISSÃO
É o conceito que vai dar direção à organização. Diz respeito ao que se deve fazer
hoje com o objetivo de alcançar o futuro que a visão enxerga. Segundo Costa
(2007, p. 36), ao ouvirmos uma declaração de missão, seremos capazes de iden-
tificar as respostas às seguintes perguntas:
Qual a necessidade básica que a organização pretende suprir? Que di-
ferença faz, para o mundo externo, ela existir ou não? Para que serve?
Qual é a motivação básica que inspirou seus fundadores? Por que sur-
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giu? Para que surgiu?
Ou seja, a missão responde “Para que serve? Por que faz o que faz?”, ao passo
que a visão responde “O que é isto?”. O mesmo autor dá o exemplo de uma casa:
a primeira pergunta é “o que é isto ou que projeto é este?” e a respos-
ta poderia ser “esta é a mansão dos meus sonhos, confortável, ampla,
acolhedora, que pretendemos construir”. Essa formulação seria o equi-
valente ao conceito de visão do prédio, da construção, do projeto. A
resposta à segunda pergunta – para que serve? – poderia ser algo como:
este imóvel servirá para acolher e abrigar nossa família pelo resto de
nossas vidas”. Essa frase seria a declaração de missão do projeto da casa
(COSTA, 2007, p. 37).
Mais uma vez, recorremos à Igreja Batista do Morumbi ([s.d.]) que em sua
declaração de missão aponta: “levar para o Caminho os que estão a caminho, e
torná-los verdadeiros seguidores de Jesus Cristo”.
Missão é a ação (ou ações) que definimos praticar constantemente e que nos
conduzirá(ão) para cada vez mais próximo da nossa visão.
VALORES
Toda organização tem suas crenças e as virtudes que adota para si. Mesmo em
tempo de mudanças profundas e necessárias, como na área da tecnologia, esses
valores não estão em negociação. É o seu credo, sua profissão de fé. São valores
inegociáveis. Não há meios-termos para eles. Com isso, diz-se que eles são res-
peitados ou estão sendo violados. Simples assim!
Valores têm a ver com valores éticos. Numa sociedade capitalista, é preciso com-
preender que o capitalismo só consegue sobreviver e florescer onde os valores
éticos são adotados e respeitados. Estamos falando de honestidade, lisura nos
negócios, fidelidade e compromisso assumidos.
Valores são os valores éticos e morais inegociáveis que uma organização con-
sidera como sendo seu credo e que não está disposta a violar.
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Planejamento Estratégico
156 UNIDADE IV
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Aquilo que se alinha com a visão-missão-valores da organização será buscado e
realizado. O contrário será descartado, pois atrapalharia ou atrasaria a organi-
zação na busca de sua visão.
Triste é constatar que colaboradores que não se entusiasmam pela visão-
-missão-valores, isto é, são constantes críticos sem trabalhar para o seu sucesso,
em algum momento deverão deixar a organização e se associar com algo que
lhes seja mais compatível.
VISÃO ESTRATÉGICA
Costa (2007, p. 39-43) propõe que a organização precisa fazer a sua opção estra-
tégica, a qual consiste na decisão de “concentrar o seu foco, sua energia, seus
investimentos, sua atenção e suas ações estratégicas”.
A opção estratégica deve ser
uma tomada de decisão crítica con-
siderando o “trilema estratégico”
– para usar a expressão de Treacy
e Wiersema – ou “triângulo estraté-
gico”: fornecer produtos de ponta,
ou assegurar excelência opera-
cional, ou ter intimidade com os
clientes (COSTA, 2007).
Em outras palavras, podemos afirmar que uma igreja, por exemplo, deve-
ria optar por ter um culto e pregador altamente atraente sabendo que isso
trará sempre uma multidão às suas celebrações coletivas com valorização do
sentimento de satisfação do participante, mas dificultando a intimidade e a
comunhão; ou ter uma escola bíblica ou sistema de ensino muito bem estru-
turado sabendo que isso dificulta a permanência de adeptos pelas exigências
de etapas, tempo de estudo particular e a valorização do intelecto; ou ainda
ser uma igreja menor na qual todos possam conhecer todos sabendo que isso
dificulta novos adeptos se integrarem no grupo da igreja em que a comunhão
e a intimidade estão bem estabelecidas pela valorização dos relacionamentos
antigos e desta comunhão.
Costa (2007, p. 39-40) considera ainda que, primeiro, no mundo cor-
porativo está claro que há empresários que querem ser bons em tudo. Ele
argumenta, no entanto, que há de se considerar seriamente esta questão, pois
“os que querem ser bons em tudo acabam não sendo realmente os melho-
res em nada”.
Segundo, a opção estratégica não é arbitrária. É antes baseada num estudo
crítico sobre o contexto em que se está, a fim de perceber o que realmente pode
agradar o cliente ou dar certo.
Terceiro, que ao se fazer a opção estratégica por uma das três opções
não quer dizer simplesmente negligenciar as demais, mas trabalhar para
que as demais atinjam “no mínimo, um nível comparável à média do mer-
cado nesses aspectos”.
Planejamento Estratégico
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1° Qual é o nosso propósito ou o que nós queremos ser? – definir e ter claro
para todos o que é visão-missão-valores.
2° Como é o nosso ambiente externo ou “o que nos é permitido fazer?” –
considerar o contexto. Para uma empresa, ela teria que avaliar volumes
atuais e futuras demandas, nossos clientes, público a ser atendido, leis
e regulamentações, matéria-prima, recursos humanos e etc. Para uma
igreja, ela precisaria considerar o seu contexto, sua região, seus frequen-
tadores atuais e os que, na sua região, é possível alcançar, etc.
3° Como nós somos ou “o que nós sabemos fazer?” – fazer um inventário
do que já temos e podemos fazer com qualidade em termos de recursos
técnicos, patrimônio e recursos humanos e o que vamos precisar capa-
citar para viabilizarmos a visão-missão-valores.
A partir destas três respostas é que a organização está pronta para fazer sua
opção estratégica.
A Igreja Batista de Água Branca (IBAB), em Santos (SP), descreve sua
visão, missão e filosofia de ministério em um único texto, com base no que
foi explanado a respeito do que seria a visão, missão e os valores da igreja.
Primeiramente, faz referência à missão dela como “uma extensão da mis-
são de Jesus”:
Jesus inaugurou o reino de Deus, isto é, começou a agir para que a
vontade de Deus fosse feita na terra como é feita no céu. A Ibab quer
poder dizer a mesma coisa que Jesus dizia aos seus contemporâneos: “o
reino de Deus chegou até vocês”. A Ibab quer ser um sinal histórico do
reino de Deus. [...]
Planejamento Estratégico
160 UNIDADE IV
Tudo isso nos mostra a importância de uma visão estratégica a qual, por sua vez,
é determinante para se pensar no planejamento estratégico e tornar concretos os
projetos a serem desenvolvidos no âmbito das igrejas e ministérios.
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GERENCIAMENTO DE PROJETOS
A primeira lição a ser compreendida é que projetos têm ciclos de vida, ou seja,
começo, meio e fim e que as técnicas utilizadas em cada etapa e em cada pro-
jeto podem ser diferentes.
Segundo Maximiano (2006, p. 43-44), o PMBOK aponta cinco grupos de
processos de administração de um projeto em que cada grupo pode exigir um
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Cada processo pode exigir outros processos dentro de si, o que demanda mais
trabalho de ajustes do projeto. No entanto, Maximiano adverte que este momento
do projeto não é o mais desgastante, mas sim o seu início, quando as coisas ainda
estão sendo gestadas. Diz ele:
a ideia corresponde à fase de inspiração, que corresponde a 10% do
projeto. De acordo com a conhecida proporção de Thomas Edison, os
90% restantes são feitos de transpiração. Os 10% de inspiração, no en-
tanto, são a parte mais difícil de qualquer projeto, porque dependem
de criatividade e talento, que não se encontram com facilidade (MAXI-
MIANO, 2006, p. 46)
Planejamento Estratégico
162 UNIDADE IV
Prepare o projeto
Isso significa que o projeto deve ser apresentado pronto, ou seja, deve ser apre-
sentado com:
■ Sua concepção, base teórica ou fundamentação bíblica, se for o caso.
■ Seu cronograma de atividades, isto é, o quê e quando se fará no
começo-meio-fim.
■ Os recursos humanos e materiais a serem alocados.
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Mobilize recursos
Realize as atividades
Espera-se que, nesta fase, todo o material conceitual esteja pronto e o desafio
agora é não permitir que a equipe “sabote” o próprio projeto não cumprindo os
prazos e tarefas do cronograma.
