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Ano: 2017
1
Cláudia Dionísio Bianch
NEUROFISIOLOGIA: o funcionamento do
cérebro e a base da plasticidade cerebral na
gestação, infância e adolescência
1ª Edição
2017
Curitiba, PR
Editora São Braz
2
FICHA CATALOGRÁFICA
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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!
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Apresentação da Disciplina
5
Aula 1 – Introdução ao Sistema Nervoso
Apresentação da aula
Importante
O Sistema Nervoso é o sistema mais complexo do corpo
humano. Representa uma rede de comunicação do
organismo, formada por um conjunto de órgãos do corpo
humano. É responsável pela maioria das funções de controle,
coordenando e regulando as atividades corporais. Como
sistema se subdivide em dois segmentos: Sistema Nervoso
Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).
6
Figura 1.1: Sistema Nervoso Central
Fonte: http://www.auladeanatomia.com/neurologia/snc3.jpg?x731855
7
• Diencéfalo - divide-se em quatro subdivisões: tálamo,
hipotálamo, subtálamo, e epitálamo. Merecendo maior destaque
o tálamo.
8
comunicação entre medula espinhal e corpo, se dá por meio dos
nervos espinhais que formam parte do sistema nervoso periférico.
Vocabulario
Raquidiano - Relativo à raque ou espinha dorsal.
9
1.3 Aspectos Anatômicos e Funcionais do Neurônio
10
impulso nervosos, permitindo intercâmbio com outro neurônio ou
um órgão.
Os neurônios podem ser classificados segundo sua função em três
tipos: sensoriais, motores e interneurônios;
11
O sistema nervoso central é constituído por neurônios e
células glias.
Neurônios constituem cerca de metade do volume do sistema
nervoso central e as células da glia completam o restante.
12
incluindo a transmissão da dor. Estima-se que haja 10 células gliais para
cada neurônio no SNC, porém, por terem reduzido tamanho, elas
ocupam a metade do volume do tecido nervoso. São segregadas em
dois grupos: aquelas no sistema nervoso central e as do sistema nervoso
periférico.
13
Saiba Mais
A célula de Schwann foi identificada pe-
lo fisiologista alemão Theodor Schwann (1810-1882).
Schwann estudou a fermentação do açúcar e
do amido enquanto processos biológicos, as propriedades
e o funcionamento dos músculos e as células nervosas. O
estudo dessas últimas levou-o à descoberta das cha-
madas células de Schwann. Foi também o criador do termo
"metabolismo" para designar os processos químicos de um
organismo biológico. Foi responsável, também, por impor-
tantes contribuições na área da embriologia, ciência que
praticamente fundou, ao estudar o desenvolvimento da
primeira célula resultante da fecundação.
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• Núcleo - no interior do núcleo encontramos os cromossomos que
contém o material genético, o ADN (ácido desoxirribonucléico) e
também os aminoácidos. É uma estrutura do sistema nervoso
central que é composta principalmente de substância cinzenta.
Sintetiza RNA a partir do DNA e o transporta através de poros ao
citoplasma para uso na síntese de proteínas.
Saiba Mais
O nódulo de Ranvier foi reconhecido pelo médico francês
Louis-Antoine Ranvier (1835-1922) em 1876, denominando-
o, na ocasião, “estrangulamento anular do tubo”.
15
1.5 Potencial de Ação
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O Potencial de ação não permanece em um local da célula, ele percorre
toda a membrana. Ele pode percorrer longas distâncias no axônio, por exemplo,
para transmitir sinais da medula espinhal para os músculos do pé.
1.6 Sinapses
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corrente elétrica de um neurônio para outro, dada a velocidade da transmissão,
sinapses elétricas. A partir de 1921 que estudos mais aprofundados
conseguiram comprovar as sinapses químicas, ou seja, que a transmissão
sináptica de um neurônio para outro pode se dar quimicamente.
