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FORMAÇÃO EM AVALIAÇÃO

PSICOLÓGICA E NEUROPSICOLOGIA

INTRODUÇÃO A
NEUROPSICOLOGIA:
CONCEITOS BÁSICOS E
FUNÇÕES COGNITIVAS
Profa. Kariny Patricio
como funciona a transmissão neuronal? - sinapses são essa comunicação entre neurônios

O que é Neuropsicologia?

- A Neuropsicologia é uma especialidade da Psicologia, responsável por


estudar e compreender a forma como o cérebro afeta as funções
cognitivas.

- Dentre essas funções, podemos citar a memória, atenção, capacidade de


julgamento, o raciocínio, as emoções e o comportamento. juízo

- O objetivo da Neuropsicologia é compreender a função dos sistemas


cerebrais em formas complexas de atividades da mente.
A Neuropsicologia do
Ser Humano
- Desde a antiguidade, o ser humano observou uma possível relação entre o
cérebro e o seu comportamento, em busca de explicações acerca do
pensamento humano. Ao longo dos séculos, essas questões se
desenvolveram e estiveram presentes, em muitos aspectos.

- Atualmente, esta discussão ganhou forças com o desenvolvimento da


neurociência. A partir de avanços tecnológicos e científicos, observa-se uma
investigação mais complexa e profunda da atividade cerebral e sua correlação
com o comportamento humano.
A Neuropsicologia do
Ser Humano
- A crescente neurociência tem provocado cada vez mais a convergência de
diversas disciplinas – tais como neuroanatomia, neurofisiologia, neuroimagem,
neurologia, psicologia, psiquiatria, e mais recentemente, genética, inteligência
artificial e engenharia – com intuito de estudar as várias relações entre o
comportamento e a atividade cerebral.

- Assim, o psicólogo vem conquistando um grande destaque, especialmente


com a prática da neuropsicologia que pode ser considerada como uma das
disciplinas que compõe a tentativa de síntese representada pela neurociência
cognitiva como uma possibilidade de uma moderna ciência da mente.
A Neuropsicologia do
Ser Humano
- Apesar de óbvia a concepção de que o sistema nervoso relaciona-se com o
comportamento e processos mentais, foram necessários vários séculos para
que essa ideia se tornasse sólida e aplicável à prática clínica.

- Desta forma, os pilares da neuropsicologia partem da busca pela


compreensão sobre a relação entre o organismo e os processos mentais até o
estágio atual, em que buscamos compreender como o sistema nervoso
modula nossas funções cognitivas, comportamentais, motivacionais e
emocionais.
A Neuropsicologia do
Ser Humano
- A neuropsicologia refere-se, então, ao estudo das relações entre a cognição, o
comportamento humano e a atividade do sistema nervoso em condições
preservadas ou alteradas. funcionais ou disfuncionais

- Além disso, possibilita integrar ao diagnóstico a história clínica do sujeito, as


diferenças individuais, as características ambientais e comportamentais, assim
como a história de tratamentos anteriores. como o evento se apresenta para o individuo e como ele
interpreta aquilo atraves de seus vieses ontológicos

- A atuação do neuropsicólogo se dá, principalmente, na avaliação (exame


neuropsicológico) e no tratamento (reabilitação cognitiva). O exame
neuropsicológico deve promover e aprofundar o conhecimento do
funcionamento cerebral, permitindo avaliar como se desenvolvem os
processos psicológicos, linguísticos e perceptuais.
A Neuropsicologia do
Ser Humano
- Seu estudo e prática oferecem oportunidade de correlacionar conhecimentos
clínicos permitindo não somente a precisão diagnóstica, como também
possibilidades terapêuticas por meio da reabilitação cognitiva. auxilia no "raio x" do paciente

- Assim, a importância do estudo das capacidades cognitivas justifica-se pela


influência determinante da cognição sobre a emoção e o comportamento da
criança. As funções neuropsicológicas se desenvolvem na dependência de
vários fatores, por meio de uma interação dinâmica e contínua das
experiências ambientais e sociais. Por isso, é necessário não apenas identificar
os fatores que interferem nesse processo, mas também sua influência.
quais contigentes reforçaram ou extinguiram um comportamento?
quais variaveis devem ser levadas em consideração?
Funções Cognitivas

- O termo “cognição” diz respeito ao conjunto de habilidades relacionadas à


capacidade de percepção, atenção, raciocínio, solução de problemas, tomada
de decisão, planejamento das ações e comunicação verbal e não-verbal. Isto é,
aquilo que antigamente Luria denominava “funções mentais superiores” ou
Vygotsky chamava de “processos ou funções psicológicas superiores”.

