Você está na página 1de 17

NEUROBIOLOGIA I

Professor Joaquim Monteiro


jatfmonteiro@gmail.com
2023 - 2024
ˏˋ°•*⁀➷ Avaliação

➷ Contínua;

➷ Três Testes de resposta múltipla;


➻ A falta a um dos Testes, OU uma média negativa, obriga a Exame Final.

➷ Um Trabalho de Grupo apresentado, tanto por escrito (em formato de Artigo Científico),
como oralmente;
➻ A não apresentação do Trabalho por escrito e oralmente obriga a Exame Final;

➷ Fichas sobre cada um dos temas para estudar e completar;


➻ Se as fichas estiverem todas completas, geram uma nota igual à melhor das duas
anteriores;
➻ No caso de não terem sido completadas, geram uma terceira nota igual à pior das duas
anteriores.

➷ A nota final resulta da média entre a nota dos testes, do trabalho de grupo e das fichas.

ˏˋ°•*⁀➷ Testes

➷ 6 de Novembro (Segunda-Feira);
➷ 11 de Dezembro (Segunda-Feira);
➷ 22 de Janeiro (Segunda-Feira).

➷ Livros para ler:


➻ ☆ “Compêndio da Neurociência”, de Barker, R.A. Barasi, S. Neal, & M.J. (2005);
➻ ☆ “Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso”, de Bear M.F., Connors B.W.,
Paradiso M.A. (2017);
➻ “O Livro do Cérebro”, de Carter, R. (2009);
➻ “A Herança de Franz Joseph Gall: O Cérebro ao Serviço do Comportamento
Humano”, de Caldas A.C. (2000)

➷ Websites para utilizar em pesquisa (por exemplo, para o Trabalho de Grupo):


➻ Scielo - Website científico com artigos e livraria;
➸ Saber fazer pesquisa com PowerPoint sobre o assunto que se irá apresentar.
➻ PubMed - Direccionado para Medicina;
➻ B-On - Focado em Psicologia;
➻ Sci-Hub - Outro Website para pesquisa (funciona através o Código Digital - DOI);
➻ Z-Library - Site Pirata para obtenção de livros em formato PDF;
➻ PDF Drive - Site Pirata para obtenção de livros em formato PDF e EPUB.
≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦

Lisboa, 11 de Outubro, de 2023

➷ O Sistema Nervoso, dirige, e regula, todos os processos corporais, e é o mais sofisticado


dos nossos órgãos.
É através do cérebro que respondemos ao meio envolvente, que comunicamos com os outros,
que temos consciência de nós próprios, e que nos examinamos.

ˏˋ°•*⁀➷ Lamarck

Foi um naturalista francês, que desenvolveu o Lamarckismo*, uma teoria da evolução agora
desacreditada. Foi ele que, de facto, introduziu o termo Biologia.

(*Acreditava que mudanças no ambiente causavam mudanças nas necessidades dos organismos
que ali viviam, causando mudanças no seu comportamento.)

➷ A Biologia estuda a Vida; é a Ciência Natural que estuda, descreve, preserva, e melhora, a vida e
os organismos vivos.

➷ A Neurociência é o estudo científico do Sistema Nervoso.

➷ 1) Evolução dos conceitos do Sistema Nervoso:


➻ Pré-História;
➻ Antigo Egipto;
➻ Grécia e Roma;
➻ Renascimento;
➻ Séculos XVIII e XIX;
➻ Século XXI.

NOTA:
➻ Aristóteles acreditava que os sentimentos/sentidos dependiam do Coração.

ˏˋ°•*⁀➷ O Caso de Phineas Gage

Phineas Gage era um jovem americano de 25 anos, até que, em 1848, uma explosão acidental
durante a construcção de trilhos fez com que uma barra de ferro de um metro atravessasse o seu
crânio. Mas ele não morreu.

Entretanto, a mãe dele notou que parte da memória do seu filho parecia prejudicada, apesar de,
segundo os relatos do médico, a memória, a capacidade de aprendizagem, e a força motora de
Gage terem sido inalteradas.

Com o passar do tempo, o comportamento de Gage já não era o mesmo de antes.