Berkun (2008, p. 195-197) orienta essa fase falando sobre “como obter o
melhor das pessoas”.
■ Seguir conselhos. Ele diz: “ouvir sugestões é uma coisa, e fazer algo a res-
peito é outra”. Seja sensível para não deixar de fazer parte da equipe ou
para que alguém se sinta fora da equipe.
■ Desafiar ou criar exigências. “Manda quem pode, obedece quem tem
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juízo” é um dito popular que tem pouco valor quanto mais inteligentes
forem as pessoas com as quais você trabalha. Logo, aprenda a fazer desa-
fios inteligentes e bem-humorados: “A equipe que primeiro realizar a tarefa
ganha a pizza ou a caixa de chocolate!”. Porém, seja honesto se algum
problema for causado sob sua responsabilidade. Se for assim, assuma…
Desculpe-se e diga que não há outra maneira de corrigir a não ser pelo
esforço de todos… As pessoas inteligentes percebem isso.
■ Inspirar. É difícil simular emoções. Então seja sincero, positivo e convide
outras pessoas a segui-lo quando tiver uma boa ideia.
■ Eliminar as barreiras. Procure os problemas que estão retardando o pro-
jeto e elimine-os. Ouça a equipe e faça com que sintam que você está ali
para ajudá-los.
■ Lembre às pessoas as respectivas funções. É uma forma de valorizá-las
e serem lembradas que suas funções ou tarefas são importantes e fazem
parte do projeto e sua ação.
■ Lembre às pessoas as metas do projeto. Cabe ao gestor não perder a perspec-
tiva ampla do projeto nem deixar que seus colaboradores também percam.
É importante compreender que fazem parte de algo maior do que elas.
■ Ensinar. Se você conhece um truque ou o caminho das pedras... passe
adiante. Isso permitirá que as pessoas realizem suas tarefas de forma
mais ágil.
■ Pedir. Parece óbvio, mas isso raramente acontece. Basta pedir às pessoas
que deem o melhor de si.
Planejamento Estratégico
164 UNIDADE IV
Encerre o Projeto
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casa de caridade é um projeto e o produto arrecadado pode ser exposto
e os que participaram chamados à frente para uma oração de gratidão.
■ Administrativas: quando há a necessidade de uma formalização; por exem-
plo, a comissão que liderou uma reforma específica no prédio da Igreja e
apresenta seu relatório de atividades realizadas, custos e saldo devolvido
à Igreja. Há, ainda, o trabalho de uma comissão de sucessão pastoral que
pode terminar no dia da eleição do novo pastor ou ir até o dia da posse.
Tudo isso precisa ser registrado em ata. No caso, ambas as comissões são
extintas formalmente quando seu relatório é aprovado pela assembleia.
Podemos concluir que gerenciar projetos constitui uma tarefa que representa
um desafio para todas as organizações. As instituições eclesiásticas não ficam de
fora desse exercício que deve fazer parte da cultura delas. Tal cuidado é determi-
nante para tornar concretas a visão, a missão e os valores pregados e difundidos.
MARKETING RELIGIOSO
Marketing Religioso
166 UNIDADE IV
Para Barna, marketing poderia ser traduzido por mercadologia, que foi o termo
que não “pegou” no Brasil. O termo traduziria bem o que o marketing quer tratar:
em outras palavras, atividades como a propaganda, as relações públi-
cas, o planejamento estratégico, a pesquisa de audiência, a distribui-
ção de produtos, o levantamento de fundos e o preço dos produtos, o
desenvolvimento de uma declaração de visão, e, finalmente, serviços
prestados aos clientes, são todos elementos que fazem parte do marke-
ting. Quando esses elementos são combinados em uma transação em
que as partes interessadas trocam itens de valor equivalente, então foi
consumado o ato de marketing (BARNA, 1997, p. 22).
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Barna produz material para rebater críticas sobre a ideia da ação da Igreja
promover uma “troca de itens de valor equivalente” quando proclama o
Evangelho e diz:
o que é trocado num encontro evangelístico? O incrédulo dedicou al-
gum tempo para ouvir a sua mensagem. Se ele resolver abraçar a Jesus
como seu Salvador, então terá desistido da liberdade mundana e da na-
tureza pecaminosa e terá concordado em consagrar-se a seguir a Jesus
Cristo. E, em retorno, ele obtém a certeza da vida eterna da parte de
Deus. Os cristãos desempenham um papel intermediário na transação
(BARNA, 1997, p. 23).
Para maquiar essa relação, Barna (1997, p. 25-26) afirma que foi desenvol-
vida uma série de expressões que aludem ao marketing na Igreja: “crescimento
de igreja, dinâmica da igreja, desenvolvimento da congregação, ministério
estratégico, expansão da comunidade, crescimento numérico da congregação,
edificação do reino”.
Para mostrar o quanto já estamos envolvidos e engajados pelo marketing
em nossas ações cotidianas na Igreja, esse autor pergunta:
Quantas das atividades abaixo caracterizam a sua igreja? Propaganda
pelos jornais; anúncios nas “páginas amarelas”; um sinal no gramado
ou na própria fachada do templo alistando o nome da igreja (e talvez o
nome do pastor), o número do telefone da igreja, os horários de culto, e
talvez o título do próximo sermão; uma brochura ou folder ou descreva
a missão de sua igreja e alguns de seus programas e ministérios prin-
cipais; cartazes ou anúncios em boletins dispostos ao redor da igreja;
cartas enviadas aos membros da igreja acerca de atividades da igreja;
algum tipo de chamada aos membros, como o Dia da Bíblia, ou algum
tipo de carta-circular com notícias de atividades (BARNA, 1997, p. 26)
A esses itens listados no longínquo ano de 1997 podemos acrescentar: sua igreja
tem site, página no Facebook, envia mensagens de áudio, vídeo ou imagens via
WhatsApp, transmite cultos on-line ou os mantém disponíveis na página da
Internet? Mantém podcasts no site? Sua igreja oferece um cartão aos visitan-
tes para que eles identifiquem a si e a alguma necessidade? Entrega de brinde a
caneta com a qual o visitante preencheu o cartão? Envia mensagens de gratidão
pela visita no e-mail de visitantes?
Todas essas são ações de marketing que pretendem fazer com que alguém troque
a sua maneira de viver por uma vida de relacionamento com Jesus e a igreja local.
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O marketing é uma ciência, pois acumula uma série de saberes e técnicas que
determinam a aplicação e alcance de sua ação. Para fins de comparação, Barna
identifica os quatro “Ps” do marketing na ação de uma igreja local. Não sem antes
argumentar que não está propondo que a Igreja “venda” o Evangelho ou coisa assim.
Barna está fazendo uma análise comparativa e crítica de como o marketing existe
e sempre foi praticado nas histórias das igrejas locais e cotidianamente na vida dos
cristãos, mesmo sem terem consciência disso. Ele desenvolveu o seguinte quadro:
Quadro 1 – Mix de Marketing: 4 “Ps”
Produto X Mercado
Marketing Religioso
168 UNIDADE IV
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do púlpito da Igreja. O pregador pode arbitrariamente (porque ele tem essa prer-
rogativa) fazer uma pesada série de sermões sistemáticos e recheados de textos
bíblicos sobre “Os atributos de Deus” – onisciência, onipotência, onipresença,
etc –, como um conteúdo perfeito (produto), e a própria congregação sentir-se
não muito interessada.
Também é possível fazer uma pesquisa próximo do final do ano sobre quais
os principais temas que a congregação tem dúvidas – depressão, o crente pode
suicidar-se, relações sexuais fora do casamento, divórcio e recasamento, etc. – e
preparar-se para, durante o próximo ano, abordar todos os temas por meio de
uma série de mensagens sobre o suprimento de Deus para as dúvidas da huma-
nidade e assim atender a “necessidade” da congregação, que é o mercado, sem
deixar de ser bíblico, ou seja, sem macular o produto bom.
Em contraposição, Barna (1997) afirma que há igrejas e líderes que tem
procurado apresentar o Evangelho dirigidas pelo mercado, ou seja, perceber as
necessidades das pessoas, atraí-las e, então, comunicar o Evangelho. Essa “téc-
nica” não desfigura, necessariamente, a mensagem do Evangelho, mas é uma
forma mais eficaz de comunicar a mesma verdade.
Barna desenvolve o seguinte quadro comparativo:
ORIENTAÇÃO PARA O
MERCADO
DIRIGIDA PELO PRODUTO DIRIGIDA PELO MERCADO
Enfoque No que se produz Para quem se produz
Motivação Fazer o que se deseja Atender necessidades
Alvo Satisfação pessoal Satisfação do cliente
Lema Leve ou deixe Como posso servi-lo?
