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1.

João Calvino nasceu no dia 10 de julho de 1509, em Noyon, na


região da Picardia, norte da França.
Seu pai era Gérard Cauvin, promotor que atuava como
secretário apostólico de Charles de Hangest , bispo de Noyon .
Também atuou como procurador do Capítulo da diocese, ou
seja, da associação de clérigos, e como procurador fiscal da
província.
Casou-se com Jeanne Lefrane, filha de um abastado e
influente membro da sociedade de Noyon. Gérard e Jeanne
eram católicos fervorosos e tiveram 4 filhos: Charles, João,
Anthony e François, que morreu quando ainda era bebê.
João tinha 5 anos, quando sua mãe. Seu se casou novamente e
veio a ter mais duas filhas, dentre elas, Marie, que anos mais
tarde morou com João em Genebra.
2.1

01 Johannes Gutenberg desenvolve a prensa de


tipos móveis fundidos em jumbo, possibilitando
assim a impressão em larga escala de livros,
folhetos e cartazes. A obra escolhida para a
primeira impressão da história foi a Bíblia.

02 Renascimento e Humanismo estavam em alta


na Europa.

03 Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou 95


teses na porta da Igreja do Castelo de
Wittenberg. Basicamente, ele questionava esse
comércio de graças e o poder absoluto da Igreja
na fé popular — e afirmava que a Bíblia era o texto
primordial que deveria ser considerado, acima de
qualquer autoridade papal. Deu-se início a
Reforma Protestante.
3.1

Antes da morte de Jeanne, Gérard e sua esposa já haviam


consagrado o primogênito, Charles, ao sacerdócio. Em 1521,
quando João tinha apenas 12 anos, foi sua vez de ser
consagrado. Passou a receber um benefício eclesiástico, cuja
renda serviu-lhe de bolsa de estudos, tendo frequentado
inicialmente o "Collège des Capettes" em Nyon, onde adquiriu
conhecimentos básicos de latim.
Em 1523, João mudou-se para Paris e passou a morar com
seu tio Richard. Frequentou o Collège de la Marche, onde foi
aluno de Maturin Cordier, um dos melhores pedagogos
daquela época.
Em 1524 João Calvino passou a estudar no Collège
Montaigu. Escola renomada e reconhecida pela rigidez e pelo
excesso de castigos físicos e má alimentação. Grandes nomes
passaram por essa escola, além de Calvino, o reformador
escocês John Knox e Inácio de Loyola, o primeiro jesuíta,
fundador da Companhia de Jesus.
4.1

No ano de 1528, João Calvino colou grau de mestre em artes.

Faculdade
Porém, o pai de Calvino andava desanimado com a ideia do
sacerdócio de seus filhos, principalmente por causa dos
avanços da Reforma. Gérard já previa possíveis instabilidades

de direito na igreja no futuro, como pai, era de se esperar as


preocupações com os filhos. Além disso, o senhor Cauvin
estava tendo problemas em suas relações com o clero de
Noyon. Por esses motivos mudou sua opinião em relação aos
estudos do filho João e passou a exigir que ele fizesse o curso
de direito, não mais o de teologia.
Obediente ao pai, João deixou Paris e seguiu estudos de direito
em Orleans e depois em Bourges, cidade próxima de Paris.
Porém a preferência de Calvino continuou sendo a teologia.
4.2

Calvino precisou interromper seus estudos por causa da

Falecimento
doença do pai. Tristemente seu pai adoecera, tendo um final de
vida conturbado em relação à Igreja.
Gérard Cauvin acabou excomungado porque se atrapalhou

do pai e um na prestação de contas da catedral que administrava.


A decepção com a Igreja acabou agravando a doença de

novo rumo
Gérard. Em maio de 1931, Gérard Cauvin veio a falecer,
deixando o jovem Calvino, então com 22 anos, órfão.

na vida.
4.3
Após a morte de seu pai, a vida de João Calvino mudou novamente de
rumo, passou a estudar literatura clássica em Paris.
As faculdades de direito e literatura clássica contribuíram para formação de

Formação Calvino. Beneficiado pela oportunidade de estudar com grandes


mestres, Calvino pode se aprofundar no estudo da filosofia humanista.

em direito, Em 14 de fevereiro de 1532, clou grau em direito.


