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Neurociência das emoções


Rodrigo Coelho Marques
Larissa Paes Barreto Vieira

“... de nada mais, mas do cérebro vem a alegria,


delícias, risos e esportes, e tristezas
luto, desânimo e lamentações ...
Por isso, distinguimos objetos de prazer e desprezo...
E pelo mesmo órgão nos tornamos loucos e delirantes,
e medos e terrores nos assediam...
Todas essas coisas nós suportamos pelo cérebro...”

Hipócrates
Da doença sagrada, (Séc. 4 a.C.)

INTRODUÇÃO

Os últimos dois séculos viram surgir um grande número de disciplinas


científicas focadas no estudo do sistema nervoso, atualmente agrupadas sob
a alcunha “neurociência”. Essas disciplinas têm em comum a preocupação de
levar em conta o conhecimento biológico como principal enquadramento de
suas hipóteses e de seus métodos. No entanto, é um campo muito amplo, que
abrange assuntos provenientes de áreas como psicologia, genética, anatomia,
fisiologia etc. Essa pluralidade de conhecimentos que compõe a neurociência
é pertinente para o tema deste capítulo, uma vez que o estudo das emoções é
matéria de notórias controvérsias científicas e exige noções de diferentes áreas
para poder ser abordado a contento.
O uso corriqueiro de termos como “emoções” ou “emocional” geralmente se
dá para designar algum tipo de fenômeno que pertence a um grupo bastante
diverso de vivências afetivas. Os seres humanos possuem um vasto repertório
de experiências relacionadas à afetividade, e este é um dos principais compo-

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nentes da forma como se percebe a realidade e se reage ao mundo. A neuro-


ciência busca especificar esses fenômenos por meio de conceitos mais precisos
e relacioná-los a determinados mecanismos e estruturas do sistema nervoso,
considerando ainda suas origens filogenéticas e as diferenças entre achados em
humanos e não humanos1.
Este capítulo revisa alguns pontos essenciais para a compreensão da neu-
rociência das emoções, desde aspectos anatomofuncionais do sistema nervoso
até noções provindas das ciências cognitivas sobre como as emoções influen-
ciam o pensamento e a tomada de decisão.

VINHETA CLÍNICA

Um caso de generosidade patológica


Após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) intraparenquimatoso,
o Sr. A., competente e comedido gerente de uma grande empresa,
passou a ter dificuldades em manejar sua vida financeira. Apesar de ter um
funcionamento cognitivo aparentemente preservado, sua família notou que
ele frequentemente ia às ruas e gastava somas significativas de dinheiro
comprando refrigerante, lanches e doces para crianças sem lar. Ao tentar
administrar um pequeno negócio da família, foi à falência por não se importar
com devedores e por dar boa parte dos produtos de graça para os clientes.
Esses comportamentos mostravam-se em grande desacordo com sua
personalidade anterior ao AVC. Exames de neuroimagem revelaram uma lesão
subcortical frontal esquerda e um padrão funcional com hipoperfusão do
córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo e orbitofrontal bilateral2.

EVOLUÇÃO DAS TEORIAS NEUROCIENTÍFICAS SOBRE AS


EMOÇÕES

Historicamente, no pensamento ocidental, as emoções tendem a ser vistas


como um tipo de fenômeno desligado da racionalidade humana e atrelado ao
funcionamento fisiológico mais básico ou rudimentar do corpo. Essa noção,
bastante difundida, permeou o debate sobre o assunto na literatura filosófica e
médica. Apenas no século XIX surgiram métodos científicos suficientes para
se falar de fato em uma neurociência das emoções. Pode-se conceder a Charles
Darwin o título de fundador desse campo de pesquisa, ao publicar A expressão
das emoções no homem e nos animais (1872). Nessa obra, pontua a semelhan-
ça entre as expressões emocionais humanas e de outros animais, articulando