Target Quem quiser o produto Clientela específica
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Marketing Religioso
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GESTÃO CONTÁBIL E JURÍDICA DE IGREJAS
No entanto, essa situação é passada e podemos afirmar que para o bem pude-
mos evoluir para registros mais técnicos a cada época.
Para se ter uma gestão contábil eficiente da Igreja, vamos identificar alguns
instrumentos importantes.
ESTATUTO
É a peça jurídica ou documento que dá existência à Igreja e por que ela existe.
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Você conhece o estatuto de sua Igreja? Você saberia dizer quais seriam os di-
reitos e deveres de um membro de sua Igreja? E quais seriam os motivos para
admissão ou demissão de associados?
Ela deverá ser organizada sob forma de “organização religiosa”, pois assim é defi-
nida pelo Código Civil. Outras questões técnicas deverão constar em capítulos
no estatuto, tais como patrimônio, formas de ingresso, disciplina de membros,
administração, eleição e destituição dos dirigentes entre outras.
Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I- a denominação, os fins e a sede da associação;
REGRAS PARLAMENTARES
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Além disso, e complementar ao profundo conhecimento do estatuto, é necessário
dominar as regras parlamentares que são essenciais na condução das assembleias e
reuniões nos diversos níveis de tomada de decisões dentro da Igreja. A garantia de
uma reunião ou assembleia bem conduzida é o respeito aos ritos determinados em
seus documentos, assim como o fracasso está diretamente ligado a quem preside.
Ata
Cabeçalho
Fonte: o autor.
Encerramento
Eu, Domitila de Castro Canto e Mello, primeira secretária que a tudo pre-
senciei, redigi a presente ata que é por mim assinada e pelo presidente.
Cidade, ___/___/___.
Fonte: o autor.
Não deve constar nesse encerramento a expressão “após a sua aprovação”. Isso
porque a ata é lida conforme registrada, e correções são feitas de acordo com
sua leitura na assembleia seguinte.
Para evitar essas correções, já que estamos em um mundo digital, basta
fazer uma revisão antes da leitura por meio de simples troca de e-mail.
Relatório
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foi realizado. Seu foco está no passado ou em ações que já foram feitas. Pode
ser reformado em relação a termos, mas não em relação às ações que descreve.
Parecer
ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE
dormimos com uma lei e acordamos com outra. Diante de tal realidade, a melhor
maneira de lidar com a gestão contábil e jurídica da Igreja é por meio da contrata-
ção de um escritório de contabilidade que tenha experiência com o Terceiro Setor
e possa manter a Igreja atualizada quanto às mudanças na legislação.
É essencial que se contrate com o escritório de contabilidade o treinamento
do pessoal da Igreja, sempre que necessário ou solicitado, quanto ao correto
manuseio e guarda de documentos.
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TÉCNICOS DA IGREJA
Além disso, é preciso trabalhar para que pessoas com conhecimento técnico e
qualificação formal atuem nos departamentos que deverão atuar na gestão. Por
exemplo, é interessante que pessoas que têm experiência na área administrativa
no mundo corporativo assumam o Ministério de Administração e que pessoas
com formação na área contábil participem do Conselho Fiscal.
A Igreja, apesar de ter “fins não econômicos”, mas sim fins especialmente
espirituais como organismo e corpo místico de Cristo que é, necessita de organi-
zação, visto que é essa organização que lhe permite sobreviver. O caos não gera
vida. A Igreja, então, precisa ser vista e tratada como uma organização na qual
se aplicam as ferramentas administrativas pertinentes e se respeita a legislação
vigente correndo o risco, inclusive, de não ser bem-sucedida na defesa da sua fé
por meio da liberdade de crença e culto garantida pela Constituição.
CNPJ
Para fins de exemplo, é importante notar que a Igreja precisa estar orientada e
protegida, por exemplo, pela Lei do Voluntariado quando reúne seus membros
para uma construção ou realização de um bazar, etc.
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suporte on-line. Existem vários no mercado e alguns são indicados pela própria
denominação. Cada Igreja pode adquirir um que atenda as suas demandas, ou
seja, ao pesquisar leve em consideração:
■ o sistema de governo da denominação;
■ a quantidade de membros que vai cadastrar;
■ a forma organizacional, se sede e filiais, se igreja em células ou modelo
tradicional com classes de EBD; se departamentos ou ministérios, etc.;
■ que determine níveis de acesso e acesso remoto.
Enfim, a melhor maneira de manter uma gestão contábil e jurídica eficaz é ter
sempre a assessoria de profissionais da área atuantes e atualizados. Alguns pre-
cisarão ser contratados, outros poderão fazer essa assessoria de forma voluntária
a serviço da Igreja e do Reino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A essa altura, você deve ter percebido que uma Igreja ou instituição religiosa
demanda capacitação na área administrativa. A ciência administrativa se apri-
mora ao criar novas perspectivas e ferramentas que podem ser agregadas ao
universo eclesiástico sem macular sua essência espiritual.
Há que se argumentar que para o Cristianismo tudo é sagrado. Então pode-
mos considerar que outras áreas do saber e suas técnicas, uma vez usadas para
o bem comum, são bênção de Deus para o serviço prestado com excelência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Uma instituição, então, não pode existir “ao deus-dará”. Ela precisa saber qual a
razão de sua existência, seus objetivos e valores, e ter um planejamento que defina
estratégias de como atingir esses objetivos de tal forma que reafirme seus valores.
As ferramentas que estão à disposição para uma liderança e gestão eficientes
são a declaração de visão, missão e valores. São elas que darão suporte ao pla-
nejamento estratégico – que tem enfoque conceitual e tático – e à promoção e
gestão dos projetos – que é a ênfase operacional –, que permitirão alcançar seus
objetivos, importantes para si enquanto organização e dentro da legalidade que
é uma forma de testemunho e penetração na sociedade em que está inserida.
Cabe aos líderes apropriarem-se desses saberes e dessas técnicas como ferra-
mentas para uma gestão eficiente e eficaz como expressão de seu compromisso
particular e coletivo de um serviço excelente no mundo, porém realizada para
a glória de um Deus excelente.
Nosso desejo é de que as reflexões aqui propostas – que passaram pelo
planejamento estratégico, conceitos de visão, missão e valores, gerenciamento
de projetos, marketing religioso e gestão contábil e jurídica – sejam frutíferas
para a sua formação. Ao mesmo tempo, devem ser estimuladoras para novas
discussões e descobertas, visando ao aprimoramento de sua prática profissio-
nal como líder ministerial.
Considerações Finais
178
A essência desta etapa, portanto, é resumida forma que as etapas venham a ser cum-
na identificação da forma e grau com que os pridas organizadamente, permitindo que
ambientes interno e externo poderão afetar revisões periódicas sejam realizadas sem-
a empresa na conquista de seus objetivos. pre que o cenário assim exigir.
Fome de Poder
Ano: 2016
Sinopse: a história da ascensão do McDonald’s. Após receber uma demanda
sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal,
o vendedor de Illinois, Ray Kroc (Michael Keaton), adquire uma participação nos
negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice “Mac” McDonald no sul da
Califórnia e, pouco a pouco, vai eliminando os dois da rede e transforma a marca
em um gigantesco império alimentício.
Comentário: apesar dos pesares, não se pode negar que o filme trata de pessoas
visionárias, que desenvolveram estratégicas e gestão de projetos em seus desafios.
183
REFERÊNCIAS
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vida pessoal e ministério cristão. Tradução João Bentes. 2. ed. São Paulo: Abba Press,
1995.
BARNA, George. O marketing a serviço da Igreja. São Paulo: Abba Press, 1997.
BERKUN, Scott. A arte de gerenciamento de projetos. Tradução Carlos Augusto Cal-
das de Moraes, Teresa Cristina Felix de Souza. Porto Alegre: Bookman, 2008.
COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão estratégica: da empresa que temos para a em-
presa que queremos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
ESTRADA, Rolando Juan Soliz & ALMEIDA, Martinho Isnard Ribeiro. A eficiência e a
eficácia da gestão estratégica: do planejamento estratégico à mudança organiza-
cional. Revista de Ciências da Administração, v. 9, n. 19, p. 147-178, set./dez. Santa
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Acesso em: 24 jul. 2017.
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morumbi.com.br/#/igreja/>. Acesso em: 20 jul. 2017.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos: como transformar
ideias em resultados. 2. ed. 6. reimp. São Paulo: Atlas, 2006.
