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BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 38
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O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Fonte: www.psicologiamsn.com
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determinam o quê e como deve ser aprendido e a separação entre educação e
instrução. A solução para tais problemas está no aprofundamento de como os
educandos aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à aprendizagem.
O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de
formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do professor como transmissor
de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o processo de ensino-
aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando. Nesse último
enfoque, considera-se a integração do cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do
educativo como requisitos psicológicos e pedagógicos essenciais. A concepção
defendida aqui é que o processo de ensino-aprendizagem é uma integração dialética
entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial contribuir para a
formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um processo de formar
homens capazes e inteligentes. Entendendo por homem inteligente quando, diante de
uma situação problema ele seja capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar
soluções para resolver as situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso
só será possível se ele for formado mediante a utilização de atividades lógicas. O
educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que identificam o homem
como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e outros
elementos da esfera volitiva e afetiva que junto com a cognitiva permitem falar de um
processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação multilateral da
personalidade do homem.
A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na resposta em que este
dá à apropriação do conhecimento, ao desenvolvimento intelectual e físico do
estudante, à formação de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os
objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de ensino de diferentes
instituições, conduzindo a uma posição transformadora, que promova as ações
coletivas, a solidariedade e o viver em comunidade. A concepção de que o processo
de ensino-aprendizagem é uma unidade dialética entre a instrução e a educação está
associada à ideia de que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta
relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-aprendizagem tem
uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, está composto por elementos
estreitamente inter-relacionados.
Todo ato educativo obedece determinados fins e propósitos de
desenvolvimento social e econômico e em consequência responde a determinados
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interesses sociais, sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a concepções
epistemológicas específicas, leva em conta os interesses institucionais e, depende,
em grande parte, das características, interesses e possibilidades dos sujeitos
participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do
processo. A visão tradicional do processo ensino-aprendizagem é que ele é um
processo neutro, transparente, afastado da conjuntura de poder, história e contexto
social.
Fonte: canaldoensino.com.br
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um papel de sujeito na organização desse processo. As influências sócio-político
econômicas, exercem sua ação inclusive nos pequenos atos que ocorrem na sala de
aula, ainda que não sejam conscientes. Ao selecionar algum destes componentes
para aprofundar deve-se levar em conta a unidade, os vínculos e os nexos com os
outros componentes.
O componente é uma propriedade ou atributo de um sistema que o caracteriza;
não é uma parte do sistema e sim uma propriedade do mesmo, uma propriedade do
processo docente-educativo como um todo. Identificamos como componente do
processo de ensino-aprendizagem:
A afetividade é um tema que vem sendo muito debatido, tanto nos meios
educacionais quanto fora dele. No universo escolar, há um consenso entre
educadores com base nas principais teorias do desenvolvimento sobre a importância
da qualidade das primeiras relações afetivas da criança. A afetividade implica
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diretamente no desenvolvimento emocional e afetivo, na socialização, nas interações
humanas e, sobretudo, na aprendizagem.
Para Piaget (apud OLIVEIRA, 1992), é nas vivências que a criança realiza com
outras pessoas que ela supera a fase do egocentrismo, constrói a noção do eu e do
outro como referência. A afetividade é considerada a energia que move as ações
humanas, ou seja, sem afetividade não há interesse nem motivação. Vygotsky (1998),
por sua vez, afirma que o ser humano se constrói nas suas relações e trocas com o
outro e que é a qualidade dessas experiências interpessoais e de relacionamento que
determinam o seu desenvolvimento, inclusive afetivo, enquanto Wallon (apud LA
TAILLE, 1992, p. 90) sustenta que, “no início da vida, afetividade e inteligência estão
sincreticamente misturadas, com predomínio da primeira”.
Partindo do pressuposto de que a afetividade é um composto fundamental das
relações interpessoais que também norteia a vida na escola, acresce em relevância
uma pesquisa teórica que facilite a compreensão, por exemplo, da relação entre a
afetividade e a aprendizagem no âmbito da relação professor–aluno para a construção
do conhecimento, para o desenvolvimento da inteligência emocional e para o
processo de avaliação da aprendizagem.
