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Processos Psicológicos Básicos

- Funções Psíquicas Elementares: são as funções bási- - sistema er oso ce tral co stitu do de duas par-
cas e primárias do psiquismo humano, que surgem nos tes: o encéfalo e a medula espinhal. Ele controla o
primeiros meses de vida e incluem, por exemplo, a processamento de informações e dados, memórias,
sensação, a percepção, a atenção e a memória de cur- julgamentos, avaliações, comportamentos e soluções
to prazo. Essas funções são responsáveis por permitir de problemas.
que o indivíduo se relacione com o ambiente, por - O sistema nervoso periférico, que se divide em Sis-
meio da coleta e processamento de informações sen- tema Nervoso Somático e Sistema Nervoso Autônomo,
soriais. realiza o trânsito da informação que sai do SNC e che-
- Funções Psíquicas Superiores: são mais avançadas e ga a diversas partes do organismo, ou traz de volta
desenvolvem-se posteriormente, a partir dos dois ou algum comando.
três anos de idade, e incluem o pensamento simbólico, - O Sistema Nervoso Autônomo ormado por eurô-
a linguagem, inteligência, a memória de longo prazo, o ios ue re ulam di ersas u es do or a ismo e
raciocínio, a imaginação e a criatividade. Essas funções so re as uais o co trole co scie te em como
são responsáveis pela construção da personalidade e função manter a homeostase. Ele é dividido em Siste-
pela capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ma Nervoso Autônomo Parassimpático, Sistema Ner-
social. voso Autônomo Simpático e Sistema Nervoso Autô-
- As funções psíquicas não são isoladas, elas estão nomo Visceral ou Entérico.
interconectadas e interdependentes. A separação da - O Sistema Nervoso Som tico ormado por eurô-
vida e da atividade mental em distintas áreas ou fun- nios que estimulam as ações motoras voluntárias e
ções psíquicas é um procedimento artificial. intencionais, como a movimentação do braço para
- Os processos cognitivos são integrados no ser huma- pegar algum objeto.
no, uma vez que o pensamento ele mesmo não se - ara a duca o importa te co ecer o u cio a-
pensa, e a atenção não é em si mesma, visto serem mento do Sistema Nervoso, assim como as contribui-
substrato de um mundo psíquico que lhes compõem. ções da neurociência no processo de aprendizagem.
- Nesse sentido, dá-se um salto qualitativo, tornando- Essas informações ajudam a tornar o ambiente peda-
se um sistema complexo “mediado de comportamen- ico mais prop cio re lex o e solu o de pro le-
to”. mas.

- A semiologia psicopatológica é o estudo dos sinais e - Campos de investigação fundamentais da Neurociên-


sintomas dos transtornos e síndromes mentais. cia:
 Sintoma é uma sensação anormal, subjetiva, referida  Neurofisiologia: Investiga as funções específicas do
pelo paciente, não avaliada pelo examinador. Ex: Sistema Nervoso;
dor, náusea (subjetivo).  Neuroanatomia: Investiga a questão estrutural do
 Sinal é um dado objetivo que pode ser observado Sistema Nervoso, buscando detalhes, macro e mi-
pelo examinador. Ex: palidez, tosse. croscópio, do cérebro, dos nervos etc.;
 Neuropsicologia: Investiga as relações entre o com-
INTRODUÇÃO À NEUROPSICOLOGIA portamento humano e o cérebro, buscando definir
- A Neuropsicologia faz parte de um dos campos fun- que campo específico desse órgão domina as tarefas
damentais da neurociência, que reúne diversos sabe- psicológicas.
res e pontos de vista sobre o funcionamento do Siste-
ma Nervoso, além do interesse por mecanismos de NEUROPSICOLOGIA
aprendizagem, memória, atenção, linguagem e comu- - A Neuropsicologia trabalha com conceitos das Ciên-
nicação, estabelecendo uma interface com a Psicolo- cias do Comportamento, da Neurologia, da Neuroana-
gia. tomia, da Neuroquímica, da Neurofisiologia, além de
outras áreas afins como a ciência computacional.
NEUROCIÊNCIA - Nesse sentido, Neuropsicologia desenvolveu-se a
- A neurociência tem como objetivo tanto o estudo do partir da convergência entre pontos da Neurologia e
Sistema Nervoso normal, quanto do patológico, e visa da Psicologia, no que se refere ao estudo comum das
a esclarecer os processos das doenças neurológicas e consequências comportamentais causadas por lesões
das doenças mentais. cerebrais específicas.
- A proposta da Neuropsicologia é compreender as - em crito (470-360 a.C.): O pensamento se localiza-
funções mentais superiores, com base no comporta- a o c re ro
mento cognitivo, emocional, motor, sensorial e social - Plat o (428/7-347 a.C.): Descre ia a medula como a
do sujeito, e investigar as suas diferentes funções ce- parte mais importa te do corpo ma parte dela era o
rebrais. c re ro e a outra a medula espi al m as co stitu-
- As funções mentais superiores são constituídas no am a or a de ida so re a ual atua a a alma a parte
decorrer da história da pessoa e em sua relação com o da racio alidade esta a locali ada o c re ro, e a par-
mundo onde interage. te irracional, na medula espinhal.
- O o eti o da europsicolo ia a alisar as rela es - ip crates (469-379 a.C.): Acredita a ue o c re ro
que ocorrem entre as funções psicológicas e sua base era o r o da ra o e do ul ame to a sede da i teli-
neurológica. cia
- europsicolo ia est oltada para a a lise siste- - rist teles (384-322 a.C.): O ce tro do i telecto e da
mática das alterações de comportamento desencade- ida era o cora o ua do este a ia muito es or o
adas por lesões, doenças e malformações que acome- me tal era res riado pelo e c alo le e te dia ue o
tem o cérebro nas várias fases do desenvolvimento c re ro era um r o o t o importa te para o cor-
humano, buscando reabilitar as funções. po.