OLIVEIRA, Aristeu & ROMÃO, Valdo. Manual do terceiro setor e instituições religio-
sas: trabalhista, previdenciária, contábil e fiscal. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
ROVER, Tadeu. CLT sofreu quase 500 mudanças em 70 anos. Consultor Jurídico, 28
abr. 2013. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-abr-28/consolidacao-
-leis-trabalho-sofreu-500-mudancas-70-anos>. Acesso em: 28 jul. 2017.
TREACY, M. & WIERSEMA, F.D. A disciplina de líderes de mercado: escolha seus
clientes, direcione seu foco, domine seu mercado. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
SEBRAE – SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS PEQUENAS E MICROEMPRESAS. Ins-
trumento de Apoio Gerencial 110. [S.d.]. Disponível em: <http://www.bibliote-
cas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/B6270FF790B-
50CB283257589005BE2D1/$File/NT0003FD3A.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2017.
GABARITO
1. Segundo Silveira e Bastias (2003), planejar significa criar um esquema para agir
(CUNHA, 1996). Também significa elaborar esquema para alcançar algo que se
deseje, contrapondo-se à improvisação, que é ação ao acaso... Planejamento
consiste num processo de tomada de decisões pré-estabelecidas e interdepen-
dentes, no qual a empresa procura alcançar um futuro desejado. Para realizar
um planejamento adequado, é necessário determinar objetivos específicos e
mensuráveis, com prazos finais realistas e alcançáveis. A definição dos objetivos
torna-se importante por proporcionar um senso de direção, focalizar os esforços,
guiar os planos e as decisões e ajudar a avaliar o progresso (apud ESTRADA; AL-
MEIDA, 2016, p. 149).
2. “[Visão...] é o modelo mental de um estado ou situação altamente desejado, de
uma realidade futura possível para a organização” (COSTA, 2007, p. 36).
3. Missão é a ação (ou ações) que definimos praticar constantemente e que nos
conduzirá(ão) para cada vez mais próximo da nossa visão.
4. Valores fazem referência a valores éticos e morais inegociáveis que uma organi-
zação considera como sendo seu credo e que não está disposta a violar.
5. Opção correta é a A.
6. Opção correta é a C.
7. A administração de um projeto é o processo de tomar decisões que envolvem o
uso de recursos, para realizar atividades temporárias, com o objetivo de fornecer
resultados. O resultado pode ser um produto físico, conceito ou evento, ou em
geral, uma combinação desses três elementos. (MAXIMIANO, 2006, p. 40)
8. Opção correta é a B.
Professor Me. Edvaldo Fernandes Rosa
V
UNIDADE
MINISTERIAL
Objetivos de Aprendizagem
■ Descobrir os modelos tradicionais de governo eclesiástico.
■ Conceituar o que é empreendedorismo social e sua relação com a
igreja.
■ Identificar quais são as orientações práticas para a organização de
eventos.
■ Apresentar direções para a gestão de tempo e produtividade do líder.
■ Compreender o que é responsabilidade social e sustentabilidade, e
sua relação com a igreja.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Modelos e características de sistemas de governos eclesiásticos
■ Empreendedorismo social
■ Organização de eventos
■ Gestão de tempo e produtividade do líder
■ Responsabilidade social e sustentabilidade
187
INTRODUÇÃO
Introdução
188 UNIDADE V
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tividade à própria existência a partir
da sua “experiência cultural e reli-
giosa” (STURZ, 2012, p. 536). Neste
sentido, o governo eclesiástico é a maneira como ela administra as questões
de relacionamentos, doutrinárias e legais no cotidiano de sua existência.
Você encontrará na Bíblia indicações da organização existente na Igreja
desde os seus primórdios. A melhor caracterização de modelos de governo dela
está nas informações no livro de Atos e nas demais cartas do Novo Testamento.
Esse conteúdo é importante porque retrata um contexto (período e locais)
em que já não havia a presença física de Jesus e eventualmente também de seus
apóstolos como no caso da igreja de Antioquia (At 11.19-21).
Ao que parece, a Igreja de Antioquia possuía uma pluralidade de líde-
res desde o início. Os líderes originais, de acordo com o nome (Simeão,
Lúcio e Manaém [At 13,1]), eram gregos. Tanto Barnabé como Saulo
foram judeus acrescentados posteriormente à equipe de líderes. Barna-
bé chegou da igreja de Jerusalém como seu representante (At 1,.22-24)
(STURZ, 2012, p. 606).
Podemos afirmar que a ausência das vozes autoritativas dos apóstolos ori-
ginais foi fator preponderante para que os membros das igrejas assumissem
a liderança nas decisões e, para tanto, precisassem e recebessem as infor-
mações necessárias para cumprir essa tarefa (STURZ, 2012). Além disso,
está registrado que Jesus Cristo utilizou a palavra igreja (do grego ekklēsia)
apenas duas vezes nos evangelhos (Mt 16,18; 18,17), sem preocupação com
uma estruturação sofisticada do governo dela, como podemos perceber ao
longo da história.
Também os termos bispo, presbítero, pastor e diácono, que são utilizados no Novo
Testamento, serviram para dar consistência a esses sistemas de governo eclesiás-
tico. Apresentaremos, de modo breve, cada um deles, considerando a perspectiva
de Grudem (1999).
Presbítero
Bispo
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afirmar que sua principal característica é a capacidade.
Pastor
O termo pastor vem do grego poimén, significa literalmente aquele que cuida das
ovelhas. Enfatizava a tarefa que a pessoa deveria desempenhar com dedicação prove-
niente de sua vocação. Podemos afirmar que sua principal característica é a vocação.
Podemos afirmar, portanto, que: presbítero – que orienta pela experiência e reputa-
ção – designa um cargo ou uma posição em uma igreja local; bispo – que supervisiona
– diz respeito a uma função, aquilo que um presbítero deve fazer; e pastor – que cuida
com dedicação vocacional – remete ao modo pelo qual a função deve ser realizada.
Diácono
O governo episcopal
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É o sistema mais antigo. Já no século II d.C., Inácio, bispo de Antioquia entre
68-107 d.C, fazia veemente defesa do episcopado, o que demonstra não só a sua
existência, mas também a resistência a esse modelo.
Foi o sistema que predominou na parte oriental da Igreja que se associou ao
governo do Império Romano e por isso foi chamada de Cesaropapismo. Hoje,
é identificada com a Igreja Católica Ortodoxa, enquanto a parte da Igreja no
ocidente (latina, romana) ficou sujeita ao bispo da diocese de Roma e é identifi-
cada com a Igreja Católica Apostólica Romana. Essa divisão se desenvolveu ao
longo de séculos. Essa Igreja ocidental é designada pelos protestantes de papal
ou papista, pois está subordinada à autoridade suprema do Papa (pai), que é o
bispo universal de Roma.
Ao longo da história, a Igreja papal inglesa se separa de Roma (1534 d.C.) e
se torna uma Igreja nacional episcopalmente governada e designada como Igreja
da Inglaterra (Church of England), ou Igreja Anglicana, ou, ainda, Igreja Episcopal
– desenvolvendo três teorias:
■ Erastianismo > defende que o rei da Inglaterra governa a Igreja assim
como o papa governa a Igreja romana;
■ Alta Igreja > defende o direito divino do episcopado, sendo este da essên-
cia da própria igreja. Essa teoria tem perdido terreno desde o século XIX;
■ Baixa Igreja > entende que o episcopado é uma questão pragmática sur-
gida no desenvolvimento histórico, mas que não é da essência da Igreja
(CULVER, 2012, p. 1224).
Ainda que em seus primórdios, por conta da forte influência batista de suas ori-
gens, e em algumas instâncias ainda tenha o modelo congregacional, a tendência
atual desta Igreja é a um forte apelo na direção do sistema episcopal de governo.
É razoável, portanto, afirmar que, na atualidade, ao tratarmos da teoria que
chamamos de sistema de governo episcopal, estejamos falando não em uma
única teoria e prática, mas em várias, ou seja, falamos de episcopados (CULVER,
2012; GRUDEM, 1999).
Governo presbiteriano
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O governo presbiteriano é uma forma de organização da Igreja que se caracte-
riza pelo governo de uma assembleia de presbíteros ou anciãos.
Ele surgiu como uma tentativa de resgatar o modelo bíblico e em oposição ao
episcopado individual papal e anglicano, especialmente na Escócia (calvinista),
nas Ilhas Britânicas, Países Baixos, França, Suíça e distritos europeus menores
na época da Reforma Protestante no século XVI.
