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A Igreja Católica e as Imagens

DESMASCARANDO A IDOLATRIA
O que todo católico precisa saber

PALAVRA DO AUTOR

Sabemos que existem muitas diferenças entre a fé católica e a protestante. Mas dentre todas
elas a que talvez ao meu ver chame mais atenção e distância ainda mais essas duas igrejas, é a
da polêmica doutrina das imagens.
De um lado temos o criticismo evangélico afirmando ser pecado fazer e prestar culto às
imagens, baseados nas escrituras tanto do Velho Testamento quanto a
Neotestamentária.
Por outro lado os católicos se defendem dizendo que não são idólatras e nem adoram as
imagens, apenas veneram-nas, baseando-se para isso principalmente na Tradição da Igreja e
algumas poucas passagens do velho Testamento.
Quem está com a razão? Os católicos que afirmam ser o uso das imagens apenas
pedagógicas e decorativas ou os protestantes que por outro lado afirmam ser antibíblico este
ensinamento vendo nisso apenas uma forma disfarçada de idolatria?

É para esclarecer este assunto tão polêmico que este presente livro que de modo algum
pretende ser exaustivo em seu conteúdo devido à amplitude do assunto, se destina.
Esta obra nasce da necessidade de mostrar através da história e principalmente do ponto de
vista das escrituras sagradas a conflitante origem das imagens na igreja.
A primeira parte deste livro trata exclusivamente da parte histórica, procuramos mostrar o
surgimento paulatino das imagens dentro das igrejas, os grupos prós e contras e a guerra
iconoclastra do século VI sob o comando do Imperador Leão III e seus sucessores que
empreenderam uma verdadeira cruzada contra a idolatria vigente naquele tempo, e finalmente
como as imagens receberam aceitação no Concílio de Nicéia presidido pela então Imperatriz
Irene.
Já na segunda parte iremos analisar a dialética teológica do Catolicismo bem como os
principais argumentos em que se apóia tal sistema e como refutá-los à luz da palavra de Deus.
Sabemos porém, que este assunto tem gerado acirrados debates através dos séculos e
continuará a existir enquanto o velho slogan da igreja Católica permanecer o mesmo, ou seja,
“Roma semper Eadem”. Por isso, peço a todo católico sincero e que está em busca da verdade,
que examine este material com mente aberta. Urge frisar ainda, que não pretendemos com isto

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“convertê-lo” ao protestantismo, mas apenas levá-lo a conhecer a verdade bíblica integral no


tocante ao uso das imagens. Se usarmos ao longo do texto palavras um tanto incisivas, pedimos
desculpas, não é nossa intenção ofender a fé de ninguém, mas queremos tão somente que você
reflita por si mesmo sobre este assunto tão importante. Somente então poderá fazer sua decisão
de forma imparcial.
Que Deus os abençoe!

Paulo Cristiano da Silva

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INTRODUÇÃO

CUIDADO QUE NINGUÉM VOS ENGANE...

Desde tempos imemoráveis, Satanás, o Diabo, vem tentando destruir a obra de Deus e
desviar o homem, obra prima da criação, fazendo-o dar mais primazia as coisas materiais em
detrimento das espirituais, o invisível da fé pelo visível dos olhos. Infelizmente, o seu plano
vem logrando êxito devido ao entorpecimento do pecado que cega o entendimento do ser
humano impedindo-o de compreender a vontade de Deus revelada em sua santa palavra.
Mesclar a verdade com a mentira, filosofia e raciocínios humanos com a bendita palavra de
Deus, este é o astuto plano do Inimigo!

Já no começo do livro de Gênesis no capítulo 3 percebemos Satanás influenciando Eva


com sua teologia do “ver para crer”, “vossos olhos se abrirão” disse o Diabo,v.5.
No livro do Êxodo Deus se revelou a Moisés como o grande “Eu Sou” 3:14. É o Deus
Invisível, transcendente que exigia fé e obediência do seu povo, pois: “... ouvistes o som de
palavras, mas não vistes forma alguma; tão-somente ouvistes uma voz.” Deuteronômio 4:12 e
no verso quinze a advertência é reforçada ainda mais:

“Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque não vistes forma alguma no dia em que
o Senhor vosso Deus, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos
corrompais, fazendo para vós alguma imagem esculpida, na forma de qualquer figura,
semelhança de homem ou de mulher”

Portanto, Israel não poderia representá-lo em hipótese alguma para que não se
corrompessem fabricando: “alguma escultura, semelhança de imagem...” v.16 a sentença segue
até o verso 40.
Pois bem, quando Moisés subiu ao monte para receber as tábuas dos dez mandamentos das
mãos de Jeová, o povo se sentiu só, sem líder, sem seu Deus, esta foi a ocasião oportuna para
Satanás agir, influenciando-os com sua falsa teologia. Outrora o povo tão acostumado a ver no
Egito tantos deuses em forma material/visível, tentaram então fundir e conciliar as duas formas
de religião: a do Deus único pessoal e invisível com as representações do paganismo Egípcio.
Ver ainda Êxodo 32:1.
O povo precisava mais do que nunca de alguma segurança, fosse ela espiritual ou
psicológica. Acostumados a ver para crer, sempre sendo guiados pelas vistas através de sinais,
relâmpagos, colunas de fogo etc... Deparam-se agora com seu primeiro teste de confiança e fé.
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Mas infelizmente não conseguiram agradar a Deus Hebreus 1:6! Tão costumeiro era para eles
andarem pelas vistas que resolveram suprir essa necessidade materializando o seu Deus em uma
imagem. Note, porém, que eles não queriam outro Deus, mas o mesmo “Eu Sou” que se revelou
a Moisés. Arão afirma isso quando diz: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da
terra do Egito.” Uma melhor tradução seria “ Este é o teu deus ”( O Novo Comentário da Bíblia
pág. 149. Edições Vida Nova).
Eles queriam Jeová perto deles, à vista. Se todos os outros povos tinham seu deus para ver,
por que só Israel não poderia também ver seu Deus? Pensamentos estes que possivelmente
norteavam suas mentes o tempo todo enquanto Moisés esteve no monte.
Isso, quem sabe, daria segurança e ajudaria na adoração!
Quando Moisés desceu do Monte, com as tábuas da lei em suas mãos, contendo a proibição
divina de não fazer, prostrar ou adorar imagens, o povo já havia há muito tempo sucumbido à
quebra do segundo mandamento. Para eles mais importante do que crer nas palavras de Deus
era ver a imagem desse Deus. “Na verdade, os israelitas queriam reconhecer que Deus, através
de uma imagem, ia adiante deles, guiando-os pelo caminho.” (Institutas livro I capítulo 11)
A conseqüência desse culto profano foi a quase extinção do povo de Israel, não fosse a
intercessão imediata de Moisés.
Através dos séculos Satanás usa a mesma estratégia, ou seja, levar o povo a prestar um
falso culto ao Deus verdadeiro, ainda que na mente dos adoradores pareça ser um culto sincero,
privando-lhes assim da experiência de crer no Deus invisível.
No Novo Testamento até mesmo um dos discípulos do mestre foi influenciado pela
teologia de Satanás. Tomé, governado pelos sentidos precisa ver antes de crer: “... Se eu não vir
o sinal dos cravos em suas mãos...de maneira nenhuma o crerei” João 20:25, entretanto Jesus
repreendeu-o dizendo: “...Não sejas incrédulo mas crente” v.27 e a seguir deu uma instrução
que serve para todos os seus seguidores que desejam servi-lO “...Disse-lhe Jesus: Porque me
viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.”
O verdadeiro adorador de Deus tem que adorá-lO de acordo com suas normas e preceitos
como Ele mesmo afirmou, “Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em
espírito e em verdade.” João 4:24
Portanto o fazer uma imagem de Deus como já vimos, pelos poucos exemplos citados
acima, afronta diretamente o princípio divino de adoração.

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CAPITULO I

A FÉ DA IGREJA PRIMITIVA

Podemos dizer que a igreja de Cristo foi inaugurada no dia da festa de pentecostes,
conforme narra o livro de Atos dos Apóstolos, capítulos: um e dois.
Inicialmente a Igreja era composta de judeus recém convertidos do judaísmo pois o
evangelho ficara restrito a Jerusalém até que veio a perseguição e os cristãos foram espalhados
além da palestina forçando-os assim a divulgarem a mensagem de Jesus Cristo.
A igreja não tinha necessidade até então de discipular os novos convertidos em relação às
imagens, apenas naquilo que fazia diferença entre os ensinos de Cristo e o judaísmo. A priori a
regra básica era:

“... Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão
dos pecados...” Atos 2:38

Pesquisando a história da novel igreja pelas páginas dos primeiros capítulos de Atos, não
nos surpreenderemos por não encontrar nenhum ensinamento quanto às imagens e o perigo da
idolatria para os recém batizados. Apesar de encontrarmos a constante afirmação do
messianismo de Jesus, a doutrina da ressurreição em Cristo, o batismo com o Espírito Santo
tendo como sinal inicial a glossolalia (falar em outras línguas) e outras doutrinas fundamentais
da igreja, contudo nada de proibição de imagens.
Os judeus convertidos conheciam bem o segundo mandamento da lei de Deus que diz:

“Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem
em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” Êxodo 20:4

Depois do cativeiro babilônico os judeus ficaram curados deste pecado.


Compreendemos então, que por isso, não havia proibição.
Mas a igreja crescia rapidamente devido a ordem de Jesus ser levada a sério.

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura...” Marcos 16:15

Logo se converteu o primeiro gentio, Cornélio, Atos 10:2. Homem, temente a Deus, pelo
visto convertido ao Judaísmo e agora ao Cristianismo, mas este também conhecia o decálogo.
Se bem que ele não é chamado de “prosélito” não tendo obrigação de obedecer a Tora segundo

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o costume vigente da época. Contudo nada indica que ele praticava a idolatria tão comum na
religião Romana.
Somente após a conversão de Saulo de Tarso, que realmente a igreja se expandiu além da
fronteira e alcançou definitivamente os gentios. Agora então era necessário doutrinar os pagãos
que estavam entrando para a igreja, estes sim, estavam acostumados a servir os ídolos e
prostrar-se diante das imagens. É oportuno invocar aqui o testemunho de dois escritores da
época para confirmar a extensão da idolatria entre os gentios. Petrônio diz: “É mais fácil achar
um deus do que um homem”. Tales, o mais antigo dos filósofos exclama: “Tudo está cheio de
deuses”. Lívio dizia que Atenas estava cheia de imagens de deuses e de homens enfeitados. O
próprio apóstolo Paulo passando por Atenas se revoltava “vendo a cidade tão entregue à
idolatria” Atos 17:16.
A conversão dos gentios gerou dentro da igreja uma polêmica racial e religiosa que foi
preciso reunir em um concílio em Jerusalém os apóstolos para considerar este assunto.
Dentre todas as questões levantadas e as decisões tomadas a primeira foi esta:

“...mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do


que é sufocado e do sangue.” Atos 15:20,28

E a isto diziam:

“Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...”

Daí em diante em quase todas as suas epístolas o apóstolo Paulo que tinha recebido a
missão de pregar aos gentios Gálatas 2:7,8,9 e Efésios 2:8, faziam-lhes lembrar de suas vidas
rendidas à idolatria antes de suas conversões:

“Vós sabeis que, quando éreis gentios, vos desviáveis para os ídolos mudos, conforme
éreis levados.” I Co 12:2

“...porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos entre vós, e como vos
convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro...” I Tess 1:9

O ensino do apóstolo Paulo era para que os novos conversos gentios “fugissem da
idolatria” I CO 10:14. Já o ancião apóstolo João admoestava os crentes à “guardar-se dos
ídolos” I João 5:21.
Diante de um ensino forte e duma doutrina antiidólatra, não é de admirar que não achamos
nem na Bíblia, na história da igreja ou na arqueologia, quaisquer vestígios de algum tipo de
culto ainda que discreto, tributado às imagens, pela igreja primitiva apostólica.

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A iconoclastia apostólica não é de maneira alguma, devido a influência da teologia judaica


como sugere alguns estudiosos, se bem que se interpretarmos a palavra “influência”, de um
ponto de vista não pejorativo, podemos admitir que houve realmente uma transmissão da
tradição, pois esta se baseava no decálogo dado diretamente por Deus a Moisés, portanto
passiva de observância pela igreja primitiva que no início como já falamos era exclusivamente
de procedência judaica.
O mais importante entretanto, é levarmos em consideração a poderosa ação e
administração do Espírito Santo no seio da igreja, pois Ele veio para ser o vigário (substituto) de
Cristo na terra.
É de se esperar que todos ensinamentos doutrinários neotestamentário sejam dados e
assistidos pelo Espírito Santo. Leia ainda textos como: João 16:3 Atos 13:2 – 15:28 – 21:4,11 e
I João 2:27.

Jesus disse que o Espírito guiaria a igreja à toda a verdade. Portanto sendo guiados desta
maneira, os cristãos primitivos jamais conceberam a idéia de ter em seu culto quaisquer tipos de
imagens, sejam elas de Deus, de Cristo ou de qualquer um dos profetas, mesmo tendo por estes
últimos, grande admiração e respeito.
O culto da igreja primitiva era totalmente “em espírito e em verdade” João 4:24.
Nada de imagens no primeiro século da era cristã!

CAPÍTULO II

A ERA PÓS-APOSTÓLICA
No final do século I, morre em Éfeso o último dos apóstolos. João, após ter servido ao seu
mestre fielmente durante toda sua vida, é agora recolhido ao seu lado no lar celestial.
Terminava assim a era apostólica.
Mas Deus já havia preparado homens capazes para cuidar do seu rebanho.
Começa um período novo para a igreja, a obra que os apóstolos receberam de seu Salvador
e a desenvolveram tão arduamente acha-se agora nas mãos de novos líderes que tinham a
incumbência de desenvolver a vida litúrgica da igreja como fizeram aqueles.
O período que comumente é chamado de pós-apostólico é de intenso desenvolvimento do
pensamento cristão. Por isso é de suma importância analisar a doutrina dos chamados “pais da
igreja” pois eles foram os responsáveis pelo povo de Deus daquela época.
Do século II até o século IV, nomes como o de Clemente de Roma, Clemente de
Alexandria, Inácio de Antioquia, Policarpo, Justino o mártir, Irineu de Lião, Origines,
Tertuliano e outros, que foram os responsáveis por transmitir os ensinamentos bíblicos,
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merecem não pouco reconhecimento por sua fé, virtude e o zelo que tinham pelo corpo de
Cristo na terra.
O espaço não nos permite comentar mais sobre a patrística, pois é um assunto
demasiadamente extenso, e ultrapassaria o escopo deste livro.
Entretanto devemos lembrar que mesmo homens como esses não ficaram isentos de erros e
até mesmo foram considerados como heréticos por seus resvalos teológicos. Esse foi o caso de
Origines por exemplo, que teve muitos de seus ensinos condenados pelo II concílio de
Constantinopla em 553.
Apesar desses deslizes, eles nunca foram considerados heréticos por causa do uso de
imagens, ao invés disso, eles viam o uso de imagens como uma ameaça à genuína fé cristã.
Quem lê a história da igreja percebe que ela não deixa dúvida de que na igreja pós-
apostólica as imagens nunca tiveram aceitação, seja por parte dos membros ou dos bispos.
É notável o que o escritor Stan-Michel Pellistrandi em seu livro, “O Cristianismo
Primitivo”, diz sobre a opinião dos pais da igreja quanto a isso:

“A igreja- isto é, sua hierarquia e sua elite intelectual-durante longo tempo manifestou uma
hostilidade de princípios contra as formas de arte, consideradas como um produto da civilização
pagã, difíceis, se não impossíveis, de serem cristianizadas. Sobre este ponto, os testemunhos dos
autores eclesiásticos antigos são unânimes.”
E mais:
“Como toda a manifestação do paganismo, a arte religiosa, passa aos olhos dos pensadores
cristãos por eminente perigosa por estar, de alguma forma, na origem do culto aos ídolos
criados pelo homem”
Referente às pesquisas históricas ele diz:
“No ponto em que se encontra hoje a nossa documentação, não conhecemos entre os
cristãos nenhuma representação figurativa pintada ou esculpida, que seja anterior ao século III.”

Clemente de Alexandria, um dos pais da igreja exortava os cristãos quanto ao perigo de


representar a divindade em imagens dizendo :

“Mas guardai-vos de reproduzir ídolos : porque mesmo olha-los é proibido”(ibdem obra


citada)

Tertuliano considerado o maior teólogo latino da África chegava a ser radical nesse assunto
:
“O africano Tertuliano, intransigente, recusa-se a qualquer concessão e convida o artista
recém convertido a uma nova conversão no campo profissional.” (ibdem obra citada)

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No começo do século III aparece uma carta de autor desconhecido entre os cristãos. Dentre
as várias exortações que ela traz, a que fala entre a diferença do culto cristão e do pagão é de
singular importância. Vejamos:

“...não apodrecem e se deterioram ? É a isto que chamam, servis, e adorais como deuses,
tornando-vos afinal semelhantes a eles! Odiais os cristãos porque não os consideram deuses.”
(carta a Diagneto citado em Antologia dos Santos Padres)

As críticas acima fazem referência é claro, aos deuses falsos dos pagãos e por isso poderá
abrir margem a contestação de que eles pregavam apenas contra esses ídolos falsos o que não
tem nada que ver com as imagens do Deus verdadeiro e dos servos dele os chamados “santos”.
Certamente eles eram contra as imagens dos falsos deuses pagãos mas não eram liberais o
bastante para fazer concessões à religião cristã. Veja o que pensava o bispo Irineu.

