Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
2
7.2 É essencial educar os líderes sobre a importância de construir relações
positivas e de confiança com os liderados............................................................. 37
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46
3
1 O QUE É NEUROCIÊNCIA?
Fonte: www.revistadigital.com.br
4
Neuropsicologia: foca na interação entre os trabalhos dos nervos e as
funções psíquicas.
5
Para compreender esse complexo mecanismo, os cientistas consideram a
forma como funcionam os processos a nível cognitivo, principalmente no que se refere
à decodificação e transmissão de informação realizadas pelos neurônios, bem como
suas respectivas funções e comportamentos.
A evolução da neurociência
Fonte: passadori.com.br
6
A teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente
para o entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o surgimento de
tecnologias como o Raio X e a tomografia computadorizada que otimizaram as
pesquisas na área e inauguraram efetivamente a Neurociência.
Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa
disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu principal
objetivo é compreender e imitar o funcionamento do sistema nervoso para o
desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos campos.1
neurociencia/
7
O início da neurociência
Fonte: blog.admatic.com.br
Não se pode falar sobre o início da neurociência sem citar Santiago Ramón y
Cajal, que formulou a doutrina do neurônio. Suas contribuições aos problemas de
desenvolvimento, à degeneração e à regeneração do sistema nervoso continuam
sendo atuais e continuam sendo ensinadas em universidades. Se tivéssemos que
determinar uma data de início para a neurociência, ela seria situada no século XIX.
Com o desenvolvimento do microscópio e de técnicas experimentais, como a
fixação e a coloração de tecidos ou a pesquisa sobre a estrutura do sistema nervoso
e sua funcionalidade, essa disciplina começou a se desenvolver. Mas a neurociência
recebeu contribuições de diversas áreas do conhecimento que têm ajudado a
compreender melhor o funcionamento do cérebro. É possível dizer que os sucessivos
descobrimentos em neurociência são multidisciplinares.
Ela recebeu grandes contribuições ao longo da história da anatomia, que se
encarrega de localizar cada uma das partes do organismo. A fisiologia mais focada
em entender como nosso corpo funciona. A farmacologia com substâncias externas
ao nosso organismo, observando os efeitos no corpo, e a bioquímica, servindo-se de
substâncias liberadas pelo próprio organismo como neurotransmissores.
8
A psicologia também realizou importantes contribuições para a neurociência,
por meio de teorias sobre o comportamento e o pensamento. Ao longo dos anos, a
visão foi mudando a partir de uma perspectiva mais localizacionista, na qual se
pensava que cada área do cérebro tinha uma função concreta, até outra mais
funcional na qual o objetivo é conhecer o funcionamento global do cérebro.
A neurociência cognitiva
9
Cérebro e emoções
Fonte: www.consumidormoderno.com.br
10
Os núcleos viscerais e motores somáticos coordenam a expressão do
comportamento emocional.
A emoção e a ativação do sistema nervoso autônomo estão intimamente
ligadas.
Sentir qualquer tipo de emoção, como medo ou surpresa, seria impossível sem
experimentar um aumento na frequência cardíaca, transpiração, tremor… Faz parte
da riqueza das emoções.
Atribuir a expressão emocional a estruturas cerebrais confere sua natureza
inata.
As emoções são uma ferramenta adaptativa que informa às outras pessoas
sobre o nosso estado emocional.
Foi demonstrada a homogeneidade na expressão de alegria, tristeza, ira… em
diferentes culturas. É uma das maneiras que temos de nos comunicar e criar empatia
com as pessoas.
11
Todos aqueles aprendizados que podemos associar a outros conhecimentos
ou acontecimentos vitais serão mais facilmente lembrados.
O conhecimento sobre a memória aumentou a causa do estudo de casos de
pessoas com um tipo de amnésia muito específico.
Em particular, ajudou a conhecer melhor a memória de curto prazo e a
consolidação da memória declarativa.
O famoso caso H.M. reforçou a importância do hipocampo para estabelecer
novas lembranças.