- Autores definem as funções cognitivas como os processos estruturais e


complexos do funcionamento mental que, quando combinados, fazem operar
e organizar a estrutura cognitiva.
Funções Cognitivas

- Neste sentido, pode-se perceber que ao longo dos anos, o termo “cognição”
ganhou muitas outras nomenclaturas tais como operações ou estruturas
mentais, funções corticais superiores e processos cognitivos, foram dadas por
diversos autores ao mesmo conceito.

- Mas independente da denominação, essas funções dizem respeito às


habilidades mentais relacionadas à capacidade de percepção, atenção,
memória, linguagem, habilidades visuo-construtivas, pensamento, raciocínio,
funções executivas, entre outras.
Funções Cognitivas: Bases
Neuroanatômicas e Circuitarias
- O cérebro humano sempre despertou interesse nas mais diversas áreas
científicas. Entretanto, foi apenas em 1891, a partir dos trabalhos de Ramón y
Cajal, que tomamos conhecimento da unidade básica do cérebro: o neurônio.

- Desde então, podemos observar um crescente acúmulo de conhecimento


acerca da composição e funcionamento do cérebro, principalmente em
questões relacionadas à localização das funções mentais surgiam através do
debate entre os localizacionistas e os holistas.

- Segundo o localizacionismo, o cérebro atua de forma fragmentada, onde cada


uma das regiões seria responsável por uma função mental e comportamental
específica. Esta visão deriva da frenologia elaborada por Franz Joseph Gall no
início do século XIX. cada função mental estava em uma região especifica do cerebro
Funções Cognitivas: Bases
Neuroanatômicas e Circuitarias
- Gall acreditava que ao analisar a superfície do crânio, seria possível saber se
uma faculdade mental era bem desenvolvida ou não. Os trabalhos de Paul
Broca (em relação o centro do controle da fala) e Karl Wernicke (em relação à
área de compreensão da fala) ofereceram evidências sólidas sobre essa
questão. como não havia exames de neuroimagem ainda, eles achavam que isso seria verdade

- Entre os grandes opositores do localizacionismo, destaca-se o neurologista


Hughlings Jackson. Para ele, os processos mentais deveriam ser associados
ao cérebro não por sua localização em áreas específicas, mas sim através de
uma compreensão hierárquica do sistema nervoso. A visão localizacionista foi
superada por um novo conceito de função: o holismo.
Funções Cognitivas: Bases
Neuroanatômicas e Circuitarias
- Para os holistas, não haveria uma especificidade regional no cérebro, o qual
controlaria o comportamento atuando como um todo, mas todas as regiões
colaborariam num determinado momento na execução de uma tarefa. as funções são
multideterminadas

- Estudos como os de Ivan Pavlov, Lev Vygotsky e Aleksandr Luria auxiliaram


no fortalecimento de uma visão que integrava os princípios localizacionistas e
holistas.

- Por exemplo, Luria postula o conceito de “sistemas funcionais”. Em sua teoria,


as funções mais elementares poderiam até ser localizadas, mas os processos
mentais geralmente envolviam sistemas que atuavam em conjunto,
situando-se em áreas distintas do cérebro.
Sensação e Percepção

- Desde William James (1890), as habilidades associadas ao ato de percepção


são alvo de interesse em estudos na área da psicologia. Entretanto, é com a
psicologia da Gestalt e estudiosos como Wertheimer, Koffka, Kohler que o
tema ganha força. Segundo Johnson (1997), investigações sistemáticas sobre
o desenvolvimento perceptivo não foram relatados até cerca de trinta e cinco
anos atrás, com o trabalho pioneiro de Robert Fantz.

