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Aspectos Históricos

da neurociências
Profª Drª Amanda Trajano

1
 A “Neurociência” é recente, começa como
ciência somente em 1970 (séc 18).

 Anatomia era a ú nica ciê ncia até entã o. Enfoque interdisciplinar

 O estudo do “cérebro”, é bastante antiga, civilizaçõ es antigas


(astecas, maias);

 Nã o haviam mé todos adequados para se realizar esses estudos.


Perguntas Fundamentais
Onde está a mente?

Como corpo e mente se relacionam?

Como funciona a mente?

Por que nó s temos uma mente?

3
Onde está a mente?

 Motivaçã o de filó sofos (anteriores aos gregos), cientistas,


pensadores a criar o que chamamos hoje de
Neurociências.

 Mistério

 Povos primitivos e civilizaçõ es antigas já tinham a ideia


que a mente e maus espíritos estava dentro do crâ nio.
 Registros pré- histó ricos (2.500 a.c);
Trepanaçã o craniana
Curar e nã o matar;
• Fins religiosos, tampo do crâ nio tinha poderes
má gicos;
• Fins curativos, dores de cabeça ou transtornos
mentais. Doença vista como causada por espíritos
malignos que infestavam o corpo;

Sinais de cicatrizaçã o apó s a operaçã o, procedimento era


realizado em sujeitos vivos. Alguns com mú ltiplas
cirurgias cranianas.
Indícios de que a mente estava localizado na cabeça.
Papiros cirúrgicos ( 2.500 a.c)
 Egípcios 1ºs correlacionar mente e cérebro;

 Escritos recuperados de médicos do Egito antigo pelo


antropó logo Edwin Smith;

 Hieró glifos com descriçã o detalhadas de lesõ es e


sintomas; formas de curar;

 Tratado de cirurgia e contém a descriçã o clínica


detalhada de pelo menos 48 casos com os respectivos
tratamentos racionais e prognó sticos
 o encé falo (o termo aparece pela primeira vez neste
documento), as meninges, o líquor, e a medula espinhal.

 O papiro Edwin Smith, contudo, constitui exceçã o. Por mais


de dois mil anos, as concepçõ es médico filosó ficas giraram
em torno do sobrenatural.

 Dando inicio a todo entendimento sobre o S.N.C


No entanto, o coraçã o, e nã o o encé falo, era a sede do espírito
e o repositó rio de memó rias.

Enquanto o resto do corpo era cuidadosamente preservado


para a vida apó s a morte, o encé falo do morto era removido
pelas narinas e jogado fora!

O ponto de vista que sugeria ser o coraçã o a sede da


consciência e do pensamento permaneceu até a época de
Hipó crates.
Visão do encéfalo da Grécia Antiga

A medicina era inicialmente dominada pelos filó sofos


cientistas e as discussõ es giravam em torno do problema
corpo-alma.

Para todos esses pensadores gregos, contudo, a saú de exigia


a harmonia do corpo e da alma.
Visão do encéfalo da Grécia Antiga

Pitágoras : admitia que no encéfalo estava situada a mente,


enquanto no coraçã o localizavam-se a alma e as sensaçõ es;

Alcmeon : descreveu os nervos ó pticos e investigou os


distú rbios funcionais do encé falo, considerando-o a sede do
intelecto e dos sentidos;
Visão do encéfalo da Grécia Antiga

Platão: Considerava o encéfalo como sede do processo mental


e julgava a alma tríplice, sendo o coraçã o a sede da alma
afetiva, o cérebro da alma intelectual, e o ventre da
concupiscência (libido);
Visão do encéfalo da Grécia Antiga
Hipó crates x Aristó teles
• Pai da medicina; • Pai da ciência Grega;
• Todas as •emoçõ
Mente
es,localizada no
sensaçõ es e inteligência
coraçã o;
• Perda de sangue por
tinham sede no encéfalo;
• Correlaçã o clinica hemorragia
entre cardiaca, perde
lesõ es e alteraçõaesconsciência
da e morre;
consciência. • Cérebro era um radiador;
• discutiu a epilepsia como
um distú rbio do encéfalo
Visão do encéfalo da Grécia Antiga

Sé culo V a.C. estabelece-se a diferenciaçã o entre medicina e


filosofia, e a “etiologia” da doença deixa de ser mitoló gica e passa
a ser percebida em termos científicos.