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essas observações com a teoria da evolução das espécies. Darwin afirma que
a expressão dos estados afetivos seria de base inata e teria caráter adaptativo,
permitindo a comunicação de estados internos do organismo, de modo que
possam ser reconhecidos externamente e conferindo um grau de previsibilida-
de ao comportamento1,3.
Pouco tempo depois, em 1878, Paul Broca realizou uma extensa investiga-
ção comparativa entre cérebros humanos e de outros mamíferos. Estabeleceu
a distinção principal entre os dois como sendo o volume do lobo frontal e da
região que chamou de grande lobe limbique. Na visão de Broca, o “lobo límbi-
co” compreenderia principalmente as estruturas mediais dos hemisférios, que
perderam sua dominância funcional para o lobo frontal, este muito mais vo-
lumoso no humano do que em outras espécies. Para além de sua contribuição
teórica e anatômica, a terminologia proposta por Broca seria revisitada no sé-
culo seguinte, dando origem à famosa expressão “sistema límbico”4.
Com William James (1884) e Carl Lange (1885), chegou-se a um desen-
volvimento teórico capaz de contemplar explicações tanto para as ocorrên-
cias fisiológicas como as de natureza psicológica que podem ser verificadas
nos estados chamados de emoções. Para esses autores, as reações emocionais
proviriam de processos fisiológicos de adaptação a estímulos do ambiente. A
mente, fazendo uma leitura do que o corpo está sentindo, passaria a interpretar
a realidade com o viés daquela determinada emoção. Isso aconteceria mesmo
que essas alterações fisiológicas não chamassem tanto a atenção ou que fossem
plenamente conscientes. Por exemplo, ao ser exposto a uma situação de perigo,
primeiro o corpo desencadeia um aumento da frequência cardíaca, da sudore-
se, da dilatação dos capilares etc. e, só após a mente perceber essas ocorrências,
chega-se à conclusão de que se está com medo3,5.
Ao longo do tempo, muitos autores revisaram a teoria de James-Lange, mas
foi mantido o seu cerne: o conceito de que existe uma distinção entre o estado
somático e o estado psicológico, ambos ocasionados por uma resposta emocio-
nal e que podem se interinfluenciar3,5.

EMOÇÃO VERSUS COGNIÇÃO?

Na década de 1980, ainda se discutia acirradamente a possibilidade de con-


ceber as emoções dentro de um paradigma cognitivo. Hoje, a ideia tradicional-
mente adotada nas culturas ocidentais de que a emoção teria natureza oposta
à razão dificilmente encontra alguma sustentabilidade em meio às evidências
científicas, tornando essa discussão um tanto obsoleta5,6.
A partir das décadas de 1950 e 1960, o desenvolvimento da linguagem com-
putacional despontou para a psicologia como uma solução operacional para

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o estudo do processamento cognitivo, à semelhança da aplicação da lingua-


gem matemática à física. Dá-se início, então, à chamada “revolução cognitiva”,
fundando um período de grande entusiasmo e avanço no estudo das funções
classicamente relacionadas ao raciocínio humano: memória, atenção, lingua-
gem, entre outras. As emoções, compreendidas à época como um mecanismo
externo à cognição, ocupou lugar de interesse secundário durante os primeiros
anos da ciência cognitiva7.
No entanto, uma discussão conceitual iniciada ainda na década de 1960
começou a reposicionar as emoções no campo dos interesses da ciência cog-
nitiva. Os críticos questionavam a validade dos modelos inicialmente adota-
dos, já que as máquinas estudadas à época não incluíam no processamento de
suas informações características essenciais ao pensamento humano, como a
influência das emoções e a existência de múltiplas motivações simultâneas. Um
modelo cognitivo embasado no funcionamento de máquinas negligenciaria es-
tes aspectos fundamentais e se tornaria, portanto, gravemente incompleto para
abarcar a cognição humana8.

