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ntrodução à Neurociência

O homem deve saber que de nenhum outro lugar,


mas apenas do encéfalo, vem a alegria, o prazer, o
riso e a diversão, o pesar e o luto, o desalento e a
lamentação. E por meio dele, de uma maneira
especial, nós adquirimos sabedoria e
conhecimento, enxergamos e ouvimos, sabemos o
que é justo e injusto, o que é bom e o que é ruim,
o que é doce e o que é insípido... E pelo mesmo
órgão nos tornamos loucos e delirantes, e medos
e terrores nos assombram...Todas essas coisas
nós temos de suportar quando o encéfalo não
está sadio...Nesse sentido, opino que é o encéfalo
quem exerce o maior poder no homem.

– Hipócrates, Da Doença Sagrada (Século IV a.C.)


(BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017, p. 4)

O estudo do sistema nervoso é algo tão


antigo quanto a ciência em si. Arqueólogos,
em seus estudos sobre as civilizações
antigas, descobriram registros de estudos
sobre o cérebro desde a civilização egípcia
até
a civilização greco-romana. Hoje, com a
tecnologia a nosso favor,

esses estudos avançaram em uma


velocidade impressionante. Graças a
microscópios cada vez mais potentes e
ecografias cada vez mais detalhadas,
podemos chegar a observar os processos
mais básicos de atividade neuronal e
aprender mais sobre como e por que nosso
corpo funciona. Nesse contexto, vamos
estudar aqui um pouco sobre os conceitos
básicos de neurociências e neuroanatomia.

A curiosidade sobre o mundo a nossa volta,


como e por que as coisas funcionam, de
que maneira as civilizações viviam no
passado ou viverão no futuro, é algo inato
do ser humano. Neil de Grasse Tyson
afirma em seu discurso para o Space
Technology Hall of Fame Award Dinner (Jantar
de Premiação do Hall da Fama da
Tecnologia Espacial, em tradução livre) que
a criança nasce cientista – “Um cientista
adulto é uma criança que não cresceu”
(GOALCAST, 2018).

O estudo do sistema nervoso e de seus


componentes é tão antigo quanto a própria
ciência. A Neurociência, também chamada
de ciência neural, é a ciência que estuda o
sistema nervoso, seus componentes
e suas funções. Tem por objetivo
desvendar e compreender o
funcionamento das células nervosas e suas
conexões. Alguns estudiosos usam o termo
no plural – “neurociências” – por se tratar
de um campo muito amplo de
conhecimento.

Alguns dos seus diversos campos de estudo


são:

 Neurociência cognitiva: estuda


pensamentos, aprendizado e
memória. Ex.: como aprendemos,
como e por que esquecemos e como
“selecionamos” o que lembrar.
 Neurociência comportamental: estuda
como nossos pensamentos, nossas
cognições, nossas emoções e nossos
comportamentos se influenciam
mutuamente.
 Neuroanatomia: estuda a parte
anatômica propriamente dita, os
componentes físicos do sistema
nervoso e suas funções.
 Neurofisiologia: estuda o
funcionamento do sistema nervoso.
Ex.: como os impulsos nervosos são
formados e propagados.

Há ainda campos como neurociência


afetiva, neuropsicologia, neurobiologia
etc. Neste Tema, vamos focar nossos
estudos nos campos da
neuroanatomia e da neurofisiologia.

Psicomotricidade
A palavra Psicomotricidade, em uma
análise etimológica, une a palavra grega
psyché (refere-se à alma, espírito ou mente)
com a palavra motricidade, que é uma
derivação da palavra latina motor (que
desloca, que faz mover). Nesse sentido, a
formação da palavra seria algo que
misturasse o corpo em movimento com a
atividade mental, permitindo uma tradução
que relacione a movimentação corporal e
sua intencionalidade.

A Associação Brasileira de Psicomotricidade


(ABP), entidade de maior
representatividade no Brasil, define a
Psicomotricidade como sendo um
“movimento organizado e integrado, em
função das experiências vividas pelo sujeito
cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua
socialização”.

Por apresentar um conteúdo


transdisciplinar, com contribuições
científicas oriundas de diversas áreas como
a Filosofia, a Psicologia, a Neurologia, a
Pedagogia, entre outras, existem diversos
significados para Psicomotricidade, mas
sempre se referindo aos aspectos motor,
intelectual e socioemocional.

Dentre essas diversas definições, podemos


destacar uma clássica,
de Ajuriaguerra (1970, p.19), que afirma
que a Psicomotricidade “[...]
é a ciência do pensamento através do
corpo preciso, econômico e harmonioso”,
ou uma mais atual, de Barreto (2000, p.19),
que aborda a psicomotricidade como “[...] a
integração do indivíduo, utilizando, para
isso, o movimento e levando em
consideração os aspectos relacionais ou
afetivos, cognitivos e motrizes”.

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