O homem parecia ter perdido parte do tacto social, e tornou-se agressivo, explosivo e, até
mesmo, profano.
O antes simpático rapaz, tornou-se inconsequente, e rude, e abandonou os planos para o futuro,
não tendo constituído família.

ˏˋ°•*⁀➷ Paul Broca

Apesar de ter sido um renomado cientista e pesquisador, o que confere a Broca o lugar na
história da Medicina é a sua descoberta do "Centro da Linguagem" no Cérebro, na região do
Lobo Frontal, no Hemisfério Esquerdo.

➷ 2) Métodos de investigação do Sistema Nervoso:


➻ História e Observação;
➻ Análise de sangue e urina;
➻ Exames de Imagem;
➻ Exames Electrofisiológicos;
➻ Análise de LCR;
➻ Biópsia de nervo e músculo;
➻ Biópsia de cérebro.

ˏˋ°•*⁀➷ Thomas Willis

Em 1664, Thomas Willis usou o termo “neurologia” no seu livro “Cerebri Anatome”

➻ Polígono de Willis
Constituído pelas Artérias Carótida Interna (à esquerda), Cerebral Média (à direita), e
Basilar (ao centro, por baixo de ambas as anteriores).
ˏˋ°•*⁀➷ Egas Moniz

Ganhou o Prémio Nobel da Medicina, recebido a 27 de Outubro do ano de 1949, pelo


seu trabalho no desenvolvimento de uma intervenção cirúrgica ao cérebro, chamada de
“Leucotomia Pré-Frontal”.
Também criou a Angiografia Cerebral.

ˏˋ°•*⁀➷ Marcello Malpighi

Anatomista Italiano, fez observações microscópicas ao cérebro humano, descrevendo as células


piramidais*.
Os avanços na fixação, e coloração, dos tecidos permitiram a Santiago Ramón y Cajal,
histologista Espanhol, demonstrar que os neurónios não eram uma rede contínua, mas que
estavam separados, comunicando entre si.
A esta zona de comunicação entre os Neurónios dá-se o nome de Sinapse.

*Neurónio Piramidal (célula piramidal), é um tipo de neurónio, encontrado em áreas do cérebro,


tais como: córtex cerebral, hipocampo e amígdala.
O neurónio piramidal é o principal neurónio excitatório do córtex cerebral, sendo ele o tipo mais
abundante e, também, a principal referência cortical.
As células piramidais foram descobertas,e estudadas, pelo histologista Santiago Ramón y Cajal.

ˏˋ°•*⁀➷ O Neurónio

Num cérebro, há cerca de 100.000 milhões de neurónios


➻ entre 1000 a 100.000 sinapses por neurónio

➷ O que é um Neurónio?

Os Neurónios, também chamados de Células Nervosas, são células do sistema nervoso que estão
relacionadas com a propagação do impulso nervoso, sendo consideradas as unidades básicas
desse sistema.
Pensa-se que morrem em média 50.000 neurónios por dia que não são substituídos.
Contudo, as células do corpo humano estão em constante renovação.
Cerca de 1.000 milhões de células novas substituem hora a hora as células antigas.
➷ A Estructura dos Neurónios

Os Neurónios apresentam três partes básicas: os Dendritos, o Axónio, e o Corpo Celular.

➻ Dendritos: Os Dendritos são prolongamentos do Neurónio, que garantem a recepção dos


estímulos, levando o impulso nervoso em direção ao corpo celular.
A grande maioria dos Neurónios apresenta uma grande quantidade de Dendritos.

➻ Axónio: Prolongamento que garante a condução do impulso nervoso.


Cada Neurónio possui apenas um Axónio, o qual é, geralmente, mais longo que os Dendritos.
Envolvendo o Axónio, está um isolamento eléctrico, chamado de «Bainha de Mielina».
Essa bainha é formada por dois tipos celulares: oligodendrócitos, no sistema nervoso central, e
células de Schwann, no sistema nervoso periférico.
Os locais onde há falha nessa bainha são chamados de «Nódulos de Ranvier».

➻ Corpo Celular: Local do Neurónio onde está presente o Núcleo, grande parte dos Organelos
Celulares, e de onde partem os prolongamentos dessa célula.