A formação das sinapses está muito relacionada à capacidade cognitiva,
pois, em interação com o ambiente, as estruturas do sistema nervoso processam
novas informações criando, fortalecendo e também enfraquecendo as sinapses.
18
1.6.1 Sinapses elétricas
Figura 1.9:Sinapse
Fonte: http://www.ebah.com.br/
19
No momento em que ocorre a sinapse química, esses caem na fenda
sináptica e interagem com a célula pós-sináptica, que capta os
neurotransmissores por meio de receptores. Essas conexões sinápticas podem
acontecer de maneiras diferentes, dependendo em que parte do neurônio se
dará esse contato:
➢ Sinapse Axo-Dendrítica quando o contato acontece entre o axônio e
dendritos.
➢ Sinapse Axo-Somática quando o contato acontece entre axônio e corpo
celular (Soma).
➢ Sinapse Axo-Axônica quando o contato acontece entre axônio e axônio.
➢ Sinapse Dendro dendríticas quando contato acontece entre dendritos.
Figura 1.10:Sinapse
Fonte: http://saofranciscocdn.s3-website-us-east-1.amazonaws.com/wp-
content/uploads/2016/08/sinaps25.jpg
20
Figura 1.11:Sinapse
Fonte: http://g1.globo.com/platb/files/18/2011/01/SinapsesMuotri2.jpg
21
A propagação de um estímulo ao longo do neurônio, resulta da
capacidade de excitação de um neurônio. Isso ocorre devido a modificação da
permeabilidade da membrana do neurônio, promovendo a passagem de íons de
um lado a outro dessa membrana, aumentando a carga positiva internamente,
provocando a despolarização e a saída de íons, ficando internamente o excesso
de carga negativa, ocasionando a despolarização. Isso acontece
sucessivamente, percorrendo a membrana e transportando rapidamente as
informações de um neurônio a outro.
Resumo da aula
Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre o Potencial de Ação.
22
Aula 2 - O córtex cerebral e os principais sistemas funcionais: somático
motor e sensorial
Apresentação da aula
23
constituída pelo isocórtex, uma estrutura laminar formada por 6 camadas
distintas de diferentes tipos de corpos celulares de neurônios. Esse tipo de
córtex, se considerarmos a evolução humana, é o mais recente e por isso
denominado neocórtex. Perpendicularmente às camadas, existem os neurônios
piramidais que ligam as várias camadas entre si e representam cerca de 85%
dos neurônios no córtex. Há outras áreas corticais em que o número de camadas
de células é menor e sua organização é diferente, caracterizando o alocórtex,
áreas filogeneticamente mais antigas, relacionadas a regulação das emoções
(lobo límbico e formação hipocampal).
No córtex cerebral, podem ser distinguidas diversas áreas, com limites e
funções relativamente definidas. A diferença entre elas, resulta na espessura e
composição das camadas celulares e na quantidade de fibras nervosas que
chegam ou partem de cada uma. O córtex cerebral está dividido em dois
hemisférios: esquerdo e direito, que são separados por um feixe grosso de fibras
nervosas chamado corpo caloso. Esses hemisférios se subdividem em partes ou
lobos(frontal, parietal, temporal e occipital) e esses são designados pelos nomes
dos ossos cranianos nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo
frontal fica localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca;
o lobo parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas
regiões laterais da cabeça, acima das orelhas, cada um dos lobos está mais
diretamente ligado a certas funções.
24
➢ Lobo Frontal - Localizado na parte frontal do cérebro, e daí o seu nome,
o lobo frontal é talvez aquele com uma maior importância cognitiva entre
os quatro lobos. Inclui o córtex-motor, sendo sua principal função
a coordenação de atividades motoras e o córtex pré-frontal responsável
pelo pensamento, pela escrita, pela fala e pela linguagem articulada.
25
occipitais, é uma área de associação - área auditiva secundária - que
recebe os dados e que, em interação com outras zonas do cérebro, lhes
atribui um significado, permitindo ao Homem reconhecer o que ouve.