Em contrapartida, a lembrança das habilidades motoras é controlada pelo
cérebro, pelo córtex motor primário e pelos gânglios de base
Linguagem e fala
A linguagem é uma das habilidades que nos diferencia do resto dos animais. A
capacidade de nos comunicar com tanta precisão e a grande quantidade de nuances
para expressar pensamentos e sentimentos faz da linguagem nossa ferramenta de
comunicação mais rica e útil. Essa característica de exclusividade da nossa espécie
estimulou muitas pesquisas a se concentrarem no seu estudo.
As conquistas da cultura humana se baseiam, em partes, na linguagem que
possibilita uma comunicação precisa. A capacidade linguística depende da integração
de várias áreas específicas dos córtices de associação nos lóbulos temporal e frontal.
12
Fonte: Fonte: ericasitta.wordpress.com
13
pesquisa. Essa é uma seleção de alguns trabalhos experimentais importantes entre
os milhares de estudos existentes:
Neurogênese (Eriksson, 1998). Até 1998 acreditava-se que a neurogênese
ocorria somente durante o desenvolvimento do sistema nervoso e que depois desse
período os neurônios apenas morreriam e não seriam produzidos novos. Mas, após
as descobertas de Eriksson, foi possível comprovar que inclusive durante a velhice
existe a neurogênese. O cérebro é mais plástico e maleável do que se pensava.
Contato na criação e desenvolvimento cognitivo e emocional (Lupien, 2000).
Nesse estudo foi demonstrada a importância do contato físico do bebê durante a
criação. Aquelas crianças que receberam pouco contato físico são mais vulneráveis a
déficits em funções cognitivas que costumam ser afetadas em períodos de depressão
ou em situações de grande estresse como a atenção e a memória.
Descoberta dos neurônios espelho (Rizzolatti, 2004). A habilidade dos recém-
nascidos de imitar gestos motivou o início desse estudo. Foram descobertos os
neurônios espelho. Esse tipo de neurônio é ativado quando vemos outra pessoa
realizar alguma tarefa. Eles facilitam não somente a imitação, mas também a empatia
e, portanto, as relações sociais.
Reserva cognitiva (Petersen, 2009). A descoberta da reserva cognitiva tem sido
muito relevante nesses últimos anos. Postula que o cérebro possui a capacidade de
compensar lesões que sofreu.
Diferentes fatores como o período de escolarização, o trabalho realizado, os
hábitos de leitura ou a rede social influenciam.
Uma grande reserva cognitiva pode compensar os danos ocorridos em doenças
como o Alzheimer.
14
O futuro da neurociência: “Human brain project”
Fonte: propmark.com.br
O Human Brain Project é um projeto financiado pela União Europeia que tem o
objetivo de construir uma infraestrutura baseada nas tecnologias da informação e da
comunicação (TIC). Essa infraestrutura quer fornecer aos cientistas do mundo todo
uma base de dados no campo na neurociência. Desenvolve 6 plataformas baseadas
nas TIC:
Neuroinformática: fornecerá dados de pesquisas científicas no mundo todo.
Simulação do cérebro: vai integrar a informação em modelos informáticos
unificados para realizar testes que não são possíveis de realizar em pessoas.
Computação de alto rendimento: vai proporcionar a tecnologia da
supercomputação interativa de que os neurocientistas precisam para a modelagem e
a simulação de dados.
Computação neuroinformática: vai transformar os modelos do cérebro em uma
nova classe de dispositivos “hardware” testando suas aplicações.
Neuro-robótica: vai permitir aos pesquisadores em neurociência e indústria
experimentar com robôs virtuais controlados por modelos cerebrais desenvolvidos no
projeto.
15
Esse projeto começou em outubro de 2013 e tem duração prevista de 10 anos.
Os dados coletados nessa enorme base de dados poderão facilitar o trabalho de
futuras pesquisas. O avanço das novas tecnologias permite aos cientistas ter um
conhecimento mais aprofundado do cérebro, mesmo que a pesquisa básica ainda
tenha muitas questões a serem resolvidas nesse apaixonante campo de estudo.2
16
premissa que acentua a unidade existente entre essas áreas é verdadeira (que,
conhecendo melhor os mecanismos cerebrais, seremos capazes de entender melhor
como ocorrem os processos de ensino e aprendizagem que, ao final, acontecem no
cérebro), diversos conhecimentos produzidos nesses dois campos de pesquisa
deverão, em algum momento, convergir. Além disso, qualquer integração, de fato,
entre duas áreas distintas do conhecimento implica o desenvolvimento de ambas, e
não de uma sempre em detrimento da outra.