Após sua colação de grau, João Calvino publicou seu comentário da

e a primeira
obra de Sêneca, De Clementia (Sobre a Clemência). O conteúdo do
seu comentário era basicamente uma contextualização do texto de
Sêneca aos dias daquela época em que que o rerformador vivia.

publicação. Calvino pede ao rei a usar de clemência para os reformadores. A


Igreja francesa vinha condenando impiedosamente quaisquer novas
ideias que surgissem no campo religioso.
Apesar dessa referência, nada apontava para nenhum engajamento
de João Calvino com a causa protestante; como bom humanista,
apenas pedia moderação ao rei, como uma causa humanitária qualquer.
5.1

Não se sabe ao certo quando e como se deu a conversão de


Calvino. Mas podemos deduzir que alguns pontos contribuíram
para isso. E o primeiro deles foi a morte de seu pai e as
circunstâncias de seu falecimento. A família de João era uma
família clerical, e sempre esteve à disposição da Igreja. A morte
de seu pai foi agravada por causa dos conflitos com o clero e
principalmente a excomungarão, um ato de extrema vergonha
para aquela época.
Outro fato que podemos pontuar foi ele ter passado a residir
em Paris, na casa de Etienne de Laforge, um adepto da
Reforma. Foi lá também que Calvino tornou-se amigo de outro
novo adepto da Reforma, Nicolas Cop, professor de filosofia
na Sorbonne, principal universidade de Paris.
Outro ponto que se discute também é a busca por respostas
para as indagações de um jovem humanista francês. Muitos
jovens passam por essa fase e muitos acham em Cristo a
resposta para todas suas dúvidas. Para Calvino, a conversão
sempre era um caminho de Damasco, uma verdadeira crise
de identidade.
5.2

A partir daí, começou a metamorfose de Calvino, no outono de

Caso dos
1533. João Calvino passou de espectador para ator, umas
das principais vozes do movimento protestante na França.
Em outubro de 1534, a história do protestantismo francês viveu

placards um dos seus momentos mais tensos: a disputa dos placards


(cartazes). Os placards de 37cm por 25cm, afixados em vários
locais, criticavam a celebração da missa tal como ela era
realizada oficialmente pela Igreja Católica.
Calvino foi um dos principais atuantes do movimento placards e
ajudou a espalhar cartazes por várias cidades, dentre elas
Amboise, onde residia o rei Francisco I. Os protestantes
pregaram proclamações contra a missa até na própria porta do
rei, no Castelo de Amboise. Estava decretada a perseguição
aos reformados. Para não morrer, Calvino precisou buscar
refúgio em Basileia.
6.1

Foi na Basileia, Suiça, que se publicou a primeira Bíblia

Bíblia de
traduzida para o francês por um protestante. Essa tradução
dispensou o Latim, e foi feita diretamente das línguas
originárias, o hebraico do Antigo Testamento e o grego, do

Olivétan
Novo Testamento.
O autor dessa tradução foi Pierre Robert, o Olivétan, primo de
João Calvino.
Calvino foi convidado para colaborar desde a primeira versão e
foi convidado também para escrever o prefácio da Bíblia de
Olivétan.
Posteriormente Calvino participou de 2 novas revisões desta
Bíblia. O trabalho prosseguiu até que em 1546, deu origem à
edição da famosa Bíblia de Genebra. João Calvino prefaciou
também a Bíblia de Genebra.
6.2

No período em que esteve em Basileia, preocupado com a

Primeira
perseguição aos protestantes, Calvino julgou necessário
escrever algo que diferenciasse os reformados desses
radicais. Para isso, deveria explicar quais os pontos

edição das
fundamentais da verdadeira fé reformada.
Enquanto pessoas estivessem sendo queimadas vivas por sua fé,
Calvino não se queria calar ou se acovardar, ele pretendia definir

Institutas a doutrina correta, a fim ajudar a estabelecer a ordem social.