“Santo Irineu (cerca de 137) ataca os gnósticos Carpocratas por terem imagens -pintadas e
executadas em outro meio – que eram consideradas retratos de Cristo feitos por Pilatos, para
serem exibidos e adorados em conjunto com os bustos de Pitágoras, Platão e Aristóteles.”
(citado em Santa Verônica e o Sudário pág. 49/50)

O bispo Eusébio de Cesaréia (cerca de 340) escreveu uma carta a Constança, irmã do
Imperador censurando-a por possuir um retrato de Jesus. Comenta ele:

“Uma mulher me trouxe em suas mãos o retrato de dois homens, com a aparência de
filósofos, e deu a entender que se tratavam de Paulo e o Salvador...
Com a idéia de não ofender, nem a ela nem aos outros, tomei-o dela e guardei-o em minha
casa, pois achei impróprio que essas coisas fossem exibidas aos outros, com receio que
parecêssemos adoradores de ídolos, carregando nosso Deus por ai numa imagem.” (ibdem
pág.94)

O bispo Eusébio “não só não admite o retrato do Cristo, como nega sua possibilidade”,
para ele “somente a alma é a imagem de Deus. Ora, ela não tem forma nem representação.”(A
Imagem Proibida pág. 193/4)

O reformador, João Calvino, numa carta ao Rei Francisco I da França diz qual era a fé dos
pais da igreja pós-apostólica. Diz ele:

“Pai da igreja era aquele que afirmou ser horrenda abominação ver pintada, em templos
cristãos, a imagem de Cristo ou de qualquer santo. E isto não foi dito pela voz de um único
homem,mas foi até decretado por um concilio eclesiástico: Que não se pintasse em paredes
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o que se adora! Muito longe destes limites estão nossos adversários, quando não deixam
nos templos um canto sequer vazio de imagens!” (Institutas livro I)

O concilio a qual se refere Calvino foi com certeza o de Elvira no ano 303, que dizia no
cânon trinta e seis o seguinte:

„Resolveu-se que não se tenha nos templos representações pictóricas, de modo que não se
pinte nas paredes o que se cultua ou se adora.” (Institutas, livro I cap. 11)

Apesar de terem cometido muitos lapsos teológicos, contudo nenhum dos pais da igreja
primitiva foram acusados de idólatras, ou mesmo de permitirem que esse mal terrível
entrasse em suas igrejas de modo camuflado como acontece hoje.

Diz o historiador Stan Michel Pellis;

“Um fato significativo: nunca se admite que um artista convertido comece a pintar ou
esculpir imagens do Cristo em substituição às dos deuses do paganismo.” (O Cristianismo
Primitivo pág. 157)

Ainda a “The New Encyclopaedia Britannica” comenta:

“Na primitiva igreja, opunha-se coerentemente à fabricação e à veneração de quadros de


Cristo e de santos”

Embora fossem suficientes os fatos apresentados até aqui, vamos prosseguir ainda em
nossa investigação histórica. Vamos entrar agora na vida de fé dos cristãos romanos.

CAPITULO III

AS CATACUMBAS DE ROMA

Do tempo dos apóstolos até o edito de Milão promulgado por Constantino em 313, a
igreja sofreu cruentas perseguições, pelas mãos dos imperadores pagãos. Esta foi uma
época em que o império perseguiu e matou milhares de cristãos.
O cristianismo até então era considerado religião ilícita e como tal vivia sob suspeita.

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Os imperadores exigiam nessa época que se adorassem a estátua do imperador e dos


deuses. Uma carta de Plínio, o jovem, ao imperador Trajano, falando sobre os cristãos, dão
uma idéia de como era exigido que todos adorassem a imagem imperial. Diz ele em sua
carta:

“Mas estes negaram ser ou ter sido cristãos e achei correto deixa-los livres, vistos que, à
minha ordem, oraram aos deuses e fizeram súplicas com vinho diante de vossa estátua, que
mandei trazer ao tribunal para esse fim, junto com as imagens dos deuses...praguejaram
contra Cristo, coisas que...nenhum daqueles que realmente são cristãos pode ser obrigado a
fazer...” (A Dramática História da Fé Cristã pág. 43)

É lógico que nenhum cristão de verdade dobraria o joelho perante uma imagem e lhe
queimaria incenso. Sendo assim, qualquer calamidade que sobrevinha ao império, a culpa
era posta sobre os cristãos, e logo se ouvia os gritos eufóricos da turba: “cristãos aos
leões!”.
A mentalidade supersticiosa do povo levava-os a crer que por desobedecerem aos
deuses, os cristãos traziam a ira destes sobre todo o império.
É bom lembrarmos que nessa época Roma contava com milhões de habitantes e
entre eles milhares de cristãos. Foi nesse ambiente de grande hostilidade e preconceito ao
cristianismo, que os cristãos católicos romanos, descobriram as catacumbas como um
ótimo lugar de esconderijo para se livrar dos massacres praticados contra eles.

Catacumbas significa “cavidades subterrâneas”. (Catacumbas de Roma pág. 71)


Inicialmente “as catacumbas eram canteiros de extração de areia, utilizadas por
aqueles que queriam obter areia para construção.” (Bíblia de referencias Tompson –
Suplemento arqueológico pág. 1566)
As escavações continuas possibilitou posteriormente a
formação de muitos túneis subterrâneos.
Os cristãos católicos romanos, e diga-se de passagem que não
tem quase nada que ver com a atual, “Igreja Católica Romana”, cujo
líder supremo leva o nome de Papa, a não ser a semelhança histórica
de localidade, usaram esses lugares subterrâneos para se encontrarem,
ali enterravam seus mortos e realizavam seus cultos em secreto longe
das mãos tirânicas do império, mas de baixo das mãos potentes de seu
Salvador.
As paredes destes cemitérios cristãos estão repletas de sinais
símbolos e desenhos que refletem o testemunho e a fé daqueles
valorosos soldados de Cristo.
As artes das catacumbas traz inevitavelmente á lembrança as
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palavras do mestre em Lucas 19: 40, “Digo-vos que se estes se calarem, as próprias pedras
clamarão.”
Devido ao alarde que os historiadores e teólogos católicos fazem em relação á sua
igreja, tentando traçar uma linha de tradição ininterrupta entre ela e aquela dos primórdios
do cristianismo, há de se esperar que a mesma doutrina que existe hoje na igreja Católica
Romana sobre as imagens, tenha existido entre os crentes primitivos daquela capital.
Todavia não encontramos nenhum sinal de idolatria ou culto às imagens, nada que sustente
tal prática se quer é mencionado nos livros de pedras daquelas paredes que se levantam
como um testemunho vivo contra a idolatria.
É verdade que aparecem personagens desenhados naquelas rústicas lápides como por
exemplo o próprio Jesus e Paulo mas sem nenhum vínculo com adoração ou como tanto
insistem de maneira sofismática em dizer, “veneração”.
Os cristãos das catacumbas eram gente humilde, iletrada. A igreja era composta
geralmente por escravos, artesãos e de outros segmentos da sociedade. Com raríssimas
exceções se convertiam pessoas ricas que como diz o versículo bíblico; “escolhendo antes
ser maltratados com o povo de Deus do que, por algum tempo, ter o gozo do pecado”
(Hebreus 11:25), abraçavam a fé para receber a vida eterna (I Coríntios 1:26). Entre esses
poucos podemos citar como exemplo bíblico os da casa de César (Filipenses 4:22).
Tendo em vista esse pano de fundo fica mais fácil entender por que muitas vezes
acha-se nas paredes das catacumbas palavras escritas com letras trocadas. Um erro comum
era trocar o “B” pelo “V”, ou então escrever palavras em grego com leras romanas
(Catacumbas de Roma pág. 96/7). Por exemplo, “PRIMA IRENE SOE” é grego em letras
latinas que significa: “PRIMA, PAZ SEJA CONTIGO” (ibdem)
Não sabendo escrever corretamente, os cristãos das catacumbas tiveram a
necessidade de se exprimir de outra maneira. A mais conveniente de acordo com a
circunstância lastimosa na qual se encontravam, foi comunicarem sua fé através dos
símbolos e sinais que criavam.
O primeiro símbolo inventado entre eles foi o símbolo do peixe pois a palavra peixe
é formada das iniciais das palavras gregas que descrevem os nomes, títulos e ofícios de
Cristo, isto é...”Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.” (Catacumbas de Roma pág. 105)
Também aparecem, como já dissemos, vários personagens bíblicos do Velho
Testamento como Adão e Eva, Jonas, os três jovens hebreus na fornalha de fogo, Noé,
Daniel e tantos outros quantos puderam desenhar.
Cenas do Novo Testamento tem em abundância, principalmente sobre os milagres de
Cristo.
É interessante notar que a maioria das cenas bíblica feitas pelos cristãos alude a
livramentos operados por Deus na Bíblia em favor do seu povo. Talvez quem sabe
inconscientemente eles tentavam exteriorizar sua fé inabalável no Senhor que os protegia.

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Fazendo assim, eles estavam confessando que Deus, é quem livra o seu povo perseguido,
não importando as circunstancias em que se encontram.
Urgi rememorar que essas imagens pintadas, seja de Jesus desenhado como o bom
pastor com uma ovelha nas costas, o apóstolo Paulo com a roupa de um filósofo ou outro
personagem bíblico qualquer, são apenas o apego que aqueles crentes romanos tinham com
as escrituras, achando por bem, resolveram pinta-las nas paredes, mas frisamos: “Elas não
são imagens de culto ou veneração” (A Imagem Proibida pág. 180).
Não existia o menor sinal de reverência por parte daqueles cristãos quanto a essas
imagens pintadas, ninguém as venerava ou lhe prestavam culto, não se dobravam o joelho
perante elas, não as beijavam, não lhes queimavam incenso ou dirigiam-lhe orações como
se fazem hoje diante das supostas imagens de Jesus, de Maria ou dos santos.
Chamo a atenção ainda para o fato de que aquelas figuras representando Jesus por
esses cristãos primitivos era diversificadas.
Pode-se notar ainda que há nesses desenhos, grande diversidade de idade e aparência
pessoal. É evidente que aquele povo nunca tentaram fazer retrato algum que fosse uma
cópia exata de seu mestre, mesmo porque, as escrituras nunca dão uma definição exata da
fisionomia do Salvador, e nenhum pintor da época o pintou, sua imagem física não foi
reservada à igreja! Ele era representado não como um homem particular mas apenas como
um tipo! (Santa Verônica e o Sudário pág. 49)
O homem barbudo de olhar piedoso exposto diante do povo hoje em dia para ser
honrado e reverenciado, não tem nenhuma ligação com o verdadeiro rosto de Cristo.
Voltamos a afirmar que não encontramos nem na Bíblia sagrada e nem na história, algum
relato que revelasse os traços da fisionomia de Jesus, a não ser é claro, as lendas e mitos
que surgiram séculos depois.
Para Finalizar este capítulo repetiremos aqui a resposta de Deus dada a Moisés
quando este lhe pediu para ver sua face.

“Depois, quando eu tirar a mão, me verás pelas costas; porém a minha face não se
verá.” Êxodo 33:23.

CAPÍTULO IV

A ÉPOCA CONSTÂNTINIANA

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No capítulo anterior mostramos, ainda que de forma resumida, que a igreja de Cristo dos
três primeiros séculos, não admitia de maneira alguma o culto às imagens de escultura ou
mesmo tê-las como ornamento na igreja.
Vimos o testemunho de alguns pais da igreja, bem como documentos de historiadores que
comprovam que a “ekklesia”, apesar de alguns erros doutrinários que já floresciam no seio da
comunidade cristã, nunca vacilou em relação à idolatria.
No presente capítulo entraremos em uma época totalmente nova, tanto civil como religiosa,
para a igreja.
O protagonista dessa nova era se chamava, “Flavius Valérius
Constantinus, mais conhecido como: “Constantino, O Grande”.
O historiador eclesiástico, Eusébio de Cesaréia em sua obra, “A Vida
de Constantino”, conta como aconteceu a suposta “conversão” do
Imperador ao Cristianismo.
Conta a história que foi antes da batalha contra Maxêncio, seu rival ao
trono imperial, que Constantino observa no céu algo espetacular, que daí
em diante iria mudar a vida desse monarca e de toda a cristandade.

“disse que ao anoitecer, quando o dia já estava começando a declinar,


ele viu com seus próprios olhos o troféu de uma cruz, iluminada nos céus,
acima do sol e portando a inscrição conquiste através disso.
(Constantino)

Diante dessa visão ele mesmo ficou paralisado de espanto, assim como todo seu exército
que o seguiu nessa expedição e testemunhou o milagre ...E enquanto ele continuava a
ponderar sobre a razão do significado daquilo, a noite caiu de repente; então, durante seu
sono, o Cristo de Deus apareceu a ele, com o mesmo sinal que havia visto nos céus, e
ordenou-lhe que fizesse um retrato desse sinal que ele havia visto nos céus, e usa-lo como
salvaguarda em todos os contatos com seus inimigos.”(A Vida de Constantino; citado em
Santa Verônica e o Sudário pág. 74)

Alguns historiadores (principalmente romanistas) tem por verdadeira esta história da


aparição de Nosso Senhor à Constantino, outros no entanto, não arriscam uma opinião favorável
mas também não criticam e outros ainda, permanecem no cepticismo total.
Creio entretanto que devemos ponderar um pouco mais sobre esse episódio e algumas
considerações precisam ser feitas.

1. Não existe um consenso geral entre os historiadores sobre esta visão de


Constantino. Seria lenda ou realidade ?

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2. Suponhamos que essa visão fosse real. Isso de maneira alguma provaria que foi o
próprio Jesus que apareceu a ele, pois o filho de Deus nunca ensinou alguém a levar
e confiar em um amuleto, essa prática é exclusivamente pagã, é superstição! A
bíblia mostra que Satanás pode se transformar em anjo de luz para confundir e
enganar as pessoas II Coríntios 11:14. Veja a advertência de Jesus em Mateus 24:5.
3. Provavelmente (e esta é a opinião unânime da maioria dos historiadores) esta lenda
foi engenhosamente inventada por Constantino. Temos razões de sobra para sugerir
isso, vejamos:

A história registra que os imperadores que antecederam a Constantino eram


adoradores do deus sol.
Chegaram a criar uma festa no ano 274 em homenagem ao “sol invencível”, essa
festa era comemorada no dia 25 de Dezembro.
A sede de divinizar-se era a tal ponto doentia que Nero um dos mais cruéis
imperadores romanos mandou “cunhar moedas em que sua efígie aparece cingida
pela coroa radiada que exprime essa consubstancialidade com o sol.” (A Imagem
Proibida pág.101)
O teólogo católico, Roque Frangiotti em seu livro, “História das Heresias” na página
62 deste livro, afirma que Constantino era adepto do culto ao deus sol, como tinha
sido os seus predecessores. Diz ele: “Em 310, um sonho o leva a
aderir a um culto solar e apolíneo.”
Mas qual a relação existente entre o emblema solar do deus
Apolo, a visão de Constantino e a inscrição que dizia: “IN HOC
SIGNO VINCES”, que quer dizer “Com este, ou neste, sinal
vencerás”? A semelhança é que o mesmo emblema revelado a ele
num sonho por Apolo, no ano 310, foi o mesmo que ele alegava
ter recebido do Deus dos cristãos em 312 na batalha contra
Maxêncio, ou seja, uma cruz.
Isto é confirmado, ainda que indiretamente, por outro escritor
católico, E.Cunha em seu livro: “A cruz e as cruzes”, na página
16 diz que a cruz usada entre os pagãos simbolizava o sol.
Na verdade Constantino faz jus ao seu cognome de “O Grande”.
Grande em astúcia e esperteza, pois conseguiu lançar mão da
cruz, que era um símbolo pagão do deus sol, para forjar a visão
que supostamente teve de Jesus, mostrando a ele o mesmíssimo
símbolo.
Sabendo do fracasso dos demais imperadores que o
precederam em destruir o cristianismo, que a cada investida de perseguição
aumentava ainda mais, a ponto de Tertuliano declarar a célebre frase: “O sangue dos
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mártires é a semente da igreja”, serviu-se do tão conhecido popular adágio: “se não
consegue vence-los, junte-se a eles!”.
Sabendo que seus inimigos, Maxêncio, e mais tarde Licínio, o mesmo que
com ele promulgara o edito de Milão em março de 313 dando liberdade a religião
cristã, eram ferrenhos defensores do paganismo, resolveu então se filiar a igreja,
digo filiar pois ele nunca, ao que parece, se converteu de verdade à Cristo, passando
assim para o lado cristão.
O sagaz imperador matou dois coelhos com uma cajadada só, conseguindo
unir pagãos e cristãos debaixo da mesma bandeira, usando para isso a velha e
conhecida cruz.
Quem sabe ele já informado da maneira que Cristo morreu, como está registrada em
Filipenses 2:8, e também sabendo de algumas superstições criadas pela igreja e seus
líderes (se bem que não eram todos) como o sinal da cruz que era feito no corpo para
o fiel se proteger de todo o mal e do demônio como ensinava Cirilo de Jerusalém e
até mesmo o próprio Tertuliano, aproveitou-se da situação, que era oportuna, para
conseguir o apoio de ambos os lados.
Os romanos como a maioria dos pagãos antigos eram profundamente
religiosos.
O povo atribuía aos deuses todo o seu sucesso, fosse ele político ou privado.
O Estado dava grande importância aos deuses e atos religiosos, que recebiam a
proteção do próprio imperador, pois dessa maneira pretendiam fundar a harmonia do
império sob a unidade religiosa.
Mas a religião politeísta (culto a vários deuses) mostrou-se inadequada e não
serviu de base por muito tempo para essa coesão militar. Nem mesmo o culto ao
imperador inaugurado por Caius Otavius (27 a.C) que se auto intitulou “Augustus”
que significa, “sagrado, divino”, conseguiu lograr êxito.
Constantino vendo no cristianismo, uma religião monoteísta (culto a uma
única divindade) a base para suas manobras políticas, converteu-se (nominalmente) à
religião cristã e logo em seguida lança o edito de tolerância.
No princípio manteve-se uma espécie de ecumenismo, pois assegurava
liberdade religiosa tanto para cristãos como para pagãos.

Depois daquela visão, Constantino manda desenhar em seu lábarum que era
uma espécie de bandeira de guerra com uma haste vertical e horizontal formando
uma cruz, as letras iniciais do nome de Cristo: o “X” e o “P” foram sobrepostas
formando um símbolo.
Mandou também desenhar seu retrato no lábarum, tentando mostrar assim um tipo
de união física com o Deus dos cristãos. O que ele não conseguiu espiritualmente
(pois nunca se converteu de verdade) tentava na forma material.
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Diz o ex-padre Aníbal Pereira dos Reis que:

“O fato foi celebrado por Constantino Magno com a ereção, em Roma, de uma
estátua dele próprio sustentando a cruz, com a seguinte inscrição ditada por ele
mesmo: “Por este sinal salutar, verdadeiro símbolo da força, é que libertei vossa
cidade do jugo da tirania e dei liberdade ao senado e ao povo romano, para os
estabelecer em sua majestade e esplendor antigos” (O Sinal da Besta pág. 24)

A partir de então, houve uma epidemia de cruzes em todo o império.