➷ A Sinapse

Sabemos que os impulsos nervosos devem passar de uma célula, à outra, para que ocorra uma
resposta a um determinado sinal.
Para que isso ocorra, é necessária a presença de uma região especializada, que recebe o nome de
“Sinapse”.
Ela pode ser definida como a região de proximidade entre a extremidade de um Neurónio, e uma
célula vizinha, onde os impulsos nervosos são transformados em impulsos químicos, em
decorrência da presença de mediadores químicos.

ˏˋ°•*⁀➷ Luigi Galvani

No século XIX, Luigi Galvani demonstrou a importância da electricidade na condução nervosa, e


contracção muscular, criando as bases da electrofisiologia.
Fez uma das primeiras incursões do estudo de bioelectricidade, um campo que ainda hoje estuda os
padrões elétricos e sinais do sistema nervoso.
Os músculos movimentam-se através da hidráulica dos ventrículos.
Então, este conceito de condutibilidade substituiu o conceito de movimentação por meio
fluídico.
Os modernos conhecimentos de informática ajudam-nos a compreender o sistema
nervoso.
O funcionamento do neurónio é semelhante ao sistema binário usado nos
computadores.
O zero corresponde ao neurónio em repouso, e o um, ao neurónio activo.
Tal como nos computadores, podemos dizer que no sistema nervoso existe hardware, que
são os neurónios, e software, que são as ideias.

Os avanços nas técnicas de imagem durante os últimos anos têm contribuído de uma
forma decisiva para a compreensão do sistema nervoso.
A Tomografia Axial Computorizada (TAC) e mais recentemente a Ressonância Magnética (RM)
vieram permitir ver, com grande detalhe, o cérebro em vida.

Com a ressonância magnética funcional é possível ver quais as zonas cerebrais que entram em
funcionamento em diversas actividades.
Podemos, pois, dizer que a ressonância magnética simples está para a funcional como uma
fotografia está para um filme.

Tudo o que contribua para o conhecimento do sistema nervoso, independentemente da


perspectiva em que o estudo é feito, pode ajudar a reduzir o sofrimento daqueles que
padecem de sequelas de acidente vascular cerebral, depressão, esquizofrenia,
toxicodependência, esclerose em placas, Parkinson, epilepsia ou Alzheimer só para
mencionar algumas das situações que afectam o sistema nervoso.

≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦

ˏˋ°•*⁀➷ Pré-História

A trepanação consiste na abertura da calote craniana permitindo o acesso ao seu interior.


Sabemos, hoje em dia, que este tipo de cirurgia começou a ser praticado no Neolítico, ou
seja, há cerca de 10.000 anos.
Para conseguirem cortar o osso da calote craniana usavam lascas de sílex.
Desconhecemos qual o motivo deste acto não só ousado, como perigoso.
Sabemos que as pessoas sobreviviam a esta cirurgia, porque os crânios encontrados
apresentam sinais de cicatrização, evidenciando um calo ósseo.
Em Portugal, nas estações neolíticas (Casa da Moura, Gruta das Fontainhas e Gruta da
Furninha), foram encontrados crânios com trepanações incompletas.
ˏˋ°•*⁀➷ Antigo Egipto

Os Egípcios, apesar de tentarem preservar o corpo após a morte num estado o mais perfeito
possível, prestavam pouca atenção ao cérebro–este era retirado através do nariz com uma
espécie de colher.
O coração devia ser preservado, porque era o órgão mais importante, e desprezavam o cérebro.

Contudo, alguns egípcios conheciam a importância do cérebro.

Foi descoberto um papiro egípcio escrito em hieróglifos, provavelmente no Antigo Império, e


que viria a ser traduzido por James Breasted, em 1930.
Este papiro, que fazia parte de um tratado de cirurgia, descrevia lesões traumáticas cranianas
que se acompanhavam de alterações motoras, ou da linguagem.
Relacionava, também, as fracturas da coluna cervical com a paralisia dos quatro membros.

ˏˋ°•*⁀➷ Grécia e Roma

➷ Hipócrates: E a sua escola, sabiam que a epilepsia (doença sagrada), e a loucura,


resultavam de lesões cerebrais.
Colocou o cérebro como centro de tudo.
Determinava, em vários textos, a importância do encéfalo no comportamento humano.
Considerado o Pai da Medicina.

➷ Platão: Para ele, o cérebro era a base da vida, e do pensamento.


