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Introdução
aos estudos
do cérebro

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Introdução aos estudos do


Uníntese | UnínteseVirtual cérebro - 2013

Direitos Autorais reservados à


Pedro Stieler UNÍNTESE
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Maria Bernardete Bechler


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Carmem Regina dos Santos Ferreira


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Roberto de Oliveira Este texto foi dividido em partes para fins pedagógicos:
Gestor Administrativo
1 | O cérebro ………………………………………………………..……. p. 03
Aline Madrid 2 | A composição do cérebro ……………………………………… p. 06
Gestora Acadêmica
3 | Formação e funcionamento do Sistema Nervoso ….. p. 21
Pedro Luiz Stieler
Texto
4 | Plasticidade cerebral ……………………………….…………… p. 32

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5 | Referências bibliográficas ………………………….………….. p. 37
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1- O cérebro

Pedro Stieler1

O cérebro é o mais importante, complexo e genial órgão


do corpo da espécie humana. É nele que se dá toda a
construção do pensamento e da consciência. Controla todas as
ações e reações do organismo e comanda todos os movimentos
e sentimentos.

René Descartes (1596-1650), ao formular o famoso


[ penso, logo existo ], lançou o princípio da certeza
racionalista, onde o “penso”, a partir de sua teoria, significa ter
consciência e então existir. Aí está uma grande diferença do

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homem em relação aos demais seres da natureza: a
1
Pedagogo. Mestre em Educação nas Ciências. Doutorando em Epistemologia e História da
Ciência pela UNTREF/Uníntese.
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consciência. Assim, podemos dizer que o cérebro é o único só, totalmente integrados e dinâmicos, constituindo o sistema
órgão capaz de dar ao homem a consciência de si mesmo, funcional do organismo para aprender, interagir e se relacionar.
permitindo sua existência como tal.
Para a ciência, hoje, o cérebro se constitui numa
A consciência não é simples consequência do fato de o poderosa “chave” para se conhecer o organismo, tanto do ponto
homem, enquanto espécie, possuir um cérebro mais evoluído. É de vista biológico, quanto psíquico. Assim, vem ganhando maior
justamente pelo fato de que o cérebro é dinâmico e está em importância à medida que novas pesquisas e novos
permanente processo de desenvolvimento, e formação de conhecimentos têm trazido à humanidade possibilidades de
novas conexões neurais, de construção de novos conhecer a si própria.
conhecimentos e do seu armazenamento (memória), o que nos
permite dizer então que essa “consciência” está em permanente
estado de expansão de si mesma, a partir de inúmeros
estímulos e fatores inerentes à cada homem, enquanto sujeito
pensante.
O cérebro em estudo: a neurociência
No entanto, na antiguidade, o cérebro humano já foi
entendido de forma diferente. Segundo Soares (2012), os
egípcios jogavam o cérebro fora por não ter serventia, A neurociência, com seu estudo focado no sistema
guardando as vísceras no processo de mumificação, assim nervoso (SN), surgiu no final da década de 1970 e envolve,
dentre outras, a neurofisiologia que estuda as funções do SN,
como os assírios atribuíam ao fígado o centro do
a neuroanatomia, com o estudo da estrutura do SN e a
pensamento e Aristóteles, que acreditava que o cérebro só neuropsicologia com o estudo da relação entre as funções
servia para resfriar o sangue. Ainda, de acordo com a autora, neurais e as funções psicológicas, em nível de comportamento
foi a partir de Hipócrates (460 – 377 a.C), com a demonstração e também de cognição.
que o cérebro se dividia em dois hemisférios e que neles
Esta relação das atividades neurais com a inteligência e a
estavam todas as funções biológicas e da mente, que surge a cognição deu origem à chamada neurociência cognitiva, que
“Medicina Moderna”, chegando-se, mais tarde, ao “Paradigma para Barros configura-se como “um campo de pesquisa que

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do Cérebro em Ação” com o entendimento de que homem e combina as estratégias experimentais da psicologia com várias
cérebro, antes dissociados, passam a ser concebidos como um técnicas que examinam como a função cerebral sustenta a
atividade mental” (2004). Daí também decorre algumas
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expressões atualmente utilizadas como “neuroeducação” exercício de associação dos sintomas e sinais neurológicos
apresentados pelo paciente, com o tipo de função alterada e
ou ainda “neuropedagogia”, aqui definida como uma área com a estrutura anatômica a ela associada, constitui-se como
da pedagogia dedicada ao estudo dos métodos de ensino e base do raciocínio em Neurologia Clínica. Neste sentido,
concepções de aprendizagem relacionadas com as funções podemos dizer que somente médicos podem ser neurologistas.
neurais, a partir da neurociência cognitiva e, a expressão Já neurocientistas podem ser profissionais das diversas áreas
“neuropsicopedagogia”, como uma área de estudo da do conhecimento, desde engenheiros a biólogos, desde que
pedagogia-psicopedagogia focada especificamente na relação possuam forte conhecimento em neurobiologia e especialização
das dificuldades de aprendizagem com os estudos da em neurociência.
neurociência.
Atualmente, a neurociência tem avançado muito,
Fóz diz que a neuropsicopedagogia encontra-se em fase trazendo novos conhecimentos para diversas áreas,
gestacional e se utiliza da expressão “neuropsicoeducação” contribuindo tanto para médicos, psicólogos, professores, como
como sinônimo. Diz ainda, para explicar o “pra que e por que para tantos outros sobre as estruturas cerebrais, as emoções, a
linguagem, a memória, a cognição.
neurociência na educação”, que para aprender contamos com
estruturas físicas - no caso o cérebro, psicológicas – a mente
e, cognitivas – mente e cérebro, com as redes neurais e sua
capacidade de reconfiguração que podem ser otimizadas e
reorganizadas a partir da educação. Assim, o pensar e aprender
pelo olhar da neurociência da educação considera a estrutura
do cérebro e seus esquemas cognitivos e funcionais a partir de
contextos como tempo, maturação, desenvolvimento e
interrelações. (PANTANO & ZORZI, 2009, p. 170-171)

A neurologia, diferente da neurociência, é uma


especialidade da medicina que se dedica especificamente ao
diagnóstico e tratamento de doenças estruturais do Sistema
Nervoso Central e Periférico. Segundo Reed (2012), podemos

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entender por doença estrutural, alterações de ordem
“neuroanatômica ou neurofisiológica” que produzem
manifestações clínicas, que devem ser interpretadas. Este
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