Poderia ver cruzes no alto das casas, nas estradas, nas moedas, nos escudos
dos soldados.
Não demorou muito e a cruz se transformou num talismã militar poderoso. Era
levada a frente do exército para conseguir vitória contra os inimigos do império.
Impressionada com o “poder” da cruz, Helena, mãe do imperador,
empreendeu uma busca da verdadeira cruz de Cristo.
Escavaram o Monte Calvário e encontraram 3 cruzes. E agora, como saber
qual seria a cruz verdadeira ?

“A conselho do bispo Macário conduziram as 3 cruzes a uma nobre senhora de


Jerusalém, atacada de moléstia incurável e na agonia da morte. Ao contato da
primeira e da segunda não experimentou melhora alguma. Porém ao tocar a terceira,
eis o prodígio! Era a legítima cruz de Cristo!
Por orientação do próprio Macário, no objetivo de uma inquestionável confirmação,
encostou-se-a a um defunto. Sua pronta e estupenda ressurreição, comprovou em
definitivo a autenticidade dessa cruz como sendo a de Jesus Cristo.
Em regozijo Helena mandou edificar em Jerusalém a “igreja” do Calvário.” (ibdem
pág.26)

Helena que mais tarde foi canonizada pela igreja, dividiu a cruz em dois
pedaços: um deixou em Jerusalém, o outro levou à Roma, posteriormente a cruz
tornou a ser dividida em vários pedaços que foram enviados a várias partes do
mundo, pois todos queriam ter um “pedacinho” da cruz de Cristo no altar de suas
igrejas.

Diz o escritor e pastor Abrão de Almeida que “se todos os pedaços da cruz de
Cristo considerados „autênticos‟ fossem reunidos, davam para a construção de uma
nova arca de Noé, nas mesmas proporções!” (Babilônia, Ontem e Hoje pág. 80)

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Com o tempo essa epidemia supersticiosa iria se transformar numa tremenda


cruciolatria.
Já no século VI tinham inventado o crucifixo. Na idade média atribuía-se à
cruz poderes miraculosos e tudo afinal na vida do fiel se ligava ao sinal da cruz, do
nascimento até ao túmulo.
A veneração da cruz, para não dizer adoração, foi crescendo cada vez mais. A
ela se dobravam os joelhos nas igrejas, beijavam-na, rezavam perante ela. A cruz se
tornou parte da liturgia de muitas igrejas! Mas engana-se quem pensa que a
cruciolatria foi a única abominação que penetrou na cristandade do século IV.
Depois que Constantino se impôs como chefe da igreja, paulatinamente esta e
seus líderes, com raras exceções, começam a se desviar dos princípios bíblicos.
De maneira alguma exageramos em dizer que em parte a apostasia predita
pelos apóstolos em II Pedro 2:1 começou a se cumprir a partir dessa época, não
obstante sua degeneração ter começado bem antes.
A igreja já não possuía o fervor e a força espiritual que tanto prevaleceu nos
séculos anteriores, permitindo cada vez mais a influência do imperador no governo
da igreja.
Vejamos como sucedeu este desvio;

1. A IGREJA RECEBE A PROTEÇÃO DE UM IMPERADOR PAGÃO.

Constantino era adorador do deus sol cujo símbolo era uma cruz.
Este símbolo era usado pelas religiões pagãs muito antes de surgir o cristianismo no
cenário mundial. Religiões tais como as da Babilônia, Egito, China, Índia, e outros tinham
a cruz como símbolo de seus deuses. O imperador sabendo disso, usou-o para atrair os
inconversos para a igreja. Um fato que deixa os defensores da fé de Constantino
embaraçados, é que mesmo após sua pseudoconversão, ele não se submeteu ao batismo
cristão (permanecendo catecúmeno), adiando-o até a hora de sua morte. Esta decisão do
imperador de não se batizar é devido ao fato dele ser ainda considerado como “Pontifix
Maximus”, cujo título outorgava-lhe o direito de ser chefe máximo da religião pagã.
O grande jurista brasileiro, Rui Barbosa, declarava que Constantino

“...enquanto recebia reverência nas basílicas cristãs, aceitava adoração como Deus
nos templos do paganismo.” (citado em, Doze Homens, uma Missão pág. 324/5)
Na verdade ele chegou a se intitular “bispo dos bispos”, título esse que hoje é aceito
pelo chefe do Catolicismo Romano – o Papa.
Numa carta aos bispos reunidos por ele mesmo em Nicéia para o primeiro Concílio
ecumênico, deixa bem clara essa pretensão.

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“Estais encarregados dos negócios internos da igreja; eu sou designado por Deus
para ser bispo de suas relações com o mundo em geral.” (A Dramática História da Fé
Cristã pág. 107)
A imagem imperial fora muito tempo idolatrada pelo povo, que a ela se prostravam e
queimavam-lhe incenso, prestando um culto ao imperador que se auto intitulava “divino”.
Apesar de ter destruído os ídolos pagãos, sua estátua continuou a ser preservada, só
que a gora com uma cruz na mão. Porém mais tarde, “a estátua do imperador Constantino I
no fórum Constantini era adorada com velas incandescentes, incenso e orações.” (Santa
Verônica e o Sudário pág. 77). Como diz o salmista: um abismo chama outro abismo!

2. A IGREJA CASA COM O ESTADO.

O imperador não só protegeu como também cobriu de benfeitorias as igrejas e


seus líderes; devolveu as propriedades antes confiscadas pelo estado aos cristãos;
enormes basílicas cristãs foram construídas no lugar dos templos pagãos; empossou
em cargos públicos e em sua corte vários bispos encarregados dos negócios do
Estado; costeava as despesas do clero com dinheiro público e também isentou-os de
impostos.
Tudo isso contribuiu para minar ainda mais a fé, a moral e o caráter dos bispos, que
nessa época já apresentava os sintomas da igreja de Laudicéia, Apocalipse 3:14.
Com o passar do tempo a condição do clero tinha se tornado tão degradante que
ouvia-se um pagão dizer, “faça-me bispo de Roma, que eu logo me tornarei cristão”
(História do Cristianismo pág. 48)
Um historiador pagão da época comenta:

“Eles têm boa vida, porque se enriquecem com os donativos das damas importantes,
e exibem a riqueza, trajados com requinte: oferecem jantares tão copiosos, que seus
banquetes eclipsam a mesa dos reis” (Cristianismo Primitivo pág.346)

Muitos como o bispo Eusébio que via com bons olhos essa nova era da igreja, não
imaginava que por detrás disso estava as astutas ciladas do inimigo para implodir a igreja
de Cristo. Como ele não conseguiu destruí-la pelas perseguições, tenta agora destruí-la por
dentro.
Com um imperador semiconvertido que tinha o controle da igreja e do clero em suas
mãos, muitos pagãos aproveitaram o ensejo para também tirar vantagens da situação.
A exemplo do imperador, milhares de pagãos entravam para a igreja sem a
necessária experiência de conversão exigida por Jesus em João 3:3.

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A condição para alguém se tornar cristão era apenas o batismo e a aceitação de


credos e dogmas formulados pela igreja, deixando de fora o novo nascimento condição
primordial para qualquer pessoa fazer parte do corpo de Cristo.
Sobre a situação da igreja dessa época comenta o padre Comblin:

“Quando se multiplicou o número de cristãos pela conversão do império romano, muitos já


não tiveram mais condições para comungar, porque viviam uma vida de pecado.” (Curso
Popular de História da Igreja – Os Sacramentos pág. 37)
Os pagãos que se convertiam geralmente continuavam com sua velha vida de
pecados, idolatria e superstições.
Quando os cristãos uniram-se com estes semiconvertidos, permitiram que estes
trouxessem para dentro da igreja práticas e costumes pagãos.
Para piorar as coisas, alguns líderes, ao invés de coibi-los, tentavam mesclar
elementos do culto pagão com os do culto cristão. Essa prática deplorável de evangelismo
prevaleceu por muitos séculos na igreja (na verdade prevalece até hoje!). Veja o que
escreveu Agostinho tempos depois:

“Quando se firmou a paz, a multidão dos gentios (pagãos) que estavam ansiosos por
abraçar o cristianismo, foi impedida de o fazer porque estavam acostumados a passar as
festas em embriaguez e orgia diante dos seus ídolos, e não podiam facilmente abandonar
estes perniciosíssimos e antigos prazeres. Pareceu bom, entretanto, aos nossos chefes
favorecer esta parte de fraqueza dos gentios e substituir estas festas que tinham de
abandonar por outras em honra dos santos mártires...” (citado em, Babilônia, Ontem e Hoje
pág. 62)

Note ainda as instruções que o papa Gregório I dá aos seus missionários na Inglaterra (600
d.C). Entre outras coisas admoesta ele:

“Os templos que este povo consagrou aos seus deuses não devem ser destruídos; destruir-
se-ão apenas as imagens dos deuses que neles se acham. Que se benza a água, que se faça
aspersão com ela no interior dos templos, que se levantem altares e neles se ponham
relíquias. Porque quando estes templos são construídos solidamente, é preciso subtraí-los
ao culto dos demônios e consagra-lo ao culto do Deus verdadeiro...
De outro lado, os Bretões têm o costume de sacrificar muitos animais aos seus
demônios (ídolos). Deve-se transformar este costume em festa religiosa. Neste lugares, no
dia da dedicação da igreja ou da festa dos mártires, far-se-á a exposição das relíquias dos
santos mártires.” (Curso Básico de História da Igreja pág. 52 ed. Paulus)

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Devido a influência dos bárbaros irregenerados e de um evangelismo de concessões,


a igreja começa a sofrer modificações nos cultos, na liturgia e por fim até mesmo na
doutrina.
As interpretações equivocadas e muitas vezes forçadas de alguns dos pais e
escritores da igreja primitiva, começam a ser transformadas em regras de fé pelos
Concílios. Eis algumas delas: O batismo infantil defendido por Cipriano, a sucessão
apostólica por Inácio, o sinal da cruz por Tertuliano, oração pelos mortos por Epifânio,
culto aos santos por São Basílio etc... Estes dogmas que existe hoje em dia na igreja
Católica, foi outrora apenas a interpretação particular de alguns dos pais da igreja e não a
regra de fé e prática de toda a igreja cristã, prova disso é que não havia unanimidade entre
os pais da igreja sobre estes assuntos. Por exemplo, Tertuliano era radicalmente contra o
batismo infantil, Anselmo afirmava que Maria nasceu com a mancha do pecado original,
Jerônimo era ao que parece contra a chamada “tradição oral”, Hegesipo e Irineu e
Tertuliano afirmavam que Maria teve filhos com José, muitos eram a favor de que Pedro
era o fundamento da igreja em Mateus 16:18, mas um número maior ainda era contra essa
interpretação, como por exemplo, Agostinho, bispo de Hipona, e assim por diante. Muitas
posições teológicas defendidas por uns, eram rejeitadas por outros, não havia um consenso
geral como querem nos fazer crer os estudiosos católicos! Veja que a igreja começou a
transformar essas incongruências em dogmas somente após o século IV. Observe essa
pequena cronologia logo abaixo, tudo começou depois do século IV, Isto é, depois da era
constantiniana;

ANO HERESIAS

370.............Introdução do culto aos santos e imagens na igreja


400.............Oração pelos mortos
431.............Maria é proclamada como “Mãe de Deus”
593.............O dogma do Purgatório começa a ser ensinado na igreja
609.............Surge oficialmente o Papado
789.............O II Concílio de Nicéia estabelece a veneração às imagens
819.............Observância à festa da “Assunção de Maria”

Logo após essas datas surgiram ainda mais heresias tais como, canonização de
santos, dia de finados, proibição de casamento por parte dos sacerdotes, confissão
auricular, uso da hóstia, introdução de livros apócrifos nas Bíblias católicas, dogma da
imaculada conceição de Maria, infabilidade papal e o último foi a Assunção de Maria
proclamado como dogma em 1950.

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Foram introduzidos também nas igrejas, costumes tipicamente pagãos tais como:
incenso, velas, altares, água benta, roupas paramentadas para distinguir o clero dos leigos,
penitências, procissões, rezas, missas no lugar dos cultos cristãos, entre outros.
Como muitos elementos do paganismo estavam sendo misturado e muitas vezes
introduzidos sem nenhum disfarce na igreja, não poderia faltar o principal componente na
liturgia dos cultos idólatras pagãos, ou seja, as imagens.
O historiador Earle comenta:

“Para que os bárbaros, acostumados com os cultos às imagens, pudessem ser realmente
assistido pela igreja, muitos líderes eclesiásticos entenderam ser necessário materializar a
liturgia para tornar Deus mais acessível a estes fiéis. A veneração de anjos, santos,
relíquias, imagens e estátuas foi uma conseqüência lógica deste procedimento... O uso de
imagens e esculturas propagou-se rapidamente na proporção em que mais e mais os
incultos bárbaros entravam para a igreja.” (O Cristianismo através dos Séculos pág. 130/1)

Cerca de 370 Basílio de Cesaréia já admitia imagens, ainda que restrita ao uso
catequético aos pagãos “convertidos”.
A diferença entre a igreja pré-constantiniana e pós-constantiniana é gritante.
Antes, quem possuísse uma imagem de Cristo ou dos apóstolos era combatidos
como hereges pelos pais da igreja, conservando assim, a pureza na doutrina e na adoração.
Agora sobre o pretexto de esclarecer e instruir os infiéis, muitos já tinham se tornado
favoráveis ao uso das imagens.

Diz João Calvino em sua “Institutas” a respeito da introdução das imagens na igreja:

“Lembremo-nos, primeiramente – se a autoridade da Igreja Primitiva tem alguma


importância para nós -, que, por um período de quase quinhentos anos, durante os quais
mais florescia a religião e a doutrina pura era mais viçosa, os templos cristãos eram
geralmente vazios de imagens. Quando a pureza do ministério não se tinha ainda
degenerado, as imagens foram introduzidas, em primeiro lugar, como ornamentos dos
santuários. Não discutirei qual foi a razão que tiveram os primeiros autores desta prática.
Se, porém, compararmos era com era, veremos que eles haviam perdido muito da
integridade daqueles que (no passado) se recusaram a usar imagens.”

Mais tarde porém essas imagens, pouco a pouco, foram introduzidas na igreja com o
pretexto de adorna-las. Deve-se constar que o uso de imagens foi muito incentivada pelos
sucessores do imperador Constantino.
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Já no final do Século V, o imperador Leão I e sua família aparece ao redor do trono


da virgem Maria numa imagem pictórica.
Não demorou muito para que lendas se formassem ao redor das imagens, abrindo
caminho para que a superstição e idolatria penetrassem ainda mais no meio da cristandade.

EPIDEMIA DE IMAGENS

A igreja dos três primeiros séculos, de forma geral, não admitia imagens de nenhum
tipo. Somente algumas seitas, principalmente as gnósticas, alegavam possuir retratos de
Cristo e dos apóstolos, e eram por isso ferozmente censuradas pelos pais da igreja.
Essas seitas começaram então a recriar a vida dos apóstolos, de Jesus e da mãe do
Salvador, foi assim que nasceram diversidades de atos, apocalipses e evangelhos espúrios
tais como o Proto Evangelho de Tiago, o Apocalipse de Pedro, para citar apenas dois
exemplos.

“Numa vida apócrifa do apóstolo São João (datada do século II), menciona-se um retrato
desse apóstolo conservado por um discípulo, que ficava posto sobre uma mesa ladeado por
dois círios acesos.” (A Imagem Proibida pág. 186)

Seitas como as dos gnósticos que se diziam cristãs, queriam introduzir o mesmo
costume pagão dentro do cristianismo. Felizmente os líderes de então conseguiram
conservar a pureza doutrinária, protegendo a igreja da idolatria. Mas a partir de
Constantino, a igreja começou a se desviar lentamente dos preceitos bíblicos.
Eusébio de Cesaréia menciona (mas não para elogiar) a história de uma suposta
imagem de Cristo representando o episódio evangélico da cura da mulher hemorrágica
Marcos 5:25. Ver Histórica Eclesiástica livro VII cap. XVIII.
Conta-se que na segunda metade do século VI uma imagem de Cristo caiu do céu
para convencer uma mulher pagã da existência de Deus. Diz ainda que uma outra
encontrou uma tela pintada dentro de um lago, julgou ser um retrato de Cristo. Retirando-o
da água enrolou em sua manta. Após retira-lo de seu vestido percebeu que a imagem ficou
impressa nela reproduzindo uma réplica fiel do retrato do Salvador.
Logo construíram uma igreja para esse retrato que não parou de se reproduzir por
contato, de maneira miraculosa.
Tamanha era a fama das supostas curas e milagres que este retrato produzia que até
suas cópias feita pelos artistas ganharam a devoção popular. (Santa Verônica e o Sudário
pág. 53/4)
Os séculos IV, V, VI e VII experimenta uma grande difusão de imagens sagradas.
Os sacerdotes levam-nas em procissões na frente dos exércitos. Ícones são
encontrados em todos os lugares, nas casas, nas lojas, nos livros, nas igrejas etc...
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Gradualmente as imagens de Cristo dos santos e de Maria começa a receber a


adoração e reverencia que antes era dispensada aos ídolos pagãos. Milagres, lendas e
superstições não faltavam para confirmar a “autenticidade” dessas imagens.

IMAGENS MILAGROSAS

Os milagres realizados pelas ditas “imagens milagrosas”, disseminou rapidamente por toda
parte, cada igreja precisava possuir a sua imagem milagrosa para satisfazer o misticismo
popular.
As imagens milagrosas nasce e está intimamente ligada as relíquias dos mártires.
Como não poderia deixar de ser, nesta heresia também Constantino deu a sua contribuição.
Diz o padre Comblin:

“Constantino promoveu muito os túmulos de São Pedro e São Paulo, mandando construir
imensas „basílicas‟ sobre as sepulturas dos dois grandes apóstolos de Roma. Com isso,
desenvolveu-se muito o culto aos dois apóstolos e nasceu a peregrinação a Roma para
visitar os seus túmulos.” (Curso Popular de História da Igreja pág. 22)

Em Constantinopla o imperador mandou construir a igreja dos santos apóstolos e


trouxe para aquele local as relíquias dos doze apóstolos.
“Vale dizer que esse intento gerou uma busca frenética por restos apostólicos...” (Doze
Homens, Uma Missão pág. 325)
Todos queriam ter em suas igrejas um pedaço que fosse de dentes, ossos, cabelos,
vestes ou qualquer outro objeto que pertenceu ao morto.
Todo esse movimento gerou um enorme comércio lucrativo e a fornecedora
principal era as catacumbas - o cemitério dos cristãos durante a perseguição.
Das inúmeras relíquias mencionadas, algumas eram curiosas por sua natureza e
procedência. Assim tinham aqueles que possuíam:
 Leite de Maria
 Espinhos da coroa de Jesus
 Plumas dos anjos
 Cabeça de João Batista, e outras não menos exóticas.