O sistema de governo presbiteriano busca aliar o modelo bíblico com ênfase
na teoria do “conexialismo”, que afirma o princípio da prestação de contas e
dependência e submissão mútuas entre as igrejas locais. Essa teoria também é
adotada pelas Igrejas Metodistas, porém entre os presbiterianos a conexialidade
é mais branda do que entre os metodistas.
O sistema de governo presbiteriano é uma ordem crescente de conselhos. O
menor conselho de todos é o que está no âmbito da igreja local, porém é consi-
derado o mais importante, pois dele se derivam todos os demais.
No sistema de governo presbiteriano, os membros da igreja local elegem
um colégio de presbíteros local (sessão ou consistório nos EUA). Nos EUA,
é esse colégio de presbíteros local que elege o pastor da igreja local, também
identificado como “ministro docente” ou “presbítero docente”. No Brasil, são
as igrejas locais que elegem seus pastores que são apenas reconhecidos pelo
presbitério regional, isto é, o concílio imediatamente superior. No entanto,
para a igreja local que não têm condições financeiras de eleger seu pastor, o
presbitério regional comissiona um pastor que é pelo menos parcialmente sus-
tentado por este presbitério regional.
Essa eleição do pastor deve ser confirmada por um presbitério regional (cha-
mado de distrito ou classis nos EUA), pois o pastor não é membro da igreja local,
mas do presbitério regional. O presbitério regional também tem autoridade para
examinar os atos do colégio de presbíteros local.
Uma vez eleito, esse pastor fará parte do colégio de presbíteros local e será
o seu “presbítero mestre” ou “presbítero docente”.
O presbitério regional é formado por um presbítero leigo de cada igreja e
todos os demais presbíteros-pastores desse distrito.
Acima do presbitério regional, está o sínodo, que é composto de igual
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Congregacionalismo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de João aos “anjos” das “sete igre-
jas da província da Ásia” (Ap 2-3).
Também as cartas dos apóstolos
são dirigidas a comunidades locais
ainda que devessem circular pelas
diversas igrejas locais da região.
O sistema de governo congregacional entende que são as igrejas locais que
devem instituir seus próprios dirigentes (At 6.1-6). Neste contexto, em especial,
dá-se o entendimento de que o sistema de governo congregacional é uma monar-
quia de Cristo, exercida pelos membros da igreja local, dirigida pelas Escrituras,
mediante a iluminação do Espírito Santo que orienta a conclusões certas e à uni-
dade inteligente e voluntária com a combinação dos conselhos de todos e de uns
para com os outros.
De que o sistema de governo congregacional funciona devidamente quando
o membro é não somente habitado pelo Espírito Santo, mas também preenchido
por Ele, fazendo deste governo da igreja local uma função espiritual, sendo este
o cumprimento da intenção do Espírito Santo (Rm 8,27; 11,34) de conduzir toda
a Igreja a um só pensamento e num só parecer (1Co 1,10; 2Co 13,11), por meio
da mente de Cristo (1Co 2,6) em cada membro.
De que, desde o começo, todos foram cheios do Espírito Santo (At 2,1-
4; 4,23,31) e, mesmo depois de meia geração, o Espírito continuou a falar a
toda congregação sobre a separação de Barnabé e Paulo para a obra missio-
nária (At 13,2-3).
De que a atuação de uma igreja local é a expressão do poder do Espírito Santo ope-
rando pela combinação dos dons que concede a cada um de seus membros (1Co 12).
De que são as igrejas locais que têm o dever de observar e guardar o rito da
ceia do Senhor (1Co 11,17-34), além do dever de resolver os próprios desenten-
dimentos entre seus membros (1Co 6).
Finalmente, o sistema de governo congregacional entende que o único caso
que envolveu uma congregação e outras foi no Concílio de Jerusalém (At 15,1-
35), que parece implicar uma consulta e cooperação voluntária, e não alguma
conexão organizada, preestabelecida exatamente porque houve a tentativa de
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Governo representativo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
período de tempo. Essa é a forma de governo adotada pela Igreja Adventista
do Sétimo Dia (IASD), uma igreja restauracionista (CULVER, 2012), que tem
uma postura histórico-teológica que crê que o cristianismo histórico apos-
tatou, sendo necessário restaurar o cristianismo primitivo da era apostólica.
Surge formalmente em 1863, com a intenção também de resgatar um modelo
bíblico de governança. Em seu Manual, a Igreja afirma ser este “a forma... que
reconhece que a autoridade na igreja repousa nos seus membros, com a res-
ponsabilidade executiva delegada a entidades e oficiais representativos para
dirigir a igreja” (IASD, 2016, p. 24).
O sistema de governo representativo da IASD mesclou o sistema episco-
pal dos metodistas com o modelo presbiteriano. O resultado foi uma estrutura
representativa, com uma hierarquia flexível, mas com as decisões sendo toma-
das pelas comissões de delegados. Essa combinação visa evitar o absolutismo
dos líderes que ocorre no sistema episcopal papista bem como a excessiva liber-
dade da igreja local do modelo congregacional.
No sistema de governo representativo, a igreja local elege líderes que forma-
rão a associação, também chamada de missão ou campo local.
É a associação que dirige a igreja local, embora uma série de tarefas e fun-
ções cotidianas como o ensino, a administração e a tesouraria local, seja realizada
por seus membros. Também é a associação que ordena e comissiona os pastores
que servirão na igreja local por período predeterminado.
A associação é formada por todas as igrejas de uma região geográfica.
Enquanto a união congrega várias associações, várias uniões formam uma
divisão.
Governo autocrático
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como reconhecidamente eficazes para atrair e recrutar adeptos, mas ao mesmo
tempo são rejeitadas como antiéticas e antibíblicas.
É possível observar, portanto, que há, na história das controvérsias cristãs,
uma tentação de definir qual o único modelo de governo eclesiástico bíblico. No
entanto, você percebeu nesta unidade que os modelos de governos eclesiásticos
– episcopal, presbiteriano e congregacional – têm suas razões em suas interpre-
tações baseadas no Novo Testamento. Suas variações e combinações são a maior
prova de que eles são apenas meios, e não fins em si mesmos.
Podemos correr o risco do reducionismo, mas você pode explicar em poucas
palavras que o modelo de governo episcopal concede o poder para o seu pas-
tor ou bispo, o modelo de governo presbiteriano concede poder ao presbitério
da Igreja e o modelo de governo congregacional concede poder aos seus mem-
bros ou a um conselho de irmãos reunidos. O modelo autocrático não concede
poder; ao contrário, concentra o poder em um líder.
Em qualquer modelo de governo eclesiástico, existem bônus e ônus. Aristóteles
chamaria esses ônus de “vícios” ou aquilo que nos desvia da virtude ou equilíbrio e
degenera todo o sistema de governo. Os cristãos chamarão este perigo de tentações.
O sistema de governo episcopal pode concentrar poder demais na mão de um
único líder, tornando-o autoritário e incapaz de prestar contas à Igreja. O sistema
de governo presbiteriano pode criar uma elite oligárquica dentro da congregação
que decide sobre os demais. O sistema de governo congregacional pode minar
a autoridade legalmente determinada ao líder local.
Portanto, não temos como definir um modelo eclesiástico mais bíblico, pois
todos têm pontos fortes e fracos.
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Empreendedorismo Social
202 UNIDADE V
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baseiam-se nas necessidades do mercado.
Segundo Filion, “um empreendedor então é uma pessoa que imagina, desen-
volve e realiza visões” (CHAGAS, 1999, p. 28).
Você já percebeu que a expressão empreendedorismo está fortemente ligada
ao ambiente coorporativo. Isso ocorre porque seu surgimento estaria associado
ao desenvolvimento econômico, especialmente como característica inerente ao
capitalismo.
Segundo Schumpeter, podemos associar o empreendedorismo ao que ele
chamou de
processo de destruição criativa, fundamentando-se no princípio que
reside no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de pro-
dução e novos mercados; em síntese, trata-se de destruir o velho para
se criar o novo (DEGEN, 1989, p. 9).
TERCEIRO SETOR
Empreendedorismo Social
204 UNIDADE V
carentes áreas de atendimento social da sociedade. Mas também por uma cons-
ciência cada vez maior que atende duas vertentes: a própria sociedade percebe
a falta do Estado e reconhece a contribuição que pode ser dada pelo indivíduo e
pelas empresas que enxerguem para além de seus interesses privados. Segundo
Rochefeller (citado por MACHADO FILHO, 2013, p. 103):
[É] um setor menos visível do que o normalmente dominante no mundo
dos negócios e do governo. Enquanto esses dois reinos foram e continu-
am a ser microscopicamente examinados e analisados, e suas fronteiras
em geral já foram, identificadas por especialistas e leigos de plantão, o
terceiro setor – constituído por organizações e associações não-gover-
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namentais e sem fins lucrativos – continua a ser como uma terra incóg-
nita, quase inexplorada no que diz respeito a sua dinâmica interna, suas
motivações e suas relações sociais, econômicas e políticas com o resto do
mundo. [...] Na verdade, é no seio desta esfera institucional que quase
toda a contribuição filantrópica – doações e voluntariado – se transforma
em ação de ajuda, ou seja, bens e serviços para os beneficiários finais.
