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ISBN 978-85-921858-0-0
S
Sobre a
autora....................................................................................................
............ 5
Introdução..............................................................................................
........................ 7
1. Do que estamos
falando?.............................................................................................8
1.1. O que é
Neurociência?........................................................................................
.... 8
1.3. O que é
neuroeducação?....................................................................................
.......9
1.4. O que é
aprendizagem?......................................................................................
....10
4. Neurogênese, neuroplasticidade e
aprendizagem..................................................... 32
4.1.
Memória.................................................................................................
............... 33
memorização........................................................... 36
4.3.
Atenção.................................................................................................
................ 37
4.4.
Emoção.................................................................................................
................ 37
Referências...........................................................................................
....................... 52
S
F
E P
Servidora Pública da Embrapa desde 2008. Em 2009 foi
cedida para o Ministério do Planejamento, onde atuou na
implementação da política de capacitação de pessoal civil e na
estruturação do programa de formação de multiplicadores em gestão
de pessoas. Em 2012 foi cedida para os Correios onde atuou como
assessora da Vice-Presidência de Gestão de Pessoas. Em 2015, foi
a responsável estratégica pela reestruturação da Universidade
Corporativa dos Correios. Em junho de 2016 retornou para a
Embrapa, para atuar no projeto de estruturação da educação a
distância, conduzida pelo Departamento de Transferência de
Tecnologia - DTT.
Professora-Adjunta da Faculdade Senac-DF onde ministra as
disciplinas do curso de graduação em Gestão de Recursos
Humanos: “Teoria e Técnicas de Grupo” e “Treinamento,
Desenvolvimento e Educação Corporativa”. Na Pós-graduação
ministra as seguintes disciplinas: Fundamentos da Educação
Corporativa, Logística de TD&E e Práticas Pedagógicas.
R
Como profissional da área de Treinamento, Desenvolvimento
e Educação-TD&E, professora de ensino superior e mais
recentemente como coach, seu maior interesse sempre foi em como
identificar e implementar estratégias que auxiliem os adultos a
aprenderem de forma mais efetiva e prazerosa, obtendo assim
melhores desempenhos na vida pessoal, profissional ou acadêmica.
Encontrou na neurociência a compreensão das estruturas
biológicas envolvidas nesse processo de aprendizagem, adquirindo
assim o respaldo científico necessário para a promoção de práticas
efetivas de aprendizagem e desenvolvimento de pessoas.
O conhecimento das últimas descobertas da neurociência a
auxiliou a ter segurança nas estratégias de ensino e aprendizagem
que defende e implementa, mas mais que isso, possibilitou e
possibilita auxiliar outras pessoas a compreenderem o seu processo
de aprendizagem e mudança.
E essa é a sua missão: Disseminar de forma simples e
didática as mais recentes descobertas da neurociência cognitiva e
suas implicações para o processo de aprendizagem, traduzindo-as
em aplicações práticas, seja para aquele que busca o seu próprio
aprimoramento, seja para aquele que queira contribuir para o
desenvolvimento de outras pessoas.
I
C G
As células gliais são, assim como os neurônios, células que
compõem o tecido cerebral. Os neurônios transmitem os sinais e as
células gliais asseguram a sua nutrição e o seu “isolamento”.
Isso é, a glia proporciona ao mesmo tempo a sustentação da
célula nervosa e a sua nutrição. Fiori (2008, p. 26) apresenta quatro
tipos de células gliais, que possuem diferentes funções:
i. Astrócitos: ocupam boa parte do espaço entre
os neurônios. Possuem complexas funções,
dentre elas, a de permitir a troca entre os
neurônios e o sangue. Além disso, têm um papel
na comunicação entre os neurônios intervindo no
metabolismo dos neurotrasmissores e na
regulação do equilíbrio iônico;
ii. A microglia é formada por células muito
pequenas que têm um papel de defesa contra
vírus e bactérias suscetíveis de atacar – e assim
destruir – os neurônios;
iii. Os oligodendrócitos envolvem os axônios
dos neurônios do sistema nervoso central; e
iv. As células de Schwann envolvem as fibras
nervosas do sistema nervoso periférico. Os
oligodendrócitos e as células de Schwann
fabricam mielina.
3. M V
4.1. M
Mora (2004) denomina memória como sendo o “processo
pelo qual conservamos o conhecimento ao longo do tempo. Os
processos de aprendizagem e memória modificam o cérebro e a
conduta do ser vivo que os experimenta” (apud Carvalho et al., 2012,
p. 540).