Fonte: blog.adrianalombardo.com
17
Sincronização cerebral
Está cada vez mais claro para a ciência que nosso cérebro evoluiu para as
interações sociais. Inúmeros estudos com mamíferos, indo dos pequenos ratinhos aos
grandes gorilas, evidenciam que estamos profundamente afetados por nosso
ambiente social. Além disso, quanto mais nossa civilização evolui, mais se torna
importante o papel das interações entre as pessoas, de modo que os laços sociais
são determinantes para o nosso desenvolvimento integral como ser humano. Assim,
do ponto de vista científico, nosso bem-estar depende necessariamente de nossas
conexões com os outros.
Isso acontece porque nossas ações, sentimentos e pensamentos estão
intrinsecamente vinculados à linguagem, que nasce e se desenvolve imersa em um
mundo social. Com o avanço da neurociência, é possível entendermos cada vez mais
os processos cerebrais envolvidos no desenvolvimento e uso da linguagem e suas
relações com o pensamento e a comunicação. Contudo, o que ocorre nos cérebros
de duas pessoas enquanto elas estão engajadas em uma interação social é muito
pouco conhecido.
Dois pesquisadores da Universidade da Califórnia, Margaret Wilson e Thomas
Wilson, propuseram em 2005 um modelo teórico segundo o qual diversos
“osciladores” existentes no cérebro seriam a chave para o processo de interação entre
as pessoas. Eles são nada mais que populações de neurônios que apresentam,
coletivamente, uma periodicidade, um ritmo em suas atividades.
Esses osciladores endógenos já são conhecidos na literatura científica e estão
ligados a uma série de processos cognitivos, como a percepção, o controle motor e a
atenção. O que os autores fizeram foi estender a ideia de ativação acoplada ou
sincronismo neuronal para entender o mecanismo das interações entre os indivíduos.
Segundo esses pesquisadores, durante uma interação social (como em um
diálogo) vários osciladores no cérebro da pessoa que ouve têm sua frequência de
atividade afetada por alguns dos osciladores do cérebro da pessoa que fala. E, nessa
interação oscilatória, os dois cérebros se sincronizam. Uma boa metáfora para
entender esse processo é a imitação.
Quando uma criança imita imediatamente um gesto que alguém está fazendo,
ela estaria em perfeita sincronia interativa: o que o outro faz leva a criança a fazer
18
exatamente a mesma coisa justamente por causa da interação entre eles. Note que
esse exemplo é metafórico, referindo-se apenas às semelhanças motoras dos gestos.
Fonte: epocanegocios.globo.com
Para Wilson e Wilson, esse processo é muito mais profundo e apontaria para
uma capacidade humana intrínseca de perceber e produzir eventos de maneira
sincronizada com outras pessoas em um ambiente social.
Essa proposição teórica recentemente tem sido colocada a teste dado o
surgimento de uma nova técnica denominada hyperscanning. Ela permite investigar
os mecanismos neurais durante as interações sociais em tempo real ao registrar,
simultaneamente, as atividades neurais entre múltiplos sujeitos. Isso permite, por
exemplo, registrar ao mesmo tempo os cérebros de duas pessoas envolvidas em uma
conversa.
Essa técnica tem sido aplicada tanto com ressonância magnética funcional
(fMRI) quanto com eletroencefalografia (EEG), e os resultados obtidos até o momento
têm sido bastante reveladores.
Uma pesquisa com EEG revelou uma sincronização na atividade cerebral de
dois indivíduos quando eles tocavam guitarra juntos.
19
Outro estudo, de 2016, que comparou o sincronismo neuronal de indivíduos em
situações de cooperação ou competição, evidenciou uma sincronização
significativamente maior de populações neuronais de determinadas regiões dos
cérebros dos participantes quando cooperavam do que quando competiam.
Ao se pensar a escola, não há dúvida alguma acerca da influência do ambiente
social e suas interações no desenvolvimento da criança. Assim, a necessidade de
pesquisas que possam, da maneira mais natural possível, investigar o que ocorre no
cérebro dos alunos durante uma aula é fundamental para quem trabalha com
neurociência e educação.