Rejeitava a experiência, e a observação, como fonte de conhecimento, visto que, considerava que
os sentidos eram fontes erróneas.

➷ Aristóteles: Desvalorizou a importância do cérebro, e valorizou mais o coração.


Para Aristóteles, o cérebro destinava-se a arrefecer o sangue.
Conferia, também, ao coração, a importância dos nossos sentimentos.

➷ Galeno: Grande anatomista, que descreveu as cavidades ventriculares em número quatro, no


interior do cérebro.
Considerou, também, que os lobos cerebrais eram os destinatários das sensações, e que o
cerebelo comandava os músculos.

ˏˋ°•*⁀➷ Renascimento

➷ Leonardo Da Vinci: Interessou-se pela anatomia, biologia, fisiologia, e chegou a desenhar


os cérebros já frutos das dissecações que realizou, e da injecção, do sistema ventricular, com
parafina.
➷ Andreas Vesálio: Corrigiu alguns dos erros de Galeno, e, devido às críticas, e ameaças,
acabou por queimar todos os seus estudos por publicar.
É considerado o Pai da Anatomia, embora também tenha cometido erros, nomeadamente, a
descrever os nervos cranianos como sendo sete, em vez de doze.

➷ Hieronymus Bosch: Autor de um quadro conhecido como «Excisão da Pedra da Loucura»,


que se encontra no Museu do Prado.
Este quadro representa uma trepanação feita na presença de um padre, e uma freira.
A obra pode ser, apenas, uma sátira, mas, na realidade, representa uma prática com milhares de
anos.

➷ René Descartes: Defensor do Dualismo, separando o corpo, da alma.


Disse que a Glândula Pineal estava situada na porção posterior do III ventrículo, e que fazia a
ligação alma-corpo.
Acreditava que o líquido existente no sistema ventricular circulava pelos nervos, até aos
músculos, desencadeando a sua contracção.

ˏˋ°•*⁀➷ Séculos XVIII e XIX

➷ Luigi Galvani: Verificou que a acção dos nervos sobre os músculos podia ser desencadeada
por uma corrente eléctrica.
Criou os fundamentos da Electrofisiologia, compreendendo que as células nervosas usam a
corrente eléctrica para conduzir os estímulos.
Afastou a teoria de Descartes, em que os nervos eram tubos que conduziam um líquido que
produzia o movimento muscular.
Os nervos deixaram de ser comparados a tubos, e passaram a ser comparados a fios eléctricos.

➷ Franz Joseph Gall: Criou a teoria chamada de «Frenologia», que consistia em afirmar que
cada parte do cérebro correspondia a uma função, que podia ser avaliada através da medição das
proeminências ósseas da calote craniana.
Embora esta teoria estivesse errada, Gall chamou a atenção para a importância das diferentes
áreas cerebrais, estabelecendo uma ligação entre função, e localização cerebral.

➷ Pierre Paul Broca: Médico Francês que identificou uma área no lobo frontal esquerdo,
responsável pela linguagem, à qual foi atribuída o nome de «Área de Broca».
Foi, também, dos primeiros a chamar à atenção para as trepanações nos crânios Pré-Históricos.

ˏˋ°•*⁀➷ Século XX

➷ Camilo Golgi: Defendeu que as células nervosas se encontravam em continuidade,


formando uma rede nervosa difusa.
Além disso, conseguiu curar os neurónios, com o auxílio de sais de prata.
➷ Santiago Ramón y Cajal: Histologista Espanhol que, usando as técnicas de Golgi,
compreendeu que as células nervosas são unidades individuais entre si.
Defendeu a chamada «Teoria Neural», que viria a ser comprovada com o aparecimento do
microscópio electrónico, nos anos 50.

➷ Sigmund Freud: Professor de Histologia, tendo publicado várias obras sobre


Neuropatologia, e Neurologia.
A Amnésia Infantil, referente aos dois primeiros anos de vida, descrita por Freud, é, hoje,
explicada pela Neurobiologia.
Esta amnésia explica-se pelo lento processo de maturação das estructuras do neurónio.
Freud também acreditava na separação entre neurónios.

➷ Hans Berger: Em 1924, cria um procedimento que permite registar a actividade do cérebro:
o Electroencefalograma (EEG).
Através da colocação de eléctrodos no couro cabeludo, Berger descreve os ritmos Alfa e Beta, e
as suas alterações nos epilépticos.