A compreensã o do cé rebro estava muito limitada e a medicina


era influenciada principalmente por conceitos filosó ficos e
religiosos.
Foi somente em períodos posteriores da histó ria que avanços
significativos na compreensã o do encé falo ocorreram, graças
aos estudos de anatomistas e cientistas como Galeno (129-200
d.C.) na Roma Antiga e ao longo da Idade Mé dia e Renascimento.
Visão do encéfalo no Império Romano

 Galeno (130-200 d.C.), médico e anatomista, teve impacto


significativo no pensamento médico.

 Concordava com a ideia de Hipó crates sobre o encé falo.

 1. Localização das funções cerebrais: o cérebro era o


ó rgã o central do sistema nervoso e atribuiu a ele a sede das
faculdades mentais superiores.
Visão do encéfalo no Império Romano

2. Teoria dos humores: Influenciado pela teoria dos humores


de Hipó crates, Galeno associou os quatro humores (sangue,
fleuma, bile amarela e bile negra) com os quatro elementos da
natureza (terra, á gua, ar e fogo).

Ele acreditava que o equilíbrio desses humores era crucial


para a saú de física e mental, incluindo o funcionamento
adequado do cérebro.
Visão do encéfalo no Império Romano
2. Teoria dos humores:

Transposiçã o deste conceito para o compto/ temperamento


humano.

Predominâ ncia dos 4 humores, tinha-se o indivíduo:


otimista, falante, irresponsável (tipo sanguíneo);
calmo, sereno, lento, passivo (tipo fleumático);
explosivo, ambicioso (tipo colérico);
introspectivo, pessimista (tipo melancólico)
Visão do encéfalo no Império Romano

3. Teoria dos ventrículos:

O cérebro era composto por 3 ventrículos.

 Ventrículo anterior: Inteligência e pensamento;


 Ventrículo Médio: emoçõ es e sentimentos;
 Ventrículo Posterior: impulsos bá sicos.
Visão do encéfalo no Império Romano

 Mé dico dos gladiadores


 Dissecçõ es em animais

Duas partes
Saúde: principais:
equilíbrio o cérebro e o cerebelo
dos humores
Deduzir
Doença:asdesequilíbrio
funções : Cérebro macio= sensações
Cerebelo mais
Início da teoria química firme=
aplicada asmúsculos
atividades
Os nervos eram condutos
cerebrais.

 Perdurou por 8 séculos;


Visão do encéfalo no Império Romano

Apó s a morte de Galeno, o conhecimento mé dico sofreu um


processo de decadência qualitativa e quantitativa.

1. Aceitaçã o da doutrina cristã de que o corpo tinha pouca ou


nenhuma importâ ncia em comparaçã o com a alma.

2. Homem zodiacal, o universo que governaria as sensaçõ es e


desejos do corpo.
Visão do encéfalo na Renascença
Início um movimento cultural caracterizado pelo estudo de obras
gregas e romanas até entã o desconhecidas. Culto ao corpo.

Havia preocupaçã o nas atividades físicas em desenvolver um


corpo perfeito, proporcional e gracioso em todos os seus
movimentos, no seu equilíbrio e na sua tonicidade.
Visão do encéfalo na Renascença

Avanço no estudo da anatomia humana graças principalmente,


à s obras de Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius.

Homem Vitruviano
Leonardo da Vinci (1452 - 1519)
Visão do encéfalo na Renascença XIX

Andreas Vesalius (1514-1564) anatomista;

 Questionou ideias de Galeno;


 Publicou livro “ Da estrutura ao corpo humano”
 Publicou extensas dissecçõ es humanas;
 Refutou a teoria dos ventrículos;
 Rompeu a tradiçã o de estudos em animais
 Anatomia dos nervos: comunicaçã o entre partes do
corpo/fluidos
Visão do encéfalo na Renascença

No século XVIII Descartes estabelece “princípios


fundamentais” a partir dos quais se acentua a dicotomia:

Corpo que é apenas uma coisa externa que nã o pensa;


Alma/mente substâ ncia pensante por excelê ncia que “nã o
participa de nada daquilo que pertence ao corpo”.
 A mente recebe sensaçõ es e comanda os
movimentos, se comunica com a maquinaria
do encéfalo por meio da glâ ndula pineal.

Na concepçã o cartesiana, o corpo seria algo


externo nã o pensante. Seria o depositá rio da
alma, e a alma seria a substâ ncia pensante por
excelência.

