O documento discute os riscos da medicalização excessiva da vida, onde problemas "não médicos" são tratados com medicamentos de forma indiscriminada. Isso pode levar à dependência química e ignorar causas psicológicas e sociais dos problemas. Embora medicamentos sejam úteis para doenças diagnosticadas, eles não devem ser usados para resolver problemas cotidianos sem orientação médica.
O documento discute os riscos da medicalização excessiva da vida, onde problemas "não médicos" são tratados com medicamentos de forma indiscriminada. Isso pode levar à dependência química e ignorar causas psicológicas e sociais dos problemas. Embora medicamentos sejam úteis para doenças diagnosticadas, eles não devem ser usados para resolver problemas cotidianos sem orientação médica.
O documento discute os riscos da medicalização excessiva da vida, onde problemas "não médicos" são tratados com medicamentos de forma indiscriminada. Isso pode levar à dependência química e ignorar causas psicológicas e sociais dos problemas. Embora medicamentos sejam úteis para doenças diagnosticadas, eles não devem ser usados para resolver problemas cotidianos sem orientação médica.
Correntemente na sociedade atual discute-se o fator da medicalização dos indivíduos
que nela estão inseridos e como essa particularidade pode vir a afetar os diversos meios gerais da vida do mesmo e também nos aspectos socioculturais, tanto de maneira positiva, visando o bem estar, saúde e qualidade de vida, quanto agindo negativamente sobre os aspectos anteriormente mencionados. A ideia de que um medicamento pode ser um caminho simples e prático para a resolução de problemas relativamente grandes instiga o ser humano à estagnação em uma hipotética “zona de conforto”, onde a ingestão de uma simples pílula específica para a situação pode amenizar quaisquer que sejam os transtornos momentâneos no âmbito físico e mental. Dada essa perspectiva, é importante salientar que o abuso do método de constantemente utilizar tais substâncias pode causar dependência do indivíduo sobre a mesma, tornando- o incapaz de viver sem ela e acarretando problemas em sua vida cotidiana e em suas relações interpessoais, tudo isso apenas pelo preço de buscar uma maior facilidade que fuja de um viés médico/psicológico, sobre situações que necessitem de cuidados minuciosos e análise aprofundada por um especialista na área em questão. A princípio, é notável raízes históricas advindas na Psiquiatria Tradicional em relação ao uso abusivo das substâncias, entretanto, no surgimento dessa área como ciência, o indiscriminado uso de medicamentos e tratamentos desumanos eram de prescrição puramente médica, ou seja, um engessamento cultural à respeito do uso desses químicos começa a ser formado. Outro cenário é sobre como entende-se o termo “medicalização”, visto que não abrange puramente o fator dos remédios e fármacos, mas também a questão social que problemas de origem “não médica” são transformados, muitas vezes por intermédio do senso comum, em uma situação médica, aflorando a irracionalidade no âmbito do cuidado consigo mesmo e prejudicando grandes questões políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. Compreender a medicalização é estar ciente que na atualidade ela faz parte da vida e do cotidiano geral, pois a vontade pelo imediatismo esta cada vez mais constante e exponencialmente maior em um ambiente onde as facilidades estão literalmente na palma da mão dos indivíduos nela presentes. A medicina atual parece se propor a resolver todos os conflitos naturais da existência humana, e é por esse fator que o ser humano busca se apoiar nesse pilar imaginário, desestabilizando processos naturais do corpo e da mente pelo mero prazer de criar o próprio diagnóstico e/ou não concordar com uma opinião médica, “um caminho mais fácil para estradas tortuosas e com pedras no caminho” como diria Carlos Drummond de Andrade. Sensações de origem psicológica e difíceis de se expressar corretamente na visão de quem às sente geralmente são mais aptas à automedicação, devido sua ampla subjetividade, ignorando-se eventuais efeitos colaterais que tal prática pode vir a causar ao mesmo, recorrentes exemplos são: sentimentos de tristeza, sobrepeso, insônia, dificuldades na socialização e na aprendizagem, problemas comportamentais, dentre diversas outras características que constantemente levam o indivíduo a buscar “concertar-se sozinho” sem apoio externo. Todavia, vale destacar que existem casos de depressão, pânico, insônia, impotência e TDAH que precisam e merecem tratamento medicamentoso, seja ele em abundância ou não, já que terá prescrição médica e acompanhamento da evolução da pessoa com tais procedimentos. A ideia de diagnosticar a si próprio a partir de noções razas, em uma temática ampla como a de um transtorno complexo, pode também acarretar opiniões de invalidação de determinada condição do indivíduo que realmente a possui. No âmbito social tal condição pode se tornar um tabu ou estabelecer-se de maneira errônea na consciência geral, assim julgamentos para com os realmente afetados tornam-se comuns, como por exemplo as pessoas que possuem depressão. Retomando as ideias sobre a automedicação, é justo afirmar que o enfrentamento do mal-estar através dessa prática é uma espécie de camuflagem para as individualidades e condições biológicas da pessoa, visto que a ajuda vestir uma máscara através de narcóticos, de modo que facilite o enfrentamento da realidade de maneira alternativa, não como “si mesmo”, mas como um substancial alter ego, uma faceta metafórica criada pelo usuário, o que pode facilmente ser relacionado ao uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas, as quais reduzem a cognição de quem as ingere em quantidades exorbitantes Já que fora citado, enquanto na sociedade brasileira são feitos enormes alardes em relação às drogas ilícitas, uma questão de enorme importância e também indispensável é propriamente do avanço na utilização das drogas lícitas. No Brasil, por exemplo, o metilfenidato, substância dada para crianças e adolescentes com a pretensão de diminuir o chamado “déficit de atenção” na escola, subiu de 70.000 caixas vendidas em 2000 para dois milhões de caixas em 2010, inserindo o Brasil no segundo maior consumidor dessa droga no mundo, perdendo somente para os Estados Unidos. Ou seja, tais óticas abrangem até mesmo o cenário escolar e educacional. Cada vez mais a escola identifica um número expressivo de crianças com diagnósticos variados. Endossados pelo discurso médico, esses rótulos associam problemas da vida contemporânea, como através da tristeza, ansiedade, cansaço mental, dentre outros. Porém a perspectiva superficial que esses indivíduos têm pelo que é trabalhado nisso não engloba o processo de medicalização dos modos de ser e estar na escola produzido socialmente e desenvolvido por essa instituição como um agente do contexto em que ela atua. Em vista dos fatos previamente mencionados, nota-se que é de indubitável importância que sejam implementados métodos de conscientização quanto ao uso indiscriminado de remédios em contextos inapropriados ou sem recomendação profissional, seja através de mídias online ou de iniciativa individual, de modo que evidenciar-se-ia claramente que os medicamentos são necessários e muito úteis nas patologias físicas e nos transtornos mentais incapacitantes e diagnosticados medicamente, mas não ajudam nos problemas do dia a dia, e que para casos de distúrbios no viés mental, a psicoterapia é indispensável.