Em uma pesquisa recente, publicada em abril de 2017, a pesquisadora
Suzanne Dikker, da Universidade de Nova York, e colaboradores de outras
instituições, como o Instituto de Linguística da Universidade de Utrecht e o Instituto
Max Planck, investigaram o sincronismo entre os cérebros de estudantes em uma sala
de aula real. Usando um equipamento de EEG portátil, os pesquisadores registraram
simultaneamente a atividade cerebral de uma turma de 12 alunos do ensino médio em
11 aulas regulares distribuídas ao longo de um semestre.
As medidas foram tomadas enquanto os alunos faziam diferentes atividades
escolares, como assistir ao professor explicando um determinado conteúdo, ver
vídeos sobre o tema e participarem de discussões em grupo, sempre em aulas de 50
minutos, aproximando-se o máximo possível das condições reais de uma sala de aula.
O objetivo principal dos pesquisadores era explorar a hipótese de que a
atividade neural sincronizada em um grupo de alunos seria capaz de predizer
envolvimento em sala de aula e nas dinâmicas sociais. A ideia era encontrar possíveis
marcadores neurais de engajamento social durante interações no ambiente escolar.
Os pesquisadores também combinaram a técnica de hyperscanning com
autorrelatos dos estudantes com diferentes questionários, sobre como se sentiam ao
longo das aulas, como era o professor, qual era a afinidade com os grupos, entre
outros.
20
Fonte: www.google.com.br
22
Fonte: mastercoachingexecutivo.com.br
Neste momento da história, o que notamos é que essa espera muitas vezes
toma como fonte os conhecimentos produzidos pela neurociência. E, assim, uma vez
mais nos rendemos todos – com mais ou menos intenção – à reprodução de uma
circunstância que já sabemos que devemos combater. É uma tragédia denunciada.
Se a tomamos por denúncia é porque nos dedicamos ao intuito de alcançar
seus determinantes de uma perspectiva genética. E, assim, não podemos nos furtar
da tarefa de composição de um anúncio, ou seja, da oferta de possibilidades de
superação que, no mínimo, também nos convide a todos a refletir de maneira mais
consistente sobre os processos que constituem e definem as atividades de estudo e
aprendizagem.
Nesse sentido, importa que retomemos a compreensão acerca do vínculo entre
psicologia e pedagogia.
Partilhamos a convicção teórico-metodológica de que, se esse vínculo for
adequadamente compreendido, ele pode esclarecer a unidade que, realmente,
constitui as dimensões biológicas, culturais, psicológicas e sociais da educação.
Na direção dessa compreensão adequada, devemos resgatar o marco da
psicologia soviética que, ainda em 1927, acentuou a interface biologia e cultura na
definição dos processos educativos. Não seria, portanto, apressado dizer que
Vigotski, o eminente representante dessa escola, esclareceu que, na verdade, os
dispositivos neurais nunca estiveram à margem dessa interface.
23
O funcionamento cerebral é, exatamente, a base sobre a qual a cultura se
assenta. Ela o transforma. Mas, sem eles, a possibilidade da transformação nem
sequer existiria.
Para efetivarmos esse resgate, priorizamos a reflexão acerca de um dos
conceitos oriundos da psicologia soviética mais disseminados no meio
educacional: zona de desenvolvimento proximal.
Não é incomum observarmos, seja em espaços de discussão acadêmica, seja
no cotidiano de atuação dos professores nas escolas, a identificação da ideia de zona
de desenvolvimento proximal com “a gota d’água”, o “clique” ou o “insight” que faltava
para que a criança atingisse o nível de aprendizagem necessário estipulado por algum
tipo de critério que, usualmente, também não se sabe precisar.
Atrelada a essa compreensão, surge a ideia de mediação, definida como a
tarefa de apoio, auxílio ou espécie de presença significativa que o professor oferece
ficando “entre” o aluno e o conhecimento que ele deve acessar.
Anunciamos, pois, que endossamos aqui o entendimento de que essa é uma
compreensão equivocada do conceito elaborado por Vigotski. Ao propor essa
formulação, o psicólogo russo acentuava a relação entre a aprendizagem já alcançada
e aquela que se pretende conquistar com o recurso do processo de instrução. Isso
significa que as aprendizagens já consolidadas se vinculam àquelas que ainda podem
ser conquistadas. É a compreensão de que “aquilo que pode ser” de alguma forma já
está expresso “naquilo que é”.