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Fonte: www.onutricional.com
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espasmos e outras manifestações emocionais para mobilizar os adultos à sua volta
pelo contágio afetivo. De acordo com Galvão (2003, p. 74), “Pela capacidade de
modelar o próprio corpo, a emoção permite a organização de um primeiro modo de
consciência dos estados mentais e de uma primeira percepção das realidades
externas”.
No caso dos adultos, Wallon (apud GALVÃO, 2003) dá importância à
subjetividade dos estados afetivos vividos por quem experimenta uma determinada
emoção. E uma vez que a vida emocional se apresenta, na teoria de Wallon, como
uma condição para a existência de relações interpessoais, para este teórico, as
emoções também fazem parte da atividade representativa e, portanto, da vida
intelectual. Isto significa que Wallon não separa o aspecto cognitivo do afetivo. Sendo
assim, pode-se interpretar que o ato motor é a base do pensamento e a emoção
também é fonte de conhecimento.
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afetividade nas interações ocorridas no ambiente escolar contribui para dinamizar o
trabalho educativo.
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Fonte: maeemdia.com
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Conforme Piaget e Inhelder (1990), a formação da consciência e dos
sentimentos morais infantis é resultado da relação afetiva da criança com os pais, o
que chama à atenção para a qualidade das interações afetivas no ambiente familiar.
Isso porque é na família que a criança estabelece os primeiros contatos e experimenta
as primeiras vivências afetivas e aprendizagens que vão lhe servindo de referência
para orientar as relações com as outras pessoas.
Fonte: diocesedeuruacu.com.br
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No estágio sensório-motor do desenvolvimento cognitivo, a criança passa por
um momento de transição do eu para o social: na afetividade, a criança passa do
estado de não-diferenciação entre o eu e os construtos físicos e humanos para um
estágio de reconhecer que existem trocas entre ela (o eu diferenciado) e o outro. Para
Piaget (1975), nessa fase de desenvolvimento, existe muito mais troca afetiva e
contágios para a criança do que efetivamente diferenciação das pessoas e coisas, o
que torna ainda mais importante as interações.
O estágio pré-operatório marca outra etapa da evolução afetivo-social da
criança: a mobilidade mental, o jogo simbólico e a linguagem favorecem novas
interações e afetos, valorização pessoal e independência em relação ao objeto afetivo
designado pela criança. Se nesse nível de evolução a condição é pré-cooperativa por
causa do egocentrismo, no estágio das operações concretas, a criança passa a ter
uma personalidade individualizada que constitui novas relações interindividuais que
promovem novas trocas afetivas e cognitivas equilibradas.
No último estágio de desenvolvimento, do pensamento formal, que corresponde
à adolescência, o pensamento já está formado e se amplia com as interações afetivas,
a mudança social e a construção de novos valores, entre outros.
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A criança também precisa saber distinguir sentimento e ação, ler e interpretar
indícios sociais, bem como compreender a expectativa dos outros, usar as etapas
para resolver problemas, criar expectativas realistas sobre si e compreender normas
de comportamento. O período escolar coincide com a fase em que a criança está
desenvolvendo outras formas de comunicação que não a oral, como os gestos e
expressão facial, além de estar trabalhando, a partir da interação com os outros, as
emoções e suas influências negativas e positivas, e manifestando suas ideias e
pensamentos.
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Fonte: www.jornalfolhadosul.com.br
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2.6 Reflexões acerca da aprendizagem
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educativa. Conhecer o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança possibilita ao
professor melhorar ainda mais suas intervenções no sentido de ampliá-las por meio
do diálogo.
Fonte: pbcamp.com.br
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ensinar a ler e escrever; um espaço apropriado ao desenvolvimento pleno das
potencialidades de cada aluno; um lugar de pesquisa, um instrumento valioso para
formação da personalidade, na convivência, no afeto, na organização do pensamento,
na resolução de problemas.