- Galeno (129-200 d.C), realizou muitos experimentos
- Ao longo da história humana surgiram movimentos e concluiu que o SN era composto por uma parte de
que buscavam entender como se processa o conheci- co sist cia macia c re ro uma parte de co sis-
mento. As escolas que ganharam maior destaque fo- t cia mais e durecida cere elo e compartime tos
ram o empirismo, o racionalismo e o intuicionismo. onde havia a passagem de fluidos, os ventrículos. Se-
 Empiristas: Defendiam a ideia de que, a partir da gundo ele os er os ti am ori em o c re ro e a
experiência sensorial o i di duo o ti a o co e- medula e conduziam os fluidos destes para a periferia
cimento. do corpo o cluiu ue o c re ro era a sede das sen-
 Racionalistas: Co sidera am ue a ra o era a ase sa es a partir do ual se orma am as mem rias
do conhecimento, independentemente de o indiví- c re ro porta to era a ase da se sa o do mo i-
duo experime tar ou o ual uer tipo de se sação. mento e do intelecto.
 Intuicionismo: Acreditavam que o indivíduo tinha - Descartes (séc XVIII): Propôs o dualismo entre o cor-
dentro de si, e com facilidade de acesso, a intui o po e a mente, ao restabelecer a ideia de que eram
ue o ecessita a das se sa es em da ra o pa- formados por substâncias distintas. Para Descartes, a
ra acontecer. alma era a coisa pensante que transcende o corpo e a
mente uma entidade espiritual, composta por capaci-
- odos os cami os ue os estudiosos uscaram para dades mentais, que se encontra fora do cérebro. A
explicar como era poss el reali ar o processo de co- natureza da alma era indivisível, definida como subs-
ecime to restri iam-se s suas o ser a es tância consciente ou pensamento e interagia com o
corpo, cuja natureza era divisível. Apesar de suas dife-
re as corpo e alma se u do escartes i tera iam
A VISÃO DO CÉREBRO E SEU FUNCIONAMENTO NO por meio da l dula pi eal ue se locali a a o
DECORRER DOS SÉCULOS c re ro
- esde a r - ist ria existem e id cias pela pr tica - Entre os s culos e a ate o se oltou para
da trepanação, de que nossos antepassados com- a su st cia cere ral ue era di idida em su st cia
preendiam a importância do encéfalo para a vida. ra ca e ci e ta su st cia ra ca ti a li a es
com os nervos do corpo e, por meio de fibras nervo-
A trepa a o uma das ma eiras ue ossos a cestrais sas le a a e tra ia i orma es para a su st cia cin-
encontraram para curar dores de cabeça, tra stor os de zenta.
ordem me tal ou at mesmo a rir cami os para a sa da - David Hartley (1705-1757): Tomou como base a Teo-
de esp ritos maus ssa t c ica co siste em a er pe ue as ria das i ra es de saac e to para dese ol er a
i cis es o cr io de i di duos i os para propiciar a ideia de ue a se sa o era um processo sico le
sa da do ue era a i cômodo acredita a ue as i ra es era am altera es os
er os medula espi al o c re ro e os er os se-
- Povo Egípicio (s culos a a ): Acreditavam que a u do artle eram ormados por uma s su st cia
alma e a mente eram uma coisa s . Atribuíam ao cora- - Albrecht von Haller (1707-1777): A su st cia ra ca
o a sede da alma e ua to o c re ro era descarta- do c re ro e do cere elo esta a locali ada a ase do
do do corpo quando a pessoa falecia. mo ime to e das se sa es
- Franz J. Gall (1758-1828): Despontou como um im- cias e sulcos o c re ro a super cie cere ral e
portante autor dessa corrente de pensamento. que o encéfalo era dividido em lobos e hemisférios.
ci cia da re olo ia criada por all esta eleceu a - Anos 1990: Com os a a os tec ol icos o c re ro
rela o entre as medidas das saliências do crânio e os passa a ser observado em funcionamento, e isso con-
traços de personalidade, e ele denominou de faculda- tri uiu para o esclarecime to de uais re i es cere-
des: 27 faculdades mentais e morais, a partir das pro- rais espec icas estariam ati as dura te di ere tes
eminências cerebrais externas, pelo que haveria a u es me tais m decorr cia dos a a os das
possibilidade de identificar as diferenças individuais. t c icas de euroima em ue possi ilitaram a co ir-
- Johann Spurzheim (1776-1832): Foi um dos seguido- ma o das i tera es e tre as u es co iti as e as
res de all acresce tou mais de aculdades s exis- reas cere rais
tentes. - Roger Sperry (1913-1994) e Michael Gazzaniga (1939-
- Jean M. P. Flourens (1794- 1867): Um opositor da ): Desco riram ue a separa o dos emis rios cere-
teoria de Gall ue a mesma poca de e deu a ideia rais produ ia dois meio-c re ros cada um com per-
de ue o c re ro o ti a re i es icas para com- cep es pe same tos e co sci cia independentes.
portame tos espec icos le su eriu ue todas as - Alexander R. Luria (1902- 1977) e Lev S. Vygotsky
re i es cere rais esta am e ol idas em cada uma (1896-1934): Apresentaram uma proposta diferente
das u es me tais etectou tam m a impor- da abordagem localizacionista. les se asearam em
t cia do cere elo os mo ime tos motores e das tr s pri c pios centrais das u es corticais
u es itais a medula  A plasticidade;
- Paul Broca (1824-1880): Ao realizar o estudo de caso  Os sistemas funcionais di micos
de um paciente, obser ou ue o emis rio cere ral  A perspectiva a partir da mente humana.