- A sensação é um fenômeno que ocorre quando um sistema sensorial detecta


um estímulo ambiental através de órgãos e células especializadas. As
sensações são tão importantes quanto o pensamento em si. Sem elas, os
processos psicológicos básicos não aconteceriam, pois toda ideia é composta
por sensações simples.
a sensação é responsavel por trazer para dentro de nós, o que está no ambiente externo
Sensação e Percepção

- A percepção (tomada de consciência dos estímulos sensoriais) é definida


como o conjunto de processos ativos pelos quais selecionamos,
reconhecemos, organizamos e interpretamos as sensações. na psicoterapia, nós trabalhamos
função ativa, nós que escolhemos e interpretamos os estímulos sensoriais com a mudança de percepção acerca
dos fenomenos
- A percepção pode ser influenciada por fatores internos tais como o estado
psicológico, a motivação, as expectativas e as experiências passadas; e por
fatores externos tais como a intensidade do estímulo, contraste, tamanho,
forma, cor, movimento entre muitos outros.
"como voce percebeu isso?" - tomada de consciencia influenciada pela cultura e historia do sujeito
- Através da percepção, o cérebro analisa e interpreta suas impressões
sensoriais, para lhes atribuir significado cognitivo. Isto é, acrescentamos aos
estímulos ambientais elementos da memória, do raciocínio, do juízo e do afeto,
integrando às qualidades objetivas dos sentidos outros elementos subjetivos
Sensação e Percepção

- A maioria de nossas experiências perceptivas é composta de sensações


múltiplas e simultâneas em diferentes modalidades sensoriais, denominada
percepção intermodal ou intersensorial. essa relação causal não pode ser aplicada nas funções, ela é
multipla, simultanea, não linear, multideterminada.

- No entanto, não percebemos um conjunto de sensações singulares, mas sim


um mundo de objetos e eventos multisensoriais unificados. Um exemplo é o
ato de vermos e ouvirmos uma pessoa falar. enquanto ouvimos e vemos uma aula, escrevemos, penssamos,
etc

- Todo o aparato sensorial é essencial para o aprendizado do bebê sobre o


mundo. Os recém-nascidos entram em contato com o meio através de todos
os órgãos sensoriais em pleno funcionamento, graças ao desenvolvimento do
organismo durante a vida pré-natal.
Sensopercepção - Dalgalarrondo

- A sensação é considerada, portanto, um fenômeno passivo. Já a percepção,


um fenômeno ativo; o sistema nervoso e a mente do sujeito constroem um
percepto por meio da síntese dos estímulos sensoriais, confrontados com
experiências passadas registradas na memória e com o contexto sociocultural
em que vive o indivíduo e que atribui significado às experiências.

- Delimitação dos conceitos de IMAGEM, REPRESENTAÇÃO e IMAGINAÇÃO:

1. O elemento básico do processo de sensopercepção é a imagem perceptiva


real, ou simplesmente “imagem”. A imagem senso perceptiva se caracteriza
pelas seguintes qualidades:
Sensopercepção - Dalgalarrondo

▪ Nitidez (contornos precisos)


▪ Corporeidade (imagem viva, com luz, brilho, cores vivas)
▪ Estabilidade (a imagem percebida é estável; enquanto estiver presente o
objeto estimulador, a imagem não muda de um momento para outro)
▪ Extrojeção (a imagem, provinda do espaço exterior, também é percebida nesse
espaço)
▪ Ininfluenciabilidade voluntária (o indivíduo não consegue alterar
voluntariamente a imagem percebida)
▪ Completude (a imagem apresenta desenho completo e determinado, com
todos os detalhes diante do observador)
Sensopercepção - Dalgalarrondo

- É preciso distinguir o fenômeno IMAGEM do fenômeno REPRESENTAÇÃO.

- Diferente da imagem, a representação (ou imagem representativa, ou


mnêmica) se caracteriza por ser apenas uma revivescência de uma imagem
sensoperceptiva determinada, sem que esteja presente o objeto original que a
produziu. quando alguem fala de uma baleia, temos uma imagem em nossa mente, mesmo sem estar vendo uma baleia

- A diferença entre a experiência vívida da sensopercepção e as experiências da


imaginação e da representação é bem descrita pelo criador da psicologia
empírica, o filósofo inglês David Hume:
Sensopercepção - Dalgalarrondo

Todos admitirão sem hesitar que existe uma considerável diferença entre as
percepções da mente quando o homem sente a dor de um calor excessivo ou o
prazer de um ar moderadamente tépido e quando relembra mais tarde essa
sensação ou a antecipa pela imaginação.