TEORIA DO APPRAISAL

A partir desta crítica, novas ideias foram se desenvolvendo acerca das inte-
rações entre emoção e razão, ou como se denominou na ciência, cognição. Um
dos debates de maior destaque nos primórdios do estudo das relações entre
emoção e cognição foi travado por Lazarus e Zajonc. Enquanto o primeiro
defendia as emoções como secundárias e dependentes da cognição, o segundo
defendia a ideia de que estas eram anteriores e independentes da cognição. A
construção teórica de Lazarus, baseada no conceito de appraisal, inaugurado
por Arnold, foi amplamente difundida e aperfeiçoada ao longo do tempo por
diversos autores, constituindo as chamadas teorias do Appraisal. Essas teorias
partiam do pressuposto de que as emoções seriam geradas a partir de avalia-
ções (appraisal) de estímulos vivenciados6.
Diversos modelos foram, então, concebidos para entender o processo de
geração destas respostas emocionais. Dentre os mais utilizados, está o modelo
concebido por Gross na década de 1990 e amplamente estudado e refinado9.
Destaca-se, a partir desta perspectiva, um aspecto apontado como crucial para
a geração das emoções: que a situação seja interpretada como relevante em rela-
ção aos objetivos correntes do indivíduo10. Em última análise, seria o significado
da situação em relação aos tais objetivos pessoais que gerariam uma emoção11.
Esses objetivos poderiam ter base biológica ou cultural, poderiam buscar o
benefício social ou individual e, geralmente, competiriam entre si. A integração
destas diferentes influências determinaria se seria gerada uma emoção, qual seria

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sua natureza e intensidade11. Assim sendo, as emoções poderiam ser compreen-


didas como reações biologicamente geradas para coordenar respostas adaptati-
vas diante de situações interpretadas como importantes desafios ou oportunida-
des12,13, conferindo a estas informações status de prioridade no processamento
neural14. Diferentes tipos de emoção, como alegria, tristeza, raiva ou nojo, servi-
riam como programações emocionais específicas, determinando uma tendência
a respostas comportamentais, subjetivas e fisiológicas correspondentes15-18.

REAPPRAISAL E REGULAÇÃO EMOCIONAL

As técnicas de regulação emocional participam do modelo central das


abordagens psicoterápicas modernas. A reavaliação cognitiva (reappraisal),
que consiste em reinterpretar uma situação para influenciar as emoções por
ela geradas, destaca‑se como uma das mais eficazes e flexíveis estratégias de
regulação emocional e, portanto, um potente recurso terapêutico na prática diária.
Um estudo (Troy et al, 2010) demonstrou que uma técnica simples de
reavaliação moderou, de forma significativa, a reação de estresse e a presença
de sintomas depressivos após exposição a um vídeo de estímulo emocional
negativo (p. ex., pensar em como aconselhar os personagens do vídeo a se
sentirem melhor com a situação, pensar nas coisas positivas que poderiam ser
extraídas dessa experiência etc.).

CATEGORIZAÇÃO DOS FENÔMENOS EMOCIONAIS

Existem diversos pontos de vista sobre como são categorizadas as emo-


ções. Embora não sejam mutuamente exclusivos, há grande controvérsia
sobre qual seria o mais adequado. Teorias unidimensionais afirmam que as
emoções podem ser conceituadas em um espectro de valência relativamen-
te simples, que vai de um polo negativo (desagradável) a um polo positivo
(agradável). Outra proposta unidimensional leva em conta a tendência a
ações derivada de determinado estado afetivo, podendo gerar aproximação
(approach) ou evitação (avoidance)3,19.
Teorias bidimensionais, além de considerarem a valência positiva ou nega-
tiva, entendem que existe um aspecto associado de ativação ou alerta compor-
tamental denominado arousal, o qual seria um componente quantitativo da
emoção, paralelo à percepção qualitativa sobre se ela é boa ou ruim. A valência,
portanto, corresponde ao prazer ou desprazer sentido diante de determinado
estímulo, e o arousal corresponde à intensidade da emoção sentida por meio

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de ativação física inespecífica. Um exemplo da interação entre esses dois fatores