es uerdo ti a rela o com a li ua em e com a ideia teoria de uria tem sido a ase para o estudo da
da domi cia ma ual o e essa re i o co ecida rela o e tre o comporta- me to e o c re ro isa do
como rea de roca. Essa descoberta possibilitou a compree der as u es cere rais o ecer a o ra
maior entendimento sobre os estudos da di mica desse autor co di o esse cial para i esti ar o
re i o- u o s os pro lemas de apre di a em de cria as e ado-
- Karl Wernicke (1848-1905): I esti ou les es no cé- lesce tes mas tam m para ela orar o as a es de
rebro e propôs um modelo de como ele se or a i a a reabilita o uria co sidera ue o c re ro est di idi-
em rela o li ua em co sidera do ue os da os do em tr s u idades u cio ais sicas ada uma
essa rea o e co ecida por rea de er icke delas teria uma u o espec ica e o processo co i-
resulta am em d icits de compree s o Karl identifi- tivo, assim como qualquer forma de atividade psico-
cou ue em todos os d icits de li ua em eram e- l ica depe deria da coes o e da opera o simul-
rados a partir de da os rea de roca rea de t ea e tre essas u idades
er ic e respo s el pela or a i a o e associa o
das palavras e ajuda a compreender o ue as outras - om o sur ime to das euroci cias e o dese ol-
pessoas est o dizendo. vimento das tecnologias, al u s a a os si i icati os
- Karl S. Lashley (1890-1958): Atri u a u es espe- co tri u ram para os co ecime tos europsico-
c icas a re i es cere rais ssa ideia icou co ecida l icos
como ei da o das assas eus experime tos com  Neuroimagem: Tomo ra ia e resso cia ma tica
a imais e ide ciaram a capacidade do c re ro de se ue permitem o ser ar o c re ro em ati idade;
compensar (neuroplasticidade) ua do a ia perda e  Pesquisas laboratoriais: Possibilidade de padronizar
essa compe sa o esta a relacio ada com o tama o instrumentos com amostragem espec ica de cada
da les o e o com sua locali a o pa s
- Fim do século XVIII: Ap s o c re ro ter sido exausti-  Aplicação dos co ecime tos e ticos ao compor-
ame te estudado predomi a a a discuss o so re a tamento: Ide ti ica o de altera es eurol icas e
locali a o das u es cere rais s cie tistas a- comportamentais a partir do estudo da e tica do
viam identificado que havia o mesmo padrão de sali- i di duo

Memória
- A memória é o que somos, é nossa identidade. - “[Perder a memória] leva à perda de si mesmo, à
- “somos aquilo que recordamos ou que, de um modo perda da história de uma vida e das interações dura-
ou de outro, resolvemos esquecer”. douras com outros seres humanos”.
- É a capacidade de codificar, armazenar e evocar as ções sociais provenientes de interações com outras
experiências, impressões e fatos que ocorrem em nos- pessoas, grupos e contextos.
sas vidas. Tudo o que uma pessoa aprende em sua
existência depende intimamente da memória. - Processo de memorização:
1 - Percepção: As pessoas recebem informações sen-
- Tipos de memória: soriais do ambiente, como sinais visuais, auditivos e
 Memória psicológica: Uma atividade altamente dife- táteis. No contexto social, isso envolve observar com-
renciada do sistema nervoso, que permite ao indiví- portamentos, ouvir palavras e captar expressões faci-
duo codificar, conservar e evocar, a qualquer mo- ais, entre outros.
mento, os dados aprendidos da experiência. 2 - Codificação: As informações percebidas são proces-
 Memória genética e epigenética: Abrange conteúdos sadas e organizadas pelo cérebro para serem compre-
de informações biológicas adquiridos ao longo da endidas e armazenadas. Isso pode incluir categorizar
história filogenética da espécie e ao longo das vivên- informações com base em padrões e conceitos pree-
cias do indivíduo e de seus ancestrais, contidos no xistentes. É o processo inicial da memorização. Ela
material biológico (DNA, RNA, cromossomos, mito- depende muito da atenção. Tem uma função semânti-
côndrias, mudanças epigenéticas) dos seres vivos. ca.
3 - Armazenamento: As informações relevantes são
- A memória não é um processo unitário, pois é com- retidas na memória de curto prazo ou de longo prazo,
posta de múltiplos elementos, que podem ser organi- onde podem ser acessadas posteriormente.
zados e expostos de distintas formas e exigem redes e 4 - Recuperação: Quando necessário, as informações
estruturas cerebrais diferentes. Ela não é um processo armazenadas são recuperadas da memória para uso
passivo e fidedigno de fixação de elementos e de evo- consciente. Isso permite a tomada de decisões, o raci-
cação exata e realista do que foi arquivado, é muito ocínio e a compreensão de situações sociais.
mais um processo ativo, no qual vários elementos do 5 - Integração e Compreensão: As informações recupe-
indivíduo participam da codificação e da evocação, radas são combinadas com o conhecimento existente
como elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e interpretadas em um contexto mais amplo. Isso en-
e afetivos. Portanto, a memória é frequentemente volve relacionar novas informações a conceitos famili-
reeditada, com acréscimos de elementos novos, vivi- ares/antigos e criar um quadro coerente da situação.
dos ou imaginados pelo próprio indivíduo ou instiga- 6 - Resposta e Ação: Com base na compreensão da
dos por estímulos externos, conscientes ou não. As- informação processada, as pessoas podem formular
sim, há um processo de recriação e reinterpretação no respostas, tomar decisões ou iniciar ações apropriadas
arquivo de longo prazo de nossas memórias. Elas fre- ao contexto social.
ue teme te o s o “o ilme realista do ue aco te-
ceu” mas “reedi es criati as” de rios “diretores” - Evocação: É a capacidade de acessar os dados fixa-
que influem no seu conteúdo. dos, seria a etapa final do processo de memória. Há
ainda dois aspectos distintos: a disponibilidade e a
- A memória psicológica é dividida em três fases ou acessibilidade da informação. Às vezes, tentamos lem-
elementos básicos: brar o nome de uma pessoa, sentimos que esse nome
 Codificação: Captar (atenção), adquirir e codificar est “ a po ta da l ua” esse caso a i ormação
informações; ainda está disponível em nossa memória de longo
 Armazenamento: Reter as informações de modo prazo, mas não está, no momento exato que quere-
fidedigno; mos lembrar, acessível para nós.
 Recuperação ou evocação: Também denominada de - Lembrança: É a capacidade de acessar elementos
lembranças ou recordações, sendo a fase em que as específicos no banco da memória de longo prazo.
informações são recuperadas para distintos fins. - Reconhecimento: É a capacidade de identificar uma
informação apresentada ao sujeito com informações já
PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES disponíveis na memória de longo prazo.