Essas faculdades podem remedar ou copiar as percepções dos sentidos, mas


jamais atingirão a força e a vivacidade do sentimento original. O máximo que
podemos dizer delas, mesmo quando operam com todo o seu vigor, é que
representam o seu objeto de maneira tão viva que quase se poderia dizer que os
vemos ou sentimos. O mais vivo pensamento é ainda inferior à mais embotada
das sensações.
ex: pessoa começa a chorar por estar pensando/revivendo na mente uma situação ruim/traumática
Sensopercepção - Dalgalarrondo

2. Representação é, portanto, a reapresentação de uma imagem na consciência,


sem a presença real, externa, do objeto que, em um primeiro momento, gerou
uma imagem sensorial. A representação se caracteriza por:

• Pouca nitidez (contornos geralmente são borrados)


• Pouca corporeidade (a representação não tem a vida de uma imagem real)
• Instabilidade (a representação aparece e desaparece facilmente do campo da
consciência) como se fosse um lapso
• Introjeção (a representação é percebida no espaço interno)
• Incompletude (a representação demonstra um desenho indeterminado,
apresentando-se geralmente incompleta e apenas com alguns detalhes)
Sensopercepção - Dalgalarrondo

- A IMAGINAÇÃO é uma atividade psíquica, geralmente voluntária, que


consiste na evocação de imagens percebidas no passado ou na criação de
novas imagens.

- A imaginação, ou processo de produção de imagens, geralmente ocorre na


ausência de estímulos sensoriais. ex: bebe que brinca com objetos que não são realmente brinquedos

- A fantasia, ou fantasma, é uma forma de imaginação, uma produção


imaginativa, produto minimamente organizado do processo imaginativo.

- No sentido psicanalítico, pode ser consciente ou inconsciente e tem como


função psicológica, ajudar a lidar com frustrações e conflitos.
Sensopercepção - Dalgalarrondo

- A IMAGINAÇÃO é uma atividade psíquica, geralmente voluntária, que


consiste na evocação de imagens percebidas no passado ou na criação de
novas imagens.

- A imaginação, ou processo de produção de imagens, geralmente ocorre na


ausência de estímulos sensoriais.

- A fantasia, ou fantasma, é uma forma de imaginação, uma produção


imaginativa, produto minimamente organizado do processo imaginativo.

- No sentido psicanalítico, pode ser consciente ou inconsciente e tem como


função psicológica, ajudar a lidar com frustrações e conflitos.
Sensopercepção – Dalgalarrondo
quando há algo disfuncional, há tambem uma desregulação de algo
alterações quanti: para mais ou menos, usada na avaliação psicológica

ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS
Hiperestesia Percepção aumentada em intensidade ou duração.

Hipoestesia Depressão grave; tudo é percebido mais escuro.

Parestesia Sensação tátil desagradável; não dor.

Disestesias táteis Dor; Tá quente mas sente frio.

Anestesia tátil Perda da sensação na pele.


Sensopercepção – Dalgalarrondo

qualificação do objeto
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
Ilusão Objeto presente, real

Alucinação Objeto sem estar presente

Alucinose Alucina mas acha a experiência estranha

Sonorização do pensamento Está ouvindo os próprios pensamentos

Parece alucinação mas não apresenta aspectos


Pseudoalucinação
vivos e corpóreos de uma imagem real
Alucinaçoes como fenômeno de
deaferentação/liberação neuronal
- Com frequência, certas alucinações auditivas (principalmente as musicais),
visuais e olfativas são postuladas como fenômenos de liberação neuronal.