foi abordado em um estudo no qual voluntários cruzavam uma ponte estreita
e aparentemente perigosa ou uma ponte habitual e estável, sem risco aparente.
No meio da ponte, o participante era abordado por uma pessoa, parte da equi-
pe de pesquisa, escolhida para despertar seu interesse do ponto de vista afetivo
ou sexual. Aqueles que foram abordados enquanto sentiam-se em situação de
perigo (alto arousal) demonstraram mais interesse na abordagem e, após a pes-
quisa, buscaram mais a pessoa que os abordou para encontros, ressaltando um
fenômeno em que o arousal gerado por uma situação (ponte estreita) termina
por ser atribuído a outro elemento (interesse afetivo pela pessoa que o abor-
dou), resultando em uma avaliação qualitativa diferente da situação19.
De acordo com o modelo de valência-arousal, as regiões frontais à esquerda
seriam especializadas em emoções positivas, enquanto aquelas à direita pro-
cessariam emoções negativas; já o arousal é refletido na atividade de regiões
posteriores do hemisfério direito20,21. Estas duas dimensões da emoção dialo-
gam harmoniosamente com a teoria do marcador somático, encabeçada por
Damásio, que se destacou, durante a década de 1990, como uma explicação
plausível sobre como o “carimbo” das emoções poderia influenciar o modo de
pensar, decidir e agir.
Há ainda um grupo de teorias que afirmam existir não apenas um quesito
dimensional, mas também um categorial para se classificar as emoções. Nes-
sa perspectiva, algumas emoções seriam mais básicas (primárias) e outras
mais complexas, derivadas da combinação das emoções primárias (secun-
dárias, terciárias etc.). As emoções primárias tendem a ser inatas, com alto
valor para adaptação do organismo e acredita-se que são compartilhadas por
todas as culturas. Apesar de variações entre diferentes autores, costumam ser
classificadas como emoções primárias raiva, medo, tristeza, nojo, alegria e
surpresa. Remorso, culpa, vergonha, amor e ciúme são alguns exemplos de
emoções secundárias1,3,19.

MOTIVAÇÃO E EMOÇÃO

Motivação e emoção são palavras que compartilham a raiz semântica la-


tina movere, referindo-se ao ato de se mover. Em contrapartida às emoções, o
conceito de motivação tende a enfatizar não o conteúdo de como o indivíduo
sente, mas a forma como ele usa determinado estado afetivo para se impulsio-
nar na concretização de atos ou tarefas que deseja ou precisa realizar. Enquanto
as emoções revolvem em torno do “gostar”, a motivação é um termo que se
refere mais ao “querer”. Por exemplo, sentir fome pode produzir diversas emo-

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ções, mas o instinto de busca de alimento gerado por esse sentimento seria um
exemplo de motivação3,22,23.
Em contrapartida ao arousal, a motivação mostra-se um fenômeno que
persiste de modo mais significativo e constante ao longo do tempo e que tem
uma meta mais ou menos bem definida, não sendo apenas um estado genérico
e indiferenciado de alerta do organismo. Contudo, guardando certa semelhan-
ça com o conceito de arousal, a motivação tende a energizar os atos, confe-
rindo-lhes diferentes graus de intensidade e força na sua execução, guiando e
mantendo o comportamento de acordo com a necessidade da situação3,19.

TOMADA DE DECISÃO

Existem decisões muito difíceis de se tomar quando consideradas as opções


à luz da razão pura, como aquelas que exigem a comparação entre múltiplos
desfechos de naturezas diferentes e/ou que deveriam ocorrer em tempos dis-
tintos, ou, ainda, aquelas em que não se teria tempo hábil para pensar usando
os mecanismos da lógica antes de agir, como desviar de um objeto próximo a
nos atingir. Damásio considera que, nestes casos, são utilizados os chamados
“marcadores somáticos”, sensações que “marcam” uma imagem mental, para
filtrar opções de maneira rápida e automática, aumentando a precisão e a efi-
ciência do processo de tomada de decisão. Esses marcadores poderiam ou não
ser suficientes para o processo de tomada de decisão, seguidos ou não de fases
posteriores de raciocínio lógico5.
Damásio postula que as vivências geram sensações corporais, agradáveis ou de-
sagradáveis, que podem ser viscerais ou não viscerais, perceptíveis ou não à cons-
ciência, chamados de estados somáticos. Esses estados somáticos se relacionariam,
por meio de aprendizado, a representações ou imagens mentais (relacionadas às
situações vivenciadas) e a valorações (positivas ou negativas), de acordo com os
resultados obtidos pelas experiências correspondentes. Este banco de informações
relacionadas seria revisitado a partir dos estados somáticos produzidos por novas
situações, ativando um sistema de qualificação automática de previsões5.
Contando com sua dimensão física (arousal) e sua dimensão valorativa (va-
lência), as emoções atuariam como marcadores somáticos no processo de toma-
da de decisão, dando destaque a algumas escolhas em detrimento de outras, a
partir do valor positivo ou negativo a elas automaticamente relacionado. Damá-
sio construiu sua teoria ao perceber que pacientes com lesões em determinadas
áreas do córtex pré-frontal, que tomavam decisões desadaptativas, preservavam
sua capacidade de raciocinar com a lógica, porém, haviam perdido a capacidade
de utilizar as emoções como marcadores somáticos nas suas decisões5.