As Institutas eram uma exposição breve e sistemática
dessas verdadeiras doutrinas reformadas. Inicialmente, tinha
apenas seis capítulos; depois passou a ser sucessivas vezes
revisada e reeditada, até o ano de 1559.
7.1

Calvino aproveito um período de trégua na França e retornou a

Encontro
sua cidade para resolver questões pessoais. Saindo da França,
seguiu para Estrasburgo, que naquele tempo pertencia a
Alemanha. De lá novamente para a Basileia. Por causa de

com Farel
confrontos entre as tropas de Francisco I, rei da França contra as
tropas do imperador alemão Carlos V, João Calvino precisou
desviar sua rota, e foi parar no sul da Suíça, em Genebra.
Em Genebra ocorreu o famoso encontro com Guillaume
Farel, líder protestante que começara a Reforma em
Genebra. Agora estava determinado a não deixar Calvino
escapar de suas mãos. Farel acreditava ser ele o homem capaz
de realizar a obra para a qual ele próprio não possuía
envergadura suficiente: reconstruir Genebra.
O famoso encontro obrigou Calvino a ficar em Genebra.
7.2 O período em que Calvino esteve em Genebra coincidiu com a
recente libertação da cidade do poder do duque de Savoy e da
tutela do bispo de Genebra e a cidade aderiu à causa reformada.
Em pouco tempo João Calvino passou a participar na organização

Catecismo
da Igreja de Genebra.
Logo depois da sua chegada a Genebra, Calvino começou a redigir
um de seus primeiros e mais importantes escritos: o primeiro

de Genebra
Catecismos de Genebra.
Usando o catecismo, Calvino e Farel puderam instruir a população
para que adotassem costumes coerentes com as Escrituras. Os

e a confisão princípios fundamentais da fé cristã reformada passaram a ser


ensinados de modo claro e compreensível às pessoas simples
da cidade, principalmente jovens habitantes.

de fé Para Calvino algo estava claro: ele deveria estabelecer os limites


exatos entre evangélicos e católico, no que dizia respeito à
doutrina e a prática.
Além do catecismo de Calvino, Farel já havia apresentado uma
confissão de fé, que era um projeto político amplo: levar cada
cidadão de Genebra a concordar e aceita-la sob juramento.
7.3
Em Genebra, porém, havia circunstâncias que levaram essa
primeira tentativa reformista de Farel e Calvino ao Fracasso.
Muitos habitantes de Genebra não aderiram ao catecismo de

Expulsão Calvino e a confissão de fé. Genebra estava longe de ser uma


cidade reformada, o povo não queria abandonar costumes

dos dois
que o catecismo e a confissão de fé condenavam.
Opositores se levantaram contra Calvino e Farel, como
resposta, Calvino se recusou a servir a ceia a esses opositores,

reformadores os chamados Libertinos. Além disso um líder reformado


chamado Pierre Carolli, motivado por vingança e ciúmes,
também se voltou contra os dois reformadores, acusando-os de
pregarem heresias.
A cidade de Berna que exercia jurisdição eclesiástica sobre
Genebra, queria impor práticas litúrgicas que Calvino não
concordava. Porém, o Pequeno Conselho de Genebra não
querendo desagradar a Berna, adoram as práticas, contrariando
João Calvino.
7.3

Por fim, um pastor cego, chamado Courand, trazido a


Genebra por Calvino, passou a pregar violentos sermões

Expulsão insultando as autoridades. Farel e Calvino exigiram a soltura


de Courand, o Pequeno Conselho não só negou, como ainda os

dos dois
obrigou a adorem os ritos de Berna. Os reformadores não
obedeceram. Como resposta, o Pequeno Conselho proibiu
Calvino e Farel de pregarem, outra ordem não acatada pelos

reformadores
reformadores. Houve tumulto e quase um derramamento de
sangue.
A sentença do Pequeno Conselho veio no dia 23 de abril de
1538, deram 3 dias para que Courand, Farel e Calvino
saíssem da cidade. E assim aconteceu, os 3 foram expulsos de
Genebra.
8.1

Courand morreu meses depois da sua expulsão de Genebra. Já


os dois reformadores se separaram, Farel foi para Neuchâtel e

Chegada a Calvino para Estrasburgo.