Para isso, é importante a utilização, pela escola, de metodologias mais
adequadas, flexibilidade de currículo, seleção de materiais, apoio individual ao aluno
e um clima educativo facilitador de aprendizagem e interação social.
Segundo Oliveria (et all, 2001) em função da importância que a aprendizagem
assume na existência humana e da constatação dos problemas enfrentados pelas
crianças durante esse processo dinâmico e recíproco que se estabelece entre o
homem e seu ambiente, muitas pesquisas realizadas na área das DAs (Dificuldades
de Aprendizagem) focalizam as habilidades consideradas instrumentais para a vida
social e acadêmica de um indivíduo.
Desta maneira é de suma importância ressaltar que o aluno diagnosticado com
essa dificuldade deve ter um acompanhamento adequado de acordo com a sua
dificuldade e necessidade. Portanto, é nesse momento que entra a participação dos
professores e a equipe multidisciplinar, pois devem estar atentos ao ritmo, grau de
dificuldade na realização de atividades educacionais e as etapas do desenvolvimento
cognitivo, afetivo no qual as crianças estejam assim podendo estar identificando e
assim elaborando estratégias que possam atender adequadamente o processo de
aprendizagem e assim suprindo essa dificuldade.
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identificadas e que diariamente são rotuladas pelos adultos como tendo baixa
inteligência, insolência ou preguiça.
De acordo com Fonseca (1984) afirma que:
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Escola, família e sociedade são responsáveis não só pela transmissão de
conhecimentos, valores, cultura, mas também pela formação da personalidade social
dos indivíduos. Portanto, o principal papel da família deve ser acolher a criança,
proporcionando-lhe um ambiente agradável no que se refere à amor e
compreensão. De acordo com Polity (2001, p. 27) “É essencial que as crianças
recebam apoio dos pais, pois o suporte emocional desenvolve base sólida e senso de
competência que as levam a uma autoestima satisfatória”.
Fonte: www.novemeses.pt
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Diante desse fator, constatou-se que as crianças que apresentam dificuldades
de aprendizagem devem ser identificadas e encaminhadas pelos professores ou pelo
psicólogo escolar, que faz parte da equipe da escola, este deve atuar de forma
interdisciplinar, e ter visão sistêmica para a construção de ações que visem todos os
elementos da escola, bem como, pais, comunidade e as instituições que possam estar
estabelecendo parcerias para atender as crianças com dificuldades de aprendizagem.
As crianças que apresentam realmente dificuldades em aprender, precisam ser
acompanhadas pelo profissional responsável nessa área que é o Psicopedagogo (a),
pois, através do diagnóstico que ele fará, dependendo do problema observado, ele
saberá o melhor caminho a percorrer para que essas crianças possam avançar em
suas aprendizagens significativa e efetivamente.
Segundo Bossa (1994), “cabe ao Psicopedagogo perceber eventuais
perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade
educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de
acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando
processos de orientação” (p.23).
O diagnóstico e a intervenção das dificuldades de aprendizagem envolvem
interdisciplinaridade em pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e
psicologia, para possibilitar a eliminação de fatores que não são relevantes e a
identificação da causa real do problema, desta forma também existem autores que
diagnosticam as dificuldades de aprendizagem fazendo um paralelo com patologias.
O que se encontra em comum acordo entre diversos autores são os fatores,
como psicológicos, neurológicos, sociais e outros, que influenciam na aprendizagem
e que precisam ser levados em consideração no diagnóstico de uma criança com
problemas de aprendizagem. Isso só vem acrescentar ainda mais quando se defende
uma ideia de que não se pode afirmar e ou diagnosticar que uma criança possui uma
dificuldade de aprendizagem sem analisar uma anamnese, ou seja, entrevista
realizada por um médico que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com
a doença e à pessoa doente, a fim de ajudar no seu diagnóstico a história de vida da
criança e os fatores fundamentais para se conseguir uma exatidão do diagnóstico do
problema.