Para a psicologia histórico-cultural, os conhecimentos científicos
universalizados pela cultura humana devem ser transmitidos pelos professores na
escola porque as funções psíquicas superiores (atenção, pensamento, memória etc.)
só se desenvolvem na presença de conhecimentos que as requeiram.
24
Fonte: observador.pt
Possíveis aproximações
25
Eis, agora, mais uma vez nossa defesa primordial: a prática educativa é o
coração dessa unidade. E exatamente por isso cabe a todos nós, que de muitas
maneiras lidamos com a educação, o entendimento de que biologia, cultura e
interação social são dimensões que a constituem integralmente. Com isso, queremos
dizer que, se avançamos na compreensão dos processos que determinam o seu
funcionamento biopsicossocial, avançamos também na direção da organização dos
procedimentos didáticos que podem conduzir a sua operacionalização de maneira
cada vez mais eficiente.
Vigotski afirmou que o desenvolvimento segue rumos revolucionários e que o
encontro humano é muito mais do que uma interação que influencia nossos modos de
agir no mundo. Ele produz, isso sim, transformações genéticas, psiquismos que se
desenvolvem conjuntamente porque se conectam materialmente.
Ansiamos que essa reflexão assuma os contornos de um convite à
compreensão de que aquilo a que nos dedicamos é um fenômeno único, mas
multideterminado. Não é uma disputa. Mas carece sempre de que não abramos mão
do rigor.3
Nosso cérebro é tão complexo quanto fascinante, com quase 100 bilhões de
neurônios interconectados em redes altamente sofisticadas que interagem com
células gliais. A neurociência explora a organização e o funcionamento do cérebro
(mais amplamente, do sistema nervoso), saudáveis ou doentes, da molécula ao
comportamento, e em todas as fases da vida.
A janela aberta pela neurociência no autoconhecimento e no comportamento
humano gera crescente curiosidade na mídia, e às vezes suscita forte controvérsia.
Assim, a neurociência acaba sendo tema de notícias, surgindo inclusive
disciplinas como neuroeducação ou neuromarketing, mostrando como o
conhecimento que geram tem desenvolvimentos em muitas áreas. As abordagens
modernas permitem desvendar os circuitos envolvidos nas várias tarefas, sensações,
emoções e até pensamentos.
26
Fonte: www.google.com.br
27
deficiências importantes, ao capturar e traduzir os sinais cerebrais para o controle, ou
levar informações ao cérebro.
Certamente a neurociência, em interação com muitas outras disciplinas,
permite compreender melhor o cérebro, suas funções e suas patologias, com múltiplas
implicações para a sociedade. Mas não têm uma resposta para tudo. Poderá um dia
ser criado um cérebro idêntico ao nosso, ou ainda mais poderoso? Diante da mídia e
da pressão social para otimizar e curar o cérebro, nossa responsabilidade como
neurocientistas não é alimentar a esperança gerada pelo conhecimento desse órgão
tão misterioso quanto emocionante, com uma neurociência-ficção.
É impossível examinar o inconsciente sob o microscópio!
Durante o estudo fisiológico do sistema nervoso, a neurociência une biologia,
química, matemática, bioinformática ou neuropsicologia, mas a psicanálise como
método é muitas vezes excluída desse campo transdisciplinar. Há quem acredite na
neurociência como a esperança de poder transplantar neurônios para recuperar ou
curar a degeneração do Alzheimer, destruindo as proteínas amilóides que comprimem
os neurônios responsáveis pela doença. Sem prejuízo dessas expectativas, o destino
humano, longe de ser apenas exclusivamente biológico, não pode ignorar a fala e a
cultura como parte da realidade introduzida pelo significante.
Sabemos que o discurso científico sonha em reduzir o fato psíquico a uma
secreção neuronal, da forma como o fígado secreta a bile (como esperava La Mettrie,
no século XVIII) ou relacionar o desejo com o funcionamento hormonal, quando a
sexualidade humana é acima de tudo subordinada a múltiplos determinantes,
linguísticos, imaginários e culturais.