Além da divisão neuronal em lobos, o estudo das características
morfológicas do córtex demonstrou diferenças entre as diversas regiões
resultando na organização de mapas citoarquitetônicos do córtex, dos
quais o mais conhecido é a classificação de Brodmann, que identificou 52
áreas distintas.
26
Área 13 e Area 14 - Córtex Insular
Área 15 -Lobo temporal anterior
Área 17 - Córtex visual primário
Área 18 - Córtex visual secundário
Área 19 - Córtex associativo da visão
Área 20 - Giro temporal inferior
Área 21 - Giro temporal médio
Área 22 - Giro temporal superior-parte dele é considerado área de Wernicke
Área 23 - Córtex ventral-posterior do cíngulo
Área 24 - Córtex ventral-anterior do cíngulo
Área 25 - Córtex Subgenual (parte do córtex pré-frontal Ventromedial )
Área 26 - Porção Ectosplenial da região retrosplenial do córtex cerebral
Área 27 - Córtex Piriforme
Área 28 - Córtex entorhinal posterior
Área 29 - Córtex retrosplenial do cingulate
Área 30 - Parte do córtex do cíngulo
Área 31 - Córtex dorso-aposterior do cíngulo
Área 32 - Córtex dorso-anterior do cíngulo
Área 33 - Parte anterior do córtex do cíngulo
Área 34 - Córtex entorhinal anterior (Localizado no giro Parahipocampal)
Área 35 - Córtex perihinal cortex (Localizado no giro Parahipocampal)
Área 36 - Córtex Parahippocampal (Localizado no giro Parahipocampal)
Área 37 - Giro Fusiforme
Área 38 - Área Temporopolar ( parte rostral do giro temporal superior e médio)
Área 39 - Giro angular-considerado parte da área de Wernicke
Área 40 - Giro Supramarginal-Parte da área de Wernicke
Áreas 41 e 42 -Córtex primário e de associação auditivo
Área 43 - Córtex gustativo primário
Área 44 - Pars opercular-parte da área de Broca
Área 45 - Pars triangular -Área de Broca
Área 46 - Córtex dorsolateral pré-frontal
Área 47 -Giro pré-frontal inferior
Área 48 - Área retrosubicular (pequena parte na superfície medial do lobo
temporal)
Área 49 - Área parasubiculum em roedores
Área 52 -Área parainsular. (Ao nível da junção do lobo temporal com a ínsula)
Vocabulario
Propriocepção - também denominada como cinestesia, é o
termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer
a localização espacial do corpo, sua posição e orientação,
a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte
do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão.
27
Ainda que dividido em áreas com funções distintas, que se caracterizam
em especializações funcionais, essas não determinam centros específicos para
cada função. As conexões entre elas resultam em sistemas funcionais
integrados, caracterizando o modelo conexionista, que possibilita ao córtex sua
participação em todos os aspectos do comportamento.
28
2.3.1 Sistema Motor Somático
29
Seu conjunto forma a rede nervosa que permitem mover o esqueleto,
estando implicado nos movimentos corporais, como pode ser observado nas
ilustrações.
30
células, também chamadas de receptores, são capazes de traduzir ou converter
esses estímulos em impulsos elétricos ou nervosos que serão processados e
analisados em centros específicos do sistema nervoso central (SNC), onde será
produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e o modo de
funcionamento desses receptores nervosos especializados é diversa, e pode-se
classificar em três tipos:
31
Figura 2.6: Divisão do encéfalo de acordo com seus córtex funcionais
Fonte:http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1201
As áreas de projeção
32
Figura 2.7: Homúnculo de Penfield
Fonte:http://ulum.es/asi-sentimos-el-movimiento/
33
As áreas de associação
34
superiores, como o pensamento abstrato ou os processos que permitem a
simbolização. Estão divididas em duas áreas:
• A Área Pré-Frontal, compreende a parte anterior não motora do lobo
frontal (áreas 45, 46, 47, 8, 9, 10, 11 e 12 de Brodmann), é extremamente
bem desenvolvida no cérebro humano, onde ocupa cerca de 1/4 da
superfície total do córtex. Também ligada ao sistema límbico, recebe
fibras de todas as demais áreas de associação do córtex. Essa região
promove a escolha das opções e estratégias comportamentais mais
adequadas à situação física e social do indivíduo, assim como a
capacidade de alterá-los quando tais situações se modificam;
manutenção da atenção; e controle do comportamento emocional.