- A base dessa linha de hipótese causal se relaciona ao fato de as alucinações


ocorrerem com maior frequência em indivíduos com déficits sensoriais (p. ex.,
déficit auditivo, visual ou olfativo) e se atenuarem ou desaparecerem com
estímulos sensoriais externos, como o som do rádio e da televisão ou luzes
fortes.
alucinação é uma forma de autoregulação do proprio cerebro, para o funcionamento normal do ser humano - homeostase

- Assim, ocorreria um fenômeno de liberação neuronal, por privação de


estímulos sensoriais. Nessa linha de raciocínio, seria plausível o sistema
nervoso, ao ser privado de estímulos externos, produzir, ele próprio, algum
fenômeno sensorial, para manter o equilíbrio, ou seja, um certo nível de
tentativa de socorrer o proprio eu/corpo
Atenção

- Os principais aspectos que definiriam a integridade da atenção seriam a


orientação, a exploração, a concentração e a vigilância. Atualmente, podemos
defini-la como o meio pelo qual uma informação é processada ativamente em
quantidade limitada, sendo selecionada a partir de uma grande quantidade
disponível.

- Fica evidente que a atenção não poderia representar um fenômeno unitário.


Esta é um processo complexo e multifacetado, que está em constante
monitoramento do ambiente, como um fenômeno que envolve outros
processos de aprendizagem e/ou cognitivos como percepção, memória,
motivação e níveis de consciência.
Atenção

- A ativação ou estado de alerta corresponde a um mecanismo regulador da


responsividade global à estimulação ambiental incluindo o ciclo sono-vigília,
nível de vigilância, potencial de foco, assim como modificações momentâneas
na responsividade.

- O estado geral de sensibilização dos órgãos sensoriais e o estabelecimento e


manutenção do tônus cortical são fundamentais para a recepção dos
estímulos.
Atenção - Dalgalarrondo

- A atenção se refere, portanto, ao conjunto de processos psicológicos que


torna o ser humano capaz de selecionar, filtrar e organizar as informações em
unidades controláveis e significativas. filtra e organiza os estimulos e suas informações

- Os termos “consciência” e “atenção” estão estreitamente relacionados. A


determinação do nível de consciência é essencial para a avaliação da atenção.

- Assim, a atenção é um constructo psicológico complexo que se refere a uma


variedade de componentes, sendo eles, principalmente: 1) início de atividade
consciente e focalização; 2) atenção sustentada e nível de alerta; 3) atenção
seletiva ou inibição de resposta a estímulos irrelevantes; 4) capacidade de
mudar o foco de atenção, ou atenção alternada.
Atenção - Dalgalarrondo

SUBTIPOS
Concentração Toda a sua atenção em um foco.

At. Seletiva Seleção de estímulos e informações relevantes.

At. Dividida Quando duas ou mais tarefas concorrentes se apresentam.

At. Alternada Assiste televisão, atende o telefone e depois volta a assistir.

At. Sustentada Manter atenção ao longo do tempo.


Atenção - Dalgalarrondo

1 – Concentração

• Ela não é constante com o passar do tempo, flutuando em função de fatores


extrínsecos (valor dos estímulos para o indivíduo, demandas de respostas
predominantes e de fatores intrínsecos, fatores energéticos, como estado
afetivo e grau de motivação, e fatores estruturais, como velocidade de
processamento e capacidade de memória). nenhuma característica individual especifica é sinalizadora de um
transtorno, é preciso analisar todos os aspectos, com
perseverança, frequência e intensidade dos sintomas
• A capacidade de focalizar a atenção concentrando-se relaciona-se
diretamente com o número de operações mentais que precisam ser realizadas
ao mesmo tempo e com a dificuldade das tarefas.
Atenção - Dalgalarrondo

2 – Atenção Seletiva

• Diz respeito, portanto, a manutenção da atenção apesar da presença de


estímulos concorrentes.
• Todo tempo, o sujeito é inundado por um número quase infinito de sinais
vindos do exterior ou do interior; a atenção seletiva limita as informações que
chegam aos sistemas cerebrais neurocognitivos.
• Além disso, aumenta a capacidade de processar e dar conta dos estímulos e
das informações mais relevantes. voce pode até fazer duas coisas ao mesmo tempo, mas não
fará as duas coisas com o mesmo nivel de atenção
• Quando a atenção elege certos estímulos, a capacidade de responder a outros
diminui proporcionalmente. Um individuo que lê um livro em um ônibus lotado
de pessoas, com mil ruídos no ambiente, está exercendo exitosamente sua
capacidade de atenção seletiva.
Atenção - Dalgalarrondo

3 – Atenção Dividida

• Os processos atencionais não se limitam a um único alvo ou foco da atenção;


com frequência, ocorre o processamento simultâneo e paralelo de dois ou
mais estímulos captados pela atenção ao mesmo tempo.