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VINHETA DO MUNDO REAL

Imagine que você esteja diante de dificuldades financeiras e tenha uma


oportunidade de emprego inédita, mas que precise abdicar de um sonho para
aceitá-lo. Imagine que você tenha a oportunidade de investir sua poupança de
toda a vida em um negócio de alto risco, porém altamente lucrativo. Imagine
que você tenha que decidir entre duas paixões.
Qual o melhor caminho a seguir? Que tipo de estratégias utilizamos para
fazer esse tipo de “conta”? Será que utilizamos a lógica ou seguimos nosso
“coração”? Quem melhor poderia nos ajudar? E como?

Apesar de objetivarem a adaptação, as emoções inicialmente sentidas pelos


sujeitos determinam tendências comportamentais automáticas que nem sem-
pre se mostram benéficas em determinados contextos, como diante de situa-
ções novas, nunca antes vivenciadas, e precisariam ser, portanto, moduladas.
Os indivíduos são capazes de manipular suas emoções de forma consciente ou
inconsciente, influenciando no seu processo de geração por meio de diferen-
tes estratégias de regulação emocional24. Os modelos neurais concebidos para
alguns dos processos de regulação emocional guardam claras relações com as
teorias de controle cognitivo, em que regiões pré-frontais e cinguladas são en-
volvidas em comportamentos orientados por metas/objetivos.25 Pressupõe-se
que vários dos componentes usados para regular atenção, memória e pensa-
mentos em contextos não emocionais também estejam envolvidos no contro-
le cognitivo (ou controle top-down) das emoções25,26. Desta forma, não só as
emoções ou, mais apropriadamente, “cognições quentes”, contribuíram com as
“cognições frias” para uma melhor tomada de decisão, como também as ditas
“cognições frias” poderiam influenciar as emoções para que seja possível agir
de forma mais adaptativa.

PRINCIPAIS REGIÕES E CIRCUITOS NEURAIS RELACIONADOS


ÀS VIVÊNCIAS AFETIVAS

O estudo neuroanatômico das funções relacionadas às emoções abrange


uma vasta rede de estruturas dos sistemas nervosos central e periférico, as quais
embasam as capacidades de perceber, processar e expressar estados afetivos.
Além das áreas responsáveis pelas reações somáticas e respostas fisiológicas
reflexas, essa rede inclui regiões ditas superiores, onde ocorrem representações
desses estados somáticos e sua integração aos processos cognitivos, permitindo
complexas interações corpo-mente3,4.

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James Papez (1937) contribuiu sobremaneira para o assunto ao descrever


um conjunto de estruturas como sendo o principal elemento promotor das
experiências afetivas. A relevância dessa proposta deriva não só das regiões que
foram identificadas como importantes, mas também do simples fato de usar
uma lógica baseada em circuitos, quando uma parte da literatura até então bus-
cava uma região única como sendo a “área cerebral da emoção”, muitas vezes
concedendo ao hipotálamo esse título3,4,27.
Contudo, já na década de 1950, as áreas do circuito de Papez foram revistas
por MacLean (1952), que propôs o conceito de “sistema límbico”. Além das es-
truturas incluídas por Papez (hipotálamo, tálamo, giro do cíngulo e hipocampo),
MacLean ressaltou a participação de amígdala, ínsula, núcleos septais, córtex
orbitofrontal e parte dos gânglios da base. Além disso, MacLean (1970) sugeriu
que o sistema límbico é formado por regiões de diferentes “idades” evolutivas,
sendo algumas mais antigas filogeneticamente do que outras e mais típicas de
diferentes espécies, como répteis e mamíferos não humanos, embora ainda pre-
sentes com funções análogas no Homo sapiens. Coube ainda a Nauta (1971) am-
pliar a visão anatômica do sistema límbico, demonstrando que sua abrangência
engloba mais regiões do córtex pré-frontal (especialmente medial), assim como
estruturas mesencefálicas onde residem núcleos monoaminérgicos1,4.
Atualmente, sabe-se que várias outras regiões participam desse sistema, e
a noção de redes e circuitos neurais também passou por ampla modificação,
sobretudo após o advento das técnicas de neuroimagem funcional. Ademais,
o conceito de sistema límbico padece de críticas contundentes e ainda exige
melhores evidências para se consolidar do ponto de vista científico, apesar de
ser uma ideia bastante difundida e de ter um alto valor teórico para nortear as
pesquisas da área23,27,28.
A seguir, serão brevemente revistas algumas regiões envolvidas na neuro-
biologia das emoções, ao final trazendo uma leitura de como elas se conectam
e interagem entre si a partir da visão contemporânea baseada em redes neurais
de larga escala (large scale brain networks)29.