• A Área Temporo-Parietal, compreende todo o lobo parietal inferior (áreas
39, 40 e parte da áreas 7 de Brodmann), situando-se entre as áreas
secundárias auditivas, visual e somestésica, funcionando como centro
que integra informações recebidas dessas três áreas. É importante para
aquisição da linguagem (simbolismo), percepção espacial e esquema
corporal.
Resumo da aula
Atividade de Aprendizagem
O desenvolvimento do sistema nervoso ao longo da evolução
humana, foi caracterizado pela organização anatômica e
funcional, que possibilitaram interação e adaptação ao meio.
Segundo o neuropsicólogo soviético Alexander Lúria (1981),
o comportamento humano resulta da interação de três
unidades funcionais. Explique essas três unidades funcionais
relacionando-as com as áreas de Brodmann.
Apresentação da aula
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3.1.1 Filogênese
37
assim, o aumento do número de sinapses e o surgimento de padrões de
comportamento e funções superiores presentes na espécie humana.
Os seres humanos provocaram a maior transformação na Natureza em
termos de evolução, do que qualquer outra espécie. Ao longo do processo
evolutivo, em termos relativos, o tamanho da face diminuiu, enquanto o cérebro
aumenta, como pode ser observado na figura.
38
• Homo Erectus - Forma humana surgida há 1,6 milhões de anos,
tinha o cérebro maior que o do Homo Habilis e o corpo mais
evoluído, vivia em bandos de 25 a 30 pessoas, descobriu o fogo,
fabricava instrumentos, caçava e pescava.
• Homo Sapiens Neanderthalensis - Surgiu há cerca de 150 mil
anos atrás, enfrentou um período glacial muito intenso, o seu
cérebro era aproximadamente igual ao atual ser humano, usava
instrumentos bem-feitos e já enterrava os mortos.
• Homo Sapiens Sapiens - Surgiu há cerca de 35 mil anos atrás,
fisicamente é igual ao homem atual, o seu cérebro era bem
desenvolvido, já realizava atividade de caça, ocupou todas as
partes da Terra.
3.1.2 Ontogênese
39
As etapas da ontogênese são:
➢ Neurogênese: Células do neuroectoderma, se organizam formando o
tubo neural.
40
na organização do sistema nervoso, fenômeno este, que chamamos de
neuroplasticidade.
41
sono vigília; Ácido gama aminobutírico: inibição de descargas elétricas
excessivas geradoras de crises epilépticas.
Esses receptores pós-sinápticos são fundamentais no reconhecimento
funcional dos neurotransmissores, entendendo que um mesmo neurotrans-
missor, ora pode ter função inibitória, ora excitatória.
Todos os processos cognitivos envolvem uma interação de vários
neurotransmissores de diferentes centros nervosos. São os neurotransmissores
que emitem as ordens de serviço dos nervos para os músculos, vísceras, etc, e
também são eles que estabelecem a comunicação entre as várias áreas do SNC.
E é aí que eles são modulados, proporcionando a flexibilidade que estabelece o
rumo de um pensamento, uma afetividade especial ou um maior ou menor grau
de sensibilidade frente a um estímulo.
Importante
A acetilcolina tem mostrado ser o mais importante
neurotransmissor para as funções cognitivas (memória e
aprendizagem). Pessoas com baixos níveis de acetilcolina,
apresentam dificuldades de concentração e problemas de
memória. Tem função excitatória no processo de cognição e
contração muscular.