➷ James Papez: Neurocientista Americano, que estabeleceu ligação entre alterações


emocionais dos doentes com raiva, e as lesões provocadas pelo vírus no Sistema Límbico, mais
tarde identificado como local das emoções.

➷ Egas Moniz: Idealizou uma cirurgia para acalmar os doentes psiquiátricos, que consistia em
seccionar fibras do lobo frontal, através de uma trepanação–Leucotomia Frontal (pela qual
recebeu o Prémio Nobel, em 1949).
Esta é uma técnica abandonada, porém, a Angiografia Cerebral (que consiste na injecção de uma
substância radiopaca, de modo a que se possa visualizar as artérias intracranianas), ainda é
usada.

ˏˋ°•*⁀➷ Século XXI

➷ Enquanto durante os outros séculos o estudo fora desenvolvido de forma, mais ou menos,
individual (e com meios escassos), actualmente, há uma conjunção de esforços, que incluem
várias áreas das neurociências.

≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦

ˏˋ°•*⁀➷ Métodos de Investigação do Sistema Nervoso

➷ História e Exame do doente


➻ Primeiro, é necessário ouvir o que o doente conta, passando-se, depois, à observação.
Após estas duas fases, é possível colocar as hipóteses diagnósticas.
➷ Análises de Sangue e Urina
➻ Tanto os elevados valores de glicose no sangue, como os muito baixos, podem induzir
o coma. Um coma por intoxicação medicamentosa, pode ser esclarecido pelo doseamento
das substâncias tóxicas na urina.

ˏˋ°•*⁀➷ Exames de Imagem

➷ Radiografia Simples: Uma radiografia simples, é um exame de imagem que tira uma
fotografia do interior do corpo.
Ela usa uma baixa dose de radiação de Raios-X, e mostra partes do corpo, de acordo com a sua
densidade (solidez).
Não permite observar o Sistema Nervoso.

➷ Tomografia Axial Computorizada (TAC): Usa um feixe de Raios-X, disparado em


várias direcções, num plano seleccionado.
A resolução do exame não é igual para todas as zonas do mesmo, sendo mais fraca na Fossa
Posterior, que inclui o Cerebelo, e Tronco Cerebral, na Coluna Cervical, e na Coluna Dorsal.
Este exame permite ver lesões no Sistema Nervoso.

➷ Ressonância Magnética (RM): Permite ver o Sistema Nervoso em grande detalhe, em


toda a sua extensão. Não usa Raios-X, e utiliza um forte íman, cujo campo magnético equivale a
cerca de 30.000 vezes superior ao da Terra.
Este campo magnético orienta os núcleos dos átomos do tecido que se pretende estudar, e, em
seguida, é aplicada uma energia, na frequência das ondas de rádio, no plano que se estuda.

➷ Ressonância Magnética Funcional: Permite ver qual a área do cérebro que está em
funcionamento, durante a estimulação sensorial, ou operações cognitivas.
Baseia-se na medição do consumo de oxigénio.
Tem interesse para a investigação do funcionamento do cérebro; Tem, também, interesse
terapêutico, ao poder mostrar se uma lesão cerebral envolve uma área nobre.

➷ Angiografia Cerebral: Descoberta por Egas Moniz, permite visualizar os vasos sanguíneos
que envolvem o Sistema Nervoso.
É introduzido um cateter na virilha (através da Artéria Femoral), e, após isso, é injetado um
contraste iodado, que permite visualizar os vasos sanguíneos.
Quer a TAC, quer a RM, em certos casos, podem ser alternativas, com menos riscos para o
doente.