Amígdala

Essa estrutura localizada profundamente nos lobos temporais tem como


principal característica o processamento de estímulos emocionalmente rele-
vantes, estando relacionada a reações afetivas e comportamentais. Acredita-se
que o valor da amígdala na produção de respostas a estímulos perigosos e no
aprendizado emocional (sobretudo o condicionamento do medo) tenha gran-
de valor para adaptação e sobrevivência, o que provavelmente impulsionou seu
desenvolvimento do ponto de vista filogenético1,27.

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A informação chega até a amígdala por duas vias. Uma via, mais rápida e
transmitindo os estímulos de modo menos refinado, resulta de fibras aferentes
sensoriais que chegam à amígdala via tálamo. A outra via possui uma etapa
cortical antes de enviar projeções para amígdala, sendo mais lenta em ocasio-
nar respostas e trabalhando com informações com um grau maior de proces-
samento. A plasticidade da amígdala em face a um novo estímulo é primeiro
resultante da via rápida. Com o tempo, passa a haver maior relevância da via
lenta, na medida em que ocorre o aprendizado e as respostas tornam-se mais
refinadas e deliberadas19,27.
A amígdala envia fibras diretamente para o hipocampo, realizando uma
conexão necessária para que ocorra o aprendizado emocional (o hipocampo
possui participação fundamental no processo de fixação e evocação de memó-
rias declarativas). Também projeta para áreas neocorticais polimodais, além
do hipotálamo, núcleo leito da estria terminal e regiões mesencefálicas como
a substância cinzenta periaquedutal, todas relevantes para estados afetivos e
reações de estresse do organismo27.

Ínsula

A ínsula é uma região do córtex cerebral localizada no interior do sulco


lateral, ocultada em visão lateral do encéfalo pelo lobo temporal. Sabe-se
que a ínsula recebe informações interoceptivas, relativas ao estado interno
do corpo. A percepção desses estados é de grande relevância para a interação
mente-corpo que configura as percepções dos fenômenos emocionais, uma vez
que indica possíveis modificações da homeostase. A ínsula tem conectividade
privilegiada com o córtex pré-frontal medial e o giro do cíngulo, possibilitando,
portanto, a conexão entre a interocepção e regiões associativas. Apesar de sua
atividade ter sido verificada em um grande número de emoções diferentes (ge-
ralmente negativas), a ínsula tende a ser identificada mais particularmente com
a sensação de nojo ou repulsa, seja literal ou no sentido moral4,19,23.

Giro do cíngulo anterior

O giro do cíngulo, ou giro cingulado, encontra-se profundamente na fis-


sura longitudinal e acompanha a curvatura do corpo caloso na forma de um
arco. Existem várias propostas de subdivisões dessa estrutura, escolhendo-se
aqui a mais simplificada, distinguindo-se o giro do cíngulo anterior e poste-
rior. A porção anterior encontra-se em situação de contiguidade com o córtex
pré‑frontal medial e é a mais relevante para os estados afetivos, com conec-
tividade recíproca com o córtex orbitofrontal e os gânglios da base, além da

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amígdala. Existem evidências de que essa região participe da seleção de respos-


tas apropriadas para os estímulos emocionais, monitorando as ações desem-
penhadas pelo organismo e ajustando-as de acordo com a necessidade. Tem
ainda papel no controle da atenção e na capacidade de planejamento, uma vez
que se verifica ativação nessa região mesmo antes de se executar alguma ação.
Essa característica é provavelmente derivada de sua interação com o córtex
pré-frontal dorsolateral, mais associado às funções cognitivas30.