Quando saiu de Genebra, Calvino não tinha a intenção de

Estrasburgo instalar-se em Estrasburgo. Queria retomar seus estudos de


belas artes, mas acabou tornando-se um grande reformador.
Deus mais uma vez contraria os planos de João Calvino.
Calvino chega a Estrasburgo em julho de 1538. Em Estrasburgo,
Calvino teve a oportunidade de conviver com grandes
reformadores, como Jean Sturm e Martinho Bucer.
8.2

Em setembro de 1538, Calvino foi convidado para pastorear


uma igreja de refugiados franceses e lecionar na Escola Alta.

Pastoreio Os anos de João Calvino em Estrasburgo foram felizes, mais de


muita pobreza. Seus rendimentos eram insuficientes, por esse

de refugiados
motivo, precisou se estabelecer em uma pensão de estudantes.
Calvino passou a despertar jovens para o ministério
pastoral, e alguns vinham de outras cidades para estudar ao

franceses seu lado. Era a forma de conseguir meios para seu sustento.
Apesar de pastorear igrejas em Genebra e Estrasburgo, Calvino
nunca foi ordenado, ele jamais aceitou receber uma missão
que ele mesmo julgava tão elevada.
8.3

Calvino vivia uma contradição em sua vida. Fazia ataques


ferrenhos ao celibato que, para ele, tanto prejudicava a Igreja em

Casamento sua falta de base bíblica. Mas ao mesmo tempo seguia a vida de
solteiro. Até aquele momento ele não havia encontrado alguém

com Idellete
que o interessava.
Mas Estrasburgo reserva outra boa surpresa para João
Calvino. Havia uma jovem viúva, cujo irmão, Antoine,
esforçava-se para arranjar lhe casamento. Para aproximar sua
irmã de Calvino, o irmão da moça teve uma ideia, já que ela não
falava francês, pediu a Calvino para ensiná-la, e deu certo.
No dia 14 de agosto de 1540, João Calvino casou-se com
Idellete. Seu grande amigo Farel foi quem realizou a cerimônia.
Idellete era viúva e já tinha dois filhos, um menino chamado
Jacques e a filha, Judith.
8.3

Os tempos eram difíceis, Estrasburgo enfrentava a peste


bubônica. O ex marido de Idellete morreu desta doença.

Casamento Inclusive a própria saúde de Idellete estava fragilizada, por esse


motivo ela teve que se refugiar juntamente com seus dois filhos,

com Idellete
na casa de seu irmão, fora da cidade.
Calvino e Idellete tiveram um filho, mas infelizmente morreu
poucos dias depois após seu nascimento. A própria Idellete
morreu de tuberculose, apenas nove anos após seu casamento.
8.4

Apesar da lutas e dificuldades em Estrasburgo, Calvino


amadureceu intelectualmente. Nesse período ele publicou a

Vida primeira edição da Institutas em francês. Antes, porém, fizera


a segunda edição em latim, na qual nitidamente estampou seu

intelectual de
pensamento como diferenciado do luteranismo.
Entretanto, o que mais distingue Calvino nessa nova fase é o seu
Comentário da epístola de Romanos. O comentário de

Calvino romanos acabou sendo a prova de seu amadurecimento


intelectual. Calvino escreveu em linguagem simples para
despertar o interesse dos leitores acostumados aos textos mais
difíceis escritos pelos demais reformadores.
A partir de Romanos, Calvino se dedicaria, até o final da sua vida,
a comentar quase todos livros da Bíblia. Se destacou com um
dos mais importantes exegetas de todos os tempos,
recebendo elogios como “o exegeta da Reforma”.
8.5

Com tamanha profundidade teológica e reconhecida


capacidade, durante os bons três anos de Estrasburgo, Calvino

A fama participou de várias conferências e debates em outras


cidades. Calvino representava a cidade de Estrasburgo nos

de Calvino
debates teológicos entre católicos e protestantes, convocado
pelo imperador Carlos V.
Isso o ajudou a fazer-se conhecido e acabou por projetar o seu
nome entre os reformados. Calvino tornou-se amigo dos
grandes teólogos da época, e até mesmo o grande
reformador Melâncton passou a trata-lo como “teólogo”,
dele tornando-se bom amigo.
9.1

Haviam dois grupos partidários em Genebra: os articulantes,


basicamente formado por opositores de Calvino enquanto este

Articulantes x estivera na cidade. E também haviam os guilherminos, que eram


partidários de Calvino e Farel.