“A veneração dos mártires nasceu espontaneamente por iniciativa popular”, comenta o


padre Comblin. (Curso Popular de História da Igreja pág. 23)
Mas Earle é de opinião diferente quando comenta esta mesma questão:

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“Ademais, os pagãos estavam acostumados à veneração de seus heróis; quando muitos


deles vieram para a igreja, pareceu-lhes natural substituir os seus heróis pelos santos e lhes
dar um status de semi-divindades.” (O Cristianismo através do Século pág. 130)

Não demorou muito e já no século VI a igreja tinha transformado os mártires em


seus mediadores e intercessores.
A eles suplicavam, construíram-lhes igrejas, festas e dias lhes foram dedicados.
“Em 357, conta-se em Roma uma ou duas festas de mártires por mês” (Cristianismo
Primitivo pág. 325)
Por exemplo:
 São Sebastião é venerado e festejado no dia 20 de Janeiro,
 Cosme e Damião 26 de Setembro,
 Santa Luzia 13 de Dezembro,
 São Jorge 23 de abril, e assim centenas deles tinham o seu dia de festa.

Eles também foram transformados em padroeiros de cidades, estados, nações,


profissões, doenças, condições de vida etc...
O padre e professor Henrique E. Cervi afirma que, “No século VI, há uma verdadeira
multiplicação de Santos e Santas padroeiros, favorecida pela difusão das relíquias
(“patrocinia”) e pela crescente confiança na ajuda dos Santos e Santas.” (Santos e Santas
Patronos e Protetores pág. 8)
O que é um padroeiro? O próprio padre explica:
“Entende-se por PATRONO, também dito PADROEIRO ou PROTETOR, no sentido
litúrgico, o Santo ou a Santa que, por antiga tradição ou por legítima eleição, é venerado
com culto particular pelo clero e pelo povo de um lugar, como especial advogado junto de
Deus (Sagrada Congregação dos Ritos, Decr. Authent., 3048,3754)” (ibdem pág. 7)
De onde a igreja herdou isso?
“O conceito jurídico do PATRONO é tipicamente romano. Indicava o chefe de família,
com relação aos “clientes” (familiares e protegidos) e aos libertos.”
“A igreja herdeira da cultura romana, espiritualizou o significado do patrono, aplicando-o
aos Santos e Santas.” (ibdem )

A igreja criou um batalhão de mediadores, protetores e protetoras no fito de ajudar


seus devotos.
Nações importantes, como é o caso da Inglaterra, tem como padroeiro São Jorge. Até
mesmo o setor comercial como as pastelarias e cervejarias têm hoje em dia o seu patrono!
Sobre a mediação dos santos, M.H. Seymour em seu livro, “Noites com os
Romanistas” na página 153 deste livro comenta que:

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“Entre os pagãos acreditava-se que, quando algum homem se fazia notável por seus feitos,
conquistas, invenções ou qualquer outra coisa que o distinguisse como bem feitor do
gênero humano, podia ser canonizado e posto no número dos deuses inferiores e que então
vinha a ser um mediador, e cujos méritos para com os deuses, por outra, o tornavam idôneo
para desempenhar as funções de intercessor com estes a favor daqueles. Os filósofos
pagãos Hesíodo, Platão, Apuleo, etc. falam todos neste sentido. O filosofo ultimamente
nomeado disse: “Os semideuses são inteligências intermediárias por meio das quais nossas
orações e necessidades chegam ao conhecimento dos deuses. São mediadores entre os
habitantes da terra e os habitantes do céu, que levam para lá as nossas orações e trazem
para a terra os favores implorados; que vão e voltam como portadores das súplicas dos
homens e dos auxílios da parte dos deuses,...” Este era o credo do paganismo e em nada, a
não ser no nome, difere do credo do romanismo, no que diz respeito à intercessão dos
santos.”
Com certeza, a igreja Católica Romana não é só herdeira da cultura da antiga Roma,
mas também do seu velho paganismo! Copiou descaradamente o costume pagão dos
Sumérios, estes foram os primeiros habitantes do território Babilônico, berço de todo
paganismo e idolatria!
O pastor e escritor João Lemos, explica sobre este costume entre aquele primitivo
povo. Diz ele que os sumerianos

“Foram os “primeiros” a pôr em prática o costume de terem, para cada uma de suas
cidades, “divindades” a quem adoravam e prestavam culto...A esses “deuses” ou
“divindades”, segundo a crença que tinham e acreditavam, competia a responsabilidade da
prestação de todo tipo de “proteção” para as “cidades” e para os seus “cidadãos”!”
(Babilônia pág. 28).

Esse costume pernicioso passou posteriormente para os romanos, por exemplo, em


Atenas, (que fazia parte da província romana de Acaia) todo ano comemorava a festa ao
seu padroeiro – Júpiter Policus.
Na verdade a igreja imitou o sistema pagão da religião de Roma, pois em contato
com outros povos, os romanos após conquista-los, absorviam a religião e os deuses dessas
nações, que por sua vez, recebiam novos nomes.
Veja nesses poucos exemplos a miscigenação religiosa entre Grécia e Roma em
relação aos deuses.

Deuses gregos era cultuado como Deuses romanos

Zeus....................................................................Júpiter
Ártemis...............................................................Diana
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A Igreja Católica e as Imagens

Afrodite..............................................................Vênus
Apolo..................................................................Febo
Dionísio..............................................................Baco

A igreja romana aproveitando-se da mesma tática, procedeu da mesma maneira, só


mudando os nomes dos deuses pagãos, em outras palavras, mudava o rótulo, mas o
conteúdo continuava o mesmo! É flagrante a influência que teve o sistema pagão no
cristianismo apóstata que hoje leva o nome de catolicismo. A Roma papal e a Roma pagã,
são em muitos aspectos, basicamente a mesma! Veja essa incrível analogia entre os deuses
pagãos e os santos católicos.

Aos deuses dos paganismos foram atribuídas várias funções de proteção.

Mercúrio para as doenças de garganta


Cupido para os olhos
Flora protetora das flores

O catolicismo adotou também seus protetores particulares:

São Brás para a garganta


Santa Luzia para os olhos
Santa Rosa de Viterbo para as flores... Ad infinitun...

O papa Pio XII inventou até uma protetora para a televisão – Santa Clara!
O mais recente membro do panteão católico no Brasil foi um tal de Frei Galvão, um
frade que viveu no século XVIII, que segundo alguns, faz até milagres com suas ditas
pílulas milagrosas que consiste de um pedacinho de papel com uma oração dentro escrita
em latim.
O papa João Paulo II declarou que o Brasil precisava de muitos, muitos santos (Isto
É, 18/12/91).
Enquanto escrevia estas linhas, fui notificado que a Igreja Católica aprovou a criação
de um santo padroeiro para a rede mundial de computadores, a Internet. O nome do
candidato é “santo” Isidoro de Sevilha, um religioso que viveu na Espanha (556-636) e
ficou conhecido por criar uma espécie de banco de dados. Naquela época, ele editou o
Etymologies, um dicionário com mais de 20 volumes. É, pelo que parece, o famigerado
panteão do catolicismo nunca se farta!!!

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A Igreja Católica e as Imagens

“Esta forma de devoção para com os mártires podia, também, pressupor uma grande parte
de superstição popular. Esperam-se dos santos prodígios e curas milagrosas, ou mesmo
favores de ordem material.” (Cristianismo Primitivo pág. 327)
“Lendas e milagres atribuídos a eles disseminaram rapidamente.” (O Cristianismo Através
dos Séculos pág.131)

Diz ainda o ex-padre, Aníbal pereira dos Reis, que nos princípios do século VII,
Focas, o imperador tirano e usurpador do Império, doara o antigo Pantheon dos deuses, que
fora construído por Marcos Vespasiano Agripa no ano 25 a.c, para abrigar as imagens dos
deuses do Olimpo, ao papa Bonifácio III que o transformara em templo romano em 608,
enchendo-o de relíquias.(A Mãe das Prostituições pág. 47)

Na idade média o comercio das imagens e relíquias juntamente com as peregrinações


renderam uma enorme fortuna (como rende ainda hoje) aos cofres da igreja romana.
A ignorância e fanatismo do povo, foram campos férteis para o clero semear suas
heresias e colher bastante dividendos.
As pessoas simples, na maioria analfabetas, por não conhecerem a palavra de Deus
eram enganadas com todo tipo de armações, tapeações e explorações por parte de
sacerdotes charlatões da igreja, popularizavam e difundiam a idéia que as imagens
realizavam milagres.
Houve época que até os sacerdotes arranhavam as imagens para que seus fragmentos
caíssem nas espécies eucarísticas (pão e vinho) para reforçar a presença real de
Cristo. João Damasceno considerado por muitos o “teólogo e defensor” das imagens,
era de opinião que tais ícones possuíam energia divina e poderes sobrenaturais. (A
Imagem proibida pág. 209)
Havia também já naquela época as “imagens choronas” que foram posteriormente
desmascaradas por seus embustes como é o caso hoje em dia por exemplo com a
imagem de “Nossa Senhora Rosa Mística”, que chorou na década de 90 levando
multidões de católicos ao delírio, mais tarde porém, quem chorou de verdade foram
os devotos, pois peritos da Unicamp descobriram que não passava de mais uma
fraude!
Mas, de onde nasceu os poderes miraculosos das imagens ?
É interessante saber que “o culto dos imperadores criara o hábito de se
considerar como tendo valor sagrado não apenas suas imagens, mas tudo o que
houvesse tido contato físico com eles: palácios, insígnias, escritos. O culto das
relíquias saiu do mesmo molde. Desde o século V, os relicários são ornamentadas
com imagens religiosas.” (A Imagem proibida pág. 186)

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A Igreja Católica e as Imagens

A ligação é patente; a igreja transformara os santos em padroeiros e


milagreiros, então tudo no santo possuía uma virtude, mesmo depois de morto o tal
santo. As imagens desse santo por sua vez possuía os mesmos poderes por estar em
contato com suas relíquias.
“Sem dúvida a imagem se forma espontaneamente em torno da relíquia, mas é
esta que lhe comunica sua virtude...O poder mágico da relíquia passa à imagem por
contágio.” (ibdem pág. 249)
Agora entendemos por que as pessoas se arrojam para tocar as imagens nas
procissões ou dentro das igrejas!
O padre Comblin explica que, “Às vezes, é preciso contornar o túmulo ou a
imagem. Às vezes é preciso tocar.” (Curso popular de história da igreja pág. 27)
Sim, os devotos precisam tocar porque crêem que tais coisas possuem alguma
virtude que pode trazer algum beneficio para a pessoa. Isto é superstição e idolatria,
descaradamente pagã!

UMA CARTA EM DEFESA DA IDOLATRIA

Por volta do ano 600, o papa Gregório Magno, escreveu uma carta a Serenos,
bispo de Marselha, repreendendo-o por ter mandado quebrar as imagens de sua
igreja. Diz ele:

“Uma coisa, com efeito, é adorar uma pintura, e outra aprender por uma cena
representada em pintura aquilo que se deve adorar. O que os escritos proporcionam a
quem os lê, a pintura oferece aos analfabetos.” (citado em, A Imagem Proibida pág.
243)
As imagens são os livros dos ignorantes nas próprias palavras de Gregório!
A maior parte da igreja tinha rompido com Sereno por este ter empreendido tal ato,
considerado pela classe clerical romana, abominável.
Acontece, que estes “fiéis”, eram pagãos recém convertidos que se escandalizaram
com a atitude do bispo. É lógico que não queriam largar seus velhos costumes idólatras
com os quais estavam acostumados em sua antiga religião.

Gregório então, adota a velha e costumeira política da igreja romana, sacrifica a


qualidade pela quantidade!
Ele prefere não escandalizar os pagãos, substituindo as imagens de seus deuses pelas
imagens dos santos católicos. É certo que mudavam de religião, mas essa transferência não
causava nenhum impacto em sua velha natureza pecaminosa.
Na verdade o que mudava era apenas o nome e a fisionomia das imagens, mas a
idolatria não, pois ainda continuavam procedendo da mesma forma com os novos ícones
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A Igreja Católica e as Imagens

como procediam em sua velha religião com as imagens pagãs: acendiam velas, incensos,
beijavam-nas, carregavam-nas em procissões, ajoelhavam perante elas, suplicavam-lhes.
O procedimento do catolicismo na evangelização dos pagãos sempre foi precário,
sempre o mesmo, nunca mudou! Coloca uma roupagem ou nome cristão e está tudo bem, a
pessoa pode se considerar “cristã”, mesmo levando em paralelo sua velha vida
pecaminosa!
Um exemplo atual disso é o tipo de catolicismo que é praticado no México
atualmente, onde se mistura práticas das religiões tribais locais com ritos católicos.
Na época da escravidão no Brasil, também foi assim.

“A multidão de escravos antes de embarcar nos navios negreiros, era geralmente levada a
uma igreja da localidade para ser batizada. Era uma cerimônia rápida, onde, de uma só vez,
batizavam-se centenas de escravos. Ao ser batizado, cada escravo recebia um novo nome:
José, Pedro, João, Francisco etc. Um interprete lhes dirigia as seguintes hipócritas palavras:
Olhai, sois já filhos de Deus; estais a caminhos de terras portuguesas (ou espanholas), onde
ireis aprender as coisas da fé...” (História do Brasil pág. 51)
Nessa pseudoconversão os escravos eram forçados a se tornarem cristãos!
Foi assim que nasceu o sincretismo religioso afro-brasileiro que permanece até hoje
no Brasil. Os escravos veneravam os santos católicos por exemplo, São Jorge, mas que
para eles permaneceu o mesmo Ogum da religião africana. Assim temos:
A virgem Maria representando Yemanjá.
Jesus é Oxalá.
São Sebastião é Oxossi.
São Jerônimo é Xangô...
E muitas outras imagens de santos católicos receberam o mesmo sincretismo.
A Bahia é o estado brasileiro onde se acha mais forte essa mistura, há até pais de
santo que vão tomar comunhão nas igrejas católicas, e os padres baianos por sua vez,
devolvem a gentileza da visita nos terreiros de macumba!
Certo jornal católico chegou a defender a fé da religião africana quando disse:

“A descoberta desta nossa herança está nos demonstrando que o Deus da vida, o Deus da
libertação, nos fala pelos orixás e, mais do que isto, não estabelece contradição nenhuma
com os ensinamentos da fé cristã...As manifestações divinas através dos orixás não são
mais para nós negros uma questão de opção, mas sim uma questão de fidelidade exigida
por Deus.” (Jornal Pilar, p. 8, março de 92, da Igreja Católica em São Jorge de Meriti e
Duque de Caxias – RJ – citado em Os fatos sobre o Catolicismo Romano pág. 80)

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A Igreja Católica e as Imagens

O culto que os que afirmavam serem“cristãos”, estavam prestando às imagens, eram


tão descaradamente pagão, que levou judeus e mulçumanos a acusa-los de serem idólatras.
Foi nesse ínterim que estourou a crise iconoclasta.

A REFORMA ICONOCLASTA

Foram várias as causas que levaram os imperadores bizantinos à empreender uma


reforma religiosa das imagens, mas vamos nos deter na principal delas, a religiosa.
A religião que outrora era zelosa no combate à idolatria das imagens, agora tinha se
afundado até o pescoço nesse terrível pecado, a ponto de serem censurados pelos judeus e
muçulmanos que sempre lhes jogavam em rosto o segundo mandamento.
Os monastérios tinham se tornado o lugar onde se produzia, comercializava e
sustentava o culto às imagens.
Os monges que eram na maioria pintores, usavam a superstição popular para se
enriquecer com a venda de imagens, controlando e centralizando o poder político e
comercial.
Foi então que em 726, o imperador Leão III manda destruir um retrato de Cristo do
portão do palácio imperial que fora posto ali pelo imperador Maurício.
Mas a idolatria estava tão arraigada nas mentes e nos corações das pessoas,
principalmente das mulheres, que acabaram por matar o soldado incumbido de executar a
remoção da imagem do Cristo.
Inicia-se uma revolta popular com massacres e quebra das imagens, dentro e fora das
igrejas, essa guerra civil vai durar até 843. Morre leão III e a cruzada contra as imagens é
levada a cabo por seu filho Constantino V, que se destacou como um hábil teólogo e um
dos principais combatentes do culto a “Theotokos” (mãe de Deus), título esse dado à Maria
no concilio de Éfeso em 431.
Faz-se necessário abrirmos um parêntese aqui para falarmos um pouco sobre esse
concílio. Assim expressou o teólogo católico Roque Frangiotti a respeito deste episódio:

“A proclamação do dogma da maternidade divina, na cidade de Éfeso, parece ter um


significado profundo e está ligado a uma tradição pagã muito antiga. Dizem os
historiadores que o povo aguardava, ansioso, junto à basílica, o encerramento do concílio.
Quando se soube que os bispos conciliares reconheceram Maria como verdadeira Mãe de
Deus, o povo saiu jubiloso pelas mesmas ruas em que, quatro séculos antes, havia-se
produzido um grande tumulto contra o apostolo Paulo porque este se opunha à devoção
pagã, ao culto da deusa-mãe Ártemis dos efésios!”

Prossegue ainda o autor:

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A Igreja Católica e as Imagens

“A declaração da maternidade divina de Maria parece ter recuperado o ânimo das massas
despojadas, que, no culto da deusa-mãe, garantiam sua autonomia espiritual num espaço
leigo para viver seus sonhos e sua piedade ante um autoritarismo clerical cada vez mais
prepotente. A prática autoritária da evangelização sem conversão levou as classes,
ignorantes e embrutecidas, a substituir seus deuses e heróis pelos santos, transferindo
apenas as imagens no imaginário religioso. “A Virgem Maria passou a ser considerada a
principal entre todos os santos. A ela transferiu-se muito do sentimento que se expressava
no culto das deusas-mães do Egito, da Síria e da Ásia Menor...Em certas épocas, Maria
ameaçou tomar o lugar do filho, no coração de muitos fiéis.”
“Estudiosos sugerem que tem significado associativo muito forte o fato de também a deusa
egípcia Ísis ser venerada como Mãe Universal e Rainha do Céu, e seu culto, que perdurou
até o século VI, ter sido o mais poderoso rival que o cristianismo teve de enfrentar na
competição por prosélitos, no Egito helenístico.”