CRISTOLÂNDIA
ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS
Matias (citado por COUTINHO, 2010, p. 14) expande essa definição ao afir-
mar que o evento é a “soma de ações previamente planejadas com o objetivo de
alcançar resultados definidos perante seu público-alvo”.
Organização de eventos é uma atividade técnica que tem por finalidade maxi-
mizar resultados nos encontros promovidos pela Igreja por meio da definição e
planejamento prévio dos objetivos a serem alcançados.
Organização de Eventos
206 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esses três itens antecedem a organização do evento, pois eles é que determi-
narão a necessidade de um evento. Todo evento deverá responder à pergunta:
este evento está de acordo com nossa visão, missão e valores?
Ao organizar um evento que atendeu ao critério da “visão-missão-valores”,
deve-se seguir alguns passos. Para sermos didáticos, apresentaremos os passos
e os preencheremos com um exemplo. Esse exemplo de evento está baseado em
fatos reais e terá alguns dados modificados para preservar a integridade das per-
sonagens que vivenciaram a experiência.
Projeto Unidade
Objetivo
O objetivo é aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma ação. A sua
definição deve ser clara, simples e mensurável.
Estratégia
Organização de Eventos
208 UNIDADE V
Plano de ação
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participação com dons, talentos e
(4) recursos financeiros.
ESTRATÉGIA
Levar membros da Igreja a terem
uma (1) visão bíblica a respeito dos
privilégios e responsabilidades de
fazer parte da igreja local e levá-los
a (2) se comprometerem com o
progresso da Igreja Unida.
PLANO DE AÇÃO OBJETIVO RESP. DATA CUSTO
Realizar encontros de ensino e Gerar unidade doutriná-
treinamento da liderança da Igreja ria e atitudinal.
sobre a doutrina da Igreja, utilizan-
do a revista “Xxxxx Xxxx” Ed. XXX.
Preparar uma lista de membros au- 1. Identificar membros
sentes e potenciais membros entre ausentes.
os congregados. 2. Identificar poten-
ciais membros entre
os congregados.
Definir uma semana para visitar Fazer contato pessoal e
todas as pessoas alistadas. individualizado.
Dividir a liderança em grupos de 1. Fomentar um am-
dois ou três irmãos para oração biente de oração,
pelo projeto e para realizar a visita. dependência e
amor.
2. Fazer contato pes-
soal com duas ou
três testemunhas
(conf. Mt 18,15-20).
dos.
tária
2. Conduzir o congre-
3. Exortar ao retorno à comu-
gado a assumir o
nhão a partir da visão bíblica
compromisso com a
de igreja
Igreja pelo batismo,
4. Orar abençoando ou liberan- reconciliação ou
do. carta.
3. Produzir frequên-
cia aos (1) cultos e
programações, (2)
contribuição por
meio de dons, ta-
lentos e (3) dízimos
e ofertas.
Apresentar relatório à Igreja Atualizar e regularizar
o rol de membros da
igreja até __/__/____.
Fonte: o autor.
Organização de Eventos
210 UNIDADE V
Recursos financeiros
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■ E o que faremos para sermos superavitários?
Isso tem a ver com a produtividade, ou seja, com a obtenção de resultados e, mais
especificamente, “daqueles resultados” em quantidade, qualidade e no período
definido previamente no planejamento.
Para tanto, há duas perspectivas a serem consideradas.
ADMINISTRADOR DO PROJETO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sos envolvidos estão sob seu governo. Logo, é ele o responsável por coordenar
“aqueles” e “aquilo”, ou seja, relaciona-se de uma posição de quem olha de “fora”
e “de cima” para dentro, literalmente.
Ele é responsável por fazer com que o cronograma de atividades se efetive,
ocorra nos prazos definidos no planejamento, ou seja:
■ As atividades - o que deve ser executado;
■ Os procedimentos - como deve ser executado;
■ Realizados pelas pessoas certas - o responsável por executar;
■ No prazo do cronograma de atividades - quando deve ser executado.
PARTICIPANTE DO PROJETO
Em segundo lugar, o gestor relaciona-se com o projeto como quem faz parte do
processo. Ainda que, acima dele, está visceralmente envolvido nele. Nesse sen-
tido, precisa estar atento para que ele próprio realize os seus procedimentos na
hora certa a fim de não atrasar o cronograma de atividades do projeto.
Para ser este gestor que administra o projeto (cronograma de atividade e
pessoas), e ao mesmo tempo a si mesmo, é necessário desenvolver ferramentas
de gestão ou métodos que possibilitem avaliar se estão ocorrendo assimetrias
no processo de execução do projeto.
Administrar a si mesmo
LÍDER COACH
Empenhado no futuro a ser criado, seja Foco no futuro de uma pessoa ou de
na visão de um país, seja na de uma um grupo.
organização.
Foco maior nos resultados. Foco maior nas pessoas.
Analisa o desempenho do negócio. Ajuda a pessoa a analisar o seu desem-
penho.
Antecipa problemas/necessidades do Estimula a pessoa a antecipar seus
negócio. problemas e suas necessidades.
Articula estratégias e recursos de Ajuda a pessoa a criar, analisar e usar os
negócio. próprios recursos.
Não tem compromisso de assessorar Tem compromisso de assessorar pesso-
pessoas de forma direta e, quando o as mesmo quando elas não pertencem
faz, concentra-se em sua equipe. a sua equipe.
Tem seguidores. Não tem seguidores, é ele quem “se-
gue” a pessoa.
Fonte: Araújo citado por Germano (2017, p. 38).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
te, bem como articula as estratégias e recursos. Ainda, não tem compromis-
so de assessorar pessoas de forma direta e, quando o faz, concentra-se em
sua equipe e tem seguidores.
O coach, por sua vez, tem foco no futuro de uma pessoa ou de um gru-
po, ajudando-os a analisarem o seu desempenho. Além disso, os estimula a
anteciparem os próprios problemas ou necessidades, auxiliando-os a criar,
analisar os recursos de que dispõem. Seu compromisso é assessorar pesso-
as, mesmo que não sejam de sua equipe; não tem seguidores, é ele quem
“segue” a pessoa ou o grupo.
Fonte: Araújo citado por Germano (2017, p. 38).
Ainda que vivamos num momento em que a palavra “excelência” nos remeta
à ideia de algo extraordinário ou excepcional, a verdade é que a palavra pode
ser entendida como algo muito bom. Uma tarefa bem-feita sempre demons-
tra excelência também. O perfeccionismo, no entanto, impede que uma tarefa
bem-feita seja apresentada.
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Não procrastinar
Além desses fatores ligados à personalidade do líder, o desperdício de tempo pode ser
ocasionado basicamente por cinco fontes que são listadas por Bernhoeft (1989, p. 90).
■ Estruturais, relacionadas à estrutura organizacional: indefinição
dos níveis de responsabilidade/autoridade, ausência, ineficiência,
excesso ou mau uso de normas internas e etc;
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■ Culturais, relacionados a cultura e hábitos organizacionais tais
como excesso de formalismo ou informalidade, centralização e etc;
Há várias orientações para o líder não desperdiçar seu tempo. A seguir, uma
ótima e útil relação dos desperdiçadores de tempo:
■ Incapacidade de dizer não;
■ Interrupções por telefone;
■ Uso inadequado de auxiliares;
■ Abandonar um trabalho antes de terminar para assumir outro;
■ Convocar ou participar de reuniões desnecessárias;
■ Dedicar-se demasiadamente ao convívio social (vulgo cafezinho);
■ Ler revistas, jornais, livros, documentos e relatórios sem importância
direta para seu trabalho;
■ Perfeccionismo ou procrastinação.
Diante de todos esses desperdiçadores de tempo, Rodrigo EV (2015, on-line)2
propõe usarmos com sabedoria a diferenciação do urgente e do importante, e
aprendermos a dividir todas as tarefas em categorias. Diz-se popularmente que
“Urgente vai ter toda hora... Você precisa descobrir o que é importante”. Neste
Até aqui, pensamos na pessoa do líder como gestor do seu próprio tempo em busca
de produtividade, ou seja, de contribuir e não atrapalhar para que o cronograma
de atividades de um projeto seja cumprido. Agora, vamos pensar no projeto em si.
