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Teologia, portanto, é o estudo de Deus, ou o estudo sobre Deus, que vem da origem
grega, da união das palavras Theos (Deus) e logoi (estudo). Portanto, o objeto de
estudo da teologia é Deus e o método será o histórico, para compreender como na
história foi gestado este objeto e como, em cada momento, foi interpretado sua
existência, essência, características, sua atuação etc.
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A primeira realidade que o ser humano conhece diz respeito ao mundo físico do qual
passa a fazer parte a partir do momento de seu nascimento e perdura até o momento
de sua morte, chamado também de imanente. Nitidamente, na medida em que se
adquire a compreensão das coisas, com o seu desenvolvimento sensorial, o indivíduo
vai percebendo, de maneira crescente, o meio do qual faz parte e os aspectos ligados à
vida humana de maneira concreta e material.
4. Aspecto Social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que
envolvem outras pessoas.
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Deste modo, através da vivência em sociedade, este novo ser passará por
transformações conforme o meio que vive para atender às suas necessidades básicas e
complexas, sempre a depender do momento histórico e do avanço social a qual
pertence e a que chega concretamente para cada indivíduo.
Basta voltarmos no tempo e lembrarmos o exemplo clássico das crianças-lobo que não
agiam como humanos, pois viveram com lobos e o seu desenvolvimento sofreu total
inferência do meio no qual se encontravam.
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A criança com o passar do tempo passa a descobrir regras fixas sobre o funcionamento
do mundo físico que a cerca, chamadas, ainda, de ‘leis’ da física ou da natureza.
O mundo físico em que o ser humano vive desde o seu nascimento é diversificado,
possui outros seres humanos, inúmeros animais, árvores, casas, e tantas outras coisas,
naturais ou criadas pela manufatura humana a depender do momento histórico em
que vive.
Em cada período histórico, o ser humano passou por esta relação com o mundo físico,
ainda que, com mais ou com menos invenções ou conexões com a natureza.
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Há momentos em que ocorrem processos de luto, sejam eles naturais, devido a morte
ou em casos nos quais as dores, as angústias e as perdas são tão intensas que se
assemelham ao luto. Para melhor esclarecer este assunto buscou-se conhecimento
sobre o luto com a autora Elisabeth Kübler-Ross1 (1998) que descreve este momento
como sendo composto de algumas fases que a antecedem: fase de negação, de raiva,
de barganha, de depressão e de aceitação.
Tecemos essas primeiras palavras para que o estudante perceba que para cada
indivíduo ou geração de indivíduos, houve um certo nível de compreensão sobre a
realidade que o cerca, e isso recebe o nome de cosmovisão. A compreensão, portanto,
do ser humano sobre o mundo que o cerca é nomeado de cosmovisão e cada geração
possuiu a sua, com suas características próprias.
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Elisabeth Kübler-Ross, M.D. (8 de julho de 1926 — 24 de agosto de 2004) foi uma psiquiatra que
nasceu na Suíça. Ela é a autora do livro On Death and Dying (1969), no qual ela apresenta o conhecido
Modelo de Kübler-Ross.
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Portanto, o ser humano hoje, ou há milhares de anos atrás, passou pela situação de
interação e compreensão do mundo natural que o cerca e que o cercou em cada
período histórico.
Até este momento, procuramos demonstrar a relação do ser humano com o mundo
físico que o cerca, para que você, estudante, perceba que cada período histórico teve
sua própria compreensão da realidade que cercava cada uma das gerações passadas.
Essas premissas iniciais sobre a compreensão do ser humano sobre a realidade que o
cerca e a maneira pela qual foi interpretada ao longo da história que conhecemos, são
fundamentais, pois o estudante de teologia trabalhará textos tidos como sagrados que
foram escritos de maneira que respeitaram o momento cultural, histórico, social de
cada autor. Sem esta compreensão, o aluno tratará do texto de maneira atemporal,
fazendo com que o ‘livro sagrado’ seja compreendido como um livro ‘mágico’, gerando
no estudante uma compreensão errônea sobre a realidade teológica.