Daí lança a advertência:

“Porém, nunca devemos esquecer que Maria não é Deus, ainda que, em muitas variantes da
religiosidade popular, o culto à Virgem seja verdadeiramente um culto a Deus” (História
das Heresias pág. 135/6,7)

Depois deste concílio a devoção a Maria aumentou enormemente quando então um retrato
da virgem pretensamente pintado por São Lucas, que fora encontrado nas catacumbas, foi
incorporado a coleção imperial de relíquias em Constantinopla. É bom lembrar que assim
como as supostas imagens miraculosas de Cristo, esse retrato também inspirou outras
pinturas comuns que caíram na devoção popular.

DEFENSORES DE ÍCONES PERSEGUIDORES DE ÍCONES

As represálias levadas a cabo por Constantino não dizia respeito ao ícone em si


apenas, mas até a linguagem religiosa, os cânticos e as orações do povo foram alvo das ferozes
investidas do Imperador, que não poupou esforços para desarraigar do povo o velho costume de
suplicar aos santos, empregando para isso até mesmo a violência. De imediato ele convoca um
sínodo mas sem a participação do bispo de Roma e do patriarca de Constantinopla “Um sínodo
convocado pelo Imperador Constantino V em Hieréia, perto de Constantinopla (338 bispos),

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sem a participação de Roma, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, pronuncia-se em favor da


destruição das imagens.” (Curso Básico de historia da igreja pág. 57)
Todavia as coisas mudaram sobremaneira quando Irene, a imperatriz, tomou o poder
em 780. Percebendo o descontentamento das massas, tratou logo de unir-se ao papa e restaurar
o culto às imagens. Irene se destacou por ser uma ardorosa defensora do culto aos ídolos. Há
quem ousa arriscar (entre a grei romana) chamá-la de “piedosa”, um adjetivo um tanto injusto
para uma pessoa que foi acusada de ter assassinado seu próprio marido, Leão IV, há relatos
também acusando-a de ter mandado matar seu filho, Constantino VI em 797, por este ter
tentado arrebatar o poder de suas mãos.
Em seu mandato Irene usou de todos os meios disponíveis para estabelecer
novamente a idolatria no meio do povo, depôs bispos e convocou um concilio em Nicéia
chamado de 2º concílio de Nicéia 7º concílio ecumênico, onde declarou nulo o sínodo
convocado por Constantino em 754, e estabeleceu a adoração das imagens.
Eis parte da declaração deste concílio:

“Definimos com todo cuidado e solicitude que as representações da cruz e das santas imagens,
sejam pintadas, esculpidas ou feitas de qualquer outro material, devem ser colocadas nos vasos
e nas vestes sagradas, nas paredes, em quadros, nas casas e nas ruas; por imagens entendemos
as de Cristo, da Santa Mãe de Deus, dos anjos dignos de honra e de todos os santos.
Quanto mais alguém contemplar estas imagens, mais se lembrará daqueles que nelas são
representados, sentir-se-á animado a prestar-lhes respeito e veneração, sem prestar-lhes
adoração no sentido próprio, que é devida somente a Deus; mas poderá oferecer-lhes incenso,
velas, como se faz em relação à santa cruz e aos livros dos santos evangelhos e a outros objetos
sagrados; tal era o costume dos antigos, porque a veneração prestada a uma imagem se refere a
pessoa representada”. (Cem Questões de Fé pág. 50/1).

Esse concílio contudo gerou muitas polêmicas no meio religioso dos iconódulos,
como por exemplo, Carlos Magno que pronunciara contra o termo veneração, usado neste
concílio, mas também não apoiou o ato de se quebrar imagens! Em 794 um concílio geral
franco repele as decisões de Nicéia: as imagens não devem ser destruídas nem veneradas; elas
servem unicamente para a memória e para o ensino. (Curso popular de Historia da igreja pág.
57)
Foi em meio a essa guerra religiosa e política que nasceu os “teólogos” defensores
das imagens como o principal deles, João Damasceno que forjou as expressões usadas até hoje
pela teologia católica como a suposta diferença entre veneração e adoração, ele também foi o
primeiro a elaborar a primeira síntese teológica do ícone, posteriormente, partindo deste
pressuposto, Boaventura define a hierarquia deste culto: “dulia” para os santos, “hiperdulia”
para a Virgem e, finalmente, “latria” para o Cristo exclusivamente. (A Imagem Proibida pág.
258)
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A Igreja Católica e as Imagens

“É preciso reconhecer que, para o povo, habituado a beijar os ícones, a prosternar-se


diante deles, como fazia outrora diante dos ídolos pagãos, a distinção entre culto de dulia e culto
de latria (adoração propriamente dita) não devia ser sempre de grande clareza.” (A Imagem
Proibida pág. 203)

Não demorou muito e Irene foi vítima de um golpe que a derrubou do poder em 802.
Em 813 Léo V remove o retrato do Cristo que havia sido recolocado por Irene em
Constantinopla e convoca um concílio em Santa Sofia em 815 para condenar Irene e o 2º
concílio de Nicéia.
Morre Léo V e é sucedido por Miguel II que é opositor declarado das imagens, mas
sua esposa Theodora após a morte do marido rege no lugar de seu filho de três anos e convoca
um sínodo em 843 autorizando o uso das imagens.
Em 870 outro sínodo convocado para excomungar o patriarca Fócio, reafirma no seu
cânon de número 3 a veneração das imagens.
Essa foi a saga da guerra contra e a favor das imagens. No meio católico não se
levantou mais ninguém que ousou investir contra o culto dos ícones, só aparecendo um
movimento desta envergadura, bem depois, com a reforma protestante e que levou o Concílio
de Trento a declarar:
“As imagens de Cristo e da Virgem Mãe de Deus e de outros santos devem ser
possuídas e guardadas, especialmente nas igrejas e devem ser alvo de honra e veneração”
Foi assim que a idolatria permaneceu de vez, agora como lei, nas igrejas do Oriente
e do Ocidente!

“A IMAGINAÇÃO DO HOMEM É UMA PERPÉTUA


FÁBRICA DE ÍDOLOS” Calvino.

DEUS NÃO PODE SER REPRESENTADO


O Deus único e verdadeiro é substancialmente, “espírito”, sendo tal, Ele subsiste de
forma a transcender tudo o que nós conhecemos empiricamente, assim sendo, a Bíblia pode
realmente dizer: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que o céu, e até o céu dos
céus, não te podem conter; quanto menos esta casa que edifiquei!” I Reis 8:27.
Não podemos entende-lo e muito menos copia-lo forjando uma forma corruptível
segundo a imaginação do artista; não podemos traze-lo como que querendo plasma-lo ao
nosso mundo. Seria isto uma maneira de engendra-lo segundo os padrões de uma mente
pecaminosa decaída.

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A Igreja Católica e as Imagens

Contudo, Deus revela-se ao homem e em sua imanência, ás vezes ao entrar em


contato com seu povo, há a necessidade de se exprimir através das teofanias, ler Gênesis
18. Outras vezes, manifesta-se Ele, segundo sua livre e soberana vontade, através de sinais
e maravilhas, mas tudo isso, devemos ter em conta, é simplesmente para mostrar ao
homem que sua essência é incompreensível e invisível, como tal, nunca poderíamos chegar
por nossos méritos próprios a conhece-lo e fazer qualquer cópia sua. Deus revela-se por si,
da sua maneira, e isto é prova mais do que clara e suficiente de que o homem não conhece
a Deus, a não ser que este o queira revelar. Deus não dá permissão ao homem para fazer
imagens de sua pessoa!
Diz certa fonte católica que “representa-lo em imagem teria significado reduzi-lo ao
nível da natureza e, por conseguinte, rebaixa-lo ao nível de divindades adoradas mediante
imagens.” (Dicionário Bíblico pág. 436, edições Paulinas – John L. Mackenzie)
Essa verdade é tão contundente que Deus deu ordem ao pai dos crentes para que
saísse de sua parentela Gênesis 12, parentes estes que estavam mergulhados na idolatria.
Mais tarde Deus deu a lei à descendência de Abraão e no coração da lei estava o
decálogo que no primeiro e segundo mandamentos proíbe de maneira taxativa quaisquer
representações de Deus em sentido religioso, nos seguintes termos:

1º mandamento – “Não terás outros deuses diante de mim.”

2º mandamento – “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em
cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás
diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a
iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.”
Êxodo 20:3,4,5

Nota-se nestes dois mandamentos duas verdades intrínseca à religião cristã.


A primeira é que existe um só Deus.
A segunda é que esse Deus único e verdadeiro, não pode ser representado sob
representações plásticas.
A Religião verdadeira baseada nos ensinos bíblicos é radicalmente oposta a falsa
religião, ou seja, Cristianismo e paganismo não se misturam são excludentes, são
completamente diferentes, não similares!
O paganismo sobrevivia sob o suporte do visível e material, de representar Deus
através da matéria, com todas as suas cerimônias, rituais, suas imagens e seus muitos
deuses intermediários. Já o Cristianismo, vive sob a ordem de adorar a Deus em “espírito”
e em verdade, não se preocupa com o visível mas com o invisível e imaterial, com a
essência e não com a forma. Nada de cerimonialismo, nada de imagens e nada de múltiplos
intercessores intermediários.
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A Igreja Católica e as Imagens

Tentar juntar estes dois tipos de culto é unir o que Deus separou para sempre!
Mesclar os elementos que compõe o culto cristão com os do culto pagão não é oferecer a
Deus um culto racional e espiritual, Romanos 12:1,2.

OS DOIS CULTOS

Existem dois tipos de cultos que se presta a Deus, a saber: o culto ao deus falso e o
culto falso ao Deus verdadeiro.
O segundo todavia se torna pior do que o primeiro, desagrada mais a Deus do que
àquele. Um “cristão” que presta uma forma de culto errada, fora dos padrões exigidos por
Deus, que por sua vez estão às escancaras na Bíblia, não está em melhores condições do
que o aborígine que adora os elementos da natureza e do cosmos. Um ignora-o por não
conhece-lo, o outro mesmo conhecendo ignora-o. Eis o que diz a Bíblia:

“tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve
furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve cometer adultério, adulteras? Tu, que
abominas os ídolos, roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela
transgressão da lei?Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os
gentios, como está escrito.” Romanos 2:22,23,24

Bem acertadamente protesta o profeta Isaías quando diz:

“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz
por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!” Isaías 5:20

Lembremos que o contexto se reporta ás críticas que o profeta fazia contra o falso
culto que Israel estava prestando ao Deus verdadeiro.
Não podemos delinear a maneira de adorarmos a Deus, se realmente vamos servi-lo,
devemos então servi-lo de acordo com sua soberana vontade e não pela nossa carnal
compreensão!
Não só é pecado o fazer ou ter imagens de outros deuses, que por natureza são
falsos, como também, da mesma maneira, fazer ou ter imagens do Deus verdadeiro e
invisível. Não podemos erigir um culto, por mais sincero que seja, em cima desses
rudimentos, pobres e fracos e descaradamente pagão. Isto seria ofender declaradamente a
sapiencial vontade do todo poderoso, seria afrontar suas determinações vigentes no
decálogo quanto ao primeiro e segundo mandamentos.

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Idolatria
ETIMOLOGIA DA PALAVRA

O termo idolatria é originário de duas palavras gregas: Eidolon (imagem) e Latreia


(culto). Assim sendo, idolatria seria o culto prestado às imagens. Ligado intimamente a isto
está a prática da adoração, pois esta lhe confere a essência de que necessita, acrescenta-se
ainda neste contexto a superstição que molda e da forma a este tipo maléfico de culto. Em
sentido religioso quando alguém presta um culto a algo ou alguém e que sua intenção se
desvia fora da pessoa do Deus verdadeiro, sendo o objeto desse culto uma matéria
inanimada ou talvez ainda o próprio ser humano, constitui-se em grave pecado, lesando e
afrontando a majestade divina, a isto a Bíblia chama de idolatria.

OS DOIS TIPOS DE IDOLATRIA

Existem dois tipos de idolatria: a primeira e a mais conhecida é aquela em que o


adorador possui para fins de culto, algum objeto material, como por exemplo, as imagens
dos ídolos, sendo estas de quaisquer tipos de material que se possa fabricar, a estes objetos
são atribuídos poderes ou status de divindade, usurpando o lugar de Deus no coração do
cultuador. A segunda semelhante a esta é aquela em que a intenção de culto e adoração vai
desembocar também em outra pessoa fora do Deus verdadeiro, porém sem o uso de
imagens, é o caso da cobiça e avareza do qual Paulo fala em Colossenses 3:5 e Efésios 5:5,
e mesmo de qualquer pessoa, como certos tipos de “santos”, orixás ou deuses. Tudo que
colocamos acima de Deus ou junto a Ele acaba se tornando um ídolo mesmo que não seja
representado por imagens.
As duas práticas por conseguinte constitui-se em pecado gravíssimo contra Deus, a
diferença entre elas é mínima, em uma se usa um objeto material onde o adorador deposita
sua confiança e fé e/ou através dele se chegue à divindade que é invocada; já a outra não
possui objeto material algum, mas as duas, torno a repetir, são passíveis de condenação
como de fato o declara o Sacro-Livro, pois destrona Deus de sua posição de glória e honra
que de fato só a Ele cabe.
Deus nunca repartirá sua glória com algo ou alguém, veja o que Ele mesmo diz
quanto a isto:
“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o
meu louvor às imagens esculpidas.” Isaías 42:8
O ídolo sempre é condenável pois lesa a posição que Deus deveria ter no coração do
ser humano, porém a imagem em certo sentido não, a não ser é claro, que esta venha a se
tornar um ídolo na mente e no coração do adorador que dispensa a este objeto honras

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A Igreja Católica e as Imagens

poderes e glória, ele acaba assim prestando um culto de adoração ou veneração a esta
imagem. O perigo e a subtileza do erro quanto ao culto às imagens está em que o homem
pensa em adorar, contemplar, honrar e aprender de Deus através delas, mas logo esta e a
divindade se confundem, acabando em último caso a adoração e honra finalizar no próprio
objeto - a imagem.
Deus abomina, detesta, odeia, e coloca sobre maldição o fornicador espiritual que
em suas práticas deploráveis comete todo tipo de agravo a sua pessoa através da mancebia
com os ídolos.

O DECÁLOGO

A lei de Deus não titubeava quanto à idolatria no tocante às imagens, ela é clara e
objetiva, e em alto e bom som expressa a perfeita vontade de Deus.

“NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM ESCULPIDA, NEM FIGURA ALGUMA DO QUE


HÁ EM CIMA NO CÉU, NEM EM BAIXO NA TERRA, NEM NAS ÁGUAS DEBAIXO
DA TERRA.
NÃO TE ENCURVARÁS DIANTE DELAS, NEM AS SERVIRÁS; PORQUE EU, O
SENHOR TEU DEUS, SOU DEUS ZELOSO, QUE VISITO A INIQÜIDADE DOS PAIS
NOS FILHOS ATÉ A TERCEIRA E QUARTA GERAÇÃO DAQUELES QUE ME
ODEIAM.” Êxodo 20:4,5

Afrontando contrariando, injuriando e lesando a este mandamento, a Igreja Católica lança


por terra os corretos preceitos do criador quando através de seus sofismas que por sua vez
estão alicerçados em seus Concílios, encíclicas e tradições declara que se pode fazer, ter,
possuir ou incentivar o uso de imagens no culto a Deus. Blasfema o Catecismo católico
quando diz que:

“As santas imagens, presentes em nossas Igrejas e em nossas casas, destinam-se a despertar
e a alimentar a nossa fé no ministério de Cristo.
Através do ícone de Cristo e das suas obras salvíficas, é a ele que adoramos. Através das
santas imagens da santa Mãe de Deus, dos anjos e dos santos, veneramos as pessoas nelas
representadas.”

Realmente tais declarações soam como que um dragão falando com voz de cordeiro,
são ultrajantes à lei de Deus. Veja que tais declarações não agüenta o mínimo confronto
com a Bíblia.
Centro Aologético Cristão de Pesquisas – CACP 38
A Igreja Católica e as Imagens

“Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque não vistes forma alguma no dia em
que o Senhor vosso Deus, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos
corrompais, fazendo para vós alguma imagem esculpida, na forma de qualquer figura,
semelhança de homem ou de mulher” (Deuteronômio 4:15,16)

Mas a Igreja Católica tem feito ao contrário, chegando ao absurdo de representar a


própria Trindade sob a imagem pictórica do Pai como um velho barbudo, de Jesus
carregando uma cruz ou com uma coroa na cabeça que mais lembra um imperador pagão, e
do Espírito Santo como uma pomba, isto, quando não acrescentam Maria no meio da cena
sendo coroada pelos dois personagens divinos!
Aliás, Maria pouco a pouco, através destes séculos de existência de catolicismo vem
se igualando à Trindade, quase que formando uma quaternidade, pois a ela, os romanistas
já lhe deram todos os títulos que só a Deus cabe, até mesmo o de onipotente. E tamanha é a
idolatria de que os devotos cercaram Maria que já estão pedindo para que ela realmente
figure entre as pessoas da Santíssima Trindade. Veja nessa reportagem logo abaixo, como
está indo longe demais o culto mariano.
“...movimentos de devotos, principalmente dos Estados Unidos e da Europa, querem que
ela também passe a fazer parte da Santíssima Família. Por meio de abaixo-assinados que já
conseguiram recolher o apoio de quase 5 milhões de católicos em todo o mundo, os fiéis
estão pressionando o papa João Paulo II para conceder a Maria de Nazaré o título de co-
redentora da humanidade. Isso significa que ela seria oficialmente reconhecida como a
salvadora dos homens e, como tal, entronizada como a quarta integrante da Santíssima
Trindade, que representa a figura de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo.

O principal movimento nesse sentido tem sede nos Estados Unidos. É o Vox Populi Mariae
Mediatrici, liderado pelo teólogo Mark Miravalle, professor da Universidade Franciscana
de Steubenville, no estado de Ohio. A organização está conquistando adeptos para a causa
pelo site http://voxpopuli.org/petition.asp. Entre os mais de 4,5 milhões de católicos que já
preencheram o formulário colocado na rede, que depois é enviado ao Vaticano, encontram-
se 500 bispos e 42 cardeais.