Córtex pré-frontal

O cérebro dos mamíferos apresentou uma novidade evolutiva determi-


nante para sua diferenciação intelectual: o processamento intermediário ou
integrativo, ou seja, a capacidade de avaliar de forma integrada aspectos do
meio interno, como necessidades e motivações individuais, simultaneamente
às possibilidades do meio externo (ambiente), para uma tomada de decisão
“contextual”. Sinapses intermediárias obrigatórias foram inseridas entre neurô-
nios responsáveis tanto pelo estímulo e pela resposta como pela representação
do meio interno e do meio externo. Desta forma, esses animais passaram a
proteger os canais sensórios e motores das influências diretas do meio interno
e permitiram que um mesmo estímulo pudesse gerar diferentes respostas, a
depender do contexto e da avaliação das necessidades e consequências estima-
das. No humano, essa capacidade depende diretamente do córtex pré-frontal31.
O córtex pré-frontal tem sido implicado no papel de ponte entre as emo-
ções, ou “cognição quente”, mais influenciada pelos estados somáticos e o meio
interno do corpo, e a dita “cognição fria”. Nauta sugere que essa região seja con-
siderada “a maior – ou talvez a única – representatividade neocortical do sis-
tema límbico”32. O córtex pré-frontal constitui-se como um grande centro do
processamento integrativo das diferentes modalidades de informações e com
influência hierárquica sobre outras regiões, sendo definido por Luria como
uma zona heteromodal terciária3,33.
O córtex pré-frontal humano tem uma imensa quantidade de conexões
corticocorticais e córtico-subcorticais, participando, além de circuitos límbi-
cos, de redes sensoriais, motoras e executivas. É composto por uma camada
tipicamente granular de neocórtex na porção anterior dos lobos frontais, es-
tendendo-se sobre seus aspectos dorsais, mediais e ventrais. Distinguem-se
sub-regiões funcionais do córtex pré-frontal, habitualmente classificadas como
medial, orbitofrontal e dorsolateral3,30,31.
Existe uma verdadeira miríade de funções que são associadas ao córtex
pré‑frontal, podendo-se citar algumas mais relevantes para o assunto em pauta:
funções executivas, cognição social, pensamento autodirecionado, regulação

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12 Psicologia positiva e psiquiatria positiva

emocional, reforço comportamental, tomada de decisão, aprendizado implíci-


to, memória de trabalho, entre outras30.

AMPLIANDO OS ESTUDOS

A noção de circuitos e redes sempre foi central ao estudo do sistema


nervoso, ao menos desde o século XIX, com a descoberta dos seus
componentes celulares. Contudo, a partir do final do século XX, com a
evolução das técnicas de neuroimagem, passa-se a ter, de modo mais definido,
uma dimensão não apenas estrutural ou anatômica, mas também baseada em
função, na qual a atividade sincrônica das diferentes estruturas neurais, mesmo
com conexões estruturais pouco óbvias, torna-se reveladora de sua ação em
conjunto. Também vem à luz determinadas estruturas que agem como eixos
(hubs), pontos de confluência e centralização de várias redes diferentes. Outro
elemento que se torna relevante é a interação dinâmica dessas redes, como
elas se comportam ao longo do tempo e em reação a situações diversas,
exercendo influência entre si. Algumas leituras mais aprofundadas sobre o
tema podem ser encontradas nos seguintes artigos:
• Menon V. Large-scale brain networks and psychopathology: a unifying triple
network model. Trends in Cognitive Sciences. 2011;15(10):483-506.
• Van den Heuvel MP, Sporns O. Rich-club organization of the human
connectome. Journal of Neuroscience. 2011;31(44):15775-86.
• Pessoa L, McMenamin B. Dynamic networks in the emotional brain. The
Neuroscientist. 2017;23(4):383-96.