Para ser mais claro, queremos dizer com isso que, tanto o mundo físico, quanto o
mundo metafisico não foi entregue e explicado pormenorizadamente por nenhuma
divindade, ou seja, foi entregue ao ser humano para que este o explorasse e passasse a
construir sua permanência na medida do próprio desenvolvimento humano. Portanto,
temos que ter em mente que, o ser humano surgiu em um dado momento histórico, e
de lá para cá vem se adaptando e se aperfeiçoando no meio ambiente em que vive.
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A palavra Elohim é a palavra genérica para Deus, seja o Deus de Israel, ou os deuses de
outras nações.
Em seguida, nos versículos 27 e 28, ainda no primeiro capítulo de Gêneses, Elohim cria
o homem e a mulher à sua imagem, os abençoa dizendo-lhes para frutificarem e
sujeitar a terra.
Portanto, fechamos essa primeira parte do nosso estudo de teologia dizendo que, a
história da criação humana por Elohim e os comandos de frutificar e sujeitar a terra,
são a crença inicial do surgimento da vida humana sob a terra do ponto de vista de
uma cosmovisão bíblica cristã. E, de lá para cá, os serem humanos têm construído sua
história sob a terra, inicialmente com uma vida nômade, depois passando pela fase
tribal, e assim por diante, até chegarmos nas megalópoles que possuímos
contemporaneamente.
Logo, não podemos desprezar cada momento histórico, pois para cada período
teremos uma cosmovisão humana distinta, com cultura própria, língua própria,
período histórico próprio, fazendo com que o conhecimento do conjunto da obra faça
com que o estudante compreenda melhor e mais profundamente a teologia como um
todo, sem distorções e sem fundamentalismos.
O ponto anterior tratou das questões do mundo físico-natural, ou seja, das questões
concretas que nos cercam, e como o ser humano, a partir de sua inserção no planeta,
passou a relacionar-se com tudo que o cerca, sempre fazendo uma interação com sua
realidade histórica.
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Platão acreditava no mundo das ideias, onde todas elas existiam antes de
chegar ao pensamento humano. Aristóteles, discípulo de Platão, discordava
de Parmênides e Heráclito, mas também não acreditava no mundo das
ideias.
Portanto, estudar teologia, é acima de tudo, estudar tanto o mundo físico, quanto o
mundo metafísico-transcendente, ou seja, como é possível um mundo fora do físico se
relacionar com o mundo metafísico-transcendente e vice-versa.
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Platão foi o maior pensador sobre a origem das coisas, tendo firmado a premissa sobre
a existência de Deus:
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Outro filósofo que contribui com o pensamento teológico foi Aristóteles firmando a
premissa sobre a imortalidade da alma humana, bem como sobre a existência de um
Deus supremo:
Aristóteles (384 a 322 antes de Cristo) começa sua reflexão filosófica com a
crença na imortalidade da alma, na sua preexistência e substancialidade. Em
sua obra, Sobre a filosofia, empenha-se em provar a existência do Deus
supremo. Afirma que “o ser primeiro e sumo deve ser Deus, absolutamente
imutável e, se imutável, também eterno”. Assim, “os primeiros que viram o
céu e contemplaram o sol percorrendo o seu caminho, desde a aurora até o
ocaso, e as danças ordenadas dos astros, procuraram um artífice dessa
formosa ordenação, não pensando que pudesse formar-se ao acaso, mas
por obra de uma natureza superior e incorruptível, que é Deus”
(MARASCHIN, 2004, p. 18).
O pensamento filosófico empregou forte relação com a teologia cristã, Paul Tillich
(1886-1965) um teólogo alemão, do século XX fez uma forte análise sobre o tema:
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O que Paul Tillich faz é traçar um paralelo entre o pensamento filosófico clássico com o
pensamento teológico medieval, demonstrando como o primeiro influenciou o
segundo e como o pensamento cristão tomou do pensamento filosófico para criar sua
compreensão teológica.