Saiba Mais
A primeira molécula identificada como um neurotransmissor
por Otto Loewi, na década de 1920, foi a acetilcolina, (ACo).
O termo colinérgico surgiu para descrever as células que
produzem e liberam ACo. Como também o termo
noradrinérgico surgiu para os neurônios que usam o
neurotransmissor aminérgico noradrenalina (NA, também
denominada norepinefrina).
42
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado pelo DI
43
Também a amina acetilcolina (ACo), possibilita a transmissão sináptica rápida
em todas as junções neuromusculares. As formas mais lentas de transmissão
sináptica no SNC e na periferia, são mediadas por neurotransmissores de todas
as três categorias.
Os defeitos na neurotransmissão são a base de muitos distúrbios
neurológicos e psiquiátricos. A diminuição dessas substâncias provocam
alteração como: Transtornos do humor, Transtornos de ansiedade, Transtornos
alimentares , Transtornos sexuais, Distúrbios do sono, Distúrbios de memória e
aprendizagem e doenças neurológicas como: Fibromialgia, dor crôni-
ca e enxaquecas, Demências como parkinson e alzheimer, Convulsões
e epilepsia, Transtornos motores como tremores, rigidez e espasmos.
O processo de transmissão sináptica de natureza química pode ser
afetado por drogas específicas e toxinas. Além de prover explicação a respeito
de aspectos do processamento neural da informação e dos efeitos da ação de
drogas, o conhecimento da transmissão sináptica é a chave para compreender
a base neural do aprendizado e da memória.
Importante
Alguns neurotransmissores são vitais para a aprendizagem.
Entre eles, a acetilcolina tem mostrado ser o mais importante
para as funções cognitivas. Pessoas com baixos níveis de
acetilcolina apresentam dificuldades de concentração e
problemas de memória. Sabe-se que funções complexas como
memorizar e aprender, por exemplo, acontecem mais
intensamente em algumas regiões do sistema nervoso e
parece existir entre elas uma complexa coordenação.
44
Figura 3.4: Interatividade entre neurotransmissores
Fonte: http://www.espacocomenius.com.br/neurotransmissoresinteragin.jpg
45
regiões. Circundando o hipotálamo estão as demais estruturas subcorticais
do sistema límbico: a área pré-ótica, o septo, a área para-olfativa, os núcleos
anteriores do tálamo, porções dos gânglios da base, o hipocampo e a amígdala.
Esse sistema agrupa estruturas situadas numa e noutra região e foram
agrupadas por terem, em comum, uma estreita correlação com a emoção e
movimento.
Assim, para que os mecanismos neurais possam produzir
adequadamente as emoções sentidas é necessário que os padrões neurais
iniciais ou inatos, relacionados ao sistema límbico, se liguem, também, aos
circuitos neuronais do tronco cerebral. Esse complexo processo neuronal é
essencial para a sobrevivência do indivíduo, pois atua em todas as partes do
organismo, como na regulação das glândulas endócrinas, da hipófise,
tireóide, suprarenal, órgãos reprodutores e demais órgãos. Todo esse conjunto,
formado por diversas estruturas subcorticais, está ligado ao giro cingulado
anterior, o qual constitui a principal porta de acesso ao córtex frontal.
Podemos dizer que a regulação relacionada e inicialmente coordenada
pelo tronco cerebral é complementada por várias regiões do sistema límbico,
que além de participar do estabelecimento dos impulsos e instintos, tem também
importante função nas emoções e sentimentos agradáveis e desagradáveis,
provavelmente detectando mudanças que estão ocorrendo nas vísceras. As
sensações percebidas de mudanças viscerais levariam a pessoa a classificar o
percebido como ruim ou bom e, em seguida, nomeando o acontecido. Acredita-
se que o sistema límbico contenha redes de circuitos inatos e estáveis, e
também alguns que poderiam ser modificados por meio da experiência.