Diagrama de Gantt
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Figura 1 - Cronograma de progresso do projeto
Cronograma
Redação 1º capí-
tulo
Redação 2º capí-
tulo
Redação 3º capí-
tulo
Redação da con-
clusão, bibliografia
e da introdução
Revisão de estilo,
gramatical, etc.
Entrega do texto
(Dissertação ou
Tese)
Defesa
Fonte: o autor.
Montagem do cronograma
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■ Sequenciar - organizar em ordem lógica as atividades do cronograma.
■ Estimar recursos - prever recursos humanos e financeiros requeridos para
executar cada atividade.
■ Estimar tempos - prever o período necessário para conclusão de cada
atividade.
■ Desenvolver - análise das sequências das atividades, suas dependências,
durações e recursos requeridos para criar o cronograma.
■ Controlar - controlar o cumprimento e as alterações efetuadas no cronograma;
INCULTURAÇÃO
ENCARNAÇÃO
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lidade social como expressão da
encarnação do Evangelho que
prega: assistência social, o ser-
viço social e a ação social.
Hoje, a escravidão causa repulsa no mundo civilizado e é conside-
rada incompatível com os princípios cristãos. No entanto, imaginemos o
Brasil no tempo da escravidão. Naquele tempo, a escravidão era justificada
pela sociedade; amparada pelo Estado, que lhe assegurava sua legalidade; e
teologicamente justificada pela Igreja, que abençoava os navios negreiros
desejando-lhes uma “boa caçada”.
Várias atitudes poderiam ser tomadas pelos cristãos em relação aos escravos.
Assistência social
A primeira atitude seria estimular os indivíduos a levar água e pão e cuidar das
feridas dos negros açoitados e pendurados no pelourinho. Seria um gesto nobre,
meritório e oportuno, sem dúvida, mas não satisfatório. Tal atitude tipifica a assis-
tência social (ou assistencialismo), uma vez que só aliviava os sofrimentos dos
escravos. Manter o nível assistencial seria impor-se a uma tarefa sem fim, uma
vez que todos os dias haveria novos escravos no pelourinho para cuidar. Seria
tal gesto um paliativo apenas. Para levar o amor cristão às últimas consequên-
cias, seria necessário ir mais longe.
Serviço social
A segunda atitude seria reunir as pessoas mais sensíveis e de visão mais ampla,
sem deixar de fazer aquela caridade, e organizar coletas de recursos entre os livres
a fim de comprar a liberdade dos escravos, assegurando-lhes um emprego, ini-
ciando-os na vida, para que nunca mais precisassem ser açoitados no pelourinho.
Isso seria a solução total do problema pessoal. Entretanto, para alguns poucos
agraciados, isso equivaleria a um programa de serviço social. Todavia, mesmo
ofertas para comprar a liberdade de um número cada vez maior de escravos seria,
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Ação social
Essas atitudes, entretanto, por mais justas e razoáveis que nos pareçam hoje,
foram fonte de profundas amarguras e provações. Era necessário lançar-se contra
a própria instituição da escravatura. Aboli-la, para que não houvesse mais escra-
vos para curar nem para comprar, pois não se estanca uma hemorragia com um
algodão, nem se pode manter um torniquete indefinidamente. Impõe-se fazer
as suturas definitivas ou eliminar as suas causas orgânicas. Este é o espírito e o
sentido da ação social.
Impulsionados pela consciência e o amor cristãos, os que lutaram contra a
escravidão foram considerados “subversivos”, uma vez que a escravatura era legal.
As “forças vivas” da sociedade os tacharam de “hereges” e “heterodoxos”, pois a
religião organizada fornecia cobertura doutrinária às razões dos escravagistas. Os
que se esforçaram para fazer conformar a estrutura social com os “claros princípios
do Evangelho, para assegurar aos indivíduos o direito à liberdade e à dignidade”,
foram identificados como “agentes” pagos pelas potências estrangeiras, preocu-
pados apenas com a divulgação, no país, de doutrinas políticas e filosofias sociais
consideradas esdrúxulas e até anticristãs, como os princípios de “igualdade, liber-
dade e fraternidade”, da Revolução Francesa, e da “democracia representativa” dos
Estados Unidos, que começavam a empolgar o mundo ocidental civilizado!
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De acordo com o Business for Social Responsability (BSR), embora não
exista uma definição unanimemente aceita para o termo responsabili-
dade social corporativa, a expressão se refere, de forma ampla, a deci-
sões de negócios tomadas com base em valores éticos que incorporam
as dimensões legais, o respeito pelas pessoas, comunidades e meio am-
biente (MACHADO FILHO, 2013, p. 24)
A metáfora dos discípulos de Jesus como sal e luz (Mt 5,13-16), tem duas lições
afirmativas. A primeira é que o sal era um elemento invisível que tinha a fun-
ção de preservar a carne ou retardar seu apodrecimento. A segunda é que a luz
da candeia que ilumina a casa tinha a função de servir como referencial para a
locomoção das pessoas dentro da casa.
Logo, a Igreja – a coletividade dos discípulos de Jesus – precisa ser para a
sociedade o elemento que a preserva ou retarda o seu apodrecimento, servindo
como referencial para esta mesma sociedade (STOTT, 2001, p.48-61).
Sendo assim, deve haver o diálogo entre o mundo corporativo – que precisa tomar
decisões com base em valores éticos – e a Igreja Cristã – que pretende apresentar a
ética judaico-cristã como referência para esta sociedade –, de tal maneira que as ações
práticas das empresas ultrapassem as metas do lucro monetário como único propósito.
Isto é, O BSR Institute sustenta que o conceito de empresa socialmente
responsável se aplicará àquela que atue no ambiente de negócios de forma
que atinja ou exceda às expectativas éticas, legais e comerciais do ambien-
te social na qual a empresa se insere (MACHADO FILHO, 2013, p. 25).
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social que exige. Não apenas porque exige dos demais setores da economia, mas
essencialmente porque isso é correto ou ético, pois a responsabilidade social está base-
ada em argumentos éticos e instrumentos racionais que atendem a não religiosos e
religiosos. Nesse caso, tanto aqueles que defendem uma Igreja atuante na sociedade
quanto aqueles que defendem a não intromissão da Igreja no Estado terão de ceder
aos argumentos da responsabilidade social. Conforme Claudio Machado Filho diz:
argumentos éticos são derivados de princípios religiosos, referencial
filosófico ou normas sociais prevalecentes... a firma deve se comportar
de uma maneira socialmente responsável porque é moralmente corre-
to agir assim. Possuem um forte componente normativo... Argumento
instrumental... é baseado em algum tipo de cálculo racional, segundo o
qual o comportamento socialmente responsável beneficiará a empresa
como um todo… [ao] minimizar riscos de perda de reputação e explorar
oportunidade de criação de diferenciação em relação aos competidores
menos “socialmente responsáveis” (MACHADO FILHO, 2013, p. 27).
Você deve ter percebido que a responsabilidade social traz um ganho de capi-
tal institucional ou de reputação. Enquanto os argumentos éticos buscam o
que é anterior aos empreendimentos de uma empresa, ou seja, a essência do
certo e errado independentemente dos negócios, os valores instrumentais
levam em consideração a essência da empresa (privado com fins privados),
pois é capaz de contabilizar “perda de reputação” e ganhos frente aos “com-
petidores menos socialmente responsáveis”, preservando, assim, a essência de
empresa ou a capitalização do seu negócio.
SUSTENTABILIDADE
TRANSFORMAÇÃO HOLÍSTICA
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Após um primeiro momento em que alguns membros não queriam concordar
que suas famílias frequentassem a perigosa região onde estava a área de prosti-
tuição, as negociações culminaram com a compra do prédio, a desapropriação
do antigo inquilino, a reforma, a inauguração e a frequência de seus membros.
Constatou-se, assim, duas realidades: a primeira foi a alegria dos mora-
dores do bairro, que viram o entorno da nova igreja revitalizar-se com o
fim da área de prostituição e a consequente valorização de seus imóveis. A
segunda foi que a área de prostituição não se extinguiu, apenas deslocou-se
para outro lugar.
Diante dessa realidade, surgiu a oportunidade da Igreja exercer sua respon-
sabilidade social por meio de um projeto de “ação social” que acolhesse aquelas
mulheres que sobreviviam da prostituição e as ajudasse a desenvolver competên-
cias pessoais e por intermédio de um programa de profissionalização que lhes
permitisse sustentarem a si e suas famílias de um modo digno.