• A atenção dividida é acionada quando duas ou mais tarefas ou estímulos


concorrentes se apresentam ao sistema atencional.

• Para testar a atenção dividida, utiliza-se geralmente um paradigma de


duas-tarefas, no qual primeiramente se oferece um estímulo único e, depois,
dois ao mesmo tempo, comparando-se a eficiência do processo atencional
nessas duas tarefas distintas. Quando se dirige um carro e escuta música ao
Atenção - Dalgalarrondo

4 – Atenção Alternada

• Quando se alterna voluntariamente foco atencional de um estímulo a outro


durante a execução de tarefas. Quando estamos assistindo a uma série na
televisão e recebemos uma chamada telefônica. Existe uma interrupção, ainda
que momentânea.

5 – Atenção Sustentada

• Mantém a atenção ao longo do tempo, geralmente durante uma atividade


contínua e repetitiva. Um estudante que consegue manter sua atenção na
aula por uma ou duas horas, seguindo o raciocínio sem se distrair.
Atenção - Dalgalarrondo

ALTERAÇÕES
Hipoprosexia Perda básica da capacidade de concentração.

Aprosexia Total abolição da capacidade de atenção.

Hiperprosexia Atenção exacerbada.

Distração Tem foco, e tudo acabando ao seu redor. Não é déficit!!

Distraibilidade Dificuldade em fixar algo que implique esforço produtivo.


Testes psicológicos padronizados para a
avaliação da atenção desenvolvidos ou
disponíveis no Brasil

Teste O que avalia


BPA: Bateria Psicológica para Avalia os vários tipos de atenção, como atenção
Avaliação da Atenção sustentada, seletiva, dividida e alternada

Avaliam principalmente atenção seletiva, mas


CTT: Testes das Trilhas Coloridas e também a alternada, planejamento e
TMT: Teste de Trilhas A e B sequenciamento. Não avaliam bem a atenção
sustentada, pois são muito rápidos.
Teste de Cancelamento dos Sinos Avalia atenção seletiva e atenção sustentada.

* Sempre que for utilizar algum teste, verificar no SATEPSI se pode ser utilizado
Memória - Dalgalarrondo

- A memória é a capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências,


impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas. Tudo o que uma pessoa
aprende em sua existência depende intimamente da memória. Além disso,
todos os processos relacionados com a memória são altamente
contextualizados, integrados em uma rede de múltiplas informações e
contextos da vida. idosos com perda de memória tambem perdem parte de sua identidade/subjetividade

- A capacidade específica de memorizar relaciona-se com vários fatores, entre


eles o nível de consciência e atenção, o estado emocional e o interesse
motivacional e, particularmente importante, os contextos, como lugar,
momento, com que pessoas, em que tipo de atividade e em que fase da vida a
codificação, o armazenamento e a evocação das informações ocorrem.
Memória - Dalgalarrondo

- Alguns dos principais pesquisadores atuais em neurociências da memória


atribuem à memória um papel central na própria definição e identidade do ser
humano.

- “Somos aquilo que recordamos ou que, de um modo ou de outro, resolvemos


esquecer”. o recalque da psicanalise é
fortemente relacionado á
atenção e memória

- Perder a memória, leva à perda de si mesmo, à perda da história de uma vida


e das interações duradouras com outros seres humanos.

- De forma genérica, podem-se distinguir, para os seres humanos, os seguintes


tipos de memória:
Memória - Dalgalarrondo

1 – Memória psicológica (cognitiva ou neuropsicológica). É uma atividade


altamente diferenciada do sistema nervoso, que permite ao indivíduo codificar,
conservar e evocar, a qualquer momento, os dados aprendidos da experiência.

2 – Memória genética e epigenética. Esse tipo de memória abrange conteúdos de


informações biológicas adquiridos ao longo da história filogenética da espécie e
ao longo das vivências do indivíduo e de seus ancestrais, contidos no material
biológico (DNA, RNA, cromossomos, mitocôndrias, etc) dos seres vivos.