28
Fonte: www.carloslegal.com.br
29
constitutiva entre declaração e enunciação, entre conhecimento e verdade, entre
corpo e prazer.
Como o correlato neural dos comportamentos não foi demonstrado, o exame
das condições para a validade epistemológica das avaliações científicas se revela
essencial, tanto para contrariar o frenesi que caracteriza a ação científica, técnica e
comercial, como para invalidar a ilusão de conhecimento total do produto.
A neurociência não pode reduzir a subjetividade humana a um fenômeno
observável sob imagens médicas.
A neurociência não está relacionada com o modelo biopolítico das
racionalidades científicas voltando-se para a ideologia do poder a favor das aplicações
cognitivas em economia, marketing, direito ou inteligência artificial em um contexto
“trans- humanista”.
Finalmente, se as neurociências permitem alguns avanços, elas não podem
resolver todas as questões sem assumir o papel de demiurgo, pois é importante evitar
que uma razão totalitária nos leve a uma sociedade de seres cibernéticos incapaz de
garantir a dignidade humana.
30
Fonte: hugo.org.br
31
O que é a neurociência comportamental?
Fonte: osegredo.com.br
32
Nós, seres humanos, conseguimos nos observar e analisar o mundo ao nosso
redor: como nos comportamos diante de uma situação, as pessoas que imitamos, o
desenvolvimento de uma linguagem, a comunicação e os relacionamentos.
Estamos inseridos em uma sociedade com regras e costumes e sentimos, com
o passar dos anos, a necessidade do autoconhecimento para lidarmos com as difíceis
situações da vida pessoal e também do ambiente de trabalho. Assim, decidimos quais
são as regras e valores que seguimos e quais são os que deixamos para trás.
Quando trazemos isso para o ambiente de trabalho, um dos exemplos é quando
um funcionário é demitido de uma empresa porque não conseguiu se adaptar com a
cultura organizacional. Ele tem os seus próprios valores, crenças e costumes,
contudo, aquela empresa tem uma visão e uma maneira de agir diferente.
Quando procuramos entender como o corpo biológico reage a essas situações,
é possível relacionar o autoconhecimento com a neurociência comportamental: as
emoções e sentimentos são provenientes do sistema nervoso. Isso porque as
emoções são um mecanismo de memória que determina como devemos nos
comportar diante de variadas situações.
Fonte: fundacaotelefonica.org.br
33
comportamentais (diferente da psicologia), utilizando aparelhos de ressonância
magnética, tomografia e demais instrumentos que permitem a observação do cérebro.
A neurociência ajuda a entender a aprendizagem por meio de cinco questões
principais:
-Emoções: interferem no processo de retenção das informações;
-Motivação: necessária para aprender;
-Atenção: fundamental para o processo de aprendizagem;
-Memória: associação de um conhecimento já adquirido;
-Plasticidade cerebral: como o cérebro se modifica ao longo da vida.
34
Entendendo a neurociência comportamental, também podemos fazer uma
análise mais precisa de nós mesmos, que precisamos estar sempre em busca do
autoconhecimento. O ser humano nunca será uma máquina com cálculos perfeitos,
mas a neurociência comportamental ajudará a controlar o que fazemos por impulso e
também a analisar aspectos da nossa personalidade.
A neurociência é um estudo do sistema nervoso que visa compreender o seu
funcionamento, desenvolvimento e também as suas constantes alterações. Conhecer-
se por meio dela é importante até mesmo para melhorar a sua forma de adquirir
conhecimento e guardar informações.4
Fonte: mgracac1.wordpress.com
35
De acordo com pesquisa realizada pelo CCL (Center for Creative Leadership),
em 2013, apenas 58% dos líderes foram treinados para enfrentarem esse desafio.
Apesar de terem consciência da importância de investirem na formação de seus
líderes, quando se trata de comprovar o resultado que será obtido com os
treinamentos que atuam na formação de habilidades comportamentais, faltam
argumentos e provas concretas. É aqui que entra a Neurociência.
Fonte: www.ineditacursos.com.br
Dominar a arte de liderar pelo exemplo, inspirar e motivar uma equipe são
algumas das competências que permitem explorar o potencial máximo dos liderados,
mas não são fáceis de serem desenvolvidas. O que poucas pessoas sabem, ou falam,
é que a ciência pode ser uma importante aliada nessa evolução.