- Refere-se ao modo como o cérebro humano coleta, - Esquecimento: É a denominação que se dá à impos-
codifica, armazena, recupera e utiliza informações do sibilidade de evocar e recordar.
ambiente para compreender e interagir com o mundo
social ao redor. É um processo complexo e contínuo FATORES ASSOCIADOS AO PROCESSO DE MEMORIZA-
pelo qual as pessoas percebem, interpretam e respon- ÇÃO
dem a estímulos do ambiente, incluindo as informa- - Nível de consciência e estado geral do organismo: O
indivíduo deve estar desperto, não muito cansado,
calmo, em bom estado geral, para que a memorização “decidir” uase sempre sem co sci ncia) se voltamos
ocorra da melhor maneira possível. a atenção para certos estímulos ou se estes serão ra-
- Atenção focal: Diz respeito à capacidade de manu- pidamente apagados.
tenção de atenção concentrada sobre o conteúdo - Memória imediata ou de curtíssimo prazo (até 1 a 3
novo a ser fixado. Informações novas entram na me- min): Esse tipo de memória se confunde conceitual-
mória de longo prazo principalmente quando se presta mente também com a memória de trabalho. Trata-se
bastante atenção durante o aprendizado. da capacidade de reter o material imediatamente após
- Organização e distribuição temporal: Diz respeito a ser percebido, como reter um número telefônico para
distribuir, no processo de aprendizado de novas in- logo em seguida discar. A memória imediata tem tam-
formações, as tentativas de aprendizado ao longo de bém capacidade limitada e depende da concentração,
um período de tempo mais longo e cadenciado; é me- da fatigabilidade e de certo treino.
l or praticar “pouco e sempre” do ue te tar memori- - Memória recente ou de curto prazo (até 3 a 6h): Re-
zar e aprender tudo apressadamente, em um único fere-se à capacidade de reter a informação por curto
dia. período. Também é um tipo de memória de capacida-
- Interesse e colorido emocional: Relaciona-se às in- de limitada. Muitas vezes, as memórias de curto prazo
formações a serem fixadas, assim como ao empenho e de curtíssimo prazo são consideradas simplesmente
do indivíduo em aprender. como memória de curto prazo.
- Conhecimento anterior: Elementos já conhecidos - Memória de longo prazo ou remota (de dias, meses
ajudam a adquirir elementos novos, principalmente até muitos anos): É a função relacionada à transferên-
quando se articulam os novos conhecimentos a infor- cia de informações para depósitos de longo prazo,
mações, classificações e esquemas cognitivos já bem tendo capacidade quase ilimitada. Ela também se rela-
assentados, formando uma cadeia de elementos ciona à evocação de informações e acontecimentos
mnêmicos. ocorridos no passado (lembranças), geralmente após
- Capacidade de compreensão do significado da infor- muito tempo do evento (pode durar por toda a vida). É
mação: Buscar entender o significado da informação um tipo de memória de capacidade bem mais ampla
ou conhecimento que se está tentando aprender é de em termos de itens a serem guardados que a memória
fundamental ajuda para a memorização. Se a informa- imediata e a recente. As informações são arquivadas e
ção não tem um significado particular (é algo aleató- conservadas de acordo com seu significado, em redes
rio), então é útil atribuir-lhe um significado arbitrário. semânticas nas quais conceitos semelhantes ou se-
- Estabelecimento de um contexto rico e elaborado: O manticamente relacionados são armazenados de ma-
contexto e as circunstâncias associadas à informação neira vinculada, próximos uns dos outros. Portanto, o
que se quer memorizar têm papel central na eficácia significado proporciona organização no arquivo de
da memorização. longo prazo. Assim, podemos ouvir uma história, com
- Codificação da informação nova em mais de uma via: várias frases distintas, e, meses depois, sermos incapa-
Para o armazenamento mais eficaz de uma informação zes de reproduzir essas frases corretamente. Contudo,
nova, quanto maior for o número de canais sensoriais o significado geral da história, tendo sido percebido
e dimensões cognitivas distintas, mais eficaz será a por nós, foi armazenado e poderá ser evocado.
fixação. Por exemplo, se a informação for uma palavra,
deve-se buscar associar uma imagem visual; se for Dependentes do caráter consciente ou não consciente
visual, deve-se buscar associar uma palavra. Com isso, do processo mnêmico:
são criados mapas mentais, que colaboram para o - Memória explícita: É relacionada ao conhecimento
armazenamento eficaz. consciente, obtido geralmente com algum esforço.
Esse tipo de memória é adquirido e evocado com ple-
TIPOS DE MEMÓRIA na intervenção da consciência, incluindo as lembran-
Segundo o tempo de aquisição, armazenamento e ças de fatos autobiográficos. A memória explícita pode
evocação: ser de imagens visuais, palavras, conceitos ou eventos.
- Memória sensorial e depósito sensorial (até 1s): São Um episódio como ter almoçado no último domingo
ricas, mas muitíssimo breves. Quando estímulos visu- com a avó pode ser lembrado com algum esforço e de
ais ou auditivos são expostos ao indivíduo, ele capta forma consciente.
(não de modo consciente) um número relativamente - Memória implícita: É um tipo de memória que adqui-
grande de informações, mas pode guardá-las apenas rimos e utilizamos sem que percebamos, sem consci-
por um período muito curto. Há um depósito sensori- ência e, geralmente, sem esforço. É uma forma relati-
al, que funciona geralmente abaixo do limiar da cons- vamente automática e espontânea. Ela pode incluir
ciência, em apenas 50 milissegundos, quando se deve procedimentos, como muitas habilidades motoras
(andar de bicicleta, saber bordar, saber escovar os ações. Ela envolve o armazenamento de conteúdos
dentes), assim como conhecimentos gerais ancorados baseados em seu significado e inclui conhecimentos de
em palavras, que adquirimos e utilizamos sem perce- objetos, fatos, operações matemáticas e uso das pala-
ber, como aprender e falar a língua materna. A memó- vras. Ela é aprendida e reaprendida constantemente,
ria implícita influi cotidianamente em nossas vidas, de não sendo temporalmente específica.
formas mais ou menos sutis e está envolvida com as
chamadas sensações de familiaridade.