Guilherminos Enquanto esteve ausente de Genebra e atuante em Estrasburgo,


a boa reputação de João Calvino se fazia notória. Com a eleição
de novos membros do Pequeno Conselho de Genebra, a opinião
pública favorável a Calvino se reacendeu. Os guilherminos
assumiram o Pequeno Conselho. Como eram simpatizantes de
João Calvino, passaram a requerer o seu retorno a cidade.
Os genebreses magnânimos, queriam perdoar seus erros
passados e recebê-lo de portas abertas em sua cidade.
9.2

Um dos fatores que mais pesou nesse desejo de ter novamente


Calvino em Genebra foi a sua postura ante o cardeal de

Refutando Sadoleto.
Tiago Sadoleto queria retomar Genebra para a Igreja

o cardeal Católica, ele era bisbo de Carpentras, no sul da França e foi


nomeado cardeal.

Sadoleto
Sodoleto já havia enviado cartas para várias cidades. Agora ele
se dirigia a Genebra com o mesmo propósito.
A argumentação do cardeal se baseava em dois pontos:
primeiramente ele reputava que somente a Igreja Católica
estabelecia as normas verdadeira da vida cristã, por causa de
seu conjunto de tradições, cuja origem remontava ao Espírito
Santo. Como segundo argumento, afirmava que o cristão
deveria agir continuamente por conta própria, mas dentro das
balizas dessa Igreja.
9.2

O Pequeno Conselho de Genebra deveria incumbir um de seus


pregadores de dar a resposta ao cardeal Sadoleto. Mas nenhum

Refutando deles se consideravam aptos para a tarefa. Então um deles


propôs que Calvino fosse encarregado dessa resposta.

o cardeal Calvino não aceitou a tarefa de imediato, mas seus amigos


reformadores insistiram para que Calvino os atendesse.

Sadoleto
Em setembro de 1539, ele publicou a resposta, em latim, que
era a língua dos intelectuais da época. A carta teve repercussão
bombástica em várias cidades da Europa. Lutero a elogiou:
“Eis um escrito que tem pés e mãos. Alegro-me ao ver Deus
suscitar homens assim”.
9.2

Calvino fez uma introdução cortês, com elogios à ilustre pessoa


que era o cardeal. De resto, no entanto, sua carta foi um

Refutando contra-ataque aos argumentos de Sadoleto e um de seus


mais belos textos panfletários. Para Calvino, o critério

o cardeal
essencial que distinguia uma igreja não era a sua antiguidade,
como alegava o cardeal, mas o anúncio genuíno da Palavra.
Segundo Calvino, as comunidades católicas até mereciam ser

Sadoleto
chamadas de igrejas de Cristo. Seu ponto fraco, porém, era o
fato de serem dominadas pelo papa e seus falsos bispos,
verdadeiros lobos cruéis e perigosos.
Por tudo isso, Genebra insistiu em convidá-lo de volta.
9.3

Retorno
de Calvino
Como Calvino sempre se explicava com base em sua disposição
“pronta e sincera” ao serviço divino, desse mesmo modo
sentira no chamado de volta a Genebra um imperativo divino
e o desejo de obedecer com prontidão.
Calvino teve honras de chefe de Estado em sua chegada,
festas e flores. Nem sequer mencionou o passado recente em
seu primeiro sermão após o retorno – as coisas velhas passaram.
9.4

Ao reiniciar seu trabalho em Genebra, Calvino insistiu com o


Pequeno Conselho para que fosse adotado um manual de

Ordenanças práticas religiosas na cidade. Em 1541 o Pequeno Conselho


adotou as Ordenanças Eclesiásticas para ajudar a estabelecer a

Eclesiásticas
estrutura básica ou constitucional da Igreja e da cidade.
Tratava-se de uma constituição bem simples, com base nas
Escrituras Sagradas e na prática da igreja apostólica do século
I. Adotava uma forma democrática de governo, representativa e
republicana. Tornou-se clássica e paradigmática para as
instituições similares em todo mundo.
9.4

1 - Calvino estabeleceu ordenanças eclesiásticas que exigiam


que os pastores fossem chamados, examinados e ordenados.