Mais especificamente, as técnicas da Neurociência — estudo do sistema
nervoso — que podem e devem ser aplicadas aos programas de Treinamento e
Desenvolvimento (T&D) de líderes empresariais. “É cientificamente comprovado que
é possível trabalhar áreas específicas do cérebro que, quando acionadas,
desenvolvem características que podem ser fundamentais para liderar com eficiência”,
explica Arthur Diniz, sócio-fundador da Crescimentum.
Segundo Diniz, o cérebro é dividido em três partes e a principal região para o
desenvolvimento das competências de liderança é o córtex pré-frontal ou neocortex.
36
É ele o responsável por várias funções cognitivas de alto nível. Especificamente sobre
liderança, é nessa zona cerebral que se formam os propósitos, autoconfiança, controle
de humor e das emoções, tomada de decisões, estabelecimento de metas, priorização
e planejamento.
Os poderes da Neurociência não se restringem em fazer com que o gestor
adquira competências de liderança, mas também saiba usar as técnicas para
despertar determinados comportamentos nos liderados. Desta forma, é possível
potencializar os resultados e o desenvolvimento de todo o time.
37
executivos também são acompanhados por coaches, que dão feedbacks constantes
a cada atividade. Para finalizar, os líderes saem do treinamento conhecendo seus
perfis comportamentais e com um plano de ação completo desenhado.
É possível entender como o estudo da Neurociência é aplicado ao treinamento
de forma a obter os resultados esperados, por meio dos seguintes apontamentos:
1- O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões
quando testa hipóteses. Promover ambientes protegidos, como acontece no
treinamento de imersão, em que os participantes se sentem mais à vontade para
demonstrarem suas emoções e há mais confiança para aceitarem o desafio de testar
hipóteses e verificar seus resultados, é fundamental no campo do desenvolvimento
humano.
Fonte: blogrh.com.br
38
frustração, bem como receber feedbacks dos instrutores e de outros participantes do
curso.
3. A Neurociência comprovou que o cérebro se modifica aos poucos, fisiológica
e estruturalmente, como resultado da experiência.
Os participantes são encorajados em dinâmicas a aprenderem com os
resultados dos seus próprios comportamentos, testarem comportamentos diferentes,
investigarem novamente o resultado e fazerem um plano de ação, de como irá aplicar
a mudança comportamental que deseja.
39
está funcionando e o trabalho que implantamos e desenvolvemos há quase 10 anos
está ajudando na prática os executivos a tornarem-se líderes capazes de potencializar
resultados”, afirma Arthur Diniz.
O executivo lembra que esses comportamentos destacados pelo estudo são os
mais importantes no desenvolvimento de lideranças.
“O líder que compreende o caminho que a organização terá no futuro sabe
desenvolver a equipe por meio de feedbacks efetivos, consegue delegar tarefas de
maneira eficiente, dá o exemplo constantemente e adapta sua liderança de acordo
com o perfil de cada colaborador.
Fonte www.vendamais.com.br
40
supervisores se beneficiam da mesma forma das ferramentas que dispomos e da
simulação do ambiente corporativo que proporcionamos”, garante Diniz.5
Seu cérebro é incrível, tem muito mais potencial do que você usa e, eu sei, eu
sei…você já escutou isso mil vezes. Mas como colocar esse potencial todo para jogo
no dia a dia? Muitas pistas sobre isso têm sido dadas por pesquisas da neurociência.
Das inúmeras teorias baseadas em estudos, quero falar hoje das consolidadas.
Muitas delas estão descritas no ótimo livro "Como Ter Um Dia Ideal", de
Caroline Webb, um compilado de conhecimentos científicos escritos de forma prática
e acessível para ajudar as pessoas a produzir mais. Boa parte do que há ali se baseia
na simples constatação de que o nosso cérebro opera em dois sistemas — o
deliberado, que cuida de tarefas sofisticadas, como equilíbrio emocional, raciocínio e
planejamento; e o automático, que filtra tarefas para automatizá-las e criar atalhos
para acessar informações e poupar o sistema deliberado.