Enquanto a memória episódica é específica em rela-
O termo priming (a melhor tradução é aprimoramento ção a eventos pessoais, a memória semântica trata
de repetição) se refere a um tipo de memória implíci- do significado geral das palavras e conceitos. Por
ta, importante no processo de recordação e execução exemplo, lembrar como foi um almoço com os avós,
de tarefas cognitivas. O priming se verifica quando, em Belo Horizonte, há três semanas, depende do
por exemplo, estímulos que já foram expostos ao su- sistema de memória episódica. Já o conhecimento
jeito, de forma consciente ou não consciente, são mais do si i icado das pala ras “almo o” “ elo ori on-
bem processados do que aqueles que nunca lhe foram te” “a s” etc depe de da memória semântica.
expostos. Por exemplo, ter sido previamente exposto
a uma lista de palavras contendo a palavra BOLA facili-
ta o desempenho em testes de completar palavras - Memória de procedimentos: Habilidades motoras e
quando aparece a tarefa de preencher B_L_. O priming perceptuais mais ou menos complexas (andar de bici-
ocorre sem que tenhamos a sensação subjetiva de cleta, digitar no computador, tocar um instrumento
reencontro com o estímulo, reforçando a ideia de que musical, bordar etc.), habilidades visuoespaciais (como
ele é um mecanismo da memória implícita. a capacidade de aprender soluções de labirintos e
quebra cabeças) e habilidades automáticas relaciona-
Segundo suas funções: das ao aprendizado de línguas (regras gramaticais in-
- Memória de trabalho: Reter um número telefônico corporadas na fala automaticamente, decorar a conju-
temporariamente ou seguir instruções para chegar a gação de verbos de uma língua estrangeira etc.). É em
um destino desconhecido. A memória de trabalho está sua maioria implícita e não declarativa. Durante a
entre os processos de atenção e a memória imediata. aquisição da habilidade, pode ser explícita, especial-
uma forma de memória explícita. Ela se diferencia da mente quando se segue orientações verbais, como
memória de curto prazo por estar constantemente aprender a dirigir um carro. Tipicamente se manifesta
ativa e envolver operações mentais contínuas por cur- por ações motoras e desempenho de atividades, não
tos períodos. As informações são mantidas ativas para pela expressão verbal. A memória se torna consciente
serem manipuladas e utilizadas imediatamente em apenas com esforço, uma vez que não é facilmente
resposta a uma tarefa. Ela permite manter e manipular acessível pela expressão de palavras. A memorização
informações novas, acessando-as em relação às anti- ocorre de forma gradual, por meio de repetições e
gas. múltiplas tentativas ao longo do tempo.
- Memória episódica: Relatar o que foi feito no último
fim de semana. É uma memória explícita, de médio e TRANSTORNO MENTAL ORGÂNICO (OMD)
longo prazos, relacionada a eventos específicos da - É um tipo de distúrbio em que o funcionamento
experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em deter- mental diminui devido a uma doença física ou condi-
minado contexto. Ela corresponde a eventos específi- ção médica, que podem ser causadas por fatores co-
cos e concretos, comumente autobiográficos, bem mo infecções, lesões, disfunções orgânicas, genética
circunscritos em determinado momento e local. Ela se ou outros processos biológicos (Alzheimer), em vez de
refere à recordação consciente de fatos reais. uma doença psiquiátrica, que envolvem alterações no
As memórias episódicas podem se transformar em pensamento, humor, comportamento ou percepção.
memórias semânticas ao longo do tempo e por expo- - Diferentemente da demência (Transtorno Neurocog-
sição repetida. nitivo Maior), que é uma perda progressiva e irreversí-
- Memória semântica: Refere-se ao aprendizado, con- vel das funções cognitivas, o OMD resulta de causas
servação e uso do arquivo geral de conceitos e conhe- orgânicas, que pode ser reversível, como doenças,
cimentos do indivíduo, como a cor do céu, a quantida- lesões cerebrais ou outras afecções que afetam o cé-
de de dias na semana etc. Os conhecimentos cristali- rebro.
zam-se através da linguagem e são de natureza se- - Os sintomas do OMD podem incluir:
mântica, abrangendo o significado das palavras, obje- • Problemas de memória;
tos e ações. A memória semântica é geralmente explí- • Dificuldades na compreensão de idiomas;
cita, mas também pode ser implícita em algumas situ- • Mudanças comportamentais;
• Dificuldades em lidar com as tarefas diárias. • Avançado: É o mais próximo da total dependência e
- Condições neurodegenerativas, como a doença de da inatividade física do paciente. Os distúrbios men-
Alzheimer, também podem causar Transtorno Mental tais são sérios e podem, até mesmo, deixar a pessoa
Orgânico. Nessas condições, as funções neurológicas acamada.
são progressivamente perdidas.
- Tipos de Alzheimer:
ALZHEIMER • Alzheimer precoce: Afeta pessoas com menos de 65
- Também conhecido como Mal de Alzheimer, é uma anos, normalmente entre os 40 e 50 anos. Está rela-
doença neurodegenerativa que provoca o declínio das cionado a alterações genéticas hereditárias que le-
funções cognitivas, reduzindo as capacidades de traba- vam à perda da cognição de forma progressiva. Por-
lho e de relação social. É comum em pessoas idosas, tanto, também é conhecido como Alzheimer heredi-
principalmente entre os 65 e 85 anos de idade, e pode tário.
levar à demência. • Alzheimer tardio: Caracterizado quando os sintomas
- Com o passar do tempo, o Alzheimer também inter- se manifestam após os 65 anos, sendo o mais fre-
fere no comportamento e na personalidade, levando à quente.
perda de memória.
- No início, o paciente pode até lembrar-se de aconte- - As causas ainda são desconhecidas, mas há algumas
cimentos muito antigos, mas acaba esquecendo ques- hipóteses existentes e possíveis fatores de risco:
tões simples, como uma refeição que acabou de reali- • Fatores genéticos: Já que cerca de 5% a 15% dos
zar ou o nome de parentes e amigos. casos afetam pessoas com antecedentes familiares,
- Com a evolução do quadro, o Alzheimer causa grande pode ser explicado por anormalidades genéticas es-
impacto no cotidiano e afeta a capacidade de aprendi- pecíficas.
zado, de atenção, de orientação, de compreensão e de • Fatores ambientais: Fatores como o caso da exposi-
linguagem. A pessoa fica cada vez mais dependente ção a metais pesados, como mercúrio e alumínio,
da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, que são substâncias tóxicas para o organismo. Doen-
como a higiene pessoal e a alimentação. ças como o AVC e traumas no cérebro decorrentes
de acidentes também podem aumentar o risco de
- Fases do Alzheimer: desenvolvimento do Alzheimer por destruírem neu-
• Inicial: É quando os sintomas se apresentam de for- rônios.
ma mais branda, podendo, muitas vezes, passarem
despercebidos ou serem confundidos com estágios - O diagnóstico do Alzheimer é clínico, ou seja, é feito
do envelhecimento natural. a partir da avaliação médica. A partir de exames e da
• Intermediário: A doença começa a progredir e os história do paciente, é possível definir qual a principal
sintomas e as limitações começam a ficar mais visí- hipótese para a causa do surgimento dos sintomas.
veis e preocupantes. O paciente passa a necessitar Alguns exames complementares como exames de
de ajuda de outras pessoas para realizar tarefas coti- sangue, tomografia computadorizada e ressonância
dianas. magnética do cérebro.