A maior parte destes problemas de Dificuldade de Aprendizagem pode ser
resolvido no ambiente escolar, haja vista que se tratam, de questões
psicopedagógicos, pois Smith e Strick (2001, apud Waldow; Borges; Sagrilo, (2006)
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definem dificuldades de aprendizagem como problemas que afetam a capacidade
cerebral de entendimento, recordação e comunicação de informações, sendo assim:
Por isso, é preciso que a escola e seus profissionais busquem olhar por outros
ângulos e compreender que cada aluno tem um jeito próprio de ser, e com
experiências de vida diferente, que estas formas diferentes de vida poderá influenciar
no processo de aprendizagem de cada aluno. Só então, será possível ver com maior
clareza o que é Dificuldade de Aprendizagem e formas diferentes de ser.
Fonte: info.geekie.com.br
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A dificuldade de aprendizagem merece à atenção dos professores, pois são
eles em primeira instância que poderão identificar a dificuldade do aluno e, ao
constatar que o problema é estável, encaminhá-los aos especialistas. Todavia, os
professores não devem apenas aguardar que os especialistas tentem resolver
sozinhos esta questão. O professor é aquele com melhores condições de conhecer a
realidade do aluno e manter o contato mais próximo, tendo acesso direto ao seu
desenvolvimento intelectual e cognitivo.
Sabemos que a escola trabalha com várias crianças/alunos ligado as mais
diversas classes sociais, de níveis econômicos e culturas diferentes. As diferenças
cognitivas estão presentes também na sala de aula, no qual geram os diferentes níveis
de aprendizagem. Neste sentido, numa sala de aula existem níveis diferentes de
aprender, por isso, as dificuldades de aprendizagem consistem basicamente de
aspectos secundários, que são alterações estruturais, mentais, emocionais ou
neurológicas, que interferem na construção e desenvolvimento das funções
cognitivas.
O diagnóstico dessas dificuldades é individual, e deve ser feito com o intuito de
descobrir qual ou quais os fatores estão afetando a cognição daquele aluno.
Segundo, WALDOW; BORGES; SAGRILLO, (2006):
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da turma e melhor será o sucesso em sua aprendizagem. Tendo mais cooperação o
aluno aprimora seus conhecimentos em busca do novo, sendo assim teremos
melhores resultados na educação.
Fonte: educacao.faber-castell.com.br
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de todos, visando o pleno desenvolvimento da pessoa [...]” (BRASIL, 1988). Porém, o
que se vê é um país com cerca de 9% de analfabetos acima de 10 anos, o que
equivale a 18 milhões de brasileiros (IBGE 2010), sem contar os analfabetos
funcionais e cidadãos em condições de extrema pobreza. A responsabilidade sobre
essa educação é, segundo a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, cap. III, art. 2°, “[...]
dever da família e do Estado e tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando”. Portanto, quando a família e/ou o Estado não cumprem satisfatoriamente
o seu papel, cabe à escola suprir essa carência visando o pleno desenvolvimento da
pessoa.
O pedagogo tem a missão de educar os olhares para os processos educativos
e/ou pedagógicos dentro e fora da escola, contribuindo com a aprendizagem. É função
deste, também, conhecer os alunos e a realidade da comunidade em que está
inserido, bem como suas demandas educacionais. Além da interação com sua equipe
e com os conteúdos pedagógicos, metodológicos e curriculares, servindo de ponte no
intuito de que o ensino e aprendizagem caminhem juntos de forma significativa na
construção do conhecimento.