Ordenanças Eles deveriam pregar, administrar sacramentos e exercer


disciplina. A instalação era feita por oração e imposição de

Eclesiásticas
mãos. Conferências semanais eram obrigatórias para instrução
mútua. Disciplina rigorosa era aplicada a ministros por pecados
como heresia e impureza. O culto dominical incluía três sermões
e instrução do Catecismo. Calvino via o ofício pastoral como
semelhante ao dos apóstolos, destacando a pregação do
evangelho como central.
9.4

2 - O ofício dos Mestres, segundo Calvino, é instruir os


crentes na sã doutrina, preservando a pureza do evangelho

Ordenanças contra a ignorância e falsas opiniões. Distinto dos pastores,


os mestres se concentram na interpretação da Escritura,

Eclesiásticas
sem responsabilidades oficiais na disciplina, administração
dos sacramentos ou admoestações. Calvino baseia essa
distinção em Efésios 4.11, comparando mestres aos antigos
profetas, enquanto os pastores têm uma função mais
abrangente. Mestres teológicos ocupam o mais alto nível
entre os mestres.
9.4

3 - Os presbíteros leigos, segundo Calvino, são encarregados


de zelar pela boa conduta do povo nas igrejas. Compostos

Ordenanças por homens tementes a Deus e sábios, doze presbíteros são


escolhidos, representando diferentes conselhos. Calvino

Eclesiásticas
destaca a importância desse ofício, citando os dons do
governo nas Institutas. Ele faz uma distinção entre presbíteros
regentes e docentes, baseando-se em 1Tm 5.17. Apesar de
fundamentação exegética fraca, os presbíteros leigos têm
sido uma instituição útil para auxiliar no ministério de ensino.
Dois do Pequeno Conselho, quatro do Conselho dos
Sessenta e seis do Conselho dos Duzentos.
9.4

4 - Os diáconos deveriam cuidar dos pobres e doentes, e dos


hospitais. Eles precisam prevenir a mendicância que era

Ordenanças contrária à boa ordem. Duas classes de diáconos eram distintas,


aqueles que administravam as coletas, e aqueles que se

Eclesiásticas
dedicavam aos pobres e doentes.
5 - O batismo era realizado na igreja, e somente pelos ministros e
seus assistentes. Os nomes das crianças e seus pais deveriam
entrar nos registros da Igreja.
6 - A Ceia do Senhor era administrado a cada mês em uma das
igrejas, e também na Páscoa, Pentecostes e Natal. Os elementos
deveriam ser distribuídos reverentemente pelos ministros e
diáconos. Ninguém seria admitido sem antes receber a instrução
no Catecismo e realizar a sua profissão de fé.
9.4

7 – Calvino também lutou por condições decentes de vida para


os pastores, incluindo melhores condições de moradia e outros

Ordenanças benefícios, e por melhores salários para o docentes. Isso se


relacionava diretamente com a doutrina reformada, que

Eclesiásticas
considera o salário sinal da providência divina. Calvino lutou
também contra a insolência do luxo em relação aos pobres e
contra os seus gastos supérfluos.

8 – Calvino valorizava a educação religiosa e propôs a criação


de escolas para instruir as crianças na fé reformada. Ele
acreditava que uma comunidade bem instruída seria mais capaz
de manter e propagar os princípios reformados.
10.1

1 - Depravação total

5 pontos da Indica que toda criatura humana desde a queda de Adão, é


caracterizada pelo pecado, que a corrompe e contamina,

teologia de
incluindo a mente. Por isso, afirma-se que ninguém é capaz de
realizar o que é verdadeiramente bom aos olhos de Deus. Em
contrapartida, o ser humano é escravo do pecado, por natureza

Calvino hostil e rebelde para com Deus, espiritualmente cego para a


verdade, incapaz de salvar a si mesmo ou até mesmo de se
preparar para a salvação. Só a intervenção direta de Deus pode
mudar esta situação.
10.1