Afetividade
- A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, bri- que afeta a totalidade individual e que, por isso mes-
lho e calor a todas as vivências humanas. Sem afetivi- mo, recebe o qualificativo de afetiva.
dade, a vida mental torna-se a ia sem sa or “ eti-
idade” um termo e rico ue compreende várias TIPOS BÁSICOS DE VIVÊNCIAS AFETIVAS
modalidades de vivências afetivas. - Humor ou estado de ânimo: É um dos transfun-
Quanto mais os estímulos e os fatos ambientais afe- dos/substratos/fundamentos da vida psíquica. Há con-
tam o indivíduo – até a intimidade do ser, mais nele fluência entre a vertente somática e a vertente psíqui-
aumenta a alteração e diminui a objetividade. Quanto ca, que se unem de maneira indissolúvel para fornecer
menor a distância, real ou virtual, entre quem percebe um colorido especial à vida psíquica momentânea. É
e o que é percebido, mais o objeto se confunde com vivido corporalmente e relaciona-se de forma conside-
quem o percebe. Assim, vai desaparecendo a possibili- rável às condições corporais e vegetativas (autonômi-
dade de configurar ou formar imagens delimitadas, e cas, como batimento cardíaco e respiração). É definido
surge uma nova modalidade de experiência íntima, como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional
basal e difuso em que se encontra a pessoa em deter- - Paixão: É um estado afetivo extremamente intenso,
minado momento. É a disposição afetiva de fundo que que domina a atividade psíquica como um todo, cap-
penetra toda a experiência psíquica, a lente afetiva tando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo
que dá às vivências do sujeito, a cada momento, uma em uma só direção, inibindo os demais interesses. A
cor particular, ampliando ou reduzindo o impacto das paixão intensa impede o exercício de uma lógica im-
experiências reais e, muitas vezes, modificando a na- parcial.
tureza e o sentido das experiências vivenciadas (Ex.:
humor irritável, humor expansivo). Quando estamos COGNIÇÃO SOCIAL
em determinados estados de humor, como felicidade, - Pode ser vista atualmente como uma subárea da
tristeza, ansiedade ou tranquilidade, frequentemente Psicologia, responsável por integrar uma série de mi-
experimentamos sensações físicas correspondentes. O croteorias que, ao longo do tempo, foram se desen-
humor se refere ao estado emocional de fundo e ge- volvendo no contexto da Psicologia Social para explicar
ralmente persiste por períodos mais longos, e molda a os modos pelos quais as pessoas pensam sobre si
experiência psíquica geral de uma pessoa. mesmas e sobre as coisas, formam impressões acerca
- Emoções: Reações afetivas momentâneas, agudas, de outras pessoas ou grupos sociais e explicam com-
desencadeadas por estímulos significativos. É um es- portamentos e eventos.
tado afetivo intenso, de curta duração, originado ge- - Dedica-se a estudar o conteúdo das representações
ralmente como reação do indivíduo a certas excitações mentais e os mecanismos que se encontram subjacen-
internas ou externas, conscientes, não conscientes tes ao processamento da informação social. Ela se
(acessível com esforço) ou inconscientes (difícil aces- focaliza, portanto, nos modos pelos quais as impres-
so). O humor e as emoções são, ao mesmo tempo, sões, crenças e pensamentos sobre os estímulos soci-
experiências psíquicas e somáticas e revelam sempre a ais são formadas e afetam o comportamento.
unidade psicossomática básica do ser humano. A emo- - São modos pelos quais as pessoas se enxergam. Para
ção é uma alteração global da dinâmica pessoal, um compreender um individuo é necessário entender o
movimento emergente, podendo representar uma contexto em que ele está inserido.
tempestade anímica, que desconserta, comove e per-
turba o instável equilíbrio existencial. As emoções são INFLUÊNCIAS DA MOTIVAÇÃO E DO AFETO
respostas mais imediatas e intensas a estímulos espe- - As pesquisas mais recentes apontam que os afetos
cíficos e têm uma duração mais breve, ou seja, são e motivações individuais interagem com as cognições
reações mais pontuais a eventos ou situações específi- na determinação do comportamento social.
cas. - Os fatores motivacionais podem interferir no grau
- Sentimentos: Constituem fenômeno muito mais de esforço cognitivo despendido no processamento
mental do que somático. São configurações afetivas da informação social, bem como direcionar tal pro-
estáveis em relação às emoções, mais atenuados em cessamento, ao facilitar a ativação de esquemas re-
sua intensidade e menos reativos a estímulos passa- levantes às metas do indivíduo. Do mesmo modo, a
geiros. Em geral, não implicam concomitantes somáti- codificação, elaboração e julgamento sociais são me-
cos. Dependem fortemente da existência, na língua e diados pelas emoções, na medida em que elas con-
na cultura de cada povo, de palavras que possam codi- tribuem para a ativação de informações com elas
ficar este ou aquele estado afetivo, havendo grande congruentes, além de provocarem reorganizações
variação de cultura para cultura, de um para outro mentais que se mostrem mais consistentes com as
universo semântico e linguístico (saudade [português] experiências afetivas individuais e ou sociais.
versus nostalgia [espanhol]). De acordo com a tonali-
dade afetiva, os sentimentos são vivenciados, de mo- PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES
do geral, em dois polos: agradável e desagradável; - Refere-se ao modo como o cérebro humano coleta,
prazeroso e desprazível. codifica, armazena, recupera e utiliza informações do
- Afetos: Define-se afeto como a qualidade e o tônus ambiente para compreender e interagir com o mundo
emocional que acompanham uma ideia ou represen- social ao redor. É um processo complexo e contínuo
tação mental. Os afetos acoplam-se a ideias, anexando pelo qual as pessoas percebem, interpretam e respon-
a elas um colorido afetivo. Seriam, assim, o compo- dem a estímulos do ambiente, incluindo as informa-
nente emocional de uma ideia. Em acepção mais am- ções sociais provenientes de interações com outras
pla, usa-se tam m o termo “a eto” para desi ar de pessoas, grupos e contextos.