3 – Memória imunológica. Esse tipo de memória reúne informações registradas e


potencialmente recuperáveis pelo sistema imune de um ser vivo.
ex: memória muscular
Memória - Dalgalarrondo

4 – Memória coletiva, social ou cultural. Envolve conhecimentos e práticas sociais


e culturais (costumes, valores, práticas, linguagem, habilidades artísticas,
conceitos, ideologias, etc) produzidos, acumulados e mantidos por um grupo
social. Esse tipo de memória tem importância fundamental para as sociedades
humanas. Sem ela, os grupos sociais perdem sua identidade básica, a
possibilidade de perceber o sentido de suas existências, a gratidão e crítica em
relação ao passado e a esperança e prudência em relação ao futuro.
saber do passado para não repeti-lo no presente/futuro
Memória - Dalgalarrondo

- Ao longo das últimas décadas, estudos em psicologia cognitiva e


neuropsicologia identificaram dois aspectos importantes sobre a memória
psicológica.

- Primeiro, a memória não é um processo unitário. Ela é composta de múltiplos


elementos, que podem ser organizados e expostos de distintas formas e
exigem redes e estruturas cerebrais diferentes.

- Segundo, a memória não é um processo passivo e fidedigno de fixação de


elementos e de evocação exata e realista do que foi arquivado. Nesse sentido,
ela é muito mais um processo ativo, no qual vários elementos do indivíduo
participam da codificação e da evocação, como elementos sensoriais,
imaginativos, semânticos e afetivos.
Memória - Dalgalarrondo

- A memória é frequentemente reeditada, ou seja, as informações de eventos,


cenas e acontecimentos do passado, que já foram armazenadas, podem ser
reconfiguradas com acréscimos de elementos novos (vividos ou imaginados
pelo próprio indivíduo ou instigados por estímulos externos, conscientes ou
não).

- Assim, há um processo de recriação e reinterpretação no arquivo de longo


prazo de nossas memórias. Elas frequentemente não são “o filme realista do
que aconteceu”, mas “reedições criativas” de vários “diretores” que influem no
conteúdo do arquivo de memórias.
Fases ou elementos básicos da
Memória
1 – Codificação: captar, adquirir e codificar informações

• Corresponde à escrita de um livro em papel ou em arquivo eletrônico. A


codificação ocorre quando, ao vermos uma coisa pequena, de uns 10
centímetros, coberta de uma capa colorida (penas), com cabeça, corpo, e
patinhas, que se move e canta, denominamos de passarinho.

• A informação codificada semanticamente na palavra “passarinho” passará,


assim, a ser arquivada, já tendo sido codificada.
Fases ou elementos básicos da
Memória
2 – Armazenamento: reter as informações de modo fidedigno

• Implica a classificação do livro e sua colocação em uma determinada estante,


assim como a conservação desse livro nessa estante.

3 – Recuperação ou evocação: também denominada de lembranças ou


recordações; é a fase em que as informações são recuperadas para distintos fins.

• Poder acessar o livro na estante e poder lê-lo da melhor forma possível.


Memória segundo tempo de aquisição,
armazenamento e evocação

- Existem quatro momentos temporais:

1- Memória sensorial – até 1 segundo

• Aqui, percepção, atenção e memória se sobrepõem. As memórias sensoriais


são ricas (muitos conteúdos), mas muitíssimo breves (os conteúdos se
apagam rapidamente).

• Há um depósito sensorial, que funciona geralmente abaixo do limiar da


consciência, em apenas 50 milissegundos, quando se deve “decidir” se
voltamos a atenção para certos estímulos ou se estes serão rapidamente
apagados. Ex.: Quando nosso nome é falado em uma festa e, mesmo sem
perceber, passamos a dirigir a atenção para a fala desse grupo.
Memória segundo tempo de aquisição,
armazenamento e evocação

2- Memória imediata ou de curtíssimo prazo – de poucos segundos até 1 a 3


minutos.

• Capacidade de reter palavras, números, imagens. Ex.: Número de telefone


para discar imediatamente após.