Redes neurais de larga escala

Redes neurais de larga escala recebem essa designação por serem sistemas
que abrangem várias regiões em pontos distantes do encéfalo. As regiões com-
ponentes de uma rede atuam de modo coordenado e têm conectividade prefe-
rencial entre si. Em relação às neurociências das emoções, três redes seriam mais
importantes: a rede de saliência, a rede modo-padrão e a rede executiva central28.
A rede de saliência é composta por estruturas habitualmente associadas à
regulação emocional e à motivação. Uma de suas regiões principais é o giro
do cíngulo anterior, o qual age como ponto de contato para dois subsistemas:
um revolvendo em torno de circuitos corticolímbicos e frontoinsulares, sob in-
fluência da atividade noradrenérgica amigdaliana, e outro baseado nos circui-
tos de recompensa e motivação dopaminérgicos frontoestriatais. Essas divisões

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funcionam de maneira coerente, detectando, integrando e regulando informa-


ções de cunho interoceptivo, autonômico e emocional3,28.
A rede modo-padrão é um sistema identificado pela desativação de seus
componentes quando o indivíduo dirige a sua atenção para o meio externo
durante a execução de tarefas. Anatomicamente, inclui sobretudo regiões me-
diais, como o córtex pré-frontal medial, o giro do cíngulo posterior, o precúneo
e o lobo temporal medial. As estruturas da rede modo-padrão demonstram
atividade durante tarefas de simulação mental e de reconhecimento de infor-
mações direcionadas para o self, como considerar pontos de vista diferentes,
imaginar cenários, atribuir qualidades a si mesmo ou reconhecer comentários
direcionados para si28.
Já a rede executiva central consiste em circuitos frontoparietais ancorados
principalmente no córtex pré-frontal dorsolateral e córtex parietal lateral. Essa
rede apresenta atividade durante grande gama de tarefas cognitivamente de-
mandantes, agindo como uma unidade de controle cognitivo. A conectividade
entre o córtex pré-frontal dorsolateral, o cíngulo anterior e o córtex parietal
é crucial para a manutenção e a manipulação de informações ativas, permi-
tindo resolução de problemas e tomada de decisão, assim como capacidade
de appraisal. Sua atividade costuma recrutar vários componentes das funções
executivas, sobretudo a memória de trabalho28.
Alguns autores propõem que a rede modo-padrão e a rede executiva central
têm atividades anticorrelacionadas, havendo redução da atividade em uma tão
mais a outra esteja ativa. Esse antagonismo seria mediado pela rede de saliência,
a qual priorizaria a atividade de uma em detrimento da outra, guiada pelo input
emocional e/ou motivacional. Por meio desse modelo, é possível compreender
a integração de funções como a autorreflexão (rede modo-padrão), a valoração
de estímulos (rede de saliência) e a execução de tarefas cognitivas (rede execu-
tiva central), outro exemplo da complexa interface emoção/cognição28.

CONCEITO-CHAVE

As emoções desempenham um papel fundamental na cognição e, portanto,


na capacidade de adaptação humana. Elas constituem uma marca biológica
de prioridade para os aspectos que interpretamos como mais importantes em
nossa vida e influenciam nossa tomada de decisão em favor destes aspectos.
Têm um embasamento neurobiológico concentrado em determinadas regiões
responsáveis pela produção, expressão e reconhecimento desses estados
emocionais, assim como pela assimilação das informações emocionais para
integrá-las na tomada de decisão.

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14 Psicologia positiva e psiquiatria positiva

APRENDENDO COM A ARTE

“A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o


homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e
sentir não é mais que o alimento de pensar.”
Fernando Pessoa – Livro do desassossego
Sugestão de obras:
• Livro: Dom Casmurro, de Machado de Assis
• Filmes:
–– A história da eternidade (2015; direção: Camilo Cavalcante)
–– Divertidamente (2015; direção: Pete Docter)
–– A vida é bela (1997; direção: Roberto Benigni)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução de conceitos e evidências em neurociência ocasionou uma re-


visão da tradicional dicotomia emoção/razão e delineou um embasamento
neurobiológico para os fenômenos da afetividade. Na medida em que avança o
conhecimento no campo da neurociência das emoções, há uma aproximação
de conceitos provenientes de diversas áreas científicas, compondo um quadro
complexo onde convergem questões objetivas e subjetivas, de enorme riqueza
e interesse para a compreensão da natureza humana.

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Nova York: W. W. Norton & Company; 2012.
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