Enumerando os componentes corticais pertencentes ao Sistema Límbico,
podemos observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca, referente ao conjunto
de estruturas que se situam em volta do tronco encefálico, na face interna
(medial) e inferior dos hemisférios cerebrais. Quanto aos componentes
subcorticais é possível diferenciar as amígdalas (núcleos amigdalinos), a área
septal, os corpos mamilares, os núcleos anteriores do tálamo, os núcleos
habenulares e os núcleos Accumbens. Os componentes cerebrais associados
ao Sistema Límbico são o Tronco Cerebral, o Hipotálamo, o Tálamo, a Área Pré-
frontal e o Rinencéfalo (Sistema Olfativo).
46
Figura 3.5: O Sistema Límbico
Fonte: http://inspirandogente.com.br/neurociencia/neuroanatomia-fundamental-
sistema-limbico/
47
Figura 3.6: Tálamo e Hipotálamo
Fonte: http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-
nervoso/diencefalo/
48
• Amígdala: Monitora o ambiente e é responsável por identificar as
situações de perigo “alerta” (medo, ansiedade), regulador do compor-
tamento sexual e memórias emocionais. Associa a expressão facial com o
significado emocional e social de um acontecimento.
Importante
O sistema límbico compreende todas as estruturas cerebrais
que estão de alguma forma relacionadas, principalmente, com
comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem,
memória, motivação, mas também como dito, com algumas
respostas de equilíbrio interno, pelo sua influência hormonal.
É uma das principais estruturas neurais a serem trabalhadas
no processo de desenvolvimento pessoal. É o local onde se
realizam as reconfigurações de crenças, aos mecanismos de
fixação de aprendizado, e tantas outras.
49
Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA
Resumo da aula
Atividade de Aprendizagem
Dentre os muitos neurotransmissores existentes, discorra
sobre a acetilcolina, neurotransmissor vital para a
aprendizagem.
50
Aula 4 - Neuroplasticidade e suas relações com a memória, aprendizado,
educação e dificuldades de aprendizagem
Apresentação da aula
4.1 Neuroplasticidade
Importante
A neuroplasticidade ou plasticidade neural é entendida
como a capacidade de mudança do sistema nervoso em
relação a sua estrutura e função, em resposta a alterações dos
padrões de experiências vividas, e a mesma, pode ser
concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural
(configuração sináptica) ou funcional (modificação do
comportamento), ou seja, é a adaptação e reorganização da
dinâmica do sistema nervoso de responder a estímulos
intrínsecos e extrínsecos, pela capacidade que os neurônios
têm de formar novas conexões a cada momento.
51
Saiba Mais
Wiliam James (1890), em The Principles of Psychology, foi
o primeiro a introduzir o termo “plasticidade” nas
neurociências em referência à susceptibilidade do
comportamento humano para modificação.
52
concentram íons e pequenas moléculas influentes na transmissão de
informações entre os neurônios.
Saiba Mais
A teoria hebbiana descreve um mecanismo básico
da plasticidade sináptica no qual um aumento na
eficiência sináptica surge da estimulação repeti-
da e persistente da célula pós-sinápticas. Introduzida
por Donald Hebb em 1949, é também chamada de Regra
de Hebb.
53
Existem duas formas de brotamento neural no Sistem Nervoso Central:
regeneração - que é um novo crescimento em neurônios lesados, e o
brotamento colateral - um novo crescimento em neurônios ilesos adjacentes
ao tecido neural destruído.
Saiba Mais
A desnervação é uma das alterações patológicas mais
comuns em músculos. Decorre da perda do axônio motor,
ou de todo o motoneurônio.