É fato que a pobreza influencia na aprendizagem, mas não é a única
responsável, os problemas são bem mais complexos e interferem direta e
indiretamente na educação. As políticas educacionais não atendem satisfatoriamente
as necessidades básicas de grande parte das escolas, empobrecendo o sistema
educacional no que se refere aos subsídios necessários para o bom funcionamento
das escolas. E é também sobre essa pobreza associada à educabilidade que esta
pesquisa pretende refletir, com o intuito de identificar as principais contribuições que
o pedagogo pode ter nesse processo, as possibilidades e limitações para a
aprendizagem mesmo em condições adversas, a fim de minimizar o problema da falta
de condições básicas necessárias para a aprendizagem escolar, tanto das crianças
quanto das escolas.
A pobreza no seu sentido etimológico vem do latim probe, proueza (s. XIII) e
significa “falta daquilo que é necessário à vida” (CUNHA, 2007).
Quando o assunto é pobreza é comum associar a palavras como: fome,
miséria, necessidade, falta de recursos financeiros, indigência. No entanto essas
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palavras isoladamente não conceituam a pobreza. Esse tema é complexo e defini-lo
não é uma tarefa simples.
A definição de pobreza depende do contexto de determinada sociedade, ou
seja, está relacionada aos seus recursos materiais, às políticas e desenvolvimento
social e produtivo. De modo geral a redução da pobreza está relacionada a mudanças
estruturais no sistema educacional que garantam acesso à educação de qualidade
para todos. As diferenças educacionais entre os indivíduos geram uma desigualdade
no mercado de trabalho, que gera desigualdade na renda, que resulta na persistência
da pobreza entrando em um ciclo vicioso. Embora a pobreza seja um fenômeno
complexo associado a muitas causas, está fortemente correlacionada ao baixo nível
de escolaridade. A redução da pobreza e da desigualdade social passa pela
democratização do ensino de qualidade.
Fonte: www.culturamix.com
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educação buscando a qualificação necessária no desenvolvimento, e acima de tudo
uma equalização no ensino de modo geral, no intuito de minimizar essa disparidade
social crescente, em parte causada pela desigualdade nas condições da
aprendizagem. De acordo com Gentili (2005, p. 11):
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do país, por outro a pobreza como uma barreira para essa educação. Políticas sociais
são criadas no intuito de minimizar a pobreza, que no Brasil são mais de 50% da
população acima dos 10 anos (IBGE, 2010).
A educação se dá em diferentes espaços e a escola é um dos quais crianças
pobres, têm mais acesso, sendo esta a principal forma de educação. O fato é que a
escola precisa encarar a pobreza como uma realidade e que o sistema educacional
deve empenhar esforços no sentido de tornar a aprendizagem possível e adequada
às reais necessidades dos alunos.
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pobres, proletárias, de minorias étnicas continuam tendo desempenho inferior, maior
probabilidade de reprovação e evasão escolar e menos chances de chegar à
universidade. Essa afirmativa é a confirmação do chamado “ciclo de pobreza” no qual
o baixo rendimento escolar leva ao fracasso no mercado de trabalho e à continuidade
da pobreza na próxima geração (CONNELL, 1995).
Entretanto não se pode afirmar que essas pessoas não tenham o mesmo
interesse das outras em relação à educação. O fato é que quando da elaboração das
políticas educacionais, os principais envolvidos, que são aqueles diretamente ligados
aos fatos e teriam mais condições de colaborar para essas políticas não têm voz.
Segundo Connell (1995, p. 20) o problema está em pensar que: “Dos professores/as
espera-se que implementem as políticas públicas, não que as formulem. As pessoas
pobres são definidas como os objetos dessas políticas, não como autoras da
transformação social”.
A escola como instituição representante de um relativo poder do Estado não
pode se omitir diante de situações adversas livrando-se do problema, ou seja, é
preciso admitir que necessite de mudanças nos métodos de trabalho, contribuindo
dessa forma para que todos os alunos independentemente da situação econômica
tenham condições de aprender e se desenvolver.