A simpatia do papa João Paulo II pela figura de Maria é um dos grandes trunfos dos fiéis.
Ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978, o então cardeal Karol Wojtyla escolheu como
lema do brasão de seu pontificado a expressão "Totus tuus", que significa sua entrega total
a Maria. Sua primeira viagem, 13 dias após a eleição, foi a um santuário mariano, nas
proximidades de Roma. A partir daí, o papa não perde oportunidade de reafirmar seu culto
à mãe de Jesus e de lembrar que foi Nossa Senhora de Fátima quem o salvou do atentado a
tiros que sofreu em 1981.

Centro Aologético Cristão de Pesquisas – CACP 39


A Igreja Católica e as Imagens

O pontífice não está sozinho em sua devoção, partilhada por católicos de todo o mundo a
partir da proliferação de relatos de aparições da Virgem Maria no século XX. O historiador
americano Jaroslav Pelikan, autor do livro Maria Através dos Séculos, lançado no Brasil
pela Editora Companhia das Letras, afirma que o século passado terminou com o relato de
200 aparições da Virgem. A mais difundida é a de Fátima, no interior de Portugal, quando
teria aparecido a três pastores, a quem teria revelado três segredos que depois seriam
interpretados como a previsão da Segunda Guerra, o fim da União Soviética e o atentado a
João Paulo II. O local hoje atrai 4 milhões de fiéis por ano e é um dos mais visitados
santuários marianos do mundo, ao lado de Aparecida, no Brasil, e Lourdes, na França.

O crescimento do fenômeno de culto à Maria não ocorreu de repente. Nos últimos 150
anos, os papas anunciaram que, diferentemente dos demais mortais, ela foi concebida sem
pecado (chamado de dom da Imaculada Conceição) e que seu corpo e sua alma foram
levados para o céu (dom da Assunção). Em outras palavras: declararam em documentos o
que a fé popular pedia. As duas regras juntaram-se à mais antiga e polêmica decisão do
catolicismo frente à imagem de Maria. Anunciada no século IV, há mais de 1.500 anos, ela
defende que mesmo após o parto, Maria continuou Virgem e Mãe de Deus. Se o papa
atender aos pedidos dos fiéis, logo ela poderá ser vista nas representações ao lado de Deus
Pai, de Jesus Cristo e do Espírito Santo, tornando obsoleta a expressão Santíssima
Trindade.”

Temo que cada vez mais o catolicismo vá se distanciando do verdadeiro


Cristianismo. A história sempre se repete, a massa de fiéis pede, os bispos atendem e o
papa transforma em dogma os desejos idólatras do povo.

O termo vigente da proibição divina é tão forte que os teólogos católicos deram um
jeito de suprimir o segundo mandamento de seus catecismos e para não ficar apenas com
nove, pois seria uma contradição de palavras chamar de decálogo apenas nove
mandamentos, dividiu o décimo em dois. Então ficou assim no catecismo:

“OS MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS SÃO DEZ:

1. Amar a Deus sobre todas as coisas


2. Não tomar o seu santo nome em vão
3. Guardar domingos e festas
4. Honrar pai e mãe
5. Não matar
6. Não pecar contra a castidade
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A Igreja Católica e as Imagens

7. Não furtar
8. Não levantar falso testemunho
9. Não desejar a mulher do próximo
10. Não cobiçar as coisas alheias”

Vê-se claramente que além de arrancar o primeiro mandamento de não ter outros
deuses além de Javé e o segundo mandamento que condena veementemente o culto às
imagens, ela também trocou o sábado pelo domingo e as festas da igreja no quarto
mandamento. Já no décimo é uma flagrante contradição pois cobiçar e desejar são
sinônimos sendo desnecessária sua repetição. Mas ela precisou fazer esse malabarismo
para mutilar o segundo mandamento.
Comentando sobre o assunto certo católico ortodoxo disse que “esse foi o maior erro
teológico do catolicismo romano”.
Este fato passa despercebido pelos fiéis católicos que não tem a prática de conferir, o
que sua igreja prega com a Bíblia. Na Igreja Católica eles são desestimulados ao estudo da
Bíblia, quando não, o estudo do livro é feito sob a ótica da Igreja, pois como afirmam, só
ela tem autoridade e direito de interpreta-la através de seu magistério, não restando
liberdade para o livre exame como faz a Igreja Evangélica.
Hoje estamos na época em que está em voga a onda carismática, movimento que
mais parece um clone dos cultos neopentecostais, levantado pela Igreja Católica para barrar
o avanço evangélico, principalmente dos pentecostais que são os que mais crescem e
conseqüentemente os que mais arrebanham fiéis da santa Sé. Todavia muitos católicos que
se engajam nesse movimento estão tendo os olhos abertos para as verdades da palavra de
Deus e como conseqüência há uma significativa evasão de católicos carismáticos para as
igrejas evangélicas pois quando a luz da palavra de Deus abre o entendimento das pessoas
e a verdade fulgura em seus corações não resta outra alternativa a não ser obedecer à voz
divina: “Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que
não incorras nas suas pragas” Apocalipse 18:4.
Tenho presenciado o testemunho de ex-carismáticos que outrora cego pela idolatria
veio a conhecer a verdade pelo livre exame das escrituras. Por causa disso a igreja tomou
as rédeas do movimento para controla-lo subjugando-o debaixo do autoritarismo papal. O
movimento passou a ser controlado pela cúria romana e hoje a Renovação Carismática é
uma das maiores responsáveis pelo aumento do fervor dos fiéis à “veneração”, a Maria e
aos “santos”. Infelizmente,,,00 0 a mariolatria com imagens ou não (porque muitos
carismáticos afirmam não possuir imagens, mas no entanto, Maria é tida como o centro de
suas devoções), tem tido um reavivamento nesse final de século.

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A Igreja Católica e as Imagens

SOFISMAS
Em II Coríntios 10:5 o apóstolo Paulo conclama a anularmos os sofismas (ARA) ou
raciocínios (ARC). Mas o que venha a ser sofisma? Em toscas palavras podemos definir
sofisma como uma mentira maquiada de verdade, não resiste a uma análise seria e
profunda, quando isso se dá, cai por terra o verniz da qual estava encoberta. O sofisma tem
como objetivo induzir as pessoas ao engano, Quem usa sofismas, sabe o que está fazendo
quando, por exemplo, tenta nos empurrar uma conclusão para a qual não dispõe de dados
ou demonstrações suficientes (Othon M. Garcia).
Observe que Paulo também fala de fortalezas da qual muitos estavam presos,
fortalezas essas construídas sob o alicerce movediço dos sofismas.
A Igreja Católica a fim de safar-se da acusação de idolatria prescrita pelas sagradas
escrituras, inventa justificativas das mais variadas, forjando termos alheio às sagradas
escrituras com o fito de legitimar a prática idólatra das imagens.
Entretanto, toda essa argumentação sofismática é engendrada numa plataforma fora
da palavra de Deus, relegando-a a segundo plano. Seus Concílios, encíclicas e escritos
“patrísticos”, são de suma importância nesse caso, pois através deles ela se sente justificada
ao praticar esse horrendo pecado.
Os fiéis não conhecendo a lei áurea da vontade de Deus que rege a maneira
determinada para o adorarmos, acaba sendo engodados pelas artimanhas e espertezas com
que os mestres do catolicismo empacotam seus argumentos.
Não é raro encontrarmos algum católico mais “esclarecido” dizer com o intuito de
defender o uso das imagens que não as adora mas lhe presta um culto de “veneração”, de
“dulia”. Isso não passa do ecoar dos argumentos que os teólogos católicos capciosamente
inventaram e que os fiéis vão repetindo sem ao menos ponderar sobre seu real significado.

SUTILEZAS DO ERRO

Desde a época da crise iconoclasta, ou mesmo antes, não tem faltado argutos que
pleiteiam a causa iconólatra. Mesmo tendo para isso que lançar mão dos mais desvairados
raciocínios, das mais vergonhosas parvoíces, estribando-se em versículos isolados das
escrituras, pervertendo-lhes o sentido para dar suporte as suas heresias.
Muitos ficaram famosos por seus escritos em defesa do uso de imagens como por
exemplo, João de Damasco, Boaventura, o aristotélico Tomás de Aquino, para citar só
alguns. Eis alguns destes argumentos:

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A Igreja Católica e as Imagens

“O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente”. (São
Gregório de Nissa) Outro Gregório mais tarde iria ampliar este pensamento ao declarar
que:
“As imagens são os livros dos ignorantes”. (Gregório Magno)
“Todas as tradições da igreja que nos foram dada como lei por escrito ou sem ser por
escrito, nós a conservamos sem inovações – uma destas sendo a impressão, por meio do
ícone...” (Nicéia II)
“Em tempos remotos, Deus, que não tem forma nem corpo, não pôde nunca ser
representado. Mas agora que Deus é visto em carne e osso conversando com os homens, eu
crio uma imagem do Deus que eu vejo. Não adoro a matéria; eu adoro o criador da
matéria...” (João Damasceno)
“Se você deseja condenar-me por causa das imagens, então você precisa condenar
Deus por ter mandado faze-las”. (Leontius, bispo de Neápolis VII)

Tentando legitimar o uso de tão supersticiosa idolatria alguns mutilavam, distorciam


e abusavam das escrituras a ponto de apoiarem-se em versículos Bíblicos e extrair deles o
que não se lê.
Uns citavam Salmos 99:5 “Exaltai o Senhor nosso Deus, e prostrai-vos diante do
escabelo de seus pés; porque ele é santo.” Outros ainda para provarem a suposta base
bíblica das imagens citava Salmos 16.3 “Quanto aos santos que estão na terra, eles são os
ilustres nos quais está todo o meu prazer.”
Comentando estes disparates declarou Calvino: “Se, para zombar dos que defendem
a adoração das imagens, alguém quisesse fazer deles uma caricatura ridícula, poderia,
porventura, reunir tolices maiores e mais grosseiras do que as acima referidas?”
O fanatismo dos iconófilos era a tal ponto doentio que muitos chegavam a
amaldiçoar quem fosse contra o uso de tais objetos. Na época da “santa” Inquisição
Leclerc, um tecelão francês foi condenado à torturas terríveis e finalmente à morte por ter
se rebelado contra as imagens de escultura. (Folha Universal 8/12/1999)
Hoje não há mais Inquisições com torturas ou fogueiras, contudo ainda há ardentes
defensores de ícones entre os líderes católicos anatematizando os que são contra esta
prática idólatra.

REFUTANDO AS HERESIAS

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A Igreja Católica e as Imagens

Os mestres da iconolatria vivem a repetir o mesmo refrão de sempre, de que Deus


mandou os israelitas fazer imagens por isso a igreja está justificada quando as usa, de que
existe uma suposta diferença no culto que se presta às imagens e do que se presta a Deus e
assim por diante.
Porém, oportuno e conveniente, antes de se adentrar à refutação das doutrinas
romanistas, trazidas à baila pelos escritos da mesma, urge por considerar no tocante à
defesa das imagens, o que dizem algumas celebridades e escritores nacionais desta
organização. Vejamos:

“Concluímos pois que na Igreja Católica, a adoração é prestada unicamente a Deus.


Aos santos e, de modo particular, a Maria nós prestamos veneração, o que significa antes
de tudo um sentimento de profundo respeito, mas jamais de adoração”
(Sou Feliz por ser Católico pág. 45/46 - padre Marcelo Rossi)

“Não somos idólatras. Mas, também não precisamos ser fanáticos. Se as imagens
nos afastam de Deus, deixemo-las de lado. Se nos aproximam dele, façamos bom uso
delas.” (Tranqüilamente Católico pág. 263 – padre Zezinho)

“Para os católicos as imagens são apenas um sinal, e nada mais...Os santos e as


imagens não são o ponto final da nossa fé.” (Tire suas dúvidas sobre a Bíblia pág. 40)

“Portanto ao recriminar os católicos, os protestantes deveriam primeiramente provar que as


imagens de Jesus Cristo, Maria Santíssima e dos santos são realmente imagens daqueles
deuses estrangeiros” (Bíblia “Ave Maria” – índice doutrinal pág. 1586)

“a partir da encarnação, Jesus de Nazaré, na sua figura humana, torna Deus imanente ao
mundo. Em conseqüência disto é que se legitimam as imagens de Jesus, da Virgem Maria e
dos santos.” (Cem Questões de Fé pág. 47/48)

Pois bem. Das narrações acima descrita, faz-se lembrar, rememorar, aqui, daquela passagem
bíblica em que Paulo adverte os crentes em Colossos dizendo:
“Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não
segundo Cristo.” (Colossenses 2:8)
A propósito, a palavra “tradição”, encontra seu verdadeiro sentido nesta advertência.
Necessário se faz trazer à colação que a origem desta doutrina está embasada justamente em
tradições de homens e não na santa palavra de Deus. Veja o que diz o catecismo católico
sobre a origem desta doutrina:

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A Igreja Católica e as Imagens

“Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos padres, e da tradição da Igreja
Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda
a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz
preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra maneira
apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes
sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos...” (citado em Por Amor aos
Católicos Romanos pág. 149/150)

Bem disse Jesus quando censurou os religiosos de sua época dizendo:


“Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.” Marcos 7:8
Não deseja o homem, em hipótese nenhuma, enquadrar-se no modo de pensar de
Deus, externado em sua Palavra, na Bíblia Sagrada. Daí, com devaneios e sofismas
buscam por intermédio da religião, inventar arranjos teológicos convenientes, com o fito a
justificar suas práticas perante Deus, contudo, ledo engano.

O CASO DE ATOS 19:27

Paulo causou uma tremenda revolta em certos adoradores da Deusa Ártemis ou


Diana, nome latino para a mesma deusa, na cidade de Éfeso. Tais devotos estavam
preocupados com a pregação de Paulo pois sua profissão era “fazer da prata miniaturas do
templo de Diana e assim, proporcionava não pequeno negócio aos artífices, os quais ele
ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que
desta indústria nos vem a prosperidade, e estais vendo e ouvindo que não é só em Éfeso,
mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desviado muita gente, dizendo não
serem deuses os que são feitos por mãos humanas. E não somente há perigo de que esta
nossa profissão caia em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Diana seja
estimado em nada, vindo mesmo a ser destituída da sua majestade aquela a quem toda a
Ásia e o mundo adoram.” Atos 19:24-27 (paráfrase nossa)
A idolatria assim como sua inseparável companheira a prostituição não subsiste sem
o comércio e a exploração. Não foram poucas as vezes que Javé dos Exércitos acusava
Israel de apostasia e para isso usava figuradamente a palavra prostituição.
Na linguagem profética da Bíblia a prostituição é símbolo de um povo ou de uma
instituição que se prostituiu em sentido espiritual.(A Mãe das Prostituições pág. 28) Veja
Êxodo 34:15,16, Isaías 1:21, Jeremias 3:6 e muitos outros.
É apropriada a designação que a Bíblia faz da falsa igreja em Apocalipse 17
chamando-a de “A Mãe das Prostituições”. Deve-se notar ainda que ela está intimamente
Centro Aologético Cristão de Pesquisas – CACP 45
A Igreja Católica e as Imagens

ligada à imagem da besta e a idolatria. Não irei entrar em minudências escatológicas aqui,
mas convém lembrar que as profecias referentes à “Mãe das Prostituições” cai como uma
perfeita luva, nos mínimos detalhes, na “Roma Papal”.
Mas voltando ao episódio de Atos; assim como Demétrio o ourives de Atos dos
Apóstolos vivia do comércio daquela deusa, a Igreja Católica tem no comércio de imagens
sua galinha de ovos de ouro e explora comercialmente a fé de seus fiéis, escravizando suas
almas. Para que nenhum católico me acuse de estar difamando sem provas sua amada
igreja, irei citar um fato um tanto desconcertante para os fiéis dessa religião. Todos sabem
que a Igreja Católica tem infinitos protetores para todas as áreas da vida, inclusive doenças,
neste batalhão de padroeiros, o catolicismo resolveu achar um lugarzinho até para o pobre
Lázaro da passagem de Lucas 16:19 do “Rico e Lázaro”. Consagrou-o para a população
como o “protetor das chagas”.
Para que não paire alguma dúvida na mente de nossos antagonistas, é só passar em
alguma livraria católica e pedir uma imagem desse “santo”, verá a imagem de um velho
maltrapilho com o corpo cheio de chagas com um cão ao seu redor, exatamente como
descreve a história de Lucas. Se alguém quiser confirmar ainda mais este fato, poderá
então folhear livros que tratam da história de santos, e lá estará o dito personagem
ilustrando as páginas deste tipo de literatura. Acontece porém, que um dos mais destacados
padres da atualidade aqui no Brasil, o senhor José Fernandes de Oliveira, mais conhecido
como o “padre Zezinho”, resolveu tirar este privilégio do pobre samango, deixando bem
claro em seu livro, “Tranqüilamente Católicos” na página 195 deste livro que: “O mendigo
Lázaro não existiu em carne e osso.” Ora, isto se constitui numa flagrante contradição pois
se Lázaro nunca existiu, então porque a Igreja libera os católicos a ter imagens deste
personagem imaginário? Não seria isto uma exploração vergonhosa da fé dessas pessoas?
Não seria também por isso que ela precisa combater com sofismas os argumentos dos
evangélicos contra o culto e a fabricação de imagens religiosas? Pois se os católicos
acordarem para a realidade dessa verdade a igreja perderá milhões com a venda desses
objetos de veneração, que pelo comércio que possui, faria qualquer Demétrio morrer de
inveja! Pense nas inúmeras aparições de nossas senhoras que tem acontecido ultimamente,
medite também que todas as vezes que acontece uma aparição dessas ditas “Senhoras”,
sendo aprovada oficialmente ou não pela Igreja, logo lhe constroem um templo e
imediatamente mandam fazer uma imagem que posteriormente é reproduzida inúmeras
vezes para os fiéis venerarem. Daí em diante inicia-se um verdadeiro comércio na região, a
concorrência dos devotos é grande atrás de artefatos do “santo” como medalhas, rosários,
imagens, pulseiras, velas e congêneres. Assim foi com Fátima em Portugal, Guadalupe no
México, Luján na Argentina, Kaakupé no Paraguai, Nossa Senhora do Carmo no Chile,
Nossa Senhora da Mercês no Equador, Nossa Senhora Del Cobre em Cuba, Medjugorje na
Bósnia, A Virgem de Grushevo na Ucrânia, La Salete, e é claro, Aparecida. Comentando
sobre isso diz o padre Comblin:
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A Igreja Católica e as Imagens

“Em todos os paises nasceram santuários nacionais da Virgem Maria, habitualmente para
venerar uma imagem.” (Curso Popular de Historia da Igreja – As Peregrinações pág. 31)
O pior de tudo é quando existem duas imagens para o mesmo santo(a) e os devotos
pensam que são dois personagens distintos quando na verdade são um só. Por
exemplo, existe o Santo Antonio do “Pari” e o da “Praça dos Patriarcas”, cada qual
com seu partido de devotos. Na cidade de Juazeiro do Norte existe dois São
Franciscos um chamado de Assis e o outro das Chagas, mas o devoto compra duas
imagens pensando que são dois personagens distintos quando na verdade não são.
Mas quem pensa que esta tapeação se restringe apenas a estes dois “santos” esta
muito enganado, pois isto acontece com vários deles! A exploração das imagens é
coisa de causar vergonha, é o opróbrio para uma religião que posa como o
verdadeiro Cristianismo! A Igreja contudo não quer largar essa infame prática
devido ao alto lucro financeiro que dela advem.