O conceito de sustentabilidade aponta na direção em que todos os envol-
vidos pela existência da empresa são beneficiados. Só que a ação baseada neste
conceito se constitui num ganho de capital institucional ou de reputação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
230
Um dos temas mais presentes hoje na Ser empreendedor significa, acima de tudo,
sociedade é o empreendedorismo. Seja ser um realizador que produz novas ideias
por opção, seja por necessidade, é cada através da congruência entre criatividade
vez maior o número de pessoas que se e imaginação. Seguindo este raciocínio;
enveredam por esse caminho. Por essa a professora Maria Inês Felippe (1996)
razão, propomos uma reflexão a res- defende a ideia de que o empreendedor,
peito do que é ser empreendedor e, para em geral, é motivado pela autorrealização
tal, apresentamos a reflexão de Adriana e pelo desejo de assumir responsabilidades
Alvarenga da Rocha Pombo, do Serviço e ser independente. Considera irresistí-
Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias veis os novos empreendimentos e propõe
Empresas (Sebrae). sempre ideias criativas, seguidas de ação.
A autoavaliação, a autocrítica e o controle
O que é ser empreendedor do comportamento são características do
empreendedor que busca o autodesen-
O economista austríaco Joseph A. Schum- volvimento. [...]
peter, no livro Capitalismo, socialismo e
democracia, publicado em 1942, associa Maria Inês (1996) define empreendedor
o empreendedor ao desenvolvimento como sendo: “aquele capaz de deixar os
econômico. Segundo ele, o sistema integrantes da empresa surpreendidos,
capitalista tem como característica ine- sempre pronto para trazer e gerir novas
rente uma força que ele denomina de ideias, produtos ou mudar tudo o que já
processo de destruição criativa, fun- existe. É um otimista que vive no futuro,
damentando-se no princípio que reside transformando crises em oportunidades
no desenvolvimento de novos produ- e exercendo influência nas pessoas para
tos, novos métodos de produção e novos guiá-las em direção às suas ideias. É aquele
mercados; em síntese, trata-se de destruir que cria algo novo ou inova o que já existe
o velho para se criar o novo. e está sempre pesquisando. É o que busca
novos negócios e oportunidades com a
Pela definição de Schumpeter, o agente preocupação na melhoria dos produtos e
básico desse processo de destruição cria- serviços. Suas ações baseiam-se nas neces-
tiva está na figura do que ele denominou sidades do mercado”.
de empreendedor.
A pessoa nasce empreendedora?
Numa visão mais simplista, podemos
entender como empreendedor aquele que Segundo Fernando Dolabela Chagas (1999),
inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, consultor de importantes instituições em
enfim, aquele que realiza antes, aquele que todo o Brasil e também reconhecido por
sai da área do sonho, do desejo, e parte para ser um especialista em empreendedorismo,
a ação. “Um empreendedor é uma pessoa a tese de que o empreendedor é fruto de
que imagina, desenvolve e realiza visões” herança genética não encontra mais segui-
(FILION, citado por CHAGAS, 1999, p. 28). dores nos meios científicos.
231
O que leva alguém a ter o próprio negó- ■ sabe onde quer chegar;
cio?
■ confia em si mesmo;
Em geral, as pessoas que sonham em ter
o seu próprio negócio são movidas pela ■ não depende dos outros para agir;
ambição de ganhar muito dinheiro e ser porém, sabe agir em conjunto;
independentes. A simples ideia de estarem
subordinadas a alguém as apavora. ■ é tenaz, firme e resistente ao enfren-
tar dificuldades;
Algumas pessoas são levadas a abrir o seu
próprio negócio por motivos que, muitas ■ é otimista, sem perder o contato com
vezes, são alheios às suas vontades. Tais situ- a realidade;
ações abrangem exemplos de profissionais
que saíram de grandes organizações com ■ é flexível sempre que preciso;
recursos econômicos significativos e que
resolveram montar o seu próprio negócio; ■ administra suas necessidades e frustra-
aqueles que deixaram seus empregos para ções, sem por elas se deixar dominar;
se tornarem empresários e aqueles que, sem
a maior pretensão, herdaram algum negó- ■ é corajoso; porém, não é temerário;
cio da família.
■ sabe postergar a satisfação de suas
Na realidade, ser o próprio patrão implica necessidades;
estar exposto a constantes mudanças, assu-
mir responsabilidades e sofrer pressões da ■ mantém a automotivação, mesmo em
sociedade, dos órgãos governamentais e situações difíceis;
dos empregados. [...]
■ aceita e aprende com seus erros e com
Ser um grande executivo de uma empresa os erros dos outros;
não significa ser um grande empre-
sário. Vera Pati (1995) elenca algumas ■ é capaz de recomeçar, se necessário;
características que formam o perfil do
empreendedor de sucesso: ■ mantém a autoestima, mesmo em situ-
ações de fracasso;
232
1. Existem alguns elementos e situações que revelam que havia organização nas
igrejas do Novo Testamento. Com base no que foi estudado nesta unidade, leia
com atenção os itens a seguir, que podem dizer respeito a tais elementos.
I. Ritos e ordenança uniformes e carta de recomendação.
II. Presença de pastores-presbíteros e líderes que exerciam autoridade.
III. Instrução sobre disciplina corporativa.
IV. Reuniões fixas e periódicas e o exercício de dons espirituais pelos líderes.
Está correto o que se diz em:
a) I, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III, apenas.
2. Sabemos que nas igrejas do Novo Testamento havia funções cujo objetivo era
dar consistência aos sistemas de governo eclesiástico vigentes naquele período.
É correto dizer que essas funções eram:
a) Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres/doutores.
b) Presbíteros, bispo, pastores e diáconos.
c) Obreiro, diácono, presbítero, evangelista e pastor.
d) Pastor titular e pastores auxiliares.
e) Profetas, presbíteros e evangelistas.
3. Estudamos, nesta unidade, que a liderança local nas igrejas no Novo Testamento pos-
suía algumas características específicas. Com base nisso, identifique as três principais.
4. Os modelos de governo eclesiástico tornam possível fazer os agrupamentos de
igrejas e perceber nuances e adaptações que vão surgindo no decorrer da histó-
ria. Podemos citar o episcopal, presbiteral, o congregacional, o representativo e
o autocrático. Com base no que estudamos, associe tais modelos com as carac-
terísticas correspondentes.
234
1. Autocrático.
2. Congregacional.
3. Episcopal.
4. Presbiterianismo.
5. Representativo.
( ) Lógica de mercado.
( ) Representação piramidal e hierárquica.
( ) Mescla o sistema episcopal e presbiteriano.
( ) Assembleia de presbíteros.
( ) Oposição a qualquer ingerência externa na igreja local.
( ) Concentração de poder e gestão empresarial.
( ) Seus pilares são a autonomia da igreja local e a democracia.
( ) Ênfase no conexialismo.
( ) Elege delegados para uma assembleia geral.
( ) O sistema mais antigo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) 1 – 3 – 5 – 4 – 2 – 1 – 2 – 4 – 5 – 3.
b) 3 – 1 – 4 – 2 – 5 – 3 – 4 – 1 – 2 – 5.
c) 4 – 5 – 3 – 1 – 2 – 2 – 5 – 4 – 1 – 3.
d) 1 – 5 – 3 – 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 5 – 4.
e) 5 – 3 – 1 – 4 – 2 – 3 – 5 – 4 – 1 – 2.
6. É responsabilidade das igrejas acompanhar e fiscalizar os três setores da econo-
mia – Estado, Mercado e Terceiro Setor –, assim como elas devem estar atentas à
própria conduta, independentemente da linha religiosa que adotem. Com base
no que foi estudado, relacione os setores às lógicas correspondentes.
(E) Estado.
(M) Mercado.
(T) Terceiro Setor.
235
Depoimento sobre o projeto que inicia de forma assistencialista oferecendo comida, banho e
roupa diariamente a dependentes químicos na região da Cracolândia em São Paulo e progride até
atuar por meio do Serviço Social, mostrando uma transformação a partir do indivíduo.
Material Complementar
238
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIA ON-LINE
1. Opção correta é a E.
2. Opção correta é a B.
3. Pluralidade de presbíteros, um bispo local e pastor mestre como principal ativi-
dade.
4. Opção correta é a A.
5. Opção correta é a C.
6. Uma instituição sem fins lucrativos é aquela que não distribui seus lucros entre
seus associados.
7. Opção correta é a D.
8. Opção correta é a A.
241
CONCLUSÃO