Capacidades mentais exclusivamente humanas


existiriam fora do encéfalo, na “mente”.
Fim do século XVIII: Até então...

 O sistema nervoso já havia sido completamente dissecado, e


sua anatomia descrita em detalhe.

 Reconheceu- se que o sistema nervoso tinha uma divisã o


central, consistindo no encé falo e na medula espinhal, e uma
divisã o periférica, rede de nervos que percorrem o corpo.
Fim do século XVIII: Até então...

 Lesã o no encé falo pode causar desorganizaçã o das sensaçõ es,


movimentos e pensamentos, podendo levar à morte.

 O encéfalo se comunica com o corpo por meio dos nervos.

 Um importante passo na neuroanatomia foi a observaçã o de


que o mesmo tipo de padrã o de dobras(os giros) e sulcos (ou
fissuras) podia ser identificado na superfície cerebral de cada
indivíduo.
Sistema Nervoso no Século XIX
4 Descobertas-chave

1- Nervos como fios


 Galvani e Bois-Reymond: mú sculos podiam ser movimentados
quando os nervos eram estimulados eletricamente.
 comunicaçã o bidirecional através dos “fios”;

 Encéfalo podia gerar eletricidade.


derrubaram a noçã o de que os nervos se comunicam por fluidos.
Sistema Nervoso no Século XIX
2-Localizaçã o e funçõ es especificas
 Bell : fibras motoras-cerebelo;
 Fibras sensorias- cérebro;
 Método de ablaçã o experimental: danificar a parte do cé rebro.

 Joseph Gall: circovulaçõ es com diferentes funçõ es;


Traços de personalidade relacionado com as dimensõ es da cabeça.
Crâ nio de diferentes pessoas. Ex. criminosos
 Estrutura da cabeça-personalidade (Frenologia)
Nunca foi levada a sério pela ciência!
 O século XIX foi também importante por ter demarcado o
nascimento da neuropsicologia da linguagem.

 A literatura inclui registros de observaçõ es clínicas sobre


distú rbios de linguagem em decorrência de traumatismo
cerebral feitos há milhares de anos;

 Apenas no século XIX que as correlaçõ es aná tomo-clínicas


entre lesõ es cerebrais e patologia da linguagem tornaram-se
um importante foco de atençã o.
 Mérito e influencia na localizaçã o e funçõ es: Paul Broca.
 Paciente (Tam) que compreendia a linguagem, mas nã o falava,
Lesã o no lobo frontal esquerdo.

 Broca concluiu que essa regiã o é responsável pela produçã o da


fala.
 Em 1874, o neurologista Karl Wernicke identificou que
lesõ es na superfície superior do lobo temporal, em que
causava dificuldade de compreensã o.
O homem que se perdeu - Phineas Gage

Supervisor de obras ferrovias


americano tornou-se agressivo e
desrespeitoso depois que teve parte do
cé rebro destruída em um acidente.

O estudo deste paciente demonstrou


que faculdades como o juízo moral e
social podem estar localizados no lobos
frontais.
Lobotomia
 Neurologista português Egas Moniz descobre que a interrupçã o
dos nervos que vã o do có rtex frontal ao talamo aliviava os
sintomas psicó ticos em alguns de seus pacientes.

 Lobotomia pré frontal em paciente esquizofrênico com o furador


de gelo.

 A operaçã o foi usada de maneira indiscriminada e hoje em dia é


considerada um processo ultrapassado.
3- Evolução do Sistema Nervoso

 Charles Darvin

• Nã o teve um influencia direta;


• Através da compreensã o da evoluçã o, os cientistas puderam
desenvolver uma perspectiva mais abrangente sobre como o
sistema nervoso se desenvolveu ao longo do tempo e como ele é
compartilhado entre diferentes espécies.
• destaca a continuidade e as semelhanças entre os sistemas
nervosos de diferentes organismos, fornecendo insights sobre a
origem e a diversificaçã o das estruturas nervosa.
4-Neurônio unidade funcional básica

 Refinamento no microscó pio;


 alemã o Theodor Schwann propô s a teoria celular: tecidos sã o
compostos por unidades microscó picas chamadas células.

 Controvérsia a respeito de existir um “célula nervosa”

 1900, a cé lula nervosa individual, hoje chamada de neurônio,


foi reconhecida como sendo a unidade funcional bá sica do
sistema nervoso.

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