2 - Eleição incondicional

5 pontos da Eleição significa "escolha". É a escolha feita por Deus desde


toda a eternidade, daqueles a quem ele concedeu a graça da

teologia de
salvação. Esta escolha não se baseia em nenhum mérito moral
ou individual, ou mesmo na fé das pessoas que Ele escolhe; mas
sim em Sua decisão soberana, incondicional, irrevogável e

Calvino insondável. Isso não significa que a mesma salvação final é


incondicional, mas que a condição em que assenta (fé) é
concedida também pela graça de Deus, como seu presente
para aqueles a quem Ele escolheu incondicionalmente.
10.1

3 - Expiação limitada

5 pontos da Também chamada de "expiação particular", "redenção


particular" ou "redenção definida", significa a doutrina segundo

teologia de
a qual a obra redentora de Cristo foi apenas visando a salvação
daqueles que têm sido alvo da graça da salvação. A eficácia
salvífica do Cristo redentor, então, não é "universal" ou

Calvino "potencialmente eficaz" para quem iria recebê-lo, mas


especificamente designada para consolidar a salvação
daqueles a quem Deus Pai escolheu desde antes da fundação
do mundo. Os adeptos da expiação limitada não acreditam que
a expiação é limitada em seu valor ou poder (se Deus o Pai
quisesse, teria salvo todos os seres humanos sem excepção),
mas sim que a expiação é limitada na medida em que foi
destinada para alguns e não para todos.
10.1

4 - Graça irresistível

5 pontos da Também conhecida como "graça eficaz" e "vocação eficaz",


esta doutrina ensina que a influência salvífica do Espírito Santo

teologia de
de Deus é irresistível, superando toda e qualquer resistência.
Quando então, Deus soberanamente visa salvar alguém, o
indivíduo não tem como resistir a essa graça da vida eterna com

Calvino o próprio Deus.


10.1

1 - Perseverança dos santos

5 pontos da Sugere que aqueles a quem Deus chamou para a salvação, e depois, à
comunhão eterna com Ele (" santos ", segundo a Bíblia) não podem cair

teologia de
em desgraça e perder sua salvação. Mesmo que, em suas vidas, o
pecado os leve a renunciar à sua profissão de fé, eles (como autênticos
eleitos), mais cedo ou mais tarde, retornarão à comunhão com Deus.

Calvino
Essa doutrina é baseada na doutrina de que a salvação é obra de Deus
do começo ao fim, que Deus é fiel às suas promessas, e que nada nem
ninguém pode impedir Seus propósitos soberanos. Este conceito é bem
diferente do conceito usado em algumas igrejas evangélicas, de "uma
vez salvos - salvos para sempre", apesar da apostasia, a falta de
arrependimento ou a permanência no pecado, desde que eles tenham
realmente aceito Cristo no passado. Nesse entendimento da doutrina
da perseverança dos santos, se uma pessoa cai em apostasia ou não
mostra mais sinais de arrependimento genuíno, isso é uma prova cabal
de que essa pessoa nunca foi realmente salvo, e, em decorrência disso,
que não faz parte do número dos eleitos.
João Calvino, sendo um homem suscetível a erros como
qualquer outro ser humano, foi, pela graça de Deus e pela ação
do Espírito Santo, um instrumento nas mãos do Senhor para
reformar a fé e a teologia cristã. Seu legado, manifestado por
meio do Calvinismo, ultrapassou os limites eclesiásticos,
exercendo uma influência profunda nos aspectos social, político
e cultural em escala global.
A disseminação do Calvinismo evidencia a força das ideias de
Calvino, que foram recebidas e desenvolvidas por sucessivas
gerações de pensadores e líderes. Calvino não apenas
reformou a teologia, mas também teve influência na
organização eclesiástica, na educação, na ética do trabalho
e nas estruturas políticas. Seu pensamento deixou marcas
profundas na Reforma Protestante e na formação da
cosmovisão de muitos.
João Calvino faleceu em 27 de maio de 1564, mas seu legado
teológico e influência perduram ao longo dos séculos,
continuando a inspirar e desafiar crentes em diferentes partes
do mundo. Sua devoção à Palavra e sua contribuição para o
desenvolvimento da teologia reformada asseguram um lugar
significativo na história do cristianismo.
Obrigado!

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