Sobrecarregado, o deliberado torna você menos racional e equilibrado. E ele
se sobrecarrega facilmente! Já o sistema automático faz com que você pressuponha
muitas coisas e cria linhas cruzadas na comunicação.
41
E isso não é especulação. Então por que perder tempo indo atrás de soluções
milagrosas quando a ciência traz evidências de como seu cérebro opera?
1 – Você funciona melhor se anotar tudo o que vier à mente em vez de
tentar resgatar memórias.
Fonte: superintenso.wordpress.com
42
que constatou a média de 15 minutos para retomar a concentração t otal depois de
uma simples interrupção pela chegada de um e-mail.
Mais um dado: quando o sistema deliberado do cérebro fica sobrecarregado
por fazer várias coisas ao mesmo tempo, o equilíbrio emocional também fica
comprometido. Pense na ansiedade e na irritação que você sente quando tenta
resolver tudo de uma vez e é interrompido.
3 – Se você fica na defensiva com pessoas e situações, seu cérebro pode
dar "tiult".
O sistema de defesa do nosso cérebro, parte do modo automático que citei
acima, está programado para nos ajudar a vencer situações de risco. Pense num
animal ameaçador na selva nos tempos ancestrais e você entenderá que a reação
básica será lutar, fugir ou ficar paralisado. E o cérebro ainda funciona assim, mesmo
que os perigos que você enfrente no seu dia a dia de trabalho hoje sejam bem mais
frugais do que um leão pronto para devorar a sua família.
Uma pesquisa da Universidade de Yale mostrou que ser exposto ao estresse
negativo afeta o córtex pré-frontal, região responsável por boa parcela do sistema
deliberado. Ou seja, sentindo-se ameaçado, você comete mais erros, fica mais
impulsivo, pensa pior.
Como lidar com isso? Rastreando — e anotando — as "ameaças" mais comuns
no seu dia a dia, para trazê-las à consciência e tentar não reagir impensadamente a
elas. Ah, sim, a ameaça pode ser um colega que você não topa muito fazendo um
comentário corriqueiro sobre seu trabalho. Então, convém se precaver… da sua
reação acima do tom a isso!
4 – Ter metas focadas em ganhos é mais efetivo que pensar no que deseja
evitar.
43
Fonte: www.encontresuafranquia.com.br
As chamadas metas de evitação são aquelas focadas no que você não quer
("quero evitar perder a hora de novo"), enquanto as de aproximação são formuladas
de forma positiva, focando no que você deseja no lugar do que tem ("quero acordar
no horário e sair com antecedência”).
Uma pesquisa conduzida na Universidade de Rochester comprovou que o
segundo tipo deixa as pessoas mais propensas à realização. A razão por trás disso é
que o sistema de defesa do cérebro é ativado quando remetemos a situações ruins, o
que deixa você com menos recursos mentais para realizar qualquer coisa.
5 – Fazer um "ensaio mental" aumenta em mais da metade suas chances
de se repetir a boa performance que programou
Repassar o texto que vai falar em uma apresentação importante ou em uma
conversa com o chefe é mais importante do que se supunha. Visualizar o que deve
fazer a seguir é uma técnica bem conhecida no campo dos esportes e que é fetiva
porque ativa o cérebro de forma muito semelhante ao que seria a vivência real daquela
cena — a semelhança entre o ensaio e o que você executa depois dele fica entre 60
e 90% por cento!
A consequência do ensaio bem feito é a criação de caminhos neurais no seu
cérebro que aumentam as chances de que a cena de fato se repita na hora H, já que
tendemos a reproduzir aquele comportamento já "decodificado" no cérebro. Isso foi
44
comprovado em várias pesquisas e vem sendo amplamente utilizado no universo
corporativo.
Para aplicar a técnica, a recomendação é iniciar visualizando sucessos do
passado, usar a respiração para se manter focado e partir para a visualização da cena
com o máximo de detalhes sensoriais possível, do início ao fim.6
neurociencia-que-podem-multiplicar-sua-produtividade/
45
BIBLIOGRAFIA
VYGOTSKY, L.S. (1988). A formação social da mente. 2° ed. brasileira. São Paulo,
Martins Fontes.
46
VYGOTSKY, L.S. (1987). Pensamento e linguagem. 1° ed. brasileira. São Paulo,
Martins Fontes.
47