modo inespecífico, qualquer estado de humor, senti- - Sobre conteúdo das representações mentais, a pre-
mento ou emoção. missa básica é a de que as informações sociais são
representadas cognitivamente sob a forma de estrutu-
ras mentais (esquemas). São estruturas gerais de co- um grande número de fotografias de rostos humanos
nhecimento, construídas, organizadas e estocadas na com expressões emocionais, e comparando as percep-
memória em categorias, com base nas informações ções entre diferentes grupos sociais e étnicos, ociden-
obtidas no contato do indivíduo com seu mundo soci- tais e orientais, Ekman chegou à conclusão de que
al. haveria comportamentos faciais específicos univer-
- Esses esquemas são armazenados na memória e são salmente associados às emoções, também específicas;
acessados quando necessário para ajudar na compre- ou seja, era possível demonstrar empiricamente a
e s o e i terpreta o das “situa es sociais” les existência de emoções universais. Contudo, Ekman
influenciam como percebemos, lembramos e interpre- notou que, nas várias culturas, certas emoções só po-
tamos as informações sociais que encontramos, mol- diam ser exibidas de uma forma ditada por regras so-
dando nossas expectativas e a maneira como nos rela- ciais, seguindo prescrições do que seria o socialmente
cionamos com os outros. Os esquemas sociais podem aceito. Isso explicaria como as diferenças culturais
se organizar da seguinte forma: podem encobrir a expressão das emoções universais
 Protótipos: São representações mentais que captu- Ekman e Friesen (1971) concluíram que seriam 6 as
ram os traços ou características mais típicas e cen- emoções humanas básicas e universais: alegria, triste-
trais associadas a uma categoria social ou conceito. za, medo, raiva, nojo e surpresa. Nos anos de 1990,
Em outras palavras, eles representam o "modelo Ekman reavaliou sua teoria das seis emoções univer-
ideal" ou a imagem média que as pessoas têm em sais, ampliando-as para 11: culpa, orgulho, vergonha,
mente quando pensam em um determinado grupo. desprezo, contentamento, constrangimento, diversão,
Por exemplo, um protótipo de "professor" pode in- excitação, satisfação, prazer sensorial e alívio.
cluir traços como inteligência, autoridade e conhe- - Emoções secundárias ou sociais (não universais):
cimento. Nesse grupo, está reunido um conjunto extenso de
 Exemplares: São representações de casos individuais emoções, em geral mais complexas do ponto de vista
ou membros específicos de uma categoria social. psicológico e neuropsicológico, mais aprendidas soci-
Eles refletem exemplos específicos que uma pessoa almente e mais variáveis entre os subgrupos culturais.
encontra ou conhece dentro de um grupo. Em vez de Elas seriam construídas com mesclas de emoções de
focar em traços gerais, os exemplares podem estar fundo, emoções primárias e outras emoções sociais.
ligados a experiências pessoais ou informações espe- Como exemplos de emoções sociais, ou secundárias,
cíficas que alguém teve com um indivíduo ou situa- podem ser citados: vergonha, culpa, remorso, simpa-
ção. tia, compaixão, embaraço, orgulho, ciúmes, inveja,
- Subjacente a todo esse processo, há o pressuposto gratidão, admiração, submissão, indignação e despre-
básico de que as pessoas são limitadas em sua capa- zo.
cidade de processar informações e, por essa razão, - Emoções de fundo: São estados fundamentais que
utilizam-se de certas estratégias para lidar com o permeiam o estado afetivo de uma pessoa, sendo mais
grande volume e complexidade de informações soci- básicos do que o humor ou o estado de ânimo. Elas
ais a que são submetidas em seu dia-a-dia. Com isso, incluem sensações de bem-estar, mal-estar, fadiga,
acabam por cometer erros e distorções em seus jul- lassidão e variações na energia. A distinção entre
gamentos e tomadas de decisão. emoções de fundo, humor e estado de ânimo é sutil e
complexa.
TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS EMOÇÕES
- Emoções positivas: Aquelas que promovem o bem- Emoções primárias se desdobram nas emoções se-
estar, favorecem a socialização e resultam geralmente cundárias, que se desdobram nas emoções de fundo.
de gratificações quando um desejo ou necessidade é
satisfeito. - Emoções não conscientes (ENCs): São aquelas cujos
- Emoções negativas: Se relacionam com as sensações processamentos são automáticos, não controlados e
de repulsa, raiva e agressividade, que, por sua vez, ultrarrápidos, ocorrendo sem que o indivíduo tenha
resultam ou interferem nas desavenças nas relações consciência delas. Essas emoções desencadeiam res-
interpessoais. postas psicológicas que afetam o estado mental e o
- Emoções universais, primárias ou básicas: A concep- comportamento das pessoas, mesmo que elas não
ção de emoções universais tornou-se modernamente estejam cientes da presença de estímulos emocionais.
conhecida, sobretudo pelos trabalhos do psicólogo Estudos demonstraram que as ENCs podem influenciar
norte-americano Paul Ekman. Suas pesquisas sobre as escolhas e decisões das pessoas de maneira signifi-
comportamentos não verbais se iniciaram no fim dos cativa, muitas vezes de forma mais pronunciada do
anos de 1950 e continuam até o presente. Utilizando que as emoções conscientemente processadas.
Linguagem
- A linguagem, particularmente na sua forma verbal, é escrita, as palavras são formadas por letras, enquanto
uma atividade especificamente humana, talvez a mais na fala, as palavras são formadas por fonemas. Letra e
característica de nossas atividades mentais. É o princi- fonema são diferentes.
pal instrumento de comunicação dos seres humanos. É - Fonética: Descreve a transcrição e a classificação dos
fundamental na elaboração e na expressão do pensa- sons da fala (vogal, semivogal e consoante). A fonética
mento e das emoções. estuda os fonemas na parte da gramática que recebe o
- Sempre é um dialogo, mesmo que feito pelo imaginá- nome de fonologia.
rio. É uma necessidade, fato social. - Fonologia: Interpreta os aspectos apresentados na
- Para Bakhtin, a língua é fundamentalmente uma ati- fonética, ou seja, ela se ocupa do aspecto prático dos
vidade social, não importando tanto o enunciado, o sons que emitimos quando nos comunicamos.