Para Izquerdo (2002) há tantos tipos de memória como
tipos de experiência, mas como o ser humano tem necessidade de
categorização, a memória não escapou a essa regra. Diferentes
autores a classificam de diferentes maneiras. Destacamos a seguir a
classificação mais recorrente na literatura:
4.1.1. A ,
4.1.2. A
A memória de longo prazo pode ser dividida em memória
explícita (declarativa) ou memória implícita (não declarativa) (Fiori,
2008).
4.1.2.1 Memória explícita (ou Declarativa): Episódica e
Semântica (Favre, 2010)
Memória episódica: refere-se à história pessoal, ligada a um lugar,
um momento, uma emoção e a um contexto particular. Em geral, os
eventos carregados de emoção são melhores conservados, mas
essa memória episódica é frágil, suscetível a qualquer
enfraquecimento e danos cerebrais, especialmente temporais e do
hipocampo.
Memória semântica: é a memória dos saberes, dos conhecimentos
gerais, da cultura pessoal. Ela engloba as aprendizagens
escolares e em seguida as profissionais, o conhecimento sobre si
mesmo e seu próximo. Ela compreende também o sentido das
palavras e dos conceitos.
4.1.2.2. Memória implícita: memória de procedimentos
(procedural), memória perceptual e memória prospectiva
Memória procedural: refere-se aos comportamentos automatizados
depois de uma aprendizagem, seja motora, gestual ou cognitiva.
Exemplo de aprendizagem cognitiva seria: lembrar-se sem esforços
de livretos aprendidos, a terminação de grupos verbais, uma receita,
um trajeto, o domínio de um software.
“Ela instala-se essencialmente por meio do processo de repetição e,
diferentemente da memória explícita, não se organiza em rede, mas
se limita ao aperfeiçoamento ou reforço das conexões em circuitos
específicos” (Cosenza & Guerra, 2011, p. 71-72).
Memória perceptual: conserva as informações sensoriais, os cheiros,
as impressões de temperatura. Ela permite a lembrança de uma
sensação de um evento específico, a forma de um objeto, a altura
dos degraus de uma escada. Essa memória é a que mais é ativada
involuntariamente (Favre, 2010).
Memória prospectiva: é a memória das coisas a serem feitas.
Memória prospectiva: “trata-se da habilidade de memorizar eventos
ou situações que estão por vir, ou o lembrar de lembrar” (Cosenza &
Guerra, 2011, p. 55).
Nos modelos mais recentes, a permanência na memória de
curto prazo não é suficiente para a memorização de longo
prazo: intervêm igualmente fatores como a profundidade de
processamento durante a codificação e a repetição mental,
as pesquisas na memória de longo prazo que permitem
organizar e processar a informação em curso de codificação
e estabelecer as ligações semânticas entre a nova
informação e os conhecimentos antigos. A informação não é
somente mantida, mas também processada. (...)
Possivelmente existem várias memórias de curto prazo que
correspondem a vários locais de armazenamento,
relacionados aos suportes de apresentação da informação
(visual, auditivo,...) e com a finalidade da permanência da
informação na memória de longo prazo (Fiori, 2008, p. 111).
4.2. P
4.3. A
A atenção é uma das funções mais importantes para o
aprendizado, pois “com ela, podemos, diante de uma variedade de
estímulos dos mais diferentes tipos, aos quais somos expostos
diariamente, definir o que é mais relevante em determinado momento
e focar nossa atenção para aprender algo sobre aquilo que nos
instiga” (Freitas et al., p.07).
4.4. E
Outro aspecto extremamente importante para a
aprendizagem é a emoção.
O sistema límbico - historicamente chamado de “cérebro
emocional” - é formado por tálamo, amígdala, hipotálamo e
hipocampo e é o responsável pela avaliação das informações,
decidindo que estímulos devem ser mantidos ou descartados.
A consciência da experiência vivenciada é atingida quando,
ao passar pelo córtex cerebral, compara-se a experiência
com reflexões anteriores. Assim, quando conseguimos
estabelecer uma ligação entre a informação nova e a
memória preexistente, são liberadas substâncias
neurotransmissoras – como a acetilcolina e a dopamina –
que aumentam a concentração e geram satisfação (Carvalho
et al., 2012, p. 542).
1- Propósito
Planejamento - Você planeja o seu estudo?