54
Vocabulario
Motoneurônio - Neurônio que conduz o impulso nervoso do
Sistema Nervoso Central para um músculo ou glândula;
NEURÔNIO MOTOR
4.2.1 Aprendizagem
56
permite criar padrões de funcionamento por meio da estrutura de consistência
da aprendizagem. Ela permite que o cérebro preveja resultados e estabeleça
padrões com significado. É também a sequenciação, com a ajuda da motivação,
que faz a ligação entre todas as estruturas da aprendizagem; entre essas
destacamos a memória, como veremos a seguir:
4.2.2 Memória
57
se a outros, apontaram para a existência de sistemas diferenciados de memória
de curto e de longo prazos.
Importante
A memorização é o período de tratamento e a elaboração da
informação para que seja formada uma lembrança adequada.
O processo de memorização é complexo envolvendo
sofisticadas reações químicas e circuitos interligados de
neurônios. As células nervosas ou neurônios, quando são
ativadas, liberam hormônios ou neurotransmissores que
atingem outras células nervosas através de ligações
denominadas sinapses. Uma memória é criada quando uma
rede de sinapses é reforçada.
58
• Memória de curto prazo - é conhecida como memória imediata ou
primária, limitada em tamanho e duração. Aqui acontece a memória
operacional que servirá para organizar a realidade percebida pelo
cérebro. Por meio dela, armazenam-se informações essenciais para a
resolução de problemas, para uso do raciocínio rápido ou elaboração de
comportamentos (que podem ser esquecidos a seguir). Ex.: Lugar onde
estacionamos o carro.
60
• O Lobo Temporal - Esta área possui uma ligação com a memória, ele é
responsável por armazenar os eventos passados. Nele está localizado o
neocórtex temporal, uma região potencialmente envolvida com memória
a longo prazo. Aqui também, encontram-se estruturas relacionadas a
memória declarativa.
61
Por essa razão, é importante estimular as áreas do cérebro com o objetivo
de auxiliar os neurônios a desenvolverem novas conexões. Esse estímulo pode
acontecer desde a infância, ao se educar as crianças em um ambiente motivacional,
estimulando a linguagem falada, cantada, escrita, promovendo a afetividade e
diversificando as sensações (presença de cor, de música, de interações sociais,
e de jogos), visando o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas e
memórias, auxiliando em seu processo de aprendizagem. Nesse sentido
observa-se que cada indivíduo possui diferentes potenciais de inteligência,
sendo possível expandir e aumentar sua própria aprendizagem exercitando a
neuroplasticidade.
4.3.1 Educação
A luta contra o insucesso escolar tem vem sendo uma das prioridades da
educação. Historicamente, a educação escolar se deu paralelamente ao
desenvolvimento das sociedades. No século XIX e XX, as ideias de Maria
Montessori, Jean-Ovide Decroly, Friedrich Fröbel, John Dewey, Anton
Makarenko, Jean Frédéric Frenet e tantos outros, reforçam a necessidade da
escola estar aberta à vida, ao mesmo tempo que deveria ser obrigatória para
todos, e não somente para os filhos de favorecidos e privilegiados. Nesse
contexto, a escola foi impondo exigências, ao mesmo tempo que foi abrindo a
um maior número de crianças, aumentando as taxas de escolarização o que,
como consequência, gerou inúmeros processos de inadaptação, implicando na
seleção e segregação escolar.
Paralelamente a esse fato, em termos históricos, a escola defende uma
forma de aprender em ruptura com os processos que privilegiam a experiência
individual e social, baseando-se num princípio de revelação (o mestre que sabe,
ensina ao aluno ignorante) e num princípio de cumulatividade (aprende-se
acumulando informações), o modo escolar propõe processos de aprendizagem
baseados na exterioridade relativamente aos sujeitos.
62
A partir dos nos anos 60, a educação começa a ampliar as condições para
melhor desempenho dos alunos, pautada na episteme de dois grandes
estudiosos do comportamento: Jean Piaget e Lev Vygotsky.
Piaget postula que o processo cognitivo é um processo de construção
qualificativa, decorrente da assimilação e acomodação que o indivíduo
desenvolve ao longo de suas fases evolutivas: sensória-motora (0 a 2 anos),pré-
operaciona l(2 a 7 anos), operacional ( 7 aos 11 anos) e formal ( depois dos 12).