Nesse sentido, o currículo é extremamente importante como estratégia de
aproximação com a realidade dos alunos. O sucesso da metodologia utilizada pela
escola é medido através do progresso dos alunos no currículo, que na maioria das
escolas é mensurado através de provas e notas. Porém, esse método tradicional de
ensino e de avaliação já está sendo questionado, pois ao impô-lo divide os alunos
entre uma minoria bem-sucedida e uma maioria fadada ao fracasso. É preciso
transformar o modo tradicional de ensinar e de avaliar que ainda domina o cotidiano
nas salas de aula (PARO, 2007).
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Fonte: novosalunos.com.br
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temos que ver os/as professores/as como força de trabalho da mudança. ”
(CONNELL, 1995, p. 35). De fato, os professores ocupam uma posição privilegiada
no que diz respeito ao contato direto com o aluno. E isso possibilita que ele, mais que
qualquer outra pessoa conheça as peculiaridades de cada aluno, tendo ele, condições
de diagnosticar a real situação e onde e como intervir pedagogicamente no sentido de
contribuir da melhor forma com a aprendizagem.
Segundo o sociólogo francês Robert Castel (1997 apud Gentili, 2007), existem
três tipos de exclusão, a supressão completa de uma comunidade, os mecanismos de
confinamento ou reclusão e finalmente o segregar incluindo. E é esta última que muito
preocupa no âmbito da educação e vem crescendo temerariamente por se tratar de
uma forma invisível de exclusão. Indivíduos incluídos socialmente, mas excluídos por
falta de condições e que acabam passando despercebidos por se tratar de uma
situação comum e rotineira que acabou banalizada. Pobres, desempregados, sem-
teto, negros, índios, pessoas com necessidades especiais, meninos de rua, são tantos
convivendo em meio à sociedade que esta realidade acaba sendo naturalizada por
ela. (GENTILI, 2007).
Discutem-se problemas de exclusão social e políticas que contornem esta
situação, porém essa preocupação em resolver o problema, acaba mascarando uma
realidade preocupante, a normalização dos olhares, tornando ainda mais difícil a
compreensão das verdadeiras necessidades desta realidade tão presente. Encontrar
pessoas em condições sub-humanas já se tornou tão rotineiro que não causa mais
tanta indignação, não por falta de humanização, mas por ter se tornado algo comum.
Entretanto, quando se trata de criar programas de ajuda todos se manifestam a favor
demonstrando consciência do problema. Ou seja, uma realidade discutida, mas não
percebida.
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Fonte: www.newpangea.com.br
Na escola não é diferente, ao longo dos últimos anos a educação atingiu alguns
números positivos, como diminuição do índice de analfabetismo, reprovação e
evasão. Políticas adotadas por consequência do desenvolvimento educacional,
historicamente constituído, acabam por intensificar esta separação entre escolas,
oferecendo uma educação pobre para os pobres, permitindo apenas à elite a
possibilidade de acesso a uma educação de excelência. É a chamada “inclusão
excludente”, que proporciona ao indivíduo acesso a escola sem garantia de qualidade.
Uma segregação determinada a partir das dificuldades causadas pela falta de
condições do aluno e estrutura da instituição.
Todos têm a mesma capacidade de aprender, o que interfere são as condições
sociais para esta aprendizagem, o contexto em que o indivíduo se encontra e sua
realidade. Uma criança pobre que não tem acesso aos mesmos recursos que outra
em melhores condições não vai se desenvolver da mesma forma, o que não quer dizer
que não possa aprender o mesmo conteúdo. E é nesse sentido que a educação vem
falhando, perpetuando a “escola para pobre” e “escola para a elite”.
As condições para o desenvolvimento tanto na educação quanto em sua
condição social, não devem somente ser proporcionadas e sim conquistadas pelo
sujeito. Ou seja, é preciso entender e trabalhar as causas que levam a esta falta de
condições, pois assim elas não tornarão a se repetir rompendo este ciclo vicioso.