➷ Tomografia de Emissão de Positrões (TEP/PET): Baseia-se na administração, na


corrente sanguínea, de uma substância radioactiva, com Átomos, que emitem positrões.
Esta substância é ligada a uma glicose, que é utilizada pelos neurónios.
Quanto mais activos, mais glicose consomem, e mais positrões libertam.
Esta técnica tem vindo a ser substituída pela RMF.
ˏˋ°•*⁀➷ Exames Electrofisiológicos

➷ Electroencefalograma (EEG): Mede a actividade eléctrica, e os ritmos do cérebro,


obtidos através de milhares de neurónios ativados, em conjunto. É um método não invasivo, e
indolor. Os ritmos do EEG variam com os níveis de atenção, sono, ou vigília.
➻ Os ritmos Beta, mais de 14 Hz, são os mais rápidos e significam que o córtex está
activado. O ritmo Alfa situa-se entre os 8 e 13 Hz, e está associado a situações de
repouso. O ritmo Teta, com frequência entre 4 e 7 Hz, surge durante o sono. O ritmo
Delta, com menos de 4 Hz, indica o sono profundo.
O EEG tem bastante interesse no estudo de doentes com epilepsia.

➷ Electromiograma (EMG): Lê a actividade eléctrica muscular, e tem interesse no estudo


das doenças musculares.
Envolve a estimulação dos nervos sensitivos, e motores.
Caso haja uma lesão de Mielina, a velocidade de conducção estará reduzida.
No caso de ser uma lesão do Axónio, a velocidade será normal, no entanto, a resposta será mais
fraca.

➷ Potenciais Evocados (PE): Implicam a estimulação de um receptor (por exemplo, o


ouvido, o olho, ou um Nervo Periférico), e a medição da resposta cortical. Podem ser visuais,
auditivos, ou somato-sensoriais*.

*O Sistema Somato-Sensorial transporta impulsos neurais, que levam à propriocepção


(cinestesia), sensação táctil, sensação térmica, sensação de pressão, e de dor.

➷Estudo do Líquido Céfalo-Raquidiano (LCR): O LCR é produzido no interior do


Sistema Ventricular, e circula à volta do encéfalo, e medula.
Normalmente, é colhido para análise, através de uma punção na região lombar.
Este líquido é, geralmente incolor; Tornar-se-á turvo, no caso de meningite, e hemático, no caso
de hemorragia.

➷ Biópsia de Nervo e Músculo: Quando se suspeita de uma doença de nervo (neuropatia),


ou de músculo (miopatia), é frequente confirmar o diagnóstico com um EMG, e com uma
biópsia.
A biópsia de músculo, não levanta problemas, no entanto, a biópsia de nervo tem de ser feita
num nervo secundário, e de forma prática, não destruindo a continuidade do mesmo, de modo a
que não se agrave as queixas do doente.

➷ Biópsia Cerebral: O diagnóstico de lesões que invadem o encéfalo, obriga, na maior parte
dos casos, a que seja feita uma biópsia de lesão.
Isto, porque os exames de imagem não são suficientemente específicos para chegar a um
diagnóstico, de certeza.
Os aparelhos de neuronavegação permitem localizar as lesões com maior segurança.
≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦≫≪◦❖◦

ˏˋ°•*⁀➷ A Célula

A invenção do microscópio no século XVII permitiu ver um mundo até aí desconhecido.


O olho humano consegue ver estruturas até um décimo de milímetro, e o microscópio óptico vai
até um milésimo do milímetro (1 mícron).
A maior parte das células animais têm cerca de 10, a 30, mícron, sendo invisíveis a olho nu.
Contudo, foi necessário esperar por Rudolf Virchow (1821-1902), para se enunciar a Teoria
Celular.

➷ A Teoria Celular assenta sobre três princípios:


➻ Todos os organismos vivos são compostos de uma ou mais células
➻A célula é a unidade básica de estrutura e organização nos organismos
➻As células surgem de células pré-existentes.

Antigamente, havia a crença de que as células podiam ser originadas em qualquer ambiente,
nomeadamente no lixo; No entanto, adolf, provou que isso era mentira, e que as células podiam
apenas originar células que absorvem nutrientes, consumem energia, e descartam aquilo que
não lhes é relevante.
A célula pode, também, reproduzir-se, reagir ao exterior, e manter uma concentração interna,
diferente do meio que a rodeia.

ˏˋ°•*⁀➷ Tipos de Células

➷ Procarióticas: Bactérias anucleadas.


Nestas células, os cromossomas não estão separados do citoplasma, por uma membrana.
Pensa-se que existem na terra há cerca de 3 biliões de anos.

➷ Eucarióticas: Resultado da evolução das células procarióticas.


Podem existir há cerca de 1,5 biliões de anos, e como organismos unicelulares, ou pluricelulares.
Os seres unicelulares representam mais de metade da biomassa terrestre.