Sua teoria sustenta que a cognição, num processo adaptativo contínuo, é
construída como fruto da interação constante entre a bagagem hereditária e as
experiências adquiridas. Nesse caso, a escola deve ser um espaço rico em
experiências desafiadoras, adequada a cada faixa etária, de modo a promover o
conhecimento. Para Vygotsky (1960), o desenvolvimento humano é muito mais
que a pura formação de conexões associativas ou a formação de sinapses. Para
esse autor, o conhecimento tem origem social, envolve portanto, uma interação
e mediação qualificada entre os elementos de uma sociedade. A conduta
humana, em temos vygotskyanos, não pode ser concebida em processos
reativos, nem pode subestimar ou desvalorizar o papel ativo e transformador do
sujeito na aprendizagem. Neste contexto, a escola deve valorizar o
conhecimento prévio dos educandos, possibilitando vivências sociais que
desenvolvam suas potencialidades.
A educação ao longo dos tempos, também vem evoluindo com grandes
esforços, desde a concepção preformista até a concepção interativo social.
Foram conquistadas muitas melhorias relativas ao ensino. No entanto, em nome
do conservadorismo e tradição, em muitas escolas a aprendizagem ainda é
pensada com base na desvalorização da experiência dos aprendentes, na
memorização, penalização do erro e a aprendizagem de respostas, configurando
assim, um processo que reforça em muitos casos, o insucesso escolar.
63
conceito teórico das dificuldades de aprendizagem, na medida em que o seu
aprofundamento pode dar origem a medidas e estratégias que possam vir a
servir como bases mais seguras, para a avaliação e habilitação.
Importante
Dificuldade de aprendizagem é um termo geral, que se refere
a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por
dificuldades significativas na aquisição e utilização da
compreensão auditiva da fala, leitura, escrita e do raciocínio
matemático. Tais desordens, consideradas intrínsecas ao
indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção
do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida.
Problema na autorregulação do comportamento, na percepção
social e na interação social podem existir com as DA. Apesar
de ocorrerem com outras deficiências (sensorial, mental,
distúrbios socioemocionais) ou com influências extrínsecas
(diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução,
etc.) elas não são o resultado dessas condições.
64
• Alterações no Desenvolvimento Cerebral - o desenvolvimento do
cérebro humano inicia na gestação e continua durante toda a idade adulta.
Dessa forma, se esse processo contínuo de “ativação” dos neurônios for
perturbado em qualquer ponto, partes do cérebro poderão não
desenvolver-se normalmente. Assim sendo, o tipo de problema produzido
por alterações no desenvolvimento cerebral depende, em parte, das
regiões do cérebro afetadas.
65
• Dislexia - um transtorno específico de aprendizagem, caracterizada por
dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade
de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam
de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em
relação à idade e outras habilidades cognitivas.
4.3.3 Neuroplasticidade
66
neurobiológicos da aprendizagem, para que assim, possam ser elaboradas
novas estratégias pedagógicas de ensino. Considerando que a atual situação
educacional do país atravessa um período difícil, torna-se importante e urgente
contemplar as diversas ciências que podem dar alguma contribuição para uma
transformação educacional.
Resumo da aula
Atividade de Aprendizagem
Após a leitura do texto, estabeleça as principais diferenças
entre o insucesso escolar e as dificuldades de aprendizagem.
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Resumo da disciplina
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REFERÊNCIAS
CHEIDA, LUIZ EDUARDO. Biologia Integrada. São Paulo, Ed. FTD, 2002
69
FERNANDES, T. (2003). A neuropsicologia cognitiva em revisão: ensaio de um
psicólogo. Psychologica, 34, 267-280.
70
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Tradução Maria Alice Magalhães
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 23 edição, Rio de Janeiro: Forence
Universitária, 1973.
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