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Sendo assim a escola como espaço privilegiado para formação e
desenvolvimento do ser humano em sua totalidade, torna-se fundamental para
conscientização e formação deste. Uma escola justa e democrática deve formar um
sujeito crítico e consciente de sua realidade, apontando caminhos para que este possa
intervir, mudar ou superar as condições adversas, criando possibilidades na busca
das condições necessárias para uma vida digna.
Desse modo o questionamento de Dubet (2004, p.540) sobre o que é uma
escola justa complementa esta análise. Segundo ele:
A definição do que seria uma escola justa é das mais complexas, ou mesmo
das mais ambíguas, pois podemos definir justiça de diferentes maneiras. Por
exemplo, a escola justa deve: - Ser puramente meritocrática, com uma
competição escolar justa entre os alunos social e individualmente desiguais?
- Compensar as desigualdades sociais, dando mais aos quem têm menos,
rompendo assim com o que seria uma rígida igualdade? – Garantir a todos
os alunos o que seria um mínimo de conhecimentos e competências? –
Preocupar-se principalmente com a integração de todos os alunos na
sociedade e com a utilidade de sua formação? – Tentar fazer com que as
desigualdades escolares não tenham demasiadas consequências sobre as
desigualdades sociais? - Permitir que cada um desenvolva seus talentos
específicos, independentemente de seu desempenho escolar?
Definir o que seria uma escola justa leva a contradições, pois ao mesmo tempo
em que se considera que o ideal é uma escola democrática onde as conquistas são
em função do mérito de cada um, ou seja, do seu esforço e talentos, também se fala
em igualdade de condições e acesso dentro da escola, onde todos têm as mesmas
oportunidades.
A meritocracia escolar não diminui as desigualdades sociais, ao contrário,
tende a evidenciar ainda mais, pois aquele sujeito que se encontra em situação de
pobreza, que de uma forma ou de outra teve acesso à escola não tem garantido o seu
sucesso, uma vez que a desigualdade social pode deixar marcas na trajetória escolar.
Em outras palavras, os resultados escolares sempre farão parte das preferências no
acesso, principalmente ao mercado de trabalho.
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Fonte: sobralsemmascara.blogspot.com
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“Nenhuma escola consegue sozinha, produzir uma sociedade justa” (DUBET,
2004, p. 545). De fato, seria necessário um esforço coletivo com o propósito de
equilibrar as desigualdades existentes dentro da escola, ou seja, encontrar uma forma
de compensá-las, distribuindo melhor as vantagens e benefícios que estão ao alcance
de poucos, como por exemplo, o acesso a bens culturais para todos. E a escola pode
defender essa ideia sendo a porta voz daqueles que, por sua condição de mal
posicionados em relação à escola, não o fazem, mesmo encontrando certa resistência
por parte das elites que tiram vantagens do modelo meritocrático puro.
Dubet (2004) também se refere a um mínimo de competências, abaixo do qual
ninguém poderia ficar, por que, segundo Rawls (apud DUBET, 2004 p.546) “as
desigualdades são aceitáveis, ou mesmo justas, quando não pioram as condições dos
mais fracos”. Nesse sentido, “O sistema justo, ou menos injusto, não é o que reduz as
desigualdades entre os melhores e os mais fracos, mas o que garante aquisições e
competências vistas como elementares para os alunos menos bons e menos
favorecidos” (DUBET, 2004, p.547).
Porém o que se tem hoje como modelo (currículo) é um programa baseado no
resultado que se espera que todos atinjam, visando a excelência de modo que
alcancem o sucesso e níveis mais altos de escolaridade ignorando as diferenças
individuais, e desse modo corroborando para a manutenção da desigualdade social.
O modelo meritocrático, consequentemente, cria os “vencidos”, porém a escola
precisa dar mais atenção a esses, pois, caso contrário estará fomentando na trajetória
de muitos ao fracasso e até mesmo à delinquência. “Uma escola justa preservaria
melhor a dignidade e a autoestima dos não tão bem-sucedidos valorizando seus
gostos e talentos, reafirmando o papel educativo da escola. ” (DUBET, 2004). Por
tanto, o modelo meritocrático ainda tem muito a ser melhorado para que se torne de
fato um modelo de competição justo.