ˏˋ°•*⁀➷ Variedade das Células Animais

➷ O corpo humano é formado por quatro variedades básicas de tecidos:


➻ Epitelial
➻ Conjuntivo
➻ Muscular
➻ Nervoso.
Cada um destes tecidos apresenta uma variedade de células, o que totaliza cerca de duzentas
células diferentes.
O tecido epitelial reveste o corpo, o tecido conjuntivo dá forma, e suporte (e inclui o tecido
adiposo, o sangue, o osso, e a cartilagem), o tecido nervoso é o de comunicação (capaz de
receber, interpretar e responder aos estímulos), e o tecido muscular, que responsável pela
contração muscular.

ˏˋ°•*⁀➷ Componentes das Células Animais

As células são compostas por organelos.

➷ Membrana Celular: delimita uma fronteira entre o meio interior, e exterior.


Esta membrana permite trocas entre esses dois meios, através de um gradiente electroquímico*.
A membrana celular é formada por uma camada dupla de fosfolípidos (gordura composta por
algumas substâncias (glicerol, ácido graxo, e cadeias de fosfato)), que permitem essas trocas.

*Um gradiente eletroquímico refere-se às propriedades elétricas, e químicas, que ocorrem


através das membranas.

➷ Citoplasma: Fluído (tipo gel), que contém todos os organelos, as substâncias de reserva, e
uma rede de filamentos e tubos.

➷ Mitocôndrias: Produzem a energia, em forma de molécula ATP (adenosina trifosfato.


Energia das células), através do consumo de glicose, e ácidos gordos.
São semelhantes a um bife, com uma forma alongada.

➷ Retículo Endoplasmático: É formado por um labirinto de cisternas, onde se produzem as


proteínas.
➻ Rugoso: Contém os Ribossomas;
➻ Liso: Não contém os Ribossomas, e é mais escasso.

➷ Ribossomas: Servem para sintetizar as proteínas que são produzidas pelo retículo
endoplasmático, através de um processo chamado de transcripção, onde vai haver a cópia do
gene responsável pela producção de proteínas, para o núcleo da célula, originando o RNA
mensageiro (mRNA).
O mRNA vai até ao citoplasma, e juntar-se-á aos ribossomas, e, com a ajuda do tRNA (RNA de
transferência), vai sintetizar as proteínas.

➷ Complexo de Golgi: Habitualmente perto do núcleo.


Constituído por cisternas empilhadas, rodeadas por inúmeras vesículas.
Trata do «lixo», uma vez que está encarregue de encaminhar o que é bom, para a célula, e
separá-lo dos resíduos de reacções químicas, produzidos na célula..
➷ Lisossomas: São sacos delimitados por uma membrana e cheios de enzimas capazes de
digerir todas as moléculas da célula.
Tipo processadores, visto que transformam as macro-moléculas (provenientes da endocitose),
em micro-moléculas, participam na renovação da maquinaria celular, e degradação de
organismos patológicos para a célula.

➷ Núcleo: Controla a célula, tem todo o património genético, em forma de ADN, e possui o
nucléolo (outro organelo), onde são produzidos os ribossomas.

ˏˋ°•*⁀➷ Transporte de Substâncias

Para que possa sobreviver, a célula necessita da entrada de certas substâncias, e da excreção de
outras.
As substâncias podem penetrar no interior da célula de forma passiva, não havendo gasto de
energia, ou através de um transporte activo.

➻ Transporte Passivo: Não há consumo de energia. O transporte passivo, em geral,


pode ser subdividido em três categorias:
➻ Difusão: Passagem de moléculas de um sítio com muita concentração, para um
de pouca concentração (do meio hipertónico, para o meio hipotónico, que são
definidores da análise de movimento, e sentido, das partículas, quando separadas
de um meio com concentração diferente; Por exemplo, um cubo de açúcar numa
chávena de café))
➻ Osmose: Passagem de moléculas de água (H2O), por uma membrana
semi-permeável, para que o equilíbrio das concentrações seja possível, tanto de
um lado, como do outro; Ou seja, ter a mesma quantidade de moléculas de água
em ambos os lados.
➻ Difusão Facilitada: Apesar de ser facilitada, não há consumo de energia, pois
haverá uma entrada, ou saída, de substâncias, através de canais específicos.