DEUS MANDOU FAZER IMAGENS ?


Dizem os católicos que o mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo em que proíbe
que sejam feitas imagens, manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por
cima da Arca da Aliança (Ex 25, 18-20). Manda-lhe, também, fazer uma serpente de
bronze e colocá-la por cima duma haste, para curar os mordidos pelas serpentes venenosas
(Num 21, 8-9). Manda, ainda, a Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imagens de
querubins, palmas, flores, bois e leões (I Reis 6, 23-35 e 7, 29).

OS QUERUBINS

Se seguirmos esta linha de raciocínio esposada pela teologia católica, chegaremos a


conclusão de que se Deus manda fazer imagens em várias passagens das Sagradas
Escrituras (Ex 25, 17-22; 1Rs 6, 23-28; 1 Rs 6, 29s; Nm 21, 4-9; 1Rs 7, 23-26; 1 Rs 7, 28s;
etc) e proíbe que se façam imagens em outra, de duas uma: Deus é contraditório ou fazer
imagens religiosas não é idolatria! Mas não é assim!
Devemos lembrar ainda que a única finalidade dos Querubins era para ornamentar a
arca da aliança como se destinavam os demais objetos do tabernáculo.
Não era de maneira alguma objetos de culto ou veneração! Importante esclarecer que
há uma enorme diferença, entre a confecção das estatuetas de querubins feitas por Moisés e
as imagens católicas. Erra barbaramente o clero católico quando tenta levantar
justificativas para o idolátrico culto às imagens baseando-se nesta passagem de Êxodo.
Vejamos a diferença:

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A Igreja Católica e as Imagens

1. Dentro da economia divina os querubins e todo e qualquer utensílio que se usava no


tabernáculo estão dentro do contexto da antiga aliança. Tinha sua finalidade naquele
contexto daquela dispensação. Sabemos entretanto que esta já passou, foi abolida por
Cristo, a ponto do escritor aos Hebreus chamá-la de obsoleta, antiquada, Hebreus 8:13.
Nada ali aperfeiçoava nem mesmo a lei, Hebreus 7:19. Ora, se a lei que é chamada por
Paulo em Romanos 7:14 de espiritual, não aperfeiçoou, quanto mais os objetos ligados a
ela! Os israelitas não tinham sua fé fortalecida em Javé por ter imagens, as imagens dos
querubins não se destinavam a isto! O raciocínio propalado pelos católicos de que as
imagens ajudam nossa fé não tem suporte bíblico e nem lógico, se naquela época as
imagens não tinham esta finalidade quanto mais agora que estamos não mais na sombra,
mas na realidade da nova aliança, felicitados com superiores promessas!
Todas as coisas da antiga aliança eram apenas um antítipo da que viria mais tarde. Essas
coisas são chamadas de sombras Colossenses 2:17, mas Cristo é a realidade! Tudo
apontava para a verdadeira realidade espiritual que é Cristo! Aquelas coisas apenas
representavam, não eram a realidade. Querer se apegar às coisas da lei, para nós que
estamos do outro lado da cruz, é na mentalidade dos apóstolos, é cair da graça!
Não ousemos mudar este paradigma!

2. Ainda que Deus tenha mandado fazer imagens de querubins, estas foram tão somente
para certo fim e propósito específicos dentro de um contexto totalmente diferente. Tais
objetos não era a regra, mas a exceção. Deus nunca deu ordem a Moisés ou Arão para
confeccionarem réplicas dessas imagens a fim de distribuírem ao povo como ordena a
Igreja Católica: “...definimos com toda certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem
como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaicos ou de
qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, nas casas e nos
caminhos , tanto a imagem do Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa
Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos.”
(grifo nosso)
Essas imagens (dos querubins) foram pessoalmente ordenadas e especificadas por Deus
conforme Hebreus 8:5, o que não se dá com as imagens católicas. Note que a igreja pega a
exceção e faz dela a regra, pois Deus ordenou que se fizesse somente e apenas uma
imagem, com um fim específico, agora pegar este incidente e generaliza-lo além de ser
desleal é repugnante à sã doutrina.

3. Ademais os querubins confeccionados não recebiam culto de veneração ou dulia, não


eram levados em procissão, nem tinham nichos para os abrigar, não era dado títulos de
honra a eles como por exemplo de “protetores ou padroeiros”, nem eram intermediários
entre Deus e os homens, enfim, há significativa diferença entre eles e as imagens católicas,
sem falar é claro, que os querubins só eram vistos uma vez por ano e unicamente pelo
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A Igreja Católica e as Imagens

sumo sacerdote quando este entrava no santíssimo lugar não para rogar aos querubins ou
tocá-los, mas para fazer expiação pela nação de Israel.
Diante do exposto acima fica evidente que a passagem dos querubins é um suporte muito
frágil com o qual se apóia a Igreja Católica.

A SERPENTE DE BRONZE

Há católico que chega a supor que o episódio da serpente legitima a confecção de


imagens religiosas. Novamente os romanistas transformam a exceção na regra, lêem coisas
que não está no texto sagrado tirando conclusões precipitadas e conseqüentemente erradas.
Onde encontramos no texto bíblico Deus liberando o uso de imagens ou algum tipo
de culto a elas por causa da serpente de metal? Ela tão somente serviu para aquele
momento para fins específicos, mas quando mais tarde o povo começou a venera-la
prestando quem sabe um culto de “dulia”, o piedoso rei Ezequias mandou quebrá-la
chamando-a de “Neustã” que quer dizer, “pedaço de bronze”.
Jesus usou este episódio e fez uma analogia entre sua morte e a serpente, mas nem
isso tão pouco da base para supormos que aquilo era uma prefiguração do culto divino. Era
apenas uma questão de figuras e nada mais. A propósito a serpente é mais conhecida como
símbolo do mal do que do bem!
Os querubins, a serpente e as imagens dos bois no templo não recebiam qualquer
tipo de culto, mas estavam ali apenas como ornamento e nada mais que isto. Não devemos
forçar as sagradas escrituras falar o que ela não diz.

A SUPOSTA DIFERENÇA ENTRE ADORAR E VENERAR


Para sair debaixo da sentença de condenação divina imposta pela santa lei de Deus, a Igreja
Católica serve-se de sutilezas teológicas a fim de ludibriar os fiéis. Dizem e vivem a repetir
os fâmulos católicos que os protestantes não levam em consideração a diferença entre
venerar e adorar, argumentam ainda que o culto de adoração é prestado somente a Deus,
mas que prestam um culto de veneração às imagens, às relíquias aos santos e a Virgem
Maria. Dizem: “O católico venera os santos, não as imagens, mas o que elas representam,
assim como sentimos amor por uma pessoa querida ao ver a sua foto. Veja que neste
exemplo não sentimos amor pela foto, mas pela pessoa que nela está representada.”

Vejamos então se este argumento tem alguma consistência, e se há realmente, como


alardeiam os católicos, diferença entre ADORAR e VENERAR.
Importante esclarecer que este mesmo argumento tem sido o slogan dos pagãos
através dos tempos. Quando são colocados sobre pressão saem com este jargão de que não
adoram ou veneram a imagem propriamente dita mas a sua honra ou veneração alcança o
Centro Aologético Cristão de Pesquisas – CACP 49
A Igreja Católica e as Imagens

que está por trás das imagens. Esse era o argumento dos antigos povos e em particular os
gregos. Agostinho ao comentar os Salmos declara que esse era o argumento do paganismo
para se safarem da acusação de adoradores de imagens. Essa é ainda a desculpa dos
budistas que se prostram diante das imagens de Buda, dos hindus que rogam a Ganesa o
deus hindu da boa sorte e aos seus milhões de deuses, dos Jainistas quando adoram os
gigantescos pés de 17 metros de Gomatesvara, dos taoistas e outros. Observe essa
declaração nos ensinamentos de Midai- Sama da Igreja Messiânica (seita oriental) sobre
sua imagem da luz divina.
Ele ensina que deve coloca-la nos lares, nas igrejas porque através dela os fiéis
estariam buscando mais a luz de Deus e conseqüentemente sendo mais iluminados e
estariam assim para sempre sobre sua poderosa influência. Mas para não acusa-los de
idolatria advertem:
“NÃO PRESTAMOS CULTO À IMAGEM DA LUZ DIVINA, MAS A DEUS,
ATRAVÉS DESSA IMAGEM. SUA LUZ ALI SE FOCALIZA E SE INTENSIFICA
CADA VEZ QUE ORAMOS PERANTE ELA”
Compare agora com este argumento católico:
“De fato, "a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original", e "quem venera
uma imagem venera a pessoa que nela está pintada". A honra prestada às santas imagens é
uma "veneração respeitosa", e não uma adoração, que só compete a Deus:
O culto da religião não de dirige ás imagens em si como realidades, mas as considera em
seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento
que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para realidade da qual é
imagem.”
O caso é que ninguém em pleno século XXI, iria admitir que adora uma imagem. É
repugnante à moderna mente tecnológica de nosso século. Acontece que entre a teoria e a
prática, há entretanto um grande abismo!
Será que os católicos teriam por inocentes todas essas religiões citadas acima, tendo
em vista o fato de que todas elas prostram-se, rogam, beijam, constroem templos, fazem
procissões às sua imagens? Será que a sutil colocação de que não adoram as imagens seria
o suficiente para isentá-los da quebra do segundo mandamento?
Os teólogos romanistas se vem embaraçados para recriminar essas práticas idólatras,
pois eles mesmos estão afundados até o pescoço nelas. É por isso que as missões católicas
tem pouco sucesso entre os povos islâmicos e judeus, mas entre as nações cuja religião
possuem similaridades com o catolicismo principalmente quanto ao culto das imagens
conseguem, lograr algum êxito.
Não, o argumento de que não adoram imagens não prevalece, pois se fosse assim
teríamos que ser coniventes também com os pagãos!
O biblista católico Mackenzie, já citado, diz o seguinte:

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“No Egito e em Babilônia a imagem era levada em procissão nos dias festivos. Em
Babilônia era levada como hóspede aos templos de outros deuses, cujas festividades eram
celebradas. Isso tudo, entretanto, não era idolatria no sentido rude do termo...” prossegue
ainda,
“Os pagãos adoravam o deus cuja imagem era a contraparte terrestre, não adoravam a
imagem em si. Visto, porém, que os hebreus negavam qualquer realidade por trás da
imagem, o culto teria recaído sobre a própria imagem, pois nenhuma outra coisa teria
podido recebê-lo.” Então frisa algo que todo católico deveria meditar, “Portanto, os pagãos
eram verdadeiros adoradores de ídolos também se não sabiam de o ser.” (grifo nosso)
(ibdem pág. 435/6)
Bastaria uma consulta em nosso dicionário vernacular para desmascararmos essa
suposta diferença, pois venerar e adorar são sinônimos sendo que venerar é palavra latina e
adorar é palavra grega tendo o mesmo significado. Sendo assim, o dicionário coloca
acertadamente: Adorar = venerar. Mas os católicos fazem vistas grossas a este fato e saem
pela tangente com o argumento de que “Adorar e venerar pelo dicionário da língua portuguesa ,
nos dias atuais, não têm qualquer diferença. Mas, não se esqueça que a nossa fé tem mais tempo do
que a história de Portugal e Brasil. Na literatura católica, há distinção entre adorar ( latria) e venerar
(dulia). Mas como eles mesmos admitem e qualquer católico poderá conferir, “adorar” é o
mesmo que “venerar” e isto é uma pedra de tropeço para a teologia católica.
Lançaremos mão agora de mais provas que pela força que tem são por natureza
irrefutáveis. Invocaremos aqui o depoimento de autoridades católicas e apresentaremos
evidências incontestáveis em suas próprias literaturas para fundamentar nossa alegação.

Começaremos pelas traduções das Bíblias católicas.


No episódio já citado de Ártemis ou Diana dos Efésios, Demétrio diz que todo o
mundo adorava essa deusa como de fato reza o texto: “...aquela a quem toda a Ásia e o
mundo adoram.”Atos 19:27 (versão das Bíblias protestantes)
Essa também é a tradução da Bíblia católica editora “Ave Maria”, que traduziu o
verbo como adorar. Entretanto, outra Bíblia católica, a conceituadíssima “Bíblia de
Jerusalém” verteu esse mesmo verbo, dessa mesma passagem por “VENERAR”.
Ora, perguntamos: A deusa Ártemis foi adorada ou venerada?
Os próprios eruditos católicos são forçados a admitir a sinonímia dos dois termos.
Pela Bíblia de Jerusalém os católicos não podem acusar mais os efésios de idólatras,
mas se por ventura quiserem fazer isso, terão que usar a versão da Bíblia “Ave Maria”!
Onde neste texto está a “substancial” diferença entre venerar e adorar como alegam
os católicos? Veja que este argumento é de uma pobreza franciscana!
Comentando sobre a passagem do capítulo 19 de Atos, o livro: “São Paulo e o Seu
Tempo” edições Paulinas na página 77, trás o seguinte comentário:

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“A deusa venerada em Éfeso era muito mais uma deusa oriental da fecundidade do que a
deusa caçadora dos gregos...”(grifo nosso). Novamente aí o termo venerar é aplicado à
Ártemis pelos estudiosos católicos.
A respeito do falso deus Baal diz Mackenzie que ele era “venerado de modos
diversos ou sob títulos diversos nos diversos lugares” quando ele menciona a adoração dos
israelitas a Iahweh diz que ele era “venerado com os ritos de Baal” Veja como ele usa o
termo venerar para ambos não fazendo nenhuma distinção.(ibdem pág. 100)
Invocaremos aqui como testemunha um Cântico composto por Tomás de Aquino
cognominado de “doutor da Igreja”, intitulado de “TANTUM ERGO”, sua letra é dirigida
à hóstia e diz: “Tantum ergo sacramentum veneremur cercui...”, cuja tradução pelo clero na
língua vernácula é: “A este tão grande sacramento adoremos humildemente...”(grifo nosso)
(A Mãe Das Prostituições pág. 59)
É Tão gritante as evidências, que no missal romano está escrito com letras
garrafais: “ADORAÇÃO DA CRUZ”. Nessa cerimônia de adoração canta-se um hino em
homenagem a este amuleto; “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo!
Vinde, ADOREMOS! Adoramos, senhor, vosso madeiro; vossa ressurreição nós
celebramos. Veio alegria para o mundo inteiro por esta cruz que hoje veneramos”(O Sinal
da Besta pág.11) Novamente é usado de modo intercambiável os dois termos, adorar e
venerar!
Frei Basílio Rower, em seu “Dicionário Litúrgico” na pág. 15 sobre o verbete:
“Adoração da Cruz”, comenta:
“...Efetua-se a veneração da cruz...” e em seguida troca novamente os verbos: “A
cerimônia da adoração da Cruz, na sexta feira santa, é antiqüíssima; desde o século XI...”
(grifo nosso) Novamente fica patente como esses dois verbos se tornam sinônimos! Mas
para não deixar transparecer o verdadeiro significado (idolatria) por trás dessas explicações
demagógicas, tenta ele concertar a situação com esta explicação esdrúxula no verbete
“Adoração”:
“A adoração, em ambos os sentidos expostos, pode ser absoluta e relativa.” Prossegue
ainda: “As partículas do Santo Lenho, os instrumentos da Paixão de Cristo e a Cruz, na
Sexta feira Santa, são adorados com adoração em sentido estrito, mas relativa.”
Devemos ressaltar que não existe um caso se quer na Bíblia em que servos de Deus
praticaram adoração relativa. Isso não pode ser outra coisa se não um esforço desesperado
para achar subterfúgios para a sôfrega doutrina do culto às imagens.
Suponhamos que realmente existe essa tal “adoração relativa”, o caso que não é, mas
suponhamos por um momento que fosse real, ela teria que estar forçosamente estampada
nas páginas da Bíblia. Mas o que nós vemos é totalmente o contrário.
Quero trazer à memória o incidente de Pedro e Cornélio. Pois bem, ali estaria uma
grande oportunidade de Pedro, que dizem ter sido o primeiro “papa”, portanto infalível de
acordo com os dogmas católicos, a legitimar essa prática, pois Cornélio não era pagão o
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bastante para não saber distinguir entre adoração ao Deus de Israel e uma veneração ao
servo deste. Se fosse esse o caso, o de existir tal grau de adoração relativa, quando
Cornélio prostrou aos pés de Pedro para o adorar, este não teria tido a reação que teve
conforme narra Lucas 10:25,26: “Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e,
prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o ergueu, dizendo: Levanta-te, que eu
também sou homem.”. Pedro poderia ter aceitado isso como uma “adoração relativa”, uma
“dulia” que através dele chegaria a Deus! Este ainda foi o caso de João perante o anjo de
Deus em Apocalipse 22:8. Ambos não aceitaram tal suposta adoração pelo simples fato
dela não existir. A Bíblia só apresenta um tipo de adoração e nada mais que isto, não
adianta forjar termos inescrupulosos para servir de apoio para tamanhas heresias, se pela
Bíblia já estão de antemão fadados ao fracasso!
No entanto, no final do comentário o pobre Frei acaba se entregando e diz que: “A
ADORAÇÃO DOS SANTOS E DE SUAS RELÍQUIAS E IMAGENS CHAMA-SE
GERALMENTE VENERAÇÃO.” (ênfase do autor)
Como dizia John Wycliff e Savanarola, este último cuja voz de protesto foi sufocada pelas
fogueiras inquisitoriais: “Eles adoram, com efeito, no sentido próprio da palavra, as
imagens, pelas quais sentem uma afeição especial” (A Imagem Proibida pág. 280)
Eles nunca vão conseguir comprovar que uma, e a mesma coisa, são duas!