• A memória imediata tem também capacidade limitada e depende da


concentração, da fatigabilidade e de certo treino.
Memória segundo tempo de aquisição,
armazenamento e evocação

3- Memória recente ou de curto prazo – poucos minutos até 3 a 6 horas

4- Memória de longo prazo –

• Capacidade quase ilimitada

• As informações são armazenadas de modo organizado, em sistemas que


proporcionam uma estrutura organizacional. Assim, as informações são
arquivadas e conservadas de acordo com seu significado, em redes
semânticas nas quais conceitos semelhantes ou semanticamente relacionados
são armazenados de maneira vinculada, próximos uns dos outros.
Memória segundo tempo de aquisição,
armazenamento e evocação

- Portanto, o significado proporciona organização no arquivo de longo prazo.


Assim, podemos ouvir uma história, com várias frases distintas e, meses
depois, sermos incapazes de reproduzir essas frases corretamente.

- Contudo, o significado real da história, tendo sido percebido por nós, foi
armazenado e poderá ser evocado. nós evocamos a nossa percepção da historia, e não a historia real
Memória - Dalgalarrondo

 Alterações
Alterações Quali
Quanti
Hipermnésia (tempestade Ilusões mnemônicas (elementos falsos em memória
de informações) que aconteceu)

Amnésia ou hipomnésia Alucinações mnemônicas (lembranças não verdadeiras)

Confabulações (memórias falsas mas plausíveis)


Linguagem

- A linguagem, particularmente na sua forma verbal, é uma atividade


especificamente humana, talvez a mais característica de nossas atividades
mentais.

- É o principal instrumento de comunicação dos seres humanos. Além disso, é


fundamental na elaboração e na expressão do pensamento e das emoções.

- Especificamente em relação à língua, é preciso diferenciar as dimensões, ou


elementos essenciais, de qualquer língua ou idioma: fonética, semântica,
sintática, prosódica e pragmática.
Linguagem

- A dimensão fonética se refere aos sons produzidos, transmitidos e recebidos


pela linguagem humana. Inclui a produção do som, sua transmissão física e
sua percepção pelo sistema auditivo e neurossensorial.

- A dimensão fônica se refere aos fonemas, as unidades fonológicas mínimas,


distintivas, de cada língua.

- A dimensão semântica diz respeito à significação dos vocábulos, das palavras,


utilizadas em determinada língua.

- Já a dimensão sintática implica a relação e a articulação lógica das diversas


palavras entre si.
Linguagem

- Por sua vez, a dimensão da prosódia, a entonação da fala, essencial na


transmissão e reconhecimento das emoções, utiliza a intensidade dos sons,
sua frequência e a duração de cada som para compor uma espécie de música
da fala, fundamental ao sentido e poder da comunicação verbal.

- Por fim, a dimensão da linguagem conhecida como pragmática se refere ao


emprego da linguagem em situações sociais concretas, os contextos,
circunstâncias, implicações e repercussões da linguagem quando utilizada
concretamente pelos seres humanos em suas vidas sociais.
Linguagem
- A linguagem pode ser descrita, ainda, como um sistema de signos arbitrários, o signo
linguístico, as palavras. Esses signos ganham seus significados específicos por meio de
um sistema de convenções historicamente dado. A linguagem é, portanto, uma criação
social de cada um e de todos os grupos humanos.

- É a linguagem que permite e garante a socialização plena do indivíduo; ela é


fundamental para a afirmação do eu e das oposições eu/mundo, eu/tu, eu/outros.

- A língua é fundamentalmente uma atividade social, não importando tanto o enunciado,


o produto, mas sobretudo a enunciação, o processo verbal. Nesse sentido, a língua é
concebida como um fato social, cuja existência se baseia na necessidade de
comunicação. Só há linguagem onde ocorre a possibilidade de interação social, de
diálogo.
Linguagem

ALTERAÇÕES
Dislexia Troca de fonemas, tanto na fala como na leitura e na escrita

Disfonia Perturbação da qualidade da voz (rouquidão)

Afonia Intenção de se comunicar mas a voz não sai

Dislalia “Língua presa”; deformação, omissão ou substituição de fonemas

Gagueira Palavras interrompidas no meio da fala


Referências
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

PIRES, Emmy Uehara. Ontogênese das funções cognitivas: uma abordagem neuropsicológica. Psicologia Clínica, v.
22, n. 2, 2010.
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