➻ Transporte Passivo: Engloba o consumo da energia ATP.


Pode haver um movimento para dentro e para fora da célula contra as concentrações ou
cargas eléctricas, de acordo com as necessidades da célula. Sem este movimento activo, a
célula não podia manter as concentrações dos iões sódio, e potássio.
O transporte activo destes dois iões gasta cerca de um terço da energia da célula.
➻ Endocitose: Quando a célula tem umas vesículas, cuja função é englobar tudo
o que a célula não quer, e, de seguida, e com a ajuda dos leucócitos (glóbulos
brancos), vão destruir essas substâncias.
➻ Exocitose: Processo semelhante à endocitose, no entanto, diferem no facto de
a exocitose ter a função de expulsar as substâncias, em vez de as destruir.

ˏˋ°•*⁀➷ Ciclo Celular


Serve para o crescimento, e reparação celulares. À divisão de uma célula, em duas células filhas
iguais, chama-se mitose. A informação genética é igual nas três células, a célula mãe, e as células
filhas. A mitose ocupa um pequeno sector do ciclo celular, e o resto do ciclo chama-se interfase.

➷ Interfase: Tem três fases


➻ G1: Ocorre após a Mitose. Crescimento da célula (de dias, a anos)
➻ S (Síntese): Replicação de ADN
➻ G2: Precede a Mitose, e é onde ocorre a condensação do ADN, tornando-se visíveis os
cromossomas.

➷ Mitose: Divide-se em quatro fases


➻ Prófase: Primeira etapa da mitose. A célula «original», começa a «desmontar-se»,
para poder conseguir formar duas células. Os cromossomas* tornam-se visíveis, o
nucléolo desaparece, os centríolos afastam-se para as extremidades da célula, e o
envelope nuclear desfaz-se em pequenas vesículas.
➻ Metáfase: Os cromossomas* vão para o meio da célula, formando um equador, que
marca a linha de separação das duas células filhas.
➻ Anáfase: Os cromatídeos* separam-se, e vão, também, para as extremidades da célula,
em direcções opostas.
➻ Telófase: O fuso formado pelos cromossomas desaparece, e vão começar a sugir
membranas, que vão envolver os cromatídeos que haviam migrado para as extremidades
da célula. Voltarão à fase de cromossoma, de novo, e formar-se-á o núcleo.

*Os cromossomas formam um «X», e os cromatídeos são, em termos simples, os «paus» que
formam o «X».

➷ Citocinese: Divisão do citoplasma em dois, dando, então, origem a duas células


exactamente iguais, cada uma com o seu núcleo, e com uma carga genética igual.

ˏˋ°•*⁀➷ Célula Neoplásica

Certos agentes como radiações, vírus, e moléculas, podem alterar o ADN da célula, e podem
levar a célula a multiplicar-se indiscriminadamente, originando uma neoplasia, ou à sua morte.

➷ Neoplasia: Surgem, porque as nossas células estão em constantes divisões, e têm


mecanismos que lhes permitem detectar se há algum tipo de lesão, ou anomalia, para que, no
caso de existirem, sejam destruídas, de modo a que não se desenvolvam.
No caso de lesão, as células multiplicam-se para a reparar, e param a sua divisão, assim que o
defeito esteja reparado.
No entanto, por vezes, esses mecanismos falham, e a célula continua a replicar-se, alterando o
seu ADN, a sua genética, formando, então, uma neoplasia.

As Células Neoplásicas podem ser:


➻ Benignas: De crescimento localizado (ou seja, não saem muito de onde estão)
➻ Malígnas: Espalham-se para outras partes do corpo, como, por exemplo, para os vasos
sanguíneos. A este tipo de neoplasia, dá-se o nome de «Metástases».

ˏˋ°•*⁀➷ Morte Celular

➷ Apoptose: É uma morte «programada». Ou seja, quando os tais mecanismos detectam uma
lesão, dá-se a tal morte celular programada, que resultará numa auto-destruição da célula. Esta
destruição ocorre por meio de enzimas chamadas de «Caspases», que vão levar a uma
fragmentação de proteínas da célula, e sem elas, a célula deixa de existir.

Você também pode gostar