produto, mas, sobretudo a enunciação, o processo - Há gramáticas que não distinguem a fonética da fo-
verbal. Nesse sentido, a língua é concebida como um nologia e tratam todo o estudo por fonética. É o caso
fato social, cuja existência se baseia na necessidade de da Novíssima Gramática da Língua Portuguesa.
comunicação. Só há linguagem onde ocorre a possibi-
lidade de interação social, de diálogo. - Dimensão semântica: Diz respeito à significação dos
- Segundo Louis Trolle Hjelmslev (1899-1965), a lin- vocábulos, das palavras, utilizada em determinada
guagem – a fala – é uma inesgotável riqueza de múlti- língua.
plos valores. A lingua em i separ el do “ omem” e - Dimensão sintática: Implica a relação e a articulação
segue-o em todos os seus atos. Ela é o instrumento lógica das diversas palavras entre si; no dizer de Ma-
gra as ao ual o “ omem” modela seu pensamento, chado de Assis, como as palavras se casam.
seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua - Dimensão da prosódia: A entonação da fala, essencial
vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele na transmissão e reconhecimento das emoções, utiliza
influencia e é influenciado, a base última e mais pro- a intensidade dos sons (forte ou fraca), sua frequência
funda da sociedade humana. É também o recurso úl- (aguda ou grave) e a duração de cada som para com-
timo e indispensável do homem, seu refúgio nas horas por uma espécie de música da fala, fundamental ao
solitárias em que o espírito luta com a existência, e sentido e poder da comunicação verbal.
quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e - Dimensão da linguagem: Conhecida como pragmáti-
na meditação do pensador. ca, se refere ao emprego da linguagem em situações
- A linguagem pode ser descrita, ainda, como um sis- sociais concretas, os contextos, circunstâncias, impli-
tema de signos arbitrários. Esses signos ganham seus cações e repercussões da linguagem quando utilizada
significados específicos por meio de um sistema de concretamente pelos seres humanos em suas vidas
convenções historicamente dado. A linguagem é, por- sociais.
tanto, uma criação social de cada um e de todos os
grupos humanos. Signo é algo que é usado, referido ou - É pelo menos admissível que os seres humanos sejam
“tomado o lu ar de outra coisa”. A palavra signo, geneticamente “pro ramados” para alar para utili ar
portanto, pode abarcar desde os "signos naturais", a linguagem. Ele acredita que existam certas unidades
como as nuvens carregadas e a fumaça, que indicam fonológicas, sintáticas e semânticas de caráter univer-
chuva e fogo, respectivamente; até os signos substitu- sal. Categorias sintáticas como substantivo, verbo,
tivos, como a maquete de um edifício, a planta de uma tempo passado e componentes do significado de pala-
casa ou o retrato de uma pessoa e os símbolos. ras como “masculi o” ou “o eto sico” perte cem
- Independentemente da causa que, em um passado a conjuntos fixos de elementos segundo os quais se
remoto, incitou o ser humano a começar a falar, a criar pode descrever a estrutura sintática e semântica em
e a utilizar a linguagem, o que deve ser sublinhado é todas as línguas. É o que se c ama de “u i ersais su s-
que todos os seres humanos, independentemente de tanti os”
raça, de cultura ou de época, utili am o mesmo “apa- - Chomsky chama atenção para um aspecto essencial
rel o” isiol ico para falar. da linguagem humana: a criatividade (ou, em sua ter-
mi olo ia a “a ertura” ara ele ual uer co cep o
- Fonemas: Os sons emitidos quando falamos. Uma de linguagem, qualquer teoria linguística, deve refletir
palavra é formada por várias pequenas partes e quan- a capacidade quase inesgotável que os sujeitos têm de
do a pronunciamos, significa que emitimos cada uma produzir e compreender sentenças novas, que jamais
das suas partes que, juntas, formam essa palavra. Na ouviram anteriormente.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
- Função referencial ou cognitiva: É a função mais co-
mum da linguagem, centrada na informação. Na lin-
guagem predomina a função referencial quando ela
serve para designar objetos, pessoas, situações, ações,
atribuindo-lhes significações. É a linguagem na sua
tarefa básica de representar e transmitir dados da
realidade.
- Função emotiva ou expressiva: A linguagem como
instrumento de expressão dos estados emocionais,
das vivências internas, subjetivas. A pessoa que fala
expressa e suscita certa emoção, verdadeira ou falsa,
no seu interlocutor. As interjeições (ai, ih, ah, nossa,
etc.) representam o estrato puramente emotivo da
linguagem; porém, quase sempre a dimensão emotiva
caminha junto com as outras funções da linguagem.
- Função conativa ou apelativa: É a linguagem que visa
uma ação intencional sobre o interlocutor que escuta,
a linguagem que busca persuadir, mudar algo, enfim,
influenciar as ações do interlocutor. As sentenças im-
perativas são exemplos da função conativa: “fique
quieto! beba o seu leite, menino!”
- Função fática: Revela-se quando a mensagem linguís-
tica visa basicamente estabelecer o contato, prolon-
gar, confirmar, controlar ou interromper a comunica-
ção; quem fala visa manter um controle sobre o fluxo
da fala com o interlocutor. Ao longo da conversa, o
falante diz ao seu interlocutor: ah sim... ou que inte-
ressante... ou, ainda, veja bem... ou, mais diretamen-
te, continue, estou ouvindo.
- Função metalinguística: Nesse caso, a preocupação
do produtor da mensagem é com a própria linguagem
utilizada, com o próprio código que está sendo utiliza-
do. Quando falamos discutindo, colocando em pauta
elementos de nossa própria fala, estamos exercendo a
função metalinguística. Afirmações como “não enten-
do o que você quer dizer com ‘tudo acabou entre
nós’” ou ua do di o “ im” im mesmo ou ai da o
sentido da pala ra “psicopatolo ia” o claro para
mim são exemplos de função metalinguística.
- Função poética ou estética: Quando o emissor pro-
duz uma fala ou texto escrito e, ao fazê-lo, considera e
dá atenção à seleção e à combinação de palavras, pre-
ocupado com a sonoridade, o ritmo, a surpresa das
imagens ou situações que tais palavras evocam, a fun-
ção poética é a que está, então, predominando nessa
fala ou texto. A função poética ultrapassa os limites da
poesia; em uma fala comum no dia a dia, em um
anúncio de publicidade ou em uma aula, pode ocorrer
a função poética.

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