A ENGANOSA DISTINÇÃO DO CULTO DE DULIA, HIPERDULIA E LATRIA

Os eruditos católicos precisam fazer esta distinção, pois sem a qual não poderiam se
escudar quando são pressionados com a acusação de idolatria. Com esta nuança de
palavras eles se sentem livres para prosseguir com seus sofismas. Foi necessário fabricar
uma tríplice distinção entre “Latria” que seria o grau mais alto de adoração e “Hiperdulia”
um grau abaixo deste, tido como veneração á Maria mas superior a “Dulia” também
veneração no entanto prestado aos santos e objetos relacionados a eles, como por exemplo,
as imagens.
Dizem que prestam unicamente a Deus o culto de “Latria” e aos santos o de,
“Dulia”, sem incorrer no risco de confundi-los. Contudo esta “cuidadosa” diferença
desaparece na prática! Vejamos mais à frente como ela tende a se confundir no desenrolar
do culto que o devoto presta.
Gregório estava errado quando disse que “as imagens são os livros dos ignorantes”, e
é porque eles são simples que acabam confundindo os dois cultos engenhosamente
inventado pelo clero! Á bem da verdade, as imagens servem mais para cegar os olhos
espirituais e conseqüentemente deixa-los mais ignorantes do que o contrário! Vejamos:
Quando a imagem do “santo” cai no chão e quebra, o devoto não diz apenas que
quebrou-lhe a imagem mas diz ter quebrado o santo: Antonio, Benedito, Jorge, José,
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repetindo o episódio de Labão que acusou Jacó de roubar não só suas imagens, mas seus
“deuses”! Gn 31:30
As imagens de maneira alguma ajuda a fé dessas pessoas, mas as deixam mais
ignorantes ainda em relação as verdades espirituais.
Imagina essa oração sendo feita perante o quadro da sagrada família: Jesus, Maria e
José. Assim reza o católico a jaculatória:

Meu Jesus, misericórdia.


Doce coração de Maria, sede a minha salvação.
Jesus, Maria, José eu vos dou meu coração e minha alma.
Jesus, Maria, José assisti-me na última agonia.
Jesus, Maria, José, expire a minha alma entre vós em paz.
Amém.

Pergunto: Qual é o católico que faz a diferença entre “latria”, “dulia” e “hiperdulia”,
quando se prostra para rezar fervorosamente perante os três personagens da imagem ?
Como bem expressou a pesquisadora de religiões, Mary Schultze: “A Mão de obra é
grande demais!”
Como quase todas as invenções doutrinárias do catolicismo através dos séculos tem
seu embrião no paganismo, esta suposta distinção entre um culto e outro não é de maneira
alguma novidade. Os pagãos rodeados por seus muitos deuses e intercessores fizeram uma
hierarquia de culto para eles, distinguindo entre divindades maiores e divindades menores.
A Roma papal cópia fiel do paganismo também procedeu do mesmo jeito. Isto me trás a
memória o texto bíblico onde aparece uma situação análoga a esta:

“Assim estas nações TEMIAM AO SENHOR, MAS SERVIAM TAMBÉM AS SUAS


IMAGENS ESCULPIDAS; também seus filhos, e os filhos de seus filhos fazem até o dia
de hoje como fizeram seus pais.” II Reis 17:41 (ênfase do autor)

O CORRETO USO DOS VOCÁBULOS NA BÍBLIA

Os termos gregos, DULIA e LATRIA, não tem nenhuma semelhança com a


definição que lhe dá o catolicismo.
Podemos desmontar este arcabouço doutrinário levantado pela teologia romanista
simplesmente recorrendo ao original grego do Novo Testamento.
DULIA é derivado do verbo grego DOULÉUO que trás como equivalente, servir, ser
escravo, subserviente. Este verbo é usado para expressar o nosso dever de servir a Deus
aparecendo em passagens como Mateus 6:24 - Atos 20:19 – Romanos 12:11;14:18 e outras
mais.
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LATRIA aparece nas escrituras gregas cristãs como adoração no sentido de culto,
ritos, cerimônias, serviços exteriores. Aparece por exemplo em João 16:2 – Romanos
9:4;12:1 - Hebreus 9:1 e 9:6 “Ora, estando estas coisas assim preparadas, entram
continuamente na primeira tenda os sacerdotes, celebrando os serviços sagrados” aqui o
original grego trás a palavra “LATRÉIA”.
A palavra comumente usada para adoração na Bíblia Sagrada é “PROSKYNEO”=
(prostrar-se e adorar), não LATRÉIA, veja isso em Mateus 4:10 “Vai-te, Satanás; porque
está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás (proskyneo), e só a ele servirás (latréia).
Tanto o culto de Latria quanto o de dulia, devem ser dados somente a Deus e a mais
ninguém, pois devemos prostrar-nos e servir somente a ele.
É claro que servir alguém em sentido religioso que não seja o próprio Deus, é
descaradamente idolatria, e foi essa a intenção do apóstolo Paulo escrevendo aos gálatas,
quando censura a vida idólatra que outrora eles viviam.

“Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis (dulia) aos que por natureza não
são deuses”
No original grego aparece a palavra “Dulia”, era este o tipo de culto que os Gálatas
prestavam aos seus deuses, mas nem por isso Paulo os poupa de serem chamados de
idólatras, pois aos tessalonicenses ele diz:

“porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos entre vós, e como vos
convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes (dulia) ao Deus vivo e verdadeiro”

Veja que dulia deve ser prestado com exclusividade a Deus!


“É claro, pois que com o termo dulia, ele condena essa superstição com a mesma
força com que a condenaria com o termo latria” (Institutas livro I cap. 12).

O que é hiperdulia? O dicionário define como hiper: 'posição superior'; 'além';


'excesso'.
Será que com o culto de “hiperdulia” os católicos não estariam cultuando Maria
acima e além de Deus e conseqüentemente transformando-a em um ídolo? As escrituras
nunca registra uma “hiperdulia” para Deus mas apenas dulia, já os católicos querem prestar
a Maria um culto ou serviço, superior ao que é prestado ao próprio Deus, uma hiperdulia!
Para que nenhum católico diga que estou fazendo jogo de palavras para falsamente
os acusar, leia o que afirma o livreto “Com Maria Rumo ao Novo Milênio” editora
PAULUS na página 13: “Houve um tempo em que os católicos VENERAVAM DEMAIS
os santos. Esqueceram-se um pouco de Jesus. Ele até parecia um santo ao lado dos
outros...” (ênfase do autor). Exemplos disso são os títulos “santóides” dados à Jesus tais
como: “São Bom Jesus dos Milagres”, “Senhor Jesus do Bom Fim”, etc...
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Se isto não for idolatria então não sabemos mais o que seja!
Todavia os fatos falam por si. Essa é uma questão de fatos e não de nomes, e como
alguém já disse, “contra fatos não há argumentos”. Não adianta querer tapar a vergonhosa
situação em que os católicos estão, com sutilezas e supostas distinções de palavras! É ato
de adoração escancarado quando um católico prostra diante das imagens de Maria e faz
seus pedidos. Onde está, pergunto, a diferença da qualidade do culto que prestam a Deus e
os prestados aos santos ou Maria e suas imagens?

ADORAÇÃO O QUE É ?

A palavra adoração vem do latim “adorationem, orar para alguém”. Em hebraico


temos a palavra “sãhâ”, e, em grego, como já vimos, “proskyneo”. Todas elas trazem o
sentido de reverência, veneração, de prostrar-se perante a divindade, seja ela falsa, como o
deus Baal dos cananeus, ou verdadeira no caso de Javé dos israelitas.
A adoração é algo interior que emergi do fundo da alma e do espírito, contudo para
que esse sentimento se exteriorize, o espírito usa para isso as faculdades do corpo e este
por sua vez exprime tais emoções em gestos exteriores.
Novamente farei menção de mais uma autoridade católica para depor contra os
crassos argumentos romanistas de que os devotos não adoram as imagens ou santos nelas
representados.
Diz o “Vocabulário de Teologia Bíblica”, editora Vozes, que os gestos de
adoração(exteriores) são dois: a prostração e o beijo. Sobre a prostração ele diz:

“...Para evitar ser forçado a tal pela violência, o fraco prefere muitas vezes ir por si mesmo
inclinar-se diante do mais forte e implorar a sua graça” (páginas 13,14)
Quanto ao beijo:
“O beijo une ao respeito a necessidade de contacto e de adesão, a conotação de
amor.”(ibdem)

Estes gestos que caracterizam a adoração, são tão visivelmente marcantes que só
devem ser feitos a Deus. É digno de nota que o beijo muitas vezes se transveste em gesto
de adoração, tanto é verdade, que nossas versões da Bíblia do Salmo 2:12 (Salmo
Messiânico) trás de modo intercambiável o verbo “beijar” por “adorar”:

“Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; porque em breve se inflamará
a sua ira.” Prosseguindo o referido vocabulário diz:

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“A adoração do Senhor Jesus nada tira à intransigência dos cristãos, cuidadosos em recusar
aos anjos (Ap 19,10; 22,9) e aos apóstolos (At 10,25s; 14,11-18) os gestos MESMO
EXTERIORES DE ADORAÇÃO.” (ibdem) (ênfase do autor)
Se nem mesmo os gestos exteriores de adoração como a prostração, era permitido
pelos apóstolos, quanto mais o resto, como por exemplo pedir proteção espiritual, pedir
intercessão, rogar ao santo, colocá-lo como padroeiro, ser o centro de suas devoções em
dias especiais e coisas do gênero!
Imagine como ficaria estupefatos Paulo, Pedro, e João ao entrar em uma catedral
católica e presenciar suas imagens recebendo todo tipo de honra, reverência, veneração e
por fim adoração que eles mesmos recusaram receber quando vivos ? Creio que Paulo
repetiria a mesma prédica com que admoestou os Gálatas:

“Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça
de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam
e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema... Sois vós tão
insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?” (Gálatas
1:6,7,8 – 3:3)

Se não, então como explica que Maria em especial, porque como disse o Concilio
Vaticano II “Ela ocupa o lugar único, mais perto de Cristo e mais perto de nós.”, recebe
títulos que só a Deus pertence?
Para que não paire dúvidas é só comprar o livro “As Glórias de Maria” de Santo
Afonso de Ligório e ler as aberrações doutrinárias expostas naquele livro por esse tal
“santo”. Há de se dizer que para o católico(a) se tornar “um santo(a)”, ele(a) precisa
primeiro ser beatificado(a) e posteriormente canonizado(a), mas não sem antes o advogado
do Diabo ter vasculhado sua vida para ver se haja alguma falha que desqualifique o
candidato ao cargo. Entre essas investigações são também pesquisadas as obras literárias
da pessoa para ver se não há alguma heresia ou erros teológicos. Em outras palavras, a
Santa Sé não achou nenhum erro nas obras de Ligório que foi honrado com o honorífico
título de “doutor da igreja”. Ela (a Igreja Católica) realmente concorda com tudo isso. Para
que ninguém venha dizer que estou citando casos isolados, poderá então comprar livretos
específicos em qualquer livraria católica (pois teem em abundância) sobre como rezar e
fazer novenas, para constatar esse fato. Ligório chama, com a maior naturalidade, Maria
de: “Ancora da salvação”, “Protetora dos pecadores” diz ainda que ela, “deu sua vida por
nós”, “sofreu por nós”, que através de “sua intercessão o pecador recebe o perdão”, chama-
a ainda de “onipotente”, “advogada”, “medianeira”, “rainha do céu”, “concebida sem
pecado”e muitos outros títulos que são exclusivos de Cristo que por falta de espaço não
mencionarei aqui, são transferidos a Maria. Tudo isso prova somente uma coisa: que o
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mesmo culto que os católicos prestam a Deus, também da mesma maneira tributam à
Maria. Isto é, com certeza, idolatria.
Compare ainda os gestos das pessoas para com as imagens quando entram nas
igrejas ou nas procissões, como as beijam, tocam nelas e se benzem, também se prostram
perante elas, fazem gestos, coroam, vestem-nas, fazem pedidos, dão títulos de honra,
desfilam em carros com elas, borrifam água benta sobre elas.
Frei Basílio Rower, já citado anteriormente, comenta que as imagens, “são na igreja,
não apenas um ornato, mas objeto de culto. Diante delas se ascendem velas, fazem-se
inclinações e orações, elas são enfeitadas, incensadas e conduzidas publicamente em
procissão...ocorrendo o nome do santo na oração da Missa, o sacerdote faz a inclinação em
direção à imagem quando esta se achar no lugar principal.” Mas adverte: “Este culto,
porém, é relativo, isto é, não tributado à imagem, mas àquele que por ela é representado.”
(ibdem pág. 117/8 verbete, imagens)
Será mesmo? Todas as evidências apontam o oposto e não o contrário.
Contradizendo o Frei, um colega seu de sacerdócio, o padre Luiz Duque Lima, nem
ao menos esconde por trás da palavra “veneração” essa vergonhosa prática e dispara:
“Assim é que adoramos a cruz ou imagens de Cristo, enquanto apenas veneramos as de
Nossa Senhora. Nossa adoração só é direta para a eucaristia, pois temos ali não uma
imagem ou símbolo, mas Jesus Cristo realmente presente.” (Verdades da Fé pág.34)
Essa no entanto não é a verdade, pois caso fosse a honra tributada ao protótipo da
imagem, não haveria como acontece, distinção entre imagens e imagens. Em Aparecida do
Norte dizem estar a imagem “verdadeira” da “Senhora Conceição Aparecida”. Contudo
mesmo tendo réplicas dessa imagem em suas casas, os devotos vão pagar promessas para
“aquela” outra imagem, a do santuário, por que ela, dizem: “é a verdadeira!” Como diz o
ditado: “santo de casa não faz milagres!”.
A superstição é tão grande que admitem que através das imagens podem alcançar
alguma coisa de Deus. As imagens estão enquadradas no rol dos chamados “sacramentais”
que se destinam a isso.
Lembro-me certa vez estar assistindo o programa de TV “Criança Esperança” de 16
de Outubro de 1999 quando o padre Marcelo Rossi, no ar abençoou uma imagem de
Aparecida para o humorista Renato Aragão, leva-la a pé até aparecida do norte como
sacrifício. Este mesmo padre foi visto rezando no canal católico da “Rede Vida” com as
mãos dadas a uma imagem de Santo Antônio. E o alvoroço causado pelo clero católico
quando em 12 de Outubro de 1995 o bispo Von Elder da Igreja Universal tocou com os pés
uma réplica da “Aparecida” que ele mesmo havia comprado com o fim de ensinar o povo
sobre a idolatria dessa imagem? Lembra da campanha do “desagravo à Nossa Senhora”,
promovida pela cúpula da igreja que teve participação até de artistas? Pois bem, isto prova
que na prática eles vêem nas imagens algo mais que simples objeto de ornato!

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O ARGUMENTO DO RETRATO

Dizem os mais simples, no intuito de defenderem sua fé, de que as imagens


funcionam como um retrato de um ente querido. Assim como os protestantes levam o
retrato do pai, da mãe ou dos filhos, da mesma maneira funciona as imagens para os
católicos.
REFUTAÇÃO

Este argumento é facilmente rebatido quando sabemos qual é a verdadeira função de


um retrato. Os protestantes não são contra toda e qualquer arte, mas apenas quando esta se
torna objeto de veneração religiosa.
Ninguém jamais viu um protestante esborrifando água benta para santificar um
retrato de parentes, ou acender velas a ele, prostrar perante ele acariciando-o com beijos e
fazer-lhe pedidos, leva-lo em procissões e coloca-lo no altar das igrejas. Expor tal
fotografia a estes atos seria sim condenável como de fato o é quando os católicos fazem
isso com suas imagens. Ademais, ninguém jamais captou a imagem de Cristo ou de Maria
para saber sua fisionomia. Não, não creio neste Cristo barbudo de olhos piegas ou até
mesmo efeminado como vejo em muitos retratos de muitos “Jesus” por aí. Como diz o
hino do poeta: “É falsa a inspiração do pintor”.

JESUS É A IMAGEM DE DEUS

Dizem ainda que a proibição de representar a imagem de Deus ficou restrito ao velho
testamento, pois Deus ali queria resguardar sua transcendência, mas desde que este mesmo
Deus se fez matéria física, ou seja, o verbo se fez carne, nós temos a liberdade de
representa-lo também sob a forma de uma imagem.

REFUTAÇÃO

A ordem do Sinai continua a mesma ou seja, “Guardai, pois, com diligência as


vossas almas, porque não vistes forma alguma no dia em que o Senhor vosso Deus, em
Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos corrompais, fazendo para vós
alguma imagem esculpida, na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou de
mulher”
Não me lembro de ter lido nas escrituras neotestamentárias que este mandamento
mudou!
Por que Deus continua sendo intransigente sobre isso, é que nós Evangélicos
procuramos cumprir sua ordem. Não adianta querer com sutilezas teológicas mudar essa
posição. O fato de Jesus ter se feito carne não dá a ninguém o direito de quebrar o segundo
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A Igreja Católica e as Imagens

mandamento da lei de Deus. Jesus nunca mandou fazer imagens suas, para que
supostamente através delas os fiéis chegassem mais a Deus. O apóstolo Paulo joga mais luz
na questão quando diz: “Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne;
e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o
conhecemos desse modo.” E é por isso que temos que andar “não atentando nós nas coisas
que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais,
enquanto as que se não vêem são eternas.” De sorte que “andamos por fé, e não por vista”
(II Coríntios 4:18 – 5:7,16)

A IMAGEM QUE DEUS APROVA

Quando Deus fez o homem ele o fez de acordo com sua imagem “Façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”(Gênesis 1:26).
Contudo o homem veio perder essa imagem ao pecar, mas através da maravilhosa
graça de Deus em Cristo Jesus Deus proveu os meios pelos quais possamos recuperar essa
imagem. Essa imagem é a única que Deus aprova. Você já a possui? Se não, procure logo
receber esta imagem que vem a princípio, através do nascimento.

FIM

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