Objetivo - Você tem clareza do que você quer aprender?
Motivação - Você tem clareza do porque é importante você aprender
(o que você ganha ao aprender e o que você perde ao não
aprender)?
2- Ambiente de estudo
Local – O seu local de estudo possui uma cadeira confortável, com
espaço para apoiar material e fazer anotações, com boa iluminação
e ventilação?
Distratores – Você mantem longe do seu ambiente de estudo: celular,
TV, internet, livros e materiais sobre outros assuntos, dentre outros?
Sabotadores – Você se deixa interromper por sua família ou amigos?
3- Estratégia de estudo
Leitura ativa – Durante a sua leitura, você realiza resumos e explica
para você mesmo o que você acabou de estudar?
Revisão – Antes de avançar para um novo conteúdo, você revisa o
que você já aprendeu sobre determinado assunto?
Prática – Você faz exercícios referentes ao que você está estudando,
buscando resolver exercícios novos e de complexidade crescente, ao
invés de apenas olhar os exercícios resolvidos?
Constância – Você distribui as suas sessões de estudo, estudando
um pouco todos os dias, ao invés de concentrar os seus estudos em
apenas um dia da semana (ou do mês)?
4- Qualidade de vida
Atividade Física – Você realiza atividade física regularmente,
incluindo atividade aeróbica?
Alimentação – Você mantem uma alimentação saudável, evitando o
consumo de açúcar, e que inclua alimentos como peixes, brócolis,
azeite de oliva, frutas secas e castanhas?
Sono - Você dorme pelo menos 6 horas por dia?
P
O M
Já está comprovado que nenhum cérebro é igual na sua
capacidade de resolver os problemas e que a motivação para o tema
do novo aprendizado e o conhecimento prévio do assunto
influenciam no aprendizado. Além disso, a autoestima impacta na
aprendizagem e no desempenho acadêmico (Tokuama-Espinosa,
2008).
Assim, antes de tomar a decisão de que você quer aprender,
dedique tempo para você descobrir o que você quer aprender e por
que isso é importante para você.
Para começar, responda as perguntas abaixo:
D
O que você gosta de estudar ou fazer e que quando o faz, você
nem vê o tempo passar? Por que você gosta disso?
Você acha que é possível atingir o que deseja no tempo que está
disposto a se dedicar?
P
Para ser bem sucedido no seu processo de aprendizagem,
é importante que também dedique tempo planejando como você irá
aprender.
Por exemplo, busque responder de forma específica as
perguntas abaixo:
Com quem você vai aprender? Curso presencial ou à
distância; pessoas; livros.
Qual será a sua dedicação diária? Incluir tempo e horário.
Para quem decidir aprender de forma autodidata, qual será
a sequência do seu estudo?
Nesta etapa é importante que os materiais de estudo já
estejam em mãos, aí sim você está preparado para a etapa seguinte.
A
L
Algumas pessoas preferem estudar em casa. Outras
pessoas preferem estudar em uma biblioteca.
Todos possuem pontos positivos e negativos. Você deverá
avaliar qual é mais adequado para o seu contexto.
Em casa você pode ter a interferência da família – que
chama, que liga a TV, o som, que conversa entre eles, que te pede
um favor. Além disso, em casa podemos ser tentados a ficar na
cama, assistir TV, arrumar a casa, brincar com as crianças. Na
biblioteca, você poderá perder tempo com deslocamento.
Por isso, você deve escolher e planejar o seu ambiente de
estudo.
Se você optar por estudar em casa:
Prepare um espaço adequado para os seus estudos: com
uma cadeira confortável e uma mesa para apoiar o seu material e
fazer anotações; uma boa iluminação e ventilação.
Certifique-se de que o local é silencioso e arejado.
Compartilhe os seus objetivos e o seu planejamento de
estudo com as pessoas com quem você convive e pactue os
horários, para não ser interrompido.
Se você optar por estudar na biblioteca:
Escolha uma biblioteca perto da sua casa ou trabalho.
Escolha iniciar e terminar os seus estudos em horários que
não tenha muito trânsito.
Verifique se na biblioteca ou perto dela existe opção de
alimentação saudável, caso não tenha, leve de casa.
D
Elimine os distratores: celular sem dúvidas é o principal
deles. E caso você utilize outro dispositivo eletrônico, como por
exemplo o tablete ou o computador, certifique-se de que todas as
notificações estão desligadas e não acesse a internet durante as
sessões de estudo. Redes sociais, whastapp, ligações – você verá
que com um pouco de planejamento, tudo isso pode esperar.