Segundo Oliveira (2009), as políticas educacionais vêm atribuindo às escolas,
novas funções sociais de caráter assistencial. O que coloca em questionamento seu
papel de instituição educadora. Além do que a escola passou a determinar as
condições de inserção social, grau de cidadania e relação com o trabalho e com o
mundo. Constituindo-se como direito de todos e dever do Estado. Direito este muito
questionado em sua consistência com relação às desigualdades sociais. A escola se
implicada em uma função onde pequenas decisões sobre conteúdos ou construção
de conhecimentos, podem determinar o futuro dos sujeitos. Contudo não pode sozinha
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garantir seu papel com eficiência se a sociedade não colaborar garantindo os direitos
básicos às pessoas, mas isso não significa que a escola deve ficar de braços
cruzados, ao contrário, a sua função educativa precisa ser cumprida com a mesma
eficácia.
Algumas propostas no intuito de estabelecer referências comuns para as
políticas educativas, envolvendo órgãos internacionais como o (PRELAC) e
(UNESCO) abordam princípios educativos que devem:
Uma proposta que busca atender exigências impostas pela crise na escola
rompendo com os enfoques neoclássicos numa dimensão mais flexível em que os
sujeitos tenham mais autonomia na construção de seus conhecimentos e assim sejam
mais responsáveis por suas ações. Da mesma forma a educação deverá considerar
que as pessoas são portadoras de individualidades. E por fim a transcendência da
função educativa para fora da escola, no sentido de que esta não deverá ser mais
instituição educativa por excelência reconhecendo a sociedade como tal.
Esses focos têm orientando as políticas educativas em nosso país. Sendo
assim Oliveira (2009) questiona até onde as responsabilidades antes atribuídas às
instituições escolares, agora delegadas aos indivíduos e à sociedade não estariam
desistitucionalizando a educação? Até que ponto a responsabilização das pessoas ou
até dos docentes pelo sucesso ou fracasso dos processos educativos, sem que
questões objetivas tenham sido resolvidas, não estaria contribuindo ainda mais para
o enfraquecimento e banalização dos conhecimentos e títulos escolares? São
questões que levam a reconsiderar, alguns pontos muito defendidos nos processos
educacionais. Busca-se uma autonomia para o sujeito e uma educação significativa
para este, atrelado a uma educação democrática e igualitária, entretanto há que se
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atentar para a qualidade desta educação, a partir do momento que esta deixa de ser
centralizada na instituição escolar. A crise dentro dos muros da escola é um reflexo
do que se passa fora deles, ou seja, apesar de manter suas regras e estruturas, a
nova constituição da sociedade acabou por desautorizar a instituição como portadora
única de conhecimentos, moral e valores, continuando apenas como responsável pela
distribuição de conhecimentos socialmente valorizados. Sendo assim a escola não
pode ser responsabilizada pela crise na educação a partir do momento em que não
possui mais autonomia sobre os processos educacionais.
Fonte: criandocondicoesaliberdade.blogspot.com
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credibilidade do sistema educacional. Nesse sentido é preciso atentar para novas
demandas e para que questões estruturais sejam reparadas como desequilíbrio na
distribuição de renda, altos níveis de desigualdade social e os problemas delas
decorrentes, tais como fome, violência e desemprego.
A busca de equidade e efetivação de políticas educacionais levou a uma
realidade onde a permanência do aluno dentro da escola se sobrepõe às finalidades
educativas. Ou seja, o acesso, permanência e evolução do aluno, no que diz respeito
aos ciclos, são mais importantes do que uma educação de qualidade, que proporcione
a este, condições para competir neste mundo capitalista, aumentando assim as
desigualdades sociais. Apesar de este ser o ápice dos problemas da educação,
percebe-se não é o único e que este é um universo muito complexo.
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BIBLIOGRAFIA
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