Deste modo, a compreensão da realidade que cerca o ser humano desde que este
habita a terra é o norte fundamental que parte do coração e da mente humana em
busca de respostas primárias sobre a origem da vida e a vida pós mortem, ou seja, do
mundo metafisico-transcendente.
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Note que há no plano histórico o pensamento tribal, conectados com a língua inicial
dos povos primitivos das terras, ou seja, de povos nômades que sequer língua escrita
possuíam, e que utilizaram da tradição oral para a manutenção de suas histórias sobre
‘a origem das coisas’, como no caso de gêneses.
Em seguida, surge o pensamento mitológico que utiliza de mitos para dar respostas
sobre a realidade que os cercavam naquele momento histórico, seja no período
egípcio, seja no período grego.
Então o Senhor disse a Abrão: "Saia da sua terra, do meio dos seus parentes
e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.
Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Abrão tinha
setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
É claro que a maneira como estudamos teologia hoje não é a mesma de 2500 anos,
como era estudada por um Rabino Judaico ou por filósofos gregos. Portanto, temos
que trazer à baila o pensamento contemporâneo, que é o pensamento científico, pois
somente com o pensamento científico conseguiremos tecer o cenário histórico amplo
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para que, você leitor e estudante de teologia, tenha condições de compreender aquilo
que está sendo apresentado.
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O autor descreve ainda que o mais antigo e maior monumento literário do mundo
grego foi a obra de Homero
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Mattos (1987, p.19), fala sobre Francis Bacon, ao situar idade média e idade moderna,
diz que:
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Claro que, não apenas abalou o pensamento teológico, mas transformou a maneira de
ver o mundo, o universo que nos cerca do qual fazemos parte. A ciência moderna,
passou a buscar respostas para níveis bem amplos:
Claro que, a teologia milenar, cheia de veias e traços e presente no ideário de muitos
estudiosos e, ainda, gravado nos corações humanos pela densa ancestralidade milenar
que a validou, ao menos empiricamente, foi buscar um contragolpe ao mais forte
ataque já sofrido. Inicia-se, então, a fase em que a teologia passou a introduzir o
mesmo aparato científico para buscar comprovação de seu ‘chão histórico’ milenar. E
o aparato utilizado é a arqueologia-histórico bíblica e o estudo das línguas originais:
hebraico, grego e o aramaico, para tentar uma comprovação científica, ao menos, dos
acontecimentos e dos fatos narrados no texto sagrado.
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O até então maior ataque sofrido contra a verdade teológica, passou a ser, também, o
aparato utilizado pela própria teologia para legitimar à sua continuidade.
Para a teologia, o objeto de estudo é que se revela ao humano e não como nas outras
ciências, onde os objetos é que são desvendados.
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Assim, da mesma maneira que a ciência buscou por seus métodos de comprovação
utilizando o racionalismo como base do seu pensamento, a teologia utilizou das
mesmas técnicas para comprovar, ainda que historicamente, os fatos bíblicos, já que o
ponto metafisico-transcendente ainda se encontra no âmbito privado de cada um, já
que possui pilares e compreensão distinta dos empregados pela ciência.
Saiba Mais
Veja a figura abaixo e reflita sobre o conteúdo que tratamos até o presente momento
na seguinte perspectiva: Ainda há espaço, na contemporaneidade, para o pensamento
no qual a figura de um Deus Pessoal se relaciona com o ser humano? Ou realmente a
figura de um Deus Criador de todas as coisas trata-se de uma construção mental
humana? Por que, mesmo diante do avanço científico predominante da modernidade
e contemporaneidade, há milhares de pessoas que continuam a buscar uma relação
com o divino? O que há na mente e na alma humana que ainda faz com que exista um
lugar para Deus se assentar e fazer grande sentido para os conflitos existenciais? Tire
suas próprias conclusões, através de sua própria experiência pessoal de fé e de
conversão.
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Conclusão
REFERÊNCIAS
“Aventuras na História para viajar no tempo”. In: Guia do Estudante. Disponível em:
<https://bit.ly/3iJhZI1>. Acesso em: 15 jun. 2020.
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