Mas não consigo manter a atenção por muito tempo....
Não se culpe, não sofra! Todos nós somos assim.
Já é sabido que nossa capacidade de manter a atenção em
determinado estímulo é limitada, sendo difícil prestar atenção por
muito tempo. Assim, intervalos ou mudanças de atividades são
importantes para recuperar nossa capacidade de focar atenção
(Guerra, 2011, p. 8).
S :
Muitas vezes esses sabotadores são inconscientes. Trata-
se de pessoas que nos querem muito bem, e justamente por isso –
por quererem nossa presença – nos interrompem a todo instante,
tirando o nosso foco.
Estamos falando de nossos filhos,
marido/esposa/namorado(a), pais, que naquele momento crucial da
sua atenção ‘clama’ o seu nome... e lá se vai sua atenção e
concentração.
Ou, em alguns casos, é aquele(a) amigo(a), que não
sabendo dos seus projetos te liga no meio da sua tarde de estudo te
chamando para o seu programa favorito... Difícil resistir, né!?
Então, o que fazer?
Simples: negocie!! Transforme os seus sabotadores em
parceiros! Compartilhe os seus projetos, os seus objetivos e o quão
isso é importante para você, e o que você ganhará ao atingir sua
meta.
Informe os seus horários de estudos e ao concluí-los,
permita-se um momento de descanso com essas pessoas que te
querem bem!
E
C
Nosso cérebro só retém aquilo que passou pela
compreensão.
Quando nos deparamos com um processo de
aprendizagem com o qual não temos familiaridade nenhuma com o
assunto e que, além disso, a estratégia de aprendizagem adotada
(seja o professor, o livro ou outro meio) não nos permita fazer
vinculação com o que já sabemos, correremos o sério risco de
sermos improdutivos e com isso gerar frustrações e sensação de
incompetência.
Não avance nos seus estudos com dúvidas. Pois, como a
aprendizagem é estruturada para ser algo progressivo, isto é, cada
vez mais complexo, você pode aumentar ainda mais a distância
entre o que você sabe e o que você está tentando aprender.
Algumas dicas para superar a falta de compreensão:
Identifique as lacunas.
Busque identificar quais são os conhecimentos e/ou
habilidades que te impedem de avançar. E identifique estratégias
para superá-las e seguir adiante.
Busque alternativas.
Se você não entendeu lendo um livro, busque ajuda de um
professor. Se você não entendeu com o professor, assista a um
vídeo sobre o assunto, e assim por diante.
R
Distribua a sua aprendizagem
O nosso cérebro é como um músculo. Já imaginaram o que
aconteceria com uma pessoa que malha um único dia da semana,
durante 7 horas? Alguém que deseja desenvolver os seus músculos
precisa malhar um pouco todos os dias, preferencialmente
intercalando grupos musculares, pois é no descanso que o músculo
cresce.
Da mesma forma acontece com a aprendizagem. Se em
uma semana eu estudo um único dia, um único assunto durante 7
horas, ficarei cansada e possivelmente com uma sensação de estafa
mental. E quando retornar aos estudos uma semana mais tarde,
provavelmente não lembrarei muita coisa.
Por isso, é importante distribuir o estudo. Isto é, é preciso
intercalar estímulo e descanso, permitindo que a aprendizagem
passe da memória de curto prazo para a memória de longo prazo.
Faça resumos manuscritos
Já está comprovado que escrever à mão desenvolve
estruturas neurais mais fortes do que a digitação, por isso, é melhor
para a memória.[1]
Construir mapas mentais pode ser uma boa alternativa (se
bem construídos!! isto é, não vale ser copiado de outra pessoa, por
exemplo).
Revise
A revisão é muito importante para fortalecer as conexões
neurais.
Para uma informação se fixar de forma definitiva no cérebro,
ou seja, para que se forme o registro ou traço permanente, é
necessário um trabalho adicional. Os estudos da psicologia
cognitiva indicam que, nesta fase, são importantes os
processos de repetição, elaboração e consolidação. (...)
Nesse processo, observamos a repetição do uso da
informação, juntamente com sua elaboração, ou seja, sua
associação com os registros já existentes, o que fortalece o
traço de memória e o torna mais durável (Cosenza & Guerra,
2011, p. 62).